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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Guiné 63/74 – P11890: Visita à Guiné e Briefing ao General Chefe do Estado Maior do Exército, general Paiva Brandão -Bissau, 26 de Janeiro de 1974 -, (CONTINUAÇÃO – Parte III) (Luís Gonçalves Vaz)



1. O nosso amigo Luís Gonçalves Vaz, membro da Tabanca Grande e filho do Cor Cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (último Chefe do Estado-Maior do CTIG - 1973/74), enviou a terceira parte sobre esta matéria, iniciada nas mensagens postadas em P11871 e P11878.

Comando Territorial Independente da Guiné

QUARTEL GENERAL 


Visita á Guiné e Briefing ao Senhor General Chefe do Estado Maior do Exército, general Paiva Brandão 


(Bissau, 26 de Janeiro de 1974)
(CONTINUAÇÃO – Parte III) 
General João Paiva Leite Brandão (CEME 1972 - 1974) e Chefe do Estado Maior do QG / CTIG, coronel Henrique Gonçalves Vaz (CEM/CTIG 1973 – 1974). 



 GUINÉ – 7 de Abril de 1974 – “Mapa de Situação”

GUINÉ - 1973 – O Comandante Chefe, general Bettencourt Rodrigues, visita uma unidade no T.O. da Guiné, acompanhado pelo “seu” CEM do QG/CTIG, coronel Henrique Gonçalves Vaz. 



Comando Territorial Independente da guiné

QUARTEL GENERAL



Briefing a sua Excelência o Senhor General Chefe do Estado Maior do Exército



(exposição do Chefe de Estado Maior do CTIG, coronel do CEM Henrique Vaz)

Continuação….


3. CONDICIONAMENTOS GERAIS DO T.O.

“… a – Muitos dos condicionamentos, ficaram expressos nas considerações anteriores, no entanto parece-me pertinente seriar alguns deles:

b – Afastamento da Metrópole;

É de facto um condicionamento, a distância a que a Guiné se encontra de Lisboa. Pelo menos este condicionamento, ainda não foi superado, pois os transportes de pessoal e de todo o material, sofrem as dificuldades da “falta de maior frequência e capacidade” dos navios que demandam a este T.O. . O mesmo se aplica aos meios aéreos.

c- Outro condicionamento é a grande dificuldade no recrutamento de pessoal qualificado, quer para o desempenho de funções que exijam um mínimo de habilitações dentro do Exército , quer mesmo para a execução de tarefas burocráticas, por civis, contratados de apoio às actividades administrativas do Exército.

d- Também é um condicionamento, a enorme dificuldade na obtenção de recursos locais para o Exército que atrás já referi.

e- Outros condicionamentos são os derivados da “configuração geográfica” e do aspecto climático do T.O. com reflexos graves no aproveitamento dos diversos meios de transporte e na conveniente manutenção e conservação dos diversos materiais, em especial, viaturas, armamento, munições e víveres, todos conducentes a desgastar e deteriorar muito rapidamente aqueles materiais e víveres.


GUINÉ - 1973 – O Comandante Chefe, general Bettencourt Rodrigues, visita uma unidade no T.O. da Guiné, acompanhado pelo comandante do CTIG, brigadeiro Banazol e pelo CEM do QG/CTIG, coronel Henrique Gonçalves Vaz. 

4. MEIOS AO DISPOR DO Q. G./ C.T.I.G.


“ … O quadro orgânico deste Quartel General é o que Vª. Exª. Pode ver em frente … (placard na sala de operações do Q.G./CTIG). Nele estão indicados os efectivos orgânicos em Oficiais, Sargentos e Praças das diversas Repartições e Serviços.


Ao lado desses números, estão indicados a vermelho os efectivos reais que foi preciso obter para que “a máquina” possa funcionar sem grandes dificuldades e sem afectar muito, o indispensável apoio às tropas do T.O. 


A comparação daqueles efectivos “diz-nos logo” da grande falta de actualidade dos Q. O. Em vigor.


Dimensionados estes Q. O. (quadros orgânicos), para apoiar efectivos globais substancialmente inferiores aos actuais, estão hoje amplamente desajustados ás necessidades.


O pessoal de recurso não é o mais apropriado, e quem sofre são as unidades “onde temos de o ir retirar”.


Este facto acarreta uma “sobrecarga excessiva” para o pessoal e é evidente, pois afeta o apoio ás tropas e todas as restantes actividades do Q.G. , apesar do desejo de todos aqueles que aqui trabalham com a maior dedicação e elevado espírito de missão.


É bastante urgente meu General que as nossas propostas de alteração aos Q.O. sejam urgentemente aprovadas, e o mais importante, que os Serviços de Pessoal do Ministério do Exército satisfaçam completamente o seu preenchimento e em tempo oportuno . 

Este é o nosso maior problema que considero “grave”, prioritário em ser resolvido, mesmo em relação ás outras dificuldades a que já aludi durante esta minha exposição.


5. Agora meu General, os Chefes das respectivas Repartições, irão efectuar as suas exposições, começando pela 1ª Repartição… “ (passou a palavra ao tenente-coronel do CEM, Cunha Ventura)...

Coronel do CEM Henrique Gonçalves Vaz in: Exposição do Chefe de Estado Maior do CTIG, no Briefing a sua Excelência o Senhor General Chefe do Estado Maior do Exército.

Nota do autor: O Coronel do CEM HENRIQUE MANUEL GONÇALVES VAZ, substituiu o Coronel do CEM JOSÉ GONÇALVES DE MATOS DUQUE, nas Funções de Chefe do Estado-Maior do CTIG, a partir de 11 de Julho de 1973. Desde 17 de Agosto de 1974, o coronel Henrique Gonçalves Vaz, foi nomeado Chefe do Estado Maior do QG unificado para o Comando Chefe e CTIG. Publicado na altura em Ordem de Serviço do Comando Chefe. 


Braga, 30 de Julho de 2013

Luís Gonçalves Vaz 
(filho do Coronel Henrique Gonçalves Vaz, então Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Fotos (e legendas): © Luís Vaz Gonçalves (2013). Todos os direitos reservados.
__________
Nota de MR:

Ver a primeira parte desta matéria em:


Ver a segunda parte desta matéria em:

28 DE JULHO DE 2013 > Guiné 63/74 – P11878: Visita à Guiné e Briefing ao General Chefe do Estado Maior do Exército, general Paiva Brandão -Bissau, 26 de Janeiro de 1974 -, (CONTINUAÇÃO – Parte II) (Luís Gonçalves Vaz)


domingo, 28 de julho de 2013

Guiné 63/74 – P11878: Visita à Guiné e Briefing ao General Chefe do Estado Maior do Exército, general Paiva Brandão -Bissau, 26 de Janeiro de 1974 -, (CONTINUAÇÃO – Parte II) (Luís Gonçalves Vaz)


1. O nosso amigo Luís Gonçalves Vaz, membro da Tabanca Grande e filho do Cor Cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (último Chefe do Estado-Maior do CTIG - 1973/74), enviou a segunda parte da mensagem postada em P11871.
  
Comando Territorial Independente da Guiné
QUARTEL GENERAL 

Visita à Guiné e Briefing ao Senhor General Chefe do Estado Maior do Exército, general Paiva Brandão (Bissau, 26 de Janeiro de 1974) 

(CONTINUAÇÃO – Parte II) 


General João Paiva Leite Brandão (CEME 1972 - 1974) e Chefe do Estado Maior do QG / CTIG, coronel Henrique Gonçalves Vaz (CEM/CTIG 1973 – 1974). 


GUINÉ – QG/CTIG/ 11 de Julho de 1973 - 

Oficiais a prestarem seviço no Q.G./CTIG no ano de 1973, assistem à cerimónia de transmissão de funções do CEM/CTIG. O coronel do CEM, Henrique Vaz substitui o coronel do CEM Duque.




GUINÉ – Sala de operações do QG/CTIG/ 11 de Julho de 1973  - 

Da esquerda para a direita; Brigadeiro Banazol, comandante do CTIG; Coronel Galvão de Figueiredo, 2º comandante do CTIG e o  Chefe do Estado-Maior/CTIG, Coronel do CEM Henrique Gonçalves Vaz. Este último responde, na sala de operações do Q.G.,  ás palavras do CMDT do CTIG, numa cerimónia de transmissão de funções do CEM/CTIG.


Comando Territorial Independente da guiné
QUARTEL GENERAL

Briefing a sua Excelência o Senhor General Chefe do Estado Maior do Exército
(exposição do Chefe de Estado Maior do CTIG, coronel do CEM Henrique Vaz)
Continuação…. 

1 - MISSÃO DO CTIG 

“ … A missão fundamental do CTIG é apoiar administrativa e logisticamente as forças do Exército que combatem no T.O. da Guiné. 

Esta porém, é uma missão muito simplista pois, na realidade, a sua missão está muito aumentada. 

Desde o apoio prestado, em muitas circunstâncias, aos restantes Ramos das Forças Armadas, que combatem neste T.O., até ao apoio à chamada “manobra sócio-económica”, em que tanto está empenhado o Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné, ao apoio das infra-estruturas, muito rudimentares, da administração provincial, são alguns dos aspectos que ampliam substancialmente a missão do CTIG, com dispêndio substancial de pessoal, de material e de aumento tremendo de esforço pedido quer aos comandos quer às tropas e, sem dúvida, com desvio da sua missão primordial, embora, è certo, por imposição do condicionalismo próprio deste T. O. 

Mapa da Guiné “esboço de uma divisão segundo formas de relevo.”

2 - CARACTERÍSTICAS GERAIS DO T.O.

a) DIMENSÃO

Como V. Exª. Bem sabe, a Guiné è uma baixa planura em que se destaca uma parte litoral, favorável ao tráfego fluvial, bastante recortada e sulcada por diversos rios e outros cursos de água, em que as marés têm bastante amplitude e, uma zona interior, ligeiramente mais elevada, para Leste da linha definida por FARIM – MANSOA e ALDEIA FORMOSA, em que predomina a extensão territorial favorável ao trânsito rodoviário. 

A penetrante principal e única, para Leste, é o rio Geba até ao XIME – BAMBADINCA, por onde se realizam todos os transportes de pessoal e material para a zona do interior da província. 

Esta compartimentação geral define três áreas  com características diferenciadas: 

- O Oeste – Sulcado por alguns rios, permitindo o movimento fluvial de transportes, mas também, permeável ao escoamento rodoviário, pela existência de boas estradas asfaltadas, na área compreendida entre os rios CACHEU E MANSOA; 

- A ZONA SUL – Profusa e profundamente sulcada por vários cursos de água em que os movimentos de tropas e materiais se fazem, quase exclusivamente, por via fluvial; 

- A LESTE – Zona nitidamente apropriada ao tráfego rodoviário, dispondo de uma estrada penetrante, asfaltada, que vai de BAMBADINCA a BURUNTUMA, já na fronteira, passando por BAFATÁ e N. LAMEGO. 

Todas estas áreas são acessíveis aos meios aéreos, quer da FAP, quer dos TAGP, dada a profusão de boas pistas e aeroportos, que a província dispõe. É de resto, muito intenso o tráfego, de transporte em sobreposição aos meios fluviais e rodoviários.


Guiné – CUMERÉ / 1973  INSTRUÇÃO DE MILÍCIAS 

No grupo dos cinco militares do lado direito da fotografia, Major Aragão, Capitão Teixeira, Major Pinheiro – comandante geral das Milícias, coronel Henrique Vaz – CEM/CTIG e o Tenente-coronel de artilharia O´ Neto – comandante do CIMC (Centro de Instrução  militar do Cumeré)

b) CLIMA

É um factor importante, a ter em conta na Guiné, condicionante dos transportes a realizar na província e até fortemente limitativo da “actividade operacional”. 

Com duas estações: a sêca, que atravessamos, é a mais agradável, em amenidade climática, a mais favorável à realização dos diversos tipos de transporte mas, também a mais propícia à “actividade operacional”, em que o IN mais forte e insistentemente ataca. 

Neste período não há chuvas e a temperatura não atinge valores elevados, sendo o grau de humidade muito aceitável. Ao contrário, a “estação das chuvas”, que tem início em cerca de meados de Maio, prolongando-se até meados de Novembro, é a época das grandes precipitações, das temperaturas e grau higrométrico bastante elevados. 

No conjunto de todos os seus factores, o Clima é um elemento “altamente desgastante” do pessoal e do material.

c) POPULAÇÃO 

( já aqui publicado, consultar e ler na “Parte inicial) clicar em:
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/07/guine-6374-p11871-visita-guine-e.html#links

d) RECURSOS LOCAIS

Praticamente não existem! Tudo tem de vir da Metrópole ou do estrangeiro.
A maior contribuição da Guiné neste aspecto, é a carne que no entanto não chega de forma alguma para as necessidades do Exército, pelo que o CTIG tem de receber carne congelada vinda de Lisboa.
O arroz é outro produto muito cultivado na Província mas que não chega para as necessidades da própria População. Esta mesma, tem de ser abastecida com recurso à importação.
A madeira, que existe em abundância na Guiné é um dos materiais utilizados pelo Exército para a satisfação das necessidades de construção e outras afins.

Coronel do CEM Henrique Gonçalves Vaz in: Exposição do Chefe de Estado Maior do CTIG, no Briefing a sua Excelência o Senhor General Chefe do Estado Maior do Exército

Nota do autor: No próximo artigo serão transcritos os pontos em falta;  “Condicionamentos Gerais do T.O. e Meios ao dispor do Q.G./C.T.I.G.”. 

Braga, 28 de Julho de 2013
Luís Gonçalves Vaz
(filho do Coronel Henrique Gonçalves Vaz, então Chefe do Estado-Maior do CTIG) 

Fotos (e legendas): © Luís Vaz Gonçalves (2013). Todos os direitos reservados.
__________

Nota de MR:

Ver a primeira parte deste poste em:


sexta-feira, 26 de julho de 2013

Guiné 63/74 – P11871: Visita à Guiné e Briefing ao General Chefe do Estado Maior do Exército, general Paiva Brandão (Bissau, 26 de Janeiro de 1974) (Luís Gonçalves Vaz)


1. O nosso amigo Luís Gonçalves Vaz, membro da Tabanca Grande e filho do Cor Cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (último Chefe do Estado-Maior do CTIG - 1973/74), enviou a seguinte mensagem.

Olá Luís Graça:

Depois de muito tempo "na clandestinidade", por motivos profissionais, resolvi agora elaborar mais um pequeno artigo sobre a os últimos meses da Guerra colonial no T. O. da Guiné. 


Este artigo é também uma tentativa de responder ao camarigo António Graça de Abreu, quando no post P9765: Análise da situação do inimigo - Acta da reunião de Comandos, realizada em 15 de Maio de 1973, questionava num comentário: "... O Luís Gonçalves Vaz não tem mais relatórios de Janeiro, Fevereiro, Março de 1974, por exemplo? ..."

Não descobri mais Relatórios secretos... , mas descobri a "exposição do Chefe de Estado Maior do CTIG, coronel do CEM Henrique Vaz, num Briefing ao Senhor General Chefe do Estado Maior do Exército, General Paiva Brandão, quando realizou uma visita de cinco dias á Guiné, entre 26 e 30 de Janeiro do ano de 1974. 

Com os excertos desta exposição do CEM do CTIG da altura, poderão os "Camarigos do nosso Blog" realizarem as suas próprias leituras do que o CEM/CTIG pensaria (ou não), numa altura tão conturbada como aquele momento histórico. Se assim o entenderes, pois "vês nele" alguma importância para mais uma leitura dos últimos meses da Guerra colonial no T. O. da Guiné, então publica o artigo.

