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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14205: Historiografia da presença portuguesa em África (56): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte VIII (Mário Vasconcelos): Mais 4 lojas de Bissau, três delas já com telefone















Fotos: © Mário Vasconcelos (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Mário Vasconcelos
1. Continuação da publicação de anúncios de casas comerciais, da Guiné. Reproduzidos, com a devida vénia, de Turismo - Revista de Arte, Paisagem e Costumes Portugueses, jan/fev 1956, ano XVIII, 2ª série, nº 2. (*).

Trata-se de uma gentileza do nosso camarada Mário Vasconcelos [,ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72,Mansoa, e Cumeré, 1973/74; foto atual à direita] que descobriu um exemplar, já raro, desta edição, no espólio do seu falecido pai.

Dos 4 anúncios acima apresentados, registe-se a particularidade de se tratar de lojas já com telefone... [Recorde-se que a moderna sede
dos Correios e Telégrafos data de 1950 e é obra do arquiteto lourinhanense Lucínio Cruz, que pertencia ao Gabinete de Urbanização Colonial]:

(i) Luz António de Oliveira, telefone nº 67

(ii) Mamud ElAwar & Co Lda

(iii) Casa Humberto,. de Humberto Salgueiro Rosa, telefone nº 43

(iv) João Baptista Pinheiro & Irmão, telefone nº 102

Mamud ElAwar, tal como Aly. Souleiman e  Michel Ajouz, já aqui referidos, era então um dos mais conhecidos comerciantes da Guiné, de origem libanesa. O  Salim Hassan ElAwar devia ser seu irmão  (ou membro da família):tinha lojas em Bafatá e Cacine.

Não sabemos se o Mamud ElAwar era muçulmano (provavelmente era, pelo nome e apelido). Já o Michel Ajouz devia ser cristão maronita, por celebrar o natal cristão e ter uísque em casa para oferecer aos militares de Bissorã, como foi o caso do nosso camarada Manuel Joaquim, que passou com ele o natal de 1965.  (Os cristãos maronitas  são cerca de de 3,2 milhões em todo o mundo, obedecem ao Papa da Igreja Católica, mas têm uma liturgia própria; no Líbano, serão um pouco mais de 1 milhão, constituindo mais de 20% do total da população). (LG)

PS - Não sei se este Pinheiro e irmão eram famíliares do nosso camarada Carlos Pinheiro, um dos nossos cicerones de Bissau do nosso tempo. Tenho ideia que o Carlos tinha lá, em Bissau,  uma família de comerciantes, seus parentes. Havia também um Costa Pinheiro, que era um casa importanmte, Enfim, é um assunto que  o nosso camarada pode esclarecer, se assim o entender.

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Notas do editor:

Último poste da série > 26 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14191: Historiografia da presença portuguesa em África (51): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte VII (Mário Vasconcelos): Quem não se lembra da Casa António Pinto ou "Pintosinho". alegadamente a melhor e a mais moderna loja da província ?

Postes anteriores:

24 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14178: Historiografia da presença portuguesa em África (50): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte VI (Mário Vasconcelos): (i) João Said Handem (Gadamael); (ii) Jacinto Maria de Figueiredo Duarte (Bedanda, com filial no Chugué e Cafine); (iii) Michel Ajouz (Bissorã); e (iv) Hipólito da Costa Ribeiro (Fulacunda): compra e venda de mancarra, coconote, óleo de palma, fazendas, miudezas, mercearias...


24 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14178: Historiografia da presença portuguesa em África (50): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte VI (Mário Vasconcelos): (i) João Said Handem (Gadamael); (ii) Jacinto Maria de Figueiredo Duarte (Bedanda, com filial no Chugué e Cafine); (iii) Michel Ajouz (Bissorã); e (iv) Hipólito da Costa Ribeiro (Fulacunda): compra e venda de mancarra, coconote, óleo de palma, fazendas, miudezas, mercearias...

22 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14173: Historiografia da presença portuguesa em África (49): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte IV (Mário Vasconcelos): Há, pelo menos, 6 comerciantes libaneses em Bafatá: Jamil Heneni, Toufic Mohamed, Rachid Said, Fouad Faur, Salim Hassan Elawar e irmão

21 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14169: Historiografia da presença portuguesa em África (48): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte III (Mário Vasconcelos)

20 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14167: Historiografia da presença portuguesa em África (47): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte II (Mário Vasconcelos)

20 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14164: Historiografia da presença portuguesa em África (47): Revista de Turismo, jan-fev 1956, nº especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte I (Mário Vasconcelos)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14191: Historiografia da presença portuguesa em África (55): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte VII (Mário Vasconcelos): Quem não se lembra da Casa António Pinto ou "Pintosinho". alegadamente a melhor e a mais moderna loja da província ?






Foto: © Mário Vasconcelos (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Continuação da publicação de anúncios de casas comerciais, da Guiné. Reproduzidos, com a devida vénia, de Turismo - Revista de Arte, Paisagem e Costumes Portugueses, jan/fev 1956, ano XVIII, 2ª série, nº 2. (*).

Trata-se de uma gentileza do nosso camarada Mário Vasconcelos [,ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72,Mansoa, e Cumeré, 1973/74; foto atual à direita] que descobriu um exemplar, já raro, desta edição, no espólio do seu falecido pai.

O anúncio que hoje divulgamos é de uma conhecida casa de Bissau, do nosso tempo, a Casa António Pinto, ou "Pintosinho", alegadamente a melhor e a mais moderna loja da província (, em 1956, já não se dizia, ou pelo menos, não se escrevia,  colónia...).

O António Pinto, que ficava na Rua Dr. Oliveira Salazar [, lamentavelmente não temos um mapa de Bissau com as designações das ruas do nosso tempo...],  tinha tudo,  a começar pelas "últimas novidades", desde a ourivesaria às armas, munições e demais artigos de caça e desporto, par de rádios e máquinas fotográficas (como a Zeiss Ikon)...Era o representante,na Guiné, de uma série de marcas famosas, desde os relógios "Longines" às máquinas de escrever "Hermes", além dos "whisk" (sic, em inglês, batedeira, utensílio de cozinha...) das melhores marcas...

Há algumas referências ao Pintozinho (ou Pintosinho) no nosso blogue:

(i) Foi no Pintozinho que o nosso camarada César Dias comprou um máquina e um projetor de slides" (*);

(ii) A nossa amiga Cristina Allen que esteve em Bissau, em abril de 1970, faz referência à prisão de Pintozinho e de mais dois homens de negócio de Bissau, presume-se que por parte da PIDE/DGS, a par da detenção do seu (dela) amigo Quito Fogaça (**);

(iii) Seguindo o Carlos Silva, o Pintozinho também tinha uma filial em Farim ("Existiam alguns estabelecimentos comerciais, Mharon Saad, libanês, Pintozinho, Pinheiro, e outros onde a malta comprava os seus relógios, Breitling, Rolex, Yema, gravadores, ventoinhas, tapetes, bandeirolas com motivos orientais, etc.").(****) 

Outros camaradas usam a grafia Pintosinho (como de resto constava da tabuleta da loja: "Casa Pintosinho", Bissau, embora a grafia correta me pareça ser "Pintozinho") (*****). (LG)


Guiné > Bissau > 1956 > O "Pinto Grande", loja de Augusto Pinto, irmão do António Pinto, cuja loja era mais conhecida por Pintosinho.(pu Pintozinho).

Foto: © Mário Vasconcelos (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG]




Guiné > Bissau > Anos 50 > Primeira rua a ser alcatroada em Bissau. O edifício à esquerda era o estabelecimento comercial conhecido por Pinto Grande, irmão de um outro Pinto conhecido por “Pintosinho” [,o António Pinto, ] por ser (o estabelecimento) de menores dimensões [vd. foto acima]. O “Pinto Grande” [, de Augusto Pinto], embora continuando a ser chamado por esse nome, foi, durante a guerra, propriedade de um comerciante anteriormente estabelecido em Bolama, de nome Ernesto de Carvalho que o tomou de trespasse. 


Foto: © Mário Dias (2006). Todos os direitos reservados


Guiné > Bissau > s/d [ c. 1960/70] > Rua Dr. Oliveira Salazar. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 135". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte, SARL). 

Era nesta rua, na Bissau Velha, que ficava a Casa Pintosinho.  Colecção de postais da Guiné, do nosso camarada Agostinho Gaspar, natural do concelho de Leiria, ex-1.º  cabo mec auto rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74). 

Digitalização e edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010).

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Notas do editor:

(*) Últrimo poste da série > 24 de janeiro de  2015 > Guiné 63/74 - P14178: Historiografia da presença portuguesa em África (50): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte VI (Mário Vasconcelos): (i) João Said Handem (Gadamael); (ii) Jacinto Maria de Figueiredo Duarte (Bedanda, com filial no Chugué e Cafine); (iii) Michel Ajouz (Bissorã); e (iv) Hipólito da Costa Ribeiro (Fulacunda): compra e venda de mancarra, coconote, óleo de palma, fazendas, miudezas, mercearias...

(**) Vd. poste de 21 de dezembro de  2014 > Guiné 63/74 - P14061: A minha máquina fotográfica (16): Comprei uma Olympus 35 SP e um projetor de "slides" na casa Pintozinho, em Bissau (César Dias, ex-fur mil sapador, CCS/BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71)

(***) 24 de dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3667: As Nossas Mulheres (5): De Bissau a Lisboa, com amor (Cristina Allen)

(...) ix) Senhor Quito Fogaça e sua mulher, Fernanda:

Ele, natural de Bissau, fora companheiro de escola do Nino e ela, minha conterrânea. Tiveram a imensa bondade de me ceder toda a sua casa como se fosse minha. Estranhamente, após a prisão de Pintozinho (e de mais dois homens de negócios de Bissau) também o Quito foi preso e, passados dias, guardado em casa. Jamais esquecerei este generoso casal.

(****) Vd. poste de 1 de fevereiro de 2008 >  Guiné 63/74 - P2496: História do BCAÇ 2879, 1969/71: De Abrantes a Farim: O Batalhão dos Cobras (5) (Carlos Silva)

(*****) Vd., por ex., os postes de:

22 de outubro de 2013 >  Guiné 63/74 - P12188: Páginas Negras com Salpicos Cor-de-Rosa (Rui Silva) (26): Como se faz acabar o vício de cravar cigarros aos outros

(...) Na Guiné, mais propriamente em Bissau, fomos encontrar coisas boas no comércio. Uma surpresa! Logo ali na rua paralela à marginal, na Casa Pintosinho, haviam as últimas novidades eletrónicas. Os melhores rádios, transistors, pick-ups, aparelhagens de som, máquinas de barbear e todo o mais. Akai e Pioneer era do mais reclamado e moderno. Estavam na moda. (...)


6 de setembro de 2009 > Guiné 63/74 – P4903: Notas de leitura (20): Histórias do pessoal da CCAÇ 2382, por Manuel Traquina (Parte I) (Luís Graça)

(...) De Bissau, o Traquina deixa-nos dois ou três apontamentos que nos ajudam hoje a reconstituir ‘puzzle’ do roteiro da capital da Guiné, que “naquele tempo vivia à base dos militares” (p.55).

Tinha já então “uma larga avenida que descia da Praça do Império, onde se situava o Palácio do Governador até ao porto, o chamado Cais do Pijiguiti [, que em rigor é apenas uma parte do porto…]. Aqui começava a outra, também bonita, avenida marginal ornamentada com algumas palmeiras” (p. 56).

Havia um florescente comércio. Podia-se comprar “de tudo um pouco”, incluindo artigos que não vistos na Metrópole e sobretudo que era inacessíveis à maior parte das bolsas dos portugueses. “As vésperas de embarque eram grandes dias de negócio, eram centenas, ou mesmo milhares de militares que iam regressar a Portugal, e normalmente todos faziam as habituais compras nas lojas de Bissau (entre outras lembramos a Casa Escada, o Taufik Saad, a Casa Pintosinho e a Casa Gouveia)”… Era aí que se faziam as compras de última hora, as lembranças para amigos e familiares. “Na baixa da cidade cada porta era uma loja, os artigos orientais com a etiqueta ‘Fabricado em Macau’ invadiam já as lojas, muito antes de chegarem a Portugal” (p. 55). (...)


sábado, 24 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14178: Historiografia da presença portuguesa em África (54): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte VI (Mário Vasconcelos): (i) João Said Handem (Gadamael); (ii) Jacinto Maria de Figueiredo Duarte (Bedanda, com filial no Chugué e Cafine); (iii) Michel Ajouz (Bissorã); e (iv) Hipólito da Costa Ribeiro (Fulacunda): compra e venda de mancarra, coconote, óleo de palma, fazendas, miudezas, mercearias...






Fotos: © Mário Vasconcelos (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Continuação da publicação de anúncios de casas comerciais, da Guiné. Reproduzidos, com a devida vénia, da em Turismo - Revista de Arte, Paisagem e Costumes Portugueses, jan/fev 1956, ano XVIII, 2ª série, nº 2. (*).

Trata-se de um aprenda, para o nosso blogue, oferecida pelo nosso camarada Mário Vasconcelos, ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72, Mansoa, e Cumeré, 1973/74; foto atual à direita] que descobriu um exemplar, já raro, deste edição, no espólio do seu falecido pai.

Dos quatro anúncios que hoje divujgamos dois são de comerciantes; o João Said Handem, estabelecido em Gadamael, e que negociava sobretudo com o milho; e Michel Ajouz, de Bissorã... Será que alguém ainda se lembra deles ?

Os nossos agradecimentos, em nome de todos os camaradas e amigos da Guiné que integram esta Tabanca Grande onde todos cabemos com tudo o que nos une e até com aquilo que nos separa... (LG)

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 23 de janeiro de  2015 > Guiné 63/74 - P14176: Historiografia da presença portuguesa em África (49): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte V (Mário Vasconcelos): 4 firmas de Bissau: Benjamim Correia (fundada em 1915), NOSOCO (francesa), Augusto Pinto Lda, e C. J. Matoso (talho moderno)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14176: Historiografia da presença portuguesa em África (53): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte V (Mário Vasconcelos): 4 firmas de Bissau: Benjamim Correia (fundada em 1913), NOSOCO (francesa), Augusto Pinto Lda, e C. J. Matoso (talho moderno)








Fotos: © Mário Vasconcelos (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Continuação da publicação de anúncios de casas comerciais, da Guiné. Reproduzidos, com a devida vénia, da em Turismo - Revista de Arte, Paisagem e Costumes Portugueses, jan/fev 1956, ano XVIII, 2ª série, nº 2. (*). Tem inegável interesse documental.

São uma gentileza do nosso camarada Mário Vasconcelos, ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72, Mansoa, e Cumeré, 1973/74; foto atual à direita] que descobriu um exemplar, já raro, deste edição, no espólio do seu falecido pai.

E, a propósito, faz hoje 52 anos que se iniciou, oficial ou oficiosamente, a guerra colonial na Guiné, com o ataque a Tite, na região de Quínara, em 23 de janeiro de 1963. Tenhamos um pensamento de homenagem a todas as vítimas desta guerra, civis e miliaters,  de ambos os lados.


2. Numa destas firmas, a NOSOCO - Nouvclle Société Commerciale Africaine [e não Africane, mais uma gralha], com sucursais em Bafatá, Farim, Bolama, Bissorã, Sonaco e Nova Lamego, trabalharam camaradas nossos como o Mário Dias [. ex-srgt comando, reformado], bem como o pai do nosso amigo Herbert Lopes, mas também conhecidos militantes do PAIGC, como o João Rosa, que guarda-livros...

A NOSOCO era então uma das principais firmas da Guiné, na opinião (qualificada) do nosso amigo e camarada Mário Dias, a propósito dos acontecimentos de 3 de agosto de 1959, no cais do Pidjuiguiti: "as principais casas comerciais da Guiné (vou designá-las pelo nome abreviado como eram conhecidas, Casa Gouveia (CUF), NOSOCO, Eduardo Guedes, Ultramarina e Barbosas & Comandita, tinham ao seu serviço frotas de lanchas - umas à vela e outras a motor - que utilizavam no serviço de cabotagem transportando mercadorias para os seus estabelecimentos comerciais e, no regresso, traziam para Bissau os produtos da terra, principalmente mancarra e arroz. A maioria deste tráfego era pelo rio Geba, até Bafatá e, para o Sul, até Catió e Cacine."

Segundo Carlos Domingos Gomes. Cadogo Pai, as empresas francesas sediadas na Guiné (SCOA, NOSOCO,  CFAO) começaram a ter problemas de liberdade comercial, face à posição monopolista da Casa Gouveia, ligada ao grupo CUF. O Luís Cabral, meio irmão de Amílcar Cabral, era empregado da Casa Gouveia, guarda-livros. As casas comerciais de Bissau, tal como o futebol e o 1º curso de sargentos milicianos, de 1959, deram fornadas de gente... ao PAIGC!


Guiné > Bissalanca > c. 1958/59 > Fotografia tirada na despedida do gerente da NOSOCO, Monsieur Boris, que nesse dia regressava a Paris (está ao centro de fato e gravata). O João [da Silva] Rosa, o guarda-livros, [e que foi um dos fundadores do MLG - Movimento de Libertação da Guiné e um dos primeiros contactos políticos de Amílcar Cabral, tendo feito reuniões clandestinas, na sua casa, com o próprio Amílcar Cabral e outros nacionalistas guineenses, segundo informação do Leopoldo Amado, e que morreu em 1961, no hospital, na sequência da sua prisão pela PIDE], está na segunda fila à direita; à sua frente, o 2º da direita é o Toi Cabral. Os restantes elementos da foto são alguns (quase todos) dos empregados do escritório da NOSOCO em Bissau (MD)

O terceiro elemento do grupo, a contar da esquerda, é Armando Duarte Lopes, o pai do nosso amigo Nelson Herbert, e velha glória do futebol guineense... (Esteve em 1943 no Mindelo, sua terra natal, integrado numa força expedicionária, vinda do continente, que veio reforçar o sistema de defesa da Ilha de São Vicente durante a II Guerra Mundial; viveu depois, trabalhou e casou em Bissau.

Como nos relembrou o Nelson, o pai era então "um jovem, robusto, futebolista conhecido na Guiné (Armando Bufallo Bill, seu nome de guerra, o melhor de futebolista da UDIB, do Benfica de Bissau, internacional pela selecção da antiga Guiné Portuguesa..). Foi encarregado, por muitos anos, do porto fluvial de Bambadinca, e ainda se lembra de episódios do djunda djunda (braço de ferro) entre a JAPG (Junta Autónoma dos Portos da Guine) e a tropa, relativamente a um batelão, propriedade do primeiro e que fazia regularmente o trajecto Bambadinca-Bissau, mas que a tropa insistia em açambarcar... para revolta das população da zona leste, já que dessa boleia dependia o escoamento da produção local (caprinos e produtos hortícolas) para os mercados de Bissau... (Seria o BOR?).

O apelido Herbert vem de outro lado, de um avô materno francês, que foi o representante local, na Guiné, da CFAO - Compagnie Française de l'Afrique Occidentale, fundada em 1887, e que continua a ser um importante grupo económico, líder da distribuição especializada em África e nos territórios franceses do Ultramar.

Foto: © Mário Dias (2006) . Todos os direitos reservado

2. Temos inúmeros postes sobre a cidade de Bissau. Alguns de nós fizemos lá comissão, tendo por isso um conhecimento das suas ruas, praças, monumentos,  restaurantes, esplanadas, casas comerciais, etc.  É o caso por exemplo do nosso camarada Carlos Pinheiro (ex-1.º cabo  trms op msg, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70):

Vd. poste de 20 de abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8138: Memória dos lugares (152): A cidade de Bissau em 1968/70: um roteiro (Carlos Pinheiro)

Outros camaradas viveram lá anets e depois da tropa, acompanhando o progresso da cidade, nos anos 50/60, como foi o caso do Mário Dias (ex-srgt comando, ref, trabalhou e viveu em Bissau na sua aolescência e juventude, tendo frequentado em 1959 o 1º curso de sargentos milicianos que se realizou no CTIG):


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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14173: Historiografia da presença portuguesa em África (52): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte IV (Mário Vasconcelos): Há, pelo menos, 6 comerciantes libaneses em Bafatá: Jamil Heneni, Toufic Mohamed, Rachid Said, Fouad Faur, Salim Hassan ElAwar e irmão











Fotos: © Mário Vasconcelos (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Mais anúncios de casas comerciais, da Guiné, que foram publicados  em Turismo - Revista de Arte, Paisagem e Costumes Portugueses, jan/fev 1956, ano XVIII, 2ª série, nº 2. (*)

Desta vez fizemos uma seleção dos estabelecimentos abertos em Bafatá... Há surpresas curiosas: já havia, na época,  telefone!... Há pelo menos um empresário com telefone, o Fausto da Silva Teixeira, dono de um serração mecânica, fundada em 1928.  Em Bafatá, deveria ter os escritórios e a residência. As serrações deveriam ser em Fá e em Banjara. [Haveremos de descobrir mais tarde que este homem foi deportado, sem julgamento, para a Guiné em 1925, no final da I República. alegadamente por pertencer ao Partido Comunista Português.]

Todas as caixas comercias têm caixa postal e endereço telegráfico. 

Por outro lado, há um comércio diversificado e até especializado: o Abílio Carvalho Vieira, na sua loja, têm uma secção de produtos farmacèuticos, e a pensão e restaurante Bafatá, além dos pratos regionais e cozinha transmontana (!), oferece "os melhores whiskys (sic) e cervejas geladas" no seu serviço de bar...

Há, pelo menos, 6 comerciantes libaneses em Bafatá, em 1956: 

(i) Jamil Heneni, com grandes plantações de arroz em Jabadá [e não Janbanda], na região de Quínara [, mais um imperdoável  gralha!]; 

(ii) Toufic Mohamed [ou não seria Taufic ? Muitos dos anúncios vêm gralhados;: por ex, Bambadinga, em vez de Bambadinca, Bajicunda em vez de Bajocunda; o que quer dizer a toponímica da Guiné era "estranha" aos nossos jornalistas e tipógrafos...];

(iii) Rachid Said

(iv) Salim Hassan ElAwar e irmão (com sede em Bafatá e filial em Cacine, e não Canine, como aparece no anúncio: mais uma gralha tipográfica a juntar-se a muitas outras desta edição especial da revista de Turismo...); há um membro da família, presume-se, Mamud ElAwar, que era um conceituado comerciante de Bissau;

(v) Fouad Faur, com lojas também em  Piche,  Paunca, Bajocunda e Bambadinca.

Outro comerciante de Bafatá, com boa implantação no leste, era o Adelino A. Esteves, com filiais em Canquelifá, Saré Bacar e Cambaju.

Pela quantidade de anúncios publicados neste nº especial da revista, metropolitana, Turismo, dedicado à província portuguesa da Guiné) (*), parece que quase toda a gente quis "aparecer na fotografia".

Não sabemos se as grandes casas comoa  Gouveia  e a Ultramarina também aparece neste "mostruário" das "forças vivas" da colónia, e nomeadamente as da esfera económica, constituída por  pequenos comerciantes e empresários, de origem metropolitana, caboverdiana e libanesa.

 Como temos vindo a observar, estes anúncios (que nos chegaram às mãos através do nosso camarada Mário Vasconcelos) são um preciosidade, pelas inesperadas informações que nos trazem de lugares que muitos  de nós conhecemos e cuja prosperidade económica, mesmo que relativa, vai ser posta em causa (e em muitos casos destruída) com o início da guerra, iniciada em Tite, na região de Quínara, em 23 de janeiro de 1963, vai fazer amanhã 52 anos!


 [Foto à acima: Mário Vasconcelos, ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72, Mansoa, e Cumeré, 1973/74]

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 21 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14169: Historiografia da presença portuguesa em África (48): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte III (Mário Vasconcelos)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14169: Historiografia da presença portuguesa em África (51): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte III (Mário Vasconcelos)






1. Mais alguns anúncios de casas comerciais, da Guiné, que foram publicados na revista Turismo, jan/fev 1956, ano XVIII, 2ª série, nº 2.


Tudo indica que, neste nº especial da revista, dedicado à província portuguesa da Guiné) (*), toda a gente tenha querido "aparecer na fotografia". Referimo-nos às "forças vivas" da colópnia, e nomeadamente as da esfera económica, os pequenos comerciantes e demais empresários, portugueses, caboverdianos e libaneses, que operavam na Guiné.
Na amostra de hoje, temos: 

(i) o José Zauad (que, pelo apelido, parece ser libanês),  que tinha estabelecimento comercial em Campeane, na região de Tombali!...

(ii) o Armindo G. Ferreira, estabelecido em Cadique, Catió, também na região de Tombali;

(iii) o José David Doutel, de Cadique. Salancaur, Catió, região de Tombali;

(iv) e, pro fim, o António R. Silva Ribeiro, que seria de Bissorã, e não de Comissorã (mais do que provável gralha tipográfica).

Todos se dedicavam ao "comércio geral: compra e venda de produtos da província"... Em 1956, era já "politicamente correto", escrever-se "província" e não "colónia", como mandava a reforma administrativa ultramarina de 1951.

 Como temos vindo a observar, estes anúncios são um preciosidade, pelas inesperadas informações que nos trazem de gentes e de lugares que vão ser varridos pela guerra, oficial ou oficiosamente iniciada em  Tite, região de Quínara, em 23 de janeiro de 1963...

Refletem, por outro lado,  o clima de relativa tranquilidade e prosperidade em que então se vivia, em 1956... No texto a seguir, apresentam-se alguns dados sobre a economia da época, de acordo com a citada revista Turismo, de jan/fev de 1956. 

O grosso das exportações  (87%, em tonelagem) ía para duas oleaginosas, o amendoim e o coconote. Por outro lado, numa década (1941-1950), as importações passavam de 49 mil contos para 128 mil (um aumento de 260%). As exportações, por sua vez,  passavam, no mesmo período, de  65 mil para 118 mil contos (um aumento de 180%).

[Foto à direita: Mário Vasconcelos, ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72, Mansoa, e Cumeré, 1973/74]


Fotos: © Mário Vasconcelos (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG]