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segunda-feira, 17 de maio de 2021

Guiné 61/74 - P22208: (D)o outro lado do combate (66): As sabotagens do PAIGC, em Bissau, no início de 1974 (Jorge Araújo)


Guiné > Bissau > Santa Luzia > QG / CTIG > Foto da Piscina da messe de Oficiais, com o ecrã de cinema ao fundo. Foi aí que aconteceu o episódio muito bem descrito no Blog pelo camarada Abílio Magro com o titulo – "Bomba" no Clube de Oficiais do CTIG”.

Foto (e legenda): © Carlos Filipe Gonçalves (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



O nosso coeditor Jorge [Alves] Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494
(Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, ainda no ativo.


GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE

- AS SABOTAGENS DO PAIGC EM BISSAU NO INÍCIO DE 1974 -  

► ADENDA AO P22202 (15.05.21) (*)




1.   - INTRODUÇÃO


A elaboração da presente adenda ao poste P22202 (15.05.21) pretende ser um contributo para clarificar algumas das dúvidas que teimosamente persistem na historiografia dos "factos" ocorridos durante a "guerra" no CTIG. Estão neste caso os episódios relacionados com os "atentados" ou as "sabotagens" verificados (as) em 21 de Janeiro e em 22 de Fevereiro de 1974, em Bissau, e que "continuam a suscitar grande confusão", segundo a narrativa do camarada Abílio Magro, autor do poste sobredito.

Esta iniciativa é, também, a minha resposta ao "desafio" sugerido pelo camarada Valdemar Queiroz em comentário ao mesmo poste.

Com efeito, de acordo com a "curta" investigação efectuada ao espólio disponível na CasaComum, Fundação Mário Soares, em particular nos arquivos de Mário Pinto de Andrade, recuperámos ("do outro lado") informação relevante em dois comunicados elaborados pelos «Serviços de Informação e Propaganda do PAIGC», escritos na língua francesa, e que abaixo reproduzimos, acompanhados da respectiva tradução da nossa responsabilidade.



◙ O "CASO" OCORRIDO EM 21 DE JANEIRO DE 1974 (2.ª FEIRA)


A descrição deste episódio foi publicada em Comunicado do PAIGC, datado de 09 de Fevereiro de 1974, dezoito dias após a sua ocorrência, com a seguinte justificação:

"No coração da capital, os nossos militantes da cidade de Bissau assinalaram o primeiro aniversário do cobarde assassinato do camarada Amílcar Cabral [1924-1973], fundador, Secretário-Geral e activista n.º 1 do nosso Partido, por acções directas contra a presença de tropas de agressão portuguesas no nosso país.

Assim, no dia 21 de Janeiro [de 1974, 2.ª feira], pelas 20h45, junto ao Clube dos Sargentos do Exército colonialista, na rua Sá Carneiro [actual rua Eduardo Mondlane], dois autocarros Mercedes da Força Aérea Portuguesa foram totalmente destruídos pela explosão de engenhos colocados pelos militantes do nosso Partido. Na mesma noite, um carro da Polícia Política Portuguesa (PIDE/DGS) foi também destruído pela explosão de outro engenho, em frente à residência de um dos seus agentes, na avenida Gago Coutinho. Este carro tinha o número de matrícula - BI 7598 - e os dois autocarros os números AM-19-03 e AM-19-30."

  


Citação: (1974), "Communiqué (PAIGC)", Fundação Mário Soares / Arquivo Mário Pinto de Andrade,  Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_83995, com a devida vénia.


◙ O "CASO" OCORRIDO EM 22 DE FEVEREIRO DE 1974 (6.ª FEIRA)


A descrição deste episódio foi publicada em Comunicado do PAIGC, datado de 27 de Fevereiro de 1974, cinco dias após a sua ocorrência, com a seguinte justificação:

"Os militantes do nosso Partido, cumprindo estritamente a "palavra de ordem" da Direcção Superior do PAIGC de intensificar a nossa acção directa nos centros urbanos e em particular na cidade de Bissau, contra as tropas de agressão portuguesas, voltaram a atacar o inimigo com força:

No dia 22 de Fevereiro [de 1974, 6.ª feira], por volta das 19 horas, explosivos instalados pelos nossos combatentes explodiram dentro do edifício principal do Quartel-General da tropa de agressão portuguesa, em Bissau. As instalações e arquivos deste edifício, que albergava o Estado-Maior, o comando operacional e uma secção de justiça militar, sofreram enormes prejuízos.

As acções dos nossos combatentes nos centros urbanos são realizadas principalmente contra a infraestrutura militar do inimigo e contra os criminosos de guerra. Temos uma preocupação óbvia em salvar vidas humanas e direccionar sempre a nossa luta de libertação contra o principal inimigo: os colonialistas portugueses e as suas tropas de ocupação.

Esta acção de sabotagem contra o centro vital da agressão portuguesa na Guiné, a poucas centenas de metros do Palácio do Governador e Comandante-em-Chefe das forças colonialistas, aumenta a desmoralização que há muito se apodera dos soldados portugueses nas camadas dominantes do regime colonial na sua desastrosa aventura no nosso país."

 



Citação:
(1974), "Communiqué (PAIGC)", Fundação Mário Soares / Arquivo Mário Pinto de Andrade, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_83995, com a devida vénia.

 

● QUESTÃO DE PARTIDA:

   – CONFLITO DE DATAS APRESENTADAS PELO ABÍLIO MAGRO:


Citando Abílio Magro: (…) "O certo é que eu estava no cinema UDIB [no dia 22Fev74?] e o meu irmão Álvaro estava lá por perto, mas em 26/02/1974 já não estava na Guiné…" Então a data não pode ser outra – a de 22Fev74. Será assim?

► Fontes consultadas:

Ø (1) Instituição: Fundação Mário Soares. Pasta: 04315.002.026. Título: Communiqué (PAIGC). Assunto: Comunicado do PAIGC. Comemoração pelos militantes do PAIGC no coração de Bissau do 1.º Aniversário do assassinato de Amílcar Cabral, fundador, Secretário-Geral e militante n.º 1 do PAIGC, com acções directas contra a presença de tropas portuguesas, nomeadamente destruição de dois autocarros Mercedes da Força Aérea e um carro da Pide/DGS. Acções noutras zonas da Guiné. Data: Sábado, 9 de Fevereiro de 1974. Fundo: Arquivo Mário Pinto de Andrade. Tipo Documental:

Documentos.

Ø (2) Instituição: Fundação Mário Soares. Pasta: 04315.002.028. Título: Communiqué (PAIGC). Assunto: Comunicado do PAIGC. Palavra de Ordem da Direcção Superior do PAIGC de intensificação da acção directa nos centros urbanos, nomeadamente na cidade de Bissau, contra as tropas portuguesas de agressão, continua a ser posta em prática. Alvo: infraestruturas militares do inimigo e criminosos de guerra. Ataque, 22 FEV1974, ao quartel-general em Bissau. Data: Quarta, 27 de Fevereiro de 1974. Fundo: Arquivo Mário Pinto de Andrade. Tipo Documental: Documentos.

Com um forte abraço de amizade e votos de boa saúde.

Jorge Araújo.

16Mai2021
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Nota do editor:

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21943: (D)o outro lado do combate (65): a morte de Areolino Cruz (Bafatá, 1944-Cubucaré, 1965), professor do ensino básico no Cantanhez (Jorge Araújo)

Citação: Mikko Pyhälä (1970-1971), "Estudantes da escola Areolino Cruz",

(com a devida vénia)

 

 


Citação: Mikko Pyhälä (1970-1971), "Dormitório da escola Areolino Cruz",




O nosso coeditor Jorge [Alves] Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494
(Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, ainda no ativo.


GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE

A MORTE DE AREOLINO CRUZ OCORREU EM DEZEMBRO DE 1965, DURANTE A «OPERAÇÃO RESGATE» DA FORÇA AÉREA REALIZADA NA REGIÃO DE TOMBALI (CANTANHEZ)

- ERA PROFESSOR DO ENSINO PRIMÁRIO NA BASE DE CUBUCARÉ -

 

1. – INTRODUÇÃO


Promessa feita; promessa cumprida, conforme deixei expresso no P21000 (23.05.2020) - «PAIGC - Quem foi quem: Areolino Cruz, professor do ensino primário, que alegadamente terá perdido a vida ao tentar salvar os seus alunos durante um bombardeamento, em Cubucaré, em 17 de Fevereiro de 1964 (Cherno Baldé / Jorge Araújo)».(*)


De facto, a data acima não poderia estar correcta, fazendo fé em documentos rubricados pelo próprio Areolino Cruz, encontrados com datas posteriores, relativos ao desempenho da sua actividade de professor, em Cubucaré, razão para ter suscitado este "mistério".


Daí que, com a presente narrativa pretendemos esclarecer, em definitivo, este enigma, onde fazemos questão de cumprir o que havíamos prometido: (sic) "logo que saiba da verdadeira data e factos relacionados com a sua morte, faremos um texto com uma pequena biografia… para memória futura". (**)


Areolino Cruz, de nome completo: Areolino Lopes da Cruz Júnior, filho de Augusto Lopes da Cruz e de Domingas da Rocha Cruz, nasceu em 14 de Janeiro de 1944 (6.ª feira), em Bafatá. Morreu, como se infere da nossa investigação, em Cubucaré, na Região de Tombali (Cantanhez), entre 17 e 20 de Dezembro de 1965, de acordo com as circunstâncias relatadas no ponto 3 deste texto.


Eis, então, o que conseguimos apurar.


2. – DIVULGAÇÃO OFICIAL DA OCORRÊNCIA


A notícia da morte de Areolino Cruz foi divulgada no Boletim mensal «LIBERTAÇÃO», Órgão de informação oficial do PAIGC, edição n.º 62, Janeiro de 1966, classificado de "número especial". O texto que abaixo citamos foi retirado da página 11.

 



O CAMARADA AREOLINO CRUZ MORREU NO SEU POSTO


Atingido gravemente durante um assalto colonialista às regiões libertadas do sul, caiu no seu posto o camarada Areolino Cruz, responsável da Educação e do Estado Civil no Comité Regional de Catió.


O camarada Areolino, que teve perante o inimigo um comportamento exemplar, impondo-se a todos os companheiros pela sua coragem e pelo seu sacrifício, foi ferido quando tinha passado o momento mais crítico da batalha, morrendo poucos instantes depois.


Tendo feito estudos liceais em Bissau e Portugal, o camarada Areolino, que contava apenas 22 anos de idade [incompletos], participou, logo após a sua admissão no Partido, nas primeiras missões de reconhecimento no nordeste do país, integrado numa formação de guerrilha. Tendo beneficiado posteriormente de uma bolsa de estudos, o nosso camarada foi durante algum tempo estudante da Universidade de Leninegrado.

 

 


A morte do camarada Areolino Cruz é uma grande perda para a nossa luta. O nosso camarada, que compreendeu progressivamente a razão do nosso Partido, tornou-se num dos melhores e mais dinâmicos militantes do sul do país, onde a sua acção muito contribuiu para o desenvolvimento da instrução. O seu nome fica, de resto, estreitamente ligado à acção do nosso Partido nesse domínio, pois foi o camarada Areolino que fundou, em Cubucaré (Chão dos Nalus) a primeira escola do Partido.


O nome do camarada Areolino Cruz ficará registado, para sempre, na memória de todos nós, inspirando a nossa coragem e determinação e reforçando a nossa dedicação ao Partido e à gloriosa luta de libertação do nosso povo.

 




Citação: (1966), "Libertação", n.º 62, Ano 1966, Janeiro de 1966,

Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral - Vasco Cabral
 

Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_44415 (com a devida vénia).


2.1 - CARTA DE CONDOLÊNCIAS ENVIADA POR LUÍS CABRAL A NINO VIEIRA, CMDT DA FRENTE SUL, EM 05JAN66


Luís Cabral (1939-2009), ao ser informado das diferentes ocorrências que envolveram a estrutura militar acantonada na região de Tombali (Cantanhez), e em substituição do Secretário-Geral, Amílcar Cabral (1924-1973), que à data se encontrava em Cuba, a fim de participar na «Primeira Conferência Tricontinental - Havana 1966», agendada para decorrer entre 3 e 15 de Janeiro, tomou a iniciativa de escrever uma carta a Nino Vieira, responsável pela Frente Sul, lamentando todas as más notícias, em particular as perdas humanas, onde, de entre elas, estava incluído o Areolino Cruz.


Do documento de duas páginas, citamos apenas os primeiros quatro parágrafos, precisamente aqueles que se relacionam com o presente objectivo.


Conacri, 5 de Janeiro de 1966 (4.ª feira)


Caro camarada NINO,


"Fazemos votos para que tu e os camaradas estejam gozando óptima saúde e prontos para darem mais um passo em frente na luta gloriosa pela libertação do nosso povo.


Lamentamos profundamente a morte dos camaradas e elementos do povo, durante os bombardeamentos que vocês sofreram na semana de 16 a 23 de Dezembro [p.p.]. Era de esperar que esta teria de ser forçosamente a reacção do inimigo, depois das perdas que sofreu durante a época das chuvas, em todos os pontos da nossa terra.


Estamos certos de que os bombardeamentos que vocês fizeram aos quarteis inimigos tiveram resultados positivos e que com os meios de que dispomos agora, vocês poderão intensificar essa acção, de grande interesse para a insegurança e desmoralização do inimigo.

Os camaradas de Cubisseco têm de reforçar o cerco ao inimigo e a vigilância para evitar que façam vitimas nos momentos de desespero." (…)

 


Citação: (1966), Sem Título, 
Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral

Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_35063 (com a devida vénia).

