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quarta-feira, 15 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14477: Em busca de... (256): Raul Rodrigues Ferreira que foi chefe do Posto Estagiário do Quadro Administrativo da Colónia da Guiné (Alexandre Cardoso)

1. O nosso Camarada Alexandre Alberto Correia Cardoso, ex-Soldado Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Biambe, 1969/70, enviou-nos o seguinte apelo.



Camaradas, 

Envio os dados de uma pessoa de que gostava de saber o que é feito dela neste momento.

O seu nome é Raul Rodrigues Ferreira e, segundo documento que mantenho na minha posse, era chefe do Posto Estagiário do Quadro Administrativo da Colónia, nos termos do artigo 126, nº 2 alínea b) da carta orgânica do Império Colonial de 06/01/1948, visto do tribunal administrativo. 

Boletim oficial nº 19/950, folha 177, chefe do Posto do Quadro Administrativo, recebeu guia em 19/6/1951 para se apresentar no Distrito de Recrutamento e Mobilização do Comando Militar da Província da Guiné, por ter sido convocado para o serviço militar como alferes miliciano e nomeado para desempenhar em comissão de serviço civil e dependente do ministério do ultramar como ajudante de campo de sua excelência, o governador da província de Bissau, 21/06/51, boletim oficial 25 folhas 309 e 321... 

Assim, agradeço toda e qualquer informação possível que me possa ser prestada.

Um abraço,
Alexandre Cardoso
Sold Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 2464

Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
___________
Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: 



terça-feira, 14 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14470: Tabanca Grande (457): Alexandre Alberto Correia Cardoso, ex-Soldado Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Biambe, 1969/70

1. Hoje apresenta-se nesta nossa Tabanca Grande o nosso Camarada Alexandre Alberto Correia Cardoso, ex-Soldado Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Biambe, 1969/70.


Camaradas, Fui mobilizado no R.I.10, em Fevereiro de 1969,com destino aos Adidos, tendo seguido para Encheia e, posteriormente, para Biambi.

Mais tarde tomamos o rumo a Buba onde fizemos escolta e segurança à capinagem.
Finda esta missão, seguimos para Inhala.
Eu era conhecido pelo “Cardoso Metralha”.

Um abraço,
Alexandre Cardoso

Sold Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 2464






2. Camarada Alexandre Cardoso, em nome do Luís Graça de demais Camaradas integrantes desta nossa Tabanca Grande.  quero dar-te as boas-vindas. 

Com a tua prestação são já 4 os elementos do teu batalhão de que temos aqui notícias.

Os outros 3 Camaradas são, como podes constatar no link: 


- José Maria Claro, DFA, (ex-Soldado Radiotelegrafista de Engenharia) da CCAÇ 2464;

- António Nobre (ex-Fur Mil) da CCAÇ 2464;

- Armando Pires (ex-Fur Mil Enf.º) da CCS.

Resta-me desejar que se te lembrares de alguma(s) história(s) nos as envies bem com mais fotos que possuas no teu álbum de memórias.

Um abraço Amigo do MR.

Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:


quarta-feira, 18 de março de 2015

Guiné 63/74 - P14382: Convívios (658): Almoço do pessoal da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, dia 18 de Abril de 2015 em Vila Real (António Nobre)

1. Mensagem do nosso camarada António Nobre (ex-Fur Mil da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Buba, Nhala e Binar, 1969/70), com data de 14 de Março de 201e:

Olá Carlos
Junto envio anuncio da realização de mais um encontro/convivio da rapaziada da CCaç 2464 que no periodo de Fevereiro de 69 a Dezembro de 1970 cumpriu serviço militar obrigatorio da Ex-Guiné Portiguesa.
Solicito pois faças a sua inserção no nosso Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné.
 Um abraço
Antonio Nobre



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Nota do editor

Último poste da série de 14 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14363: Convívios (657): XXXII Encontro do pessoal da CCAÇ 2317, dia 30 de Maio de 2015, no Restaurante Choupal dos Melros - Quinta dos Choupos - Fânzeres - Gondomar (Joaquim Gomes Soares)

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14101: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (92): O Alfarrabista Eduardo Martinho, amigo de Mário Beja Santos, foi Furriel Miliciano do Pel Rec da CCS do BART 2861, logo camarada do nosso tertuliano Furriel Enfermeiro, Ribatejano e Fadista Armando Pires

1. Todos sabemos da incessante procura de publicações que digam respeito à Guiné por parte do nosso confrade (como ele gosta de dizer) Mário Beja Santos.

No Poste 13954(*) Beja Santos diz-nos:
Subo em direção ao mercado de Santa Clara, começou a chuviscar, abrigo-me na tenda do meu amigo Eduardo Martinho, recebe-me com um sorriso. Combateu na Guiné, conhece o nosso blogue, foi com ele que regateei o livro dedicado a Mário Pinto Andrade. Vai buscar o livro e autoriza que eu reproduza o que achar de mais interessante.

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2. Em conversa telefónica com o editor, Armando Pires refere que o Martinho foi seu camarada em Bissorã, e que se lembra de entrevistar o Mário Beja Santos quando este se preparava para iniciar uma colaboração que se prolongou por anos na então Antena 1.
Dei-lhe o contacto do Mário para que pudessem trocar impressões.
Daí resultou esta troca de mensagens:

De Armando Pires (ex-Fur Mil Enf.º da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70), em 28 de Novembro de 2014 para Mário Beja Santos:

Meu caro Beja Santos. Camarada.
Acabo de ler no nosso blogue uma nova referência sua ao Alfarrabista Eduardo Martinho, sinalizando, desta vez, ter sido ele combatente na Guiné.
De facto, e já o disse em comentário a um outro post seu, o Martinho foi Furriel Miliciano do Pel Rec na minha Companhia, a CCS do BCAÇ 2861.
Na Guiné sabíamos, conhecíamos, a sua faceta cultural. E dela lhe quero dar como exemplo a foto em anexo. Foi tirada em Bissorã, certamente em Dezembro de 1969.
Aquele que assiste ao trabalho do Martinho, sou eu.
Aceite um forte abraço de camaradagem do Armando Pires

OBS: - Sabia que quando começou a trabalhar na Defesa do Consumidor, a sua primeira entrevista para a rádio - RDP - fui eu que lhe a fiz?

Bissorã, Natal de 1969 - Com o Furriel Martinho que pinta um Presépio


3. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 29 de Novembro de 2014 para Armando Pires:

Meu Caro Armando,
Fui hoje de manhã à Feira da Ladra, manhã ensolarada,visitei o estanco do Eduardo Martinho, tinha a prenda de Natal para ele, um opúsculo de António Carreira com cerca de 75 anos e o Roteiro da Guiné, de que sou coautor.

Informei-o do teu mail, emocionou-se deveras, falou-me nas fotografias que tem, vai filiar-se na nossa tabanca, comprometi-me a ir no próximo sábado lá buscá-las, quis começar a contar as suas histórias em Bissorã, pedi-lhe para as escrever, corro o risco de me tornar em escriba de malta preguiçosa…
Vou pedir ao nosso editor que publique a fotografia, caso não vejas impedimento, é facto que o Eduardo Martinho desenha, ainda hoje o vi a fazer um boneco no livro que ofereci, é um alfarrabista invulgar, vende antiguidades, desenhos e quadros, é dotado de uma grande cultura, é visitado por gente que procura coisas invulgares, como o Jeremy Irons, um dos seus clientes, ali se junta uma tertúlia simpática, sinto-me sempre lá bem, há sempre conversas aliciantes e muita charla sobre autores de todos os géneros.

Devo-lhe bastantes atenções, empresta-me livros e vende-me a preços abordáveis óleos e desenhos, que tanto aprecio.

