1. O nosso Camarada Luís Dias, ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872,Dulombi e Galomaro, 1971/74, enviou-nos mais uma mensagem desta série:
O FOGUETÃO 122 mm
Caros Camaradas,
Embora este tipo de armamento não seja propriamente da minha especialidade desejo dar este pequeno contributo, retirado de elementos colhidos na net.
Guiné > Cabuca > 1º Pel. da 2ª CART/BART 6523 >
O Alf Mil Op Esp António Barbosa, junto dos restos de foguetões de 122 mm
O lançador de foguetes Katyusha é uma arma de artilharia (lançador de foguetes múltiplos) desenvolvida e utilizada pelo Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial. Foi apelidado na época de "Órgão de Estaline" pelas tropas alemãs (em alemão: Stalinorgel) em referência ao dirigente soviético com o mesmo nome. Já o nome Katyusha foi dado pelo Exército Vermelho retirado de uma música famosa durante o período da guerra, que contava a história de uma jovem russa (Katyuhsa, diminutivo russo para Catarina) cujo namorado estava longe em virtude da guerra.
O desenvolvimento dos foguetes lançados por artilharia na URSS iniciou-se em finais dos anos 40, a fim de se substituírem ou complementarem os Katyusha de 82mm, 132mm e 300mm, da IIª GM. A fábrica estatal situada em Tula, sob a liderança de A. Ganichev, apresentou um foguete (míssil) no calibre 122mm, em 1963, denominado 122mm BM-21 GRAD.
Ao longo de 1964 foram produzidos diversos tipos desta série e a serem transportados em camiões e outros veículos de vários tipos e dimensões, com diversos conjuntos e combinações de lançamento múltiplo. Também foi fabricado o Foguete 9P132/BM-21-P, no calibre 122mm (mais curto que o modelo standard, embora também pudesse ser usado por um multi-tubo, a ser lançado por um único tubo – o lançador 9M28/DKZ-B.
O modelo standard é composto por uma cabeça (ogiva) explosiva de alta fragmentação (havia apontamentos no Exército Português que referiam que a cabeça se fragmentava em 14 000 estilhaços), um corpo em aço e um motor eléctrico de propulsão situado na cauda.
A estabilização durante o voo é conferida por 4 alhetas estabilizadoras, situadas na parte de trás do foguete e quando completamente abertas atingem os 226mm.
A cabeça contém 6,4 kg de explosivo e o detonador é armado por inércia, após percorrer entre 150 a 400 m. Podem ser aplicadas outro tipo de ogivas (químicas, fumos, incendiárias).
O motor consiste em 20,5 kg de um propelente sólido. O peso total do foguete varia entre os 49,4 Kg e os 66 Kg e o seu comprimento entre os 2, 46 m e os 3, 22 m, também o seu alcance varia entre os 10 900 m e os 20 750 m.
O míssil é reconhecível pelos seis tubos de descarga propulsora existente na cauda.
Sabemos que a arma (original) não era muito precisa e eram necessários muitos foguetes para que a sua eficiência fosse assinalável. No entanto, tinha um impacto psicológico enorme face ao volume e intensidade de som das saídas dos tubos.
Assim, a arma Katyusha era originalmente a denominação para os foguetões utilizados pelos multi-lançadores, que eram transportados em diversos tipos de camiões. Depois da guerra, os soviéticos aperfeiçoaram estes multi-lançadores, com o surgimento do míssil 122mm BM-21 GRAD, colocados em viaturas diversas e com diverso número de tubos.
Aperfeiçoaram também um míssil portátil, na origem do anterior, mas ligeiramente mais curto, com o mesmo calibre, com a denominação 9P132/BM-21-P, que era lançado pelo uni-tubo 9M28/DKZ-B e era este o míssil mais utilizado nos ataques por foguetões na Guiné, pelo menos dentro do território, tendo sido, inclusive, capturadas diversas rampas de lançamento do tipo referido, conforme diversas fotos existente (CCAÇ 4740, 72/74 – Cufar). Hoje, o uso de lançadores múltiplos de mísseis encontra-se difundido pela maior parte dos exércitos de todo o mundo.
De facto, a denominação Katyusha foi atribuída aos mísseis do tempo da IIª GM, que usavam vários calibres e eram transportados em camiões, mas tornou-se usual utilizar este nome, como “nick name”, uma alcunha, para os foguetões usados em multi-lançadores, mesmo os fabricados por outros países.
Eu, na Guiné, sempre utilizei a terminologia foguetão 122, quando me referia a esta arma (o IN usou-a na nossa zona, depois de passar entre a área de Cancolim e Galomaro e atacou Bafatá em 1972, embora sem grandes prejuízos), mas ouvi, também, muita gente referir-se como foguetão do tipo katyusha. No entanto, do que li, a terminologia katyusha é usada, unicamente, para os mísseis usados em lançadores múltiplos.
Espero ter dado uma ajuda sobre este tema.
Um abraço
Luís Dias
Fotos: © António Barbosa (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
___________
Nota de M.R.:
Vd. também o último poste desta série em:
9 de julho de 2011 >
Guiné 63/74 – P8533: Armamento (6): As caixas de madeira ou de metal que nos causavam muito respeito (Luís Dias)