Forte abraço,

Luís Gonçalves Vaz


Comando Territorial Independente da guiné
QUARTEL GENERAL

Visita á Guiné e Briefing ao Senhor General Chefe do Estado Maior do Exército, general Paiva Brandão (Bissau, 26 de Janeiro de 1974)


General João Paiva Leite Brandão (CEME 1972 - 1974) e Chefe do Estado Maior do QG / CTIG, coronel Henrique Gonçalves Vaz (CEM/CTIG 1973 – 1974). 

Alguns excertos dos registos pessoais, manuscritos,  do Coronel do CEM, Henrique Manuel Gonçalves Vaz, no ano de 1974, no Teatro de Operações da Guiné Portuguesa



Bissau, 25 de Janeiro de 1974  

“ … depois do almoço fiquei em casa para preparar a minha exposição para o briefing ao General  CEME, que amanhã chegará à Guiné, e será “brifado” às 16: 00 no QG do CTIG …”

Coronel Henrique Gonçalves Vaz (Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 26 de Janeiro de 1974

“ … Ás 11:30 estávamos no Aeroporto à espera do N/General  Paiva Brandão (CEME). Fui almoçar com o nosso general e às 15.40  indicaram-me  para levá-lo ao Palácio. Ás 16.00 estávamos no Q.G. , onde foi recebido  pelos 1º e 2º comandantes, com guarda de honra da PM (Polícia Militar) , banda e Bandeira, c/ Hino do Exército.

Palavras na sala de operações, pelo N/Brigadeiro comandante e palavras de agradecimento pelo CEME. Fotografias e iniciei a minha exposição, passando a palavra ao Ventura, correu bem.

O nosso General fez algumas perguntas  e foi-lhe dado respostas. No final o N/Brigadeiro falou da parte financeira e fechou o briefing o nosso General. …”

Coronel Henrique Gonçalves Vaz (Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 27 de Janeiro de 1974

 “ … 2º dia da visita do CEME , General João de Paiva Brandão á Guiné . De manhã Tite e Bolama. Às 16:00 visita ao Hospital Militar de Bissau. …”

Coronel Henrique Gonçalves Vaz (Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 28 de Janeiro de 1974

 “ … visita a Bambadinca. Voamos num Dornier 28 dos TAGP. Regressamos depois do almoço. De tarde visitou-se o Batalhão de Engenharia e o Batalhão de Serviço de Material na B… . Em seguida Briefing no C. C. (comando chefe).

Coronel Henrique Gonçalves Vaz (Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 29 de Janeiro de 1974

“ …jantar de despedida ao nosso general Paiva Brandão, no Clube Militar (piscinas). Às 13:30 visitou-se o Agrupamento de Transmissões da Guiné, e a seguir o B. de Instrução.

Coronel Henrique Gonçalves Vaz (Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 30 de Janeiro de 1974

 “ … Regressou a Lisboa, passando por Cabo Verde, o CEME. Partiu às 08:30 de hoje nos TAP. …”

Coronel Henrique Gonçalves Vaz (Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 1 de Fevereiro de 1974

 “ … Ás 07.30 estava no Q.G. a preparar o despacho dos dois Brigadeiros. Ás 19:50, estava a sair do Q.G. . …”

Coronel Henrique Gonçalves Vaz (Chefe do Estado-Maior do CTIG)


GUINÉ - PELUNDO/ 1973 - INSTRUÇÃO DAS MÍLICIAS

Da esquerda para a direita: Delegado do Governo no Chão Manjaco, Tenente-coronel de Art Sousa Teles; Comandante Geral das Milícias, Major Pinheiro;  CEM/CTIG, Coronel do CEM Henrique Gonçalves Vaz, em inspecção à instrução das milícias, representando o 2º CMTE do CTIG.


Comando Territorial Independente da guiné
QUARTEL GENERAL

Briefing a sua Excelência o Senhor General Chefe do Estado Maior do Exército
(Preâmbulo da exposição do Chefe de Estado Maior do CTIG, coronel do CEM Henrique Vaz)

“ … Meu General: É com o maior prazer que em meu nome e no dos Oficiais, Sargentos e Praças que servem neste Q.G., aqui representados pelos Chefes de Repartição, de Serviços e comando de Armas, apresento a V. Exª. os nossos cordiais cumprimentos com o sincero desejo de que a estadia  de V. Exª. nesta Terra, decorra da forma mais agradável e proveitosa, para que os objectivos da visita do Meu General sejam plenamente atingidos, do que muito, estou certo, lucrarão as Tropas do Exército que neste T.O. lutam e trabalham esforçadamente, com verdadeiro espírito de missão.

Bem merecem todos que, os altos poderes  lhes proporcionem todo o apoio possível e V. Exª., depois de tudo observar, será com certeza o melhor embaixador e defensor das suas legítimas aspirações, que são simples e se reduzem a não lhes faltarem as armas de que carecem e as munições precisas para tirarem o melhor partido daquelas armas. Em resumo direi que o Exército da Guiné só necessita para bem continuar e ainda melhorar, o cumprimento da sua missão que, da Metrópole lhe enviem as armas, as munições e os víveres, com a maior regularidade e suficiente abundância.

Tudo o resto: faltas de pessoal, faltas de instalações, faltas de comodidade, tudo suportarão com o espírito de sacrifício e de cumprimento do Dever que lhe é próprio.
Desculpar-me-á meu General este longo preâmbulo e passarei imediatamente, a dizer a V. Exª. as indispensáveis palavras introdutórias das exposições que lhe vão ser apresentadas, pelo Tenente-coronel do CEM, Cunha Ventura, Chefe da 1ª Repartição, do Major do CEM, Cabrinha, Chefe da 2ª/ 3ª Repartição, do Tenente-coronel do CEM, Morgado, Chefe da 4ª Repartição e finalmente, do Tenente-coronel de Infantaria Monsanto Fonseca, Chefe dos Serviços de Transporte.  …”


Coronel Henrique Vaz, em Nova Lamego com o Brigadeiro Banazol (comandante do CTIG), perante um desfile de um pelotão de Milícia, no âmbito do encerramento da instrução. Guiné - Setembro 1973

“… A densidade populacional da Guiné é muito elevada. A população que ultrapassa o ½ milhão é muito diversificada, constituída por várias etnias de características muito díspares, com usos e costumes e religiões diferentes. No entanto esta População está aglutinada mas exige cuidados na ligação dos militares com os seus elementos para respeitar os seus hábitos tradicionais, ainda muito arreigados e manter a harmonia sempre necessária.

Assiste-se já ao fenómeno de imigração do camponês das bolanhas do interior para os polos de atracção, que são as cidades.

Dada a falta de indústrias e de comércio intenso, esta população, na sua maioria, muito jovem, procura alistar-se nas Forças Armadas, e a mais evoluída, tem verdadeira ânsia de aprender enchendo as escolas da Província, em especial Bissau.

Se alguém pretender aumentar os efectivos africanos do Exército, não há quaisquer problemas de recrutamento quantitativo. A dificuldade actual que aflige o Comando, é precisamente o contrário!

A percentagem de analfabetos é enorme e a maioria não fala mesmo o Português ou têm mesmo muita dificuldade em o falar.

É um grave problema o de dar ocupação compatível aos Guinéus que vão terminando os seus cursos escolares e a de permitir a sobrevivência de todos aqueles que não cabem nas fileiras do Exército ou são obrigados a abandoná-las pelos diversos motivos conhecidos.


O Coronel Henrique Gonçalves Vaz, último Chefe do Estado-Maior do CTIG (1973/74), comandando exercícios com fogos reais, no Pelundo, na zona oeste da Guiné - Foto 1.


O Coronel Henrique Gonçalves Vaz, último Chefe do Estado-Maior do CTIG (1973/74), comandando exercícios com fogos reais, no Pelundo, na zona oeste da Guiné - Foto 2.

É um assunto que transcende o C.T.I.G. mas que não posso deixar de referir ao falar da população africana da Província.

Para finalizar estas considerações, não posso esquecer a aceitação e a fidelidade com que os Guinéus servem no Exército e nas Milícias, e são uns bons milhares – A prova disso, além de todas as outras, estão a evidenciá-lo as centenas de mortos em combate, quer de soldados africanos quer de Milícias.

Há problemas e dificuldades com os africanos, evidentemente, mas o saldo é francamente positivo e pena é que não saibamos – talvez melhor, não possamos aproveitar em muito maior escala quem tão generosamente – apesar de todas as carências – morre pelo Chão da GUINÉ. …”

Coronel do CEM Henrique Gonçalves Vaz in: Preâmbulo da exposição do Chefe de Estado Maior do CTIG, no Briefing a sua Excelência o Senhor General Chefe do Estado Maior do Exército

Nota do autor: Neste excerto apenas parte da exposição do coronel Henrique Vaz é transcrita, o preâmbulo e parte do ponto referente à População. Como tal não estão transcritos aqui neste artigo todos os pontos da referida exposição, nomeadamente; Missão do CTIG, Características Gerais do T.O., Condicionamentos Gerais do T.O. e Meios ao dispor do Q.G./C.T.I.G. 

Braga, 21 de Julho de 2013
Luís Gonçalves Vaz
(filho do Coronel Henrique Gonçalves Vaz, então Chefe do Estado-Maior do CTIG) 

Fotos (e legendas): © Luís Vaz Gonçalves (2013). Todos os direitos reservados.
(Selecção, itálicos e negritos: LGV)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9965: (Ex)citações (180): Defendendo a honra do BCAV 8320/72, Bula, 1972/74, que foi acusado de rebelião, em agosto de 74, e cujo pessoal vai fazer sábado, dia 2 de junho, na Trofa, o seu XXVI Encontro anual (Zeca Pinto)

1. Comentários, de 29 do corrente, do nosso leitor (e camarada) Zeca [Pinto], que tem entre outros o blogue zecapinto:

(i) Muita coisa que aqui é dita (*), não é verdadeira. É mentira que se tenha hasteado qualquer bandeira, com foice e martelo. É verdade que na viagem para o cais,  vindos do Cumeré, muitos vinham com panos vermelhos e lenços da mesma cor. 


Que o comandante do batalhão[, ten cor cav Alfredo Alves Ferreira da Cunha,]  tenha negociado, nunca tivemos conhecimento disso, manifestávamos a nossa indignação, pelo facto de [haver tropa] muito mais nova do que nós e que vinha nos TAM, nos aviões militares, e nós por lá estávamos...

Quando fomos para a Guiné,  fomos uma companhia de cada vez, e o regresso tinha que ser de barco, daí não aceito que nos considerem indisciplinados. Por vezes é fácil falar, eu por mim, em minha defesa, fazia o que necessário fosse, mas não reconheço autoridade a ninguém para nos classificarem como o fazem, para mim injustamente. A História, o Exército pode fazer a que quiser, eu digo a verdade e só a verdade.
Como já disse noutro comentário, a tal História não diz que militares regressados da Guiné desembarcaram como civis, certamente não interessava para a História que o Exército quer contar. Eu sei que o Comandante era o Spínola, que foi substituído aquando da publicação do famigerado livro [Portugal e o Futuro,], pelo Bettencourt Rodrigues, e este por sua vez pelo Carlos Fabião. 

Esta é uma de muitas situações vividas na Guiné, no próximo [sábado, dia 2, em Santiago do Bougado, Trofa], devamos festejar o XXVI encontro do tão falado batalhão, rei da insubordinação, muitos colegas meus já faleceram e por isso peço respeito pelo que lá sofremos

(iI) Não é verdade que tenhamos embarcado de madrugada, pois foi à meia noite, por isso não nos viram, certamente contaram mais essa história de muitas outras. O [ten-cor] Cunha, depois da 3ª refeição,  não foi para Bissau, nós é que fomos, pois ele não nos queria deixar sair, mas nós desobedecemos e deu-se até um episódio que podia resultar em tragédia, pois nós caminhávamos em fila indiana, uns de cada lado da estrada, e uma Mercedes do tipo das Berliet, virou-se e, por sorte, não apanhou ninguém, e fomos nós que a colocamos novamente na estrada a pulso. 

Mais uma vez digo que podia ter sido uma tragédia o que felizmente não aconteceu, esta é uma de muitas histórias pelas quais passei. 

Abraços a todos e muita saúde mas não se diga BATALHÃO da indisciplina, haja respeito.

(iii) O referido Batalhão [, BCAV 8320/72,] do qual eu fazia parte, não se pode dizer que era indisciplinado, pois não o era... Mas com 26 meses e companhias com 13 e 14 meses a virem embora e nós a ficarmos por lá não se sabia a fazer o quê... foi essa a razão da indignação,  não revolta. 

O comandante não teve nada a ver com a tal indignação, pois ele tentou impedir a nossa saída, do quartel, sem êxito. Ele quando teve conhecimento da nossa intenção disse que só saíamos por cima do seu cadáver, e nós respondemos que,  se isso fosse o motivo para nos virmos embora, então passávamos. 

E foi quando caminhamos para Bissau, e fomos parados por uma força militar, já não me lembro se foi em João Landim, sei que era um cruzamento para Bula, e estava uma companhia aí instalada que se solidarizou connosco, e disseram que se algo nos fizessem teriam que se haver com eles, pois nós tínhamos razão.

Depois de conversações vieram os carros dos Adidos, para nos levarem de regresso com a promessa de embarque, o que veio a acontecer. Nós fomos colocados dentro do barco e,  como tinha sido uma semana muito chuvosa, quiseram reter-nos no cais em Bissau. Foi quando nós ameaçamos que tudo que estava no cais ia para a água, e o Carlos Fabião deu ordens, para partir. 

Podem dizer que isto era indisciplina, eu digo INDIGNAÇÃO. 

Quanto às ditas bandeiras, foi no transporte do Cumuré até ao cais de embarque. E falta dizer que em Lisboa desembarcámos à civil, pois o espólio foi feito ao largo de Lisboa dentro do barco.

Muitas mais estórias tenho para contar, mas fico-me por aqui com a certeza que esclareci uma estória que está (ou estava)  mal contada. 

Abraços a todos quantos por lá passaram. 

2. Comentário do editor:

A honra e o bom nome dos nossos camaradas estão acima de todas as considerações. Uma coisa são os factos e outra a sua leitura ou interpretação. O nosso blogue não é tribunal de nada nem de ninguém. Interessa-nos apenas a partilha de histórias e memórias da guerra colonial na Guiné. O vosso embarque foi notícia. Até agora só tínhamos uma pequena versão dos acontecimentos. Obrigado pelos teus esclarecimentos. Gostaríamos de saber mais coisas sobre ti e sobre os teus camaradas. Fica aberta a porta da nossa Tabanca Grande (e do nosso blogue) para esse efeito.  Desejamos  a todos os camaradas do BCAV 8320 um feliz e alegre convívio no próximo sábado. Volta sempre.

_____________

Notas do editor:

(...) Bissau, 22 de Agosto de 1974

"... História do Batalhão de Cavalaria nº 8320  do Tenente-Coronel Ferreira da Cunha, que se pôs a andar do CUMERÉ, depois da 3ª refeição, em direcção a Bissau, a pé, sob chuva inclemente. Minha actuação [...]. "

(...) Bissau, 23 de Agosto de 1974

"... Durante o dia, as 'resistências' do Batalhão indisciplinado vieram ao de cima [...] e não teve remédio (o Comandante Militar) senão [...] ceder!, fazendo embarcar o pessoal amanhã à tarde! Eu não desisti e chamei sempre à atenção para a gravidade da situação. ..."

(...) Bissau, 24 de Agosto de 1974

"... O UIGE com o Batalhão do Cunha, o 'famigerado' Batalhão de Cavalaria nº 8320 de Bula, partiu a princípio da madrugada para Lisboa. Estive atento no Cais a vê-los partir! Disseram-me que até hastearam uma bandeira vermelha com a foice e o martelo!..." (...).


(...) BCAV 8320/72: Mobilizado pelo RC 3, partiu para a Guiné em 21/7/1972 e regressou a 25/8/1974. Esteve sediado em Bula. Comandante: Ten Cor Cav Alfredo Alves Ferreira da Cunha. Constituído por 1ª Companhia (Bula, Pete, Nhamate, Bissau), 2ª Companhia (Bula, Nhamate) e 3ª Companhia (Bula, Bissorã, Catió, Pete). Todos os comandantes de companhia eram capitães milicianos. (...)

quarta-feira, 21 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9634: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (8): Os Oficiais do Corpo do Estado Maior (CEM) no TO da Guiné em 1973/74 (Luís Gonçalves Vaz)

1. O nosso amigo Luís Gonçalves Vaz, membro da Tabanca Grande e filho do Cor Cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (último Chefe do Estado-Maior do CTIG - 1973/74), enviou-nos a seguinte mensagem com data de 21 de Março de 2012:

Os Oficiais do Corpo do Estado Maior (CEM) no TO da Guiné em 1973/74

Os oficiais do QG/CTIG e do Comando-Chefe, na Guiné no ano de 1974, eram quase todos do Corpo do Estado Maior (CEM), inclusive, o próprio General Bethencourt Rodrigues (ver a estrela nas boinas do general Bettencourt Rodrigues e no seu CEM do CTIG, coronel Henrique Gonçalves Vaz). Este Corpo de Oficiais eram na altura considerados uma Elite dentro do Exército Português.  


General Bethencourt Rodrigues e o Coronel Henrique Vaz 

O Corpo de Estado-Maior (CEM) foi criado em 1834, pelo Decreto de 18 de Julho, com um quadro de 8 oficiais superiores, 2 coronéis, 16 capitães e 16 tenentes, num total de 40 oficiais. 


O CEM  consistia num corpo, formado apenas por oficiais de elite, que recebiam uma formação especial para exercerem funções nos estados-maiores das grandes unidades do Exército Português


A sua formação passou a ser feita na Escola Central de Oficiais - mais tarde, Instituto de Altos Estudos Militares. Ao receberem a sua formação, os oficiais abandonavam as suas armas de origem e ingressavam no Corpo de Estado-Maior. 


O CEM foi novamente criado em 1938 e mantido até ao 25 de Abril de 1974. Pelo art.º 6º do Decreto 28.401 de 31 de Dezembro de 1937, passou a ter a seguinte constituição: 12 coronéis, 12 tenentes-coronéis, 20 majores e 40 capitães, num total de 84 efectivos. Considerado muito elitista, o corpo foi extinto a seguir ao 25 de Abril de 1974

Hoje em dia só se fala de CEM, em termos históricos e de investigação militar, sendo assim  o Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, do Instituto Universitário de Lisboa, apresenta como Tema de um Projecto de Investigação, o seguinte: "O Corpo do Estado Maior do Exército Português: apogeu e queda", explicitando que "o projecto tem por objectivo o estudo aprofundado da elite do Corpo do Estado-Maior (CEM), no Exército Português, durante o Estado Novo. Em termos cronológicos, o projecto abrange períodos fundamentais na acção do CEM, desde os anos 1940 às guerras em África, passando pela modernização operada com a adesão à NATO e detectando as várias influências doutrinárias estrangeiras." 


[Mais informação disponível em: http://www.cies.iscte.pt/projectos/ficha.jsp?pkid=433. ]

Estes oficiais que entre outros, "aguentaram a Retirada Final", foram também parte daqueles que fizeram o planeamento das operações da Guerra, e que trataram de toda as operações de logística, para que não faltasse nada (ou faltasse o mínimo...) aos militares que estavam na frente de combate, no mato. Como tal relembro-vos o seguinte: 

O Curso Complementar do Estado Maior, no IAEM (Instituto dos Altos Estudos Militares, segundo o General Pedro Cardoso, com o curso (1958/59) foi o primeiro a instruir os oficiais do Exército Português, sobre” guerra subversiva”. 


As tácticas e técnicas para este tipo de conflito foram” importadas” da Inglaterra, com base nos problemas ligados com a Malásia, o Quénia e a ameaça soviética. Segundo este oficial, os Militares Portugueses não foram surpreendidos em África, pois a partir de 1960 os oficiais do Corpo do Estado Maior já saíram com preparação para este tipo de Conflito não convencional. 

Instituto de Altos Estudos Militares (IAM), Curso complementar do Estado Maior, 1958/59. Capitão Henrique Gonçalves Vaz com os camaradas e professores, no Instituto de Altos Estudos Militares em 1959.  


Curso complementar do Estado Maior, 1958/59. Capitão Henrique Gonçalves Vaz com os camaradas, no Instituto de Altos Estudos Militares em 1959. O Tenente-coronel, Cunha Ventura é o oficial sentado á direita e o Coronel Henrique Vaz é o oficial de óculos a pé frente á porta, na altura capitão.  

Também o Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), em Lamego, criado em 16 de Abril de 1960 pelo exército português, com o fim de ensinar aos militares portugueses as tácticas de contra-insurreição (ou contra-subversão), foi importante na "condução de uma doutrina para a guerra colonial". Como tal, tanto o CIOE como o IAEM tornaram-se  fóruns para exploração e desenvolvimento das estratégias e tácticas mais eficazes contra qualquer conflito não convencional nas colónias portuguesas de então. 


Apresentação de trabalhos no Curso do Estado Maior no IAM, curso de 1958/59, frequentado por dois oficiais do CEM, presentes no TO da Guiné em 1973/74, o coronel do CEM, Henrique Gonçalves Vaz (CEM/CTIG) e o Tenente-coronel do CEM, Cunha Ventura, Chefe da 1ª Repartição do QG do CTIG nesse mesmo ano. 

Na Guiné Portuguesa, a partir da chegada do gen Bettencourt Rodrigues, o Comando-chefe e o QG/CTIG, ficaram sob o comando de oficiais do Corpo do Estado Maior (CEM), formados já para "enfrentarem" uma guerra "assimétrica" como a guerrilha que o PAIGC nos fazia, desde o Comandante-chefe ao Chefe da 4º Repartição, passando pelos seus Chefes do Estado Maior (o do QG do CTIG e o do Comando-chefe), todos eram do Corpo do Estado Maior, ao contrário do anterior Comandante-chefe, o ilustre General Spínola, que era da Arma de Cavalaria. 

O Coronel do CEM Henrique Gonçalves Vaz, CEM do CTIG, e o Tenente-coronel do CEM Cunha Ventura, Chefe da 1ª Repartição, foram do mesmo Curso do Estado Maior no IAEM, Instituto de Altos Estudos Militares, conforme se pode comprovar pela fotografia em anexo. Este oficiais frequentaram o curso complementar do Estado Maior em 1958/59, e logo no primeiro ano do curso, em 1958, realizaram um estágio na Alemanha, numa unidade Americana, no âmbito do Curso Complementar do Estado Maior. 


O coronel Henrique Gonçalves Vaz, como Chefe do Estado-Maior da RMP, acompanhando o  Brigadeiro Comandante da Região Militar do Porto, Eduardo Martins Soares, na visita ao Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), em Lamego no ano de 1971.

Em 1973/74, eram os seguintes oficiais do CEM (Corpo do Estado Maior) no Teatro de Operações da Guiné:

Comandante-Chefe General do CEM - José Manuel Bethencourt Conceição Rodrigues, o Herói do Leste de Angola;

Quartel General do CTIG:

Comandante do CTIG - Brigadeiro do CEM Alberto da Silva Banazol

Chefe do Estado-Maior do CTIG - Coronel do CEM, Henrique Manuel Gonçalves Vaz, nomeado por escolha.

Sub-chefe do Estado-Maior do CTIG - Tenente-coronel do CEM, António Hermínio de Sousa Monteny;

Chefe da 1ª Repartição - Tenente-coronel do CEM Hernâni Manuel da Cunha Ventura;

Chefe da 2ª/3ª Repartição - Major do CEM Fonseca Cabrinha;

Chefe da 4ª Repartição - Tenente-coronel do CEM  A. Fernandes Morgado;

Chefe de Serviço de Transportes - Tenente-coronel de Infantaria Monsanto Fonseca;

Comando-chefe:

Chefe do Estado-Maior do Comando-chefe - Coronel do CEM Hugo Rodrigues da Silva;

Sub-chefe do Estado-Maior do Comando-chefe -Tenente-coronel do CEM - Joaquim Lopes Cavalheiro;

Chefe da 4ª Repartição do Comando-chefe -Tenente-coronel do CEM - Augusto Jorge da Silveira Reis

Nota 1: Haveria mais oficiais na Guiné do Corpo do Estado Maior, mas não muito mais, pois pelo Decreto-lei nº 46 326 o Quadro de oficiais do CEM só tinha:

12 – Coronéis
12 - Tenentes-coronéis
60 - Majores e Capitães
Total Nacional – 84

Nota 2: Como tal, nem todos os oficiais do CEM eram do "Quadro", muitos eram "Adidos" ou "Supranumerários". 

Bibliografia. Lista Geral de Antiguidade dos Oficiais do Exército (Quadro Permanente), Referida a 1 de Janeiro de 1969, Direcção do Serviço de Pessoal - Repartição de Oficiais, Ministério do Exército. 


Visita a uma unidade com o Comandante-Chefe, General Bettencourt Rodrigues (1973), vendo-se em 1º plano, da esquerda para a direita: Coronel do CEM, Henrique Gonçalves Vaz, general Bethencourt Rodrigues e o Comandante do CTIG,  Brigadeiro Alberto da Silva Banazol. 

A Situação na Guiné era “muito má” em 1973, em termos militares, pois enfrentávamos um inimigo cada vez mais preparado e muito bem equipado, vários especialistas nesta área, afirmam que depois da introdução do míssil Strela, bem como outro equipamento “de ponta” de origem Soviético, a superioridade militar portuguesa até então, deixou de ser efectiva…, como tal, os altos comandos da Nação nomearam para a Guiné Portuguesa, os melhores dos seus Quadros, nomeadamente o General Bethencourt Rodrigues, denominado no meio militar, como o 'Herói do Leste de Angola', onde conseguiu êxitos muito significativos, numa também guerra de guerrilha, na expectativa de aguentarem, ou mesmo superar o inimigo da altura, o PAIGC , que mais do que nunca, estava a ser apoiado materialmente e tecnicamente, por uma das maiores potências militares Mundiais da altura e de sempre, a União Soviética. 

BRAGA, 21 de Março de 2012 
Luís Gonçalves Vaz 
(Tabanqueiro 530) 
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Nota de MR: 

(*) Vd. também sobre esta matéria o poste do mesmo autor em: