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domingo, 6 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9858: Tabanca Grande (336): Rogé Henriques Guerreiro, ex-1.º Cabo Op. Cripto da CCAÇ 4743 (Gadamael e Tite, 1972/74)

O Rogé Henriques Guerreiro, que vive em Cascais, e que foi 1.º Cabo Op. Cripto, na CCAÇ 4743 (Gadamael e Tite, 1972/74), telefonou-nos há dias, manifestando o seu desejo de se tornar, também ele, um grã-tabanqueiro. Conhece, entre outros membros da nossa Tabanca Grande, a residir no concelho de Cascais, o Rogério Cardoso e o Jorge Rosales. Disse-nos também que ainda não se sentia muito à vontade com o computador e a Internet, mas que com o tempo lá chegará.

Em seu nome, a sua mulher, Teté Guerreiro, adicionou as duas fotos da praxe na nossa página no Facebook, em 28 de abril último. https://www.facebook.com/tete.guerreiro

Recorde-se que a CCAÇ 4743/72 foi mobilizada pelo BII 17, partiu para a Guiné em 27/12/72 e regressou a 31/8/74. Esteve em Gadamael e Tite. Teve 3 comandantes: Cap Mil Inf Manuel Bernardino Maia Rodrigues; Cap QEO Manuel Jesuíno da Silva Horta; Cap Mil Cav Germano do Amaral Andrade. O Rogé tem história dos duros dias da batalha de Gadamael (maio / junho de 1973) (**).

Um das suas obrigações, como novo grã-tabanqueiro (n.º 555) é partilhá-las connosco, com os seus camaradas que o saúdam.
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Notas dos editores:

(*) Vd. poste de 28 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9820: O Nosso Livro de Visitas (134): Rogé Henriques Guerreiro, que vive em Cascais, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 4743 (Gadamael e Tite, 1972/74)

(**) Vd excerto de Guerra Colonial, 1961-1974 > Gadamael - o verdadeiro inferno!

Em Maio de 1973, a guarnição de Gadamael, constituída pela Companhia de Caçadores 4743, que dependia operacionalmente do COP 5, com sede em Guileje, constituía a retaguarda deste posto e era o seu único ponto de apoio para o reabastecimento depois de a acção do PAIGC ter tornado intransitáveis as ligações por terra para Bedanda e Aldeia Formosa.

O interesse militar de Gadamael resumia-se a servir de ponto de reabastecimento a Guileje, pois situava-se no último braço de mar do rio Cacine que permitia a navegação a embarcações de transporte. O interesse militar de Guileje tornara-se, por sua vez, muito discutível, pois a guarnição fora ali instalada ainda no tempo do dispositivo territorial montado pelo General Schulz, para anular as infiltrações de guerrilheiros vindos da grande base de Kandiafara, na Guiné-Conacri, pelo célebre «Corredor de Guileje». Mas os guerrilheiros tinham conseguido ultrapassar esse obstáculo, fixando-se em toda a zona da península do Cantanhez, o que reduziu Guileje a um ponto forte onde as forças portuguesas resistiam e marcavam presença territorial.

Em 1973, [Guileje] não servia já como base de apoio a operações lançadas na margem sul do rio Cacine, limitando-se a assegurar a presença das tropas portuguesas entre este rio e a fronteira com a Guiné-Conacri, em conjunto com as guarnições de Cacine e Gadamael. Mantinha-se naquele local aguardando situação mais favorável que permitisse a sua transferência, sem ser como resultado directo da pressão do adversário, dispondo, como ponto forte, de instalações defensivas, que lhe permitiram resistir sem baixas significativas a fortes ataques de artilharia.

Tinha, contudo, a grave limitação do abastecimento de água, que era transportada em depósitos a partir de uma fonte situada no exterior do quartel, e este movimento diário constituía a grande vulnerabilidade das tropas ali entrincheiradas.

Após a retirada de Guileje, a guarnição de Gadamael ficou constituída por duas companhias (a CCav 8350, vinda de Guileje, e a CCaç 4743, que ali se encontrava do antecedente), um pelotão de canhões S/R, com cinco armas, e um pelotão de artilharia de 14cm, com três bocas de fogo. Este conjunto de forças passou a constituir o COP5, tendo sido nomeado para o seu comando o capitão Ferreira da Silva, em substituição do major Coutinho de Lima.

Ao contrário de Guileje, Gadamael dispunha de más condições de defesa, por se situar em zona pantanosa onde era difícil construir abrigos. Se as condições já eram más para os militares da guarnição, a situação piorou significativamente com a chegada da coluna vinda de Guileje, que não dispunha de abrigos, nem de condições de alojamento para ali permanecer. Pior ainda, a duplicação de efectivos aumentou a concentração de pessoal dentro do espaço exíguo do quartel e tornou-o alvo altamente remunerador para ataques de artilharia do PAIGC.

De facto, as forças do PAIGC, moralizadas pela vitória obtida em Guileje, transferiram para Gadamael os seus esforços e entre as 14 horas, de 31 de Maio e as 18 horas, de 2 de Junho bombardearam o quartel com setecentas granadas, uma média de treze por hora, provocando cinco mortos e catorze feridos, além de avultados prejuízos materiais.

A violência destes bombardeamentos fez com que a guarnição de Cacine, a cerca de dez quilómetros para jusante do rio, difundisse uma mensagem a comunicar que Gadamael fora destruída, no entanto, a posição manteve-se, embora com o aquartelamento parcialmente destruído e a defesa imediata com brechas.

Em 1 de Junho foram lá colocados os capitães Monge e Caetano, para enquadrar os militares ali reunidos.

Em 2 de Junho foram recolhidos pela lancha Orion cerca de trezentos militares que se haviam refugiado nas bolanhas em redor de Gadamael, para escapar aos ataques.

Ainda neste dia desembarcou uma companhia de pára-quedistas e um pelotão de artilharia, passando o comando do COP5 para o comandante dos pára-quedistas.

Entre 3 e 4 de Junho caíram em Gadamael duzentas granadas, que provocaram mais dois mortos e quatro feridos. Em 4 de Junho, o PAIGC realizou uma emboscada a menos de um quilómetro do aquartelamento, causando quatro mortos e quatro feridos e capturando três espingardas G-3 e um emissor de rádio. O comandante do COP5 pediu autorização para retirar de Gadamael, o que não lhe foi concedido, recebendo ordem para defender a posição a todo o custo.

Em 5 de Junho, uma lancha da Marinha, botes dos fuzileiros e embarcações sintex do Exército evacuaram de Gadamael os mortos e os feridos, além de militares que não se encontravam em condições de combater, passando o COP5 a ser comandado pelo tenente-coronel Araújo e Sá. No mesmo dia ocorreu novo ataque com setenta granadas, que provocaram cinco feridos graves e cinco ligeiros.

A partir de 12 de Junho, foi colocada uma terceira companhia de pára-quedistas na região, ficando todo o Batalhão de Pára-Quedistas 12, empenhado no Sul, para «segurar» Gadamael.

As forças portuguesas sofreram nesta acção vinte e quatro mortos e cento e quarenta e sete feridos. O PAIGC conseguira ocupar uma posição militar portuguesa e apresentar esse feito na conferência da OUA, lograra esgotar as reservas de forças de intervenção portuguesas (o Batalhão de Comandos mantinha-se inoperacional depois das baixas sofridas no ataque a Cumbamori de 19 de Maio) e limitara seriamente a acção aérea. Estavam, pois, reunidas as condições para se realizar uma grande acção política no interior do território, o que aconteceu [na região de ] Madina do Boé, em Setembro, com a declaração unilateral da independência, na presença de numerosos convidados estrangeiros.

Fonte: Guerra Colonial, 1961-1974 > Operações > Guiné Maio de 1973: O Inferno > Gadamael, o verdadeiro inferno.
 http://www.guerracolonial.org/index.php?content=413


Vd. último poste da série de 3 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9846: Tabanca Grande (335): Maximino Guimarães Alves, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do Centro de Escuta do Agrupamento de Transmissões de Bissau, 1972/74

sábado, 28 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9820: O Nosso Livro de Visitas (134): Rogé Henriques Guerreiro, que vive em Cascais, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 4743 (Gadamael e Tite, 1972/74)






VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> O Jorge Rosales, régulo da Tabanca da Linha, e a Giselda Pessoa.

Foto: © Manuel Resende (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados




1. Telefonou-me ontem o Rogé Henriques Guerreiro, que vive em  Cascais, manifestando o seu desejo de entrar na Tabanca Grande. Conhece o Fernando Santos (ex-militar da Marinha, segundo percebi, que terá passado também pelo TO da Guiné) e o Rogério Cardoso, os quais têm insitido com ele para entrar para o blogue. Ainda não se sente muito à vontade com o computador e a Internet. A mulher tem ido à nossa página no Facebook. Disse-me que ela tinha enviado o pedido para lá...


Mas vamos por partes: o Rogé é algarvio de Albufeira, mas vive há mais de meio século em Cascais. Foi 1º cabo cripto da açoriana CCAÇ 4743 (Gadamael e Tite, 1972/74). Ele esteve lá, na batalha de Gadamael. "Felizmente está vivo", mas  como cripto  passou mensagens com "mais de vinte nomes" de camaradas mortos, ou com pedidos a Bissau de caixões. Ele estava lá em maio/junho de 1973. Conheceu o inferno de Gadamael, os ataques, a vida nas valas, as deserções, etc. Esteve com os páras. Eram abastecidos por LDG. Tem histórias para contar. A companhia era conhecida por "meninos de Gadamael".  O essencial do pessoal era dos Açores, só os quadros e os especialistas é que eram metroplitanos. Por essa razão o pessoal não se tem reunido ou nunca reuniu.


Palavra puxa palavra, disse-me que tinha jogado à bola, não só em Cacine (faziam jogatanas entre os açorianos de Gadamael contra os madeirenses de Cacine, "parece que só mandavam madeirenses e açorianos lá para o sul"...) como em Cascais. É daqui, da bola, que conhece - embora sem qualquer intimidade - o nosso camarada Jorge Rosales. Falei-lhe da Tabanca da Linha, de que o Rosales é o régulo. Quem, de resto,  não conhece o grande Rosales,  em Cascais ? 


Bom, dei-lhe as dicas para ele entrar no blogue. Aguardo as fotos da praxe. A sua história fica já aqui meio alinhavada. Conta-me que estava inicialmente moblizado para a Angola. Um chico qualquer deu-lhe uma porrada, apanhou dez dias de detenção, o que mudou a sua vida: foi parar à Guiné... e a Gadamael. Também andou por lá perdido, indo a pé até Cacine (se eu bem percebi). Foram depois para Tite, na segunda parte da comissão. Falei-lhe do COP 5 e do Coutinho e Lima, que ele conhecia de nome. Já leu o livro dele. 


Disse-lhe que, infelizmente, temos ainda poucas referências à sua companhia, a CCAÇ 4743. Esperamos que ele contribua para colmatar essa lacuna. Sê bem vindo, Rogé, à nossa Tabanca Grande!
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Nota do editor:


Último poste da série > 24 de  abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9799: O Nosso Livro de Visitas (133): Maximino Guimarães Alves, ex-Radiotelegrafista do STM (Bissau, 1972/74)