Mostrar mensagens com a etiqueta José Santos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta José Santos. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 5 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9559: O PIFAS, de saudosa memória (3): Depoimentos de José Santos, Luís de Sousa, Abílio Delgado e Rogério Ferreira

 1. Mais informações que nos chegaram à caixa do correio da Tabanca Grande, sobre o PIFAS ou PFA - Programa radiofónico das Forças Armadas no CTIG, no início dos anos 70. [ Imagem à esquerda: A mascote do PIFAS, de autor desconhecido - Imagem enviada pelo nosso camarada Carlos Carvalho]


(i) José Santos [, ex-1º Cabo Enf, CCAÇ 3326 (Mampatá e Quinhamel, Jan 71/Jan 73]

Caro amigo: No programa do PIFAS, uma voz que conheço é a do João Paulo Diniz, locutor da Antena 1, ao sábado, entre as 5 e as 7 horas da manhã. Estou à espera que me telefone para me encontrar com ele. Depois darei notícias. OK ?! Um abraço, Santos


(ii) Luís de Sousa [, CCAÇ 2797, Cufar, 1970/72]
 
Olá, não posso dizer grande coisa para além de que passou pelos microfones do programa o João Paulo Diniz, que deve ter muito para contar, e com o qual fiz a recruta em janeiro de 70,  na Carregueira.



 (iii)  Abílio Delgado [, ex-Cap Mil da CCAÇ 3477, Gringos de Guileje, Guileje, 1971/73]

Recordo-me do PIFAS, bem como o programa de discos pedidos. Aliás, os Gringos [de Guileje] chegaram a gravar cassetes que depois eram transmitidas nessa radio, única na Guiné. Os Gringos estiveram em Nhacra em 1972/73 e uma das missões desse aqurtelamento era precisamente a defesa da antena emissora da rádio militar da Guiné conhecida pelo PIFAS.


O Furriel Mendes, já falecido, dos Gringos, chegou a trabalhar na estação. Recordo-me que um dos responsáveis era um tipo alto, de barbas, tipo Luís Graça, cujo nome já não recordo. (...).


 (iv) Rogério Ferreira [, ex-Fur Mil Inf Minas e Armadilhas, CCAÇ 2658/BCAÇ 2905, Nhamate e Galomaro, 1970/71]


PIFAS, um amigo na tristeza, passava pelo menos à tarde. Um dos locutores era o João Paulo Diniz, mais tarde locutor da Emissora Nacional ou RDP 1. Lembro-me que nos meses de Outubro ou Novembro de 1971, ele e outro locutor, e uma senhora (da qual não recordo o nome), faziam o programa e introduziram um passatempo.

Certo dia estava de folga e,  com dois camaradas furriéis, fomos ao Solmar e ouvimos no PIFAS que quem apresentasse nos estúdios uma alface teria um prémio. Claro,  nós, alface, não tínhamos mas lembrei me que tinha uma nota de 20$00 que cá no Continente lhe chamavam as folhas de alface. Foi-nos dito que,  se não aparecesse ninguém com uma alface,  ganharíamos. Apareceu entretanto um soldado ou um cabo com uma alface mas, ó meu Deus!, ninguém podia estar perto dele.

Não sei se recordam, na avenida para o Quartel General havia umas hortas,  não sei a quem pertenceriam. O camarada, ao passar em viatura, terá visto as hortas e as alfaces, só que não viu que junto à estrada havia umas regueiras onde corriam os esgotos que vinham do QG e era dessa água (?) que regavam a horta. Como era de noit,  ele nem viu a regueira.


Imaginam o resultado!... O mau cheiro,  parecia que ele tinha passado pelos esgotos de Santarém (para quem esteve na extinta EPC- Escola Prática de Cavalaria) ou  pelas velhas salinas de Tavira, com águas podres há vários anos.

Não me lembro o que foi o prémio mas entendo que o mereceu. Terei uma fotocópia dum postal do PIFAS mas vou tentar que mo emprestem de novo,  se ainda existir,  para tirar fotocópia a cores. É giro. Se conseguir,  faço chegar à vossa posse. (...)

______________

Nota do editor:

Postes anteriores da série:

4 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9557: O PIFAS, de saudosa memória (1): Depoimentos de José da Câmara, Carlos Carvalho e Carlos Cordeiro




4 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9558: O PIFAS, de saudosa memória (2): Depoimentos de David Guimarães, Joaquim Romero e António J. Pereira da Costa

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9052: Tabanca Grande (306): José Santos, ex-1º Cabo Enf, CCAÇ 3326 (Mampatá e Quinhamel, Jan 71/Jan 73)

Guiné > Região de Tombali > Mampatá (?) > CCAÇ 3326 (1971/73) > Ex-1º Cabo Enf José Santos

Foto: © José Santos (2011). Todos os direitos reservados


1. Mensagem, de 14 do corrente, do novo membro da Tabanca Grande, José Santos, que mora em Algés, Oeiras:

Caro amigo Luís Graça, fui 1.º Cabo Enfermeiro da Companhia de Caçadores 3326, de Janeiro de 1971 a Janeiro de 1973 em Mampatá (Aldeia Formosa) e Quinhamel.

Tenho lido algumas descrições da tabanca, e em uma delas fui encontrar o meu colega Brum, rapaz do meu pelotão e que se encontra no Canadá, e a carta foi escrita pela sua filha.

Caro Luís, tenho dois episódios muito significativos para mim, que me ficarão para sempre na minha memória, e são para serem publicados na tabanca caso entendas ok.

O primeiro aconteceu em Mampatá, certo dia estando de serviço à enfermaria cerca das 3 horas da madrugada, foi solicitada a minha presença numa tabanca a fim de dar assistência a uma africana. Quando cheguei encontrei um panorama tremendo, a mulher deu à luz um casal de gémeos que ainda respiravam, e com o estetoscópio verifiquei seus batimentos cardíacos, mas as crianças acabariam por falecer cerca de uma hora depois. A mulher encontrava-se deitada em cima de uma esteira com todo o aparato inerente a uma gravidez.

A mulher teria 7 meses de gestação, mas abortou derivado a ter levado uma tareia do marido. Cuidei dela aplicando-lhe uma injecção de buscopan para as dores, uns comprimidos,  e ajudei a limpá-la pois ainda continha impurezas.

Dias depois de já se encontrar restabelecida, foi ter comigo à enfermaria levar-me uma galinha de mato pelo reconhecimento da forma como a tratei.

O segundo  episódio passou-se em Quinhamel, também uma rapariga apresentava a canela com um buracão, carne esponjosa, ulceração, com as moscas era horrível, levei cerca de 7 a 8 semanas a tratá-la mas ficaria curada.

A seguir a isto tudo, surgiu na enfermaria com uma galinha de mato e uma dúzia de ovos, pela ajuda prestada.

Estes dois casos deixaram em mim imenso orgulho, tanto pessoal como profissional na área da saúde e não só, aliás fui durante 40 anos técnico de farmácia, e um dos meus patrões era enfermeiro diplomado da Cruz Vermelha como seu filho e nora, e aprendi muito com estas pessoas.

Estando em Mampatá fui sempre eu que acompanhava os doentes ao Hospital de Bissau, o capitão não confiava essa missão ao furriel, e assim viajei muito entre a Aldeia Formosa e Bissau.

Amigo Luís Graça,  já nos conhecemos na livraria em Oeiras, e agora vou-te comunicar o seguinte: etou com ideias de ir exercer voluntariado para o Hospital de Cumura, fui convidado por um padre médico que exerce lá esse serviço, já falei pessoalmente com ele, de momento encontra-se cá em Lisboa a fim de recolher medicamentos e material necessário, porque a falta destes é evidente.

Para mim a nível sentimental e profissional é uma enorme alegria, e caso concretize tal acto será sem duvidas poder pôr ao serviço da saúde todos os meus conhecimentos adquiridos, e ajudar e contribuir para as melhoras desta gente tão desprotegida.

Os meus contactos são (...).
 
 Um abraço

Santos

2. Comentário de L.G.:

Deixa-me, camarada José Santos, dar-te as boas vindas em nome de todos os membros da Tabanca Grande que, com a tua entrada, passam a perfazer um total de 526.  Já nos encontrámos, de facto,  na Livraria-Galeria Municipal Verney, em Oeiras, há uns meses atrás. Esse primeiro encontro deu para nos apresentarmo-nos. Depois disso já temos falado (e continuaremos a falar) ao telefone.

Ficas formalmente apresentado aos amigos e camaradas da Guiné que fazem parte deste blogue. Conheces as nossas regras de convívio [, que consta da coluna do lado esquerdo do blogue,] e comprometes-te a colaborar connosco sempre que achares oportuno e necessário.

Para já ficam aqui as tuas primeiras fotos e histórias. Mais tarde falar-nos-á com mais detalhe da tua CCAÇ 3326, e dos sítios por onde andaste. Julgo que és o primeiro da tua companhia a figurar na nossa Tabanca Grande. Se não erro, só tenho uma ou duas referências à CCAÇ 3326.

Aproveito para acrescentar algo sobre esta subunidade (que, tanto quanto sei, era independente):

(i) Foi mobilizada pelo BII 17 (Angra do Heroísmo);
(ii) Partiu para o TO da Guiné em 21/1/1971 e regressou quse 24 meses depois, a 7/1/1973;
(iii) Esteve em Mampatá e Quinhamel;
(iv) Comandante: Cap Mil Art José Carlos de Paula Carvalho.

Seguiu para a Guiné, no mesmo navio, com a CCAÇ 3325 (Guileje e Nhacra), a CCAÇ 3327 (Brá, Bachile, Bassarel, Tite, Bissau), e ainda a CCAÇ 3328 (Bula, Ponta Augusto Barros e Bula). A CCAÇ 3325 era madeirense (BII 19, Funchal), e as restantes, açorianas (BII 17, Angra do Heroísmo).