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quinta-feira, 19 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1971: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (9): Janeiro de 1969, o abandono de Gandembel/Balana ao fim de 372 ataques

Guiné > Região de Tombali > Gandembel > CCAÇ 2317 (1968/69) > Janeiro de 1969

Foto 415 > "Uns dias antes do abandono de Gandembel/Balana [, em 28 de Janeiro de 1969,]Spínola também viria cá despedir-se".

Foto 414 > "Já o PAIGC utilizava o morteiro 120, quando nos foi enviado um exemplar idêntico"

Os homens da Companhia, essencialmente oriundos do Norte e do distrito do Porto, professavam o catolicismo com muita crença e fervor Foto 409 > "Uma missa rezada em Gandembel"


Foto 410 > "Um local de oração em Ponte Balana"

Alguns aspectos demonstrativos de determinadas facetas que os homens de Gandembel viveram

Foto 411 > "Os furriéis Vasco Ferreira e António Nabais, no Hospital em Bissau, em cura dos efeitos de estilhaços"

Foto 412> "Eu e os meus furriéis, Mário Goulart e Viriato Veiga, a tentarem desenhar o emblema da Companhia"


Foto 413 > "O grupo da ferrugem, com os condutores e os mecânicos, sob a tutela do pesado furriel Jorge Pinho

E em 28 de Janeiro, nos despedimos definitivamente de Gandembel e Ponte Balana



Foto 416 > "A ligação Gandembel a Ponte Balana, pela estrada velha (a do Balanazinho), também deixava de ser utilizada"

Foto 417 > "Do mesmo modo, a picada que nos levava à água no rio Balana e que fazia a ligação a Ponte Balana"

Foto 418 > "E também a placa indicativa, já não se tornava necessária"

Fotos e legendas: © Idálio Reis (2007). Direitos reservados..


IX Parte da história da CCAÇ 2317, contada pelo ex-Alf Mil Idálio Reis (ex-alf mil da CCAÇ 2317, BCAÇ 2835, Gandembel e Ponte Balana 1968/69) (1). Texto enviado em 28 de Fevereiro de 200. Continuação (1).



Visita do Spínola, do Bispo de Madarsuma e das Senhoras do MNF e do jornalista César da Silva no Natal de 68

Seria uma lembrança do Natal, que se aproximava? Não o foi, pois que até lá não recordo qualquer confronto, mínimo que seja. Pelo Natal, dada a solenidade do dia, chegam 2 helicópteros: um trazendo o bispo de Madarsuma, vigário castrense das Forças Armadas e um repórter do extinto Diário Popular, de nome César da Silva; outro, com Spínola e elementos do Movimento Nacional Feminino.

Após a saudação de Spínola e algumas ofertas de aerogramas e esferográficas por parte das senhoras do MNF, o seu helicóptero descola com menos carga, pois o Pai Natal deixara um saco de bacalhau e alguns frescos.

O prelado celebra a missa. No entanto, mal a finaliza, também o PAIGC o sauda em baptismo de fogo, através de uma série de morteiradas. Atónito com este desenlace, o bispo vê-se agarrado por um soldado que o empurra para dentro de uma caserna. E em breve, também se despede de Gandembel.

O dia de Natal teve a sua consoada ao almoço, com um rancho melhorado, que o Comandante-Chefe tivera a gentileza de ofertar.

E o ano de 1968 finalizava, tantos meses passados em Gandembel/Ponte Balana, tantos doentes com paludismo e outras enfermidades, e que me recorde, só por 2 vezes, tivemos a visita de um médico. Os homens qualificados para tratar as maleitas do corpo e da alma, ficavam empatados.

E no aspecto dos cuidados de saúde, com inteiro mérito, é justo salientar o trabalho empenhado e abnegado dos nossos 2 enfermeiros: o Pires Costa e o José Maria Carneiro (este passou algum tempo em Bissau, na recuperação de ferimentos de alguma gravidade em resultado de uma coluna de reabastecimentos).


Que destino, para o Novo Ano de 1969 ? ... A notícia do abandono!


E 1969 despontava, sem nada conhecermos quanto ao destino que nos estava reservado. O PAIGC, felizmente para nós, também se parecia alhear da nossa presença, a não ser de uma forma muito fugaz, como os dias 9 e 14, com envio de mais um conjunto de morteiradas, não mais que meia centena, em cada vez.

E num relance tudo se altera. É dado a conhecer aos subalternos, a decisão do Comandante-Chefe de abandonar Gandembel e Ponte Balana, em data que não seria precisa e que o nosso destino seria muito provavelmente a província de Cabo Verde. Na antevéspera chegou-nos a confirmação que o abandono havia de ter lugar na madrugada do dia 28 de Janeiro, e o destino imediato seria Aldeia Formosa.

Como é fácil reconhecer, o que nunca faltou em Gandembel, foi um paiol bem fortalecido. E tornava-se necessário dar destino a inúmeros caixotes de munições, uma vez que não se dispunham de suficientes viaturas para os transportar de volta.

Reconheço hoje, que optámos pela pior solução. Em vez de se enterrarem todas as munições, como foi o caso dos caixotes das armas ligeiras e pesadas, decidiu-se, com excepção das granadas defensivas, e por premência de muitos soldados, que as granadas de morteiros e dos rockets serem gastas em fazer fogo, a esmo, como também as granadas ofensivas.


Na véspera da despedida, temos a 9ª e última baixa mortal´


Porventura, pela felicidade de abandonar aquele local tão aterrador, os ânimos exaltaram-se, sentimentos que se toldaram, perdeu-se serenidade e sangue-frio, a presença de espírito arredou-se.

Embora se se pedisse a melhor das atenções, no desperdiçar das granadas ofensivas, que não molestam o atirador desde que este se protegesse, na véspera da despedida, perde a vida por imprevidência, em acidente com arma de fogo, o 9º e último elemento da Companhia, o soldado António Moreira, de Joane, concelho de Vila Nova de Famalicão.

Logo que se toma conhecimento deste infausto acontecimento, tudo parou e as restantes munições ficaram por lá espalhadas. Houve ainda tempo, para se proceder à sua evacuação para Bissau.

À alvorada do dia 28, o armamento pesado é desactivado, a bandeira nacional é arriada, o gerador é colocado num Unimog, e eis que partimos em definitivo de Gandembel, passámos por Ponte Balana (ali ao lado) a buscar o grupo que aí estava e seguimos para Aldeia Formosa.


As prováveis razões de Spínola

Em definitivo, Spínola resolvera arquivar o dossiê de Gandembel/Ponte Balana. Mas, que razões o terão levado a tomar este propósito, de mandar evacuar estes postos militares, quando a situação geral tinha melhorado substancialmente nos últimos tempos?

Tento entrevê-las, ler-lhes o significado para poder emitir o meu juízo, obviamente muito subjectivo.

Spínola sempre julgou que a construção daquele aquartelamento, naquele tempo e naquelas condições, fora um colossal erro estratégico. Gandembel, fora o grande palco da guerra a que a Guiné no ano de 1968 esteve sujeita, e sempre na lista negra das más notícias.

Não se conseguiu travar ou mesmo minimizar as acções que o PAIGC mantinha no interior da Província, mesmo nas regiões do Oeste, o que comprova que o abastecimento oriundo da Guiné-Conacri continuou a processar-se sem grandes constrangimentos.

Fez acirrar ódios nas zonas envolventes a Aldeia Formosa, levando o PAIGC a agir de forma violenta e brutal, semeando o pavor nas populações indígenas que povoavam esses chãos. E, para tornar estas áreas mais sossegadas, é obrigado a fazer uso de tropa de elite, um bem demasiado escasso e tão necessário na vastidão da Província.

Em suma, Spínola julga que, de todo, Gandembel/Ponte Balana, não são garantes para a estratégia que urdira para a Guiné. De modo, que aproveita-se um pouco da situação de maior alívio, conquistada recentemente, e prefere sair sem o amargo travo da humilhação, mas com um pequena dose de honra e glória.

Utilizou os estratagemas que estavam à sua mão. E decidiu, porventura angustiado, por que não desejava que houvesse outros maus exemplos, apesar de sentir que a evolução da guerra crescia de forma exponencial.

Foi uma decisão acertada? Se se atender aos factos que ocorreram posteriormente, claramente julgo que não. O PAIGC fica quase inteiramente livre, e amplifica o seu arco de actuação, de modo retumbante, com uma forte actuação nas zonas de Buba, Aldeia Formosa e Guileje. Os casos mais conhecidos nos tempos imediatos, como o brutal desastre de Madina do Boé, a morte dos 3 majores, o aprisionamento do capitão cubano Peralta, a odisseia que foi a construção da estrada de Buba−Aldeia Formosa, são bastante paradigmáticos.

Spínola, ao aperceber-se da situação de desastre a que a Companhia estava votada, do forte poder bélico que o PAIGC demonstrava, seria mais ousado na antecipação da retirada. E evitaria as perdas sofridas de muitos militares.

