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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P6962: Tabanca Grande (242): Raul Manuel Bivar de Azevedo, ex-Cap Mil (2.ª CART/BART 6522, Susana, 1972/74)

1. Mais um Camarada se apresenta nesta Tabanca Grande, o Raul Manuel Bivar de Azevedo, que foi Cap Mil da 2ª CART do BART 6522, Susana, 1972/74, que na sua primeira mensagem de 7 de Setembro, enviou as fotografias da praxe, e a promessa de que, brevemente, voltará com mais literatura da evolução operacional da sua companhia e da sua comissão.

Embora tardiamente (são quase 24h00), nesta apresentação, reparamos que o Raul Azevedo completa hoje 67 anos, pelo que, em nome do Luís Graça, seus colaboradores e demais Camaradas tertulianios, aproveitamos esta oportunidade para lhe desejar os maiores votos de longevidade e felicidade, e que esta data se prolongue por muitos e prósperos anos junto da sua querida família e amigos.

Camaradas,
Conforme prometido, no meu e-mail de 31 Julho ao Luís Graça, e como introdução ao meu primeiro contributo ao blogue, passo a descrever sinteticamente alguns dados pessoais e as etapas da minha experiência militar:

Nome: Raul Manuel Bivar de AzevedoNascido em: 09.09.1943
Naturalidade: Faro
Profissão: Engenheiro Electrotécnico (IST), reformado da EDP desde 2008Estado Civil: Casado/4 filhos
Morada: Lisboa

- Incorporação em Julho de 1971,na Escola Prática de Infantaria em Mafra.

- No final do 1º ciclo de instrução fui seleccionado para o CCC (Curso de Comandante de Companhia).

- 2º Ciclo de instrução já integrado no CCC.

- Terminado o 2º ciclo fui destacado para Angola (Dez.71) para estágio operacional, integrado na Cart 3374 sediada no Bom Jesus do Úcua. O estágio durou 4 meses e durante esse período participei em variadas operações, na zona operacional (Dembos). A actividade operacional era intensa e de considerável desgaste físico.

- Terminado o estágio em Angola regressei a Mafra (EPI), para frequentar a parte teórica do CCC já graduado em Tenente Miliciano e que durou cerca de 2 meses.

- Terminado o CCC, fui destacado para o RAL 5, em Penafiel, para dar inicio á formação da 2ª Cart do Bart 6522 com destino à Guiné.

- Formada a Companhia, embarcámos no navio Uíge com destino a Bissau.

- Em Bolama fizemos o IAO durante um mês, com estreia de flagelação no dia da chegada.

- Terminado o IAO, foi destinada à 2ª CART 6522 a zona operacional de Susana no famoso CHÃO FELUPE, rendendo a CCAV 3366.

- Para além da Companhia, tinha o comando do Pelotão de Caçadores Nativos (Pelotão 60), uma Companhia de Milícias Nativos e população armada nas 23 tabancas da área de Susana, com cerca de 1.000 armas (G3 e Mauser) distribuídas.

- Regressámos a Lisboa em Setembro de 1974,após uma parte final, dos 22 meses de comissão, vivida com muita psicologia e equilíbrio, factores que caldearam uma passagem de soberania local emocionada mas serena (arrear definitivamente a Bandeira Portuguesa ao fim de 500 anos é emocionalmente forte). Os variados encontros com os representantes do PAIGC decorreram sempre em clima de respeito mútuo (anexo fotos de encontros com o PAIGC, que em tempo cedi para o livro "Os anos da guerra" do escritor João de Melo).

Tenho muitos relatos e fotos para transmitir e prometo fazê-lo a pouco e pouco e com muito gosto, pois considero importante a memória colectiva que este blogue corporiza. A vivência na área de Susana foi intensa e enriquecedora, pois além da responsabilidade militar e a de apoio humanitário e social à população (cerca de 8.000 Felupes) tinha a escolar e a civil, conforme determinação do Comando Chefe de Bissau.

O Chão Felupe e os Felupes estão e permanecerão para sempre no meu coração como um povo com características nobres, como a coragem, lealdade e amizade, para além de todo o seu património histórico que se perde na noite dos tempos e que desde logo me interessei e que continuo enriquecendo pesquisando a sua história (Djolas, descendentes do antigo império do Mali).

Voltei á Guiné-Bissau em 1997 numa expedição terrestre Portimão - Buba (24 dias de aventura e deslumbramento!). Entrei na Guiné pela fronteira de S. Domingos e feita a picada cheguei a Susana já de noite. Pouco tempo depois estava abraçando um grande amigo e antigo camarada de armas o Cabo Agostinho (Felupe do Pel. 60, meu braço direito local e que me acompanhou sempre durante toda a comissão) e ao qual muito devo do saber e experiência operacional, humana e do conhecimento do mundo Felupe.

Foi um reencontro histórico, carregado de emoção e que jamais esquecerei. Não decorreu muito tempo e vários antigos componentes do Pel. 60 foram aparecendo e todos festejámos o reencontro. Em foto anexa é relatado esse encontro feito por um companheiro da expedição.

A seu tempo relatarei com muito prazer, como antes disse, as minhas memórias na “Felupolândia”, que são muitas, variadas e carregadas de sincero conteúdo humano.

Todos os anos o BART 6522 reúne-se em convívio, sempre em ambiente de alegria e amizade e recordamos as peripécias vividas.

Aproveito para enviar um grande abraço ao António Oliveira Inverno (que comandou o 1º grupo de combate da 2ª CART 6522) e ao Sérgio Faria que comandou a 3ªCART 6522 e que pelo que já constatei entraram na Tabanca Grande.

Por hoje termino.
Até breve, grande abraço e mais uma vez parabéns por esta vossa iniciativa altamente meritória.

Ao modo Felupe… KASSUMAI KAP.



Susana>1974>Com um ancião Felupe

Susana>1974>Encontro com o PAIGC

Susana>1974>Encontro com o PAIGC

Susana>1997>Com alguns elementos do PEL 60, aquando da expedição Portimão - Buba
Reportagem relativa à expedição Portimão - Buba

2. De acordo com o que o Raul Azevedo disse no seu texto, entre a Tertúlia Bloguista encontram-se mais alguns Camaradas do seu batalhão:
- o Ricardo Pereira de Sousa, que foi Alf Mil Op Esp/RANGER da 3ª CART do BART 6522, Sedengal, 1972/74, que nos enviou a sua primeira mensagem em 31 de Agosto. Esteve no CIOE, no 2º turno de 1972;
- o nosso Camarada António Inverno, que também foi Alf Mil Op Esp/RANGER da 1.ª e 2.ª CARTs do BART 6522 e Pel Caç Nat 60 – S. Domingos -, 1972/74. Esteve no CIOE também no 2º turno de 1972;
- No poste P6004 encontra-se informação sobre o Cap Mil Inf Sérgio Matos Marinho de Faria, de quem, do mesmo modo, o António Inverno é amigo pessoal e que foi o comandante da 3.ª Companhia do BART 6522/72, mobilizada pelo RAL 5 (partiu para a Guiné em 7/12/1972 e regressou à Metrópole em 3/9/1974 - Ingoré e Sedengal, na região do Cacheu, a leste de Farim).

3. Amigo e Camarada Raul Manuel Bivar de Azevedo, cumprindo a praxe, em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote e demais tertulianos deste blogue, te digo aqui que é sempre com alegria que recebemos notícias de mais um Camarada-de-armas, especialmente, se o mesmo andou fardado por terras da Guiné, entre 1962 e 1974, tenha ele estado no malfadado “ar condicionado” de Bissau, ou no mais recôndito e “confortável” bura… ko de uma bolanha.
Tal como o Luís Graça já referiu inúmeras vezes, em anteriores textos colocados ao longo de perto de sete mil postes no blogue, que todos aqueles que constituíram a geração dos “Últimos Guerreiros do Império”, têm alguma coisa a contar da sua passagem da Guerra do Ultramar, que permaneça para memória futura e colectiva, deste violento e sangrento período da História de Portugal, de que nós fomos protagonistas no terreno, em alguns casos só Deus sabe em que condições o fomos.Foram 12 anos de manutenção de um legado histórico que muitos ignoram e, ou, ostracizam por motivos diversos (cerca de 500 anos de permanência), à custa de muito sacrifício, privação de toda a ordem, dor, sangue, sofrimento, morte… que envolveu a movimentação de mais de meio milhão de portugueses em armas.
Como se não tivesse bastado, muitos de nós continuam a sofrer, pelo menos psicologicamente, nos últimos 36 anos com o modo ostracista e laxista como os políticos portugueses nos tratam.
Nós que, nos nossos 21/22/23 anos, demos o nosso melhor, como podíamos e sabíamos, muitas vezes mal treinados e armados, sabe Deus como alimentados e enfiados em autênticos buracos, construídos no lodo, embebidos em pó, lama, suor, mosquitos, etc., completamente hostis e perigosíssimos, sob vários aspectos, onde, além dos combates com o IN, enfrentávamos as traiçoeiras minas e armadilhas, as doenças a apoquentar-nos (paludismos, disenterias, micoses, etc.) e as nossas naturais angústias e temores, próprios das nossas tenras idades.
Nós até nem temos pedido muito, além de respeito e dignidade, que todos nós merecemos pelo que demos a esta Pátria, queríamos, e continuamos a querer, no mínimo, que os nossos doentes, física e psicologicamente, sejam tratados condigna e adequadamente, e o tratamento e acompanhamento dos mais carenciados e abandonados pela desgraçada “sorte” da vida.
Oferecendo-te então aqui as nossas melhores boas-vindas e ficamos a aguardar que nos contes episódios da tua estadia na Guiné, que ainda recordes (dos locais, das pessoas, seus hábitos e costumes, dos combates, dos convívios, etc.) e, se tiveres mais fotografias daquele tempo, que nos as envies, para as publicarmos.
Recebe pois, para já, o nosso virtual abraço colectivo de boas vindas.
Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2010). Direitos reservados.
Fotos: © Ricardo Pereira de Sousa (2010). Direitos reservados.
 ____________
 

Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
2 de Setembro de 2010 >
Guiné 63/74 - P6925: Tabanca Grande (241): Ricardo Pereira de Sousa, ex-Alf Mil Op Esp/RANGER (3ª CART do BART 6522 – Sedengal -, 1972/74)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P6925: Tabanca Grande (241): Ricardo Pereira de Sousa, ex-Alf Mil Op Esp/Ranger (3ª CART/BART 6522, Sedengal, 1972/74)

1. Mais um Camarada se apresenta nesta Tabanca Grande, o Ricardo Pereira de Sousa (ex-Alf Mil Op Esp/RANGER do 3ª CART do BART 6522, Sedengal, 1972/74, que na sua primeira mensagem de 31 de Agosto, enviou as fotografias da praxe, deixando-nos na expectativa de que, brevemente, voltará com mais literatura da evolução operacional da sua companhia e da sua comissão:





Camaradas,

Faço a minha apresentação formal com as fotografias da ordem e um pequeno historial da minha passagem por terras da Guiné.

Ora,  se bem me lembro,  fiz o Curso de Operações Especiais no CIOE, no 2º turno de 1972 e parti para Bissau, por via aérea, em Dezembro de 1972,  integrado na 3ª CART do BART 6522.

Segui depois para Bolama para fazer o IAO, já com o conjunto do Batalhão e terminada esta instrução operacional segui para Sedengal, via Ingoré. Após algumas peripécias, bons e maus momentos, que talvez conte um dia se para isso tiver pachorra, memória (infelizmente e ao contrário de outros camaradas não registei esses momentos) e engenho.

Regressei em Setembro de 1974 também por via aérea.

Tinha como Comandante de Companhia o ex. Cap. Mil. Sérgio Faria, de quem prezo ser amigo, e que teve um papel extraordinário na organização do aquartelamento, criando as condições de habitabilidade e de segurança tão necessárias, através da mobilização, em condições muito difíceis e até penosas, dos soldados e graduados.

Conto aqui esclarecer também aquela questão da emboscada com seis mortos, em Julho de 1973, referida no P6004. É que uma acção militar (a história já foi publicada no Expresso) de que resultaram 2 cruzes de guerra e um prémio Governador da Guiné, não deve ser simplesmente referida como “… pessoal que, ao que parece, descontraída e irresponsavelmente ia de viatura para Bissau... desarmado ou sem escolta”.
Com os melhores cumprimentos,

Ricardo Pereira de Sousa
Alf Mil OpEsp/RANGER
3ª CART do BART 6522

2. Começamos por transmitir ao Ricardo de Sousa, que após algumas voltas pelo blogue, descobrimos que temos entre a Tertúlia Bloguista mais 2 Camaradas do seu batalhão:

- o nosso Camarada António Inverno, que também foi Alf Mil Op Esp/RANGER da 1.ª e 2.ª CARTs do BART 6522 e Pel Caç Nat 60 – S. Domingos -, 1972/74. Esteve no CIOE também no 2º turno de 1972;

- No poste P6004 encontra-se informação sobre o Cap Mil Inf Sérgio Matos Marinho de Faria, de quem, do mesmo modo, o António Inverno é amigo pessoal e que foi o comandante da 3.ª Companhia do BART 6522/72, mobilizada pelo RAL 5 (partiu para a Guiné em 7/12/1972 e regressou à Metrópole em 3/9/1974 - Ingoré e Sedengal, na região do Cacheu, a leste de Farim).

3. Amigo e Camarada Ricardo de Sousa, é da praxe (bem mais suave que a do C.I.O.E.), que em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote e demais tertulianos deste blogue, te diga aqui que é sempre com alegria que recebemos notícias de mais um Camarada-de-armas, especialmente, se o mesmo andou fardado por terras da Guiné, entre 1962 e 1974, tenha ele estado no malfadado “ar condicionado” de Bissau, ou no mais recôndito e “confortável” bura… ko de uma bolanha.

Tal como o Luís Graça já referiu inúmeras vezes, em anteriores textos colocados ao longo de perto de sete mil postes no blogue, que todos aqueles que constituíram a geração dos “Últimos Guerreiros do Império”, têm alguma coisa a contar da sua passagem da Guerra do Ultramar, que permaneça para memória futura e colectiva, deste violento e sangrento período da História de Portugal, de que nós fomos protagonistas no terreno, em alguns casos só Deus sabe em que condições o fomos.

