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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10764: (In)citações (47): Em louvor dos bravos marinheiros da LDM 302 e dos mártires do meu DFE 21 (João Meneses)

1. Já aqui foi apresentado, como leitor e visitante, o nosso camarada, 2º ten FZE RA, João Meneses, que pertenceu ao DFE 21, e que pretende ingressar na nossa Tabanca Grande  (*), estando nós a aguardar o emvio das duas fotos da praxe para a sua apresentação formal.

Antes disso, a 6 de novembro último, ele já tinha respondido a um mail do Carlos Vinhal, nestes termos:

Caro amigo Carlos

Amizade expontânea, unidos pela Guiné. Brevemente enviarei, via mail, o que me foi pedido. Blogue que veio (e continua a) trazer luz ( na sua grande maioria com casos reais, outros, como o pescador que apanhou um peixe de 8 metros !!!!) que ajuda a reviver, a fazer-nos falar, do que alguns NUNCA conseguiram falar, a desabafar e, porque não, a recordar amizades unidas pelo sangue.

Parabéns pela iniciativa e por manterem vivo este Blog

Com amizade
João Carvalho Meneses

2. Em 26 de novembro último, o João Meneses manda-nos a seguinte mensagem:

Caros amigos

Venho agora corrigir um erro ao identificar a suposta LFG a que se fez referência anteriormente (*).

A memória atraiçoa-nos pela acção do tempo, tornando difusa a exactidão, mas grava sempre no subconsciente, que se aclara por vezes em “flashes” .

Assim escrevi que não era uma LFG na Tabanca Nova da Armada e sim uma LFP. Na realidade tratava-se da LDM 302, (cuja história está descrita e muito bem,neste Blogue ) (**), então abatida ao servíço, de onde se retirou a Oerlinkon, da qual existem fotografias no livro do Luís Sanches Baena.

Essa mesma fotografia de “ronco” foi tirada com elementos do meu DFE21. Serve pois para completar ou complementar a história desta LDM
Alguma nomenclatura:

LFG - Lancha de Fiscalização Grande
LFP - Lancha de Fiscalização Pequena
LDG - Lancha de Desembarque Grande
LDM – Lancha de Desembarque Média
LDP – Lancha de Desmbarque Pequena

Isto leva-me para outro assunto: É um estado de Alma e Coração que transformou todo o meu futuro:

Alguns deles (Praças do DFE21), direi, quase todos, assassinados após o “exemplar” incompetente abandono e traição, pelos nossos “internos” libertadores, que não respeitaram as vidas humanas que ao seu serviço ofereciam a deles. 

Não está em causa a independência da Guiné. Está em causa sim, a forma como foi feita. Em nenhuma guerra da história se abandonaram elementos das respectivas forças armadas, que se sabia irem ser fuzilados,(não só por razões de crenças étnicas como por vinganças políticas). Não se poderá atribuir a “escolha” individual a sua permanência na Guiné. Não se lhes deu, sequer, a hipótese de, como Portugueses que eram, virem para a então “metrópole”. Eram soldados Portugueses inscritos nas suas fileiras e como tal obrigatoriamente  de nacionalidade Portuguesa. Não eram mercenários. 

Vergonha, Vergonha e Revolta  minhas, que não tive a hipótese e a possibilidade de interferir por eles nesse processo. (No entanto falei disto ao Nino, quando o transportei, muito mais tarde, de avião de Lisboa para Bissau). Pedi, na altura do meu internamento no INAB após ter sido ferido, para trazer para Portugal o enfermeiro Fuzileiro Pedro, que demonstrou vontade em vir, mas foi-me negado o pedido, por ser muito complicada uma transferência de um militar.

Esta revolta acompanha-me há quase 33 anos. Lembro-me de ver o Augusto Có a chorar, quando fui evacuado pelo Héli. Bem haja,  Augusto. Entrei em coma logo a seguir.

Não falo aqui de convicções políticas, que as tenho, mas sim de convicções morais, que as mantenho

O que consente é conivente com o executante. Daí que .... a conclusão é triste e chocante
Um abraço a todos,

2º Ten FZE João Meneses (***)

____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 12 de novembro de 2012 >  Guiné 63/74 - P10659: O nosso livro de visitas (152): João Meneses, 2º ten FZE RA, DFE 21, gravemente ferido na península do Cubisseco, em 27/9/1972


(**) Vd. poste de 28 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10084: Antologia (76): Vida e morte da gloriosa LDM 302, a cuja heróica guarnição pertenceu o marinheiro fogueiro Ludgero Henriques de Oliveira, natural da Lourinhã, condecorado com a Cruz de Guerra em 1968 (Manuel Lema Santos / Luís Graça)

(***) Último poste da série > 3 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10755: (In)citações (46): O cadete Lima, do último curso de oficiais milicianos que reuniu em Mafra, em 1964, a juventude do império... (Rui A. Ferreira)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10659: O nosso livro de visitas (152): João Meneses, 2º ten FZE RA, DFE 21, gravemente ferido na península do Cubisseco, em 27/9/1972


Página do blogue Reserva Naval, do nosso camarada Manuel Lema Santos, "aberto  a antigos Oficiais da Reserva Naval na publicação de documentos, relatos, imagens e comentários. Um meio de comunicação e participação na divulgação do legado histórico da Reserva Naval da Marinha de Guerra"... No poste de 7 de maio de 2012, 


1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) João Saldanha Meneses:

Data: 3 de Novembro de 2012 17:33

Assunto: Tabanca Blog

Exmo Sr. Luis Graça

Começo por me apresentar (*):


João Meneses: 2º Ten FZE RA, oficial do Destacamento de Fuzileiros Especiais 21, na Guiné, no ano de 1972, tendo sido ferido em combate na provincia do Cubisseco [, a sudoeste de Empada, vd.carta de Catió,] em 27 de Setembro desse ano  (**), e tendo passado à situação de DFA [, Deficiente das Forças Armadas,] em consequência dos ferimentos então recebidos.

Posto isto:

Gostaria de fazer parte deste Blog, onde poderei eventualmente participar. Caso tal venha a suceder, e como nada acontece ser escrito sem uma visão própria dos factos, aceitando e respeitando todos, não deixarei de o transmitir

Qual a forma de o fazer?

Com os meus agradecimentos.

João Meneses

2. Comentário de Carlos Vinhal:

Caro camarada João Meneses

À boa maneira do nosso Blogue, permite-me o tratamento (mútuo) por tu. Em nome do Editor Luís Graça estou a agradecer o teu contacto e a dizer-te que será uma honra ter-te como tertuliano do nosso Blogue, mais conhecido por Tabanca Grande.