Na qualidade de ex-militar que viveu todos os dias de Gandembel/Ponte Balana, sinto que, os homens desta Companhia foram uns meros joguetes de uma estratégia macabra, hedionda, vergonhosa. Jamais teve, até à chegada dos paraquedistas, o apoio que merecia. E tenho de reconhecer em Spínola, um militar de uma enorme dimensão, pois que se não fora a sua persuasão, talvez poucos homens desta Companhia restariam.

E talvez por isso, reconheço que havia felicidade estampada nos nossos rostos quando deixámos Gandembel, não o nego. Mas, para trás, ficava definitivamente um palco infernal, e já bastava de tanto castigo.

Mas o abandono não foi da nossa laia. E hoje, ao escrever estas linhas, perpassa algum frémito de emoção, porquanto os momentos dramáticos foram tantos e tão intensos quanto as marcas profundas de sofrimento ou as incontornáveis mazelas taciturnas e dolentes. As violências pessoais, só contaram para o inventário de nós mesmos.

Resistimos sem vacilações ou soçobros, mas tudo parece ter-se volatilizado num ápice, quando o que ocorreu se prolongou por quase 11 meses. E talvez por isto, porque não sei descrever de outro modo, por lá restaram as nossas sombras ou mesmo os fantasmas que tantas vezes ainda nos assolam.

De todo, a odisseia de Gandembel/Ponte Balana ficava encerrada, e cabe-vos agora a vez de lerem a transcrição de uma parte da reportagem do Diário Popular:

A fixação em Gandembel não foi, de modo algum, obra fácil. Pelo contrário, exigiu esforços e sacrifícios indizíveis. Para que o leitor possa fazer uma ideia aproximada, dir-lhe-emos apenas o seguinte; Gandembel tem a superfície de 40 decâmetros quadrados e está toda minada de valas e cercada de arame farpado com espaços armadilhados; os soldados vivem em abrigos fortificados, construídos com milhares de toneladas de toros de árvores, pedra e terra removida. Pois tudo isso foi feito a braços, visto que os nossos rapazes só dispunham de uma moto-serra e duas viaturas. No gigantesco trabalho participaram todos os soldados, com a respectiva arma numa das mãos e, na outra, uma pá, um machado, uma picareta ou, simplesmente, nada!. Trabalharam continuamente, de dia e de noite, mas apenas nos intervalos dos combates que eram obrigados a travar ou que eles procuravam por força das circunstâncias, pois Gandembel nunca deixou de constituir alvo permanente para o inimigo, que contra ele ainda hoje dirige brutais ataques, quase sempre apoiados por armas pesadas.

No conjunto das fotografias que consegui obter, e que vou enviando, faço ressair uma que efectivamente é bastante elucidativa do que intentei dar-vos nota: Gandembel, entre pequenos e grandes, de maior ou menor duração, mais ou menos sofridos, sofreu 372 ataques.

Desejaria, ao terminar esta descrição sobre Gandembel/Ponte Balana, tão-só confirmar que o rio Balana e o seu pequeno Balanazinho, (nas partes que me foi dado conhecer), formavam uma paisagem de uma rara e extasiante beleza, com um tipo de vegetação arbórea e arbustiva muito rica e diferenciada. A fauna era abundante e muito variada, e tantas vezes nas suas margens, no rumorejar das águas, ainda continuo a ouvir o mavioso cacarejo de bandos de galinhas do mato, que por ali abundavam placidamente.

E o que foram as colunas de reabastecimento para Gandembel?

Até breve. Um cordial abraço do Idálio Reis.

(Continua)

_____________

Nota de L.G.:

(1) Vd. posts anteriores:

16 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1530: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (1): Aclimatização: Bissau, Olossato e Mansabá

9 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1576: Fotobiografia da CAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (2): os heróis também têm medo

12 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1654: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (3): De pá e pica, construindo Gandembel

2 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1723: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (4): A epopeia dos homens-toupeiras

9 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1743: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (Idálio Reis) (5): A gesta heróica dos construtores de abrigos-toupeira em Gandembel

23 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1779: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (6): Maio de 1968, Spínola em Gandembel, a terra dos homens de nervos de aço

21 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1864: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (7): do ataque aterrador de 15 de Julho de 1968 ao Fiat G-91 abatido a 28

8 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1935: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (8): Pára-quedistas em Gandembel massacram bigrupo do PAIGC, em Set 1968

domingo, 8 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1935: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (8): Pára-quedistas em Gandembel massacram bigrupo do PAIGC, em Set 1968

A deslocalização de um permanente efectivo de pára-quedistas foi fundamental para o surgimento de uma fase de muita maior tranquilidade, que resultou numa acentuada diminuição belicista por parte do PAIGC.

Guiné > Região de Tombali > Gandembel > CCAÇ 2317 (1968/69) > Agosto/Dezembro de 1968

Foto 406 > "A maior quantidade de armamento capturado num patrulhamento dos paraquedistas [, em 7 de Setembro de 1968]"

Foto > 407 > "O resultado de um outro patrulhamento"

Foto 408 > "Mais outro resultado de uma deambulação pára-quedista".


Um aquartelamento finalizado, que acaba por ser abandonado com pouco mais de 10 meses de construção. E no seu último período, foi possível propiciar alguns momentos de lazer, mercê de alguns melhoramentos complementares.

Foto 401 >" Uma visão exterior do aquartelamento"

Foto > 402 > "Outra panorâmica externa de Gandembel"

Foto 403 > "Um dos melhoramentos de interior: a messe dos oficiais".

Foto 404 > "Alguns recantos para confraternização" .

Foto 405 > "Uma gazela morta numa das armadilhas, oferecerá um belo ágape"



Assunto: Uma longa vida em Gandembel suspensa da decisão do Comandante-Chefe. E ante tantas adversidades, num ápice tudo se esfuma da forma mais indigna: o abandono. Gandembel/Ponte Balana, de 4 de Agosto às vesperas do Natal de 1968.


Caros Luís e demais companheiros Tertulianos:

A catástrofe de 4 de Agosto foi demasiado punitiva e voraz, criando um profundo sentimento de perda. E, atendendo às circunstâncias com que nos deparávamos no quotidiano, reconheci na pungente dor do luto, que a Companhia perdia temperamento e vivacidade, com as vontades a fenecerem.


Fotos e legendas: © Idálio Reis (2007). Direitos reservados.


VIII Parte da história da CCAÇ 2317, contada pelo ex-Alf Mil Idálio Reis (ex-alf mil da CCAÇ 2317, BCAÇ 2835, Gandembel e Ponte Balana 1968/69) (1). Texto enviado em 28 de Fevereiro de 200. Continuação (1).



20 de Agosto de 1968: reforço de 2 Gr Comb de Páras (2)

Este desalento, talvez mesmo dilaceração, que parecia propender para a resignação em alguns de nós, não era de bom auspício nesta melindrosa fase em que o PAIGC nos fustigava insidiosa e desmesuradamente.

E porque não se antevia que esta torrente de casos dramáticos pudesse ser sustida, a situação parecia atingir proporções já no limite da sustentabilidade. Sentíamo-nos cada vez mais sós, e enfraquecidos, éramos homens pendentes da incerteza do destino.

Tornava-se urgente inverter esta prostração lânguida e taciturna, que só o Comandante-Chefe, soube ou quis ousar confrontar. António de Spínola, que considero ter sido um dos maiores estrategos da guerra colonial, mas apenas na vertente meramente militar, era um homem fortemente obstinado, e ainda que, com insuficiência no reconhecimento dos díspares contrastes que o chão da Província continha, não conhecedor do poder bélico que o PAIGC detinha e até da situação global das suas próprias forças armadas, faz jogar a última cartada que tinha ao seu alcance.


Incumbe os Pára-quedistas para virem actuar nesta zona, permitindo-lhes que tomassem todas as iniciativas que entendessem como as mais adequadas. E, logo no dia a seguir ao doloroso 4 de Agosto, aterra o seu Comandante de Batalhão [, Ten Cor Pára-Quedista Fausto Pereira Marques (2] ]para se inteirar do que os seus homens viriam a encontrar no interior do aquartelamento de Gandembel.

E, nesse mesmo dia, os subalternos são informados que muito em breve, teríamos ao nosso lado e de forma permanente, 2 grupos de pára-quedistas. E o seu aparecimento surge a 20 de Agosto.

De todo o modo, até à sua vinda definitiva, a Companhia Pára-quedista procurou reconhecer a zona, tomar-lhe o pulso, muito em especial a faixa mais nevrálgica, limitada entre a fronteira e a estrada de Aldeia Formosa para Guileje, fazendo-se deslocar de Bissau em helicópteros, com poisos nas imediações de Gandembel ou Aldeia. Fez mediar um tempo que considerou suficiente para conceber os melhores planos estratégicos a adoptar.

E a partir desse 20 de Agosto, como resultou a participação dos pára-quedistas?

No que nos respeita, creio muito convictamente que a sua acção foi de uma extraordinária valia, revelou-se fundamental para o futuro dos homens da minha Companhia, muito em especial no aspecto anímico, e inclusive conseguiu também criar um clima de muita maior segurança para as demais tropas fixas e móveis, que estavam de algum modo envolvidas com Gandembel.

Indubitavelmente, foi capaz de incutir uma outra serenidade a estes desalentados homens, renovar estados de espírito abalados, sobrepujar contrariedades inúmeras, remoçar réstias de esperança, que se revelaram cruciais no aumento da auto-estima. E esta extraordinária proeza, este feito inigualável, ninguém lhe consegue dar a devida dimensão, tão-só o peso e o testemunho da gratidão dos que o sentiram.

Os pára-quedistas eram, inquestionavelmente, a tropa de elite melhor preparada para este tipo de guerra de guerrilhas, na busca perseverante ao agressor. Os seus elementos eram criteriosamente escolhidos, e após uma cuidada preparação, eram integrados em cada grupo de combate de um modo muito específico, pelo que cada grupo era formado por homens com graus de experiência distintos, e assim um recém-chegado tinha uma fácil inserção na disciplina e no empenho táctico-militares que enformava o grupo.

A presença dos 2 grupos de combate, que se revezavam periodicamente e com uma cadência de ordem mais ou menos quinzenal, e que conviveram connosco mais de 3 meses, também foi fundamental no refortalecimento de uma maior estabilidade, no interior do próprio aquartelamento.


Para além de estarmos mais acompanhados, brotou uma empatia especial entre o pessoal, e recriou-se um outro estádio de segurança. O apoio logístico melhorou de forma bastante substantiva, e começámos a ter mais e melhores víveres, dando azo a que aparecesse um outro tipo de alimentação completamente distinta da de outrora, até complementada por bebidas onde inclusive o afamado vinho canforado quase não faltava.

Foi um período de transcendental importância para a Companhia, sem qualquer margem para dúvidas. E muitos sentimentos agrilhoados foram esconjurados.

Contudo, não se julgue, que Gandembel e Ponte Balana ficaram livres dos ataques e flagelações. Os guerrilheiros do PAIGC continuavam apostados em quererem demonstrar que continuavam presentes, pela sua vontade indómita, a sua persuasão agressiva, a sua garra belicista. Mas, pressentiu-se de uma forma deveras vincada, que o seu comportamento táctico se alterou, com as suas acções a serem bem mais calculadas e cuidadosas, produto de circunstâncias bem adversas, deixando de deambular à vontade, e que lhe refrearam em muito o desmesuramento das suas ambições.


30 de Agosto de 1968: 1 bigrupo destroçado pelos pára-quedistas


O mês trágico de Agosto aproximava-se do fim, com a vinda de Spínola no dia 30. Fá-lo muito provavelmente para registar um acontecimento de grandíloqua façanha, num franco gesto de testemunho, do que se passara na antevéspera.

Os pára-quedistas, logo pela madrugada desse dia de chuva, saem de Gandembel em direcção à fronteira, e mesmo junto desta, detectam a presença de um bigrupo numa situação de inactividade. Circundam-no e desferem-lhe um forte ataque, que o destroça quase por inteiro, e apanham-lhe quase todo o armamento.

E logo, retrocedem a caminho de Gandembel. No entanto, outros grupos de guerrilheiros que estavam do outro lado da fronteira, vêm ao seu encalço, e perseguem acirradamente os pára-quedistas, montando-lhes emboscadas após emboscadas. Estes, com um efectivo diminuto para as circunstâncias que se lhes deparavam a cada momento, ripostaram conforme podiam, causando-lhes mais baixas, mas 2 dos seus briosos militares perdem a vida.

Numa mera operação de patrulhamento, e ante tão-só com apenas 2 grupos de combate em acção, o PAIGC sofre em termos de perda de efectivos, talvez a mais humilhante e significativa derrota desde sempre.

E ao recordar esse dia, vejo um grupo de militares bastante pesarosos, a entrarem em Gandembel, alquebrados pelo peso dos companheiros que tiveram que ser transportados e do armamento capturado. E reconheci mais uma vez, que a guerra que se travava naqueles sítios, desaguava na brutalidade da ingratidão, à custa de vontades indómitas, de porfiados esforços, de abnegações acrisoladas.


7 de Setembro de 1968: a estreia do temível morteiro 120

O mês de Setembro surge entretanto, e na sua 1ª quinzena, o aquartelamento de Gandembel foi sujeito a 2 fortes ataques.

Antes do alvorecer do dia 7, o PAIGC fez-se aproximar, mas a uma distância já relativamente mais afastada (para além da estrada), fortemente armado e empreende uma acção de duplo efeito, primeiramente na base de armamento ligeiro, para fazer incidir depois vários RPG-7 e morteiros 82.

Pela primeira vez, surge um outro tipo de estampido mais forte, proveniente de morteiros, quer na saída após percussão, quer na deflagração em contacto com o solo. Mais tarde, chegaríamos à conclusão que mais uma outra arma se apresentava no arsenal bélico inimigo, chamado morteiro 120.

Uns dias mais tarde, a 11 de Setembro e a partir das 18 horas, o inimigo lança mais um outro ataque, com base essencialmente em lança-rockets. Já em plena noite e próximo ao alvorecer, faz incidir um outro ataque similar ao perpetrado no dia 7, com um maior efectivo e ainda mais incisivo, e com o maior lançamento de sempre de granadas de morteiro 120.

Estes 2 ataques e o forte poder bélico posto em jogo, contêm um nítido sinal de vingança, que felizmente não representaram qualquer dano para os efectivos sitiados. De referir, que o PAIGC se podia certificar facilmente do grau de sucesso que um ataque podia causar, pelo número de helicópteros que vinham a aterrar a fim de procederem às evacuações. E do resultado destas 2 refregas, nenhuma destas aeronaves aterrou. E até este aspecto, beliscava no comportamento e nos objectivos que o PAIGC urdira para esta zona.

Entretanto, já há algum tempo, a partir dos inícios de Agosto, em ataques de curta duração de morteiros 82, vínhamos reconhecendo que as granadas deflagravam cada vez mais próximo das casernas, ou seja, tudo indiciava que a bateria de morteiros parecia ter assestado de vez, a sua pontaria. Nesses 2 fortes ataques, há 3 granadas que caem dentro do aquartelamento, uma das quais em cima de uma caserna-abrigo, sem provocarem quaisquer consequências.

E assim mais 2 novos factos se revelavam, e que causavam um forte motivo de preocupação: a utilização dos morteiros 120 e a incontestada aproximação das granadas do 82. Para quem teve a possibilidade de ver os efeitos desta granada 120, direi que a grande diferença que a distava das 82, é que, para além da sua óbvia potência de deflagração, tinha um poder de penetração enorme e com efeito retardatário. A granada penetrava no solo profundamente, e só então deflagrava, remexendo todo o solo num círculo de um raio de cerca de 3 a 4 metros. Ainda que 2 destas das granadas caíssem dentro do aquartelamento, felizmente sem consequências, julgo que as casernas-abrigo não apresentavam um grau de compactação bastante, para aguentar com este tipo de munições.




PAIGC: pontaria cada vez mais certeira, utilizando postos avançados com rádio


Quanto à aproximação das granadas de calibre 82, viria a ser encontrada a razão para tal, em resultado de mais um patrulhamento dos pára-quedistas, e que teve lugar no dia 15 de Setembro. Um fio condutor, com uma das pontas muito próximo a Gandembel, foi encontrado, e foi sendo enovelado mesmo até à fronteira; foi trazido em 2 grandes rolos. Este fio, servia tão-só para que um elemento avançado que se postava sobre uma árvore de grande porte e que claramente possibilitava uma boa visão do aquartelamento, prestasse informações via rádio-telefone, aos apontadores da bateria de morteiros que estava posicionada em plena Guiné-Conacri, a poucos metros da fronteira.

A argúcia e a sageza do inimigo, comprovavam-se também nestas ciladas ardilosas. Mas o desfeito deste sofisticado propósito, continha em si, mais uma forte ceifada nas suas desmedidas ambições. E o PAIGC, ante todas estas afrontas e ao fazer uso desses ataques de grande envergadura, reconhecendo que as NT não são atingidas, sente que a sua hegemonia vem sofrendo fortes reveses, e começa a denotar medo de a perder, e resguarda-se cada vez mais. Talvez mesmo, retire efectivos para outras frentes, deixando obviamente um contingente para quaisquer eventualidades que pudessem bem surtir.







O nosso destino nas mãos de um homem obstinado, Spínola


E Spínola parecia viver em sincronia com o pulsar das vivências de Gandembel, pois que neste mesmo dia se digna mais uma vez nos visitar. E este posicionamento do Comandante-Chefe causa-me alguma perplexidade. Se, associo os acontecimentos de 4 de Agosto, a uma tomada de posição pelo abandono, será que passados 40 dias, propende para uma outra de cariz bem diferente?

Julgo hoje, que o dossiê Gandembel/Ponte Balana, o agarrou a mão firme, e qualquer destino a reservar, estava suspenso de uma única decisão: a sua.

E a vida em Gandembel continuava muito mais calma e tranquila, com a Companhia na manutenção dos 2 postos e a prestar-lhes todo o apoio logístico; também fazia as suas deambulações, vigiando o Balana e o Changue-Iaia.


