Mostrar mensagens com a etiqueta Manuela Gonçalves. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Manuela Gonçalves. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Guiné 63/74 - P1261: Convívio do pessoal do BCAV 2876, em 25 de Novembro: lá estarei com o Nelson (Manuela Gonçalves)

Photobucket - Video and Image Hosting

Caldas da Rainha > Nela [Manuela Gonçalves] > Foto: © Caminhos por onde andei (2006) com a devida vénia...)

Foto alojada no álbum de Luís Graça > Guinea-Bissau: Colonial War. Copyright © 2003-2006 Photobucket Inc. All rights reserved.

1. Recebi notícias da nossa amiga Nela [Manuela Gonçalves], nossa tertuliana (1) e editora do Blogue Caminhos por onde andei (2)

Boa noite, Luís...

Apesar de uma ausência mais ou menos longa, tenho ido ao blogue com alguma frequência embora sem tecer comentários alguns.

Bem, como tenho verificado que a zona de S. Domingos e Ingoré está muito ausente, aproveito para dizer que dia 25 de Novembro de 2006 vai haver um almoço de antigos elementos do BCAV 2876 - CCS e CCAV 2538, 2539 e 2540.

Vou estar lá com o Nelson e procurarei saber se alguém conhece o Blogue.

Tive imensa pena de não ter ido ao convívio na Ameira (3), mas cá em casa, a bloguista sou eu... Pode ser que no próximo almoço, lá possamos estar.

Saudações amigas
nela

"...nada deve parecer natural , nada deve parecer impossível de mudar!" (B. Brecht)

 
2. Comentário de L.G:

Nela: Gostei das notícias, gostei do teu mail, gostei do Brecht… Aqui vai o anúncio do vosso convívio, do pessoal da BCAV 2876, a que pertenceu o teu marido, o ex-alf mil Nelson, ferido em combate por mina anticarro na região do Cacheu, na altura em que eu estive na Guiné, em 1969/71 (aliás, viemos no mesmo barco, sem nos conhecermos)…
 
É verdade, amiga, não temos grande coisa dessa parte do Cacheu, a não ser as cartas ou mapas (Varela, Susana, S.Domingos, Sedengal) que eu introduzi recentemente…

Um beijinho para ti, um abraço ao camarada Nelson (cujo silêncio eu respeito)… A próxima reunião da tertúlia poderá ser em Pombal: aí não terás desculpas, já que é quase ao pé de casa (Caldas da Rainha)…
____________

Notas de L.G.:

(1) Vd. posts de:

26 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLIII: Uma mina na estrada de São Domingos para Susana (Manuela Gonçalves)

8 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXVIII: Dia Internacional da Mulher (6): a guerra no feminino (Manuela Gonçalves)

(2) Caminhos por Onde Andei > Descrição do blogue > "São muitos os lugares por onde tenho passado mas não tantos como os que desejava ainda percorrer! De todos os lugares e tempos, guardo memórias que contribuíram para a pessoa que sou! Viajar no tempo e no espaço, com palavras sentidas!"

(3) Vd. pots de 15 de Outubro de 20056 > Guiné 63/74 - P1177: Encontro da Ameira: foi bonita a festa, pá... A próxima será no Pombal (Luís Graça)

domingo, 26 de março de 2006

Guiné 63/74 - P634: Uma mina na estrada de São Domingos para Susana (Manuela Gonçalves)

Mensagem da Nela (Manuela Gonçalves) (de quem eu disse há dias, no Dia Internacional da Mulher, que não fazia mas devia fazer parte da nossa tertúlia, juntamente com o seu marido) (*):

1. Já tinha colocado o post 4 quando visitei o blog e escrevi o post 5. O meu marido era na altura o Alferes Miliciano Nelson Gonçalves. Obrigado por me considerar Tertuliana, mas, de facto, enquanto eu gosto de escrever, ele detesta. Quem sabe se o virá a fazer! (**)

Saudações amigas

Blog > Caminhos por onde andei > Post: Guiné- Bissau (5)


2. Com a devida vénia reproduz-se aqui esse post, datado de 25 de Março de 2006:

Na minha visita habitual ao Blogue-fora-nada , acabei por mudar de caminho e bater à porta do Africanidades, onde entrei, mesmo sem licença, e soube, pelo que é possível saber, da explosão de uma mina na zona de São Domingos.

