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segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26270: Os 50 Anos do 25 de Abril (31): O "virar da página" da revista católica "Flama", cujo diretor era o António Reis, bispo de Mardassuma e capelão-mor das Forças Armadas (1967-1975) - Parte II

"O chaimite 'Bula' prepara-se para transportar o ex-Presidente do Conselho que, entretanto, setinha renido incondicionalmente ao General Anónio de Spínola,Presidente da Junta de Salvação Nacional"  (Flama, separata, 10/5/1974, p. III)


"Para os populares aglomerados nas imediações do Largo do Carmo tudo serviu para observar a ação das Forças Armada: estátuas, árvores,blindados".  (Flama, separata, 105/1974, pág. II)




Flama, separata, 10/5/1974, pág. II


Capa da separata da Flama: revista semanal de actualidades, nº 1366, A
ano XXXI, 10 de maio de 1974, XXXII páginas.


Flama documento : 25 de Abril : o virar da página
I II III
25 de Abril : o assumir de um compromisso
IV-V
25 de Abril : uma linha de abertura a soluções de evolução
VI VII
25 de Abril : perfeita coordenação no processo de controle
VIII-IX
25 de Abril : o país despertou com outra face
X-XI
25 de Abril : o Largo do Carmo foi o último reduto do regime
XII-XIII
25 de Abril : uma reacção agonizante
XIV-XV
25 de Abril : durou nove horas a tomada do Carmo
XVI XVII XVIII
25 de Abril : a D.G.S. estrebuchou até rebentar
XIX
25 de Abril : a população lembrava-se (bem) da polícia política
XX-XXI
25 de Abril : presos políticos reencontraram a liberdade
XXII-XXIII XXIV-XXV
25 de Abril : um posto de comando tranquilo
XXVI XXVII
25 de Abril : nunca se desejou o derramamento de sangue
XXVIII-XXIX
25 de Abril : quem com ferro mata...
XXX
25 de Abril : o virar da página
XXXI
25 de Abril : o povo esteve com as Forças Armadas
XXXII

Cortesia da Hemerateca Digital / Câmara Municipal de Lisboa

Este número da Flama e a sua separata também estão disponíveis, em formato digital,   no Centro de Documentação 25 de Abril, Universidade de Coimbra.


"Manter a população ao corrente da evolução dos acontecimentos foi preocupação constante do general Spínola". (Flama, separata, 10/5/1974, pág. IV)



"O generaql Spínola, com as individualidades que formam a Junta, no momento em que lia perante as câmaras de televisão a histórica declaração". (Flama, separata, 10/5/1974, pág. V)



"Os generais Costa Gomes e António de Spínola".  (Flama, separata, 10/5/1974, pág. V)




Aeroporto de Lisboa (Flama, separata, 10/5/1974, pág. VI)



"O Terreiro do Paço e o aeroporto de Lisboa  foram dos dois pontos estratégicos a ser ocupados pelas tropas do Movimento das Forças Armadas. A população transitou calmamente junto aos carros blindados, manifestando total conpreensão e civismo".  (Flama, separata, 10/5/1974, pág. VII)


(Flama, separata, 10/5/1974, pág. VII)





(Flama, separata, 10/5/1974, pág.VIII)


(Flama, separata, 10/5/1974, pág. IX)


"Foi longa a noite, mas às primeiras horas do dia já a esperança reinava entre os militares. Depois veio o povo disse o seu 'sim' apoteótico. O Governo caía às mãos dos militares". (Flama, separata, 10/5/1974, pág. IX)




(Flama, separata, 10/5/1974, pág. IX)


"Primeiro foi a ocupação (militar), depois a proclamação (popular). Estas foram as duas imagens de uma revolta que, em poucas horas, mudou a face de um país e fez reacender as esperanças de um povo desconhecedor, na sua quase totalidade, dos direitos democráticos".(Flama, separata, 10/5/1974, pág. X)





(Flama, separata, 10/5/1974, pág. X)


1. Tínhamos prometido voltar a esta edição (histórica) da "Flama" (*), revista semanal de actualidades que se publicou até 1976.

Alguns de nós recebiam e liam na Guiné esta revista, a par de outras como a "Vida Mundial", e dos jornais diários, de Lisboa e Porto, mais a " Bola"...Um ou outro mais "politizado" assinava a "Seara Nova", o "Comércio do Funchal", o "Notícias da Amadora", o "Jornal do Fundão"... E, excecionalmente, algumas revistas estrangeiras. 

A "Flama"  era uma revista simpática, "light", "respeitada", ligada à Igreja Católica, que se dava bem com os "coronéis da censura", mas que soube "refrescar-se", e adaptar-se aos sinais de mudança no mundo e na sociedade portuguesa. Era também lida pelo público feminino, com escolaridade de nível médio ou superior. 

 Recorde-se que a "Flama" tinha nascido em 1937, da iniciativa de um grupo da JEC - Juventude Escolar Católica, com a benção de Salazar e do Cardeal Cerejeira. Era então marcadamente "masculina", e de teor "confessional" ou "religioso". Começou a redefinir-se a partir de 1944... Em 1967, apresentava-se como "semanário de atualidades de inspiração cristã" (sic)... Em 1974 era simplesmente uma "revista semanal de atualidades"... Custava 10 escudos o número avulso (17$50, em Angola, 20$00 em Moçambique) (*)

Dizem os estudiosos da história do jornalismo português, que foi também um marco importante no panorama da comunicação social portuguesa, nos últimos anos do Estado Novo: era uma revista em parte feita por mulheres e para as mulheres.  

Era dirigida por  um intelectual católico, com prestígio,  o dr. António dos Reis Rodrigues (1918-2009), nascido em Ourém, concelho a que pertence Fátima.  Padre, será, em 1966, nomeado  bispo auxiliar de Lisboa, sob o título de bispo de Madarsuma,  capelão-mor das Forças Armadas (1967-1975)., etc..  Entre 1947 e 1963 tinha sido capelão e professor na Academia Militar (ensinava ética e deontologia militares). Foi também procurador à Câmara Corporativa, na legislatura de 1961/65. 

Foi também o António Reis, enquanto diretor da "Flama", quem "virou" e "fez virar" a página da revista (seguramente sob  a pressão dos seus jornalistas que, em 17 de maio de 1974, elegeram, "democraticamente" e "por voto secreto",  um "conselho de redação")...  

Com o 25 de Abril de 1974, os jornalistas portugueses, libertos do lápis azul da censura, tiveram que "reaprender" a pensar e a escrever...(Não só os jornalistas, como todos nós.) E a prova disso é a separata que o semanário "Flama" dedica, tardiamente, em edição de 10 de maio de 1974, ao histórico dia de 25 de Abril. É sobretudo um trabalho de fotojornalismo, com pouco texto (para além da declaração histórica do MFA, lida nesse dia perante as câmaras da televisão pelo presidente da Junta de Salvação Nacional, gen Spínola)... 

Infelizmente não sabemos  quem são os autores da fotos,quer a preto, quer a cores, mas quisemos fazer aqui uma seleção desse documento, quer para os nossos camaradas que nessa data estavam ainda na Guiné,  quer para os outros que não tiveram, na altura,  oportunidade de ler este número especial da  "Flama". (A revista vai ter, de resto,  uma vida efémera no pós-25 de Abril: encerrou em 2 de setembro de 1976.)

(Seleção, revisão / fixação de texto, reedição das imagens: LG)