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segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19404: Notas de leitura (1141): Um grande arquivo do nacionalismo emergente na África Portuguesa por Ronald H. Chilcote (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Dezembro de 2018:

Queridos amigos,
É obra, pôr no grande ecrã todos os figurantes envolvidos na chamada guerra de África ou guerra de libertação ou guerra colonial. As tomadas de posição, os programas, os documentos que passaram para a História, estão nesta obra os vencedores e os vencidos, os movimentos de libertação que se extinguiram e os que vingaram, uma recolha surpreendente, a moeda corrente do tempo eram os documentos a favor ou contra, de modo algum era usual expor todas as posições, todos os atores, sem interjeições nem quaisquer subtilezas de simpatia ou camaradagem. Talvez por isso mesmo este acervo documental gigantesco de Ronald H. Chilcote jaz hoje na penumbra, mesmo na historiografia portuguesa contemporânea.

Um abraço do
Mário


Um grande arquivo do nacionalismo emergente na África Portuguesa

Beja Santos

Ronald H. Chilcote é hoje um octogenário que levou uma carreira de prestígio na ciência política, ao nível da Universidade da Califórnia, no que toca aos estudos da África Portuguesa, do Brasil e da América do Sul. Para saber mais sobre o seu currículo profissional, as suas investigações e os livros publicados recomenda-se o site:

https://en.wikipedia.org/wiki/Ronald_H._Chilcote

O terceiro importante trabalho deste investigador foi edição documental referente ao nacionalismo emergente na África Portuguesa, edição da Hoover Institution Press, Stanford University, 1972. Projeto ambicioso e muitíssimo bem-sucedido, reconheça-se que estão aqui as peças documentais essenciais para analisar as posições do Estado Novo, da oposição interna ao regime, a evolução dos movimentos de libertação nas colónias portuguesas, uma análise da liderança dentro desses movimentos, tendo no seu termo uma impressionante lista de abreviaturas de todas estas organizações, mais um glossário de termos portugueses.

Em sequência, de modo a que os leitores interessados conheçam elementarmente os grandes tópicos, Ronald Chilcote começa por contextualizar a posição oficial do Estado Novo, dando uma sequência de discursos de Salazar e Castro Fernandes, procede à leitura de Gilberto Freire, mostra a Lei Orgânica do Ultramar, a posição de Cunha Leal e Manuel Homem de Mello, Henrique Galvão e Humberto Delgado; temos depois o itinerário dos movimentos revolucionários de Angola, com destaque para discursos e tomadas de posição da UPA/FNLA de Holden Roberto, do GRAE (Governo Revolucionário de Angola no Exílio), as resoluções da FLEC, os documentos ideológicos de Mário de Andrade e Viriato da Cruz, Agostinho Neto, a documentação básica referente ao MPLA, as resoluções das suas conferências, o acervo de documentos que o Movimento enviou a instituições internacionais; temos, logo a seguir, o nacionalismo da Guiné Portuguesa e no arquipélago de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, Ronald Chilcote agendou um texto sobre os massacres em São Tomé, em 1953, as intervenções de Amílcar Cabral, de Henri Labéry, François Mendy, Miguel Trovoada, são inseridos os estatutos do PAIGC, da União Geral dos Trabalhadores da Guiné, isto a par da documentação da FLING, o memorando do PAIGC para o Governo Português (1/12/1960), bem como o memorando que Cabral remeteu para a Assembleia das Nações Unidas, em 1961, excertos de diferentes intervenções, por vezes com exageros colossais propagandísticos, como dizer que as tropas portuguesas tinham tido elevadas centenas de mortos na batalha do Como; segue-se o nacionalismo em Moçambique, é um acervo igualmente rico, com dados históricos de Moçambique, o desenvolvimento do seu nacionalismo apresentado por Eduardo Mondlane, a momentosa situação dos refugiados exposta pela sua mulher, Janet Rae Mondlane, as diferentes forças envolvidas na criação da Frelimo e de outros movimentos posteriormente desaparecidos também têm aqui lugar, como certas regras de liderança, houve quem tentasse afastar Eduardo Mondlane acusando-o de que estava ao serviço dos americanos, os programas da Frelimo, da UDENAMO (União Democrática Nacional de Moçambique, do Comité Secreto da Restauração da UDENAMO, da FUNIPAMO (Frente União Anti-Imperialista Popular Africana de Moçambique), do COREMO (Comité Revolucionário de Moçambique), e não faltam artigos como o de Marcelino dos Santos no contexto da Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP), em Casablanca, em abril de 1961, onde também tomaram a palavra Viriato da Cruz, Adelino Gwambe, Miguel Trovoada, são feitas referências à declaração geral produzida na II Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas que se realizou em Dar es Salaam, em outubro de 1965. No termo da obra, o cientista norte-americano apensa um conjunto de documentos que se prendem com tomadas de posição da ONU sobre o modo de resoluções, discussão até sobre a possibilidade de expulsar Portugal de várias agências. Em apêndice, o autor inclui notas da oposição, pré nacionalista e nacionalista com interesses na África Portuguesa, de diferente índole.

Um acervo documental único, mais de 600 páginas, estávamos em 1972, tanto quanto se sabe era a primeira vez que um estudioso congregava nas águas do mesmo rio a posição portuguesa, a oposição ao Estado Novo, de vários matizes, e a ascensão e consolidação dos movimentos de libertação da África Portuguesa. Documento incontornável para a história comparada de todos estes nacionalismos emergentes. Estranhamente, esta preciosa documentação é escassamente citada na bibliografia da especialidade.

Holden Roberto
Eduardo Mondlane
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19395: Notas de leitura (1140): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (68) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 5 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18381: Notas de leitura (1046): “A History of Postcolonial Lusophone Africa”, autor principal Patrick Chabal, com participações de David Birmingham, Joshua Forrest, Malyn Newitt, Gerhard Seibert e Elisa Silva Andrade, Hurst & Company; Londres, 2002 (1) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Maio de 2016:

Queridos amigos,
Continuo sem compreender como é que este livro não teve editor em Portugal ou Brasil em 2002, atendendo à investigação original e ao ineditismo do seu esquema básico: uma abordagem abrangente das cinco antigas colónias portuguesas em África.
Acresce que se juntou um naipe de oiro de grandes investigadores: Patrick Chabal, ao tempo professor do King's College em Londres, deve-se-lhe àquela que porventura é a melhor biografia internacional de Amílcar Cabral; David Birmingham, da Universidade de Kent; Joshua Forrest, professor da Universidade de Vermont e que deixa aqui um ensaio notável sobre a Guiné-Bissau; e também Malyn Newitt da Universidade de Londres e Gerard Seibert e Elisa Silva Andrade, investigadores com créditos firmados.
Sem hesitação, leitura recomendada para conhecer no grande ecrã 30 aos de história pós-colonial das cinco colónias portuguesas em África.

Um abraço do
Mário


A História da África Lusófona Pós-colonial: 
Uma investigação de leitura obrigatória (1)

Beja Santos

O livro intitula-se “A History of Postcolonial Lusophone Africa”, o autor principal é Patrick Chabal, nome cimeiro da investigação dos movimentos revolucionários e das repúblicas africanas lusófonas, aparece neste livro com participações de David Birmingham, Joshua Forrest, Malyn Newitt, Gerhard Seibert e Elisa Silva Andrade, Hurst & Company, Londres, 2002.

Logo nos agradecimentos, Chabal recorda a evolução positiva da historiografia sobre os países africanos lusófonos e apresenta este volume que coordena como uma tentativa de fornecer uma visão abrangente das cinco antigas colónias portuguesas em África, e confessa que se utilizou uma abordagem iconoclástica: apresentação da história dos cinco países a partir de dois anos complementares, o que têm de comum e de divergente da restante África, seguindo-se uma enunciação sistemática dos eventos que ocorreram depois da independência com a utilização de fontes de investigadores, oficiais, semioficiais e até jornalísticas; a procura de um contexto histórico rigoroso articulando o período pré-colonial com o pós-colonial; numa tentativa de ultrapassagem de uma visão estreita do foco lusófono, apresenta-se a evolução comparada e igualmente contrastada dos cinco países. O âmbito do estudo centra-se no período entre 1975 e 2000.

Temos em primeiro lugar o fim do Império e chama-se a atenção para uma declaração do MFA feita em 5 de Maio de 1974 em que é proposta uma nova e fraternal cooperação entre Portugal e Guiné, o que parece ilustrar a contradição entre um regime que existia numa solução militar e um estado de espírito dos sublevados que ofereciam uma colaboração desinteressada como forma de reparar os crimes do fascismo e do colonialismo. Recorda-se que o regime de Salazar e de Caetano recusou sempre negociações com os movimentos independentistas, estas só apareceram de forma muito dissimulada no estertor do regime. Estes movimentos anticolonialistas são encarados em três categorias: os vanguardistas, os tradicionalistas e os etno-nacionalistas. Como vanguardistas são invocados o MPLA, o PAIGC e a FRELIMO, não terá sido por acaso que eram todos provenientes de uma geração jovem, de um modo geral com formação universitária ou bases culturais e com uma preparação ideológica da Esquerda do seu tempo. Entre os movimentos tradicionalistas aparecem agrupamentos com brancos, pretos mestiços e indianos e o exemplo escolhido para movimentos etno-nacionalistas são apresentados a FNLA e a UNITA. Estas guerras foram sempre conflitos políticos, resultantes de uma total incapacidade de o regime de Salazar e Caetano se aperceber da insustentabilidade para as razões da potência colonial teimar em ficar em África. O PAIGC aparece como um movimento mais bem-sucedido quanto aos critérios da eficácia da luta anticolonial: preservação da unidade nacional, a despeito do mosaico étnico; enorme capacidade para a mobilização política das populações rurais; submissão da luta armada a objetivos políticos; eficácia para apresentar na cena internacional as chamadas áreas libertadas graças a um bom uso diplomático. É também observado que o espírito de a missão colonial se foi desgastando ao longo dos anos e no fim da guerra o moral das tropas dava sinais de ser crítico.