Infelizmente a Marinha é a Arma menos representada na tertúlia pelo que a tua "entrada" é uma mais-valia.

Isto funciona assim: envias-nos uma foto do teu tempo de Fuzileiro e outra actual (digitalizadas) em formato JPG, tipo passe de preferência, ou em alternativa outros formatos a partir dos quais os "nossos serviços técnicos" (eu) possam fazer as fotos da praxe para encimar os teus artigos a publicar.


Sabemos de ti o essencial, posto e unidade, falta a data de ida e regresso para a Guiné. Se quiseres, poderás na tua apresentação contar como, quando e onde foste ferido, se continuaste a carreira militar, qual o teu posto actual ou de passagem à reserva/reforma, etc.

A ideia é fazer um poste de apresentação à tertúlia com estes elementos mais básicos ou outros que queiras acrescentar. A partir daí, poderás enviar as tuas memórias escritas ou em imagem para serem publicadas. A maioria dos depoimentos escritos, e fotos, pertencem à malta do Exército, havendo ainda uma sensível colaboração da Força Aérea. Da Marinha, militaram por cá os Comandantes Manuel Lema Santos e Pedro Lauret, 2.º Ten José Macedo, Marinheiro Manuel Henrique Q. Pinho, e julgo que é tudo quanto aos valorosos camaradas da Armada.


No lado esquerdo da nossa páginas poderás encontrar as nossas regras e objectivos do Blogue, nada de transcendente, apenas normas de bom convívio, respeito pela diferença de opinião, etc.

Fico a aguardar o teu próximo contacto.

Até lá deixo-te um abraço em nome dos editores (Luís Graça, Eduardo Magalhães e Carlos Vinhal) e da tertúlia em geral.

Fico ao teu dispor para qualquer esclarecimento adicional.

O teu camarada,
Carlos Vinhal
_______________

Nota do editor:

(*) Último poste da série > 12 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10654: O nosso livro de visitas (151): José Lino Oliveira, ex-fur mil, CCS/BCAÇ 4612/74 (Cumeré, Mansoa, Brá, 1974)

(**)  Excerto do blogue Reserva Naval, poste de 7 de maio de 2012:

(...9 Entretanto, a situação no sul da Província tornava-se alvo de preocupação do Comando-Chefe, pois a actividade inimiga na área aumentara à medida que o esforço de guerra se deslocava para a fronteira norte. Em Julho de 1972 (Directiva 10/72 do Comando-Chefe) são atribuídos ao CDMG dois DFE’s para assalto e conquista da parte sul da península do Cubisseco. Esta seria uma tarefa típica de forças terrestres cuja finalidade primordial consistia em recuperar psicologicamente a população. É assim que a instrução de operações emanada pela Comando de Defesa Marítima da Guiné em 21 de Julho determina:

Âmbito da manobra militar socio-económica determinada instalação permanência forças região Cubisseco objectivo primordial recuperação psicológica POP (populações) permita construção próxima época seca reordenamento área. Ocupar tabanca região Cubisseco estabelecendo uma posição da qual possam ser conduzidas acções a fim de aniquilar IN exercendo interna acção psicológica sobre POP/IN com vista à sua recuperação e desequilíbrio de forças.

(...) Para esse efeito foi constituída a CTG5 e, a 24 de Julho, é lançada uma grande operação que se iria arrastar por quatro meses e meio com a finalidade de implantar, numa zona controlada pelo inimigo, uma base de onde seriam desencadeadas operações em todo o Cubisseco de Baixo e Pobreza. Era a Operação “Verga Latina”, onde se encontraram empenhados os dois Destacamentos de Fuzileiros Especiais Africanos.

O DFE 21, transportado pela LFG “Hidra”, desembarcou às 07:30 na Ponta Nalu, e o DFE 22 que se encontrava a bordo da LDG “Bombarda”, desembarcou às 06:30 junto às tabancas de Mansabá, reunindo-se os dois destacamentos no dia seguinte próximo da Tabanca Nova, onde foi montado estacionamento; continuando no local com trabalhos de desmatação e instalação, montaram de maneira expedita um aquartelamento que passou a ser designado por “Tabanca Nova da Armada”.

Enquanto os Destacamentos Africanos se encontravam no Cubisseco entregues à Operação “Verga Latina”, os três DFE’s metropolitanos mantinham-se em patrulhas e emboscadas ao rio Cacheu e seus afluentes, sendo que um em Vila Cacheu e os outros dois em Ganturé.

(...) Em Agosto já o inimigo entendera que a intenção da Marinha era permanecer no Cubisseco, pelo que passaram a ser aguardados fortes ataques à Tabanca Nova da Armada. Havia então necessidade de se preparar a defesa, pelo que se cavaram trincheiras com valas e foram montados redutos de armas pesadas:  um com dois morteiros 120 mm; um com cinco morteiros 81 mm; um com três morteiros 81 mm; outro com dois morteiros 81 mm e um de 60 mm, possuindo mesmo um canhão sem recuo 7.5 capturado ao inimigo.

(...) A 26 de Agosto o estacionamento foi flagelado pela primeira vez em ataques que se repetiriam, com maior ou menor violência, por seis vezes durante o mês de Setembro, mantendo-se os dois Destacamentos em intensa actividade na área, com excelentes resultados.

No dia 27 de Setembro, durante uma acção no Cauto, por heliassalto, o DFE21 entra de novo em combate, ficando gravemente ferido o STEN FZE RN Carvalho Meneses, recém-chegado à Província.

Embora com meios cada vez mais sofisticados, o inimigo continua a adoptar a táctica pura de guerrilha.

«Pareceu-me que o IN não se encontra em força na área. Conhecedor do terreno, sabe escolher os sítios onde pode fazer emboscadas com certo êxito e com elevada margem de segurança. Utiliza grupos pequenos para poder estar em vários lados ao mesmo tempo, cobrindo assim a quase totalidade da área. Mostram-se aguerridos mas cautelosos, pois ao mínimo movimento para manobra cortam o contacto e fogem.»

DFE21, Operação “Verga Latina”, SET72

«Após flagelação a aquartelamento, as nossas tropas (NT) detectaram 9 munições de lança-granadas (LG 8.9) metidas dentro dos respectivos tubos, os quais estavam enterrados até metade e com uma inclinação de 45º na direcção do aquartelamento. Os fios de ignição estavam ligados em paralelo para um possível disparo em simultâneo.»