Agradeço-te a lembrança da entrevista… ainda não desisti de escrever as minhas memórias de 25 anos na rádio.

Aceita o abraço do teu camarada,
Mário

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4. Comentário do editor:

Alguém tem dúvidas de que "O Mundo é Pequeno e que a Nossa Tabanca... é Grande"?
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Notas do editor

(*) Vd. poste de 28 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13954: Recordações de uma ida à Feira da Ladra: 15 de Novembro (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 3 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13969: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (90): Foto do ferryboat BOR que levou a CART 730, de Bissau para Bolama, um dia depois de desembaracar do T/T Niassa (João Parreira, ex-fur mil op esp e cmd, CART 730 / BART 733, Bissorã, 1964/65; Gr Cmds Fantasmas, CTIG, Brá, 1965/66)

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13749: Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (16): E agora, o desporto

1. Mensagem do nosso camarada Armando Pires (ex-Fur Mil Enf.º da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70), com data de 10 de Outubro de 2014:

Caro Luís Graça. Camaradas Editores. 
Eu sei que hei-de chegar ao fim. Ao fim dos episódios que me propus escrever. Mas não está fácil. Umas vezes por isto, outras por aquilo, chegada a hora de escrever, nem sempre os neurónios alinham duas ideias seguidas. Havemos de conseguir. 
Com uma pitada de humor e umas quantas fotos, o episódio n.º 15, que como é hábito segue em anexo, acrescenta ao …enfermeiro, ribatejano e fadista, um furriel desportista. 

Um abraço
Armando Pires


FURRIEL ENFERMEIRO, RIBATEJANO E FADISTA

14 - E agora, o desporto

Sim, não vá pensar-se que a vida de um furriel enfermeiro no mato, mesmo que ribatejano, entre diagnosticar malárias, combater gonorreias, ou secar micoses com "1214", fosse apenas cantar o fado. Eu fui um desportista.

Já o era, caramba, antes mesmo de ali chegar. Curiosamente, em todas as modalidades que pratiquei, as mãos eram o meu forte. Lá pela Guiné, tirando a sueca, a lerpa e o king, joguei voleibol, fui guarda-redes no futebol, a menina dos meus olhos era o ténis de mesa, e fui campeão de natação em Bissorã (o que será aqui contado em jeito de happy end…)

Com os pés, além do que creio ser uma habilidade inata para a escrita, ganhei várias provas de atletismo, quer em velocidade pura quer através de obstáculos, a cujo sucesso devo o facto de poder estar aqui a rememorar algumas das minhas vivências.

Escusado é dizer como a prática desportiva era inerente à condição militar. Não apenas como instrumento do fortalecimento físico mas também como meio de criar espírito de corpo e de grupo.

De todos os desportos é fácil compreender porque na Guiné o futebol foi rei de todos.

Um campo, do tamanho que fosse, uma bola, mesmo que não cientificamente redonda, onze homens de cada lado, ou os que se arranjassem, equipados com o que houvesse, ainda que o que houvesse fosse nada, duas marcas que marcassem o alvo a atingir, a baliza, e aí tínhamos a verdadeira, a única, jogatana de futebol.

Está aí para o comprovar o valioso acervo fotográfico da Tabanca Grande.
Pois na minha Companhia também se jogou à bola.
Mas o começo foi, com vossa licença, coisa mais fina.

Éramos uma Companhia de elite… perdão, éramos uma companhia de elites, elites desportivas, gente com vocação para várias práticas desportivas, a começar, desde logo, pelo nosso Doutor, o Dr. José Manuel Soares Oliveira, ou se quiserem, apenas o Dr. Oliveira, que foi jogador de voleibol do Leixões Sport Club e, mais tarde, para os matosinhenses que sabem, médico do clube.

O quartel de Bula tinha uma espécie de parada, cimentada, que dava para tudo. Para ser parada, para a prática de vários desportos, e para colocar as cadeiras onde assistíamos aos filmes que, de tempos a tempos, vinha uma equipa de Bissau projectar no ecran gigante.

Foi com os olhos postos nesse espaço que o Dr. Oliveira nos convenceu a formar umas equipas que se prestassem a um torneio de voleibol. Havia mão de obra que chegasse para escolher os que para a prática da modalidade tinham conhecimento e aptidões técnicas.

Além da minha CCS, estavam no quartel em Bula a CCAÇ 2466, mais um pelotão de morteiros e um outro de obuses. Isto sem contar com os rapazes do ESQ REC 2454, que moravam “lá mais em baixo”, em casa própria.

Lembro-me que o primeiro jogo foi democraticamente disputado entre uma equipa de oficiais e uma outra de praças, com direito a toques de honras militares enquanto se apresentavam as equipas, como o demonstra a imagem.

Bula – 1969 - Em primeiro plano a equipa de oficiais. Começando pela esquerda: de blusão, um alferes dos obuses, depois o Cap. Gaspar, Alf. Moura, o Dr. Oliveira, e os Majores Candeias e Lima. Em segundo plano: de camisolas às riscas verticais, a equipa de praças, dos quais a memória apenas retém os que à minha Companhia pertenciam, quais sejam, em segundo lugar “O Setubalense”, e mais à frente, de bigode, o Escriturário Rodrigues.

É preciso dizer que a nossa equipa, a equipa de furriéis, se fez apresentar à parte. Não íamos deixar-nos fotografar para a posteridade ao lado de gente tal mal vestida.

Bula – 1969 - De pé, a partir da esquerda: um furriel dos Morteiros, depois, Alf. Moura, eu, Vasques, Filipe, e o Major Candeias. Em baixo: Sarg. Costa, e os furriéis Martinho, Basso e Aviz Pires.

Vai longe o tempo e não me chega à memória quem foi o vencedor de tão difícil disciplina desportiva, como o voleibol. Mas não podemos deixar de ter sido nós, os furriéis da CCS, quer pela elegância com que equipávamos, quer pela qualidade técnica evidenciada, como o comprova a foto seguinte.

Bula – 1969 - Junto à rede, com classe e estilo, o Fur. Filipe finaliza um ataque cujo êxito se adivinha pelo ar tranquilo dos seus camaradas de equipa. Chamo a atenção para aquela grande mancha branca que se vê pelo lado esquerdo, por detrás dos espectadores. Era o ecran de cinema.

Pois bem, foi pelo voleibol que começámos, foi o voleibol que provocou o primeiro “movimento de massas”, mas o futebol estava lá, a chamar por nós, no campo do Clube de Futebol Nuno Tristão, de Bula, que confinava com o arame farpado do aquartelamento. E nós, CCS do BCAÇ 2861, até que nos podíamos gabar de ter nas nossas fileiras jogadores “com nome”, que podiam ter ido longe na modalidade, não fosse a guerra, agora noutro tom, fazer-lhes o que fez a tantos de nós. Comprometer promissores futuros.

Talvez tenha sido o caso do furriel Filipe, que jogou nos juniores do Belenenses, do João Nunes, cabo cripto, no Futebol Clube da Foz, do Miranda das Transmissões, que alinhou pelo Desportivo de Portugal, do Porto, e “O Russo”, no juniores do Varzim, tão bons de bola, os rapazes, que a equipa do Nuno Tristão os convidou a que por ele jogassem numas eliminatórias a duas mão com o Sport Bissau e Benfica, jogos a realizar em Bissau, de onde sairia o representante da Guiné na Taça de Portugal em futebol. Foi tal o comportamento dos nossos rapazes na primeira mão, que Nuno Tristão empatou a 3 bolas com o Bissau e Benfica. Na segunda eliminatória é que foi o diabo. Talvez devido ao cansaço, ou aos tremeliques daquelas malfadadas travessias do Rio Mansoa, em jangada, O certo é que o Benfica de Bissau venceu o Nuno Tristão, de Bula, por um concludente 7 a 1.
Um verdadeiro descalabro. Tão grande que nem existe registo fotográfico do acontecimento.