 

3. – A «OPERAÇÃO RESGATE» DA FAP E OS SEUS FUNDAMENTOS

Como suporte documental, e bibliográfico, socorremo-nos do trabalho de investigação de José Matos. «A guerra das antiaéreas na Guiné (1965/1970), divulgado no P16968, cujo original está publicado na Revista Militar n.º 2601, de Outubro de 2018, citando, na íntegra, o texto que está relacionado com o histórico sobre este ponto:

 


Os primeiros ataques à antiaérea do PAIGC

Decisão:


A Força Aérea apercebe-se do problema em finais de 1965 e, rapidamente, o Comando da Zona Aérea de Cavo Verde e Guiné (ZACVG) lança uma operação de ataque para eliminar a ameaça. Em Dezembro de 1965, são mobilizados vários meios aéreos para a execução da «Operação Resgate». Dois aviões de patrulhamento marítimo P2V5 Neptune vindos da Ilha do Sal juntam-se, em Bissalanca, na Base Aérea n.º 12 (BA12), a um C-47 Dakota adaptado para bombardeamentos nocturnos, doze T-6G, um Dornier Do-27 e a um Alouette III.


A operação começa na noite de 17 de Dezembro de 1965 (6.ª feira), com o sobrevoo das posições da guerrilha na zona de Cafine pelo C-47 e o lançamento de granadas iluminantes. A guerrilha responde de imediato com fogo antiaéreo, sendo então bombardeada pelos P2V5 equipados com bombas de 750 libras (325 kg). Os bombardeamentos continuam ao longo da noite em mais três vagas de ataque e prolongam-se na noite de 19 de Dezembro (domingo), embora aí já sem resposta da guerrilha, tendo a operação terminado no dia seguinte (2.ª feira). Embora a reacção antiaérea tenha sido significativa, há apenas a registar, durante a operação, dois impactos em dois T-6G e um impacto num P2VC5, em ambos os casos sem consequências. (…)


4. – SÍNTESE BIOGRÁFICA DE AREOLINO CRUZ (19 / 22 ANOS)

       - FACTOS NARRADOS NO TEXTO OFICIAL


4.1 - EM 05JAN63 > INSCRITO NO ESTÁGIO DE JORNALISMO NO SENEGAL E BOLSA DE ESTUDOS PARA CURSAR MEDICINA


Dakar, 05 de Janeiro de 1963 (sábado)


Relatório sobre o trabalho do Bureau do PAIGC em Dakar, assinado por José E. Araújo

 



Citação: (1963), "Relatório sobre o trabalho do Bureau do PAIGC em Dakar", 
Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral

Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_41403 (com a devida vénia).

 

4.2 - EM 10JUL63 > NA GUERRILHA COM NORBERTO ALVES (PIRADA)


 Pirada, 10 de Julho de 1963 (4.ª feira)

Caro [Pedro] Pires,


Saúde em primeiro lugar e acima de tudo. Nós vamos indo bem graças a Deus. O portador desta carta é um camarada que se encontra doente talvez por causa da frieza. Ele costuma ter dores na região lombar (?). É preciso tratá-lo bem para que ele possa voltar depressa porque é um elemento precioso para a nossa zona e é adjunto do nosso responsável. Ontem quando voltámos da sabotagem que fomos fazer em Pirada ele foi atacado fortemente por tal doença que só muito dificilmente pôde marchar em braços. Fomos obrigados a sair do mato essa noite e entregá-lo numa tabanca vizinha pois que chovia torrencialmente e ele não podia de modo nenhum estar exposto à intempérie… (P20994).

 


Citação: (1963), Sem Título, 
Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral

Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_36865 (com a devida vénia).

 

4.3 - EM 30SET63 > COMO ESTUDANTE EM LENINGRADO - CHEGADA

Leningrado, 30 de Setembro de 1963 (2.ª feira)


Caro Luís [Cabral]


Faço votos ardentes que esta lhe encontre desfrutando duma óptima saúde, bem como todos os camaradas. Eu vou indo bem graças a Deus, após uma boa viagem. Começo por lhe apresentar as minhas desculpas por não ter escrito há mais tempo a dar notícias mas devo-lhe dizer que estive durante uma semana em Moscovo, sem saber o enderenço que havia de enviar, uma vez que me encontrava provisoriamente sem saber o tempo limite. Actualmente como já deve ter notado, encontro-me em Leninegrado [São Petersburgo após 1991] na Faculdade Preparatória de Línguas. (…)

 


Citação: (1963), Sem Título, 
Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral
 

Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_36462 (com a devida vénia).