Por sua vez, os pára-quedistas continuavam a assumir os seus patrulhamentos, com muita assiduidade, procurando sempre ir ao encontro de eventuais alojamentos do inimigo. E mais algumas vezes se deparou com alguns grupos, causando-lhes acentuadas baixas, capturando-lhe muito e diverso tipo de armamento. Eram militares com objectivos bem claros e precisos, jamais se furtando à luta, firme e persistentemente.

E o PAIGC, suspicazmente, tomou consciência plena desta forma de actuação, e a sua movimentação cada vez mais se coibia. Para além desse enorme ronco de fins de Agosto, outros se sucederam com grande sucesso. A sua presença nesta zona, de um valor militar insuperável, não permitiu facilitismos ao PAIGC, pois rara era a vez que não tinha contactos com o inimigo, sempre em sua perseguição.




8 de Novembro de 1968: o 8º morto da companhia, o Joaquim Alves


Alguém que ouse escrever esta epopeia da presença dos pára-quedistas em Gandembel, porventura das maiores que a guerra colonial conheceu, e julgo que também omitida. Aos seus principais fautores, que foram homens que por completo lhes perdi o rasto, ainda que hoje ouço soar os seus nomes, como elementos da maior referência nas Forças Armadas, como o Bação Lemos, o Avelar de Sousa, o Almeida Martins, o Terras Marques e outros, só para lhes transmitir que a memória dos meus homens permanece acesa.

De todo o modo, o PAIGC queria demonstrar que estava na liça, e de quando em vez, enviava algumas morteiradas, entre as quais algumas de 120 para nos causar maior susto.

Entretanto, chega o dia 8 de Novembro em que falece o 8º elemento da Companhia, o soldado Joaquim Alves, também da freguesia de Seroa, concelho de Paços de Ferreira. O PAIGC desencadeia fortes ataques aos 2 postos fixos, em simultâneo. Gandembel, sofre 4 ataques nesse dia, todos com grande potencial de fogo, onde se salientou um massivo lançamento de morteiros 120.

O Joaquim Alves, que tentava ajudar a retirar um camarada da exígua parada, é surpreendido pela deflagração de uma morteirada 82, e um minúsculo estilhaço penetra-lhe o coração. O outro companheiro, sofre ferimentos ligeiros. E este foi o último grande ataque sofrido no aquartelamento de Gandembel.

E, passaram-se cerca de 2 semanas, sem qualquer flagelação. E neste clima de maior serenidade, os pára-quedistas abandonam a sua permanência efectiva, não deixando contudo de virem desde Bissau, em desempenho de missões por terrenos que tão bem conheciam. Para nós, era fundamental dar continuidade a estas surtidas, pois que nos sentíamos mais amparados.


E o PAIGC, parecia deixar transparecer que Gandembel deixava de ser um dos seus objectivos principais. E ficávamos inquietos e ansiosos, quando deixava passar alguns dias, sem mostrar a sua presença, pois para nós era prenúncio que talvez andassem a gizar uma outra aventura de maior gabarito.


A época das chuvas a chegar ao fim

Na verdade não foi assim. A época das chuvas terminava, e apenas me recordo que no princípio de Dezembro, fomos num espaço de tempo da ordem de 2 dias consecutivos (mais de 48 horas), prendados com inúmeras detonações de morteiros 82, de um modo muito especial, porquanto eram bastantes espaçadas, com despoletamentos intervalados da ordem dos 10 minutos. E até a bateria de morteiros também denotava que o grau de precisão se tinha adulterado.

(Continua)

Até breve. Um cordial abraço do Idálio Reis.

___________

Notas de L.G.:

(1) Mais uma vez chamo a atenção dos nossos amigos e camaradas de Guiné para a importância excepcional deste documento (inédito) que temos vindo a publicar, da autoria do Idálio Reis. Noutro país, já teria sido publicado em livro e seria seguramente um best-seller, e guião de um filme.

O Idálio Reis e os esquecidos mas heróicos sobreviventes de Gandembel/Balana merecem esta homenagem (pública) de Portugal e dos portugueses. Do lado dos guineenses, deve também prestar-se homenagem à persistência, à determinação, ao génio organizativo, à vontade de vencer e à coragem dos combatentes do PAIGC que pagaram um alto preço pela conquista de Gandembel/Balana, posição abandonada pelos portugueses em Janeiro de 1969.

Gandembel/Balana (1968/69) terá sido a mais silenciosa, prolongada e feroz batalha de toda a guerra, preparando o caminho para a fulgurante ofensiva do PAIGC em Maio/Junho de 1973, contra Guidaje, Guileje e Gadamael... O Idálio contou os ataques e flagelações neste curto tempo (para eles, um eternidade!) em que os homens-toupeira da CCAÇ 2317 construiram Gandembel/Balana, de raíz, com pás e picas, e defenderam-na, com unhas e dentes: mais de três centenas e meia!...

O nosso blogue faz o que pode e deve para dar a conhecer este documento (ou melhor: podia e devia fazer mais pela divulgação deste documento que tem aparecido com alguma descontinuidade ou irregukaridade). Trata-se de um texto memorialístico, extenso, de grande riqueza humana, sociológica e historiográfica, escrito por uma homem dotado de excepcional capacidade de observação e de análise, mas também de serenidade e humanidade (que não mistura a razão e coração), o nosso camarada Idálio Reis, e que é acompanhado de surpreendentes imagens que falam por si. Julgo que a escrita e a fotografia ajudaram o Idálio a sobreviver, fisica e mentalmente, ao pesadelo quotidiano de Gandembel/Balana.

Um dia quando formos à Guiné-Bissau, camaradas, temos a obrigação de lá pôr um ramo de flores, em Gandembel e em Balana, aí onde tantos homens, de um lado e de outro, sofreram e morreram (Do lado do português, pode perguntar-se: Why? Porquê ? Para quê ?).

Se não pudermos lá ir, iremos no mínimo pedir ao Pepito que o faça por nós, e que lá deixe numa árvore esta mensagem... E que não se esqueça de Gandembel/Balana, integrando-as no seu/nosso Projecto Guiledje.

Um forte e comovido abraço para o Idálio Reis e para os demais homens-touopeira, os homens de nervos de aço, da CCAÇ 2317, onde quer que eles estejam.


Vd. posts anteriores:

16 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1530: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (1): Aclimatização: Bissau, Olossato e Mansabá

9 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1576: Fotobiografia da CAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (2): os heróis também têm medo

12 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1654: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (3): De pá e pica, construindo Gandembel

2 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1723: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (4): A epopeia dos homens-toupeiras

9 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1743: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (Idálio Reis) (5): A gesta heróica dos construtores de abrigos-toupeira em Gandembel

23 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1779: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (6): Maio de 1968, Spínola em Gandembel, a terra dos homens de nervos de aço

21 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1864: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (7): do ataque aterrador de 15 de Julho de 1968 ao Fiat G-91 abatido a 28

(2) Batalhão de Caçadores Pára-quedistas nº 12 > Vd. respectiva página na Net e a sua actuação na Guiné:

(...) "A partir de meados de 1968 e com o General António Spínola como novo Comandante-Chefe na Guiné, o modo de emprego dos Pára-quedistas foi alterado.

"As Companhias do BCP passaram a integrar os então criados Comandos Operacionais (COP) com outras forças militares, sob o comando de um oficial superior. Muitas vezes oficiais Pára-quedistas desempenharam essas funções. As forças eram então empenhadas, durante largos períodos, conjuntamente com as Unidades de quadrícula do Exército. As companhias do BCP 12 foram assim muitas vezes atribuídas de reforço às unidades instaladas junto às fronteiras com o Senegal e a Guiné-Conakry.

"Foram inúmeras as operações desencadeadas neste período: a operação JUPITER, com 4 períodos no corredor de Guileje, no âmbito do COP 2, a operação TITÃO com o COP 6, a operação AQUILES I, com o CAOP 1, a operação TALIÃO, com o COP 7, entre tantas outras, com bons resultados.

"Merece particular destaque a operação JOVE, realizada em Novembro de 1969 com forças das CCP 121 e 122. No dia 18 de Novembro a CCP 122 capturou o Capitão Pedro Rodriguez Peralta, do Exército Cubano, comprovando a ingerência de forças militares estrangeiras na guerra na Guiné.

"Apesar das CCP continuarem a ser atribuídas aos COP que se iam activando consoante as necessidades, o Comando do BCP esforçou-se por continuar a levar a cabo algumas operações independentes, actuando como força de intervenção em exploração de informações obtidas e seria neste tipo de operações que se obtiveram alguns dos melhores resultados do Batalhão.

"Apesar dos esforços a situação na Guiné continua a degradar-se. A pressão que os guerrilheiros vinham exercendo sobre os aquartelamentos no Sul do território começou a dar resultados. Em Maio de 1973 os guerrilheiros desencadeiam fortes ataques a Guileje obrigando mesmo ao abandono do aquartelamento dos militares do Exército. Nas proximidades, Gadamael Porto fica em posição delicada com flagelações frequentes de armas pesadas. A 2 de Junho as CCP 122 e CCP 123 são enviadas para Gadamael, seguindo-se no dia 13 a CCP 121. O próprio comandante do BCP 12, Tenente-Coronel Araújo e Sá tinha assumido o comando das forças que com a guarnição do Exército constituiram o COP 5. A posição de Gadamael Porto é organizada defensivamente com abrigos, trincheiras e espaldões, simultaneamente são desencadeadas acções ofensivas sobre os guerrilheiros. A resistência e a determinação das Tropas Pára-quedistas acabaram por surtir efeito e o ímpeto inimigo foi quebrado - Gadamael Porto não caiu. A 7 de Julho as CCP 121 e 122 regressam a Bissau e a 17 é a vez da CCP 123, a operação DINOSSAURO PRETO tinha terminado" .(...).

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Guiné 63/74 - P1864: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (7): do ataque aterrador de 15 de Julho de 1968 ao Fiat G-91 abatido a 28

Guiné > Região de Tombali > Gandembel > CCAÇ 2317 (1968/69) > Maio/Agosto de 1968 > A construção do aquartelamento de Gandembel requereu muitas canseiras envoltas em perigo permanente, para que se garantisse alguma segurança aos nosso homens, uma vez que eram alvo de inúmeros e consecutivos ataques inimigos.

Foto 309 > "A chegada dos 2 obuses... A chegada de armamento pesado, como metralhadoras e obuses, revelaram-se de enorme importância na defesa do aquartelamento

Foto 310 > "Os obuses devidamente apontados "

Foto 311 > "A água que fluía pelo Balana, tornava-se abundante. E assim, já se tornava possível usufruí-la com uma certa sofreguidão e contentamento... Na imagem, o posto das 'lavagens', que servia para lavar a roupa e para a higiene pessoal simples.

Foto 312 > "Outro posto, o dos duches. Em geral, a água era sujeita a aquecimento solar através do uso de garrafões de vidro de 10 litros".

Foto 313 > "Havia até direito para quem quisesse usar o banho de imersão"

Foto 314 > "Limpeza, com queimada das ramadas.... Os trabalhos de limpeza eram permanentes. No exterior, cada vez mais se procurava alargar a capacidade de visão"

Foto 315 > "Trabalhos de manutenção da parte interior... Havia sempre que realizar infra-estruturas de apoio, casos de um paiol bem fortificado, um armazém, e outras para um merecido descanso "

Foto 316 > "Na construção de uma arrecadação"

Foto 317 > "O hastear da bandeira em Gandembel... No simbolismo do hastear da bandeira nacional, a 27 de Junho, marcava-se um facto de enorme relevância, pois que considerávamos que as casernas já detinham as condições suficientes para lá nos alojarmos"

Foto 318 > "Eu próprio, envolto por 236 invólucros das granadas de RPG-7"

Foto 319 > "Spínola quis ver verificar os efeitos do grande ataque de 15 de Julho... E, apesar de tudo, fizemos gala em montar uma singela guarda de honra ao Comandante-Chefe"

Foto 320 > "E nestas acções, a aeronave trazia sempre algo. Desta vez, uns cunhetes de armamento que se descarregam, enquanto o ferido espera a oportunidade de ser levado até ao Hospital Militar"


Fotos e legendas: © Idálio Reis (2007). Direitos reservados.


VII Parte da história da CCAÇ 2317, contada pelo ex-Alf Mil Idálio Reis (ex-alf mil da CCAÇ 2317, BCAÇ 2835, Gandembel e Ponte Balana 1968/69) (1). Texto enviado em 11 de Fevereiro de 2007.Continuação.


Os ataques e flagelações mantinham-se a um ritmo praticamente diário, a que nos íamos habituando, pois que a generalidade das detonações era resultado da acção de morteiros 82, e a maioria das granadas continuava a deflagrar na periferia. Os morteiros ainda não estariam devidamente assestados, e tornava-se necessário e urgente ter que acabar as obras do aquartelamento, com condições mínimas de segurança.


27 de Junho de 1968: O simbólico hastear da bandeira


E com as casernas a serem consideradas como terminadas, uma das grandes preocupações da Companhia chegava ao fim, e o próprio quartel de Gandembel já apresentava todas as características de uma razoável fortificação de campanha.

Para testemunhar este feito, a 27 de Junho, fez-se hastear a bandeira nacional, com o respeito, a dignidade e a solenidade merecidos, e a partir daquele data, sempre drapejou num cuidado mastro. E já que me refiro a este símbolo, um outro exemplo que retrata o que só em Gandembel poderia acontecer: o estandarte da Companhia, que estava arrumado na secretaria, a funcionar numa tenda de campanha, viria a ser muito esfarrapado por acção de estilhaços de rockets, e assim chegou à nossa unidade mobilizadora, o Regimento de Infantaria 15, em Tomar.

15 de Julho de 1968: ataque, de meia-hora, às duas da madrugada; um morto e uma dezena de feridos evacuados para Bissau


O PAIGC, nas suas escaramuças quotidianas, procurava tomar conhecimento do nosso modo de reacção. A não ser alguma flagelação de armamento ligeiro, com os guerrilheiros mais próximos, a contra-resposta era pronta e denotava alguma firmeza e intensidade, pondo a funcionar todo o arsenal bélico disponível. Porém, já tomávamos uma atitude mais contida quanto aos ataques de morteiros, não dando grande utilização aos 2 morteiros 81, nem aos 2 obuses que já tinham sido devidamente posicionados. Todavia, a 15 de Julho, cerca das 2 horas da madrugada, desencadeia-se um intenso ataque ao aquartelamento, mesmo junto ao arame farpado, e com uma duração superior a meia hora.

O inimigo dispõe o seu efectivo paralelamente à estrada, com a instrução plena do modo de actuação de cada. Vinha fortemente apostado em fazer rombo, mesmo intuído do propósito de assalto, quer pela intenção de destruir as 2 casernas-abrigo que lhe eram frontais, quer no rompimento de uma abertura nas fiadas do arame.

Esse efectivo devia ser bastante poderoso, atendendo aos fortes quantitativos de armamento ligeiro empregues, com especial ênfase na utilização das metralhadoras ligeiras e dos famigerados RPG-7, em que deixou 236 invólucros, como de milhares de munições das metralhadoras. Antes, a bateria de morteiros, fez detonar mais de 3 centenas de granadas.

Da incomensurável refrega, uma destas casernas cede parcialmente aos impactos que nela incidiram, e do resultado das deflagrações, um conjunto infindo de estilhaços entra no interior da mesma, provocando 1 morto e mais de uma dezena de feridos, dos quais 6 seriam evacuados para Bissau, ainda que 2 deles em mau estado, e que seriam enviados para Lisboa.

O morto, foi o alferes José Araújo, do Pelotão de Nativos, recém-chegado apenas há 12 dias. Lembro esta data, de má memória, com a emoção própria dos que a viveram muito intensamente, dado o comportamento gigante de alguns elementos da Companhia que, ao saírem das suas casernas e sem qualquer protecção, como os homens dos lança-granadas e dos morteiros 60, ripostaram de tal modo, que calaram o inimigo e lhe frustraram os seus intentos. E o apontador daquela Browning, mesmo em frente ao inimigo.

Heróis em causa própria, homens que perante o perigo, pareciam transformar-se, ao mostrarem o seu denodo e estoicismo, e que se agigantavam de modos tão distintos: os que denotavam uma frieza de comportamento invulgar, outros que pareciam exultar quando lhe aparecia uma situação para aliviarem ódios acumulados.


Uma derrota para Nino Vieira


A seu modo, cada um fazia libertar as suas pulsões conflituais. E, passados os momentos de turbulência, tudo serenava e cada um como que se recolhia, quem sabe, procurando ler a sua desgraçada sina. Quantos momentos de silêncio, em busca de uma resposta vinda não sei donde, mas os sentimentos preferiam toldar-se, e então ficávamos mais suspensos nos pensamentos tresvariados.

Na altura, afirmou-se que este ataque tinha sido o maior de todos que alguma vez o PAIGC desencadeara. Em resultado dos indícios que deixou no terreno, inúmeros e bem visíveis, e como sua testemunha, não tenho grandes dúvidas que se retirou com pesadas baixas. O objectivo perpetrado não foi concretizado. Saldou-se num malogro.

Creio mesmo que Nino Vieira perdera a sua maior aposta desde sempre, fracassando rotundamente, e não conseguindo minimamente viabilizar os seus velados interesses, sai vergastado ao peso da derrota, e humilhado pelo desmoronamento da sua estratégia de crença, tudo indicia que se retira da zona.


15 de Julho de 1968: o ataque mais aterrador


Mas o PAIGC continuou, mesmo assim, bastante empenhado na zona, tanto que Gandembel, viria posteriormente a ser sujeito a outros ataques de grande violência, mas o de 15 de Julho, foi de longe o mais aterrador, jamais esquecido pelos que o viveram. Julgo que o PAIGC se apercebeu de vez, que tinha no interior de um pequeno aquartelamento, um conjunto de homens atentos e de têmpera rija, e prontos a não admitirem ousadias deste jaez.

Passados apenas 3 dias, Spínola aterra de novo em Gandembel. Prestámos-lhe uma singela guarda de honra, e sinto nos seus olhos alguma comoção, ao pedir para a findar. Quer tomar conhecimento in situ do que tinha acontecido, e o grupo que o secunda sobe para o tecto da caserna-abrigo que tinha sido alvo dos impactos dos rockets. Passado pouco tempo, quando lhe estavam a ser referenciadas as posições que o inimigo assumira no ataque, eclodem algumas granadas de morteiro 82, ainda que bem fora do arame farpado.


Spínola estatelado no chão de Gandembel


Os militares que estavam com ele, saltam do cimo do abrigo (2,5 a 3 metros) para procurarem refúgio. Torna-se óbvio que Spínola é o que encontra mais dificuldades, e no seu salto para o solo, estatela-se, criando uma situação pouco abonatória para a sua condição de Comandante-Chefe.

Embora não denotando qualquer incómodo, julgo que este incidente representou o início de um julgamento que tinha de rever consigo mesmo, quanto ao destino a reservar para Gandembel. E com os seus acompanhantes, o helicóptero descola rumo a um outro destino.

A intensa movimentação do PAIGC, com um contingente dotado de uma enorme experiência, altamente fortalecido com armamento muito mais evoluído e eficaz, naturalmente que teria de preocupar Spínola, já que o desenrolar das situações com que éramos assiduamente confrontados, poderia até levar ao desastre total, que teria de evitar a todo o custo.

Também não poderia subestimar o estado anímico das tropas, que pareciam estar cerceadas, como que abandonadas a si mesmas. Aqui me parece, que Spínola olhou bem de frente para essa gente, e não lhe foi difícil reconhecer que havia ali um punhado de homens numa tenaz luta de sobrevivência, e saíra cabisbaixo como que denotando uma grande apreensão.

Julguei, então, que Spínola iria gizar do modo que julgava como decisivo, todo um plano táctico fiável e consequente, tendente a minimizar esta situação. Fá-lo-á?


19 de Julho de 1968: uma roquetada destrói o forno, ficando o pessoal 3 semanas sem pão(!)


Muito certamente tomara conhecimento que uma rocketada destruíra mais uma vez o forno num ataque a 19 de Junho, e ficámos durante cerca de 3 semanas, sem pão, qualquer tipo de carne ou peixe exceptuando dobrada desidratada e chouriço.

Enganava-se a fome, na base de apenas rações de combate, arroz, batata desidratada, café, marmelada, chouriço, feijão. As ementas pouco variavam, onde a bianda cabia sempre, e até a marmelada a acompanhou.

Também dificilmente chegavam bebidas e em especial a desejada cerveja; mas, mesmo esta, a existir muito espaçadamente, era ingerida à temperatura ambiente, pois que só havia 2 frigoríficos, um para a cozinha e outro no posto de enfermagem.


28 de Julho de 1968: é abatido um dos Fiat G-91 que bombardeavam Salancur



Mas já há muito tempo, e quase todos os dias, pela tarde, vinham 2 Fiats G-91 a descarregarem bombas sobre a zona de Salancaur, de que se dizia terem abrigos inexpugnáveis. E destas tentativas intimidantes da aviação militar, surge a 28 de Julho mais um dos casos inesperados, e que seria o primeiro a acontecer na Província nestas circunstâncias.

Neste dia, parte da Companhia tinha ido montar protecção a uma coluna de reabastecimentos, de modo que em Gandembel restavam apenas 2 grupos − o meu e o do Pelotão de Caçadores Nativos.

Ouve-se, vindo de longe e dos lados da fronteira, uns estampidos de metralhadora pesada. E passados alguns momentos, um soldado chama-me a atenção que se notava uma chama na cauda de um dos Fiats. Prontamente, via rádio, deu-se conhecimento ao piloto. E vejo nos céus, o avião a fazer uma curva acentuada, direccionando-se para o lado da fronteira. E quando a aeronave, já com chamas bem visíveis, passava sobre Gandembel, distingue-se um pára-quedas que se ejecta do mesmo, e que vem a cair cerca de 3 a 4 centenas de metros a sul do aquartelamento, com o Fiat a despedaçar-se em parte incerta, mas muito próximo da fronteira. Um documento oficial, refere que o piloto era um tenente-coronel, de nome Costa Campos.

Aparentemente, o local da queda, não oferecia perigos para o seu resgate, desde que se conhecessem os locais das armadilhas em volta do arame farpado.

Procurei de imediato arranjar um grupo com metade dos efectivos disponíveis, e então fomos ao encontro do piloto. Escondido num arbusto, estava o homem sem distinção da sua patente, e despojado da sua pistola de cintura [mais tarde foi encontrada, e julgo que era uma Walther].
Já vínhamos a caminho do aquartelamento, e algumas aeronaves com helicópteros e T-6 o sobrevoava, pelo que, franqueada a entrada, logo um dos helicópteros aterrava para o levar rumo a Bissau.


Perícia e sangue-frio do piloto do Fiat abatido

O abate desta aeronave teve uma certa repercussão a nível da Província, e muito certamente reforçou os ânimos dos combatentes locais do PAIGC. Contudo, não deixarei de notar, que a probabilidade de uma bala anti-aérea, em acertar num desses supersónicos Fiats, era ínfima. Mas, o que é inegável, é que o avião se perdeu, e a perícia do piloto também foi notável para a integridade da sua própria pessoa, pois se tivesse caído em local fora do nosso horizonte de referência (não mais de 2 Km), não dispunha de condições para ir à sua procura. E muito provavelmente, o piloto seria capturado pelo inimigo.


4 de Agosto de 1968: 4 mortos e 2 feridos graves, numa coluna logística


Sempre esta dualidade da sorte e do azar, que nos espreitava na leveza de cada duro momento. E eis que desponta o malfadado dia 4 de Agosto, da forma mais aziaga para a Companhia, como resultado de uma famigerada coluna provinda de Aldeia Formosa, e que reportarei no capítulo das colunas de reabastecimento.

A Companhia perde por morte num único dia, 4 dos seus elementos: o furriel Abel Simões, de Carapêtos, concelho de Montemor-o-Velho; dos soldados António Moreira e Eduardo Pacheco, ambos do concelho de Paços de Ferreira e respectivamente das freguesias de Seroa e Frazão, e de Manuel Pacheco, de Lousa, concelho de Castelo Branco. Há também mais 2 feridos graves, com evacuação para Lisboa.

E este dia, o mais funesto de todos, delimita este meu segundo capítulo sobre o pesadelo de Gandembel/Ponte Balana.

E Changue-Iaia, que há uma quinzena antes, já nos tinha roubado a presença do alferes Francisco Trindade, gravemente ferido nos membros inferiores pelo accionamento de uma mina anti-pessoal, ficaria a perdurar muito tempo em cada um de nós, e aqui, muito contundentemente criou-se um clima de vazio e de insegurança, a deixar chagas profundas e traumáticas, muitas das quais se mostravam renitentes em sarar. E os dias sequentes, mostram um conjunto de homens em desespero, à beira da queda no precipício.

E neste mesmo dia, Spínola lançou a única oportunidade que lhe restava, onde poderia colher resultados positivos, e que só passaria pela vinda de tropa de elite para entrar mata adentro, de forma a domar o inimigo. Era urgente haver tropa operacional, que muito para além do arame farpado de Gandembel, fosse à sua procura e o enfrentasse, coarctando-lhe os seus intentos, as suas veleidades.

Mas já tinha passado tanto tempo, que não se perspectivava ser muito fácil pôr em prática esta estratégia, pelo que haveria que, doravante, se obter um melhor apoio logístico, em especial na componente alimentar, a fim de Gandembel se transfigurar e de conseguir maior sossego.
Mas, tal estratégia viria a ter resultados positivos?

E para todos vocês, um até breve.


Um abraço do Idálio Reis.
__________

Nota de L.G.:

(1) Vd. último post da série > 23 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1779: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (6): Maio de 1968, Spínola em Gandembel, a terra dos homens de nervos de aço

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Guiné 63/74 - P1779: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (6): Maio de 1968, Spínola em Gandembel, a terra dos homens de nervos de aço

Guiné > Região de Tombali > Gandembel > CCAÇ 2317 (1968/69) > Abril/Maio de 1968 > A construção do aquartelamento de Gandembel requereu muitas canseiras envoltas em perigo permanente, para que se garantisse alguma segurança aos nosso homens, uma vez que eram alvo de inúmeros e consecutivos ataques inimigos.

A realização das casernas-abrigo foi a tarefa mais crucial para os homens da Companhia. Representavam para as tropas que aqui se sedeavam, um local de refúgio, e nestas pequenas 'guarnições' pernoitámos durante cerca de 10 meses, de

Foto 301 > "As estruturas metálicas (pré-fabricadas), que chegaram com as colunas. Eram as infra-estruturas de base ".

Foto 302 > "Sobre a sua parte superior, colocavam-se as traves, constituídas por cibes".

Foto 303 > "Construção do tecto. A colocação de uma espessa camada de betão, sobre um tapete metálico (chapas feitas dos bidões)".

Foto 304 > "Havia todo o cuidado na firmeza do tecto"

Foto 305 > "Visão de 2 casernas em fase terminal; falta a colocação dos blocos de pedra".

Foto 306 > "No transporte dos blocos de pedra"

Foto 307 > "Vista traseira de um abrigo"

Foto 308 > "Aspecto de uma caserna-abrigo, já finalizada"


Fotos e legendas: © Idálio Reis (2007). Direitos reservados.


VI Parte da história da CCAÇ 2317, contada pelo ex-Alf Mil Idálio Reis (ex-alf mil da CCAÇ 2317, BCAÇ 2835, Gandembel e Ponte Balana 1968/69) (1). Textio enviado em 11 de Fevereiro de 2007.


Assunto: A generosidade de um punhado de gente jovem, onde os ecos dos seus ais de desespero e dor, não ressoavam para além da região do Forreá. Gandembel/Ponte Balana, de 9 de Maio a 4 de Agosto.


Caros companheiros Luís e restantes Tertulianos:

A época plena das chuvas aproximava-se, começava a fazer surtir os seus benéficos efeitos, o que para nós incidia muito especificamente na água que o rio Balana pudesse debitar. Este, logo que retomasse alguma capacidade de vazão, significaria que a tão ansiada água já abundaria, e as restrições ao consumo que tinham prevalecido até então, evolavam-se no tempo.


15 de Maio de 1968: o Furriel António Alves acciona uma mina A/P e é amputado de uma das pernas


Já não se tornaria necessário calcorrear o seu leito movediço, tão propício a dissimular uma qualquer armadilha. Bastava unicamente chegar-se à margem esquerda, através da picada aberta para a ligação ao destacamento de Ponte Balana, e encher os bidões com a ajuda de uma bomba manual.

E o refrigério dos nossos corpos, em copiosos banhos à fula, permitia-nos usufruir de uma incontida satisfação de prazer, ao fazer desaparecer as manchas de sujidade que se haviam incrustado durante todo esse período de permanência naqueles antros imundos, que denominei de abrigos-toupeira.

E aquele trilho para o Balana era sistematicamente o mesmo, com os 2 Unimogs a rolarem sobre o mesmo assento. A paragem e as manobras das viaturas para abastecimento faziam-se quase sempre naquele paradouro exíguo, e os homens apeados não diferiam em muito as suas pisadas. E desta conjugação, que a guerra sabe tão ardilosa e perfidamente fazer uso, a 15 de Maio, surge o horror, com o accionamento de uma mina pelo furriel António Alves, a causar ferimentos graves nas duas pernas, uma das quais viria a ser amputada.

Sendo o primeiro ferido muito grave da Companhia, a comoção do seu sofrimento enquanto o helicóptero não chegava e a desventura do próprio drama em si, que quase toda a Companhia presenciou, fez abalar os nossos mais profundos sentimentos, pois perdíamos sempre um pouco de nós mesmos. E começava a manifestar-se o pesado fardo das intolerantes e desumanas vivências de Gandembel.


Finalização das 8 casernas-abrigo e reforço da fiada de arame farpado

A briosa CART 1689 despede-se do nosso convívio, e esta sua partida deixou-nos claramente mais pobres, sós e indefesos. Em mais de um mês que nos acompanhou, até 15 de Maio [e 1968], desenvolveu um trabalho extremamente meritório, e empenhou-se forçadamente em nos acompanhar. Passou também por graves tribulações, em que perde por falecimento um furriel, alvo de um artefacto armadilhado por ela mesma, e sofre mais de uma dezena de evacuações, por ferimentos e doenças.

À minha Companhia deparava-se ainda muito trabalho a realizar, mormente no fecho da configuração octogonal do aquartelamento, com a finalização das 8 casernas-abrigo, a colocação de mais 1 fiada de arame farpado e a limpeza roçada de toda a vegetação a distender por um amplo perímetro exterior.

Cada caserna era um compartimento rectangular, de dimensões da ordem dos 15 x 3 metros, e cuja construção se apoiava em 8 estruturas metálicas em forma de um U recto invertido. Tais estruturas eram firmadas ao solo por sapatas de betão.

Na sua parte superior (tecto), a actuarem como vigas, colocavam-se um conjunto de cibes, as quais eram sobrepostas por um tapete resultante do aproveitamento de bidões. Este tapete metálico, seria então recoberto por uma espessa camada de betão. E o coberto parecia apresentar um bom grau de segurança, que aliás se viria a confirmar mais tarde, na detonação de uma granada de morteiro 82.

Já as partes laterais eram construídas na base de troncos de árvores, a que se viriam a juntar blocos de pedra colocados à mão, os quais eram extraídos de um maciço rochoso que por ali havia, geologicamente conglomerados pouco consolidados. Tais blocos, extraídos por acção manual de picaretas, e a sua aposição para fazer parede a encobrir os toros, não ofertava a segurança desejável, mas foi a melhor solução encontrada para fazer uso dos recursos naturais disponíveis.

Havia 2 entradas pela parte de trás, também protegidas por um tapume de troncos. E a parte frontal da caserna, dispunha de 6 frecheiras rectangulares, largas e de pouca altura, com o fim de permitirem uma boa visibilidade e de poderem fazer uso das G3 em caso de última necessidade.

Cada grupo de combate ocupava 2 casernas, e lateralmente a uma delas, construiu-se um posto de vigia, que garantisse a conveniente segurança no alerta do sentinela.


PAIGC: Forte bateria de morteiros 82 e reforço do bigrupo de Nino Vieira

Lutava-se contra o tempo, pois que se tornava bem evidente que o PAIGC vinha progressivamente aumentando o seu efectivo, e uma vez que estava muito próximo da Guiné-Conacri, tornavam-se fáceis as deslocações para desencadearem flagelações mais próximas, quase sustentadas na base de armamento ligeiro, onde os RPG já apareciam e cada vez em maior quantidade. Mais em suplemento, junto à fronteira e talvez postados em território não nacional, dispunham de uma forte bateria de morteiros 82, e estes, de um modo quase perseverante, davam-se ao atrevimento de nos saudar com os seus quase consecutivos estampidos, a pôr-nos em constante alerta vermelho.

Hoje, passados tantos anos, não causar-me-á engulhos de maior, pois é minha forte convicção, ao afirmar que a data de 15 de Maio [de 1968] se revela como marco crucial na estratégia militar do PAIGC para esta zona, e que está apegada de forma visceral, mesmo muito profunda, às colunas de reabastecimento oriundas de Aldeia Formosa, e que redundam na quebra de todos os tabus de matriz religiosa.

Mais, julgo como certo que o bigrupo de Nino Vieira se junta ao já forte efectivo do PAIGC, com um objectivo firme de tentar resolver definitivamente esta questão da fixação das NT em sítios onde se movimentavam à vontade. A concretização de tal objectivo tem por fim contrariar ao máximo as colunas de reabastecimento, como também de encontrar e esperar a oportunidade mais conveniente para poder destruir Gandembel.

Foi efectivamente assim?


Operação Pôr Termo (de 15 a 26 de Maio de 1968, com um efectivo de três companhias)

Os factos e os feitos comprovam-no, dado que é a partir desta data que a situação de aparente tranquilidade e harmonia em que vivia uma vasta e densa zona envolvente a Aldeia Formosa, se altera abrupta e radicalmente.

Nesse dia, por razões que desconheço, as NT dão início à Operação Pôr Termo, com o objectivo de cercear a actividade inimiga nessa zona, para o que dispõe de um efectivo de 3 Companhias (entre as quais, uma Companhia de Comandos), e que se prolonga até 26 de Maio.

Os resultados infligidos ao PAIGC foram bastante diminutos, se se atender às trágicas consequências sofridas pelas NT. O relatório oficial sobre esta operação refere que sofremos 6 mortos, 3 feridos graves e 6 ligeiros, que é distinto do que nesse período pude comprovar e me foi dado a conhecer.

Assim, para além do que se desenrolou nesse trágico 15 de Maio, correspondente à 3ª coluna advinda de Aldeia Formosa, que referenciarei num capítulo sobre as colunas de reabastecimento, com a morte de 6 homens e de mais uma dezena de feridos evacuados, logo a 20 de Maio, há um facto nas imediações de Aldeia, que não lhe conheço os pormenores, mas em que registo ter havido 4 mortos e 8 capturados.


Pesadas baixas para a CART 1612, na sequência do recrudescimento da actividade operacional do PAIGC

Há documentos oficiais que confirmam que em resultado de uma mina anti-carro com emboscada, na estrada Mampatá−Uane, morrem 4 soldados da CART 1612. Não tenho elementos que me permitam concluir se estas acções se interconectam, pois o que então me afirmaram é que a captura dos elementos fora operada num ataque com assalto a um pequeno destacamento.

Esta Companhia de Artilharia, num curto espaço de tempo, é agressivamente fustigada, e relacionada com as colunas Buba − Aldeia Formosa − Gandembel, perdendo um número incrível de militares, em mortos e feridos.