O estudo prossegue com uma perspetiva histórica da descolonização a partir do momento em que os movimentos de libertação conseguiram uma plataforma de entendimento, a CONCP – Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas que gerou um elevado espírito de solidariedade e que permitiu a Amílcar Cabral encontrar formas de comunicação verdadeiramente criativas para sensibilizar a opinião pública em muitos países onde dava entrevistas, fazia conferências, distribuía documentos, conversava e justificava a guerrilha dada a inflexibilidade do regime de Salazar e Caetano. Na hora da descolonização, os políticos portugueses foram confrontados com movimentos nacionalistas influenciados pelo marxismo. Todos eles enveredaram, na fase de arranque da vida independente, por nacionalizações, estatização económica, monopólio de comércio externo, contando com a ajuda dos países da Europa Oriental, Cuba, URSS e China.

Pôs-se, obviamente, o problema da unidade nacional e do Estado-Nação, com disparidade de respostas. No que toca à Guiné-Bissau, a unidade Guiné-Cabo Verde resistiu até 1980, Cabo Verde enveredou pela sua via específica de identidade nacional, no caso vertente da Guiné-Bissau nem o tremendo conflito político-militar de 1998-1999 fez minimamente questionar a afloração de conflitos étnicos, nunca se questionou em propriedade nacional mas também nunca se iludiu a fragilidade do Estado, logo patente nos primeiros anos da era de Luís Cabral em que o PAIGC se desentendeu com a questão rural e as expetativas dos agricultores que recusaram sistematicamente vender ao Estado as suas produções, transferindo-as em muitos casos para os países limítrofes. O livro estuda os efeitos da guerra, as especificidades do nacionalismo revolucionário e dedica um importante estudo à construção do Estado-Nação. Nesta aceção, é sequenciada a história da África portuguesa e as sequelas que deixou nos Estados pós-coloniais, comparando-os com os países vizinhos. A construção do socialismo é igualmente analisada com a deteção dos pontos frágeis e dos obstáculos para os quais os partidos vitoriosos se revelaram incapazes de ultrapassar. Esta construção do socialismo tem uma importante análise do contexto histórico nos cinco países. Chama-se à atenção para a inviabilidade de seguir políticas similares em Cabo Verde e na Guiné: Cabo Verde não podia hostilizar as comunidades sediadas nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, para já não esquecer a comunidade cabo-verdiana residente no Senegal; na Guiné-Bissau ensaiou-se um apelo à ajuda internacional dos países socialistas e acenou-se a uma ajuda dos países ocidentais, com os escandinavos e os Países Baixos à frente. Mas é uma leitura estimulante ler toda esta construção da Nação-Estado no xadrez africano, no permanente relacionamento entre os fatores internacionais e as políticas domésticas. Até porque os limites destes nacionalismos surgiram muito cedo quando se verificou que os partidos únicos se revelavam incapazes de conciliar o todo nacional.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18373: Notas de leitura (1045): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (24) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P17965: Notas de leitura (1014): “A PIDE no Xadrez Africano, Conversas com o Inspetor Fragoso Allas”, por María José Tíscar; Edições Colibri, 2017 (3) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 30 de Outubro de 2017:

Queridos amigos,

Aqui se põe termo às considerações sobre uma obra de leitura obrigatória para quem pretenda conhecer a montagem e o funcionamento das redes de informações a cargo da PIDE/DGS em Angola, nos países limítrofes, entre 1963 e 1970, e na Guiné, entre 1971 e 1973, 

Fragoso Allas foi protagonista cimeiro de tais atividades. Vemo-lo como alferes e tenente miliciano na Guiné, mais de quatro anos. Em 1962 ingressa na PIDE, depois de lhe ter sido recusada a carreira militar. A convite do inspetor São José Lopes vai para Angola, instala nova cifra e dá vida a um sistema de informações que envolve os dois Congos e a Zâmbia. É nessa fase de notoriedade que lhe determinam que deve ir para a Guiné, Spínola é muito insistente.

