sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17745: Agenda cultural (582): Festival TODOS, 9ª edição: 8, 9 e 10 de setembro: Lisboa, Campo de Santana... Lisboa, cidade aberta e intercultural





Criado em 2009, o TODOS-Caminhada de Culturas:

(i) tem afirmado Lisboa "como uma cidade empenhada no diálogo entre culturas, entre religiões e entre pessoas de diversas origens e gerações"; 

(ii) tem contribuído para "a destruição de guetos territoriais associados à imigração, abrindo toda a cidade a todas as pessoas interessadas em nela viver e trabalhar."

O evento apresenta um vasto programa intercultural e multidisciplinar, uma caminhada de culturas, onde não faltam:
  • a gastronomia, 
  • o teatro,
  • a música, 
  • a dança, 
  • a fotografia, 
  • os graffitti, 
  • e as visitas guiadas.

O coração da celebração da interculturalidade nesta 9ª edição do festival será a
 Colina de Santana / Campo dos Mártires da Pátria:
  • Antigo Hospital Miguel Bombarda e espaços vizinhos;
  • Rua Luciano Cordeiro;
  • Jardim do Campo de Santana;

Guiné 61/74 - P17744: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (21): Págs. 161 a 168

Capa da brochura "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra"

Gabriel Moura

1. Continuação da publicação do trabalho em PDF do nosso camarada Gabriel Moura, "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", enviado ao Blogue por Francisco Gamelas (ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 3089, Teixeira Pinto, 1971/73).


(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17732: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (20): Págs. 153 a 160

Guiné 61/74 - P17743: Notas de leitura (993): “A verdadeira morte de Amílcar Cabral”, por Tomás Medeiros, althum.com, segunda edição revista, 2014 (2) (Mário Beja Santos)

A Verdadeira Morte de Amílcar Cabral, por Tomás Medeiros


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Março de 2016:

Queridos amigos,
Compreende-se como a análise de Tomás Medeiros é muitíssimo mal aceite por todos aqueles que se mantêm convictos sobre as bondades da unidade Guiné-Cabo Verde. Medeiros conviveu intimamente com Amílcar Cabral na Casa dos Estudantes do Império, ficaram amigos.
Neste ensaio faz o escalpelo da formação do jovem Cabral em Cabo Verde, revela o estado de espírito dos estudantes africanos em Lisboa naquele pós-guerra em que já não se podia dissimular a ascensão anticolonial. E todo este heroísmo que representou pôr o PAIGC de pé, dar-lhe consistência sob a fórmula da unidade, ruiu quando se anteviu a independência da Guiné, acenderam-se todos os sinais de alarme, Cabral, na sua doce ilusão, fingia não entender.
Não há neste trabalho uma inovação absoluta mas vale a pena atender ao que escreve Tomás Medeiros sobre os desentendimentos de fundo.

Um abraço do
Mário


A verdadeira morte de Amílcar Cabral (2)

Beja Santos

“A verdadeira morte de Amílcar Cabral”, por Tomás Medeiros, 2.ª edição revista, althum.com, 2014, é o testemunho de um companheiro são-tomense que conviveu com Amílcar Cabral e outros líderes de movimentos de libertação. É um estudo que devemos ter em conta no quadro mitigado dos documentos e investigações centrados no pensamento e obra de Cabral. A razão é simples. Medeiros insere a educação de Cabral no mundo cabo-verdiano, a sua preparação universitária no tempo certo do pós-guerra em que o anticolonialismo deixou de ser balbuciado a medo, tornara-se num fenómeno ascendente com as independências asiáticas e como arma de arremesso da Guerra Fria. Temos igualmente identificado o partido original concebido por Cabral e a resposta da mobilização, o seu olhar visionário para a natureza da luta armada num espaço que era propício a atacar e desaparecer no meio de pântanos e florestas cerradas. Igualmente Medeiros nos dá uma síntese rigorosa de resposta encontrada por Cabral através da forma da unidade Guiné-Cabo Verde. Mas era suficiente esta formulação de ter quadros cabo-verdianos associados aos aguerridos soldados guineenses, era indispensável uma resposta coesa na organização partidária, como Cabral deixou escrito:  
“A direção político-militar da luta é única: é a direção política da luta. Nós na nossa luta evitamos criar o que quer que seja de militar. Somos políticos, e o nosso Partido, que é uma organização política, dirige a luta no plano civil, político-administrativo, técnico e portanto militar. Os nossos combatentes definem-se como militantes armados. É o Bureau Político do Partido que dirige a luta armada e a vida, tanto nas regiões libertadas como nas que o não são, e onde temos os nossos militantes. Ao nível de cada frente existe um comando de frente. Ao nível de cada setor existe um comando de setor”.
Os meios urbanos tornam-se nesta luta armada lugares secundários. O laboratório do “homem novo” reside no interior das matas, onde há escolas, hospitais improvisados, espaços de abastecimento que se irão tornar em Armazéns do Povo. A lógica da liderança é a de que se é militar por acidente, é-se militar por razões da luta armada e da libertação. É um processo de gradual capilaridade, fazer chegar o partido a todos os níveis, fazer funcionar a justiça. A capacidade militar demonstrada ao longo dos anos, o natural prestígio de Cabral que é recebido e apreciado como um dos principais líderes revolucionários mundiais têm que ser tomados em conta na vida interna do PAIGC e em todo o processo montado para a proclamação unilateral da independência.

E chegamos assim à morte de Cabral e à narrativa mais polémica de Medeiros. A sua memória viaja até aquela encruzilhada de gente universitária das colónias em Lisboa. Cabral preparou-se a fundo para denunciar o que era o colonialismo português na Guiné: a imposição da cultura do amendoim; como podiam ser valorizadas as matérias-primas agrícolas e a indústria florestal. Cabral conhecia as divisões étnicas e a dinamite em que se podiam transformar, opondo-se umas às outras. Mas o suporte conceptual de Cabral tinha fragilidades de monta.
Primeiro, Cabo Verde estava mais próximo de Portugal do que da Guiné. Como um dia disse Germano de Almeida ao Jornal de Letras, em 2001: “O simples facto de falarmos a mesma língua, permite que saiamos de Cabo Verde, cheguemos a Portugal e nos sintamos em casa. Dificilmente penso que vou para o estrangeiro. Estrangeiro é o resto. O povo que vem para cá viver vem à procura de trabalho por uma questão de sobrevivência. Na pequena burguesia dos serviços, sobretudo, muitos vieram porque não concordavam com a independência nem com as ideias políticas do PAIGC. Mesmo agora, vem muita gente que se chateia, quando se sente perseguida”.
Segundo, a participação cabo-verdiana na luta de libertação na Guiné-Bissau teve muitas brumas, esteve longe de ser pacífica. Os jovens trotskistas entraram muito cedo em rota de colisão com o PAIGC guineense. A luta revolucionária era aliciante mas os cabo-verdianos não tiveram dificuldade em reconhecer desde cedo que culturalmente estavam nos antípodas: separados pelos hábitos alimentares, pelas práticas da mesa, pela formação, pela religião, pela natureza das paisagens, e muito mais. E quem se envolvia na luta armada apercebia-se de outra realidade: o rancor surdo guardado ao longo dos séculos, os guineenses sabiam que os cabo-verdianos ali aportavam como altos funcionários, administradores, técnicos sem concorrência, identificados com o trabalho colonial, com a edificação de empresas e exploração da agricultura, sempre a chefiar guineenses, numa atitude mental de indiscutível superioridade.

