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sexta-feira, 12 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25374: A 23ª hora: Memórias do consulado do Gen Bettencourt Rodrigues, Governador e Com-Chefe do CTIG (21 de setembro de 1973-26 de abril de 1974) - Parte XV: as ondas hertzianas também chegavam a Nhala, Gadamael, Pirada, Canquelifá...

1. O nosso camarada Eduardo Estrela (ex-fur mil at inf, CCAÇ 14, Cuntima e Farim, 1969/71) escreveu em comentário ao poste P25364 (*):


(..:) "Não vivi o 25 de Abril de 1974 na Guiné, mas lembro-me bem de a bordo do Niassa, depois de termos zarpado de Lisboa em 24 de maio de 1969, alguém ter dito em surdina que éramos nós que íamos fazer a comissão liquidatária da Guiné.

Infelizmente não foi assim e muitos outros ainda foram enviados para o matadouro. Mas por este pormaior se pode ver a enorme vontade que já havia em acabar com uma guerra que nunca devia ter começado." (...)

Pois é, Eduardo, fomos juntos no T/T Niassa, que ainda muitas viagens teve que fazer, levando e trazendo tropa, armas e bagagens... No dia 9 de abril de1974, já não partiu do Cais da Rocha Conde Óbidos: foi vítima de bomba, num atentado atribuido às Brigadas Revolucionárias. Ninguém soube, ou muita pouca gente... A censura continuava de lápís azul na mão...

Em Bissau, também se conspirava há muito... O gen Bettencourt Rodrigues parece que foi o último a saber, na madrugad de 26 de Abril de 1974 (*).

Continuamos a publicar mais alguns singelos testemunhos de camaradas nossos que lá estavam, no CTIG, cumprindo o seu dever... E que foram apanhados, como todos nós, aui na metrópole,mpelas notícias que rapidamente se propagaram pelas ondas hertzianas...


António Murta, ex-alf mil, 2ª CCaç / BCaç  4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74)

 (...) «25 de Abril de 1974 – Estava no mato a uns quilómetros de Nhala. Eram umas 3 ou 4 horas da tarde quando chegou numa Berliet um furriel “periquito”  com uma escolta, aos berros,  para que regressássemos porque a guerra ia acabar. Na Metrópole tinha havido uma revolução! 

Fiquei doido. O pessoal do meu grupo parece que não percebeu muito bem a notícia. Mas subiram alegres para a viatura. Eu e o furriel “periquito”, sentados nos guarda-lamas da Berliet, à frente, berrávamos para o ar e agitávamos as espingardas. Os soldados riam-se e faziam barulho. Pergunto ao furriel por mais pormenores e ele:
— Não se sabe mais nada. Houve uma revolução em Lisboa e prenderam os Pides. Não se sabe mais nada.

“...e prenderam os Pides”. O meu coração quase rebentava. A comoção perturbava-me. Chegámos ao quartel e estava tudo na maior confusão, agarrados aos rádios, mas pouco se adiantava. Quis ver e interpretar as caras das pessoas, ver as suas reacções e, de facto, elas eram diferentes, embora a generalidade estivesse radiante. Ainda era cedo para as pessoas se definirem e manifestarem, quer pela sua despolitização, quer pela incerteza dos pormenores dos acontecimentos».

A desinformação era tal, que os acontecimentos só me mereceriam nova referência em 5 de Maio, onde dou conta de ocorrências graves em Bissau: rebentamentos nas ruas, perseguições a Pides e, até, a agressão à esposa de um deles, frente ao Mercado de Bissau, em que a senhora foi completamente despida. A tropa interveio e impediu coisas certamente mais graves. Eram os rumores que iam chegando. (...) (**)

C. Martins,ex-cmdt., 15º Pel Art (Gadamael, 1972/74)


(...) Bem,eu estava em Gadamael,e após fazer a minha ronda higiénica,  liguei o rádio em onda curta e percorri as ondas do "éter"..."rádio Habana, Cuba, território libre in America", nada; "rádio Moscovo", nada; "Deutchsvella", nada: "rádio Globo", nada.."BBC.. golpe militar em Portugal, general Spinola, coiso e tal"... O  quê ?... Porra,.finalmente!...

Contactei o Sr. comandante H. Patrício, dizendo-lhe que estava a decorrer um golpe militar,e este pergunta se era o nosso General Spínola que estava à frente... E eu..claro que é.. (eram 7 da manhã e eu não fazia a mais pequena ideia)... Ah, sendo assim eu alinho...Boa.

Não houve a flagelação da ordem, já não saiu uma companhia para o mato  e o resto continuou tudo como dantes... Apenas troca intensa de mensagens com Bissau, que pouco ou nada sabiam,ou não queriam dizer.

Foi assim o meu 25A.(***)

Carlos Ferreira, ex-fur mil at cav,  3ª CCav/BCav 8323 (Pirada, set73/set74)

Um dia inesquecível, para mim. Estava em Pirada, em uniforme nº. 2, pronto para embarcar numa aeronave, com destino a Bissau, via Lisboa, para gozar as minhas férias disciplinares. Nesse interim, fomos atacados pelo IN, com um potencial de fogo muito superior ao do ataque que tivemos em Março.

Saltei para a vala mais próxima e aguardei que acabasse a flagelação. Não houve vítimas militares, mas pereceram, creio que 8 senegaleses, que se encontravm ao balcão, de uma loja, de um comerciante local. (***)

Joaquim Vicente da Silva, ex- 1º cabo at cav, 3ª/BCav 8323 (Pirada, set1973/set1974

(...) Vou contar a história do violento ataque que sofremos em Pirada,  exactamente no dia 25 de Abril de 1974.

No dia 25 de Abril de madrugada, saímos dois pelotões, mais os sapadores. Fomos levantar algumas minas que estavam na picada em direcção a Gabu (Nova Lamego). Regressámos a Pirada por volta das dez da manhã. Participei nesta saída, tínhamos de fazer a protecção aos sapadores.

Eram mais ou menos dez e meia, eu já tinha tomado banho e estava no meu quarto, abrigo nº. 1, deitado em cima da minha cama e ouvi um pequeno estalido. Um colega que estava cá fora sentado num banco, gritou logo:

- Saiam para a vala que isto é o início de um ataque!...

Naquele dia o PAIGG bombardeou Pirada com muitos mísseis e morteiros, alguns caíram bem perto do local onde eu me encontrava, eu não morri por sorte. A meu lado, morreram três africanos nossos colegas, um míssil caiu-lhes aos pés e cortou-os em pedaços. Nunca tinha visto nada daquilo. Fiquei horrorizado, ainda hoje mexe comigo.

Nós, soldados brancos, não morremos nenhum, porque estávamos bem agachados nas valas ou trincheiras. Vieram juntar-se a nós vários oficiais, incluindo o alferes médico que nos disse para nos espalharmos mais pelas valas porque aquilo estava a ficar feio.

Este bombardeamento durou cerca de duas horas. Nós respondemos com os morteiros 81, os nossos obuses 10.5 e o nosso obus 14 que estava junto à pista de aviação  de Pirada.  Bajocunda também nos deu apoio de fogo com o obus 14 deles. Foi um inferno. Só se ouviam bombas a voar, outras a assobiar e a rebentar por cima ou perto de nós.

Assim que terminou o ataque, mandaram-nos equipar para sair. Fomos patrulhar em volta de Pirada e encontrámos, para o lado do Senegal,  o mato todo a arder, mas felizmente não vimos ninguém do PAIGC. Caiu um míssil na casa de um comerciante branco, de nome António Palhas, que escapou ileso, mas morreram seis africanos que estavam noutro compartimento da casa.

Nesse dia,  nós, cabos e soldados,  não sabíamos nada do que estava a acontecer cá na Metrópole. Só à noite, através da BBC é que tivemos conhecimento do golpe de Estado. Foi uma grande alegria para todos nós porque pensámos logo que a guerra acabava naquele dia. Festejámos com muitas cervejas.

No dia seguinte na telefonia, começámos a ouvir a Grândola, Vila Morena e outras músicas do Zeca Afonso. A guerra ia acabar, que alegria! (...) (****)

Carlos Costa, ex-fur mil,  2ªC/BCAÇ 4516 /73 (Aldeia Formosa, Mampatá, Colibuia, Canquelifá, Ilone, Canquelifá, Bissau, jul73/set74)

Nesse dia estava eu em Canquelifá, a notícia foi recebida com natural surpresa e curiosidade de saber o que na verdade se estaria a passar. Escutávamos a rádio,  ávidos de saber notícias. 

No dia seguinte o capitão chamou,  a uma reunião, sargentos e oficiais, comunicando-nos que tinha duas mensagens para nos transmitir, um seria dada a conhecer naquele momento e a outra passadas 24 horas. Assim a mensagem lida de imediato anunciava que estaria iminente mais um ataque do PAIGC. 

Passaram-se as 24 horas, debaixo de uma enorme tensão, à espera do primeiro "buuu, BCAÇ m" que não chegou a acontecer. Foi então lida a 2ª mensagem que revelava ter havido os primeiros contactos do MFA com os movimentos de libertação das colónias, tendo sido acordado que as escaramuças seriam evitadas: não haveria mais ataques e, se encontros houvesse no mato, haveria apenas alguns tiros para o ar, sinalizando a presença, seguindo cada força em sentidos opostos. 

Os dias que se seguiram foram calmos,  com uma excepção,  com os paraquedistas em segurança de uma coluna,  um deles pisou uma mina, perdeu a vida. 

Como eu era do batalhão de intervenção da Guiné BCAÇ 4516/73, , passado algum tempo regressámos (a 2ª Companhia) a Bissau e,  até Setembro, mês do regresso à metrópole,  fizemos segurança à cidade.


José Carlos Gabriel, ex-1.º Cabo Op. Cripto, 2.ª CCAÇ/BCAC 4513
Nhala, 1973/74

Camarada António Murta: Embora me encontre na Alemanha junto aos meus netos (deixaram-me agora respirar um pouco), entrei no Blogue e vi a tua mensagem.  (..:)

Como me lembro dessa noite em que recebemos a mensagem sobre a revolução e que dizia o seguinte; 

252245NABR RELAMPAGO “Agências noticiosas informam Governo Professor MARCELO CAETANO derrubado por movimento Forças Armadas “. 

A festa que foi feita nessa altura por toda a companhia e, se a memória me não falha,  já ninguém foi mais para a cama e penso que até o “cantinas“ foi abrir a mesma mas já não tenho a certeza.  (...) (*****)
____________

Notas do editor:
 
(*) Último poste da série > 10 de abril de 2024 > Guiné 61/74 - P25364: A 23ª hora: Memórias do consulado do Gen Bettencourt Rodrigues, Governador e Com-Chefe do CTIG (21 de setembro de 1973-26 de abril de 1974) - Parte XIV: Foi pela rádio, a BBC e outras emissoras, que a malta ouviu a notícia do golpe de Estado em Lisboa... Uns em Bissau, outros em Bissorã, Canssissé, Guidaje, Xitole...

(**) 15 e abril de 2014 > Guiné 63/74 - P12988: No 25 de abril eu estava em... (20): No mato, algures entre Nhala e Buba, emboscado, junto à estrada nova que ligava as duas povoações... (António Murta, ex-al mil, 2.ª CCAÇ / BCAÇ 4513, Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973-74)

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22547: Tabanca Grande (526): Manuel Oliveira, ex-fur mil at inf, 1ª CCAÇ / BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74): senta-se no lugar nº 850, à sombra do nosso poilão


Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos" > Da esquerda para a direita, o autor (ex-fur mil enf, CART 6520/72, Mampatá, 1972/74), o Manuel Oliveira, vizinho de Vila Nova de Gaia, e novo membro da nossa Tabanca Grande (nº 850), e ainda um camarada da equipa de enfermagem do António Carvalho,  o ex-primeiro  cabo aux enf Mendes Celso.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



O novo membro da Tabanca Grande, 
nº 850, Manuel Oliveira


1. Mensagem de Manuel Oliveira, ex-fur mil at inf, 1ª CCAÇ / BCAÇ 4513/72, Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74)


Data - 15 set 2021 18:10

Assunto - Admissão na Tabanca Grande

Caro Luís Graça

No passado sábado dia 11, tive o prazer de te conhecer na Tabanca dos Melros, momentos antes da apresentação do livro do camarada Carvalho de Mampatá. Após breves palavras de apresentação, e fotografias tiradas para recordação, eu comprometi-me a reenviar o mail de solicitação de admissão á Tabanca Grande, para o endereço de mail acima indicado.

Aqui vai o referido mail encaminhado. Em anexo envio duas outras fotografias, para que a equipa de direcção do blogue escolha aquelas que entender mais convenientes.

Sem outro assunto de momento, e na expectativa de resposta, desejo uma recuperação rápida da tua saúde, e envio um abraço de camaradagem de um antigo combatente.

Abraço
Manuel Oliveira



2. Mensagem anterior de Manuel Oliveira, datada de terça-feira, 16 de fevereiro de 2021, às 16:35


Caro Luis Graça:

Descobri a existência do vosso blogue há algum tempo, e a partir desse dia, adquiri o "vício" de o visitar, inicialmente por curiosidade e mais recentemente por habituação, quase por adição.

Apresento-me do seguinte modo:

Manuel Rufino Tavares de Oliveira
Ex-Fur Mil At Inf
1ª CCAÇ / BCAÇ 4513
(Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74)


Embarque a 16 de Março de 1973 no Uíge, IAO em Bolama, Buba e temporariamente em Mampatá. Regresso algures em Setembro de 1974.

O impulso que me levou a escrever este mail, foi 
despoletado pelos vários textos escritos por diferentes camaradas que pisaram o mesmo chão que eu, e que despertaram em mim memórias escondidas, as quais ao recordar me transportam aos verdes anos da juventude, e àquela experiência de vivências emocionais fortes, que nos confrontavam com a incerteza permanente da vida ou morte.

Assim: solicito a vossa apreciação sobre a eventual admissão de membro da Tabanca Grande.Em anexo junto duas fotografias conforme indicado no Blogue.Abraço
Manuel Oliveira

3. Comentário do editor LG:

Camarada Manuel Oliveira, embora breve, foi agradável e simpática a nossa conversa, na Tabanca dos Melros, enquanto aguardávamos o início da sessão de lançamento do livro do António Carvalho, teu contemporâneo da Guiné e teu vizinho (tu, de Vila Nova de Gaia, ele de Gondomar).

Quando me falaste do teu pedido para entrar na Tabanca Grande, já formulado há uns meses atrás, dei-me logo conta de ter havido uma anomalia, ou extravio do teu mail, ou lapso nosso na resposta. Posso agora confirmar que fomos nós que falhámos: embora marcada com estrela, a tua mensagem ficou sem resposta este tempo todo. A pandemia de Covid-19 pode servir de atenuante mas não de desculpa.

Mas ainda bem que não esmoreceu o teu interesse pelo nosso blogue. És recebido de braços abertos pela malta da Tabanca Grande, a que te juntas nesta data, sentando-te sob o nosso fraterno e simbólico poilão,  no lugar nº 850.

Temos oitenta refereências ao teu batalhão, o BCAÇ 4513. És o primeiro militar da 1ª companhia a integrar o blogue.

Da 2ª companhia, já cá temos o António Murta, ex-alf mil inf Minas e Armadilhas (que tem mais de 90 referências, sendo autor da notável série "Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513"); e ainda o José Carlos Gabriel (ex-1.º Cabo Cripto): ambos estiveram en Nhala, 1973/74.

Há um terceiro camarada, o Fernando Silva da Costa, ex-fur mil trms da CCS/BCAÇ 4513.

Se nos tens seguido, desde há muito, conheces bem as regras de organização e funcionamento do blogue. Mas aqui ficam para teu governo. Agora instala-te e, logo que puderes, conta-nos mais coisas sobre o teu tempo de Guiné.  As fotos e textos, para publicação,  deverão passar sempre por um dos nossos editores. 

Um alfabravo, Luís Graça, em nome de toda a Tabanca Grande.


4. Fichas de unidade > Batalhão de Caçadores n.º 4513/72

Identificação; BCaç 4513/72
Unidade Mob: RI 15 - Tomar
Cmdt: TCor Inf César Emílio Braga de Andrade e Sousa | TCor Inf Carlos Alberto Simões Ramalheira | Maj Inf Duarte Dias Marques
2º Cmdt: Maj Inf Duarte Dias Marques
OfInfOp/Adj: Cap Inf Jorge Feio Cerveira
Cmdts Comp: CCS: Cap SGE Carlos Santos Pereira | Alf SGE Jerónimo dos Santos Rebocho Carrasqueira
Lª Comp: Cap Mil Inf João Luís Braz Dias
2ª Comp: Cap Mil Inf Domingos Afonso Braga da Cruz | Cap Mil Inf grad José António Campos Pereira
3.ª Comp: Cap Mil Cav João Carlos Messias Martins | Cap Mil Inf Joaquim Manuel Guerreiro Dias
Divisa: "Non Nobis"
Partida: Embarque em l6Mar73; desembarque em 22Mar73 | Regresso: Embarque em 03Set74 (3ª Comp), 04Set74 (2.ª Comp) e 06Set74 (Cmd, CCS e 1ª Comp)


Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 26Mar73 a 22Abr73, no CIM, em Bolama, seguiu, em 27 Abr73, para o sector de Aldeia Formosa, com as suas subunidades, a fim de efectuar o treino operacional e sobreposição com o BCaç 3852.

Em 13Mai73, após o final do treino operacional, ficou, com as suas subunidades, na dependência operacional do referido BCaç 3852, que manteve, entretanto, a responsabilidade do sector, sendo orientado para reforço da contrapenetração e reacções à pressão inimiga na área.

Em 27Jun73, passou a batalhão de intervenção do CAOP 1, orientado para a interdição do corredor de Missirã e acções na região de Nhacobá-Nhacobá, estabelecendo a sede em Cumbijã a partir de 29Jun73, integrando as forças instaladas em Cumbijã e Colibuia, além das suas próprias subunidades estacionadas no sector S2, em Aldeia Formosa e Mampatá.

Em 10Ag073, rendendo então o BCaç 3852, assumiu a responsabilidade do referido Sector S2, com a sede em Aldeia Formosa e abrangendo os subsectores de Buba, Nhala, Mampatá e Aldeia Formosa.

Em 06Set73, a função de intervenção já anteriormente executada pelo batalhão foi temporariamente atribuída ao BCaç 4516/73 até 300ut73.

Desenvolveu intensa actividade operacional, tendo comandado e coordenado diversas acções e operações e a realização de patrulhamentos, reconhecimentos e acções de vigilância da fronteira e de contrapenetração.

A par disso, actuou ainda na protecção aos trabalhos de abertura e melhoramento de itinerários e de segurança e defesa das populações e da sua promoção sócioeconómica.
Dentre o material capturado mais significativo, salienta-se: 1 metralhadora ligeira, 5 espingardas, 1 lança-granadas foguete, 61 granadas de armas pesadas e a detecção e levantamento de 30 minas.

A partir de 07Ag074, comandou e coordenou a execução do plano de retracção do dispositivo e a desactivação e entrega dos aquartelamentos ao PAIGC, a qual foi sucessivamente efectuada nos subsectores de Mampatá, em 29Ag074, de Aldeia Formosa, em 31 Ag074, de Nhala em 02Set74 e de Buba, em 04Set74.

Em 31Ag074, foi transitoriamente deslocado de Aldeia Formosa para Buba, onde se manteve até à desactivação e entrega do aquartelamento em 04Set74, após o que recolheu a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

A 1ª CCAÇ / BCAÇ 4513/72, após o treino operacional no subsector de Buba com a
CCaç 3398, sob orientação do BCaç 3852, passou a reforçar a actividade daquela subunidade no esforço realizado de contrapenetração no referido subsector e depois integrada no seu batalhão, na função de intervenção que lhe foi atribuída, tendo-se instalado, a partir de 17Mai73, em Mampatá.

Em 15Ag073, rendendo a CCaç 3398, assumiu a responsabilidade do subsector de Buba, mantendo-se integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão.

Em 04Set74, após a desactivação e entrega do aquartelamento ao PAIGC, recolheu a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

Excerto de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas das Unidades: Tomo II - Guiné - 1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002, pág.170/171.

___________

Notas do editor:

Último poste da série > 14 de setembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22542: Tabanca Grande (525): José Emídio Ribeiro Marques, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da 3.ª Comp/BCAÇ 4616/73 (Jumbembem, Farim e Canjambari, 1974), que se senta à sombra do nosso poilão no lugar 849

segunda-feira, 14 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15854: Inquérito 'on line' (44): Como é que eu apanhei um "pifo" de uísque Dimple (José Carlos Gabriel, ex-1.º cabo op cripto, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74)... ou de "tintol" (José Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)


O Luís Dias, ex-alf mil,  CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74) dizia-nos, em 2010, que ainda tinha lá em casa "5 garrafas de uísque das que trouxe da Guiné (...)... São elas uma 'President', uma 'Something Special', uma 'Dimple', uma 'Smugler' e uma 'Logan' (conforme foto...). Umas autênticas belezas".

E acrescentava: "Alguns dirão que isto é um sacrilégio; porque será que o Dias não tratou destas 'meninas' em conformidade? Outros dirão que não é lá muito de beber e que, por tal facto, foi deixando andá-las lá por casa. Eu respondo: fui bebendo algumas, deixei outras ao meu pai, também ao meu tio Armando – este sim um grande apreciador – e fui ficando com outras e, olhem, ganhei-lhes amizade, porque olhava para elas e ia-as destinando a grandes momentos. Bebi uma, já não me lembro a marca, quando o meu filho nasceu há 30 anos. (...) Vou abrir a 'Dimple' quando fizer 60 anos, se Deus permitir que eu lá chegue,  e as outras serão para outras 'special ocasions' ” (...) (*)

Foto (e legenda): © Luís Dias (2010). Todos os direitos reservados.


Mais 2 comentários sobre o tema do nosso inquérito 'on line' que encerra amanhã, dia 15m, terça feira, às 18h (**):


(i) José Carlos [Ramos dos Santos] Gabriel, ex-1.º cabo op cripto, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Nhala, 1973/74), nosso grã-tabanqueiro desde 16/8/2011:

[foto à esquerda: é o segundo, de perfil, do lado esquerdo. Nhala, Natal de 1973]

Assunto -  Resposta ao questionário sobre o "Pifo"

Não fui diferente de muitos dos nossos camaradas. Se a memória não me falha só apanhei um “pifo” na Guiné, e único até hoje.

Aconteceu no posto de rádio,  juntamente com um camarada telegrafista que fazia anos nesse dia.

Como era habitual, passava muito tempo junto dos telegrafistas e nesse dia eu estava de serviço ao Centro Cripto e ele começou a receber uma mensagem.

Sempre que faziam uma paragem para perguntar se todos a estavam a receber em condições, nós aproveitávamos para beber uma tampinha de Dimple.

Claro que quando a mensagem acabou de ser transmitida também a garrafa estava no fim.

O resultado foi um grande "pifo" de tal forma que não consegui decifrar a mensagem e tenho uma vaga ideia que foi o meu camarada que acabou por a decifrar.

Tive que deitar a carga ao mar para ficar mais ou menos bem. Nunca mais apanhei nenhum "pifo" até hoje mas "ficar alegre" até já me aconteceu com uma simples mini a meio da tarde que por qualquer razão o organismo não a aceitou.


(ii) José [Botelho] Colaço ex-soldado trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), membro da nossa Tabanca Grande desde 2 de junho de 2008 (*).

Assunto - Um "pifo" com tinto do caixão à cova para alimentar os mosquitos no Cachil.

[Uma das fotos mais espantosas do álbum do José Colaço: uma pausa no pessoal, na construção da famosa paliçada do Cachil]

E como a ocasião faz o ladrão,  aconteceu...

No posto rádio do Cachil só eu,  mais o 1.º Cabo Dias, fazíamos serviço,  sempre 12 horas cada um e dormíamos no posto rádio, mas quando um metia o pé na argola, o outro fazia o serviço.

O posto rádio ficava colado à parede da casa dos géneros, como nós éramos amigos do cabo cozinheiro e a parede era de troncos de palmeiras ao alto com barro amassado com algum capim para tapar as frestas, nós fizemos um pequeno furo no barro e metíamos a borracha do filtro de campanha e assim que o cabo cozinheiro via lá a borracha, enfiava a dita num garrafão de tinto e nós, no posto rádio, era só bombar para garrafas. Por esse motivo nunca nos faltava o tinto da Metrópole (daí a razão da ocasião que faz o ladrão).

Acordo com o corpo numa lástima todo picado. O "pifo" e os mosquitos uma noite após o jantar depois de bem regado adormeci que nem uma pedra, mas talvez devido ao "pifo"  meti os pés para fora do mosquiteiro, os amigos mosquitos aproveitaram o mosquiteiro aberto e satisfizeram a sua gula de sangue do Tuga.

Quando acordei como no posto rádio durante a noite, a luz estava quase sempre acesa devido às explorações rádio, olhei para o mosquiteiro todo coberto de mosquitos com um grande bunda cheia de sangue, começo à palmada a matá-los, mas ao fim de pouco tempo corria-me sangue pelos braços abaixo, o lençol, a fronha, o mosquiteiro tudo sujo de sangue, desisti abri mais o mosquiteiro e corri com os que restavam para fora que ainda eram bastantes.

Aprendi a lição e a partir dessa data passei a ter mais cuidado com o álcool e os "pifos".
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Notas do editor:

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15381: Blogues da nossa blogosfera (71): BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Buba e Nhala, 1973/74)... O próximo encontro do pessoal é em Ponte de Lima, 11 de junho de 2016. Tem 25 mil visualizações de página. Editores: Jaime Ramos e Adalberto Costa Silva, ex-furriéis mil, 3ª companhia


Página principal do blogue do BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa,  Buba e Nhala, 1973/74). Contactos: E-mail: batcac4513@gmail.com | Editores (ex-fur mil, 3ª companhia): Adalberto Costa Silva (telem: 965 816 315) | Jaime Joaquim dos Santos Ramos (telem: 917 221 437).

O BCAÇ 4513 tem igualmente uma página no Facebook, mais dinâmica.  Julgo que seja mantida pelo Jaime Ramos (que vive em Avintes, Vila Nova de Gaia). Não há nenhuma referência ao nosso blogue (Luís Graça & Camaradas da Guiné) nem à nossa página do Facebook (Tabanca Grande Luís Graça).




1. O blogue do BCAÇ 4513 foi criado no final de 2010. Tem já mais de 25 mil visitas (ou visualizações de página).   Traz a lista mominal de todo o pessoal do batalhão (nome completo, posto, e subunidade).

 É sobretudo um blogue orientado para os encontros do pessoal.  O 1º foi na Mealhada, em 2009. O próximo, o 8º encontro (2016), está marcado para Ponte de Lima, 11 de junho de 2016. Contactos: Marino Costa (telem 932 917 056) e  Avelino Brito (telem 961 442 380).

Tem algumas fotos do tempo da comissão no TO da Guiné, a maior parte sem legenda nem referência ao autor.  Tomámos a liberdade de selecionar, editar e reproduzir, com a devida vénia, as seguintes (que numerámos de 1 a 5). Lembramos os nossos leitores da importância de identificar a autoria e a proveniência das fotos. Os créditos fotográficos têm de ser acautelados...

Pomos o nosso blogue à disposição do Jaime Ramos, do Adalberto Costa Silva e demais camaradas não para a divulgação de eventos que interessam ao pessoal do batalhão, comio para a partilha de memórias comuns. Como gostamos de dizer, na nossa Tabanca Grande cabemos todos com tudo aquilo nos une e até com aquilo que nos pode separar... Parabéns pelo vosso trabalho. (LG)




Foto nº 1 > Foto s/ legenda nem autor > Julgamos que a  foto documenta os trabalhos da estrada Aldeia Formosa-Buba (1973774)



Foto nº 2 > Foto s/ legenda nem autor > Um grupo de combate possivelmente em Aldeia Formosa



Foto nº 3 > Vista aérea de Aldeia Formosa, janeiro de 1973 Foto de JMV [, José da Mota Vieira, fur mil da 3ª C/BCAÇ 4513]; originalmente publicada, juntamente com mais outras 10 fotos de Aldeia Formosa, do mesmo autor, no portal Prof2000, que tem uma excelente galeria de fotos de antigos combatentes;  o Prof2000 "é  um projecto com serviços de suporte a formação de professores a distância e de apoio às TIC nas escolas",  tendo como público-alvo "Escolas, Centros de Formação, Centros Novas Oportunidades, professores, projectos de escola e comunidade educativa em geral".


Foto nº 4 > O Vicente e o José Mota Vieira, 1973. Foto do JMV. Cortesia do autor e do  portal Prof2000.  O Vicente deve ser o Manuel Gomes Vicente, também fur mil da 3ª companhia.


Foto nº 5 > Vista panorâmica de Nhala > Sem data nem referência ao autor





2. Informação dos editores:

Camaradas do BCAÇ 4513 que nos honram com a sua presença, sob a o poilão da na Tabanca Grande, pedindo desde desculpa se, por lapso, omitimos o nome de mais alguém:


(i) António Manuel Murta Cavaleiro, ex-alf mil inf MA, 2ª C/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74) (desde 12/11/2014)

(ii) José Carlos Ramos dos Santos Gabriel, ex-1.º cabo op cripto, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Nhala, 1973/74) (desde16/8/2011)

(iii) Fernando Silva da Costa, ex-fur mil trms, CCS/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, 1973/74) (desde 25/10/2009)

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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15143: O nosso querido mês de férias (2): os testemunhos de Henrique Cerqueira ("Em Bissau, dormia com o bilhete dentro da fronha do travesseiro"), José Carlos Gabriel ("A minha filha, de 5 meses, teve um choque muito grande ao ver-me no aeroporto, de bigode") e João Silva ("Foi ótimo vir no inverno, a saudade era do frio")

1. Henrique Cerqueira  [, ex-fur mil, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/72, e CCAÇ 13, Biambe e Bissorã, 1972/74; vive no Porto]:


Eu vim de férias na Metrópole uma só vez (*). Esperei um longo ano para o fazer e de tal modo que coincidisse com o meu aniversário, pois que o meu embarque para a Guiné tinha sido precisamente no dia dos meus anos. Assim , foi uma vingançazinha pelo "castigo"inicial.

Mas o meu comentário vai mais no sentido de contar como vivi os dias antes de embarcar de férias no avião da TAP rumo às almejadas férias na Metrópole.

Como todos calculam, vir do mato para Bissau uns dias antes da partida trouxe-me algumas alegrias e grande preocupação. É que havia o apelo a passar esses dias numas boas petiscadas e passeatas por Bissau, pois que era a primeira vês que estava em Bissau em descontracção total e com algum tempo. Mas havia um "tesouro" alojado no meu bolso que eu tinha um medo terrível de perder, que era o famoso bilhete de avião que me iria permitir ter o meu mês de férias junto da família,  em especial meu filho, minha mulher e meus pais. 

A minha preocupação era tão grande que dormia com o bilhete dentro da fronha do travesseiro e passava a noite a acordar porque tinha medo de estragar o bilhete com o suor. 

Este comentário poderá nada valer mas considero uma situação típica daquilo que nós passamos em termos afectivos provocada pela separação.

Já agora,  as segundas férias passei parte delas em Bissau com a minha mulher e filho, pois que nessa altura já os tinha junto de mim.

Um abraço, Henrique Cerqueira.


2. José Carlos Gabriel [ex-1.º Cabo Cripto, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74]


Fui dos que vieram á metrópole por 3 vezes (*). E se a memória me não falha já contei neste Blogue o quanto me custou vir a primeira vez. 

As despedidas foram sempre muito difíceis mas a primeira chegada (passados pouco mais de 6 meses de ter embarcado) foi na verdade a mais marcante.  Quando embarquei para a Guiné tinha a minha filha 5 meses e claro pouco ou mesmo nada se lembraria de mim. Embora lhe fossem mostrando as fotos que ia enviando,  o choque ao me ver no aeroporto da Lisboa fui muito grande. Já perto de fazer um ano chorava ao colo da mãe agarrada ao seu pescoço e sempre que lhe viravam a cara para mim era uma gritaria infernal. Só no carro a caminho de casa é que se calou um pouco mais mas demorou umas boas horas a interagir comigo. Pensamos sempre que seria por eu vir bastante queimado e trazer bigode (o qual só deixei crescer na Guiné e nunca mais o cortei na sua totalidade até hoje). 

Vim sempre pela TAP e juntava o máximo possível para pagar as viagens. 

A segunda viagem nada teve de especial mas a terceira foi aquela que já não teve retorno. Fui informado por um camarada de que o nosso BCAC 4513 entretanto tinha chegado à Metrópole. Já não regressei e fui fazer o espólio ao Campo Grande,  conforme sua indicação. Oficialmente nunca fui informado do regresso do batalhão mas o mesmo se passou com outros camaradas que na altura também se encontravam de férias por cá.

José Carlos Gabriel


3. João Silva [ex- fur mil at inf, CCAV 3404, Cabuca, e CCaç 12, Bambadinca e Xime, 1971/73) (e de quem não continuamos a não ter nenhuma foto; apesar do convite, não integra a nossa Tabanca Grande)]


Vim uma vez em Novembro de 1972 e ao fim de cerca de 9 meses de permanência na província (*). Vim pela TAP, não havia alternativa civil.  

O bilhete, pelo que recordo, era bastante em conta tendo em consideração o ordenado de furriel mil e o facto de no mato - Cabuca - não ter onde gastar o patacão. Se adicionar a poupança forçada que tive que fazer, pois só passados 4 meses de estar na província recebi o primeiro pré,  ainda se tornou mais fácil pagar. Isto aconteceu,talvez, por ter ido em RI [, rendição individual]. 

Foi ótimo vir no inverno,  a saudade era do frio. O chato foi embarcar perto do natal e passagem de ano, pelo que acabei por os passar em Bissau e a aguardar ligação aérea ao Gabu. 

Tanto na ida como no regresso fizemos escala no Sal. No regresso fui em primeira classe porque um camarada e amigo namorava na época uma hospedeira da TAP que nos proporcionou aos dois essa fineza. Embarcamos pela cauda do avião. Acabei por em 73 não vir por opção própria. 

Uma curiosidade, a bordo e na viagem para Lisboa vendiam coca-cola e tabaco estrangeiro, o que comprei. Na ida não era permitido a coca-cola e o tabaco já não recordo.

João Silva, nesta altura na CCav 3404 em Cabuca e a caminho da  CCaç 12 onde cheguei nos primeiros dias de janeiro de 1973.

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Nota do editor:

(*) Vd. poste anterior da série > 22 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15138: O nosso querido mês de férias (1): Maio de 1969: nessa altura o bilhete de ida e volta, na TAP, custava 4 mil escudos (Paulo Raposo, ex-alf mil Inf, MA, CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852, Galomaro e Dulombi, 1968/70)

quinta-feira, 19 de março de 2015

Guiné 63/74 - P14387: Pensamento do dia (23): No dia do pai... "Meu pai, estejas onde estiveres, saberás que te amo muito e te perdoei o nos teres deixado tão prematuramente" (José Carlos Gabriel, ex-1º cabo cripto, 2ª CCaç / BCaç. 4513, Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74)

1. Mensagem de José Carlos Gabriel, com data de hoje:

 Amigos Luis Graça e Carlos Vinhal.

Sendo hoje o dia do pai não pude deixar de escrever algumas palavras relacionadas com esta data que marca um pouco a minha vida.

Se acharem interessante podem publicar.

Um abraço.

José Carlos Gabriel
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[Foto à esquerda: Guiné > Região de Tombali > Setor S2 (Aldeia Formosa) > Nhala > 2ª CCaç / BCaç. 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973-74) > Nhala, JUN73 > O 1º cabo cripto Gabriel no desempenho de funções, Foto (e legenda) : © José Carlos Gabriel (2011). Todos os direitos reservados]
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Carlos Gabriel, meu pai - Um anigo de pouco tempo


Pela primeira vez na vida vou falar sobre o meu pai. A razão é porque o perdi quando tinha apenas 9 anos e de uma maneira que considero inapropriada (mas que foi consciente da sua parte).

Mas quem sou eu para o julgar?

Dos poucos anos de vida juntos tenho mais boas recordações que o contrário. Não terá sido um pai perfeito pois para o ser não nos teria deixado sozinhos tão cedo (eu com 9 anos a minha irmã com 11 e a minha mãe com 32,  mãe que dedicou o resto da sua vida aos filhos e que ainda vive junto a nós).

Mas será que eu como pai também fui o pai perfeito? E será que ele existe?

Penso que não existe o pai perfeito por muito que nos esforcemos. Aos olhos dos nossos filhos existe sempre algo que eles acham que falhamos.

Tinha-lhe um respeito enorme e que me recorde só uma vez me deu uma palmada em cada mão e muito bem dadas.

Tinha-lhe feito um pedido ao qual não acedeu e eu feito esperto pedi á minha mãe que acabou por ceder sem saber do antecedente. O meu pai ao ver que passado umas horas eu já tinha o que queria simplesmente me perguntou se eu tinha tirado ou se tinha pedido e claro confirmei que tinha pedido á mãe tendo-me interrogado:

- EU NÃO TE TINHA DITO QUE NÃO?

Foi nessa altura que me abriu a porta da escada que dava acesso 
José Carlos Gabriel, hoje
á nossa casa e aí deu-me uma palmada em cada mão mandando-me de castigo para casa.

Não me recordo de outra situação deste género nestes curtos 9 anos de convivência.

Com a idade a avançar cada vez mais sinto a sua falta. Sinto tristeza por não ter dado oportunidade á vida para conhecer a neta e os 2 bisnetos.

Existem datas que me são muito difíceis de ultrapassar a sua ausência tais como: O seu aniversário o meu e o Natal.

Esteja onde estiver saberá que o amo muito e lhe perdoei o nos ter deixado tão prematuramente.

José Carlos Gabriel

PS - Carlos Gabriel a bold e sublinhado é intencional pois era o nome pelo qual o meu pai era conhecido.

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Nota do editor:

Último poste da série > 9 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14336: Pensamento do dia (22): Aprendi na guerra a pôr um pé à frente do outro e continuar a caminhada, mesmo quando tudo era difícil (José Belo)

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P12993: No 25 de abril eu estava em... (21): Nhala... e nessa noite já ninguém dormiu (José Carlos Gabriel, ex-1.º Cabo Cripto, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74)


Guiné > Região de Tombali > Setor S2 (Aldeia Formosa) > Nhala > c. 1974 > 2ª CCaç / BCaç. 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973-74) >  Nhala > Trabalhos de Engenharia na estrada Aldeia Formosa-Buba,







Guiné > Região de Tombali > Setor S2 (Aldeia Formosa) > Nhala  > 2ª CCaç / BCaç. 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973-74) > Nhala, JUN73 > O 1º cabo cripto Gabriel no desempenho de funções,

Fotos (e legendas) : © José Carlos Gabriel  (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]




1. Comentário de ontem,  ao poste P12988 (*),  assinado pelo  nosso camarada José Carlos Gabriel [, foto á esquerda, 1.º Cabo Cripto, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74]

Jose Carlos disse...

Camarada Murta (*)

Embora me encontre na Alemanha junto aos meus netos (deixaram-me agora respirar um pouco), entrei no Blogue e vi a tua mensagem. Tinha feito referência que durante uns meses não me seria possível fazer intervenções mas sobre a nossa companhia não posso deixar passar a oportunidade. 

Como me lembro dessa noite em que recebemos a mensagem sobre a revolução e que dizia o seguinte; 

252245NABR RELAMPAGO “Agências noticiosas informam Governo Professor MARCELO CAETANO derrubado por movimento Forças Armadas “. 

A festa que foi feita nessa altura por toda a companhia e, se a memória me não falha,  já ninguém foi mais para a cama e penso que até o “cantinas“ foi abrir a mesma mas já não tenho a certeza. 

Fico satisfeito em ler mais uma intervenção de um antigo camarada a qual irá contribuir para que outros ganhem coragem e também escrevam alguma ocorrência desta ou de outras datas porque nem tudo acabou por ser mau.

Um grande ALFA BRAVO

José Carlos Gabriel
Ex-1.º Cabo Op. Cripto
2.ª CCAÇ/BCAC 4513
NHALA, 1973/74



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(**) Vd. poste de 16 de agosto de  2011 > Guiné 63/74 - P8680: Tabanca Grande (297): José Carlos Ramos dos Santos Gabriel, ex-1.º Cabo Op Cripto da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Nhala, 1973/74)

(...) José Carlos Ramos dos Santos Gabriel
Nascido a 1 de Novembro de 1951
Natural de Cova da Piedade – Almada
Residente na Amora – Seixal [, beste momento, m Alemanha]
1.º Cabo Op Cripto da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74




Poster do nosso 10.º aniversário. Autoria do © Miguel Pessoa (2014)

(...) Infelizmente não tenho recordação do embarque para a Guiné do Batalhão em virtude de na data da partida me encontrar a prestar serviço na Defesa Nacional e não me ter sido permitido embarcar sem ter o meu substituto presente, razão pela qual só embarquei em 12 de Maio 1973 nos TAM, depois de muita insistência minha com o receio de vir a passar a rendição individual.

Agradeço a todos os meus ex-camaradas da altura que se prontificaram a fazer o meu trabalho até chegar o meu substituto pois sem este apoio não me teria sido dada a possibilidade de embarque.

O meu regresso também não foi com o Batalhão porque estava de férias na dita Metrópole a poucos dias de regressar à Guiné quando recebi um telefonema de um camarada a informar que o Batalhão já tinha regressado e para me dirigir ao quartel do Campo Grande para fazer o espólio.

Durante o tempo de permanência na Guiné vim sempre de férias logo que me era permitido visto já ser casado e ter a minha filha, e foi numa destas situações que mais uma vez não me juntei ao Batalhão no regresso.

Ainda mantive contato até 1997 com dois camaradas, o 1.º Cabo Rádio Telegrafista Luís Oliveira e o Furriel de Transmissões Roque, ambos residentes no concelho do Barreiro mas por razões da minha mudança de situação profissional perdi os contatos.

Relembro neste momento um torneio desportivo efectuado em Aldeia Formosa e se a memória me não atraiçoar terá sido em 1973 onde fui representar a 2.ª CCAÇ na modalidade de andebol e futebol de salão, hoje conhecida de FUTSAL.(...)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11053: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca...é Grande (62) ): Aníbal Silva, através da filha, procura e encontra o seu antigo comandante do 1º Pel da 1ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Buba, 1973/74), António Manuel Gaudêncio Nunes, ex-alf mil op esp, natural de Lisboa


Guiné > Região de Quínara > Aldeia Formosa > Comando, CCS e 1ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (1973/74)... As outras suas unidades orgânicas estiveram em Buba (a 1ª  CCAÇ) e  em Nhala (2ª CCAÇ). O 1º encontro / convívio do BCAÇ 4513 (as quatro companhias)  foi em 8 de dezembro de 2009.

Foto: © Fernando Costa (2009). Todos os direitos reservados.


1. Resposta do António Manuel Gaudêncio Nunes ao pedido de Nilza Silva (*)

Boa noite, sou António Manuel Gaudêncio Nunes, ex Alf mil Ranger, comandante do 1º pel,  1ª CCaç/BCaç 4513. Com emoção tomei conhecimento da busca da Srª prof. Nilza Silva com o intuito de surpreender seu pai e meu camarada Anibal Silva, a quem envio um forte abraço. 

Para qualquer contacto: amgnunes@sapo.pt
Cumprimentos
Nunes

2. Mensagem do nosso colaborador permanente, José Martins, que já tinha identificado a unidade, a 1ª CCAÇ / BCAÇ 4513/72  (, mobilizado em Tomar, chegou ao To da Guiné em março de 1973 e regressou em setembro de 1974). A 1ª CCAÇ esteve em Buba.

[ Temos aqui no nosso blogue, pelo menos dois camaradas deste BCAÇ 4513/72: (i) o Fernando Silva da Costa, ex-Fur Mil Trms, da CCS/BCAÇ 4513, Aldeia Formosa, 1973/74), que mor em Lisboa; e (ii) o José Carlos Ramos dos Santos Gabriel (ex-1.º Cabo Op Cripto da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74), que é natural de Almada.]

Caro António Nunes

São estas noticias que engrandecem este blogue. Uma noticia colocada neste espaço e aparece sempre um camarada novo. Agora, creio, que vamos ter dois.

A "porta está aberta". Não é preciso bater e/ou empurrar. Duas fotos e uma pequena história.
Resultado: lugar garantido junto ao poilão da Tabanca Grande.(**)

Matem as saudades de longas décadas e satisfaçam a alegria da "nossa filha" Niza, porque "os filhos dos nossos camaradas, nossos filhos são", ao dizer ao pai:
- Encontrei o teu camarada e amigo Nunes!

Todos nunca seremos demais. A guerra nos uniu para toda a vida.

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Notas do editor:

(*) 1 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11038: Em busca de... (213): Camaradas de Buba, 1972/74 (Aníbal Silva, através da sua filha Nilza Gonçalves)

(...) Sou professora, Nilza Gonçalves, filha de um ex-combatente. Aníbal Gonçalves da Silva (Aníbal Silva) esteve em Buba, na Guiné, entre 1972-1974, era o número [mecanográfico] 1014733, pertencia aos rangers, à 1.ª companhia, 1.º pelotão. O seu furriel era o senhor Peixoto e o seu alferes era o senhor Gaudêncio Nunes, natural de Lisboa...

O meu pai não se lembra do número da companhia dele, só tem na sua memória o que já descrevi. No entanto, o meu pai gostava de encontrar os seus colegas combatentes... Já procurei em sites, mas é difícil.

Será que o senhor Luís pode-me ajudar a fazer esta "surpresa" ao meu pai ? (...)

(**) Último poste da série > 4 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10481: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (61): Notícias do Luís Antunes, ex-1º cabo enf, CCAÇ 2405 (Galomaro e Dulombi, 1968/70), que participou na Op Lança Afiada (Sónia Antunes / Paulo Raposo / Rui Felício)