Ainda hoje sou dado a pensar se não terá sido também por isso, pela participação “dos nossos” naquela desgraça, que o nosso batalhão foi despachado para Bissorã.
Mas em boa hora que para lá fomos. Porque aí sim, aí demos asas há nossa veia futebolística. E não só.

É sabido, porque já o escrevi, que o nosso comandante Polidoro Monteiro não perdia uma oportunidade para desenvolver na prática o programa de Acção Psicossocial, através do “binómio” civis-militares. Para além das manifestações conjuntas do tipo cultural, patrocinou a realização de torneios de futebol, de voleibol e, até, de ténis de mesa.

No torneio de futebol participaram cinco equipas. Duas em representação da CCS, outras duas da CCAÇ 13 e a equipa do Sport Benfica e Bissorã.

Bissorã – 1970 - Não era o tempo das lentes grande angulares, mas é possível ter nesta imagem o que foi a apresentação das equipas no dia de abertura do torneio. De camisolas vermelhas, a equipa do Sport Benfica e Bissorã.

Ora bem. É preciso dizer que este torneio causou uma grave cisão do interior da CCS desportiva. Há falta de seleccionador, um espartalhaço qualquer, sem ser através daquela técnica, os passinhos, por nós muito usada no pátio das escolas para formar as equipas, chamou logo para si os que julgou serem os melhores, chamando-lhes, até, “O Real Macada”.

Bissorã – 1970 – A equipa do “Real Macada”. De pé, a partir da esquerda: Basílio, Bonito, João Nunes, Filipe, Berto, “Alentejano” e Gesteiro. Em baixo: Filipe, Miranda, Magina, Ramos e Barbosa.

Num gesto de rebeldia pura, formámos, isto é, eu formei uma outra equipa, a qual, como não podia deixar de ser, foi chamada de “Os Rebeldes”.Num gesto de rebeldia pura, formámos, isto é, eu formei uma outra equipa, a qual, como não podia deixar de ser, foi chamada de “Os Rebeldes”.

Bissorã – 1970 – A equipa de “Os Rebeldes”. De pé, a contar da esquerda: Moura, Pires, Martinho, Vaz, Cardoso e  Manuel Silva. Em baixo: Barbosa, Vasques, “Russo”, Santos e Agostinho.

Terminado este torneio de futebol, cujo vencedor só não revelo para não me ver obrigado a recordar as verdadeiras “macacadas” em que no bar se envolviam jogadores de uma certa equipa e os árbitros, arrancou um torneio de voleibol, disputado a três, seja uma equipa formada por civis, outra por oficiais, e a minha equipa, a dos furriéis, que foi chamada de “Os Celestinhos”, por ser de azul celeste a cor dos equipamentos.

Bissorã – 1970 - Equipa de voleibol de “Os Celestinhos”. Em pé, a contar da esquerda: Basso, Vasques e Martinho; em baixo: Ramos, Filipe e Pires (eu, obviamente).

Fomos nós os vencedores, através de uma salomónica decisão do Comandante Polidoro Monteiro.

Foi assim. Disputávamos a final com a equipa civil, vencíamos por 2-1 num jogo à melhor de cinco, quando caiu uma daquelas chuvadas que nós conhecemos. O árbitro interrompeu a partida, mandando-nos apresentar no dia seguinte, pela manhã. Chegámos nós, chegou a equipa civil, devidamente equipada, e chegou o Polidoro Monteiro que nos entregou a taça perante o ar estupefacto dos civis, os quais ainda indagaram se o combinado não tinha sido continuar o jogo nessa manhã.

- Esta manhã?!?! – perguntava, incrédulo, o Comandante – Mas vocês já viram algum jogo de voleibol continuar no dia seguinte?

E pronto, os civis regressaram a casa e nós levámos a taça.

Registe-se ainda o torneio de ténis de mesa onde eu e o Alfredo Khalil, um comerciante libanês de Bissorã, depois de termos despachado tudo quanto era adversários, disputámos uma renhida final no “Clube Social” da vila, ganha por mim, que não sou de me gabar por aí além.

Bissorã – 1970 - Eis o verdadeiro atleta, vencedor do Grande Torneio de Bissorã, em Ténis de Mesa.

Estas memórias desportivas perderiam todo o significado se aqui não trouxesse um documento que ainda hoje se encontra à guarda do furriel Filipe Santos, e que me o confiou para publicação. Trata-se do galhardete, que publico em verso e reverso, do jogo de futebol disputado no dia 22 de Novembro de 1970, entre a nossa CCS e a CCS do BCAÇ 2927, que nos foi render.

Repare-se no pormenor de no verso do galhardete constar a constituição da equipa da CCS do BCAÇ 2927, pelas posições ocupadas no terreno. Correia, Dias, Carneiro e Mendes. Sá e Machado. Lúcio, Fonseca e Tony. Leitão e Ferreira.

Para que conste, o jogo terminou empatado. No campo e depois à mesa.

- E a natação! Como é que foi isso da natação - perguntarão os que tiveram paciência para chegar até aqui.

Pois fiquem sabendo que eu também fui Campeão de Natação de Bissorã.

Bissorã - 1970 - Armando Pires, furriel enfermeiro, ribatejano e fadista, vencedor da prova de três metros livres, com o tempo de 4 segundos e 20 centésimos, disputada no tanque de rega da Estação Agronómica de Bissorã.

Eu não vos disse que isto terminava em grande?

Armando Pires
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de Junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13302: Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (14): Fadista e locutor, para cumprir o destino

sábado, 20 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13631: O nosso Livro de Visitas (180): Alexandre Alberto Correia Cardoso, ex-Soldado Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Biambe, 1969/70)

1. Hoje presenta-se nesta nossa enorme tabanca, com o nº 667,  o nosso Camarada Alexandre Alberto Correia Cardoso, ex-Soldado Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Biambe, Buba e Nhala,1969/70 


Camaradas, 



Tendo vindo a acompanhar a evolução deste formidável blogue, decidi-me juntar-me a este virtual "batalhão". 



Assim, enviei os meus dados e algumas fotos ao Magalhães Ribeiro, para a devida apresentação.

Fui mobilizado pelo RI10 em Fevereiro de 1969, com destino aos Adidos, tendo seguido para Encheia e, posteriormente, para Biambi.

Mais tarde tomamos o rumo a Buba onde fizemos escolta e segurança à capinagem.

Finda esta missão, seguimos para Inhala.

Eu era conhecido pelo “Cardoso Metralha”.








Um abraço,
Alexandre Cardoso
Sold Apontador de Armas Pesadas da  CCAÇ 2464

2. Camarada Alexandre Cardoso, em nome do Luís Graça de demais Camaradas integrantes desta nossa Tabanca Grande quero dar-te as boas-vindas. 

Com a tua prestação são já 4 os elementos do teu batalhão de que temos aqui notícias.

Os outros 3 Camaradas são, como podes constatar no link: 


- José Maria Claro, DFA, (ex-Soldado Radiotelegrafista de Engenharia) da CCAÇ 2464;

- António Nobre (ex-Fur Mil) da CCAÇ 2464;

- Armando Pires (ex-Fur Mil Enf.º) da CCS.

Resta-me desejar que se te lembrares de alguma(s) história(s) nos as envies bem com mais fotos que possuas no teu álbum de memórias.