Como mero título de exemplo, e só pela atribuição manifestamente jocosa como foi apelidada essa operação, dou a conhecer a actividade exercida pelo PAIGC sobre Gandembel, neste lapso de tempo. Assim:

— no próprio dia 15, houve 2 ataques, cerca das 20 e 24 horas, uma na base de armamento ligeiro, e a outra com morteiros, com mais de meia centena de deflagrações;
— a 16, cerca de uma centena de morteiradas espaçadas, a terem início por volta das 19.30 horas; às 4 horas, também na base de morteiradas, em menor número (não mais de 50), mas com maior poder de concentração;
— no dia 17, 2 ataques de morteiros, por volta das 19.30 e 22 horas, ambos com detonações a rondar a meia centena;
— já a 18, houve um único ataque de morteiros, ao começo da noite, a ultrapassar seguramente as 70 deflagrações;
— a 19, cerca das 20 horas, houve uma flagelação com duração de cerca de 20 minutos, de lança-granadas e de metralhadoras, a que se seguiu um ataque de morteiros, a rondar a meia centena de despoletamentos;
— no dia 20, ao anoitecer, mais um ataque de morteiros, com mais de 50 deflagrações;
— já a 21, registou-se só um ataque de morteiros, com cerca de 30 detonações;
— a 22, ao fim da tarde, há uma flagelação de lança-granadas e metralhadoras, que se prolonga em cerca de 15 minutos;
— no dia 23, logo pela madrugada, mais um ataque de morteiros, mais intenso, a ultrapassar a centena de disparos;
— já a 24, também há a registar um ataque de características muito similares ao do dia anterior;
— a 25, a meio da tarde, um pequeno ataque de morteiros, com cerca de 20 detonações;
— no dia 26, outro ataque de morteiros, ao princípio da tarde, com mais de meia centena de disparos.


26 de Maio de 1968: Spínola pela primeira vez em Gandembel

E é precisamente neste dia 26 de Maio [de 1968] que Spínola, ainda com poucos dias no cargo das suas funções de Comandante-Chefe, visita Gandembel logo pela manhã e sem qualquer aviso prévio. Debruça-se atentamente quanto às condições que aquele local ofertava às tropas aí sedeadas, não faz muitas perguntas, também não ousa questionar das eventuais dificuldades sentidas, é receptivo quanto à urgência de se dispor de equipamento bélico defensivo de grandes calibres. Faz-se não demorar muito tempo, e o helicóptero que o trouxera, e que sobrevoava Gandembel para não ficar estacionado durante a sua permanência, aterra de novo para o levar para outro rumo.

E o que Spínola terá pensado sobre o que tinha observado, já que pelo seu mutismo parece dar a entender que tinha perfeito conhecimento da situação bélica que se estava a passar na zona?

Naturalmente que ainda é prematuro extrair quaisquer ilações, pois certamente não foi por razões vãs que quis deslocar-se a este sítio. Posso reconhecer que se lhe tenha deparado aqui o primeiro dos grandes problemas para enfrentar e tentar resolver.


As colunas de reabastecimento tornam-se um pesadelo


Apenas após 3 dias Spínola vir a Gandembel, chega um pequeno contingente de artilharia, sob o comando de um alferes, com 2 obuses, que julgo de calibre 10.5, a que acrescia 2 metralhadoras pesadas Browning, e para as quais já estavam construídos os seus ninhos.

O PAIGC, convicto da sua força, desencadeia no dia 5 de Junho [de 1968] mais uma das suas acções, e que mostrar-se-ia fatídica para a Companhia, conforme referirei no capítulo sobre as colunas de reabastecimento, ceifando a vida ao 3º elemento da Companhia — o alferes Álvaro Vale Leitão, que vinha a caminho de Gandembel, provindo de Guileje.

Estas colunas devastavam e devoravam, provocando consequências de tal modo aterradoras, que iam atingindo penosa e gravemente os elementos da escolta que forçadamente nelas estavam envolvidos, com perturbações profundas e fracturantes no corpo e na mente.

Mas quem, sujeito a um penoso andar, absorvido pelo efeito danoso do inimigo, se confronta aqui com a morte de um companheiro, para mais alguns instantes se deparar com um outro a necessitar de ser evacuado, muito dificilmente conseguiria suportar tantas adversidades. E as perspectivas de as verem acabadas, de lhes pôr termo, não as vislumbrava.

Como forma de mascarar este embate de vida e de morte, havia sempre uma mente brilhante que planificava mais uma operação, mas que à míngua dos seus efectivos, não beliscava minimamente no comportamento bélico do PAIGC.

Foi o caso da Boa Farpa, tão serenamente vista dos céus por uma Dornier, mas tão assustadora e pungente para os que cá em baixo começavam a perder a noção da racionalidade, que se mediava entre o tudo e o nada, inseguros de si mesmos, já a agirem quase sempre maquinalmente. Eram homens em desespero, contando apenas com uma G3 fortemente aperrada e pronta a fazer fogo ao menor indício de perigo.

E ante este desencadear consecutivo de ocorrência deste tipo de vivências ameaçadoras, de uma guerra descomedida e sem limites, não se torna fácil de as descrever, porquanto são tantas e tão diferenciadas que nos impele a omitir as que, embora sofridas, não trouxeram, no imediato, perdas gravosas para a Companhia.

Homens em desespero: o caso do Alferes do Pelotão de Caçadores Nativos

Sem manifestar qualquer pretensão em me arrogar em fazer o papel de advogado do diabo, julgo hoje, há lonjura de quase 4 décadas, que quem chegasse a Gandembel tinha de possuir um temperamento firme e rijo, para enfrentar as adversidades que se lhe deparavam no dia a dia, dado o modo agreste e alucinante como se conseguia sobreviver.

Embora o considere como exemplo raro, ao referi-lo, demonstra um pouco o que este lugar nos reservava, e por isso faço-o figurar na história de Gandembel. Em rendição individual, e logo que chega do Continente, é enviado um alferes (perdi qualquer referência pessoal) para o Pelotão de Nativos, que num prazo de apenas 2 semanas, mediado entre os dias 29 de Maio a 13 de Junho, mergulha num profundo estado de transe que condoía. Era um ser quase inerte, que de tão apoderado pelo medo, já não reagia. Ante esta incontornável situação, a Companhia que estava sob o comando de subalternos [aliás, como numa parte substancial do tempo de permanência], pediu a sua evacuação.

(Continua)



E para todos vocês, um até breve. Um abraço do Idálio Reis.

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Notas de L.G.:

(1) Vd. posts anteriores:

16 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1530: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (1): Aclimatização: Bissau, Olossato e Mansabá

9 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1576: Fotobiografia da CAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (2): os heróis também têm medo

12 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1654: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (3): De pá e pica, construindo Gandembel

2 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1723: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (4): A epopeia dos homens-toupeiras

9 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1743: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (Idálio Reis) (5): A gesta heróica dos construtores de abrigos-toupeira em Gandembel

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Guiné 63/74 - P1743: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (5): A gesta heróica dos construtores de abrigos-toupeira em Gandembel

Guiné > Região de Tombali > Gandembel > CCAÇ 2317 (1968/69) > Abril/Maio de 1968 > "Uma vasta área, tinha que ser inteiramente limpa. Só os troncos das árvores eram aproveitados para o reforço dos abrigos. O resto, teria de ser destruído"..

Foto 218 > E os homens iam-se espalhando, para a limpeza da mata. E, embora com as armas de perto, trabalhavam bem expostos ao perigo que os assombrava a todo o momento

Foto 219 > "E cada árvore após árvore ia sendo derrubada, e então cada tronco teria um destino no arranjo dos abrigos" .

Foto 220 > "Na densidade da mata, divisa-se uma pequena clareira. E os helicópteros, que num imenso ror de vezes aterraram em Gandembel, lá tinham o seu espaço para poisarem".

Foto 221 > "As pouco viaturas disponíveis, em funções de transporte dos troncos de árvores".


Foto 222 > "Mas se não existissem as viaturas, os troncos teriam de ser transportados com escoras e muito esforço braçal".


Foto 223> "E logo surgia uma outra tarefa de relevante importância, como a colocação do arame farpado".


Foto 224 > "E este grupo, empenhado na limpeza, teve um momento de incrível sorte. Esta granada de morteiro 82, caída ao seu lado, não deflagrou".



Foto 225 > "E um helicóptero, ao aterrar, danificou a parte frontal. E nessa noite nenhum de nós sossegou, já que estivemos confrontados com o mais diverso tiroteio, de um modo quase ininterrupto".


E havia que procurar água pelo leito do Balana, que escasseava enquanto a época das chuvas não despontasse



Foto 226 > "A ida à água, quantas vezes procurada ao longo do leito".

Foto 227 > "Com a ajuda de uma bomba manual, iam-se enchendo os bidões e outros depósitos, mesmo garrafões de 10 litros".



Foto 228 > "No regresso da água, que requeria sempre bastante segurança".

Fotos e legendas: © Idálio Reis (2007). Direitos reservados.

V Parte da história da CCAÇ 2317, contada pelo ex-Alf Mil Idálio Reis (ex-alf mil da CCAÇ 2317, BCAÇ 2835, Gandembel e Ponte Balana 1968/69) (1).

Resumo: Instalação e início da construção do aquartelamento de Gandembel (continuação) > Ilustração fotográfica (vd. acima): Incluí o período de tempo entre 8 de Abril de 1968 - partida de Guileje para Gandembel e início da construção do aquartelamento de Gandembel - e chegada da energia eléctrica, a 9 de Maio de 1968. A epopeia dos homens-toupeiras.

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Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 2 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1723: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (4): A epopeia dos homens-toupeiras