I.O.M.G. n.º 9/72


(...) Durante o mês de Outubro os dois Destacamentos Africanos que integravam a TG5 continuavam empenhados na Operação “Verga Latina”, acantonados na Tabanca Nova da Armada, durante ess período flagelada por quatro vezes, enquanto os DFE’s metropolitanos se mantinham em acção na fronteira norte, entregues a nomadizações, patrulhas e emboscadas terrestres ou aquáticas, no rio Cacheu e afluentes.

«Pelas 08:50 um grupo de assalto com elementos dos dois Destacamentos desembarcou [...], regressando ao estacionamento onde chegou pelas 18:15, tendo capturado uma espingarda Mauser, munições diversas, material diverso, três homens, onze mulheres e nove crianças. Pelas 18:20 foi este flagelado com fogo de morteiro 82 mm e canhão sem recuo, sem consequências».

Durante o mês de Novembro, o estacionamento de Tabanca Nova da Armada foi flagelado por onze vezes, algumas mesmo junto ao “arame” (perímetro defensivo), permanecendo os DFE’s 21 e 22 naquele estacionamento de onde efectuavam permanentemente patrulhamentos ofensivos na área.

Porém, foi entendido pelo Comando de Defesa Marítima da Guiné que os objectivos que presidiam ao lançamento da Operação “Verga Latina”, que consistiam em “recuperar psicologicamente a população do Cubisseco”, não surtiam os efeitos desejados, já que a pouco numerosa população que vivia na área se encontrava perfeitamente enquadrada e mentalizada pelo inimigo. Foi por isso decidido retirar os dois Destacamentos, dasactivando o aquartelamento. (...)



(...) Comentário de 24/10/2012: 

João Saldanha Meneses disse...

Carlos Alberto Encarnação disse: "...a sua discordância já que ao local escolhido as LDM´s só podiam aceder durante cerca de uma hora no estofo da maré e, por outro lado,  qualquer operação originada naquele local obrigava a passar por uma estreita faixa de terra, sem qualquer protecção , o que permitia às forças do PAIGC conhecer todo e qualquer movimento efectuado, no dizer de um dos oficiais fuzileiros que ali estiveram bastava ao PAIGC ter um polícia sinaleiro instalado no terreno para conhecer os movimentos dos fuzileiros".

Estes comentários foram contrariados pelo CDMG com a seguinte máxima "A minha experiência diz-me que estão errados". A pretensão formulada quanto ao tipo de experiência a que era feita referência não logrou qualquer resposta e foi, mais tarde, considerada provocação. Acrescente-se que os dois oficiais que levantaram dúvidas sobre a correcção da escolha daquele local eram dos presentes aqueles que maior experiência e tempo de permanência na Guiné tinham...."

Concordo totalmente sobre a errada localização da "Tabanca Nova da Armada"  que, como foi dito, estava localizada numa zona isolada por tarrafo ligada ao restante território por uma garganta estreitíssima, fácil de controlar, como se verificou na prática. Acrescento que nos foi dada, para além da missão militar, a missão "psico" de aproximação à população. Esta última missão não se acertava com as actuações e espírito de combate de uma unidade de elite, além de que éramos colocados principalmente em zonas de ataque puro.

Quanto à LFG, (era sim uma LFP) que afirma ter sido afundada, tal não corresponde à verdade pois era uma LFP abatida que foi para ali enviada a pedido, para lhe ser retirado o canhão, que iria servir de defesa (e serviu) ao acampamento.

Não foi, também como foi dito, um  "fiasco". Não serviu a totalidade das suas intenções (psico), mas fez o que lhe foi ordenado, de forma impecável, criando um clima de insegurança ao IN numa zona considerava como controlada. Eramos uma unidade a que o IN tinha muito "respeito", pelas informações que eram difundidas pela rádio confirmado por documentos capturados.  (...)

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10632: Questões politicamente (in)correctas (42): As trocas de comissões, por dinheiro, durante as guerras coloniais (Zeca Macedo, EUA, ex-2º ten, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74)

1. Do nosso camarada Zeca Macedo, que vive nos EUA, e que foi 2º tenente fuzileiro especial, DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74)

Luís:

Aquando das minhas últimas férias em Portugal [, em outubro passado,]  tive a oportunidade de falar com um ex-soldado que esteve em Cacine durante a guerra. Disse-me ele que "fui parar à Guiné por troca." 

Explicou-me que por ser de famílias pobres aceitou ir para a Guiné, por troca com um soldado que tinha sido para lá mobilizado. Disse-me que na altura era uma quantia boa, mas não me quis dizer quanto.

Passados mais de 40 anos "continua cheio de raiva" por tal ter sido permitido e que a chance de ser morto poderia ser  vendida. 

Embora tivesse ouvido falar de tal "sistema",  nunca conheci nenhum dos "trocados", pois na Marinha tal prática não existia. 

Procurei no nosso blogue, mas não encontrei nenhuma referência às trocas por dinheiro. Será que algum tabanqueiro passou por tal situação e gostaria de o abordar aqui no blogue?

Um abraço amigo,
José J. Macedo, DFE 21

Guine 73-74 
_____________

Jose J. Macedo, Esquire
Law Offices of Jose J. Macedo
392 Cambridge Street
Cambridge, MA 02141
Tel. (617) 354-1115
Fax (617) 354-9955
__________________

Nota do editor:

Último poste da série > 5 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10620: Questões politicamente (in)correctas (41): A origem da palavra Turra (António Rosinha)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7711: Facebook...ando (10): Zeca Macedo, ex-Tenente Fuzileiro Especial, RN (DFE 21, Cacheu, 1973/74)




Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > Porta de armas das instalações do DFE 21 > Brasão da unidade, cujo lema era "A Pátria Honrai que a Pátria Vos Contempla"



Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > Tomando banho do Rio Cacheu com o Ten Manuel de Castro Centeno, imediato, de barbas

~
Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > O Ten Fuzileiro Especial, Zeca Macedo, de moto, no cais da vila de Cacheu



O nosso camarada Zeca Macedo, hoje, nos EUA. para onde imigou em 1977, onde criou uma empresa de advocacia.

Fotos: Zeca Macedo (Facebook, 2 de Novembro de 2010) (Com a devida vénia...)



Vive nos Estados Unidos desde 1977.

Trabalhou, como advogado, na empresa Law Offices of Jose J. Macedo (Principal). 

Estudou Immigration em New England Law (Turma de 1989). Juris Doctor [JD]. 

Vive em Medford, MA.

É casado, católico, liberal, sportinguista.  Adora cachupa  [, foto à esquerda,]  e tem manga de amigos.

Sabe inglês, português, crioulo cabo-verdiano, castelhano e e francês,

Nasceu em Curral Grande, Ilha do Fogo, Cabo Verde.