Renova a rede de informações, aproveita os comerciantes que se deslocam pelo Senegal e pela Guiné Conacri. Diz categoricamente que a PIDE na Guiné não foi minimamente havida e achada no assassinato de Cabral. Finda a sua comissão, vê as suas férias interrompidas, precisam do seu talento em Moçambique. Segue-se o 25 de Abril e mais tarde a fuga para a África do Sul.
Livro de leitura obrigatória.

Um abraço do
Mário


De leitura obrigatória: o diretor da PIDE/DGS na Guiné, no tempo de Spínola, na primeira pessoa (3)[1]

Beja Santos

António Fragoso Allas permanece na Guiné de meados de 1971 a Setembro de 1973, Spínola regressa em Agosto, Allas não aceita o convite de Bettencourt para ficar, diz-se exausto, fizera uma longa comissão na Guiné no período que antecede a eclosão da guerrilha, ingressa na PIDE, segue para Angola e daqui para a Guiné. Supusera vir desfrutar de uns meses de descanso. Mas em Março de 1974 é-lhe comunicado que devia assumir imediatamente o seu novo posto, Moçambique.

Todo este percurso consta do livro “A PIDE no Xadrez Africano, Conversas com o Inspetor Fragoso Allas”, por María José Tíscar, Edições Colibri, 2017.

A sua presença na Guiné foi aqui observada com detalhe. Não é despiciendo tudo quanto ele vai fazer em Angola, logo em 1963, a convite do inspetor São José Lopes. Aqui se inicia uma longa conversa sobre a reorganização da rede de informações, em postos de fronteiras cruciais, com a colaboração de alguns comerciantes e explica porquê:  

“Os guerrilheiros vindos dos países vizinhos entravam no território nacional e, mais tarde ou mais cedo, precisavam de comprar coisas, desde uns fósforos até mercurocromo para as feridas. Se o comerciante era pessoa que estava atenta e quando alguém lhe dizia isto é para os que estão lá, logo se começava a saber algo. Esse próprio comerciante podia chegar a tornar-se a cabeça de uma rede de informadores, dado que ele estava em condições de fazer favores ou fornecer qualquer coisa aos guerrilheiros, que depois nós compensávamos, pagando as coisas fornecidas ou patrocinando-lhe algum favor. No Leste de Angola, os madeireiros sabiam muita coisa. Eles tinham as serrações instaladas no mato. O importante é que eles tinham assalariados africanos e estes, mais tarde ou mais cedo, quando se estabelecia alguma confiança, falavam e começavam a ser ponto de ligação com o outro lado”.

Allas recebera uma importantíssima missão: melhorar a qualidade das informações, intensificar as relações com as autoridades dos países vizinhos onde isto podia ser feito, caso do Congo-Kinshasa ou na Zâmbia. O entrevistado detalha o seu trabalho, o trabalho com a rede de Léopoldville, a criação de corpos auxiliares (o antecedente dos “Flechas”), o que se sabia sobre a FNLA, o MPLA e a UNITA, as operações para intimidar a Zâmbia, grande apoiante do MPLA. E depois Kinshasa, havia que dividir para reinar, estimular o ódio de Mobutu pelo Congo-Brazzaville, deixá-lo intimidado com os catangueses instalados em Angola.

Mesmo depois de Mobutu ter cortado relações com as autoridades portuguesas, as coisas mudaram a partir de 1969, o tirano de Kinshasa propunha às autoridades portuguesas de Angola que convidassem Holden Roberto para visitar Angola e negociar com ele o pagamento a fazer pelos portugueses de todas as contas decorrentes da guerra conduzida pela FNLA contra o MPLA. E Fragoso Allas observa: “Se tivesse sido aceite o plano de Mobutu não teria sobrado um MPLA vivo”.

As autoridades portuguesas rejeitam, o circuito informações em Kinshasa não perdeu importância, a PIDE colaborou nas operações em Brazzaville, era imprescindível desestabilizar o regime de esquerda, chegou mesmo a propor-se a operação Bikini, o Governo de Caetano rejeitou a participação portuguesa, havia o receio de que Mobutu pretendesse ocupar Cabinda. Com minúcia, Allas expõe o seu relacionamento com as figuras gradas as informações zairenses, como se constituíra a rede de espiões em Brazzaville, dá conta do relacionamento entre as autoridades portuguesas e a UNITA, contactos que se estabeleceram na zona Leste, em 1972 e explica:  

“Os aspetos mais importantes, para os interesses portugueses, em todo este processo de conversações resume-se em três pontos: Em primeiro lugar, a obtenção de informações sobre a atividade do MPLA e da FNLA na zona militar Leste e dados referentes às bases e meios do MPLA na Zâmbia. Em segundo lugar, conseguir que a UNITA atue contra o MPLA e a FNLA, sobre coordenação do comando militar português e nas áreas determinadas por este. Esta coordenação conduziu a resultados dignos de menção. Em terceiro lugar, a não intervenção das forças da UNITA contra as tropas portuguesas, as quais, por sua vez não interfeririam com os guerrilheiros daquele movimento quando atuavam nas zonas que tinham atribuídas para a execução de ações devidamente autorizadas para comando português. Em troca desta colaboração por parte da UNITA, as autoridades portuguesas comprometiam-se a satisfazer duas solicitações de Savimbi: o fornecimento de diverso material (medicamentos, sementes, material escolar básico, animais de raça caprina) e, além disso, a assistência de um médico militar português a Savimbi, doente na mata, o que foi concretizado em 2 de Dezembro de 1972”.

É este o inspetor da PIDE a gozar de prestigioso currículo que é chamado para a Guiné, pelo seu trabalho receberá um prestigiante louvor.

Já vimos que as suas férias foram interrompidas, é enviado para Moçambique em 1974. Fala-se do apoio discreto dado por Baltazar Rebelo de Sousa à GUMO (Grupo Unido de Moçambique), cuja figura de proa era Joana Simeão, havia que cooperar no estreitamente de relações entre Portugal e a República da África do Sul e fala-se no plano ALCORA, Allas apresenta-o:  

“O plano ALCORA tinha interesse porque permitia a compra de importante material de guerra. Estão a dizer que era muito importante mas só o era por este lado. Nós comprávamos aviões C-130 e T-6 de treino à República da África do Sul que ali tinham chegado ao fim da vida e nós transformávamo-los em aviões de combate”.

Fala-se a seguir na operação Coliflower, organizada por militares rodesianos. Quando detetavam um grupo da ZANU registavam nos mapas da grande sala de operações e enviavam os helicópteros Alouette III. A seguir iam no seu encalço, dividindo-os em pequenos grupos até os exterminar completamente.

Era previsível que Fragoso Allas assumisse o cargo de diretor da DGS em Moçambique, entretanto dá-se o 25 de Abril, em Maio o General Costa Gomes manda-o prender Jorge Jardim na Beira, aqui descobriu que Jardim nada tinha a ver como fomentador das manifestações contra os militares, além disso não estava na Beira, encontrava-se em Lisboa.

A conversa deriva para o desmantelamento da PIDE, inicialmente supusera-se o aproveitamento da PIDE em África como polícia de informações militar, mas tudo estava em derrisão, os Flechas já tinham fugido para a Rodésia. Segue-se a operação Zebra que tinha finalidade de deter na sua quase totalidade os quadros da direção e investigação da extinta DGS. Allas recebe guia de marcha para Angola, descreve o clima convulsivo que se vive em Luanda. Spínola demite-se após os acontecimentos de 28 de Setembro de 1974, Fragoso Allas, via Madrid, ruma para a África do Sul, dedicou-se a negócios. Anos mais tarde, passou a visitar Portugal.

O livro inclui um anexo fotográfico e um anexo documental bastante interessante. Doravante, não se pode estudar as redes de informações instituídas pela polícia política do antigo regime sem consultar este imprescindível trabalho.
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Nota do editor

[1] - Vd. postes de:

30 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17917: Notas de leitura (1009): “A PIDE no Xadrez Africano, Conversas com o Inspetor Fragoso Allas”, por María José Tíscar; Edições Colibri, 2017 (1) (Mário Beja Santos)
e
6 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17940: Notas de leitura (1011): “A PIDE no Xadrez Africano, Conversas com o Inspetor Fragoso Allas”, por María José Tíscar; Edições Colibri, 2017 (2) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 10 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17956: Notas de leitura (1013): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (8) (Mário Beja Santos)

domingo, 24 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17794: Bibliografia de uma guerra (81): “A Guerra Civil em Angola - 1975-2002”, por Justin Pearce; Tinta da China, 2017 (Mário Beja Santos)



1. Em mensagem do dia 18 de Setembro de 2017, o nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), fala-nos do livro "A Guerra Civil em Angola", um período conturbado que aquele país viveu entre 1975 e 2002.