Um abraço Amigo do MR.
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Nota de M.R.: 

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13624: Estórias avulsas (79): A melhor coisa que me poderia acontecer, uma viagem sem pressa que até parecia que estava no país das maravilhas (José Maria Claro)

1. Mensagem do nosso camarada José Maria Claro, DFA, (ex-Soldado Radiotelegrafista de Engenharia da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Biambe, 1969), com data de 15 de Setembro de 2014:

Caro camarada
Segue em anexo mais uma pequena memória bem como mais algumas fotos.

Cumprimentos
José Claro


Depois de ter sido capa de jornal do Diário Popular do dia 6 de Maio (Segunda-feira) na entrada da porta de armas do Campo de Tiro da Serra da Carregueira, foi constituído o pelotão dos tipógrafos e fotógrafos que tinham por destino o RT1 no Porto (foto que apresento nas aulas de morse).
Daí, feito o curso, ida para BC10 (Chaves), que foi uma das melhores e mais bonitas viagens que fiz em toda a minha vida (até aí).

 Nas aulas de Morse

Estive recentemente na Régua e andei a bisbilhotar se via a linha estreita que ia para Chaves(*) (não a encontrei, para me recordar), pois foi a melhor coisa que me poderia acontecer, uma viagem sem pressa que até parecia que estava no país das maravilhas.

Rio Corgo - 1978 (Rui Morais)

Uma paisagem de sonhos numa linha que fazia que tudo abanasse, com o andamento lento das carruagens, uma linha cheia de curvas, altos e baixos curvas e contracurvas, vales profundos e serras enormes. As pessoas que já a conheciam saltavam das carruagens em andamento e daí a um bocado o comboio passava junto à via no outro lado e apanhavam outra vez o comboio, foi uma viagem de sonhos, com maravilhosas e lindas paisagens.

Sem outro assunto aqui envio mais umas fotos, como me pediste, mas vê se têm interesse, se vires que não têm não vale a pena repetir.

Mais não digo.
Do amigo Claro

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Nota do editor:
(*) A Linha de comboio a que o camarada Claro se refere é a Linha do Corgo que ligava a Régua a Vila Real.
Aceder a Movimento Cívico pelo Linha do Corgo - MCLC
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de Abril de 2014 > Guiné 63/74 - P12967: Estórias avulsas (78): O meu amigo cigano Zé Beiroto (Francisco Baptista)

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13612: (Ex)citações (237): Li a versão do António Nobre onde está referenciado o meu acidente. Não havia ninguém até agora que se tivesse lembrado de mim (José Maria Claro)

1. Mensagem do nosso camarada José Maria Pinto Claro(1), Deficiente das Forças Armadas (ex-Soldado Radiotelegrafista de Engenharia da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Biambe, 1969), com data de 10 de Setembro de 2014:

Boa tarde camaradas
No decorrer do Post colocado pelo camarada António Nobre (2), reuni alguns dados e fotos que seguem em anexo.
Disponham das informações e fotos que considerem relevantes.

Um abraço
José Claro


Claro, o Radiotelegrafista

Camaradas de Guerra 
BCAÇ 2464/BCAÇ 2861:
Biambe 1969

Ao camarada António Nobre

Camarada,
Sou o radiotelegrafista Claro que no dia 7 de Abril de 1969 foi ferido com gravidade ficando com amputação da perna esquerda, no rebentamento de uma mina antipessoal.

Amigo, por curiosidade estive a ver e a ler situações referentes à Guerra na Guiné e li a tua versão onde referenciaste o meu acidente, pois até este dia não havia ninguém que se lembrasse do Claro, por isso, meu amigo, um muito obrigado, por me fazeres chorar.

Amigo, como deves saber, eu fui formar e completar a companhia tudo à pressa e neste caso não tive convivência nem grandes amizades convosco, tinha sempre muito trabalho de rádio. Ninguém sabia o que eu passava, estava de 2 em 2 horas no rádio, noite e dia, dormia de 2 em 2 horas, nem tinha tempo de jogar umas cartadas.
Por isso te digo, ninguém da companhia sabia que em todas as operações que tivemos e que aparecia a Força Aérea, era sempre a meu pedido, nunca por ordens superiores, e não nos demos mal Graças a Deus. As preocupações que tive por não termos rádios operacionais, com avarias por vários dias enquanto todos dormiam… E às 3 da madrugada agarrei-me ao portátil e vim para o meio da parada fazer alto sarrabulho, que até acordei o Pratas, a pedir auxílio, também correu bem.

No levantamento de rancho, a meu pedido, também correu bem, pois como sabíamos para o soldado era, ao almoço, bianda com duas rodelas de chouriço e ao jantar, duas rodelas de chouriço com bianda, e se cheirava bem para os lados dos nossos queridos oficiais, até cabrito assado com batatinhas faziam…

Tive várias ocasiões em que a minha intervenção foi crucial, como aquela da saída dos pelotões em que intervieram os T6 e o capitão Pratas indicou--me que a situação da coluna se encontrava a Norte e os aviões lá foram. Não era para Norte, era para Sul que a coluna se encontrava. Tentei contacto com os T6, indiquei-lhes a rota correcta com panos reflectores no chão em forma de seta. Resultou.

A emboscada que tivemos na bolanha com a nossa companhia e outra posicionada no lado esquerdo em que pedi auxílio à FA pela outra companhia não ter transmissões apropriadas para a situação e terem feridos e apareceu o FIAT, correu tudo bem.

Os arranjos nos rádios, porque o furriel não percebia nada daquilo, ou não se estava para ralar, enfim, etc. etc. etc., era eu que os fazia.

Amigo e camarada, estou a desabafar para contigo e estou com a lágrima no canto do olho, porque os camaradas não sabem o que os RTs têm na memória, e digo-te que todos os RTs, estejam onde estiverem sabem, por informações dadas por todos os outros RTs as situações presentes.

Dia 7 de Abril, dia trágico para mim, depois de estar 2 horas de serviço no rádio fui tentar adormecer. Ao fim de meia hora acordaram-me para que fosse formar a coluna para sair, mas voltei a adormecer. Daí a mais meia hora voltaram a acordar-me e disseram que o pelotão já estava à minha espera há uma hora, até parecia que não havia mais operadores.

Até este dia protegi os meus camaradas, pedindo auxílios via FA e outros, e neste dia, até pedi a minha própria evacuação, com a consternação de todos os colegas de curso de Radiotelegrafista de Engenharia, posicionados nos postos do nosso Sector.

O Claro
Radiotelegrafista de Engenharia.
Soldado RT


Biambe, 1969

Biambe, 1969

Biambe, 1969

No HMP de Lisboa
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Notas do editor

(1) Vd. poste de 11 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13601: Tabanca Grande (444): José Maria Pinto Claro, DFA, ex-Soldado Radiotelegrafista de Eng.ª da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861 (Biambe, 1969)

(2) Vd. poste de 4 DE MAIO DE 2012 > Guiné 63/74 – P9853: Breve historial da CCAÇ 2464 / BCAÇ 2861 que esteve em Biambe, Encheia, Buba, Nhala e Binar (António Nobre)

Último poste da série de 9 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13381: (Ex)citações (236): O horror e a beleza: Buba, meados de 1971 [ Francisco Baptista, mil inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72)]

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13601: Tabanca Grande (444): José Maria Pinto Claro, DFA, ex-Soldado Radiotelegrafista de Eng.ª da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861 (Biambe, 1969)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano José Maria Pinto Claro, Deficiente das Forças Armadas (ex-Soldado Radiotelegrafista de Engenharia da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Biambe, 1969), com data de hoje, 11 de Setembro de 2014, após ter sido convidado pelos editores a ingressar na nossa tertúlia:

Boa tarde camarada Vinhal

Conforme me foi pedido aqui seguem as informações pessoais.

