Picagem - Foto: © Juvenal Amado. Todos os direitos reservados
O tempo flutua em ondas de calor
Não se enxerga para além dos sentidos
Entorpecidos quase sem vontade
Sente-se mais que se vê ou que se ouve
O suor encharca cada milímetro dos corpos
Nas horas lentas e pesadas como chumbo
Voam pensamentos para longe
Pensamentos livres como o vento
Pudesse o vento levá-los para o nosso chão
Que a liberdade explodisse como rio tormentoso
Ou Mar revolto
Que esse rio devastasse as margens
Ou Mar cansado de bater na areia
Extravasasse inundando ruas e praças
Uma violência que lavasse as nossas feridas de Séculos
E finalmente limpos de suor ancestral
Ficássemos para sempre puros e em paz
Enquanto esperamos pela noite
Longe do rio e do Mar
Olhamos a tristeza que há nas águas que apodrecem paradas
Juvenal Amado*
____________
Notas de CV:
(*) Juvenal Amado foi 1.º Cabo Condutor Auto na CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74
Vd. último poste da série de 3 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10475: Blogpoesia (306): S. T. T. L., Sit tibi terra levis!... Que a terra da tua Pátria, ao menos, te seja leve!.. (Luís Graça)
6 comentários:
Muito bonito, Juvenal.Estás um vate.Grande abraço de Alcobaça, JERO
OMG!. (ho my God), a foto, depois as palavras... a mim espelham, um ribeiro, ainda selvagem da montanha, que depois se transforma em rio, e vai rasgar e marcar as entranhas da terra, por séculos, e que afinal, também nos marcou a todos nós, que passámos por aqueles rios e bolanhas, de lama e tarrafo. Parabéns Juvenal.
Um abraço do Tony Borie.
Caro Juvenal,
Não sei se foram as Tágides ou quaisquer ninfas do Alcoa a dar-te a inspiração,constato isso sim, que bebeste o seu sumo da forma mais eficaz e produziste um trabalho muito bonito e bem edificado.
Parabéns,camarigo.
Abraço.
Caro Juvenal!
Li o seu poema e gostei muito!
Sentido, profundo e apesar de...transmite uma paz fantástica!
Será porque já passou muito tempo?
Eu sei que jamais se esquece!
Um abraço da
Felismina
Só me ocorre dizer LINDO, Parabéns Amado,um abraço
Teu amigo M. Passos (PEL.REC)
Oh Juvenal, porra!, gostava de falar deste teu poema mas só agora o li e agora não "dá". Gostei muito.
Ideologicamente revejo-me, à época de combatente, nas palavras que o compõem.
Que posso dizer agora? Olha, digo que gostaria de ter composto "coisa" parecida naqueles tempos de chumbo que passei na Guiné.
Um abraço amigo do
Manuel Joaquim
Enviar um comentário