O flagelo das minas continua e não sei mesmo se muitas delas não serão ainda daquelas que foram colocadas na guerra colonial. A coincidência transportou-me até Novembro de 69.

Foi naquela mesmo estrada - de São Domingos para Susana - numa operação de reconhecimento da via, que o Unimog em que o maridão seguia, pisou uma mina anti-carro. No Unimog, uma outra mina anti-carro, levantada cerca de 300 metros antes, era transportada atrás e, por mero acaso, não rebentou, o que teria sido catastrófico para todo o pelotão!

A mina tinha sido accionada pelo pneu do lado direito, pelo que o maridão foi atirado para fora, em estado crítico, não tendo o condutor sofrido senão pequenos ferimentos, apesar da força do embate!

Um helicópetro transportou-o para Bissau, tendo acordado uns dias mais tarde numa cama no Hospital Militar, sem uma perna e tendo por companheiro de quarto o capitão Peralta, cubano, cuja captura tão noticiada era nos media de então (***).

Antes como agora, aquela estrada era perigosa, antes como agora aquela estrada era a única via de saída e/ou entrada na região do litoral, antes como agora, parece, que a principal preocupação dos comandos era e é cortar a possibilidade de fuga às populações!

Antes como agora morrem soldados, fogem populações que não querem a guerra, que estão cansadas de lutas, de morte, de fome, de pobreza! Até quando a dor e o sofrimento? Até quando as minas nas estradas? Até quando?

Nela
_____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. post de 8 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXVIII: Dia Internacional da Mulher (6): a guerra no feminino (Manuela Gonçalves)

(**) Cara amiga: 

Infelizmente ainda são poucas as mulheres que lêem e sobretudo escrevem neste blogue. Contam-se pelos dedos da mão as nossas tertulianas. Pelo que a Nela é bem vinda. Não há razão para não ser tertuliana, de jure e de facto. Já o é. Ou passa a ser automaticamente. Por muitas razões:

 (i) pelo seu maridão ter ido connosco, no mesmo navio, o N/M Niassa, em Maio de 1969, para a Guiné; 

(ii) por você ter, heroicamente, acompanhado a sua convalescença no Hospital Militar de Bissau à distância de milhares de quilómetros; 

(iii) por você ler o nosso blogue regularmente;

 (iv) por ter, tal como todos nós, uma grande paixão pela Guiné e pelo seu povo; 

(v) por ser uma mulher de armas... e, ainda por cima, ter sentido de humor, a avaliar pelo delicioso endereço do seu e-mail...

Bem vinda, Nela! Ou melhor: sê bem-vinda, que os camaradas e amigos da Guiné tratam-se todos por tu!

(***) O capitão Pedro Rodriguez Peralta, capitão do Exército Cubano, de 32 anos, instrutor ao serviço do PAIGC, foi gravemente ferido a 18 de Novembro de 1969, no corredor de Guileje, junto à fronteira com a Guiné-Conacri, no decurso da Op Jove, conduzida por forças paraquedistas e destinada a capturar o próprio 'Nino' Vieira. Enviado para Lisboa, só depois do 25 de Abril de 1974 é que o capitão Peralta é libertado.

Fonte: Policarpo, F. - Guerras de África: Guiné, 1963-1974. Matosinhos: QuidNovi.2006. 102. (Batalhas da História de Portugal, 21).

quarta-feira, 8 de março de 2006

Guiné 63/74 - P596: Dia Internacional da Mulher (1): Sara Martins, presente! (José Martins) e A Guerra no Feminino (Manuela Gonçalves)

1. Mandei ontem um inocente convite (ou melhor: sugestão) à nossa tertúlia:

"Amigos & camaradas: Estórias de mulheres… na guerra e na paz, precisam-se! Amanhã é dia (internacional) das bajudas e das mulheres grandes (com o devido respeito pelas nossas mulheres grandes, da caserna ao lado)…

"Vejo que os nossos tertulianos, com excepção do Zé Teixeira, do Jorge Cabral, do VB, da Zélia e de poucos mais, são muito recatados"…

... As respostas não se fizeram esperar.


2. Texto do José Martins (ex-furriel miliciano de transmissõres, CCAÇ 5 - Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70):

Luís: Mando um texto que escrevi em 1999, dois dias depois de a minha mãe ter partido ao encontro da PAZ, já que por cá viveu duas GUERRAS.

Martins


SARA DA SILVA MARCELINO MARTINS
(11/10/1911 * 15/05/1999)

Descendente de uma família de insignes militares do Regimento de Infantaria nº 7 de Leiria, em três fases distintas da sua vida, viu partir seu Pai para a I Grande Guerra, França, e dois dos seus Filhos para a Guerra do Ultramar, Guiné; e assistiu ainda à incorporação dos seus Netos no Exército Português.

Por outro lado, os Soldados da Paz também fizeram parte da sua vida: O Marido como Ajudante do Comando dos Bombeiros Municipais de leiria e um Filho como Bombeiro da mesma Corporação, tendo um Neto sido Bombeiro Voluntário da Corporação de Avintes.

Lisboa, 17 de Maio de 1999.

************

3. A Nela, já aqui referida em tempos (1), não faz mas devia fazer parte da nossa tertúlia, juntamente com o seu marido: ele foi nosso camarada na época de 1969/70, foi no Niassa em Maio de 1969 - o mesmo é dizer que fomos juntos, ele e o pessoal metropolitano da CCAÇ 2590, a futura CCAÇ 12 - esteve em Ingoré e foi gravemente ferido na explosão de uma mina anticarro... Ela, jovem estudante universitára e então namorada, viveu a guerra à distância, com a morte na alma... Já casada, anos depois, desloca-se à Guiné-Bissau, com a família, para exorcizar os seus fantasmas... Da paixão à cooperação foi um passo... Mais recentemente, descobriu o nosso blogue, que visita regularmente, e mais do que isso mantém o seu próprio blogue: Caminhos por onde andei...

Hoje voltou a escrever-me, dizendo:

"No Blog, vou revivendo e recordando com o meu marido. Continuarei a blogar. Estamos a tentar digitalizar os slides de 69/70, época da luta (nunca chamei turras aos guerrilheiros) e 81/82, época em que estivemos lá como cooperantes.

"No meu blog, as memórias e factos, alguns bem curiosos, irão aparecendo. Continuem com a vossa tertúlia! Passo por lá diariamente. Os meus cumprimentos. Manuela Gonçalves".

No Dia Internacional da Mulher, a Nela, companheira de um camarada nosso (cujo nome e unidade desconhecemos, mas que terá viajado connosco no memso barco, na mesma altura), merece o devido destaque.

Com a sua licença, tomo a liberdade de reproduzir aqui dois dos seus posts em que ela evoca esse doloroso tempo em que elo de comunicação entre os homens que faziam a guerra na Guiné e as mulheres (mães, namoradas, madrinhas de guerra...) que ficavam na retaguarda, se fazia através do frágil e suspeito aerograma...


4. Blogue da Nela [Manuela Gonçalves] > Caminhos por onde andei > 7 de Janeiro de 2006 > Guiné-Bissau (1)

Esta noite, ao navegar pelos blogs que visito habitualmente, fui parar, através de hiperligações de posts, ao Blogue Fora-Nada, que reúne documentos e memórias de ex-combatentes da Guiné-Bissau.

Não fui combatente na Guiné, mas esses caminhos foram percorridos por mim de modo e tempo diferentes... Tornaram-se mesmo decisivos na minha vida de jovem estudante universitária rebelde, namorada de um alferes miliciano que para ali fora enviado para a guerra, mais tarde meu companheiro de vida (já lá vão 35 anos) e de mulher e mãe, que considerou importante ir para Bissau, como cooperante!

A Guiné dos aerogramas despertara um desejo imenso de conhecer a Guiné das bolanhas, das tabancas, dos mosquitos, dos rios e pântanos e das gentes que ali viviam, dos flupes, dos mandingas, dos papéis, de Amílcar Cabral, dos guerrilheiros do PAIGC...

Nunca tinha aceite a Guerra Colonial, mas uma vez que ela tinha entrado nas nossas vidas abruptamente e deixado incapacidades físicas ao maridão, senti uma vontade imensa de viajar para aquele pequeno país e conhecê-lo bem!

Era como que uma necessidade intrínseca de compreender bem uma etapa importante da vida vivida pelo companheiro de route!

Bissau, Bafatá, Mansoa, São Domingos, Ingoré eram locais que precisávamos (re)visitar.

E fomos lá! Também os nossos filhos nos acompanharam, crianças ainda, viram e pisaram as picadas que , anos antes, o pai cruzara, sempre alerta! Agora podíamos circular livremente, apesar do mau estado das estradas, mas em paz e liberdade!
Gostei da Guiné-Bissau! Voltar lá foi um modo de exorcizar fantasmas de guerra que habitavam a nossa casa!

Hei-de voltar ao tema!

Nela [Manuela Gonçalves]

Terça-feira, 7 de Março de 2006 > Guiné-Bissau (2)

Andei a rever fotos antigas. Com elas caminhei por memórias bem aninhadas em mim, por vidas vividas, por estradas perdidas, por espaços guardiães das minhas / nossas vivências. Nossas, cá da casa, mas sobretudo minhas e do companheiro de tantos anos.

Foi em 1969, Maio, que ele foi para a Guiné. A bordo do Niassa e integrado numa companhia que fora formada em Estremoz. Rendição individual, quando nada fazia prever que ainda fosse até à Guerra. A faculdade ficou para trás, os sonhos adiados por uns anos.

Da Guiné, chegavam aerogramas que eu lia e tentava decifrar. Sim, naquela época, era preciso decifrar as palavras, como aquelas em que me dizia que tinha dado um passeio até ao Senegal. Eu sabia que tal significava que tinham feito uma incursão em terras senegalesas e fiquei receando que fosse feito prisioneiro. Pouco tempo antes, um grupo de oficiais tinha desertado e procurado asilo na Suécia.

Na faculdade, eu continuava o curso e a apoiar as lutas estudantis contra a guerra colonial. E escrevia cartas, cartas, aerogramas. Sempre muito cautelosa, sabia-se lá quem poderia ler as nossas palavras.

Recebia aerogramas aos pares. Um dia não recebi. O silêncio continuou por duas longas semanas. Não fazia ideia do que poderia ter acontecido. Passaram diversos cenários pela minha mente, todos deduzidos pelas conversas que tínhamos tido, pelas utopias que partilhávamos, pelas palavras que não eram escritas. Teria sido apanhado no Senegal? Teria ido ele para o Senegal? Estaria morto? Ferido? Os jornais falavam da captura de um major cubano.

Que se passava? Um aerograma de um amigo, Alferes Baptista, no Q.G. em Bissau, deu – me a notícia: uma mina tinha rebentado com o Unimog, quando ele e o seu pelotão 60 seguiam numa patrulha. Ele estava no HMP em Bissau, em coma. Era dia 13 de Novembro de 1969, 10:30 da manhã.

Restava-me esperar que o trouxessem para Lisboa e falar diariamente com um médico, amigo de uma tia, que prestava serviço no Hospital em Bissau. E de longe fui acompanhando o seu estado! Mais tarde um lacónico aerograma dele, muito parco em palavras, cheio de silêncios, confirmava-a.

Apesar de toda a dor e angústia sentidas, uma grande alegria: ele estava vivo. Os sonhos continuavam adiados, mas não jogados fora. Uma nova etapa nas nossas vidas havia começado!

Nela [Manuela Gonçalves]
____________

Nota de L.G.

(1) Vd. pots de 9 de Janeiro de 2006 > Guine 63/74 - CDXXXV: O que os outros (blogues) dizem de nós (1): Caminhos por onde andei

segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

Guine 63/74 - P415: O que os outros (blogues) dizem de nós (1): Caminhos por onde andei (Manuela Gonçalves)


Guiné > "Frente Sul" > Fevereiro de 1968 > Carmen Pereira, comissária política do PAIGC

(Foto: John Sheppard, Granada TV. Fonte: DAVIDSON, Basil. The liberation of Guiné: aspects of an African revolution. (With a foreword by Amilcar Cabral). Harmondsworth, G.B.: Penguin Books, (Penguin African Library; 27), 1969 (Imagem gentilmente cedida à tertúlia por Jorge Santos, 2005)


1. Manuela Gonçalves (Nela) mandou-nos a seguinte mensagem, que nos honra e que eu agradeço vivamente em nome dos amigos e camaradas de tertúlia. Reproduzo, com a devida vénia e para conhecimento de todos, o que ela escreveu sobre nós e a sobre a sua Guiné revisitada, no seu próprio blogue.

Devo sublinhar quão importante é o seu ponto de vista, já que nos faltam testemunhos (escritos) das nossas companheiras, que viveram a guerra de África através das fotos e dos aerogramas que mandávamos pelo SPM, tendo elas aprendido a ler nas entrelinhas. Aliás, faltam-nos também os testemunhos das corajosas mulheres que, do outro lado, nos combateram... como foi o caso, por exemplo, de Carmen Pereira (n. 1937), cuja foto publicamos, como um pequeno gesto de homenagem à única mulher que, na sua qualidade de comissária política da Frente Sul, pertencia ao Comité Executivo da Luta.


Cópia da mensagem:

Não posso deixar de enviar os meus parabéns pela excelente ideia deste blog! Também nós temos muitas recordações de Bissau! Vou recordar alguns desses momentos no meu blog. Continuem o vosso blog!

Blog: Caminhos por onde andeiPost: Guiné- Bissau (1)

Manuel Gonçalves (Nela)
________________________

Sábado, Janeiro 7, 2006

Guiné- Bissau (1)

Esta noite, ao navegar pelos blogs que visito habitualmente, fui parar , através de hiperligações de posts, ao Blogue Fora-Nada, que reúne documentos e memórias de ex-combatentes da Guiné-Bissau!

Não fui combatente na Guiné, mas esses caminhos foram percorridos por mim de modo e tempo diferentes... Tornaram-se mesmo decisivos na minha vida de jovem estudante universitária rebelde , namorada de um alferes miliciano que para ali fora enviado para a guerra , mais tarde meu companheiro de vida (já lá vão 35 anos) e de mulher e mãe, que considerou importante ir para Bissau, como cooperante!

A Guiné dos aerogramas despertara um desejo imenso de conhecer a Guiné das bolanhas, das tabancas, dos mosquitos, dos rios e pântanos e das gentes que ali viviam, dos felupes, dos mandingas, dos papéis, de Amílcar Cabral, dos guerrilheiros do PAIGC...

Nunca tinha aceite a Guerra Colonial, mas uma vez que ela tinha entrado nas nossas vidas abruptamente e deixado incapacidades físicas ao maridão, senti uma vontade imensa de viajar para aquele pequeno país e conhecê-lo bem!

Era como que uma necessidade intrínseca de compreender bem uma etapa importante da vida vivida pelo companheiro de route!

Bissau, Bafatá, Mansoa, São Domingos, Ingoré eram locais que precisávamos (re)visitar.

E fomos lá! Também os nossos filhos nos acompanharam , crianças ainda, viram e pisaram as picadas que, anos antes, o pai cruzara, sempre alerta! Agora podíamos circular livremente, apesar do mau estado das estradas, mas em paz e liberdade!

Gostei da Guiné-Bissau! Voltar lá foi um modo de "exorcizar" fantasmas de guerra que habitavam a nossa casa!

Hei-de voltar ao tema!

Manuela Gonçalves
Blog > Caminhos por onde andei