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sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15256: Inquérito "on line" (9): Em 166 respondentes, 72% votaram em António de Spínola como "com-chefe" com a "melhor opinião"... Segue-se Bettencourt Rodrigues (8%) e Schulz (6%)... Cerca de 15% não sabe ou não escolheria nenhum dos três...


A. INQUÉRITO "ON LINE": "DOS 3 ÚLTIMOS COM-CHEFES DA GUINÉ, AQUELE DE QUE TENHO MELHOR OPINIÃO É...":


1. Arnaldo Schulz (1964/68) > 10 (6,0%)



2. António de Spínola (1968/73) > 119 (71,7%)





3. Bettencourt Rodrigues (1973/74) > 14 (8,4%)

4. Nenhum deles > 16 (9,6%)


5. Não sei / não tenho opinião > 7 (4,2%)


Votos apurados: 166 | 100,0%
Sondagem fechada 15/10/2015, 15h32

B. Comentário:

Reprodução, com a devida vénia, de um excerto de um entrevista de Alpoim Calvão ao jornal CM - Correio da Manhã, em que são referidos três homens que comandaram as NT no TO da Guiné e com quem o entrevistado trabalhou: Louro de Sousa, Arnaldo Schulz e António de Spínola. 

A entrevista foi conduzida pelo jornalista José Carlos Marques (que eu conheci na Guiné, em março de 2008) e foi publicada em 7/10/2012. Título e subtítulo: "O eterno guerreiro Herói da Guerra em África, Alpoim Calvão foi bombista do MDLP no Pós-25 de Abril. Conta em livro uma vida de batalhas"




O cmdt Alpoim Calvão numa tira da banda desenhada “Operação Mar Verde”,
da autoria de A. Vassalo [ex-fur mil comando Vassalo Miranda,
nosso camarada da Guiné], uma edição da Caminhos Romanos, 2012.

(...) Quando conheceu António de Spínola? 

- Conheci o então brigadeiro António de Spínola, que era o comandante-chefe e governador da Guiné, logo no aeroporto.  Foi-me apresentado por um amigo. Ele estava como sempre, impecável no seu monólogo e casaco aprumado. Não suava, era uma coisa formidável. Disse-me ele: ‘Sr. Comandante, espero que nos vamos entender muito bem’. E eu respondi ‘não sei se é possível, porque eu tenho três grandes defeitos: primeiro, sou oficial de marinha; segundo, não sou de cavalaria; e não sou do Colégio Militar’. 

Ficou um silêncio de morte, que ele quebrou ao rir-se à gargalhada. Fui colocado a comandar o COP 3 a Norte em Bigene. Tínhamos uma actividade de assaltos, operações, golpes de mão, patrulhas nos rios… Além dos fuzileiros tinha uma unidade do exército. Depois fiquei a chefiar as operações especiais no território. 

- Spínola alterou a estratégia da guerra. O que mudou? 

- A guerra teve uma continuidade, mas Spínola tornou-se mais agressivo. Intensificou as operações, mas também o apoio às populações. No COP3 fartei-me de fazer casas que eram entregues aos nativos. As populações gostavam mesmo do Spínola. Ele aparecia de helicóptero, com o ajudante, fosse onde fosse. Tinha um certo carisma, aparecia com o monóculo, luvas, camuflados retocados pelo alfaiate, fazia figura. Além dele, conheci dois outros comandantes-chefes na Guiné-Bissau. Louro de Sousa era um bom oficial do Estado-Maior, mas não tinha jeito nenhum para comandar as tropas. Arnaldo Schulz era muito inteligente, mas levava as coisas com mais calma. Para Spínola, para a frente é que era o caminho. Com Schulz eu fazia operações no Sul da Guiné, em que entrava na Guiné-Conacri e ele chegou a suspender-me os movimentos para não criar problemas. Só pude realizar esse tipo de operações cinco anos depois, com o Spínola, que me deixava fazer tudo. (...)
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Nota do editor:

Último poste da série de 13 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15246: Inquérito "on line" (8): O General Spínola foi uma figura controversa, e para ilustrar tal ilação, vou referir alguns aspectos que me sensibilizaram (José Manuel Matos Dinis)