Foram 12 anos de manutenção de um legado histórico que muitos ignoram e, ou, ostracizam por motivos diversos (cerca de 500 anos de permanência), à custa de muito sacrifício, privação de toda a ordem, dor, sangue, sofrimento, morte… que envolveu a movimentação de mais de meio milhão de portugueses em armas.

Como se não tivesse bastado, muitos de nós continuam a sofrer, pelo menos psicologicamente, nos últimos 36 anos com o modo ostracista e laxista como os políticos portugueses nos tratam.

Nós que, nos nossos 21/22/23 anos, demos o nosso melhor, como podíamos e sabíamos, muitas vezes mal treinados e armados, sabe Deus como alimentados e enfiados em autênticos buracos, construídos no lodo, embebidos em pó, lama, suor, mosquitos, etc., completamente hostis e perigosíssimos, sob vários aspectos, onde, além dos combates com o IN, enfrentávamos as traiçoeiras minas e armadilhas, as doenças a apoquentar-nos (paludismos, disenterias, micoses, etc.) e as nossas naturais angústias e temores, próprios das nossas tenras idades.

Nós até nem temos pedido muito, além de respeito e dignidade, que todos nós merecemos pelo que demos a esta Pátria, queríamos, e continuamos a querer, no mínimo, que os nossos doentes, física e psicologicamente, sejam tratados condigna e adequadamente, e o tratamento e acompanhamento dos mais carenciados e abandonados pela desgraçada “sorte” da vida.

Oferecendo-te então aqui as nossas melhores boas-vindas e ficamos a aguardar que nos contes episódios da tua estadia na Guiné, que ainda recordes (dos locais, das pessoas, seus hábitos e costumes, dos combates, dos convívios, etc.) e, se tiveres mais fotografias daquele tempo, que nos as envies, para as publicarmos.

Recebe pois, para já, o nosso virtual abraço colectivo de boas vindas.
O coeditor, Eduardo Magalhães Ribeiro.

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2010). Direitos reservados.

Fotos: © Ricardo Pereira de Sousa (2010). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

2 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6924: Tabanca Grande (240): António Barbosa, ex-Alf Mil Op Esp/RANGER (1º Pelotão da 2.ª CART do BART 6523 – Cabuca -, 1973/74)

sábado, 21 de agosto de 2010

Guiné 63/74 – P6877: Estórias avulsas (39): Episódio insólito (António Inverno)

1. O nosso Camarada António Inverno (ex-Alf Mil Op Esp/RANGER da 1.ª e 2.ª CARTs do BART 6522 e Pel Caç Nat 60 – S. Domingos -, 1972/74, enviou-nos a sua segunda mensagem, narrando-nos um episódio que, tendo acontecido junto à fronteira como Senegal, nãoé de estranhar, mas é muito curiosa:



Episódio insólito em São Domingos



Eu junto ao edifício do comando em S. Domingos


Vou contar uma estória que não se tornou muito relevante porque tudo correu bem, pese embora o facto de ter tido reunidos todos os ingredientes para correr mal e, também, porque me parece um acontecimento que dadas as suas invulgares características sempre o achei pouco vulgar.



São Domingos, meados de 1973, ao cair da noite foi dado o alarme pela sentinela que estava de guarda na torre de vigia virada para Norte, que detectara um vulto vindo do Senegal. Era com certeza um homem com muita sorte pois o nosso sentinela não desatou logo aos tiros sobre ele, o que seria considerado normal, dado que de onde ele vinha e àquela hora só era habitual movimentos quer das NT, quer do IN.



Ora como naquela altura não andava qualquer militar nosso fora do quartel a probabilidade que restava era a de ser um inimigo. Mas não, era um africano e só falava francês, transmitindo-nos que queria falar com o comandante do nosso aquartelamento.



Levaram-no à presença do Capitão e, já na sua presença, o africano exigiu que o levassem imediatamente à PIDE.



Não sem bem porquê mas logo previ que aquela “encomenda” também ia sobrar para mim.




Em Susana, oficial de dia à companhia, por altura da visita do General Bettencourt Rodrigues, que tinha substituído o Gen. Spínola, no CEME do CTIG.



Como o posto da PIDE mais próximo funcionava na vila do Cacheu (*), onde se encontrava localizado um destacamento de fuzileiros, situado na margem sul do rio com o mesmo nome, ou seja do lado oposto onde nos encontrávamos, olhei para o Capitão e disse-lhe que fazer a travessia àquela hora e já noite caída, num bote com um motor mercury de 50 C.V. a fazer um “cagaçal” enorme, para além de perigoso, não era lá muito boa ideia visto que a malta do P.A.I.G.C. também frequentava as margens daquele rio e, portanto, era melhor esperar pela manhã do dia seguinte.



Só que o africano afirmou que, o que ele queria transmitir, só o faria na PIDE e queria fazê-lo de imediato, porque se assim não fosse o Capitão assumiria toda a responsabilidade das consequências.



Sendo assim, para não haver problemas, tinha que se levar o homem à PIDE e lá preparamos o bote (vulgo Zebro do tipo do que os fuzileiros usavam).



Tal como eu previa lá me tocou a mim o frete, pelo que me enfiei na pequena embarcação com o africano, um homem a zelar pelo funcionamento do motor e outros dois que escolhi ao acaso, preenchendo a lotação.



Lá fomos rio abaixo e à chegada à entrada do rio Cacheu, deparamos com a maré no seu máximo, ou estava a acabar de encher, ou estava a começar a vazar, para quem conhece este curso de água deve lembrar-se daquela ondulação pequena mas picada.



Era nossa ideia fazer a travessia o mais rapidamente possível e então metemos “prego a fundo”, a dado momento comecei a notar que a proa do barco, de um dos lados, estava a querer enrolar, uma das longarinas de madeira que esticam o barco começou a querer sair do sítio, apesar do estrado de madeira que assenta no fundo, provavelmente devido á trepidação provocada pela ondulação ou por ter ficado mal montada na altura da insufulação do ar.



Fomos obrigados a reduzir a velocidade e lá fomos aguentando a peça de madeira a golpes de pontapé até chegarmos ao destino.



Entreguei o africano na PIDE, o que ele lá foi dizer ficou no segredo dos deuses, nunca cheguei a saber o que ele queria da PIDE nem nunca mais ouvi falar dele.



Obviamente que não regressamos de imediato, pernoitamos no destacamento dos fuzileiros e regressamos na manhã seguinte.



Tal como disse no início, este acontecimento não teve nada de transcendente, decidi dar-vos a conhecê-la porque em minha opinião pessoal vale pelo seu cariz insólito.




Junto ao posto de transmissões em S. Domingos



(*) O posto da PIDE encontrava-se na Vila do Cacheu e não no destacamento de fuzileiros, como por lapso eu indicara no texto original. Registo aqui o meu melhor agradecimento pela prestável e correcta indicação no comentário ao corrente poste, ao camarada Zeca Macedo, (ex-2º Tenente Fuzileiro Especial no DFE 21 em Cacheu e Bolama, 1973/74).


António Inverno Alf Mil Op Esp/RANGER 1.ª e 2.ª Companhias do BART 6522 e Pel Caç Nat 60 Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2010). Direitos reservados. Fotos: © António Inverno (2010). Direitos reservados. _____________ Nota de M.R.: Vd. último poste desta série em:


13 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 – P6849: Estórias avulsas (91): Sexta-feira, dia 13 de Agosto de 1971, em Mansabá (Carlos Vinhal)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6820: Tabanca Grande (235): António Inverno, ex-Alf Mil Op Esp/RANGER da 1.ª e 2.ª Companhias do BART 6522 e Pel Caç Nat 60 – S. Domingos - 1972/74

1. Mais um Camarada se apresenta nesta Tabanca Grande, o António Inverno (ex-Alf Mil Op Esp/RANGER da 1.ª e 2.ª Companhias do BART 6522 e Pel Caç Nat 60 – S. Domingos -, 1972/74, que nesta sua primeira mensagem enviou um resumo do seu “passeio” pela Guiné, acompanhado de cinco fotografias do seu álbum de memórias, deixando-nos na expectativa de que, brevemente, voltará com mais literatura da evolução operacional da sua Companhia e do seu Pelotão Nativo durante a sua comissão:



Apresenta-se o Ranger António Inverno
Aceitando o desafio que o Luís Graça me lançou, para me apresentar nesta Grande Tabanca, aqui estou, começando por descrever o meu Serviço Militar que se iniciou em 4 de janeiro de 1972, tendo assentado praça na Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, onde completei a Recruta.

Dado o bom desempenho ao longo da Recruta, fui enviado para o C.I.O.E., em Lamego, mais concretamente para o Quartel de Penude, em Abril desse mesmo ano, onde concluí com aproveitamento o 2.º curso de Operações Especiais/RANGER de 1972.


Era hábito naquela Unidade, nesse tempo, os primeiros classificados serem convidados a ficarem por lá a prestar instrução e monitoragem, pelo menos ao curso seguinte.


Como a minha classificação final foi alta, aceitei o convite do Comandante de Instrução e fiquei por lá mais 3 meses a ajudar a “massacrar” o pessoal do 3.º curso de 1972.


Em Outubro fui integrado no Batalhão de Artilharia 6522, que embarcou para a Guiné em 6 de Dezembro de 1972.


Chegado a Bissau embarcamos numa LDG para Bolama, onde realizamos o I.A.O. e onde conheci o Marcelino da Mata, que, com o seu Grupo de Combate, nos presenteou com algumas demonstrações e nos intruiu com várias dicas sobre os modos como se devia andar no mato, bem como sobre os cuidados a ter em relação ao IN.


Logo no segundo dia em Bolama travamos o primeiro contacto com o IN.


Eles sabiam que tinham chegado os piras e resolveram flagelar Bolama a partir da ilha de S. João, digamos que a darem-nos as “boas-vindas”.


Acabado o I.A.O., o Batalhão foi colocado em Ingoré e procedeu-se à distribuição das Companhias pelo Sedengal, S. Domingos, Susana e Ponta Varela.


Em S.domingos, como um pouco por todo o território continuaram os ataques do P.A.I.G.C., com canhões sem recuo, morteiros de 82 mm e foguetes de 122 mm.


Obviamente era costume manter a tropa frequentemente no mato, para tentar evitar que o IN se aproximasse muito dos aquartelamentos, segurança às colunas de viaturas, colocação de minas nos locais mais suspeitos, etc.


Seria escusado dizer que todas as acções passíveis de maior perigo sobraram sempre aqui para este RANGER e, por isso, passei a comandar simultaneamente o meu grupo de combate e o Pel Caç Nat 60, já referenciado em anteriores mensagens neste blogue.


Assim acabei por percorrer várias áreas do Batalhão com o mencionado Pelotão Nativo.


Mais tarde apareceu para comamdar o Pel Caç Nat 60, o Alferes João Uloma (dos Comandos Africanos), de quem fiquei amigo e com quem fiz algumas incursões, por vezes dentro do Senegal e foi aqui que teve início a história da “Kalash”, que me foi trazida por ele juntamente com 5 carregadores cheios, experimentei-a, gostei dela e adoptei-a, e que passei a usar, não por ter algo contra a G3, mas porque era mais “maneirinha” e me dava mais mobilidade, além de ser útil porque confundia o IN.


Soube mais tarde que o Alferes Uloma foi fuzilado pelo PAIGC, como aliás tantos outros.


Em Setembro de 1974, fui eu que executei a cerimónia do arriar da última Bandeira Nacional em S. Domingos e testemunhei o acto de içamento da primeira Bandeira da Guiné-Bissau naquela localidade, antes de partir para o porto local onde me esperava uma LDM que me transportou para Bissau.


Jamais esquecerei a tristeza que vi estampada nos rostos dos Felupes do Pelotão de Caçadores Nativos 60, quando me vim embora. Pareceu-me que aqueles Homens já adivinhavam o que os esperava, principalmente a do 1.º Cabo Agostinho que muitas vezes me dava conselhos sobre a arte de montar emboscadas nos supostos percursos por onde o IN movimentava o seu material de guerra, a partir do Senegal para dentro da Guiné e nos locais de cambança.


Nunca me arrependi de ter aceitado as suas sugestões.


Por ultimo quero só dizer que jamais esquecerei a Guiné por todos os motivos já conhecidos e sentidos por todos nós e um, em especial, que não posso deixar de referenciar, que era o cheiro/odor da mata e da bolanha às 07h00 da manhã, que me entrou no sangue e perdurará para sempre.



Em cima de um dos obuses de 10,5 cm que tanto auxílio nos prestaram

Um aspecto das trincheiras no quartel

Instalações atingidas pelos foguetões 122 do inimigo

Posando para a foto junto de um morteiro de 80 mm

Restos de foguetões de 122 mm
Um abraço, António Inverno Alf Mil Op Esp/RANGER do BART 6522 e Pel Caç Nat 60 2. O António Inverno é o segundo elemento do BART 6522/72 a dar notícias suas nesta tertúlia “bloguista”, existindo no poste P6004 informação sobre o Cap Mil Inf Sérgio Matos Marinho de Faria, de que o António Inverno é amigo pessoal, que foi o comandante da 3.ª Companhia do BART 6522/72, mobilizada pelo RAL 5. Partiu para a Guiné em 7/12/1972 e regressou à Metrópole em 3/9/1974 - Ingoré e Sedengal, na região do Cacheu, a leste de Farim.
3. Amigo e Camarada António Inverno, é da praxe (bem mais suave que a do C.I.O.E.), que em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote e demais tertulianos deste blogue, te diga aqui que é sempre com alegria que recebemos notícias de mais um Camarada-de-armas, especialmente, se o mesmo andou fardado por terras da Guiné, entre 1962 e 1974, tenha ele estado no malfadado “ar condicionado” de Bissau, ou no mais recôndito e “confortável” bura… ko de uma bolanha.

Tal como o Luís Graça já referiu inúmeras vezes, em anteriores textos colocados ao longo de seis mil e tal postes no blogue, que todos aqueles que constituíram a geração dos “Últimos Guerreiros do Império”, têm alguma coisa a contar da sua passagem da Guerra do Ultramar, que permaneça para memória futura e colectiva, deste violento e sangrento período da História de Portugal, de que nós fomos protagonistas no terreno, em alguns casos só Deus sabe em que condições o fomos.

Foram 12 anos de manutenção de um legado histórico que muitos ignoram e, ou, ostracizam por motivos diversos (cerca de 500 anos de permanência), à custa de muito sacrifício, privação de toda a ordem, dor, sangue, sofrimento, morte… que envolveu a movimentação de mais de meio milhão de portugueses em armas.

Como se não tivesse bastado, muitos de nós continuam a sofrer, pelo menos psicologicamente, nos últimos 36 anos com o modo ostracista e laxista como os políticos portugueses nos tratam. Nós que, nos nossos 21/22/23 anos, demos o nosso melhor, como podíamos e sabíamos, muitas vezes mal treinados e armados, sabe Deus como alimentados e enfiados em autênticos buracos, construídos no lodo, embebidos em pó, lama, suor, mosquitos, etc., completamente hostis e perigosíssimos, sob vários aspectos, onde, além dos combates com o IN, enfrentávamos as traiçoeiras minas e armadilhas, as doenças a apoquentar-nos (paludismos, disenterias, micoses, etc.) e as nossas naturais angústias e temores, próprios das nossas tenras idades.

Nós até nem temos pedido muito, além de respeito e dignidade, que todos nós merecemos pelo que demos a esta Pátria, queríamos, e continuamos a querer, no mínimo, que os nossos doentes, física e psicologicamente, sejam tratados condigna e adequadamente, e o tratamento e acompanhamento dos mais carenciados e abandonados pela desgraçada “sorte” da vida.

Oferecendo-te então aqui as nossas melhores boas-vindas e ficamos a aguardar que nos contes episódios da tua estadia na Guiné, que ainda recordes (dos locais, das pessoas, seus hábitos e costumes, dos combates, dos convívios, etc.) e, se tiveres mais fotografias daquele tempo, que nos as envies, para as publicarmos.

Recebe pois, para já, o nosso virtual abraço colectivo de boas vindas.

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2010). Direitos reservados. Fotos: © António Inverno (2010). Direitos reservados. _____________ Nota de M.R.: Vd. último poste desta série em:
31 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6813: Tabanca Grande (234): Tina Kramer, 27 anos, etnóloga, da Universidade de Frankfurt, Alemanha

quarta-feira, 17 de março de 2010

Guiné 63/74 - P6004: Freixo de Espada à Cinta: notícias do ex-Cap Mil Inf Sérgio Faria, engenheiro, residente em Matosinhos, 3ª C/BART 6522/72 (Ingoré e Sedengal, 1972/74) (Luís Graça)


Freixo de Espada à Cinta > Lápide evocativa do nascimento de Sarmento Rodrigues (Freixo de Espada à Cinta, 15 de Junho de 1899 / Lisboa, 1 de Agosto de 1979), oficial da Marinha de Guerra Portuguesa, político, africanista, homem de cultura, escritor... Foi Governador da Guiné, entre 1946 e 1949, e por muitos considerado o melhor dirigente da administração colonial que passou por aquele  território. Em 1950 integrou o Governo de António de Oliveira Salazar como Ministro das Colónias (a partir de 1951, Ministro do Ultramar). Nessas funções governativas levou a cabo  uma vasta reforma da administração colonial portuguesa, tendo visitado o Extremo Oriente, o Sueste Asiático e a África. Entre 1961 e 1964 foi governador-geral de Moçambique.

Tem uma extensa obra publicada sobre assuntos navais, de defesa e de administração colonial. Cite-se apenas algumas das suas publicações, relacionadas com a Guiné:  Os maometanos no futuro da Guiné Portuguesa (1948),  No governo da Guiné : discursos e afirmações (1949), Horizontes para um médico em África:  conferência pronunciada no Instituto de Medicina Tropical em 30/3/1950, A nossa Guiné (1972)...




Freixo de Espada à Cinta > Miradouro do Penedo Durão > O majestoso grifo planando sobre o Douro Internacional... Uma paisagem de cortar a respiração... e que, para mim,  passa a  figurar no top ten das Maravilhas Naturais de Portugal... Há no You Tube um belo vídeo sobre a "dança dos grifos" no Penedo Durão (Autor: Victor Araújo; duração: 5' 29'')

Fotos: © Luís Graça (2010). Direitos reservados


1. Texto do editor Luís Graça:

Meu caro Carlos [Vinhal]:

Como te tinha dito, fui este fim de semana fazer um passeio até ao nordeste transmontano... O pretexto eram as amendoeiras em flor. A viagem foi organizada pela Casa do Pessoal do IPP - Instituto Politécnico do Porto. Fui de propósito de Lisboa, a convite da minha cunhada Ana Carneiro Soares (Nitas), que é técnica superior, no Laboratório de Química do ISEP.

Fui até a um concelho que, para mim e para os demais mouros do sul, era sempre associado - injustamente - ao "cu de Judas", Freixo de Espada à Cinta,  e que eu lamentavelmente não conhecia (um dos poucos, de resto, aonde nunca tinha ido, nem de passagem)... Pois foi uma surpresa, pela positiva, a começar pela riqueza e diversidade do seu património natural e edificado. E, claro, as suas gentes... Mas disso falarei noutra altura...

O que é surpreendente é ir encontrar, num grupo de cerca de 40 pessoas (Trabalhadores e seus familiares dde diversas unidades orgânicas do Instituto Politécnico do Porto), nada mais do que 3 camaradas nossos, que fizeram a guerra colonial na Guiné, e, ainda por cima, naturais e/ou residentes em Matosinhos...

Tomei nota do nome de dois deles, com quem privei mais de perto, nesse fim d\e semana (sábado e domingo passados):

(i) o António Soares [, foto à direita,] natural de Ovar, mas residente em Matosinhos, casado com a Nina, bancário reformado do BES, ex-Fur Mil de um pelotão de artilharia (obus 14), que passou por Gadamael, Bafatá e Bissau (1969/71, portanto do meu tempo); 

(ii)  O Sérgio Faria, engenheiro mecânico, antigo docente do ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto, residente na Rua Ruy Belo, em Matosinhos... (Para quem quiser, tenho o telefone e o mail, que não vou aqui, por razões óbvias, divulgar; espero que o Sérgio um dia destes apareça aqui a contar a sua história e a entrar pela porta grande da nossa Tabanca).

Depois de acabar o curso de engenharia, aos 24 anos, o Sérgio foi mobilizado para a Guiné, onde comandou, como capitão miliciano, a unidade de quadrícula que esteve em Ingoré e Sedengal.  Fez a transferência de soberania para o PAIGC em 1974. Antes, o seu pessoal tinha sofrido uma emboscada com seis mortos, "mortos com tiro na nuca" (sic), pesdsoal que,  ao que parece, descontraída e irresponsavelmente ia de viatura para Bissau... desarmado ou sem escolta (Episódio sujeito a revalidação dos pormenores; não sei a data nem o local  da emboscada).

O Sérgio [,  foto à esquerda], que é um excelente conviva e um homem bem disposto e divertido,  reinadio, que gosta de dançar e cantar (faz parte do coro do IPP), adoraria voltar à Guiné, estando mesmo disposto a fazê-lo, desde que arranje companheiros de viagem ou garanta algum apoio logístico em Bissau e  no interior...

Profissional liberal, ainda está no activo, mas não tem constrangimentos de tempo nem problemas com colaboradores ou pessoal assalariado...Em suma, é livre de planear o seu tempo.

Contou-me como,  graças aos seus conhecimentos pessoais e profissionais no batalhão de engenharia (BENG), em Bissau (aonde ia, periodicamente, de avião...), conseguiu construir excelentes instalações para o seu pessoal, "passando por cima da hierarquia" (ou melhor, fazendo uma finta a um tenente coronel qualquer que lhe 'roubava' o material em trânsito, entre Bissau e Sedengal)...

Falei aos dois, ao António Soares e ao  Sérgio Faria, da Tabanca de Matosinhos, e dos convívios de 4ª feira... Também conheci o Alberto Sousa Guimarães, presidente da Casa de Pessoal do ISEP, engenheiro electrotécnico, antigo docente, vice-presidente do Conselho Directivo do ISEP [, foto à direita]. Antigo alferes miliciano, o Sousa Guimarães esteve em Bigene, em 1973, sendo contemporâneo dos acontecimentos de Guidaje...   Disse-me que tinha um parente, de nome Manuel-qualquer-coisa [, não se lembrava do apelido,] que ia agora à Guiné, e que faria parte da Tabanca de Matosinhos...

Falei-lhes, aos nossos três camaradas,  do nosso blogue. Prometerem dar uma vista de olhos...

Entretanto, explorando as nossas fontes de informação descobri que o Cap Mil Inf Sérgio Matos Marinho de Faria foi o comandante da 3ª Companhia do BART  6522/72, mobilizada pelo RAL 5. Partida para a Guiné em  7/12/1972 e regresso à Metrópole em 3/9/1974. Confirma-se que esteve em Ingoré e em Sedengal, na região do Cacheu, a leste de Farim. 

O BART 6522/72, comandado pelo  Ten Cor Art João Corte-Real de Araújo Pereira, esteve sedeado em Ingoré e em Bolama. As outras duas companhias do batalhão estiveram  no chão felupe: em S. Domingos (a 1ª, comandada pelo Cap Mil  Inf Artur António Pereira) e em Susana (a 2ª, comandada pelo Cap Mil Inf Raúl Manuel Bivar de Azevedo).