A minha identificação:
- José Maria Pinto Claro
- Soldado Radiotelegrafista de Engenharia
- Profissão, 1.º Oficial Compositor de Artes Gráficas, Livraria Bertrand, Venda Nova-AMADORA
- Nascido a 23-02-1947
- Ingressei nas fileiras do Exército a 6 de Maio de 1968
- Fui para o Regimento de Transmissões 1 a 6 de Julho onde completei o curso a 9 de Novembro de 1968
- Fui para o Batalhão de Caçadores 10 a 8 de Dezembro de 1968 para ser integrado na CCAÇ 2464/BCAÇ 2861
 
José Maria Claro a bordo do Uíge

- Embarquei em Lisboa, com destino GUINÉ, a 5 de Fevereiro de 1969 no navio Uíge
- Fui ferido em campo de guerra (Biambe), por rebentamento de uma mina anti-pessoal, resultando a amputação da perna esquerda no dia 8 de Abril de 1969
- Saí do HM 241 de Bissau a 19 de Abril de 1969 com destino ao HMP
- Saí do HMP a 8 de Janeiro de 1970, dado como incapaz para todo o serviço militar, com 67,7% de incapacidade.

Quanto a louvores, louvo e felicito a Força Aérea e quem estava no outro lado da linha que atendeu todos os pedidos na prontidão, incluindo a minha evacuação pelo DO e Enfermeiros que quando cheguei ao quartel já estavam na pista à minha espera.

Mais acrescento algumas estórias e dados que considerem relevantes.

Conforme o que foi transmitido pela minha pessoa, é relevante que tinha muito trabalho e responsabilidade às minhas costas sem saber se poderia assim ser, visto que havia mais dois RTs e dois Transmissões de infantaria(*).

Eu era sempre o visado para todas as saídas para o mato, tenho uma versão que não mencionei, mas vou desenvolver:
Foi-me dada ordem pelo Cap. Pratas que tinha de ser eu a fazer as transmissões na saída que iria ser realizada, saída essa que seria às 22 horas para uma emboscada a um certo lugar, que agora não me recordo o nome.
Tinha dito ao Capitão que o aparelho não estava funcionar, mas ele insistiu e exigiu que tinha de lhe transmitir de 30 em 30 minutos.
Tudo bem, a coluna lá saiu, dentro da mata passado os tais 30 minutos, mandei parar os pelotões e tentei a transmissão, o rádio não dava nada, então com a ânsia de cumprir o que me foi exigido, mudei a banda Alta para a banda Baixa e o rádio deu um estoiro, mas ficou com bateria na mesma, então mudei para banda Alta e tive transmissões que foi uma categoria.

Biambe - José Maria Claro ao "telemóvel"

Já na posição de emboscada estou ao lado do alferes (não sei o nome dele, nem o mencionaria, se o soubesse) fiz uma transmissão e perguntam-me que barulho era aquele, eu na minha inocência encostei o micro e disse que era o alferes a ressonar.
À chegada ao quartel, o Capitão estava em cima dos blocos de terra que se tinha afundado para se fazer uma piscina, e quando o Alferes passou, chamou-o ao gabinete e levou uma descasca.

O Radiotelegrafista Claro

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2. Comentário do editor:

Caro camarada e amigo Claro,
Sê bem-vindo a este grupo de camaradas da Guiné que se serve desta página para contar as suas memórias, publicar as suas fotos, comentar postagens de outros camaradas, etc., participando assim na feitura deste espólio de ex-combatentes, melhor dizendo, combatentes, daquela guerra que ditou a morte prematura de quase 10.000 jovens e deixou marcas físicas e psicológicas a muitos milhares, dos quais tu és, infelimente, um testemunho. Esperamos que tenhas ultrapassado psicologicamente a tua deficiência física, se isso é possível na totalidade.
As minas e os fornilhos eram a forma mais cruel de combater, que nos esperava a cada esquina. De parte a parte não se evitava este meio mais covarde de atingir o IN. A cada passo a incerteza do seguinte.
O tempo que passaste nos hospitais, o sofrimento físico e psicológico a que foste sujeito e a adaptação à prótese e à nova vida, não devem ter sido fáceis de suportar. O teu testemunho pode ajudar camaradas na mesma situação que tu.

Muito obrigado por te juntares a nós, que ficamos ao teu dispor para receber e publicar o que queiras, relacionado com a tua (má) experiência enquanto combatente.

(*) O material que tenho cá, teu, para publicar, sairá no início da próxima semana.

Não quero terminar, sem antes te deixar um abraço de boas-vindas em nome dos editores e da tertúlia.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal

PS - O José Maria Calro passa a ser o nº 665 da lista dos amigoe e camaradas da Guiné, disponível na coluna do lado esquerdao, por ordem alfabética, de A a Z..

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Nota do editor

Último poste da série de 28 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13541: Tabanca Grande (443): Alberto Manuel Salvado dos Santos Grácio, ex- Alf Mil Op Esp/ Ranger da CCS do BCAÇ 4615/73 (Teixeira Pinto, 1973/74)

Guiné 63/74 - P13596: Em busca de... (248): Pessoal do Pel Mort 2297 (Bula, 1969/71)... a que pertenceu o meu pai, Eurico Lopes Pereira, natural de Boticas...Quero levá-lo lá, em 2015 (João Pereira, a residir em Angola)



Pormenor da carta de Bula (Escala 1/50 mil). Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)

1. Mensagem do nosso leitor João Pereira, com data de 6 do corrente:


Assunto: Pelotão de Morteiros 2297,  Bula 1969/71


Boa tarde,

Não o conheço, nem estive no ultramar, estou agora no antigo ultramar, em Angola.

Sou filho de um ex combatente pertencente ao Pelotão de Morteiros nº 2297 ,entre os anos de 1969 e 1971.

O meu pai esteve em Bula nesses anos e gostava muito de encontrar ex camaradas desse pelotão. Se tiver informação de algum ex-camarada dele, números de telefone ou email ou até fotos agradecia imenso que me informasse. Estou a planear uma viagem á Guiné para 2015, com o meu pai, o qual me disse que não quer morrer sem lá voltar.


O nome do meu pai é..Eurico Lopes Pereira. É natural de Boticas, Vila Real, Trás os Montes.
Saudações

João Pereira
(0244924989288)
(00351960033914)

__________________


2. Informações que recolhemos sobre o Pel Mort 2297 (Bula, 1969/71), através do nosso colaborador permanente José Martins [, foto à esquerda]:


Luis

(i) Não localizei encontros do Pel Mort 2297, aliás uma PU (Pequena Unidade) formada com cerca de 50 elementos.

No link http://santamargarida.blogspot.pt/2007/09/954-os-progressistas-de-salgueiro-maia.html pode ler-se:


As tropas aquarteladas na zona são em Agosto de 1971:

Bula:
- Batalhão de Caçadores [BCAÇ] 2928;
- [CCAV] 3420;
- Esquadrão de Reconhecimento Panhard 2641
- Pelotão de Morteiros 2297;
- Pelotão de Artilharia 26;
- Pelotão de Milícias 224;
- Pelotão de Milícias 293;

Binar:
- Companhia de Caçadores 17
- Pelotão de Milicias 291

Bissum:
- Companhia de Caçadores 2781
- Pelotão de Milicias 284.

Inhamate:
- Companhia de Artilharia 3330

Destacamentos de Capunga Pete e Ponta Consolação:
- Companhia de Caçadores 2789.

Destacamentos de João Landim, Mato Dingal e Augusto Barros:
- Companhia de Caçadores 2791

Só se o pessoal do Pel Mort 2297 se encontrar com estas (ou algumas destas) unidades.