Foi tenente fuzileiro especial (
DFE 21, Cacheu, 1973/74). (*)


Recorde-se que o DFE 21 foi o primeiro destacamento de Fuzileiros Africanos criado na Guiné, sendo etnicamente heterogéneo (contrariamente ao seguinte, a ser formado, o DFE 22). De acordo com o sítio Reserva Naval, criado e mantido pelo nosso amigo Manuel Lema Santos (ex-1º Ten da Reserva Naval da Marinha de Guerra, LFG Orion, Guiné, 1966-1972) "para ingressar nos quadros de Fuzileiros Especiais Africanos do Comando de Defesa Marítima da Guiné foram seleccionados 150 dos 900 voluntários que se apresentaram para servir nas forças especiais na Marinha".


Ainda segundo a mesma fonte, "foi ocupado um barracão em Bolama que, com umas apressadas adaptações passou a servir simultaneamente de coberta, sala de aula, refeitório, etc. Baseada nos planos de curso em vigor na Escola de Fuzileiros foi ministrada uma instrução acelerada e, de certo modo, improvisada.

"Os oficiais e sargentos bem como alguns cabos e marinheiros eram metropolitanos, rendendo-se individualmente no final de cada comissão. A Escola de Formação de Fuzileiros então instalada passou a ser designada por 'Centro de Instrução'. Para comandar a nova Unidade foi nomeado o 1Ten Raul Eugénio Dias da Cunha e Silva…

Este Destacamentos de Fuzileiros Especiais, o DFE 21, viria a tornar-se uma das Unidades de maior protagonismo na Guiné, entre 1970 e 1974. De especial relevo e importância para a estratégia de guerra então prosseguida, assumiu projecção histórica com a participação na Operação Mar Verde " (...).


O Zeca Macedo, ex-2º Ten Reserva Naval,  é membro da nossa Tabanca Grande e está também na lista dos nossos amigos no Facebook. Desejamos-lhe, a ele e à família, muita saúde e longa vida. (**)

____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 13 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2532: Tabanca Grande (56): José J. Macedo, ex-2º tenente fuzileiro especial, natural de Cabo Verde, imigrante nos EUA


(**) Último poste da série Facebook...ando > 29 de Janeiro de 2011Guiné 63/74 - P7693: Facebook...ando (9): Notícias do pessoal da CCAÇ 6, Bedanda, dos camaradas António Teixeira, Mário Bravo, Pires, Luís Nicolau, José Vermelho, Bastos, Pinto de Carvalho, Vasco Santos, Ayala Botto (1971/73), mas também do Hugo Moura Ferreira (1966/68), nosso camarigo da primeira hora

sábado, 21 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6878: Memória dos lugares (94): No DFE 21, em Cacheu, nunca existiu num posto da PIDE nem nunca nenhum agente da PIDE lá pôs os pés, pelo menos no meu tempo (Zeca Macedo)

1. Mensagem do nosso camarada Zeca Macedo, que foi segundo tenente  Fuzileiro Especial no DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74), e que hoje é advogado nos EUA, para onde imigrou em 1977.

Data: 21 de Agosto de 2010 16:51
Assunto: Artigo do Inverno-Episódio insólito em São Domingos (*)

Luís: Tentei enviar esta mensagem usando os comentários no fim do artigo; infelizmente, não o consegui fazer. Aqui vai.
Acabei de ler a estória do António Inverno sobre o indivíduo que tinha algo para contar ao agente da Pide. A determinda altura o Inverno diz que "o posto da PIDE mais próximo funcionava no destacamento de fuzileiros do Cacheu, situado na margem sul do rio com o mesmo nome, ou seja do lado oposto onde nos encontrávamos."

O destacamento de fuzileiro que se encontrava estacionado no Cacheu era o meu DFE 21 e lá não "funcionava" nenhum posto da PIDE. Havia sim, em Vila Cacheu, um posto da Pide, com sede próxima, perto dos Correios e da casa do Administrador. E mais, o agente nunca pôs os pés nas instalações do DFE 21 enquanto lá estive.

Um abraço amigo

Jose J. Macedo,
Segundo Tenente FZ
DFE21
_______________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 21 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 – P6877: Estórias avulsas (92): Episódio insólito (António Inverno)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4577: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (13): Encontro de dois atabancados em terras da América (José da Câmara)

José Macedo, natural de Cabo Verde, ex-2.º Ten FZE do DFE 21, Guiné, 1973/74 (*)

José da Câmara, natural das Lajes das Flores, Açores, ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Guiné, 1971/73 (**)


1. Mensagem de José da Câmara que vive nos Estados Unidos da América, com data de 16 de Junho de 2009:

Assunto: Uma surpresa do tamanho da Tabanca

Caro Carlos,

Junto encontrarás uma pequena surpresa. Mesmo que ela possa não ter interesse para o blogue, não quero deixar de partilhá-la contigo. Conheci no José Macedo um homem amável e de trato fino, acérrimo defensor de uma cultura que foi assimilando, a americana, e sem perder as suas raízes luso-cabo-verdeanas. Foi um encontro agradável aquele que tive com o José Macedo e a esposa.

Com um grande abraço e votos de muita saúde,
José Câmara


2. Mensagem de resposta enviada no mesmo dia ao nosso camarada:

Caro José Câmara
O que o nosso Blogue pode fazer!!! Juntar compatriotas na diáspora!!! Muito bonito.

Claro que vamos publicar. Muito, mas mesmo muito obrigado por nos teres dado nota do vosso encontro.

Um abraço
Vinhal


3. Numa manhã de domingo

- José, tens uma chamada telefónica. Não sei quem é. Foi assim que a minha esposa me alertou...

Raios, quem seria que, naquela manhã de domingo, precisava de falar comigo. Logo o saberia.

- Estou, quem fala?

- Olá José Câmara. Eu sou o José Macedo. Vi o teu nome no blogue do Luís Graça. Depois procurei pelo teu número de telefone e aqui estou.

Se uma bomba - que não explodisse - me tivesse caído aos pés, o efeito surpresa não teria sido maior.

Aqui, em terras da estranja, se confirmava que a Tabanca Grande é, afinal, uma grande tabanca. É tão grande como o mundo por onde nos encontramos espalhados.

Como não podia deixar ser, falamos sobre os assuntos do blogue, das nossas experiências, dos sítios por onde andámos em terras da Guiné. E, claro, um pouco sobre a nossa vida enquanto emigrantes. Ficamo-nos de encontrar aqui, em Stoughton, até porque o José Macedo tem familiares nesta área.

Mas surpresa não ficaria por aqui.

A convite de um casal amigo, fomos, eu e a minha esposa, jantar ao Sport Club Faialense, com sede em Cambridge, MA. Foi na sexta-feira dia 22 de Maio. Nessa noite o ex-Tenente do Destacamento de Fuzileiros Especiais 21, apareceu naquela colectividade acompanhado da sua, muito simpática, esposa e um casal amigo.

Um encontro de tertulianos em terras da América

Os nossos amigos acabaram por se interessar pela nossa história e pela forma como o encontro se proporcionou. Para nós, ilhéus de arquipélagos diferentes, Açores e Cabo Verde, foi um encontro diferente de tertulianos. À nossa maneira: simples e simpático.

Na despedida ficou um abraço que só nós, aqueles que combateram na Guiné, são capazes de compreender.

Um abraço para todos,
José Câmara


4. Comentário de CV:

Caros camaradas José Câmara e José Macedo, não posso avaliar a sensação que tiveram quando se encontraram. Felizmente (?) nunca tive necessidade de sair do meu cantinho, excepção do tempo de tropa, pelo que só pessoas nas vossas condições poderão avaliar a situação.

No entanto, ao ler o relato do José da Câmara, quase saltava uma lagrimazita traiçoeira, daquelas que deixam um homem mal.

Se para vós dois foi um momento mágico, para nós, editores/tertulianos, com alguma responsabilidade no blogue, foi um bálsamo para contunuarmos o nosso trabalho de retaguarda, visível só no que aos leitores se depara, os vossos e nossos escritos. Que orgulho sentimos por chegarmos aos portugueses e amigos lusófonos que se encontram em todas as partes do mundo.

Pode-se dizer com orgulho que o Mundo é pequeno, mas o nosso Blogue é... enorme.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 13 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2532: Tabanca Grande (56): José J. Macedo, ex-2º tenente fuzileiro especial, natural de Cabo Verde, imigrante nos EUA

(**) Vd. poste de 15 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4350: Tabanca Grande (141): José da Câmara, ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56 (Guiné, 1971/73)

Vd. último poste da série de 12 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4514: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (12): O embaixador Manuel Amante, com saudades do Geba, fala da onça e do irã-cego

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4341: Questões politicamente (in)correctas (38): Abuso e abuso do termo 'nharro' (Zeca Macedo / Henrique Matos)

1. Mensagem do nosso camarada Zeca Macedo (ou Zeca Macedo, para os amigos), um cabo verdiano da diáspora, que foi Fuzileiro Especial no DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74), e que hoje é advogado nos EUA, para onde imigrou em 1977 (*).

Virgínio:

Li num Post de hoje, 12 de Maio, e não quis acreditar.: "Estando Mato Cão na berra com a última estória do Jorge (sempre surpeendente) e do Mexia Alves sobre o Bu...rako onde esteve com os nharros do 52 que eu ensinei" (...) (**)

Nharros do 52? Estará ele a referir-se aos Caçadores Nativos, chamando-os de Nharros, 43 anos depois? Ser+a que chamará de Nharro, na cara dele, ao Marcelino da Mata?

Quando alguém critica o Cor Coutinho e Lima ou chama de Bandos os soldados (não foi bem assim), cai o Carmo e a Trindade; contudo, quando se chama de Nharro (pior dos piores pejorativos) aos soldados nativos, ninguém (a não ser eu?) protesta.

Foi só um desabafo de um Fuzileiro que esteve num destacamento de Fuzileiros Especiais Africanos.

José J. Macedo, Segundo Tenente
DFE 21-Guiné

Jose J. Macedo, Esquire
Law Offices of Jose J. Macedo
392 Cambridge Street
Cambridge, MA 02141
Tel. (617) 354-1115
Fax (617) 354-9955


Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio, de Mário Beja Santos > O primeiro comandante do Pel Caç Nat 52 (Porto Gole e Enxalé, 1966/68), Henrique Matos, com o Queta Baldé, seu antigo soldado. O Henrique, açoriano, vive em Olhão e é, como se costuma dizer entre nós, um verdadeiro camarigo. Não apenas camarada, não apenas amigo, um camarigo, um tabanqueiro de cinco estrelas. (Atenção que tabanqueiro quer dizer "membro da nossa Tabanca Grande", do nosso blogue; em Bissau, pode ter hoje um conotação pejorativa, quando o termo é utilizado pela comunicação social ou pela elite política: habitante de uma tabanca, rural, campónio, saloio)...

Foto: ©
Luís Graça (2008). Direitos reservados.


2. Resposta na volta do correio, por parte do editor L.G.:

Meu caro Zeca Macedo:

Eu conheço bem o Henrique Matos, comandou o 1º Pel Caç Nat 52, composto por gente valorosa, guineenses, fulas e outros (na zona de Porto Gole, Enxalé, a norte do Rio Geba)... Ele usa a expressão nharros, sem qualquer conotação racista, antes pelo contrário, com carinho... Tal como eu a uso, queridos nharros, referindo-me a homens que foram/são meus camaradas e amigos... Repara: tal como usamos o termo tugas (que também é/era depreciativo)... Sem complexos!

Admito que possa haver leituras como a tua... Em termos do processo de comunicação, temos aqui a dupla questão da denotação/conotação... Para mim e para o Henrique Matos, o termo tem outra conotação: usamos a palavra com afecto, por muito estranho que te pareça...

Eu sei que vives no States, no país do politicamente correcto, e que este termo (nharro) aí seria um insulto... No nosso blogue, num contexto descomplexado, pós-pós-colonial, parece-nos inofensivo.... Repara que temos para os antigos soldados guineenses que lutaram contra o PAIGC, ao nosso lado, uma série que se chama Os Nossos Camaradas Guineenses... Acho que isto diz tudo...

Resumindo: Seria bom que o termo viesse em itálico, ou com aspas, ou que não fosse sequer usado... Obrigado por estares atento. É por estas e por outras que estamos a precisar de um provedor do leitor do blogue... Best regards. Luís


3. Novo comentário do José Macedo:

Obrigado pela resposta. Sei que quando dizes Nharro não é racismo, contudo, o importante não é o que pensa quem o diz, mas sim que o recebe. Acho que nos EU não é que sejamos politicamente corretos (sem o "c" devido a politicamente correta reforma ortográfica).

Penso sim que se trata de um processo evolutivo. Chegou-se a esse ponto de sensibilidade depois de uma longa luta pelos direitos civis dos negros. É o que está a contecer agora com os casamentos entre gays e entre lesbians. Não aconteceu de repente. Existe todo um passado de luta. Em Portugal, infelizmente, tal (ainda) não aconteceu.Continua a ser um pais de brandos costumes.