A guerra civil em Angola, por Justin Pearce

Beja Santos

Como soe hoje dizer-se, é muito provavelmente o livro mais rigoroso, mais documentado e que melhor retrata algo que até agora a historiografia da guerra civil não considerava como matéria essencial: como viveu a população angolana a guerra civil, como definiu a sua identidade política com os dois poderosos contendores, o MPLA e a UNITA?

Até agora as investigações partiam do entendimento de que o conflito angolano não passava de um produto da Guerra Fria, os acordos de Bicesse não tinham surgido por iniciativa da sociedade angolana, era uma solução desenhada por atores políticos exteriores a Angola. Logo em 1993 a guerra civil eclodiu com um fragor mais destrutivo do que nunca, os estudos minimizam as continuidades ideológicas e de identidade em que passou a contextualizar-se um MPLA entendido como um partido urbano e a UNITA olhada como o partido das matas. Eram duas forças frontalmente antagónicas, o MPLA liderado por intelectuais, a UNITA comandada por um chefe absoluto e indiscutível. O investigador britânico preambula o seu trabalho falando sobre Angola e a natureza da pretensa política e aborda a questão da identidade. Será um trabalho permanentemente atravessado por depoimentos de pessoas que viveram os transes da guerra civil.

A intervenção externa foi o gatilho que levou à declaração do conflito, os contendores escolheram apoios declarados: a UNITA recebeu algum armamento de África do Sul, vieram depois instrutores; o MPLA recebeu apoio cubano e soviético. “A supremacia da UNITA na região do Planalto Central, em Agosto de 1975, e o controlo de Luanda por parte do MPLA, na mesma data, ficaram sobretudo a dever-se à mobilização local apoiada pela aprovação ativa ou tácita do Estado português. Em Agosto de 1975, estava definido o caráter territorial do conflito angolano”. A FNLA, terceiro movimento, foi sol de pouca dura, rapidamente esmagado pelas tropas do MPLA. Onde o MPLA controlava era violento e procurava a imagem de ser o único grupo de libertação capaz de coordenar um governo; a UNITA, nos territórios onde era preponderante, sem se subtrair a que vivia em guerrilha contínua e sempre dominada por uma ideologia flutuante, onde não estava excluída uma certa simpatia maoísta, privilegiava a educação e a saúde, eram estes os eixos das respetivas propagandas. Liquefeito o diálogo, Agostinho Neto a independência em Luanda e Savimbi anunciava a criação da República Democrática de Angola no Huambo.

Com detalhe, o investigador debruça-se sobre a UNITA, como esta se vai retirando das cidades e lança-se no novo tipo de guerrilha, assentava o seu poder em comunidade camponeses, muitas vezes sujeitas a uma vida ditatorial. O MPLA assentou raízes na construção de um estado urbano e dentro de uma certa lógica: “Consolidou o seu poder nas zonas de Angola por si controladas durante a guerra civil através da instauração de uma visão de desenvolvimento orientada pelo Estado, e da definição do discurso público sobre o papel do Estado e do partido na concretização dessa visão”. A questão da identidade e do sentido de pertença a um movimento é escalpelizada no importante capítulo sobre a migração e identidade, ilumina-se ao pormenor as complexidades da identidade política e a sua relação com o controlo político, no contexto de uma estratégia governamental assente na deslocação de populações como forma de cortar o fornecimento de apoio material à UNITA. Analisa-se, em sequência o desempenho da UNITA no Planalto Central, entre 1976 e 1991. É tempo de responder ao modo como o povo interpretou e reagiu à disputa pelo poder, nos anos que se seguiram às eleições de 1992, são fatores interligados: as anteriores filiações no plano individual; a proximidade ou envolvimento das populações no processo de construção do Estado liderado pelo MPLA; o grau de dependência dessas populações em relação à economia urbana; a dicotomia entre cidade e campo, que se exprimia na ideia do partido urbano ou do partido das matas. “Os entrevistados quando se referiram a questões de legitimidade política e filiação depois de 1992, as considerações ideológicas estavam praticamente ausentes do seu discurso, já que todos avaliaram o MPLA e a UNITA com base no tipo de condições de vida proporcionadas por cada um”.

E no rescaldo da morte de Savimbi, primou o discurso dos vendedores. Como lembra o autor, o MPLA mantém uma ideologia que dificilmente se coaduna com as ideias de reconciliação. No 20.º aniversário da batalha de Cuíto Cuanavale, José Eduardo dos Santos apelou à propaganda, dizendo que a batalha dera origem a mudança profundas na África Austral, abrindo perspetivas para a queda do regime Apartheid, é um discurso que não menciona a existência de angolanos nos dois campos do conflito e a importância decisiva do apoio militar cubano ao MPLA. Este partido, sempre que necessário, convoca as memórias da luta anticolonial e repudia as diferentes oposições dizendo-se do lado da paz e da tranquilidade e que os críticos mais não oferecem que desacato, destruição e desordem. Quando se chegou à paz, depois da morte de Savimbi, desarticularam-se os núcleos populacionais da UNITA, o Estado/MPLA arvorou-se na legitimidade política sem limites. Sobre a trajetória e a organização do seu trabalho, Justin Pearce também dá explicações: “O que estava em causa era saber qual das duas elites era a herdeira legítima da autoridade conferida pelo conceito de Estado, uma questão que foi elidida por outra: qual das duas elites estava mais habilitada a transformar o Estado enquanto conceito teórico numa realidade. A melhor forma de compreender as mudanças verificadas na adesão política ao longo da guerra é vê-las como uma reação a circunstâncias e realidades em constante mudança. Embora durante a guerra, o controlo do território pendesse ora para o MPLA ora para a UNITA, no que diz respeito à identidade política o movimento foi, em larga medida, unidirecional”. E a concluir: “O MPLA venceu a guerra graças ao seu poderia militar. O fim da guerra, porém, foi o culminar de um processo no qual o potencial de fogo, o derramamento de sangue e a fome foram utilizados para transformar as possibilidades do que era imaginável”.

De leitura obrigatória.
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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17789: Bibliografia de uma guerra (80): “Changing the history of Africa”, por Gabriel García Marquéz, Jorge Risquet e Fidel Castro; Ocean Press, Austrália, 1989 (Mário Beja Santos)

terça-feira, 15 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9904: Caderno de notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (22): Havia mais "PALOP" (entendimentos) antes das independências

1. Mensagem do nosso camarada António Rosinha, (ex-Fur Mil em Anagola) topógrafo na TECNIL na Guiné-Bissau, depois da sua independência, com data de 11 de Maio de 2012:

Havia mais "PALOP" (entendimentos) antes das independências

Guerra colonial portuguesa, Guerra do Ultramar, Luta de Libertação Nacional de Angola, Guerra de Independência da Guiné-Bissau, Luta de libertação de Moçambique, sem falarmos nos casos de São Tomé e Cabo Verde, são tantos os nomes da guerra da geração dos que nasceram nas décadas de 40 e 50 do século passado, que todos os nomes se podem ajustar a cada circunstância.

Mas se quisermos balizar a guerra entre as datas que provocam a frase “para Angola e em força” de Salazar, até à entrada de Marcelo Caetano no Chaimite de Salgueiro Maia, então se quisermos ser realistas com a história, foi como “Guerra do Ultramar”, nome com que no continente e ilhas era alcunhada a guerra pelos soldados que embarcavam no continente e ilhas, a caminho das colónias.

Mas para os movimentos que lutaram contra os que iam do continente e ilhas e imensos que eram naturais das colónias, essas datas dizem muito pouco, pois eles próprios, que são vários movimentos, cada qual tem as suas datas, ignorando mesmo as datas importantes dos outros movimentos irmãos.

E exigem para cada um, o seu próprio protagonismo, e hoje, até fazem por ignorar os feitos dos “irmãos” e assumiram as suas próprias datas comemorativas, exclusivas e isoladas uns dos outros, quando na realidade foi em conjunto que trabalharam.

Esta é uma realidade que se quer varrer para debaixo do tapete pelos 5 PALOP, que estiveram sempre associados na luta contra o colonialismo português, e hoje quase se ignoram.

Claro que podem ser encontradas razões para esse afastamento entre os governos MPLA/FRELIMO/PAIGC/PAICV
(Não incluo aqui São Tomé nem a UNITA nem FNLA nem RENAMO porque estes foram secundarizados por aqueles).

É que o protagonismo dos dirigentes desses movimentos “vitoriosos” que se relacionavam entre si a nível internacional, era tão excessivo que apagaram o sacrifício que os povos sofreram, tanto dos que acreditaram nesses movimentos como aqueles que ainda hoje não acreditam.

E como esses dirigentes, que se conheciam todos uns aos outros e se entendiam bem, eram tão poucos que rapidamente foram sendo apagados e excluídos politicamente e até eliminados fisicamente alguns, e hoje “desconhecem-se” mutuamente, após as independências e as vicissitudes que se seguiram, porque os dirigentes que “sobraram” eram desconhecidos uns dos outros.

Ao contrário do que se passava no tempo colonial, que havia uma união entre os principais protagonistas da luta anti-colonial, e mesmo entre eles e a oposição política portuguesa metropolitana, e agora não há CPLP nem PALOP “que lhe valha”, e é uma pena que a tal elite tradicional que existia se tenha apagado tanto, embora fosse previsível que tal acontecesse.

Era uma mais valia enorme para todos os 5 PALOP, pois havia muito entendimento entre eles e é a união que faz a força, pode ser que um dia reapareça essa união que existiu, o que parece difícil.

A conjugação de esforços e entendimento entre os dirigentes dos referidos movimentos era tal que no caso de Amílcar Cabral é considerado nos relatos históricos como co-fundador de MPLA, angolano, e do PAIGC.

E após as independências, no caso da Guiné é bem conhecida a colaboração de guineenses e cabo-verdianos do PAIGC que se prolongou durante bastantes anos, e acabou essa colaboração com maus resultados para o futuro da Guiné.

Mas sabemos que não era a colaboração que estava errada, mas as políticas “importadas” e completamente erradas e contrárias ao espírito dos povos e que não diziam nada às pessoas, e que acabaram num virar de costas, mau para todos.
(Absurdos como ideologias guevaristas em balantas, Ganguelas e macuas ou beirões e algarvios, nem em Cuba foi bom)

Ainda no caso da Guiné, conhecemos no tempo de Luís Cabral, um angolano como ministro do governo guineense, Mário Pinto de Andrade, que foi, durante a luta anti-colonial um dos presidentes do MPLA.

Mas como todos os casos semelhantes a Mário Pinto de Andrade, que já era um “exilado” de Angola, tornou-se exilado também da Guiné, foi péssimo a fuga dos mais informados.

E foram milhares de angolanos, guineenses, e de todos os PALOP, que se “exilaram” em Portugal, no Brasil e por todo o lado. Por cá, ainda há quem chame a alguns de retornados. Mas periodicamente, durante estes 38 anos de independências, os mais informados vão-se afastando dos seus países.

Embora muitos países em África descolonizada tenham problemas semelhantes, no caso das ex-colónias portuguesas têm uns problemas específicos, à vista de todos.

Menciono dois:

Um desses problemas mencionava-o Samora Machel numa visita a Portugal num discurso com Ramalho Eanes, presidente, dizia Samora que: “…todos têm pai, só nós (moçambicanos) não temos pai", referia-se à colaboração dos vizinhos com a Inglaterra. (neocolonialismo???), chame-se o que se queira, mas da parte de Portugal era impossível impor-se à “bola de neve” que esses movimentos criaram, que até os próprios dirigentes esmagou.

O outro enorme problema específico é o êxodo quase total da tal elite que Amílcar falava como a “burguesia “ que corria o risco de se suicidar, mas que tanta falta fazia viva, mas bem viva, porque eram patriotas, bem formados e formavam uma sociedade sã e adaptada aos vários ambientes étnicos, religiosos e culturais e já não se consideravam nem eram vistos pelas etnias, como simples colonos, embora a maioria fossem brancos ou mestiços e muitos eram negros já desintegrados da respectiva etnia.

Não se suicidou, mas exilou-se contra a vontade da maioria deles que não viram maneira de contrariar as forças internacionais, tremendamente malignas para todas as etnias africanas, que a “demagogia das independências” atraiu naquele momento errado.

Claro que esta gente que (conheci e fui colega de centenas) teve que se “exilar”, também deita muitas culpas para cima da tropa e dos políticos tugas, por certas coisas correrem tão mal.

Mas para a “morte ter desculpa”, quando vemos as revoluções e os massacres por motivos étnicos, religiosos, fronteiriços ou políticos em África, se for nas ex-colónias portuguesas pode-se dizer que a culpa foi do atraso em que Portugal deixou aqueles territórios, noutros casos fica à responsabilidade da ONU, essa abstracção.

Quando digo que havia mais PALOP (entendimento) entre aqueles cidadãos desses futuros países, havia mesmo uma irmandade tão saudável e até com alguma rivalidade competitiva e orgulho na própria terra que era entusiasmante e saboroso conviver e assistir ao entusiasmo daquela gente, antes do terrorismo do Norte de Angola e mesmo depois.

Mas há certos motivos para explicar a diminuição de um sentimento “PALOP”, mas deixo para momento mais propício,

Claro que a Europa colonialista cansada da guerra da Índia, da guerra da Indochina, da 2.ª Grande Guerra, optou por ver os outros em guerra, sozinhos.

Alguns de nós portugueses, assim como em tudo, seguimos sempre a Europa um pouco mais atrasados, tinha que ser.

Um abraço e coragem para os editores “editarem sempre”
António Rosinha
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 25 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9655: Caderno de notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (211): TECNIL, importante empresa de obras públicas, que desaparece do mapa (Parte III)