Se existir História da Unidade no AHM [, Arquivo Histórico Ultramarino, (i] para este caso apenas terão interesse os nomes dos elementos da mesma.

(ii) Tambem encontrei informação sobre o Encontro Anual da Companhia de Caçadores 2465 do Batalhão de Caçadores 2861 Guiné 1969/1970

Data de realização do evento: 4 de Junho de 2011

Hora de início: 11H00

Local: Ponte de Lima

Distrito: Braga

Inscrição  (Telefone, email ou outro contacto): Telefone: 914 272 083

Nome do responsável: José Barbeiro

Fonte: Portal UTW [Ultramar TerraWeb] >  Encontro Anual da Companhia de Caçadores 2465 do Batalhão de Caçadores 2861 Guiné 1969/1970


3. Comentário adicional do nsso editor LG:

João, obrigado pelo contacto. Aqui fica o teu apelo bem como os teus e outros contactos. Não é nada provável que o Pel Mort 2297 se reuna anualmente, já que o número de efetivos destas subunidades era escasso, inferior a um companhia (que tinha quatro pelotões) ou um batalhão (que tinha quatro companhais). Em geral, estas subunidades (pelotões de morteiro, pelotões de artilharia, pelotões de reconhecimento Daimler, etc.) juntam-se, para efeitos de convívio anual, às CCS dos batalhões a que estavam adidas...

Sobre Bula, temos já 220 referências no nosso blogue, muitas histórias, muitas fotos... Dversos camaradas por lá passaram, mas ninguém do Pel Mort 2297, que eu me recorde... Também temos a carta de Bula  (mapa que usávamos nas operações). Clica aqui, o teu pai vai gostar de reconhecer os sítios que vêm na carta.

Esperemos que apareça malta do tempo do teu pai, que tenha estado em Bula, e que o reconheça. O mais prático é mandares fotos digitalizadas do teu pai, em Bula. Diz-me exatamente em que período é que ele lá esteve (1969/71)... É importante o mês de chegada e o de partida.

Manda também uma foto atual, se possível.  Ele não estava sozinha em Bula...Tinha camaradas de outras unidades (CCS/BCAÇ 2928, CCAV 3420. EREC 2641, 26º Pel Art, etc.).

De qualquer modo, vai dando conta dos desenvolvimento das tuas diligências. E quando decidires levar o teu pai à Guiné-Bissau, em 2015, em "romagem de saudade". contacta-nos. Dá uma alfabravo [ABraço] ao teu pai e nosso camarada Eurico Lopes Pereira, grande transmontano. Muita saúde e longa vida para ele e a família. Boa saúde e bom trabalho, para ti, em Angola

PS - É possível que o teu pai tenha conhecido o nosso camarada Armando Pires [ex-Fur Mil Enf, CCS/BCAÇ 2861,Bula e Bissorã, 1969/70].  Ele tem diversas fotos e histórias de Bula. Posso dar-te o contacto dele, se o teu o pai o reconhecer.

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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13564: Em busca de... (247): Afonso Pombinho, ex-Soldado da CART 676 (Pirada, 1964/66), procura camaradas


segunda-feira, 12 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13133: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (84): Quando Bula é, por um dia, sábado, 10 de maio, duas cidades portuguesas irmanadas, Torres Vedras e Caldas da Raínha, pelos convívios da CCS/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70) e do EREC 2454 (Bula, 1969/71) (Armando Pires)



Torres Vedras > 10 de maio de 2014 > 28º encontro da CCS/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70). Foto de família.



Caldas da Rainha > XXIII Encontro do o pessoal do Esquadrão de Reconhecimento AML 2454. Na foto, o Armando Pires e o Bernardino Cardoso.

Fotos (e legendas) © Armando Pires (2014). Todos os direitos reservados.

1. Mensagens do Armando Pires, deixadas na pagina do Facebook da Tabanca Grande:

Sábado passado foi o chamado dia em cheio. E tudo fruto do destino, ou do acaso, como lhe queiram chamar:

(i) Em Torres Vedras realizou-se o 28º Encontro da minha Companhia. A CCS do BCAÇ 2861. Faltava a foto de família, não era? Ora aqui está ela.

(ii) Pois à mesma hora reunia nas Caldas da Rainha o pessoal do Esquadrão de Reconhecimento AML 2454, com quem, em Bula, partilhei dos melhores e piores momentos então vividos.
Claro que fui às Caldas saudar a malta. E fui recebido, com um abraço do tamanho do mundo, pelo meu amigo e nosso camarada tabanqueiro Bernardino Cardoso.

Armando Pires

2. Comentário de L.G.:

Armando, tu és fadista, pelo que terás tendência a acreditar no destino, no "fatum"... Eu, que também sou dado ao pensamento mágico,  acho que isso foi obra do bom irã acocorado no alto do poilão da nossa Tabanca Grande...  Quer queiras quer não, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!...

Um alfrabravo fraterno  para os dois bons camaradas de Bula, Armando e Berrnardo. Gostria de vos reencontrar em Monte Real, no próximo dia 14 de junho!... E que o bom irã vos acompanhe!

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Nota do editor:

Último poste da série > 13 de março de  2014 > Guiné 63/74 - P12833: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (83): Recebi notícias do último CMDT do Glorioso GA 7, Coronel de Artilharia Faia Correia (Vasco Pires)

terça-feira, 29 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P13065: Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (14): O fadista regressa ao palco - II (Ou quando o apurar dos factos nos leva à procura do militar desconhecido)

1. Mensagem do nosso camarada Armando Pires (ex-Fur Mil Enf.º da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70), com data de 18 de Abril de 2014:

Fantástico!
Não sei se por estarmos na Páscoa, se por estarmos em período festivo, no que à vida do blog respeita, sei que esta equipa editorial é bestial.
Está um homem preocupado com o bom andamento da recuperação do Editor-Chefe, escreve ao Sub-Editor e diz-lhe, “ó Carlos, tenho aqui uma coisa escrita para enviar, mas não sei se o hei de fazer para o Luís ou se directamente para ti”. Responde o Carlos, “fácil, aos dois!”

Pois aqui têm, caros Luís Graça e Carlos Vinhal, decidam agora qual de vós descasca esta amêndoa. O que vos proponho não é uma nova história. É uma espécie de adenda ao que anteriormente escrevi com o titulo de “O fadista regressa ao palco”.

E por ser uma adenda, dei-lhe o 13-A como número de série. E esta adenda parece caída do céu, parece surgida com o propósito de assinalar o 10º Aniversário do nosso blog. Porque sem ele, sem a sua importância e vitalidade, não teriam sido possíveis os reencontros a que vão assistir. E o que os protagonistas dizem, entre si, é um verdadeiro hino em louvor da nossa Tabanca Grande. Acho que talvez mereça a pena ilustrar o texto com as fotos dos então capitães Barros e Hilário, hoje coronéis, cuja localização parece óbvia.

Resta-me desejar ao Luís rápida recuperação, desejar a ambos uma Boa Páscoa, e tornar este último voto extensivo a todos os nossos camaradas tabanqueiros.
Armando Pires


FURRIEL ENFERMEIRO, RIBATEJANO E FADISTA

13-A - O fadista regressa ao palco – Parte II

Ou quando o apurar dos factos nos leva à procura do militar desconhecido

Urge proceder à reformulação da divisa desta Tabanca Grande.
De facto, onde ela proclama que “o mundo é pequeno e a nossa Tabanca … é grande”, já não é sem tempo que se aumente o grau ao adjectivo, passando então a escrever-se que, “o mundo é pequeno e a nossa tabanca… é muito grande”.
Ocorreu-me isto após as incidências que resultaram do meu post anterior (P12905*), no qual, desastradamente, troquei o nome a um capitão. A correcção chegou num comentário do nosso camarada Grantabanqueiro, coronel Hilário Peixeiro, feito nos termos que aqui recordo.

Caro Armando Pires. 
Também estive em Bissorã, uns dias apenas, por volta de MAI/JUN70, para onde fui enviado, enquanto aguardava marcação de embarque para a Metrópole para comandar a CCS do Batalhão, em substituição do Cap. Luís Andrade Barros, do meu curso da Academia Militar que já tinha o embarque dele marcado. 
Foram realmente apenas alguns dias, razão porque não me lembro de ninguém. Na foto do bingo é precisamente o Capitão Barros que está presente. 
Parabéns pelo aniversário muita saúde e um abraço deste amigo que provavelmente ainda foi seu comandante de Companhia por alguns dias.

Hilário Peixeiro
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Meu comandante de Companhia por alguns dias? Foi aqui que o sino tocou a rebate, e que se iniciou uma troca de email’s, cujos eu vou citar nas partes que mais importam a esta história, não lhes acrescentando se não uma ou outra pequena nota de rigor, porque os conteúdos são suficientemente claros para que se compreenda toda a trama.
Comecemos, pois, pelo email que dirigi ao Coronel Hilário Peixeiro.

Caro Coronel. Camarada. 
Começo por lhe agradecer os parabéns o abraço que me deixou no nosso blog. 
Deixe que lhe manifeste a minha estupefação pelo que me revelou. Que esteve em Bissorã, ainda que de passagem, por referir que "terá" comandado a CCS de que fiz parte, e por identificar o Capitão que está na foto da sessão de bingo, comigo e com o Furriel Bonito, como sendo o Cap. Luís Andrade Barros. 
Permita-me que lhe faça um pedido que virá ajudar a "refrescar" a memória que temos desses tempos.

1 - Em que período, ao certo, esteve em Bissorã? 
2 - Não percebi em que circunstância "substituiu" o Cap. Barros 
3 - Dado que foi seu camarada na Academia Militar, pode ajudar-me a "refazer" o percurso dele na Guiné? 
4 - Peço-lhe que me confirme que o oficial que está na foto comigo e com o Furriel Bonito é o Cap. Barros que eu identifico, erradamente, por Cap. Caldeira. 
5- Finalmente, o camarada (permita-me que siga aqui o tratamento em uso no nosso blog) tem alguma fotografia sua da época, se não mesmo de Bissorã, que nos permita ajudar a identificá-lo? 

Aceite as minhas desculpas pela "trabalheira" que lhe dou, mas, como calcula, ao sinalizar a sua presença em Bissorã, deixou-nos a braços com uma imensa curiosidade, com uma enorme necessidade de preencher correctamente certos itens da nossa história.

Aceite um abraço do 
armando pires
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Caro Armando Pires, um grande abraço. 
Não tenho comigo nenhum documento que me permita saber com exactidão quando estive em Bissorã mas vou dar referências que podem trazer luz sobre o assunto. 
Fui comandante da CCaç 2403 que embarcou em 24jul68, no Uíge e regressou em 28mai70 no Carvalho Araújo. 
Em Jul69 fui evacuado para Lisboa e regressei à Guiné em 20jan70, indo comandar a CCS do BCaç 2851 que estava em Galomaro. 
Quando o Batalhão foi para Bissau aguardar embarque, eu fiquei a aguardar que Lisboa informasse do despacho sobre a minha doença da baixa, e mandaram-me para Bissorã substituir o Cap Luís Andrade de Barros, que já tinha regressado a Bissau por ter terminado a comissão e por isso não nos encontrámos em Bissorã. 
Se quiser ver fotos minhas da época, pode dar-se ao incómodo de ver no nosso Blogue uma resumida história da CCaç 2403.

Hilário Peixeiro 
Grantabanqueiro
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Último jantar a bordo. Na mesa do Imediato os Cmdts da CCaç 2401, CCaç2403 e CCaç 2405. Na outra mesa, de costas, o Cmdt da CCaç 2402
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Caro Coronel. Camarada. 
Muito lhe agradeço a brevidade com que respondeu às minhas interrogações. Até porque elas vieram por um ponto final numa dúvida que há muito se tinha instalado naqueles a quem pedi que identificassem pelo nome o capitão (e seu antigo camarada de curso) que substituiu o Capitão Alcino Veiga dos Santos. 
Já pedi ao Luís Graça que fizesse as necessárias correcções ao texto do meu Post. 
Quanto ao "meu coronel", melhor dito, "meu capitão", já foi devidamente identificado, sobretudo pela malta das transmissões, a quem hoje dei contra do seu relato. Sim, recordam-se de si, embora sempre com esta nuance, "ó pá, mas ele esteve muito pouco tempo lá em Bissorã". Pois é para esta questão que peço me diga em que "data" saiu de Bissorã.

Aceite um abraço do 
armando pires
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Caro Armando 
Não sei precisar a data da minha saída de Bissorã mas terá sido em finais de Julho porque eu julgo que regressei em Agosto à Metrópole. Não tenho nada escrito sobre estas datas. 
Hei de pedir uma cópia da minha nota de assentos principalmente por causa destas datas. 

Um abraço e obrigado pelo contacto. 
Gosto imenso de recordar a Guiné e por isso estou muito grato ao Luís Graça e aos restantes administradores do excelente Blogue que criaram para todos nós e que eu consulto com frequência. 

Hilario Peixeiro
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Cap Hilário Peixeiro > Natal de 1968 em Nova Lamego (Gabú)
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Meu caro coronel. 
Aqui tem uma excelentíssima razão para eu não estar muito seguro da sua presença em Bissorã. É que ela corresponde exactamente ao período em que vim de férias a Portugal. 

Um abraço e grato pela sua disponibilidade. 
armando pires
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Caro Armando 
Para a hipótese de querer contactar o Coronel Barros e convidá-lo a incorporar os Tabanqueiros aqui lhe deixo o seu e-mail 
HP
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Cap Hilário Peixeiro > Natal de 1968 em Nova Lamego (Gabú)

Fotos ©: Hilário Peixeiro
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Fantástico!!! 
Muito obrigado. 
Amanhã já lhe vou escrever. 
Abraço. 
AP.
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Meu caro Senhor Coronel Luís Andrade de Barros. 
Chamo-me Armando Pires, fui furriel miliciano enfermeiro da CCS do BCAÇ 2861 (Bissorã) que o senhor Coronel, à época capitão, comandou. Este endereço de email foi-me dado pelo coronel Hilário Peixeiro, seu camarada do Curso da Academia. Acontece que ele e eu escrevemos memórias da Guiné num blog que tem o seguinte link.

… A última memória que publiquei foi sobre as sessões de bingo que realizávamos no bar de sargentos, e das noites de fado em que era eu que cantava. Nessa memória publiquei uma fotografia onde o senhor coronel, se me permite ainda, o "meu capitão", está ladeado por mim, à direita, e pelo Furriel Bonito, já falecido, à sua esquerda. É essa fotografia que tenho a honra de lhe oferecer.

Aceite os cumprimentos do 
armando pires
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Caríssimo Armando Pires, furriel enfermeiro, ribatejano, fadista e companheiro da guerra . 
Recebi com muito agrado as suas notícias de Bissorã, nomeadamente recordando as sessões de bingo com uma afluência capaz de fazer inveja às melhores casas da especialidade. Lembro o entusiasmo que tal iniciativa despertou, a preparação - decoração da sala com pinturas alusivas e os convites para o evento, incluindo a amigos do IN, isto na certeza de então não sermos atacados. E havia também as diversões no club do Michel. 
Estive em Bissorã até 23 de julho de 1970, tendo ali permanecido cerca de cinco meses. Guardo algumas fotografias e também boas recordações de Bissorã .

Um abraço amigo do 
Luis Andrade de Barros.
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Caríssimo Coronel. 
Obviamente que vai ter que me perdoar por lhe ter trocado o nome. Só me apercebi do equívoco quando o seu camarada Hilário falou de si no comentário que fez no meu post. Mais uma vez lhe apresento as minhas desculpas, dizendo-lhe que ontem mesmo escrevi ao Luís Graça, o "pai" do Blog, a solicitar-lhe a devida correcção. 
Já agora, se o meu amigo me permite, porque razão só esteve cinco meses connosco? Segundo me disse o Hilário, terminou o seu tempo de serviço. Sendo assim, o "meu capitão" já se encontrava na Guiné. Importa-se de esclarecer mais este capitulo da nossa história? E deixe-me lançar-lhe um desafio, que me foi sugerido pelo coronel Hilário. Porque não se torna o senhor coronel membro da Tabanca Grande?

Fico na expectativa de notícias suas e peço-lhe que aceite um abraço, um abraço sincero, do 
armando pires
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Caríssimo Armando Pires, furriel enfermeiro e companheiro da guerra.
Vou já responder-lhe porquanto é meu princípio não deixar para amanhã o que posso fazer hoje.
Antes de ir para Bissorã estive a comandar a C.Caç.1788 desde Julho de 1968, em substituição do capitão falecido por acidente em atividade operacional, na sequência do rebentamento de uma granada - armadilha das NT.

Nota: o Coronel Luís Barros refere-se ao capitão Artur Manuel Carneiro Geraldes Nunes. Sobre este acidente de guerra consultar o P3813.
Prosseguindo com o email do cap Barros:

Tive situações difíceis, mas também bons momentos em Catió / Cabedu e Farim. 
Vou só contar a tourada em Farim, uma iniciativa muito parecida com as sessões de bingo em Bissorã. 
Estava no gabinete quando me aparece um alferes seu vizinho (era alentejano) dizendo-me : 
- Meu capitão, não queira saber a nossa sorte! Temos um boi que marra! 
Isto referindo-se a um bezerro vindo do Senegal e destinado a bifes. 
- E o que é que isso interessa! respondi-lhe surpreendido. 
- O que interessa ?!... Antes de o comermos temos de fazer uma tourada!
 Depois de algum espanto com a ideia, alinhei e colaborei com ela. Comprámos um burro para servir de cavalo; improvisou-se com as viaturas uma praça de touros; convidaram-se civis e militares da cidade e até se afixaram cartazes publicitários. 
O bezerro foi toureado duas vezes a pé e a cavalo de burro, valendo tudo. Não houve uma terceira corrida porque o touro partiu um corno quando o metiam no curro (um abrigo ), o que acelerou o seu fim.

Quanto ao convite para me tornar membro da Tabanca Grande, agradeço, considerando muito interessante a sua atividade na constituição de amizades e de recordações boas e mas, sendo certo que se não fosse a Tabanca Grande não teria "regressado" a Bissorã, indiscutivelmente o melhor lugar que tive na comissão da Guiné … fica só a minha disponibilidade para colaborar e nos termos em que agora o faço com muito gosto. Como reformado vou passando o tempo desocupado em Coimbra e de vez em quando vou até à aldeia, em Figueira de Castelo Rodrigo, onde faço agricultura bastante para sacrificar o corpo. E já fiz um livro de 400 páginas sobre a minha aldeia, o que para mim constitui um motivo de alegria e de realização pessoal, isto além de ter concluído a licenciatura em Direito em Coimbra.

Um abraço de muita consideração com votos de uma Boa Páscoa do 
Luis Andrade de Barros.
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Caro Coronel. Meu Capitão. 
Em primeiro lugar. Deixe-me dizer-lhe que está a provocar grande "frisson" entre malta da nossa companhia o facto de nos termos reencontrado. Só não tenho reacções do lado dos oficiais porque, à excepção do Dr. Oliveira, (com quem falei agora mesmo ao telefone e que pediu que lhe enviasse os seus cumprimentos) não tenho contactos com mais ninguém. Foi para mim preciosa a sua resposta à minha pergunta central, porque ela me permite escrever a história por linhas direitas. Da mesma forma que me "localizou" no blog do Graça, sugiro-lhe que localize uma referência que lá vem à CCAÇ 1788, onde é dada nota de ter o sr. coronel substituído o falecido capitão Artur Nunes.
… Aceite um forte abraço e fico a aguardar as suas notícias. 
armando pires
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Terminada a epistolar e muito cerimoniosa troca de correspondência, fica por saber quem foi o 4º Homem. Sim, não sei se se deram ao trabalho de terem vindo a contar o número de capitães que comandaram a CCS do BCAÇ 2861, a saber, em primeiro lugar o capitão Alcino dos Santos, o tal que tendo sido promovido a major passou a oficial de operações, depois o Capitão Luís Andrade Barros, seguiu-se-lhe, quase me apetece dizer, em regime de parte-time, tão breve foi o tempo que lá esteve, o Capitão Hilário Peixeiro, e vão três, pois então, mas tendo o Capitão Hilário terminado a sua missão em Julho de 1970, quem foi o homem, o tal quarto homem, a comandar-nos até ao fim da comissão, ou seja, até Dezembro de 1970?

Deixem-me abrir um parêntesis para dizer que, não sendo caso raro, o nosso Batalhão foi pródigo em trocas de comandantes de Companhia. Só Capitão Melo de Carvalho se manteve fiel, do principio ao fim, à sua CCAÇ 2465. Quanto às restantes, a CCAÇ 2466 teve três comandantes e a 2464, dois.

Fechado o parêntesis, quero dizer que muito tenho interrogado os meus camaradas sobre que memória ainda lhes acode do 4º Homem. Nada. Ninguém está seguro de nada. Alguns até se questionam se existiu um 4º Homem. Outros têm uma vaga ideia de um tipo que era baixo, magro, até há quem o diga, havendo mesmo quem ponha bigode a recortar o lábio superior, mas só de um ou dois ouvi dizer que ele se chamava Castro.

“E que tal ires à história da Companhia?”, perguntarão os que me estejam a ler. Pois atentem na minha incredibilidade ao ler a Resenha Histórica Militar das Campanhas de África, 7º Volume, Tomo II, da qual consta que a minha Companhia foi comandada pelo capitão Castro, da arma de Infantaria, acrescentando o livro que “não foi obtida a identificação completa”.

Quase em choque, dirigi-me ao Arquivo Histórico Militar, requisitei a história do meu Batalhão, da minha Companhia em particular, e do Capitão Castro nenhuma referência, nenhuma notícia, ali o homem não existiu. Ora eu não acredito que aquele capitão tenha ido à Guiné, a fazer um biscate, entre Julho e Dezembro de 1970, como comandante da minha Companhia.
Aquele capitão ou já estava na Guiné e, por uma qualquer razão, foi destacado para o comando da CCS do BCAÇ 2861, ou chegado de Portugal, em rendição individual, foi direitinho para Bissorã para nos comandar mas, chegando a nossa comissão ao fim, a ele ainda lhe restaria muito tempo de serviço por cumprir.

Então, de onde veio o Capitão Castro, oficial da arma de infantaria?
Então, para onde foi o capitão Castro, oficial da arma de infantaria?
Será que alguém me ajuda a dar nome a este “militar desconhecido”?

(FIM)

Armando Pires
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(*) Vd. poste de 27 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12905: Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (13): O fadista regressa ao palco