quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24050: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - XIX (e última) Parte: Bibliografia



Contracapa do livro. Ilustração do mestre luso-guinense Augusto Trigo



Capa do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau / J. Carlos M. Fortunato ; il. Augusto Trigo... [et al.]. - 1ª ed. - [S.l.] : Ajuda Amiga : MIL Movimento Internacional Lusófono : DG Edições, 2017. - 102 p. : il. ; 24 cm. - ISBN 978-989-8661-68-5





O autor, Carlos Fortunato, ex-fur mil arm pes inf, MA, CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71, 
é o presidente da direcção da ONGD Ajuda Amiga e também o autor do sítio.



1. Chegamos ao fim da transcrição deste livro (19 postes desde julho de 2021), reproduzindo as pp. 93/94,  respeitantes à Bibliografia. Estamos gratos à generosidade do autor que nos autorizou a utilização deste material, que faz parte de um belíssimo projeto da ONGD Ajuda Amiga – Associação de Solidariedade e de Apoio ao DesenvolvimentoONGD - Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (http://www.ajudaamiga). 

O livro teve a colaboração notável de grandes mestres da pintura e ilustração portugueses, luso-guineenses e guinenenses como Augusto Trigo, Ady Pires Baldé, José Hilário da Silva Portela, José Ruy e Lemos Djata, artistas a quem prestamos também a nossa homenagem. (*)

Como esvreveu, no prefácio,  o Leopoldo Amado (1960-2021), trata-se de "um livro em que se entrecruzam dois campos de pesquisa, em cujas intercessões torna-se possível divisar a constatação de que, infelizmente, persiste ainda um enorme muro de desconhecimento e de incompreensão que adejam África e, mais especificamente, sobre os guineenses e a Guiné-Bissau, donde a razão de ser do livro que agora o Fortunato dá à estampa, com o claro fim de reduzir os fossos de incompreensão existentes."

Por sua vez, o Carlos Fortunato no prólogo fala-nos da razão de ser deste projeto:

(...) Conheci a Guiné-Bissau em 1969, quando ali prestei serviço militar, e uma parte de mim lá ficou, obrigando-me a lá voltar, e ligando-me a ela para sempre, como uma segunda pátria.

A Guiné-Bissau é um país cativante, pois o guineense faz de cada visitante um amigo, recebendo como mais ninguém o faz. A Guiné-Bissau é o ponto de encontro de muitas culturas, e isso dá-lhe uma enorme riqueza humana e cultural. As lendas e os contos são uma pequena parte dessa riqueza.

A razão de ser do presente livro é, preservar o passado e promover a compreensão intercultural, mostrando alguns momentos de grandeza da história da Guiné-Bissau, alguns dos nomes que a marcaram e um pouco da sua cultura.

As lendas e contos apresentados neste livro, são histórias que continuam a ser contadas à volta da fogueira ou cantadas pelos artistas, povoando o imaginário de quem as ouve. As recolhas das lendas e dos contos foram feitas ao longo dos anos, em contactos que tive na Guiné-Bissau, e em Portugal junto dos imigrantes guineenses.

Este livro foi escrito a pensar nos jovens, e tem por isso uma escrita simples e muitas imagens. O estudo do período histórico onde se desenrolam as lendas, permitiu acrescentar informação adicional, complementando e enquadrando um pouco as mesmas. (...) 


Bibliografia

 • A Babel Negra, de Landerset Simões - Edição do autor.

• A Descoberta de África - Catherine Coquery - Vidrovitch - Editora: edições 70.

• À Descoberta do Passado de África - Basil Davidson - Editora: Sá da Costa.

• Agricultura e Resistência na História dos Balanta-Bejaa - Cornélia Giesing

- Revista Soronda nº 16 - Editora: INEP.

• A Guiné do Século XVII ao Século XIX - Fernando Amaro Monteiro e Teresa Vazquez Rocha - Editora Prefácio.

• As Campanhas Coloniais de Portugal 1844-1941 - René Pélissier - Editoria; Estampa.

• Conflitos interétnicos – Carlos Cardoso, Comunicação apresentada na Reunião Internacional de História de Africa IICT/Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga, realizada em Outubro de 1998, em Lisboa - Revista Soronda nº 7 - Editora: INEP.

• Dynamique de L´art Bidjago - Danielle Gallois Duquette - Editora: Instituto de Investigação Cientifica Tropical.

• Etnologia dos bijagós da ilha de Bubaque - Luigi Scantamburlo - Editora: Instituto de Investigação Cientifica Tropical e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa.

• Fulas do Gabú - José Mendes Moreira - Editora: Centro de Estudos da Guiné Portuguesa.

• Grandeza Africana - Manuel Belchior - Editora: Ultramar.

• Guiné Portuguesa I e II – A. Teixeira da Mota - Editora: Agência Geral do Ultramar.

• Contos do Caramô – Lendas e Fábulas Mandingas da Guiné Portuguesa – Agência Geral das Colónias.

• História da África - F. D. Fage - Editora: edições 70.

• História da África Negra - Joseph Ki-Zerbo - Editora: Publicações Europa-América.

• História da Guiné I e II - René Pélissier - Editora: Estampa.

• História da Guiné e Ilhas de Cabo Verde - PAIGC, 1094 - Editora: Afrontamento.

• Kaabunké - Espaço, território e poder na Guiné-Bissau, Gâmbia e Casamance pré-coloniais - Carlos Lopes - Editora: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portuguesas.

• Mandingas da Guiné-Portuguesa - António Carreira - Centro de Estudos da Guiné Portuguesa.

• O Kaabu – Mamadú Mané, texto de uma conferência inicialmente previsto para a semana cultural organizada pelo AIGLON de Kolda (Senegal) em fins de Agosto de 1988 - Revista Soronda nº 7 - Editora: INEP.

• O Império Africano 1825 - 1890 - Valentim Alexandre e Jill Dias - Editora: Estampa.

• Organização Económica e Social dos Bijagós - Augusto J. Santos Lima - Editora: Centro de Estudos da Guiné Portuguesa.

• Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África - 3º Volume - Edição do Estado Maior do Exército.

• Resistência Africana ao controlo do território – Carlos Lopes, Comunicação apresentada na Reunião Internacional de História de Africa IICT/ Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga, realizada em Outubro de 1998, em Lisboa - Revista Soronda nº 7 - Editora: INEP.

• Sundiata – An Epic of Old Mali - Djibril Tamsir Niane - Editora Longman African Writers.

• Sundiata – Lion King of Mali - David Wisniewki - Editora: American Library Association.

• Sundiata – Uma Lenda Africana - Will Eisner - Editora: Cia. das Letras.

• Tratado Breve dos Rios de Guiné do Cabo-Verde, do capitão André Álvares d´Ameida - Editora: Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.

• Uma história da Escravatura - James Walvin.- Editora Tinta da China.

• Usos e Costumes Jurídicos dos Mandingas – Artur Augusto da Silva - Editora: Centro de Estudos da Guiné Portuguesa.

_________

Nota do editor:

(*) Último poste da série > 18 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23994: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XVIII: Breve história do império do Cabú

Vd.  restantes postes da série:

18 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23992: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XVII: Breve história do império do Mali

20 de setembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23629: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XVI: Conto - O menino e patu-feron

11 de setembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23607: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XV: Conto - O lobo que queria comer os filhos da lebre

11 de maio de 2022 > Guiné 61/74 - P23254: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XIV: Conto - O lobo e a lebre vão à pesca (pp. 75/78)

12 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23160: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XIII: Conto - O leão e o javali no tempo da sede

9 de março de 2022 >Guiné 61/74 - P23061: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XII: Conto - O hipopótamo dá boleia ao lobo

30 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22950: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XI: Conto - O casamento do lebrão

17 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22914: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte X: Conto - O camaleão ganha a corrida ao lobo (hiena)

9 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22791: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte IX: Conto - A lebre e o lobo no tempo da fome

18 de novembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22726: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte VIII: A lenda da canoa papel (...ou a maldição da pátria de Cabral)

28 de setembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22577: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte VII: A lenda de Alfa Moló

4 de setembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22510: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte VI: A lenda de Djanqui Uali, o último Mansa Bá (imperador) do Cabú 

5 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22433: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte V: A lenda de Sundiata Keita
 
26 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22405: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte IV: Lendas mancanhas

20 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22390: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte III: Lendas bijagós

10 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22359: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte II A: Comentário adicional sobre os balantas: "Nhiri matmatuc Fortunato. Nhiri cá ubabe. Nhiri god mara santa cá cum boim. Udi assime?"...Traduzindo: "O meu nome é Fortunato. Eu sou branco, não sei falar bem balanta. Percebes o que estou a falar?"... Uma conversa com Kumba Yalá, em Bissorã, a dois dias da sua morte, aos 61 anos

9 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22354: "Lendas e contos da Guiné-Bissau" : um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte II: Ficha técnica, prefácio de Leopoldo Amado, lendas balantas (pp. 1-14)

8 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22349: "Lendas e contos da Guiné-Bissau" : um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte I: Vamos dar início a uma nova série, um mimo para os nossos leitores

7 comentários:

Valdemar Silva disse...

Quem será a beldade que serviu de modelo para o belo desenho da vendedora de artesanato?
Embora bem morena, com muitas missangas e outros roncos, não tem feições de africana. A cruz ao pescoço, os rico chinelos e todo o vestuário dão-lhe um ar não muito condizente com a profissão.
Repito, é um belo desenho.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Eu diria que era uma bela futa-fula... Mas também podia ser uma marroquina, uma egipcia... Talvez o Cherno nos possa ajudar...6

Antº Rosinha disse...

Valdemar, nascido ou criado de pequeno, em África, nas colónias, branco ou mestiço, mesmo que tenha vindo para o Retângulo como eles (e outros) chamavam ao retângulo, eram, e faziam por isso, para se considerarem muito diferentes de nós, (brancos e portugueses de 1ª), mesmo que o pai ou avô fosse minhoto beirão ou transmontano.

Diferentes para melhor.

Não te sei explicar porquê, por falta de erudição da minha parte, mas era uma realidade.

Vou dar-te 4, 5 ou 6 exemplos muitíssimo públicos e históricos desse tipo de gente que "deram baile", no seu tempo: Almada Negreiros de São Tomé, Fernando pessoa de Africa do Sul, Luandino Vieira de Angola, Otelo Saraiva de Carvalho de Moçambique, Raul Indipo e Bonga de Angola, paro por aqui.

Paro por aqui para não escandalizar, porque são todos irmãos dos revolucionários do PAIGC, MPLA e FRELIMO.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Carlos Fortunato: só um pequeno reparo... A tua bibliografia é valiosa para o leitor, mas eu pessoalmente gostaria de conhecer o ano da edição de cada uma das referências... Um grande abraço, e obrigado por todos estes "regalos" com que nos prendaste, e que são um prova do teu carinho pela Guiné e os guineenses. LG

Eduardo Estrela disse...

O amor, a amizade, a solidariedade e fraternidade de mãos dadas.
É maravilhoso o trabalho que o Carlos Fortunato e o Carlos Silva têm desenvolvido, no sentido de prestarem ajuda ( Ajuda Amiga ) aos amigos da " nossa " Guiné.
Estes contos que o Fortunato tem publicado no blogue demonstram bem o carinho que nutre por aquela terra vermelha e suas gentes.
Abraço fraterno
Eduardo Estrela

Cherno Baldé disse...

Caros amigos,

Sim, confirmo que a mulher que serviu de modelo para a imagem da contracapa do livro é Fula dos subgrupos Futa-fula ou Fula-forro, provávelmente do período de finais início séc. XIX e princípios do séc.XX.

Ela apresenta as características das mulheres destes subgrupos mencionados acima, que são mais próximos dos Fulas originais, criadores de gado bovino, que atravessaram o Sahará, atingindo a costa ocidental da África, antes de retornaram, novamente, para Leste até atingirem o Sudão, a região de onde teriam partido numa época remota.

Todavia, sendo um trabalho artístico, pode haver alguns elementos estranhos a estas comunidades. Na minha opinião, entram nessa categoria a cruz (símbolo cristão) e o olhar altivo e ousado, quase atrevido da mulher-menina, que não é próprio das mulheres fulas.

Do resto, tudo condiz: A cor, a beleza (muito próximas de um Etiope ou Somali, os quais, históricamente, são parentes próximos) os adornos, o penteado os utensílios a volta, enfim tudo.

Cordiais saudações,

Cherno Baldé

Anónimo disse...

PS: De salientar que nessa época, a mulher fula,sobretudo do subgrupo Fula-forro, ainda não estava sob o jugo da religião, facto que vai ter início só após a batalha de Cansalá com a vitória da Confederação muçulmana liderada pelos Almames de Futa-Djalon que assim irão condicionar fortemente aos Fulas de Gabi (Fulacundas) a conversão quase forçada, com todas as consequências que hoje conhecemos na sub-região e, em particular na Senegâmbia.

Cherno AB