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terça-feira, 4 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P14969: Tabanca Grande (471): Cláudio Brito, neto do falecido major art ref Fernando Brito (1932-2014)... Novo grã-tabanqueiro, nº 697


1. Mensagem, de omtem, 3 do corrente,  do nosso amigo Cláudio Brito, neto do major art ref Fernando Brito (1932-2014):


Saudações,
Antes de mais, um muito obrigado por este convite [, para integrar a Tabanca Grande,] que, alegremente, aceito, pesando-me, sem dúvida, e alegremente também, a responsabilidade de tal cargo. Porém, se depender de mim, esta Tabanca continuará a ser brindada com fontes históricas para a preservação da sua memória, da nossa memória.


Espero poder contribuir com as fontes selecionadas que trabalharei afincadamente para serem apresentadas ao blogue e quem o segue.

Envio uma fotografia recente minha e, ainda, envio o exemplo fotográfico usado para que o Leão Lopes tivesse podido pintar o quadro [, de meu pai,] que tão artisticamente concretizou.

De facto, podemos verificar uma linha histórica, apenas através da fotografia.

No verso da mesma está inscrito com a letra do meu pai: "Para o meu paizinho [, Fernando Brito,] com muitos beijos de parabéns do filho amigo, Fernando José". Brindado nos anos (a 30 de novembro) com uma fotografia do filho, [o meu avô] retribuiu o amor, mandando pintar um retrato mediante a mesma.

Vemos imediatamente as semelhanças, mas perguntamo-nos "a foto não é a preto e branco?". Sim, pelo que as cores foram imaginadas pelo próprio Leão Lopes ou feitas mediante informação fornecidas pelo meu avô. De qualquer das maneiras, o produto foi concretizado lindamente.

Assim me despeço, prometendo redobrar estas fontes de uma próxima vez.

Um grande abraço a todos, Cláudio Brito.




O pai do Cláudio Brito, Fernando José, em 1971,  aos 11 anos,  Foi com base nesta foto que o Leão Lopes pintou o seu retrato, em Bambadinca.




Dedicatória, no verso da fotografia, dp Fernando José ao pai, Fernando Brito, por ocasião do seu 39º aniversário (em 30 de novembro de 1971).



Retrato do Fernando José, pintado em Bambadinca por Leão Lopes, ex-fur mil, BENG 447 (1970/72)


Fotos: © Cláudio Brito (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]

2. Mensagem de anteontem, 2 do corrente, do Cláudio Brito;


Saudações,  Sr. Luís Graça e Camaradas da Guiné,

Espero que esteja tudo bem.

Antes de mais, o meu mais profundo agradecimento por ter publicado este quadro e esta memória que, entretanto, passou a ser uma memória de todos (*). Não se pode perder apenas no meu arquivo pessoal e ficar a colecionar pó numa parede.

Com a graça de Deus e com alguma sorte à mistura, o meu avô falava muito comigo (também me demonstrei sempre interessado) e explicou-me a história ou estória de muitas das fotos, quadros, retratos e objetos que recuperei. A maior das sortes é ter alguém do "outro lado" para partilhar essa história e torná-la comentada e acessível e, por isso, perpetuada.

Relativamente ao quadro (*), ainda posso avançar algumas coisinhas:

(i) "folha de capim" é uma planta que cresce de uma forma comprida e alongada sendo suficientemente firme para, por exemplo, pintar; portanto, concluo que os materiais de pintura não eram de fácil acesso, mas a mão firme do pintor não falhou;

(ii) o meu pai tinha exatamente 11 anos nessa altura, foi em 1971; o meu pai nasceu no ano de 1960, a 18 de abril, sendo registado no dia 19 de março;

(iii) a fotografia, usada como modelo para pintar, detenho-a igualmente, e posso enviar para comparação do trabalho.