4.4 - EM 17JUN64 > COM "GUIA DE MARCHA" PARA A "ZONA 11" A/C DE NINO VIEIRA


Conacri, 17 de Junho de 1964


"Vai o camarada Areolino Cruz apresentar-se ao camarada João Bernardino Vieira (Nino) na zona 11, para ser integrado nos serviços de instrução (ensino) no chão dos Nalus. O camarada Areolindo Cruz, que era estudante e tomou parte activa no complô contra o Partido, está sujeito a uma sanção suspensa de expulsão do Partido. Por isso, não tem quaisquer direitos de membro do Partido e deve ser rigorosamente controlado pelos responsáveis. Deve ser enviado um relatório mensal sobre a sua conduta, ao Secretário-Geral."

 


Citação: (1964), "Guia de Marcha", 
Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, 

Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_36462 (com a devida vénia).


4.5 - EM 22JUL64 > COMO PROFESSOR DO ENSINO PRIMÁRIO NA BASE DE CUBUCARÉ


Zona Sul [Cubucaré?], 22 de Julho de 1964 (4.ª feira)


Requisição de material escolar rubricada por Areolino Cruz

 


Citação: (1964), "Requisição de material de ensino", 
Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral,  

Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40014 (com a devida vénia).

Sem mais…

► Fontes consultadas:

(1) Instituição: Fundação Mário Soares Pasta: 07177.062. Título: Libertação. Número: 62. Ano: 1966. Data: Janeiro de 1966. Directores: Amílcar Cabral, Luís Cabral, Vasco Cabral e Dulce Almada. Observações: Órgão do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabra – Vasco Cabral. Tipo Documental: IMPRENSA.


 

Ø  (2) Instituição: Fundação Mário Soares Pasta: 04618.082.008. Título: Lamenta a morte de camaradas e elementos do povo durante os bombardeamentos. Remetente: Luís Cabral. Destinatário: Nino Vieira. Data: Quarta, 5 de Janeiro de 1966. Observações: Doc incluído no dossier intitulado correspondência dactilografada (de Amílcar Cabral, Aristides Pereira e Luís Cabral para os Responsáveis da Zona Sul e Leste). Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Correspondência.


 

Ø  (3) Instituição: Fundação Mário Soares Pasta: 07075.147.014. Assunto: Relatório sobre o trabalho do Bureau do PAIGC em Dakar. Assunto: Relatório assinado por José Eduardo Araújo, remetido ao Secretariado Geral em Conacri, sobre o trabalho do Bureau de Dakar. Contactos oficiais, tentativa de conseguir audiências junto das autoridades do Senegal. Publicações do Bureau, nota de imprensa, discursos de Amílcar Cabral, declaração de Dezembro de 1960, dois últimos comunicados, etc.; vinda da Dulce [Almada] para o Boletim e programa de rádio. Enfermeiro de Ziguinchor. Inscrição de Areolino da Cruz no estágio de jornalismo. Questões dos ex-militares do exército colonialista. Oportunistas, regresso do Labery, Có e Mendy em Marselha; Barre, "Union des Forces Progressistes Capverdiennes". Lourenço [Gomes], requisição de fundos para missão. José Eduardo Araújo, bolsa de estudos. Data: Sábado, 5 de Janeiro de 1963. Observações: Doc incluído no dossier intitulado Relatórios XI 1961-1964. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Documentos.


 

Ø  (4) Instituição: Fundação Mário Soares Pasta: 04611.061.015. Assunto: Informações sobre doença do portador da carta. Sabotagem em Pirada. Pedido de ajuda financeira para alimentos e munições. Borges, Bebiano, Konko. Remetente: Areolino Cruz, Kanfrandi Ká. Destinatário: Pedro Pires. Data: Quarta, 10 de Julho de 1963. Observações: Doc incluído no dossier intitulado Correspondência manuscrita 1961-1964. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Correspondência.


 

Ø  (5) Instituição: Fundação Mário Soares Pasta: 04619.102.034. Remetente: Areolino Lopes da Cruz. Destinatário: Luís [Cabral]. Data: Segunda, 30 de Setembro de 1963. Observações: Doc incluído no dossier intitulado Correspondência 2.º semestre 1963 (interna PAIGC). Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Correspondência.


 

Ø  (6) Instituição: Fundação Mário Soares Pasta: 04606.045.074. Título: Guia de Marcha. Assunto: Guia assinada por Amílcar Cabral, Secretário-Geral do PAIGC, fazendo seguir Areolino Cruz para se apresentar a João Bernardo Vieira (Nino), na Zona 11. Data: Quarta, 17 de Junho de 1964. Observações: Doc incluído no dossier intitulado Cartas e textos dactilografados enviados por Amílcar Cabral 1960-1967. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Documentos.


 

Ø  (7) Instituição: Fundação Mário Soares Pasta: 07065.084.016. Título: Requisição de material de ensino. Assunto. Requisição de material de ensino, assinada por Areolino Cruz, para a zona Sul. Data: Quarta, 22 de Julho de 1964. Observações: Doc incluído no dossier intitulado Material militar 1964-1965. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Documentos.

 

Ø  Outras: as referidas em cada caso.

 

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

08Fev2021
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domingo, 19 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21184: Memórias cruzadas nas 'matas' da região do Óio-Morés em 1963: o caso da queda do T6 FAP 1694 em 14 de outubro de 1963 (Jorge Araújo) - II (e última) Parte


Foto 5 - Citação: (1963-1973), "Comandante Pedro Pires com dois combatentes do PAIGC", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43495, com a devida vénia.


 Foto 6 - Citação: (1963-1973), "Guerrilheiros do PAIGC atravessando um rio", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43140, com a devida vénia.
  



O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,
CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior; vive em, Almada, está atualmente nos Emiratos Árabes Unidos; tem cerca de 260 registos no nosso blogue.


MEMÓRIAS CRUZADAS
NAS 'MATAS' DA REGIÃO DO ÓIO-MORÉS EM 1963
- NUANCES DA MISSÃO DE LOURENÇO GOMES EM OUT'63 -
II (e última) PARTE



Mapa da região do Óio-Morés (satélite) com infografia da queda do «T-6 matrícula FAP 1694», pilotado pelo Cap Pilav João Cardoso de Carvalho Rebelo Valente, ocorrida em 14 de Outubro de 1963, 2.ª feira.

► Continuação do P21151 (08.07.20)


No primeiro fragmento deste trabalho – P21151 (*) – procedemos à análise dos temas inseridos no relatório elaborado pelo dirigente do PAIGC do Bureau de Dakar, Lourenço Gomes (1922-1999?), natural do Canchungo (Teixeira Pinto), referente à sua "missão" de contacto com três das bases da região do Óio-Morés (território da Zona Norte): Morés (base Central), Fajonquito e Maqué, realizada entre 08 e 18 de Outubro de 1963.

Com recurso a outras fontes de informação primária, relacionadas com os mesmos factos, foi possível identificar alguns conflitos factuais entre as «Memórias Cruzadas», nomeadamente o episódio do acidente (queda) do «T-6 FAP 1697», pilotado pelo Cap Pilav João Cardoso de Carvalho Rebelo Valente, ocorrida em 14Out1963, naquela região, e que serviu de pretexto para a escolha do subtítulo.

Agora, nesta segunda (e última) parte, com recurso à mesma metodologia, utilizamos um outro relatório, que estava apenso ao primeiro do Lourenço Gomes, elaborado por Pedro [Verona Rodrigues] Pires (1934-), natural de São Filipe, Ilha do Fogo, Cabo Verde, a partir das informações transmitidas pelo guia - "estafeta" Biagué Sagne, após a sua chegada a Dakar, depois de ter conduzido dois desertores da marinha portuguesa até Ziguinchor.

Para além de ser considerado como elemento de confiança dos dirigentes da estrutura de Dakar, Biagué Sagne ("estafeta de eleição") era quase sempre o escolhido para as "missões" de ligação entre os dois lados da fronteira Norte (Senegal/Guiné-Bissau), conforme consta na literatura. 

Conhecedor exímio da geografia do território e simultaneamente dos itinerários de risco controlado, face ao contexto das movimentações militares, Biagué era elogiado por ser um caminhante muito resistente, a fazer lembrar, na época, a "Locomotiva de Praga", apelido atribuído ao checo Emil Zátopek (1922-2000), o único atleta a vencer os 5.000 metros, 10.000 metros e maratona numa mesma Olimpíada (J.O. de 1952, em Helsínquia, na Finlândia), e que em 2012, durante as celebrações do centenário da «IAAF» (International Association of Athletics FederationsAssociação Internacional de Federações de Atletismo), realizadas na sua sede em Monte Carlo, no Principado do Mónaco, foi imortalizado no "Salão da Fama do Atletismo".

2.2 - RELATÓRIO (elaborado por Pedro Pires)

► Segundo informações colhidas a partir das declarações do Biagué.

Dakar, 21 de Outubro de 1963 (data em que assinou o documento dactilografado)

Bombardeamento do dia 14Out63 (2.ª feira) = 

 Houve 8 feridos entre os quais uma rapariga que ficou com uma perna fracturada. O Tiago [Aleluia] Lopes feriu-se na cabeça, mas está completamente restabelecido. O bombardeamento foi muito próximo da base [Central] do Osvaldo Vieira. Foi perto da tabanca de Morés.

# «MC» ▼ 

Os oito feridos referidos acima, cujos nomes não foram identificados neste relatório do Pedro Pires, seriam divulgados, quatro meses mais parte, por Bebiano Cabral d'Almada, no âmbito da sua (nova) visita às bases do Óio – P21095 (P-I) – a saber:    




Citação: (1964), "Relatório do Bureau de Dakar sobre a viagem à região de Casamansa e às bases do Norte da Guiné", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_41387, com a devida vénia.

Por outro lado, e como contraditório à obra de Norberto Tavares Carvalho – "De campo em campo: dos estádios de futebol à luta de libertação nacional dos povos da Guiné e de Cabo Verde"; conversas com o comandante Bobo Keita. Edição de autor, Porto, 2011, recupero a opinião transmitida pelo Luís Graça, a propósito de duas notas incluídas no P17123, «(D)o outro lado do combate: Vida e morte de Simão Mendes, vítima de bombardeamento, pela FAP, da base central do Morés, em 20 de fevereiro de 1966 (Jorge Araújo)».

▬ Dizia, então, o camarada Luís Graça:  

(…) "O Bobo Keita não é bom de datas. Antecipou, ao que parece, a morte do Simão Mendes em 1 ano e três meses…".

De facto, podemos hoje concluir que algumas das datas e contextos relatados pelo Cmdt Bobo Keita (1939-2009), "nas suas conversas publicadas em livro" [capa ao lado], estavam desfasadas da realidade, o que se compreende, face aos muitos "sustos" que, certamente, apanhou durante os anos em que foi guerrilheiro.

Exemplos retirados da op. cit. p. 244:

"(vi) Morreu [Simão Mendes], mais tarde, no intenso bombardeamento da base de Morés ocorrido no dia 14 de Novembro de 1964". Seria que estava-se a referir ao bombardeamento de 14 de Outubro de 1963, aquele que acima é citado, onde aconteceram 8 ou 13 mortes… (mas não a de Simão Mendes)?

"(vii) Nesse bombardeamento, "os camaradas Juvêncio Gomes e Tiago Aleluia Lopes foram atingidos por estilhaços", na cabeça (o Tiago Lopes), nas mãos e parte do rosto (o Juvêncio Gomes). Mais uma vez se infere que a data aludida por Bobo Keita não confere, mas sim a de 14 de Outubro de 1963, onde o Tiago Lopes e o Juvêncio Gomes foram, de facto, feridos, o primeiro recuperou na base, do ferimento na cabeça, e o segundo foi evacuado para o Hospital de Ziguinchor, por ter sido atingido com "estilhaços na cara e no pescoço, e com fractura do braço esquerdo e ferimentos no pé", conforme consta na descrição supra.

Barco = 

[Durante a evacuação dos oito feridos], os portugueses surpreenderam os camaradas quando atravessavam o rio [Cacheu] numa cambança, cambança por onde passaram com o Rendeiro e o Timóteo [em 18 de Setembro de 1963], e apreenderam o barco que viera de Conacri há pouco tempo. 

Os soldados fizeram fogo sobre os nossos e tiveram que abandonar o barco. Não houve feridos.

Base = 

O Osvaldo Vieira vai mudar de base.

Soldados portugueses = 

Estão detidos em Ziguinchor. Foram conduzidos por um guia [Biagué Sagne] que foi encarregado desse serviço pelo Zain Lopes [Rafael Barbosa]. Precisamos de ver esse problema dos refugiados no Senegal mais profundamente. Espero as vossas instruções nesse sentido. Não podemos ter confiança absoluta em ninguém e julgo que é necessário separar o Lar [Ziguinchor] do Bureau [Dakar].

Julião [Lopes] = 

Este camarada continua em Ziguinchor [ferido por um dos seus três camaradas por ele assassinados em Encheia] porque não está completamente restabelecido. O Paulo Santi [que havia sido ferido, também, pelo Julião Lopes, no mesmo episódio de Encheia] já entrou.

Chico Té [Francisco Mendes] e o Constantino Teixeira = 

Devem vir a Dakar para seguirem para Conacri [a fim de reunirem com Amílcar Cabral].

# «MC» ▼ 

A reunião teve lugar a 27 de Outubro de 1963, domingo, encontro que contou apenas com a presença do Secretário-Geral e de Chico Té [Francisco Mendes], na qualidade de responsável político. 

Durante a sessão de trabalho foi apresentado e analisado o novo "plano de acção militar" para as zonas da Região do Óio (Central) e Gabú (Interior Norte). As "missões" a levar à prática incluíam:

(i) – meios de reconhecimento;
(ii) – criação da base em Geba;
(iii) – controlo da ligação fluvial e terreste;
(iv) – receber mais gente do Yaya [Koté];
(v) – intensificar as acções de sabotagem;
(vi) – liquidação dos Régulos (?).

Para a supervisão deste "plano de acção militar", foram indigitados trinta responsáveis (Comndantes), distribuídos pelas diferentes bases existentes nessas zonas.
De seguida apresentam-se os pontos mais relevantes dessa reunião, indicados acima.



Citação: (1963), "Reunião com Chico Té", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_41265, com a devida vénia.

Oportunistas = 

Teriam estado na Gâmbia onde teriam encontrado o Cônsul e mesmo teriam ido a Bissau os oportunistas da clique do Benjamim Bull. Devem ter feito parte desse grupo: Bull, Domingos Araújo e Madjo. 

Teriam mesmo falado com o Rafael Barbosa, em Bissau, segundo as informações de Quebá Mané. "Foram ver o Governador e este pediu-lhes para contactarem o Rafael…". O Domingos Araújo esteve ausente cerca de 23 dias. Teria ido a Bissau via Gâmbia.

Carta = 

Os camaradas interceptaram uma carta do Cônsul que era dirigida a Domingos Araújo e uma outra a Ernestina para o Cônsul. As cartas estão com o Lourenço Gomes.

Malas de Correio = 

Os camaradas interceptaram uma camioneta do Lulula e apoderaram-se da mala do correio.

Timóteo e Rendeiro = 

O Rodrigo Rendeiro seguiu para Bissau. O Timóteo Pinto continua em Dakar, pelo menos, estava cá há cinco dias. Estou a ver se consigo descobrir o paradeiro dele. O Osvaldo Vieira e os camaradas do interior já estão informados da fuga deles.

# «MC» ▼ 

Sobre as "Histórias do Rodrigo Rendeiro e Timóteo Pinto" sugere-se a consulta das narrativas a seguir mencionadas:

▬ P17920: "A odisseia do português, da Murtosa, Rodrigo Rendeiro: uma viagem atribulada, de 3 a 26 de Setembro de 1963, de Porto Gole, … até ao Senegal (Samine, Ziguinchor e Dacar)".

▬ P17926: "Continuação da odisseia do Rodrigo Rendeiro que acabou por regressar a Bissau, com um salvo-conduto do consulado da Suíça em Dacar, que o levou até à Gâmbia…".

▬ P17929: "O Rodrigo Rendeiro, depois de regressar a Bissau, terá fornecido preciosas informações à FAP, permitindo a localização (e bombardeamento) das bases do PAIGC em Morés e Dando…".

Oportunistas = 

Teriam estado na Gâmbia há uns quinze dias [início de Outubro'63], coincidindo com a partida dos dois traidores [Timóteo e Rendeiro].

Lourenço Gomes = 

Ele foi detido antes de ontem juntamente com os soldados portugueses [Manuel José Fernandes Vaz e Fernando Fortes]. Haverá relação entre os panfletos tendenciosos e a atitude do Governo de Casamansa? Penso que não. Esses panfletos não terão, pelo menos, um estímulo do Governo do Senegal? Qual a atitude do Partido perante o "tracked" [vigia/controlo de movimentos] que se refere a Cacine e Casamansa?

Polícia = 

Estive hoje por duas vezes na "Sûreté" [Segurança), mas o Director e seu Adjunto estavam ausentes.

Medicamentos = 

Peço que levem em consideração o pedido do Lourenço Gomes.

Peças do motor Kelvin = 

É preciso que mandem as peças avariadas para poder comprá-las.



Citação: (1963), "Relatório sobre a visita de Lourenço Gomes à região de Óio", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_41412, com a devida vénia.

► Fontes consultadas:

Ø  CasaComum, Fundação Mário Soares. Pasta: 07075.147.046. 

Título: Relatório sobre a visita de Lourenço Gomes à região do Óio. 

Assunto: Relatório assinado por Lourenço Gomes sobre a sua visita ao interior, região de Óio. Visita aos locais onde foram abatidos os aviões portugueses; ataque à base de Ambrósio Djassi [Osvaldo Vieira]. Necessidade de medicamentos no interior. Material de Guerra.Despesas. Viatura para transporte dos feridos. Envio dos militares portuguesas, Fernandes Vaz e Fernando Fortes, para a base de Abel Djassi. Em anexo documento assinado por Pedro Pires, datado de 21 de Outubro de 1963, com as informações colhidas das declarações de Biagué. 

Data: Quinta, 24 de Outubro de 1963. 

Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Relatórios XI 1961-1964.

 Fundo: DAC – Documentos Amílcar Cabral. 

Tipo Documental: Documentos.

Ø  Outras: as referidas em cada caso.

Concluído.
Termino, agradecendo a atenção dispensada.
Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.
Jorge Araújo.
09JUL2020
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Nota do editor: