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quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26412: Humor de caserna (99): "Ir a Jabadá ver as contas ?...Nem pensar, meu comandante, se for preciso, eu pago do meu bolso!"... (Alferes SAM, do CA do Batalhão de Tite) (mais uma história do Rui A. Ferreira, 1943-2022)



Guiné > Regiáo de Quínara > Jabadá > 
 26 de fevereiro de 1968 > O Comando e CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) façam a viagem  de regresso a Bissau, atravessando as Regiões de Gabu e de Bafatá, em coluna militar, e depois de barco, a partir de Bambadinca. Até ao Xime, Ponta Varela e foz do rio Corubal ainda era região de Bafatá. Mato Cão ficava a seguir a Bambadinca, ainda no Geba Estreito (que ia até ao Xime). A caminho de Bissau. na margem esquerda do rio Geba, no estuário do Geba, já muito depois da Foz do Rio Corubal, ficava Jabadá... Não era sítio onde a malta parasse, via-se apenas, de perfil, ao longe, escondida sob enormes poilões... (Foto tirada na maré vazia, as canoas estão fora de água...)


Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Quínara > Carta de Tite (1955) > Escala 1/50 mil > Posição relativa da Ponta de Jabadá, na margem esquerda do Rio Geba, a meia distância entre Bissau e Porto Gole (situados na margem direita).

A população de Jababá vivia da cultura do arroz, produzido na grande bolanha.  O aquartelamento das NT nunca foi em Jabadá (tabanca, mais a sul) mas na Ponta, que até ao início da guerra (1963) era um florescente entreposto comercial. Por exemplo, o comerciante libanês Jamil Heneni,  com sede em Bafatá, tinha "grandes plantações de arroz" em Jabadá.

A sentinela do Geba foi reconquistada ao PAIGC há 60 anos  em 29 de janeiro de 1965.


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020


Rui A. Ferreira (1943-2022). Aqui com um "boné turra"...


1. Mais um delicioso microconto do nosso saudoso Rui Alexandrino Ferreira. É sobre o temível aquartelamento de Jabadá, ao tempo em que ele era alf mil inf, CCAÇ 1420 (Fulacunda, 1965/67). (Fará depois outra comissão no CTIG, como capitão mil, cmdt da CCAÇ 18, Aldeia Formosa, jan 71 / set 72). 

 Esta história (no original, "O Alferes da Administração Militar") deve-se ter passado no tempo do BCAÇ 1860 (TIte, 1965/67). O autor não identifica a unidade.

 

O Alferes SAM que por nada deste mundo queria ir ver as contas a Jabadá...

por Rui A. Ferreira (1943-2022)


Dependendo organicamente do batalhão sediado em Tite, um belo dia, o alferes responsável pelo controlo das contas, do rancho geral, bares e similares, foi chamado à presença do comandante do batalhão, que o informou que no dia seguinte, aproveitando a avioneta destinada ao sector nesse dia, devia tomar nela o lugar e ir nspecionar as contas de Jabadá a ver se estava tudo conforme,

Aí o bom do alferes, que queria tudo menos ir a Jabadá, respondeu:

− Saiba, senhor meu comandante, que os indivíduos de Jabadá são extremamente rigorosos na apresentação das contas.

Fez uma pausa, como que a medir a reação do comandante e, não querendo de forma nenhuma ter de ir a Jabadá, concluiu:

− E se faltar alguma coisa, eu mesmo pago do meu bolso.

Ira a Jabadá é que nem pensar!...

Fonte: Excertos de  Rui Alexandrino Ferreira, "Quebo: nos confins da Guiné", Coimbra: Palimage, 2014, pág. 347.


 (Título,  revisão / fixação de texto, itálicos: LG)  (Com a devida vénia ao autor e à editora...)
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