Daí as conclusões polémicas de Medeiros: a morte de Cabral já estava anunciada. Ele tinha que morrer porque tudo aquilo que o movia não interessava, aos quadros e aos combatentes. É redundante continuar à procura dos porquês daqueles indivíduos que deram os tiros. A pequena burguesia cabo-verdiana não estava interessada em suicidar-se, como Cabral preconizava. A guerra evoluía e havia indícios e que era possível vencer. Aí, quem dirigia efetivamente a luta eram os guineenses, eram os guineenses que davam corpo o corpo ao manifesto, sentiam-se os verdadeiros donos da luta. E Medeiros escreve: “Quem morria era os guineenses negros, os cabo-verdianos não morriam. Os comandantes da Guiné, sobretudo Nino Vieira e Osvaldo, assumiram uma ascendência em relação a Amílcar porque ele estava na frente”. Havia igualmente o problemas etnias, Cabral bem procurou encontrar traços de união entre as principais, não foi completamente bem-sucedido. E, mais adiante, escreve: “Ele morreu e não deixou um único seguidor, porque entre Amílcar e os colaboradores havia uma diferença cultural muito grande. Entre ele e o irmão e Aristides Pereira não havia semelhanças possíveis. Os que estavam mais próximos de Amílcar eram bastante conotados com o Partido Comunista Português, no caso de Vasco Cabral”. Os países afastaram-se, o sonho de Amílcar morreu. E na Guiné deixou de haver ideais mas ambições dos chefes militares. Um fenómeno do que ninguém fala é que os quadros e os intelectuais guineenses eram cabo-verdianos. Os quadros superiores da Guiné também eram. A Guiné não tinha nada. Na Guiné o território e as várias etnias não permitem a criação de uma unidade. Medeiros fala de Cabral como um bem-intencionado utópico que recorria a juristas e economistas jugoslavos para programar a constituição e o modelo económico de desenvolvimento da Guiné. Os quadros foram partindo, os quadros cabo-verdianos regressaram em peso à sua terra. Tudo acabou.

E assim termina o seu ensaio: “A verdadeira morte de Amílcar Cabral está no que ele foi e quis que o seu povo fosse e não se cumpriu, não está na sua morte física e circunstancial. E o silêncio que sobre ele e as suas teorias se abateu a seguir ao seu desaparecimento é a sua segunda morte”.
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Nota do editor

Último poste da série de 4 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17729: Notas de leitura (993): “A verdadeira morte de Amílcar Cabral”, por Tomás Medeiros, althum.com, segunda edição revista, 2014 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17742: Parabéns a você (1311): Alberto Grácio, ex-Alf Mil Op Esp do BCAÇ 4615/73 (Guiné, 1973/74) e Carlos Alberto Fraga, ex-Alf Mil Inf do BCAÇ 4612/72 (Guiné, 1972/74)


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Nota do editor

Último poste da série de 5 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17731: Parabéns a você (1310): José Marcelino Martins, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 5 (Guiné, 1968/70)

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17741: Manuscrito(s) (Luís Graça) (123 ): Nossa Senhora da Guia nos Valha!


Excerto do cartaz da festa de Nossa Senhora da Guia,  Atalaia, Lourinhã, 1-8 de setembro de 2017.

1. Amigos e camaradas: há anos que vou à festa da padroeira da Atalaia, Lourinhã, a Nossa Senhoar da Guia, que é sempre na primeira semana do mês de setembro.  

Tenho uma dívida de gratidão àquela santa ou talvez melhor às gentes que veneram aquela santa. Mas hoje não vou lá jantar ou petiscar, como tinha previsto,  com alguns camaradas da Tabanca de Porto Dinheiro (, os "duques do Cadaval e os primos do Seixal").

Tínhamos combinado lá aparecer e "açambarcar" uma mesa, comprida, por volta das 19h00, quando abrissem as "hostilidades"... Tenho pena de não poder lá estar, para marcar presença, conviver e provar algumas iguarias da festa, que é especialista nos pratos de marisco...

Motivos imprevistos, deúltima hora, impedem-me de cumprir a minha promessa este ano. O régulo da Tabanca de Porto Dinheiro também vai falhar, anda a preparar a festa de outra santa, na sua terra do Vimeiro. Mas, enfim, o Joaquim Pinto Carvalho, o Jaime Bonifácio Marques da Silva, o Belarmina Sardinha, mais as suas belas caras-metade, representam-nos bem, a mim e à Alice.

Em homenagem, aos "meus velhos", Luís Henriques e Maria da Graça, ao lar onde viveram os seus últimos anos, à festa da Atalaia, à sua padroeira, às gentes generosas e esforçadas que todos os anos erguem o arco e fazem a festa e deitam os foguetes e servem os saborosos mariscos da Atalaia, enfim, aos meus amigos e camaradas da Tabanca de Porto Dinheiro, deixo aqui um poema que fui repescar e rever...

À vida, à amizade, à camaradagem, e que para o ano haja mais! (LG)


Nossa Senhora da Guia nos valha!

por Luís Graça

Deixavas os teus velhos institucionalizados, 
nacionalizados,
algaliados.
sedados,
acorrentados à árvore do Estado-Providência,
na Atalaia,
no lar da Nossa Senhora da Guia,
a caminho do Porto das Barcas do Inferno.

Ficavam aos cuidados de uma ucraniana,
que era enfermeira na sua terra,
e da santa padroeira dos pescadores,
a Nossa Senhora da Guia,
que ele há sempre uma santa
para todas as aflições,
das dores do parto à hora da agonia,
m alto mar, em terra ou na guerra, 
mas que, às vezes, mais vale a morte, súbita,
que tal sorte, estúpida.

Em Alfragide, tinhas insónias às cinco da manhã,
mesmo sabendo que da janela
do quarto dos teus velhos
havia uma linda vista para as Berlengas,
e o Mar do Serro, 
e que a associação era
cultural, social e humanitária,

Passaste um dia pela loja do chinês,
fugido de Tiannamen,
e compraste um prato de Alcobaça, 
pintado à mão,
de contrafação,
com quadras pimbas
ao amor de mãe
para o "Dia da Mãe":

"Minha mãe, minha avozinha,
tens a graça até no nome,
não é por seres mais velhinha
que de amor passarás fome.

"Brilhas como uma estrela,
no teu quarto, lá no lar,
tens uma linda janela,
com vista de céu e mar."


(Quem foi, afinal,
o filho da mãe
que disse que a vida era bela,
e que as mães é que davam cabo dela ?)

Hoje, mortos os teus velhos,
vieste fazer o difícil luto,
desligar o botão da televisão,
puxar o reposteiro da janela
donde vias o mundo a cor de rosa,
arrumar o cavalete
e as tintas desbotadas do teu arco-íris,
deitar fora as flores de plástico
e os velhos trapos,
salvar o que restava do teu álbum
de fotografias amarelecidas da infância…

E fostes até ao teu "Peraltabar",
na praia da Peralta,
e encomendaste uma posta de moreia frita
e um copo de vinto tinto
e um pôr do sol de vermelho retinto.

Na hora da doce melancolia
e do leve, algo amargo, sentimento de culpa
e da idiota reflexão sobre a idiossincrasia
de se ser velho, europeu e português,
na ponta da navalha
da economia,
da política,
da demografia,
da geografia
e da puta da sociologia que te calhou na rifa.

Escreveste um dia, 
sem pudor nem cinismo,
no teu diário de adolescente, existencialista,
que não havias escolhido nascer,
que não escolheste pai e mãe,
que não escolheste o pedaço de chão onde foste parido,
nem a língua com que expressavas a angústia existencial
de seres livre, afinal.

Hoje escreves um poema 
e não sabes o que fazer com ele,
que não vale um algoritmo
nem um simples teorema,
e que não conta para a contabilidade nacional,
e que não é de protesto
nem é manifesto, 
muito menos patriótico,
e nem sequer é panfleto promocional
da padroeira e do seu lar.

Afinal, entre a ciência, certa, da morte 
e a crença, vaga,  da ressurreição da carne, 
haverá sempre uma santa
que te valha,
ou uma azinheira ou uma carvalha
onde possas pôr uma vela a uma santa aparecida
que te salve da má consciência
da vida.

Lourinhã, Atalaia, 6 de agosto de 2014. 
Revisto nesta data, penúltino dia da festa da Atalaia.
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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de agosto de 2017 > Guiné 51/74 - P17679: Manuscrito(s) (Luís Graça) (122): um soneto de amor (dedicado àquela que amo e que faz hoje anos)

Guiné 61/74 - P17740: Em busca de... (279): Arq. Luís Vassalo Rosa, ex-Cap Mil, CMDT da CART 1661 (Henrique Matos e João Crisóstomo)



1. Mensagem de Henrique Matos, (ex-Alf Mil, 1.º Comandante do Pel Caç Nat 52 Enxalé, 1966/68), com data de 10 de Agosto de 2017, dirigida ao Mário Beja Santos a propósito do Poste de 12 de Agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17666: (In)citações (110): À procura de… Luís Vassalo Rosa, arquiteto e comandante da CART 1661 (Mário Beja Santos):

Meu caro Beja Santos,
Aqui vai a resposta ao teu pedido.

Estive pouco tempo com o Cap. Mil. Vassalo Rosa no Enxalé porque fui transferido para o Comando Chefe em Bissau. Penso que o [João]  Crisóstomo nem o conheceu. Tenho 3 fotografias que anexo, tiradas no campo de jogos do mesmo Enxalé durante uma evacuação mas por azar o Capitão em todas está de costas.

Talvez por eu ser o mais velho naquela tropa, descarregou comigo as suas mágoas. Casado e com filhos, arquitecto de profissão, sentia-se completamente desamparado. O Cap Mil Rosa era o oposto do Cap Mil Pires da antecessora CCaç 1439; este era um homem destemido no mato.

Com as alterações do Spinola,  a companhia [, a CART 1661,] mudou a base para Porto Gole, onde terminou a comissão. Não sei se ainda lá está o memorial da companhia. (anexo)

Vi-o em Lisboa de passagem em 1968, acho que tinha um carro Triumph verde Nunca fui aos encontros da CArt 1661 porque são sempre no Norte. Penso que este ano foi em Chaves, vê lá o esticão que era para mim.

O Abel Rei publicou um livrinho interessante com as peripécias desta companhia. (anexo)

Abraço,
Henrique





"Entre o Paraíso e o Inferno - (De Fá a Bissá) - Memórias da Guiné 1967/1968", de Abel de Jesus Carreira Rei

Porto Gole - Memorial que assinala a passagem ali da CART 1661
Foto: © Abel Rei (2002). Direitos reservados

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2. Sobre o mesmo assunto, mensagem de João Crisóstomo (ex-Alf Mil, CCAÇ 1439, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67):

Caro Beja,
Por mim não te posso adiantar nada sobre o Capitão Luís Vassalo Rosa. Talvez o Henrique Matos possa ajudar mais do que eu.
Estive algum tempo (duas vezes, um ou dois nesse de cada vez, “destacado" em Porto Gole (foi nos meus tempos lá, sob a minha orientação, que se fez com a ajuda do Cap/Régulo Amena na Onça a “descapinagem" e , assim mesmo muito por alto, a primeira “limpeza" do terreno para a futura pista de aterragem que só foi utilizada depois de eu já estar em Portugal); mas depois voltei a Enxalé meses antes do regresso a Portugal.
E a verdade é que depois de ter chegado a Portugal por muitos anos deixei de ter contactos com ninguém sobre assuntos da tropa e da Guiné. Estava a organizar a minha vida em Inglaterra, França, etc e o que eu queria era mesmo esquecer... nem quando me contactavam (vários anos seguidos) para me convidarem para eu receber uma medalha (Cruz de Guerra de 4.ª classe) eu respondia que não podia ir (a não ser que essa medalha fosse dada a todos os que faziam parte do grupo que eu comandava nesse momento; desses, na minha opinião, alguns mais do que eu mereciam essa medalha; e se assim fosse eu faria um esforço para ir a Portugal para a receber com eles. Mas a minha sugestão nunca mereceu uma resposta sequer e a medalha acabou por ficar por lá em qualquer gaveta…
Nem sabia sequer que havia encontros da CC1439 (como eles não tinham o meu endereço eu não recebia o convite; não sei se era enviado para a casa dos meus pais, que já velhinhos não teriam lembrança de me reenviarem esse correio!
O meu reatar com os meus colegas da CC 1439 deve-se a simples acaso: uma das minhas irmãs fez uma excursão qualquer na qual o Arantes também ia e ao falar com ele, que ia sentado ao lado dela, vieram a falar da Guiné… ; tempos depois o Capitão Pires falecia e o Arantes telefonou para Nova Iorque; mas eu não estava e vi a mensagem que me foi deixada escrita num pedaço de papel; mas só bastantes anos mais tarde tive oportunidade de ir a Portugal e reatar (em momentos de tremenda emoção que não esqueço) com alguns dos meus colegas da Guiné!; na altura ainda ninguém sabia do paradeiro do Zagalo nem do Lopes que viríamos a encontrar mais tarde.
Nem sei do nome do capitão que nos substituiu, nem da companhia… nada… estou a ficar velho...

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3. Nota do editor:

Sobre o Cap Mil Luís Vassalo Rosa, vd. também o Poste de 1 de Setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17720: (De) Caras (97): Luís Vassalo Rosa e Sousa Dias Figueiredo, ex-comandante da CART 1661 (Fá, Enxalé, Porto Gole, 1967/68), juntos pela primeira vez, 2010, em São Pedro de Moel (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, Porto Gole e Ilha das Galinhas, 1966/68)
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de agosto de 7 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17739: Em busca de... (278): informação sobre uma senhora cabo-verdiana, Maria da Graça de Pina Monteiro, nascida em 1900, e que teve 3 filhas: (i) Ana Gracia Malaval, nascida em 1918, em Bafatá, de uma união com o sr. Edmond Malaval; e (ii) Judite e Linda Vieira, em Bissau, de uma outra união com um sr. português ou cabo-verdiano, de apelido Vieira (Ludmila A. Ferreira)

Guiné 61/74 - P17739: Em busca de... (278): informação sobre uma senhora cabo-verdiana, Maria da Graça de Pina Monteiro, nascida em 1900, e que teve 3 filhas: (i) Ana Gracia Malaval, nascida em 1918, em Bafatá, de uma união com o sr. Edmond Malaval; e (ii) Judite e Linda Vieira, em Bissau, de uma outra união com um sr. português ou cabo-verdiano, de apelido Vieira (Ludmila A. Ferreira)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto: © Ludmila Ferreira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mensagem da nossa leitora Ludmila A. Ferreira [que julgamos ser guineense, ou de origem guineense]:

De: Ludmila A. Ferreira

Data: 5 de setembro de 2017 às 08:36

Assunto: Pedid de informação sobre família cabo-verdiana que viveu em Bafatá [entre 1900 e 1980]

Bom dia,  Senhores

Encontrei um blogue na Net, com o vosso email, sobre a Guiné- Bissau.

Estou à procura de uma família que viveu em Bafatá  entre 1910 e o golpe [de Estado] de 14 de Novembro [de 1980, liderado por 'Nino' Vieira] .

Vou enviar as descrição agora:

Maria da Graça de Pina Monteiro (sozinha na foto nº1), nascida no ano de 1900, é uma senhora cabo-verdiana que "casou" com um senhor cujo apelido era Vieira, em Bissau. Achamos que esse Vieira era um português ou cabo-verdiano e não um guineense. Teve duas filhas com um esse senhor: Judite e Linda Vieira [foto nº 2].

Por isso agradeceria caso souberem de alguma informação sobre algum português ou cabo-verdiano com esse apelido.

Mas antes de ter essas filhas com o Vieira, essa senhora,  a Maria da Graça de Pina Monteiro,  viveu antes em Bafatá e teve uma filha com um senhor que se chamava Edmond Malaval, da Maison Gurnier.  Essa filha se chamava Ana Gracia Malaval (nascida em 2/4/1918).

Portanto: o que eu queria saber é quem era o Vieira que se casou e teve filhas com Maria da Graça de Pina Monteiro. E se por acaso já ouviu falar das duas filhas, Judite e Linda Vieira.

Ludmila Ferreira

2. Resposta do editor:

Ludmila, obrigado pelo  seu contacto. Se a nossa intuição está certa, a Ludmila é guineense ou de origem guineense, a viver neste momeno no Brasil, segundo a  informação que encontrámos no Facebook.

Fizemos questão de publicar o seu pedido, na esperança de que alguém tenha uma informação útil para si. O nosso blogue é essencialmente lido e feito por homens (e algumas mulheres) que participaram na guerra colonial, no período de 1961/74.  Temos também gente da Guiné-Bissau. Temos centenas de fotos de Bafatá e de Bissau e muitos textos sobre estas duas cidades, incluindo referências a famílias (portuguesas, cabo-verdianas, sírio-libanesas e outras) que conhecemos... Só pelo apelido "Vieira" vai ser difícil localizar o pai da Judite e da Linda, que poderão ter nascido nos anos 20/30 do século passado. Quando ao senhor, Edmond Malaval,  de nacionalidade possivelmente francesa e empregado da "Maison Gurnier", não temos qualquer pista... Mas pergunto-lhe: não seria antes "Maison Garnier" ? Pode haver aqui um erro ortográfico... "Gurnier" não nos parece que seja um apelido francês...

Em todo o caso vamos contactar um camarada, o Leopoldo Correia, que conviveu, de mais perto, com famílias de Bafatá, dos anos 50/60... Pode ser que ele nos dê alguma "pista"...

Peço à Ludmila para manter o contacto connosco.

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Nota do editor:

Último poste da série > 25 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17698: Em busca de... (277): Júlio Rodrigues, natural de Viseu, engenheiro formado no Porto, divorciado, com dois filhos e vivendo actualmente em São Tomé e Príncipe grande parte do ano... Ex-combatente, conhecemo-nos nas ilhas, e deveríamo-nos encontrar neste período de férias em Portugal mas não tenho o seu contacto telefónico... Será que a Tabanca Grande me poderia ajudar a localizá-lo? (Renata Monteiro Marques)

Guiné 61/74 - P17738: Agenda cultural (581): "AVC - Recuperação do Guerreiro da Liberdade", de José Saúde (Chiado Editora, 2017, 184 pp.): sessão de lançamento no dia 10, domingo, às 17h30, com apresentação do nosso editor, prof Luís Graça; e hoje, dia 7, o autor vai estar no programa de Fátima Lopes, na TVI, " A Tarde é Sua", às 16h30, para falar do seu livro e da sua história clínica extraordinária

1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem. 

AVC - Recuperação do Guerreiro da Liberdade 


O mundo é um imenso planeta onde se cruzam imagens de seres humanos que a certa altura das suas vidas se deparam com crueldades que a mãe Natureza, infelizmente, a espaços determina. Porém, ninguém se julgue imune a presumíveis doenças que porventura nos tocam e logo inesperadamente. Mas acontece, nada a opor. Há que aceitar.


Camaradas, sou mais um dos inúmeros portadores de um Acidente Vascular Cerebral, vulgo AVC. Fui apanhado numa feroz e traiçoeira emboscada montada pelo IN (AVC) que me atirou para uma resma de incertezas, chegando mesmo a duvidar do dia de amanhã, aliás, do momento seguinte, para ser mais preciso.

Entre uma limitadíssima linha que separa o ser humano entre a vida e a morte, lá fui conduzido para um universo de incapacitados cujo futuro era marcado por uma constante incerteza. Todavia, num ténue lobrigar ao meu estado físico, conclui que o fim, a meu ver, ainda parecia distante.

A afazia, observada no seu início, limitava toda a minha inquietação face à situação emocional. Mas, lá surgiram os primeiros sinais de alerta e eis-me a caminhar seguramente no trilho do reativar competências que entretanto pareciam perdidas.

A minha hemiparesia direita trouxe-me irreversíveis marcas que o tempo jamais ousará remediar. O braço direito ficou esquecido, sendo que o membro inferior deu-me sinais de vitalidade que me proporciona um caminhar pausado, mas seguro.

A luta titânica que travamos quotidianamente no mundo

Capa do 1º livro, editado em 2009
dos silêncios, levou-me a escrever um segundo livro sobre o AVC (*). Entendi, como oportuno, incentivar todos os companheiros apanhados nesta “armadilha”, assim como os potencias portadores de uma doença contextualizada no universo de informações existentes.

E é neste contexto de realidades adquiridas, que me fixei na construção de uma outra obra que nos permite mergulhar no saber sobre as circunstâncias em como lidar com o “mal” que por vezes parece um fim, mas que afinal nem sempre a meta é a derradeira solução.

A obra, 184 páginas, tem a chancela da Chiado Editora e será, inicialmente, lançada em Portugal e no Brasil e, posteriormente, traduzida em inglês para os Estados Unidos da América, Inglaterra, Irlanda do Norte, assim como em castelhano para Espanha, após a venda dos primeiros 3.000 exemplares. (**)

Para trás ficaram momentos áureos em que a nossa irreverente juventude proporcionou instantes de felicidade e apreensão. Reconheço que o meu passado como antigo futebolista, sustentado num serviço militar obrigatório onde a especialidade de Operações Especiais/Ranger, a que acresce uma comissão no Guiné, me trouxe um novo alento e deu incontestáveis forças no debelar deste sinistro “mal”.

Espelhando, humildemente, o que me vai na alma, convido todos os camaradas que residem na grande Lisboa que no próximo dia 10 de setembro, domingo, 17h30, na Chiado Café Concerto, Avenida da Liberdade, nº 180, marquem presença no evento. De resto fica o respetivo Cartaz e, naturalmente, o Convite. 

Estou a contar com a presença do nosso editor, Luís Graça, que é professor de saúde pública, jubilado, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa.

Abraço,
José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523
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Notas de M.R.:

(*) Vd. poste de 11 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12574: Blogoterapia (246): Uma história de vida contada na primeira pessoa (José Saúde)

Vd. também postes de:

12 de outubro de 2011 Guiné 63/74 - P8898: História de uma vida (José Saúde Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 - Nova Lamego e Gabú -, 1973/74)

1 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12664: História de vida (37): O AVC é uma doença subtil que chega sem avisar (José Saúde)

(**) Vd. último poste desta série em: 

1 DE SETEMBRO DE 2017 > Guiné 61/74 - P17721: Agenda cultural (580): Lourinhã, Ribamar, sábado, dia 2, às 17h00, inauguração da exposição do nosso amigo e camarada Estêvão Alexandre Henriques, "Navegar no passado"... O nosso próximo grã-tabanqueiro foi fur mil radiomontador, CCS/BCAÇ 1858 (Catió, 1965/67)Lourinhã, Ribamar, sábado, dia 2, às 17h00, inauguração da exposição do nosso amigo e camarada Estêvão Alexandre Henriques, "Navegar no passado"... O nosso próximo grã-tabanqueiro foi fur mil radiomontador, CCS/BCAÇ 1858 (Catió, 1965/67)

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17737: Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu) - Parte XII: EUA, Califórnia: Los Angeles (30/9 e 1/10/2016) e San Francisco (3 e 4/10/2016)


EUA, Califórnia, San Francisco > 4 de outubro de 2016


Parte XII (Segundo volume, pp. 5-11)


Texto, fotos e legendas: © António Graça de Abreu (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação das crónicas da "viagem à volta ao mundo em 100 dias", do nosso camarada António Graça de Abreu, escritor, poeta, sinólogo, ex-alf mil SGE,CAOP 1 [Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74], membro sénior da nossa Tabanca Grande, e ativo colaborador do nosso blogue com cerca de 200 referências.

É casado com a médica chinesa Hai Yuan e tem dois filhos, João e Pedro. Vive no concelho de Cascais.

Neste cruzeiro à volta do mundo, o nosso camarada e a sua esposa partiram do porto de Barcelona em 1 de setembro de 2016. Três semanas depois o navio "Costa Luminosa", com quase três centenas de metros de comprimento, de sair do Mediterrâneo e atravessar o Atlântico, estava no Pacífico, e mais concretamente no Oceano Pacífico, na Costa Rica (21/9/2016) e na Guatemala (24/9/2017), e depois no México (26/9/2017).

2. Na II etapa da "viagem de volta ao mundo", com um mês de viagem (a primeira parte terá sido "a menos interessante", segundo o escritor), o "Costa Luminosa" chega os EUA, à costa da Califórnia: San Diego  e San Pedro (30/9/2016), Long Beach (1/10/2016),  Los Angeles  (30/9/2016) e São Francisco. Ainda segundo informação do António, estas crónicas estão em vias de ser publicadas em livro, com novas fotos e textos mais elaborados.

















Parte XII (Segundo volume, pp. 5-11)

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Nota do editor:

Último poste da série> 21 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17494: Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu) - Parte XI: EUA:, Califórnia: San Diego, San Pedro e Long Beach, a sul de Los Angeles: 30/9 e 1/10/2016