Um abraço amigo,

Zeca Macedo

4. Comentário, politicamente correcto (***), do nosso querido Henrique Matos:

Caro Luís:

Fiquei como se costuma dizer de boca aberta com o comentário ao meu poste. Para quem me conhece só faltava mesmo poder pensar-se que usei o termo nharros com qualquer intuito racista. Enfim... mas a tua defesa foi óptima.

Abraço
Henrique Matos
________

Notas de L.G.

(*) Vd. último poste deste nosso camarada > 10 de Março de 2009 >Guiné 63/74 - P4009: Blogoterapia (96): Não chorarei a morte do Nino (Zeca Macedo, ex - 2º Ten DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74)

Vd. também:

13 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2532: Tabanca Grande (56): José J. Macedo, ex-2º tenente fuzileiro especial, natural de Cabo Verde, imigrante nos EUA

2 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3014: Fuzileiro uma vez, fuzileiro para sempre (José Macedo, EUA)

(**) Vd. poste de 12 de Maio de 2009 >Guiné 63/74 - P4328: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (6): Atolado no Mato Cão, com a CCAÇ 1439, a madeirense do Enxalé

(***) Vd. último poste desta série que, ultimamente, não tem sido muito usada... > 4 de Novembro de 2007> Guiné 63/74 - P2237: Questões politicamente (in)correctas (37): RTP: As baixas da guerra (Paulo Raposo)

terça-feira, 10 de março de 2009

Guiné 63/74 - P4009: Blogoterapia (96): Não chorarei a morte do Nino (Zeca Macedo, ex - 2º Ten DFE 21, Cacine, 1973/74)

1. Mensagem do nosso camarada José Macedo (ou Zeca Macedo), um cabo verdiano da diáspora, que foi FZE [Fuzileiro Especial] no DFE 21 na Guiné em 1973/74, e que hoje é advodado nos EUA, para onde imigrou em 1977 (*). 

Caro Luis: 
Como sabes, servi no DFE 21-Fuzileiros Africanos- na Guiné e muitos dos "meus" fuzileiros foram assassinados por ordem do Nino Vieira. 

Como deves calcular, não chorarei pelo Nino. Mando-te um link de um artigo publicado no diário on line caboverdeano, A Semana, com entrevistas a dois históricos da luta de libertação nacional [, Osvaldo Lopes da Silva e Júlio Carvalho ou Julinho]. (**) 

Um abraço amigo, 
José J. Macedo 
(Ex) Segundo Tenente FZE DFE 21

- Jose J. Macedo, Esquire 
Law Offices of Jose J. Macedo 
392 Cambridge Street 
Cambridge, MA 02141 
Tel. (617) 354-1115 
Fax (617) 354-9955 
_____________ 

Nota de L.G.: 




O falecido presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, que hoje vai a enterrar, não deixa muitas saudades entre os seus antigos companheiros de armas de Cabo Verde. “Era uma figura sinistra, embora um grande combatente”, diz dele o comandante Osvaldo (...). 


Silvino da Luz, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde e mais recentemente ex-embaixador da Cidade da Praia em Luanda, é uma das raras personalidades cabo-verdianas e estrangeiras a fazer-se representar no funeral de João Bernardo Vieira que hoje tem (...)

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Guiné 63/74 - P3014: Fuzileiro uma vez, fuzileiro para sempre (José Macedo, EUA)


1. Mensagem de 13 de Fevereiro último, do nosso camarada José Macedo (ou Zeca Macedo), um cabo-verdiano da diáspora, que foi FZE [Fuzileiro Especial] no DFE 21 na Guiné em 1973/74, e que hoje é advodado nos States, para onde imigrou em 1977 (1). Pelo atraso na divulgação da mensagem - devida a falha técnica (2)... - pedimos desculpa ao nosso camarada e ao restante pessoal da Tabanca Grande.

Luis:

Obrigado por me teres apresentado oficialmente na Tabanca Grande (1). Só tenho um reparo a fazer: chamaste-me, Ex-Segundo Tenente Fuzileiro. Não há Ex-Fuzileiros. Como deves saber, Fuzileiro Uma Vez, Fuzileiro Para Sempre.

Falei hoje com o Coronel Raul Folques, que conheci na Guiné e que foi comandante de uma Companhia de Comandos Africanos, em Brá. Matámos as saudades sobre os tempos passados na Guiné e algumas operacões que fizeram na Cobiana, que ficava na área de Cacheu, Frente Cantchungo-Biambe, que era onde estive estacionado com o DFE 21.

Um abraço amigo

Zeca Macedo (2)

2. Mensagem anterior, de 25 de Janeiro

Luis:

Graças à Tabanca Grande, descobri o e-mail dele, através de uma correspondência com o Comandante Pedro Lauret, falei com o Comandante Alves de Jesus (GNR) que comandou o DFE 4 na Guiné (na altura primeiro tenente) e que esteve em Guidaje em 73, na mesma altura que estive no DFE 21 (Fuzileiros Africanos).

Acho que mencionei ter estado na Guiné de 72-74. Puro engano; estive lá de 73-74. Depois de ter lido o artigo sobre o MNF e a Cilinha Supico Pinto, desenterrei uma foto tirada aquando da visita dela ao DFE21, em Vila Cacheu. Assim que tiver uma oportunidade elá sera enviada para que lhe dês o encaminhamento que julgares apropriado.

Um abraço amigo

José J. Macedo
DFE 21, Guiné
73-74
__________

Notas dos editores:

(1) Vd. poste de 13 de Fevereiro de 2008 >
Guiné 63/74 - P2532: Tabanca Grande (56): José J. Macedo, ex-2º tenente fuzileiro especial, natural de Cabo Verde, imigrante nos EUA

(2) O Zeca mandou-nos também uma foto de um "Cabo FZE do DFE21, expert no manejo da MG 42 e mecânico extraordinário dos motores Mercury que usávamos nos Zebros em que fazíamos os patrulhamentos do Rio Cacheu e seus afluentes"...

Por razões que ainda não descortinámos, essa foto desapareceu dos nossos ficheiros. Ficamos a aguardar um 2º envio, se o Zeca Macedo achar que vale a pena...

Há dias publicámos a foto de antigo FZE, guineense, do DFE 21, hoje régulo de Cananima (que fica frente a Cacine): vd poste de 29 de Junho de 2008 >
Guiné 63/74 - P2994: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral (29/2 a 7/3/2008) (Luís Graça) (17): Cacine, a voz dos abandonados (I)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2532: Tabanca Grande (56): José J. Macedo, ex-2º tenente fuzileiro especial, natural de Cabo Verde, imigrante nos EUA

José J. Macedo, quando era cadete da Escola Naval, em Portugal... Foi FZE (fuzileiro especial na Guiné, 1973/74, DFE 21)
  O José Macedo, natural de Cabo Verde, ex-tenente fuzileiro especial, vive nos Estados Unidos desde 1977. É advogado, segundo informação telefónica que deu ao nosso co-editor Virgínio Briote. 

Fotos: José Macedo (2008). Direitos reservados 


1. Em 19 de Janeiro de 2008, recebemos uma mensagem de José J. Macedo, natural de Cabo Verde, e que vive nos Estados Unidos, desde 1977. Esteve na Guiné, em 1973/74 "como oficial do Destacamento de Fuzileiros Especiais 21 (DFE21) (...), o primeiro Destacamento de Fuzileiros Especiais africano e que tomou parte, entre outras, na célebre Operação Mar Verde de que muito se fala no blogue". 

O José J. Macedo esteve , com o seu destacamento, em Vila Cacheu, Bolama e em Cacine "para as evacuações que foram feitas aos aquartelamentos do Sul". Faz questão de dizer que , "como Cabo-verdiano, nado e criado, tive e continuo a ter uma perspectiva diferente dos bloguistas do seu blogue sobre o que se passou na Guiné durante a Guerra Colonial". 

Define-se como "um leitor diário do blogue e muitas das crónicas me fazem viajar no tempo a Susana, São Domingos, Canchungo e outros locais da Guiné". Tem, no entanto, reservas em participar no blogue devido ao tipo de linguagem que muitas vezes usaríamos. O Macedo acha-a, por vezes, "racista", com uso e abuso de "expressões de caserna" que ele não aprecia nem aprova. "Parece que há membros da tertuúlia que têm prazer especial em usar nharro, preto pu** e outros termos pejorativos quando se referem aos Guineenses , inclusive aqueles que estiveram ao lado de Portugal". 

Em contrapartida, das "poucas vezes que li intervenções que Guineenses e/ou Cabo-verdianos que participaram na luta de libertação nacional pelo PAIGC, nunca vi nenhuma referência pejorativa em relação aos soldados Portugueses que lutaram na Guiné". 

Em suma, para o nosso visitante José Macedo e antigo camarada de armas não se trata de ser politicamente correcto , como está na moda dizer, mas tão apenas de "não chamar aos outros o que não gostaramos que nos chamassem a nós". Manda-nos "um abraço amigo". 


2. Em 21 de Janeiro, voltou a mandar-me um mail, que passo a transcrever (em parte): 

Luis: 
Espero que ja tenha recebido o meu e-mail com a minha apreciação do blogue. Estive a ler as normas de conduta e apenas gostaria de fazer um reparo: a norma (ix) garante a todos os tertulianos a "liberdade de expressão", razão porque, na minha opinião, aparecem expressões como as que mencionei no meu e-mail anterior. Contudo, parece-me que o Artigo (ix) está em colisão com o (iv), "Carinho e Amizade Pelos Nossos Dois Povos" e o (v), "Respeito Pelo Inimigo de Ontem." Acho que quando a Liberdade de Expressão serve para negar "Carinho, Amizade e Respeito", a mesma deveria ser cerceada. O exemplo típico para os constitucionalistas é que ninguém tem a liberdade de gritar FOGO num cinema cheio de espectadores (...). 


3. Na qualidade de fundador e editor do blogue, mandei-lhe a seguinte mensagem, em 22 de Janeiro: 

Meu caro José Macedo: 
Antes de mais, obrigado pela sua crítica ao nosso blogue. Vou, naturalmente, publicá-la. O seu ponto de vista merece-me todo o apreço e consideração que é devida a um antigo camarada de armas, e para mais cabo-verdiano, terra que amo desde pequenino, e onde tenho bons amigos. Tenho pena que não queira entrar para esta Tabanca Grande, e partilhar connosco as suas memórias dos fuzileiros e das suas emoções da Guiné... 

Farei, eu ou os meus co-editores, algumas apreciações às suas críticas, naquilo em que elas nos parecem injustas: por exemplo, nunca fizemos aqui a apologia do racismo ou publicámos relatos de violação de crianças ou adolescentes... São questões factuais: se achar que sim, diga-me onde e quando... Isto tem que ser dito, e com veemência. Somos gente com valores, aliás basta ver a nossa preocupação com as questões éticas... 

O seu reparo sobre eventuais contradições entre as nossas normas de conduta e a nossa prática editorial tem razão de ser... Mas isso acontece com tudo na vida... Como sabe, há várias questões fracturantes entre nós, amigos e camaradas da Guiné: por exemplo, os desertores, os fuzilamentos dos nossos camaradas guineenses, o 25 de Abril... Mas até agora temos sabido viver com as nossas diferenças... 

Quanto à linguagem de caserna, bom... O que é que eu posso dizer-lhe ? Não somos um blogue de meninos de coro... Mas prometo estar vigilante ao uso e abuso de expressões que eventualmente possam ter conotações racistas e sexistas... Felizmente não tenho nem formação nem mentalidade de censor...Naturalmente que tenho que assumir a minha responsabilidade como fundador e editor deste blogue (que é colectivo e onde coexistem muitas sensibilidades e idiossincrasias)...Irei procurar manter a coerência com as nossas normas de conduta... 

Obrigado por nos ler e criticar. Mas apareça mais vezes, que hoje já não temos o Atlântico a separar-nos. E, claro, fica sempre de pé o nosso convite para franquear o pórtico da nossa Tabanca Grande. 

Um Alfa Bravo. 
Luís Graça 


4. O nosso co-editor Virgínio Briote, que foi Alferes Comando da 1ª geração (Guiné, Brá, 1965/66), superior hierárquico do Justo e do Marcelino da Mata, entre outros, mandou-me a seguinte apreciação: 

Estou surpreendido com a leitura que o José Macedo faz. Não me lembro de ler as expressões com sentido pejorativo. A preocupação com o políticamente correcto, a nós, não se aplica porque não sentimos necessidade de pensar nesses termos. Falo por mim, mas não só, falo pelo que tenho lido até à data. (...) 

Puta é conversa de caserna e fora da caserna, é uma expressão menos corrente aqui que nos USA. É fuck para aqui fuck para acolá, presidentes americanos incluídos. Nharros? Só se for. 

E para uma observação isenta, é necessário não excluir os conhecimentos da língua de quem lê, os hábitos de leitura e tantas outras coisas. É assim que obras louvadas por muitos são apelidadas de pastelões por muitos outros também. 

Mas, esta não esperava. 

Um abraço, 
vb 


5. Resposta do José Macedo, com data de 21 de Janero: 

Luis: 
Obrigado pela sua resposta. Tenho seguido as vossas iniciativas e a divulgação da história de todos nos que passámos pela Guiné-Bissau. Através do blogue recordo os momentos (bons e maus) que por lá passei. Como falo o crioulo de Cabo Verde, muito semelhante ao da Guiné-Bissau, tive a sorte de poder compartilhar do dia a dia dos fuzileiros do meu destacamento, nas minhas viagens a São Domingos e São José no Chão Felupe e com os Manjagos de Canchungo. 

Também convivi com os Comandos de Brá, nomeadamente o Justo, o Folques, o Sicri Vieira e muitos outros. Com o Zicky Saiegh convivi de perto, pois era afilhado do meu tio Agnelo Macedo, que foi chefe de posto em Catió e esteve preso na Ilha das Galinhas, por alegadamente ter tido uma reunião em casa com o Aristides Pereira e outros quadros do PAIGC. 

Quando vou de férias a Portugal, um dos highlights da minha visita é encontrar-me nos Restauradores com o Sino Uie Cambe e o Saco Sano, fuzileiros do DFE 21, especialistas no MG-42 e na bazuca respectivamente, que se deliciam em contar e recontar as peripécias da Operacao Mar Verde e a veneração que têm pelo Comandante Rebordão de Brito. Também me contam o destino triste (fuzilamento) de alguns elementos do 21. 

Um abraço amigo 
Jose J. Macedo 


6. Novo mail do José Macedo: 

Luís: 
Obrigado pela sua resposta. Deve ter havido um mal entendido sobre ser apologista de atitudes racistas ou sexistas. Houve sim, não me lembro bem a data, em que um dos camaradas escreveu um texto a rondar o racismo e o o Luís disse que "sabia que ele não era racista" ou algo parecido. 

Se calhar por ser imigrante e viver numa sociedade multicultural, sou mais sensível a certas abordagens do blogue. Tambem eu sofri perdas de amigos e camaradas africanos do meu destacamento que foram fuzilados na Guiné. Sei que o blogue não faz , ou pelo menos tenta não fazer, juízo de valores; contudo, idolatrar (como alguns o fazem) o Marcelino da Mata... Please

Um abraço amigo, 
José J. Macedo. 


7. Zé Macedo: 

Estamos de acordo em relação ao Marcelino da Mata (...). Não o conheço sequer pessoalmente. Mas não posso impedir que haja pessoas, no nosso blogue, que com ele conviveram na Guiné e que escrevam sobre ele (...). 

Peço-lhe que, ao analisar o nosso blogue, veja a floresta e não apenas a árvore (centenas de pessoas que já cá escreveram, cerca de 2500 postes, meio milhão de visionamentos, vários milhares de fotos e outros documentos publicados, etc.), e sobretudo o reforço da amizade entre os nossos povos, o exorcismos dos nossos fantasmas, o direito à memória, etc....Você não tem muitos blogues deste tipo no mundo: infelizmente, os nossos amigos guineenses que combateram, tanto do nosso lado como do lado do PAIGC, não têm os mesmos meios (tecnológicos e outros) que nós temos... 

Mas, deixe-me que lhe diga, que temos incentivado e apoiado, através do nosso amigo Pepito e do seu/nosso Projecto Guileje, a preservação da memória dos antigos combatentes do PAIGC... Muito provavelmente, sem a nossa existência (colectiva, como blogue e como grupo) não seria possível a realização, no próximo mês de Março de 2008, do Simpósio Internacional: Guileje na Rota da Independência da Guiné-Bissau... (...) 

Gostaria de publicar, no nosso livro de visitas, alguns das suas observações e críticas em relação ao nosso blogue...Mas parte da nossa correspondência é privada... Já limámos algumas arestas, desfizemos alguns equívocos... Enfim, gostaria de o receber na nossa Tabanca Grande como um ex-camarada da Guiné e, porque não, como um amigo... Em suma, o que quer que eu publique (ou não) das suas mensagens anteriores ?... Não me interessa criar polémica (com os meus co-editores e com outros camaradas...) por questões de lana caprina... E quero que você entre pela porta grande... Pode ser ? Estou a fazer-lhe um convite. 

Um Alfa Bravo. 
Luís 


8. A resposta do nosso camarada não podia ser mais clara: 

Podes publicar a nossa comunicação. Acho que não será tão polémica como pensamos, pois como disse, ja limámos as arestas dos possíveis conflitos. (...) Publicar no blogue a nossa correspondência pode ser que ajude algum camarada a não usar a chamada conversa de caserna quando se refere a outros camaradas. 

Um abraco amigo, 
 Jose Macedo 


9. Nova mensagem a 5 de Fevereiro: 

Luis: (...) 
Depois de ter viajado ultimamente pelo blogue e com a próxima realização do Simposio de Guiledge, recordo-me que o meu destacamento, o DFE 21 de Fuzileiros Africanos, esteve em Cacine a montar segurança e a ajudar com a evacuação o para uma LDG de uma companhia do exército, na sua maioria soldados Açoreanos. 

Até me lembro de um triste episódio que aconteceu durante o transbordo em que um soldado, com armas e bagagens caiu ao rio e desapareceu. Como era noite, nada se pode fazer. Ele, que de certeza tinha sobrevivido ao infernos de Guiledge ou talvez do de Gadamael, para vir morrer nas margens do rio Cacine. 

Tambem gostaria de contactar alguém que tivesse estado na Companhia do Exército em Cacheu de 73-74. Se não me engano, o comandante era Capitão Rodrigues, de Aveiro. Também me lembro de ir a São Domingos, onde havia uma Companhia do Exército, a Suzana e São José, no Chão Felupe. Tinha formado uma equipe de futebol com miúdos do Cacheu e jogávamos contra os soldados. 

Gostaria que alguém que tivesse estado em Vila Cacheu, São Domingos ou Cantchungo (Teixeira Pinto), nessa altura, aparecesse no blogue

Um abraco amigo. 
José Macedo 
Tenente FZE DFE21-Guine 

PS - Mandei-lhe uma foto recente. Junto lhe envio uma dos meus tempos de cadete da Escola Naval. Se encontrar uma do meu tempo de fuzileiro, vou-lha enviar. 


10. Mensagem do editor do blogue, com data de 6 de Fevereiro: 

Obrigado, Zeca: 
Isto quer dizer que passarás a ser membro de pleno direito da nossa Tabanca Grande... E já agora, manda-nos uma estória (ou mais, as que quiseres) sobre o teu tempo de Guiné e sobre os teus fuzileiros... A actividade dos fuzileiros tem sido muito pouco abordada no nosso blogue... 
Fica bem. 

Aquele abraço. 
Luís