Quanto aos restantes materiais, a tecnologia tem-nos provido dos mais completos instrumentos, portanto não há desculpa da minha parte e, brevemente, farei uma escolha extensiva e, equipado com esses instrumentos, passarei os elementos do meu plano de visão para o "plano de todos", ou seja, "o plano da Tabanca", com especial enfoque para as fotografias que detenho. E quem diz fotografias, poderá dizer outras coisas. Coisas que poderão estar esquecidas no tempo aqui, mas que unidas a quem as "tocou", "viveu" e "usou" começam a fazer sentido e a montar um puzzle. Preenche a memória do meu avô e de outros tantos que estiveram lado a lado com ele.

Ficarei honrado com qualquer resposta dada pelo artista [, Leão Lopes,]  que pintou alguém tão querido por mim e fico ainda mais honrado por poder partilhar tudo isto [, no blogue dos amigos e camaradas da Guiné].

Um grande obrigado, abraço e até breve,

Cláudio Brito

 3. Comentário de LG:

Cláudio. obrigado pelas explicações adicionais e pela tua rápida aceitação do meu convite. Como prometido ficas desde já apresentado  à Tabanca Grande. Afinal, tu és, desde o princípio,  um dos nossos: os filho e netos dos nossos camaradas, nossos filhos e netos são...

És  o grã-tabanqueiro nº 697, o teu nome passa a figurar na lista alfabética dos grã-tabanqueiros, que consta da coluna do lado esquerdo da página de rosto do blogue (**)... O teu avô era (e continuará a  ser) o nº 641:  o seu nome está na lista dos camaradas e amigos (n=41) que da lei da morte já se foram libertando...

Contamos contigo  para podermos continuar a alimentar este blogue dos amigos e camaradas da Guiné. Sê bem vindo. Tens as regras de convívio na série O Nosso Livro de Estilo.

Um abraço grande. Luis



quinta-feira, 9 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14853: O nosso livro de estilo (9): proverbiário da Tabanca Grande...


Lourinhã > Praça municipal > 4 de julho de 2015 > Uma raia... Adoro raia (Ou arraia, como se diz na minha terra)... Mas convenhamos que não é, tal como o tamboril, um dos animais mais bonitos do mundo... Adoro raia de todas as maneiras e feitios, fresca ou seca (exposta ao sol no telhado e ao chichi dos gatos)... Mas não me parece que seja bicho com sentido de humor: pudera, nunguém gosta de ser apanhado... para ser comido pelos outros...

Foto (e legenda): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados

1. Eis algumas dos nossos provérbios, lugares comuns, frases,  slogans, bocas, piropos... Nossos, da Tabanca Grande... Ajudam-nos  a distinguir um grã-tabanqueiro, isto é, um leitor do nosso blogue que se identifica com o "espírito", aberto, bem humorado, da Tabanca Grande, independentemente de estar ou não estar (ainda) registado como membro desta comunidade virtual que se chama Tabanca Grande...

Já em tempos fizemos até uma sondagem sobre as cinco melhores frases... Recorde-se as três que recolheram mais votos

O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande! (n=40)
Não deixes que sejam os outros a contar a tua história por ti. (n=37)
abanca Grande: onde todos cabemos com tudo o que nos une  e até com aquilo que nos separa. (n=27)

Aqui fica uma nova versão, por ordem alfabética. Está longe de estar completa... É apenas o embrião do proverbiário ds Tabanca Gramde... É uma recolha, onde todos/as podem colaborar... Cultivamos o humor e o humor (ainda) não paga imposto (*)...

Esta versão destina-se sobretudo aos camaradas que chegaram mais recentemente  à Tabanca Grande. Recorde-se que estamos  com o nº 693, a 7 lugares do difícil objetivo que são os 700... O último a entrar foi o Tibério Lopes, açoriano dos quatro pontos do mundo.

  • A 'roupa suja' lava-se na caserna, não na parada.
  • Ainda pior do que o inferno da guerra, é o inverno do esquecimento dos combatentes.
  • Amigo traz amigo e amigo fica.
  • As nossas queridas enfermeiras paraquedistas: os anjos que desciam do céu.
  • Até aos cem, ainda se aguenta, depois dos cem, só com água benta.
  • Cabral só há um, o de Missirá e mais nenhum.
  • Camarada e amigo... é camarigo!
  • Camarada não tem que ser amigo: é o que dorme no mesmo buraco, na mesma cama, no mesmo abrigo.
  • Camarada, que a terra da tua Pátria te seja leve!
  • Combatente um vez, combatente para sempre!
  • Dão-se lições de artilharia para infantes.
  • Desaparecidos: aqueles que nem no caixão regressaram.
  • Desarmados mas não arrumados.
  • Dez anos a blogar, pois é!, são cinco comissões na Guiné!
  • É proibido fazer juízos de valor sobre o comportamento de um camarada (do ponto de vista operacional, disciplinar, ético, moral, social).
  • E  também lá vamos facebook...ando e andando.
  • Entra e senta-te à sombra do nosso poilão.
  • Estorninhos e pardais, aqui somos todos iguais.

  • Guiné,  de floresta verde e chão vermelho.
  • Lá vamos blogando, recordando, (sor)rindo, e às vezes cantando, gemendo e chorando!
  • Lembra-te, ó português: bandeira dos cinco pagodes, é na loja do chinês!
  • Luso-lapão só há um, o Zé Belo, e mais nenhum.
  • Mais morto de alma do que vivo de corpo.
  • Mais vale um camarada vivo do que um herói...morto!
  • Miguel & Giselda, o casal mais 'strelado' do mundo,
  • Muita saúde e longa vida, porque tu mereces tudo,


  • Não deixes que sejam os outros a contar a tua história por ti.
  • Não é o Panteão Nacional, é melhor, é... a Tabanca Grande.
  • O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!
  • O nosso maior inimigo: o Alzheimer (de que Deus nos livre!)
  • O seu a seu dono: respeita os direitos de autor,
  • O último a morrer, que feche a tampa do caixão.
  • Olhe que não, sr. ministro!, olhe que não.
  • Os camaradas tratam-se por tu.
  • Os camaradas da Guiné dão a cara, não se escondem por detrás do bagabaga.
  • Os filhos dos nossos camaradas, nossos filhos são

  • Para que os teus filhos e netos não digam, desprezando o teu sacrifício: "Guiné ? Guerra do Ultramar ? Guerra Colonial ? Não, nunca ouvi falar!"
  • Partilhamos memórias e afetos.
  • 'Periquito' salta pró blogue, que a 'velhice' já cá está!
  • P'rós insultos, não há contemplações nem indultos.
  • Que Deus nos livre da doença do alemão.
  • Que Deus, Alá e os bons irãs nos protejam!
  • Rapa o fundo ao teu baú da memória.
  • Recorda os sítios por onde passaste, viveste, combateste, amaste, sofreste, viste morrer e matar, mataste, e perdeste, eventualmente, um parte do teu corpo e da tua alma...
  • Saber resolver os nossos conflitos... sem puxar da G3!
  • Sempre presentes, aqueles que da lei da morte já se foram libertando.
  • Só há três coisas de que aqui não falamos: futebol, política e religião.
  • Somos uma espécie em vias de extinção.
  • Tabanca Grande: a mãe de todas as tabancas.
  • Tabanca Grande: onde todos cabemos com tudo o que nos une e até com aquilo que nos separa.
  • 'Um blogue de veteranos, nostálgicos da sua juventude' (René Pélissier dixit). (**)
___________


terça-feira, 28 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14537: Em bom português nos entendemos (11): O 25 de abril, a lusofonia, a nossa língua comum... e o nosso apreço pelo portal de referência que é o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa (onde é mais que justo destacar o trabalho dedicado, empenhado e competente do seu cofundador e coordenador editorial, o jornalista José Mário Costa)





Lisboa > Av da Liberdade > 25 de abril de 2015 > Tradicional desfile > Imigrantes guineenses... Veja-se a elegância das mulheres, com cravos no cabelo... Pelas palavras de ordem, e pelos cartazes, verifica-se que eram um grupo de imigantes, de diversas nacionalidades, que se manifestavam, em português, pela legalização, e contra a "Europa fortaleza", em nome da solidariedade e da sua contribuição ativa para a economia portuguesa (incluindo a segurança social)...

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados.

1. Com a devida vénia, reproduz-se aqui um texto recentíssimo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, com data de 24/4/2015 [, retirámos alguns dos hiperlinks para o tornar menos pesado]:


Abertura [2048]  > O 25 de Abril e a afirmação da língua portuguesa em África

As comemorações do 25 de Abril de 1974, data de grande significado histórico em Portugal e nas suas então colónias em África, coincidem no presente ano com as dos 40 anos das respetivas independências* e a afirmação, nesses países, do português como idioma oficial comum, em toda a sua diversidade e caraterísticas próprias. Diversas iniciativas assinalam as efemérides, de que salientamos dois exemplos:

– a realização em Benguela, entre 7 e 9 de maio p. f., do Colóquio Internacional das Línguas Nacionais, uma iniciativa do Instituto Superior Politécnico Jean Piaget de Benguela, que, além de ser o primeiro evento em Angola sobre a normalização das línguas africanas nacionais, também pretende marcar a comemoração do 40.º aniversário da sua independência;

– o Festival Jovem da Lusofonia, que decorre em Coimbra entre 30 de abril e 1 de maio, com o objetivo de promover a música, as danças e a gastronomia dos países africanos de língua oficial portuguesa.

E fica a sugestão de (re)leitura dos seguintes textos em arquivo no Ciberdúvidas, assinalando, de algum modo, o que o 25 de Abril trouxe para a língua portuguesa:







E, ainda, estes outros contributos:






2. Comentário de L.G.:

Um grande abraço (Alfabravo) ao José Mário Costa, jornalista português, cofundador (com João Carreira Bom, já falecido) e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

O José Mário Costa trabalha apaixonadamente e "pro bono", neste projeto... Falei-lhe há dias do nosso blogue e do nosso "calão" da Tabanca Grande, bem como do nosso "livro de estilo"... Também nós, combatentes da Guiné, criámos um léxico próprio que deve merecer alguma atenção dos especialistas da língua... (vd. a lista, já longa, das nossas mais de 400 Abreviaturas, Siglas, Acrónimos, Gíria, Calão, Expressões Idiomáticas, Crioulo, etc.).

 Tenho grande apreço pelo trabalho dedicado, empenhado e competente que ele faz há anos, neste portal de referência que é o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa... Ele e sua equipa de colaboradores e consultores, apesar da crónica escassez de recursos (incluindo a falta de apoios institucionais)... O Ciberdúvidas é um verdadeiro serviço público... E merece as nossas (ou pelo menos, as minhas) palmas!

Já agora, recorde-se que ele é autor do programa televisivo Cuidado com a Língua!, cuja primeira série se encontra recolhida em livro, em colaboração com a professora Maria Regina Rocha. (Ver mais aqui.)
__________________

Nota do editor:

Vd. os últimos cinco postes da série:

8 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10499: Em bom português nos entendemos (10): Camarada, companheiro, colega, irmão, amigo, camarigo...

18 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10165: Em bom português nos entendemos (9): Uma declaração de amor, bem humorada, à língua portuguesa (Teolinda Gersão + netos)

26 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10074: Em bom português nos entendemos (8): O angolês, termos angolanos que pode dar jeito integrar no nosso léxico (Luís Graça, com bué de jindandu para o Raul Feio e demais kambas kalus)

18 de março de 2010 > Guiné 63/74 - P6015: Em bom português nos entendemos (7): O kapuxinho vermelho, contado aos nosso netos, de Lisboa a Dili, de Bissau a S. Paulo (Nelson Herbert / Luís Graça)

13 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3447: Em bom português nos entendemos (6): Histórias... ou estórias de guerra? Venham elas... (J. Mexia Alves)

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13270: Ser solidário (160): Petição: Parem imediatamente o tráfico ilegal de madeira na Guiné-Bissau!... (Patrício Ribeiro / Luís Graça)


1. De  Bissau,  com data de 6 do corrente, o nosso camarada e amigo Patrício Ribeiro manda-nos a seguinte mensagem:

As más noticias...

Todos os dias a bicha dos contentores a tardinha, chega em duas filas,  desde o Palácio, até aos portões do porto de Bissau,  contornado a Amura e estrada à volta de Bissau, por de trás da Alfandega.

São muitas dezenas de contentores por dia, há quem diga que são mais de 100 que diariamente a entrar no porto...

Um abraço

Patricio Ribeiro

2.  PETIÇÃO | Parem imediatamente o tráfico ilegal de madeira na Guiné-Bissau!

Caros/as amigos/as e camaradas da Guiné:

A exploração e tráfico ilegal de madeira na Guiné-Bissau está a  tomar proporções assustadoras,  colocando em perigo os ecossistemas do país e as comunidades que dele dependem. É importante que todos/as nos mobilizemos no sentido de apelar às autoridades nacionais e internacionais a agirem, rapida e prontamente. 


  Leiam, divulguem e assinem  esta petição, disponível, aqui, no síto da AVAAZ.org - Community Petitions [, inmagem acima,]  em português, francês e inglês. Reproduz-se a seguir a versão em português.

Nós já a subscrevemos, a título individual. Basta indicar o nome, o endereço de email e o país. Esta petição foi lançada em 4 do corrente, pelo grupo Acção C., da Guiné-Bissau, e destina-se a aer entregue a: (i) Presidente da República e primeiro ministro da Guiné-Bissau; (ii) Presidente da República Popular da China; (iii) Secretário Geral das Nações Unidas e União Europeia.,

A publicação no blogue desta petição em nada viola, no nosso entender, o princípio, nº 7,  da "não-intromissão, por parte dos portugueses, na vida política interna da atual República da Guiné-Bissau (um jovem país em construção), salvaguardando sempre o direito de opinião de cada um de nós, como seres livres e cidadãos (portugueses, europeus e do mundo)".(Ver O Nosso Livro de Estilo). Escusado será recordar, mais uma vez, que as opiniões aqui expressas, sob a forma de postes ou de comentários, são da única e exclusiva responsabilidade dos seus autores, (LG).

Manifesto
Os recursos florestais da Guiné-Bissau estão a ser brutalmente extirpados,  ameaçando a manutenção da sua diversidade genética, a conservação da biodiversidade no país e colocando em perigo as comunidades locais que dependem dos ecossistemas.

Estudos da Organização Internacional das Madeiras Tropicais indicam que apenas 1% da exloração madeireira nos trópicos é sustentável.

A licença anual de exploração está fixada em 20.000 m3,  embora este valor tenha sido afixado sem qualquer tipo de avaliação prévia ou estudo sobre a capacidade de exploração sustentável no país.

A madeira é na maior parte das vezes arrumada em contentores nas matas, e não nas madeireiras como a lei obriga, fugindo totalmente ao controlo da quantidade cortada e processada.

A primeira denúncia e revolta popular ocorreu em Quínara em Outubro de 2012, quando jovens do setor de Fulacunda identificaram cidadãos chineses usando uma licença de exploração da madeireira Folbi que lhes permitia explorar diariamente dois contentores de madeira (aproximadamente 34 m3/dia).

Esta denúncia, assim como as restantes que se seguiram, nunca obtiveram resposta ou tomada de posição do anterior Governo de Transição.

Atualmente das 8 regiões do país as que estão a ser alvo de tráfico ilegal de madeira são todas aquelas onde ainda existem manchas florestais, nomeadamente: 


  • Cacheu (setor de Cantchungo); 
  • Oio (setores de Farim, Mansabá e Bissorã); 
  • Bafatá (Setores de Contuboel, Bambadinca, Galomaro, Ganadu e Xitole), 
  • Gabú (setores de Pitche, Mansabá e Bissorã);
  • Tombali (Quebo e Catió);
  • Quínara (setores de Buba, Fulacunda e Tite).

Nestas regiões o corte de madeira foi realizado também em áreas protegidas onde o corte massivo de qualquer madeira está interdito!

No corredor ecológico de Salifo por exemplo, no Parque Nacional do Dulombi cuja criação, funcionamento e financiamento está a cargo das Nações Unidas, foram retirados 300 contentores (5.100 m3) entre Janeiro e Março de 2014 sob pressão militar.
No Parque Natural das Lagoas de Cufada, na aldeia de Bacar Conté, foram cortadas 116 árvores só no mês de Janeiro de 2014.

Ameaças e agressões aos camponeses são feitas por militares sempre que há resistência em qualquer parte do país em cooperar, colocando frequentemente os seus direitos humanos em causa,  aliada a uma completa inação das forças policiais.

Os relatos e as denúncias aumentam a cada dia que passa. Neste ritmo de exploração ilegal de madeira os ecossistemas da Guiné-Bissau entrarão num irreversível colapso!
Nós,  cidadãos nacionais e internacionais, plenos cidadãos de direito, exigimos uma tomada de posição imediata.

Ao Presidente da Républica e Governo recém eleitos na Guiné-Bissau:
  • suspensão imediata da concessão de novas licenças e revogação das licenças concedidas a empresas infratoras.
  • avaliação do impacto ecológico, social e económico do desmatamento ilegal;
  • abertura de um inquérito ao trafico ilegal de pau-de-sangue e outras árvores exóticas no país, em particular nas áreas protegidas, florestas comunitárias e florestas sagradas;
  • reflorestação das áreas afetadas;
  • expulsão do país das pessoas estrangeiras condenadas e envolvidos no tráfico de madeira e julgamento e condenação dos nacionais diretamente envolvidos;
  • aplicação de uma moratória à exploração de pau-de-sangue por 10 anos.
Ao Presidente da República Popular da China:
  • que a China assuma a sua responsabilidade na destruição das florestas dos países em desenvolvimento onde tem estabelecido parcerias de cooperação;
  • que a China reveja o seu conceito de cooperação ajudando na mitigação do problema;
Ao Secretário Geral das Nações Unidas e à União Europeia:
  • se pronuncie sobre o formato de cooperação da China com os países em desenvolvimento, fornecendo um relatório público sobre essas relações de cooperação e seus impactos para os últimos, lembrando que as Nações Unidas encontram-se engajadas em ajudar os países como a Guiné-Bissau a atingir os objectivos do milénio;
  • apoie a sociedade civil Guineense no reforço de capacidades em matéria de advocacia através de facultação de ferramentas operacionais que permitam a esta participar nas tomadas de decisão referentes ao desenvolvimento do país em matéria de exploração de recursos naturais.
Para assinar a petição, clicar aqui. [Revisão e fixação do texto, incluindo negritos, da responsabilidade do editor LG].

__________________

Nota do editor:

domingo, 1 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13222: IX Encontro Nacional da Tabanca Grande (12): Escolhidas as cinco melhores frases por 69 grã-tabanqueiros... E a menos de 2 semanas, temos já 94 bravos voluntários para a Operação Monte Real 2014, no dia 14 deste mês...


As frases que reuniram o maior número de votos (> 10):  83,7% dos votos, ou seja, 282 num total de 325. Número de votantes: 69. Frases que não obtiveram nenhum voto: a Seis e a Vinte um.

Infografia:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)



1. Terminou, ontem,  o nosso "passatempo" que foi também um pretexto para a malta fazer a "prova de vida"...

Responderam ao desafio 69 camaradas....  O total de votos foi de 325. Recorde-se qual era o passatempo: tratava-se de escolher as cinco ou frases ou slogans que melhor identificam e descrevem a nossa cultura bloguística, ou se quisermos, o espírito da nossa Tabanca Grande. (*)

Como votação acima de 20 temos as seguintes frases, as mais votadas:

Nas três primeiras posições:

1. O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande! (n=40)

3. Não deixes que sejam os outros a contar a tua história por ti. (n=37)

18. Tabanca Grande: onde todos cabemos com tudo o que nos une 
e até com aquilo que nos separa. (n=27)

Em 4º lugar, ex-aequo (n=26), temos:

14. Ainda pior do que o inferno da guerra,  é o inverno do esquecimento dos combatentes.

19. Partilhamos memórias e afetos.

Em 5º lugar aparece:

8. Para que os teus filhos e netos não digam, desprezando o teu sacrifício:  " Guiné ? Guerra do Ultramar ? Guerra Colonial ? Não, nunca ouvi falar!" (n=25).

Com votação superior a 10 e inferior a 20, temos as seguintes frases:

9. Uma vez combatente, combatente para sempre! (n=17)

7. Camarada não tem que ser amigo:  é o que dorme no mesmo buraco, na mesma cama, no mesmo abrigo. (n= 16);

11. Os filhos dos nossos camaradas, nossos filhos são. (n=16)

5. Camarada e amigo... é camarigo! (n=14)

12. Sim, senhor ministro, somos uma espécie em vias de extinção...  E já demos instruções ao último que morrer, para ser ele próprio a fechar a tampa do caixão. (n=14)

16. Recorda os sítios por onde passaste, viveste, combateste, amaste, sofreste, viste morrer e
matar, mataste, e perdeste, eventualmente, um parte do teu corpo e da tua alma...(n=12).

Duas frases não obtiveram qualquer pontuação:

6. Dez anos a blogar, pois é!,  são cinco comissões na Guiné!

21. E também lá vamos facebook...ando e andando!



2. Lista alfabética dos camaradas que respnderam à chamada e fizeram a sua "prova de vida" (*)...

[foto à esquerda, da autoria de Arlindo Roda, 2010]

Alberto Branquinho
Alcides Silva
Antonio Carvalho (Mampatá)
António Eduardo Carvalho
António J. Pereira da Costa
Antonio João Sampaio
António Levezinho
António Santos
António Sucena Rodrigues
Artur Conceição

Barreto Pires
Bernardino Cardoso

Cândido Morais
Carlos Cruz
Carlos Vinhal
César Dias

Eduardo Estrela
Ernesto Ribeiro

Fernando Costa

Germano Penha

Hélder Sousa

Idálio Reis

João Alberto Coelho
João José Lourenço
João Sacoto
Joaquim M Gomes
Jorge Picado
Jorge Pinto
Jorge Portojo
Jorge Rosales
Jorge Santos
Jorge Tavares
José Carlos Pimentel
Jose Colaço
José da Câmara
José Dinis C. Sousa e Faro
José Manuel Cancela
José Manuel Lopes
José Manuel Matos Dinis
José Manuel Carvalho
José Pardete ferreira
José Rocha
José Teixeira
Julio Costa Abreu
Juvenal Amado

Luís Graça
Luís Paulino

Manuel Carvalho
Manuel Joaquim
Manuel Luis
Manuel Maia
Manuel Reis
Mário Gaspar
Mario Oliveira
Mário Pinto
Mário Vasconcelos
Marques de Almeida
Martins Julião

Raul Albino
Ricardo Figueiredo
Rui Santos
Rui Silva

Toni Borié
Torcato Mendonça

Valdemar Silva
Vasco da Gama
Vasco Ferreira
Vasco Pires
Virginio Briote


3. Lista dos inscritos no IX Encontro Nacional da Tabanca Grande, a realizar em Monte Real, no dia 14 do corrente... 

São 94  e queremos pelo menos chegar aos 100!... As inscrições continuam abertas... As desistências devem ser comunicadas atempadamente... Todas as comunicações devem ser dirigidas ao nosso editor Carlos Vinhal: carlos.vinhal@gmail.com

Agostinho Gaspar (Leiria)
Alcídio Marinho e Rosa (Porto)
António Faneco e Tina (Montijo / Setúbal)
António Fernando Marques e Gina (Cascais)
António José Pereira da Costa e Isabel (Mem Martins / Sintra)
António Manuel Sucena Rodrigues + Rosa Pato, António e Ana Brandão (Oliveira do Bairo)
António Maria Silva (Cacém / Sintra)
António Martins de Matos (Lisboa)
António Rebelo (Massamá / Lisboa)
António Sampaio & Clara (Leça da Palmeira / Matosinhos)
António Santos, Graciela & mais 7 do clã (Caneças / Odivelas)
António Sousa Bonito (Carapinheira / Montemor-o-Velho)
Arménio Santos (Lisboa)
Augusto Pacheco (Maia)

C. Martins (Penamacor)
Carlos Vinhal & Dina (Leça da Palmeira / Matosinhos)

David Guimarães & Lígia (Espinho)
Delfim Rodrigues (Coimbra)

Eduardo Campos (Maia)
Eduardo Jorge Ferreira (Vimeiro / Lourinhã)

Fernandino Leite (Maia)
Fernando Súcio (Campeã / Vila Real)
Francisco (Xico) Allen (Vila Nova de Gaia)
Francisco Baptista e Fátima Anjos (Aldoar / Porto)
Francisco Palma (Estoril / Cascais)

Humberto Reis e Joana (Alfragide / Amadora)

Idálio Reis (Sete-Fontes / Cantanhede)

João Alves Martins (Lisboa)
Joaquim Almeida (Maia)
Joaquim Gomes Soares e Maria Laura (Porto)
Joaquim Luís Fernandes (Maceira / Leiria)
Joaquim Mexia Alves (Monte Real / Leiria)
Joaquim Nunes Sequeira e Mariete (Colares / Sintra)
Joaquim da Silva Jorge (Ferrel / Peniche)
Jorge Cabral (Lisboa)
Jorge Canhão & Maria de Lurdes (Oeiras)
Jorge Loureiro Pinto (Agualva / Sintra)
Jorge Rosales (Monte Estoril / Cascais)
José Barros Rocha (Penafiel)
José Casimiro Carvalho (Maia)
José Louro (Algueirão / Sintra)
José Manuel Cancela e Carminda (Penafiel)
Julio Costa Abreu e Richard (Holanda)
Juvenal Amado (Fátima / Ourém)

Luís Encarnação (Cascais)
Luís Graça & Alice (Alfragide /Amadora)
Luís Moreira (Mem Martins / Sintra)

Manuel António (Maia)
Manuel Augusto Reis (Aveiro)
Manuel Joaquim (Agualva / Sintra)
Manuel Resende, Isaura e Palmira Serra (Cascais)
Manuel dos Santos Gonçalves e Maria de Fátima (Carcavelos / Cascais)
Mateus Oliveira e Florinda (Boston / EUA)
Miguel Pessoa & Giselda (Lisboa)
Mário Gaspar (Lisboa)

Raul Albino e Rolina (Vila Nogueira de Azeitão / Setúbal)
Ricardo Figueiredo (Porto)
Rui Silva e Regina Teresa (Sta. Maria da Feira)

Vasco da Gama (Buarcos / Figueira da Foz)
Virgínio Briote e Irene (Lisboa)
____________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 22 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13178: IX Encontro Nacional da Tabanca Grande (6): A três semanas da nossa festa de convívio anual, temos 70 inscrições... e um passatempo para saber "quais são as cinco frases de que os grã-tabanqueiros mais gostam e que melhor caraterizam o espírito da Tabanca Grande"... Deixa um comentário ou manda um mail até aos próximos quinze dias...

(...) Vinte e cinco frases que ajudam a distinguir um grã-tabanqueiro, isto é, um leitor do nosso blogue que se identifica com a "cultura" da Tabanca Grande, independentemente de estar ou não estar (ainda) registado como membro...
1. O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!

2. Lembra-te, ó português: bandeira dos cinco pagodes, é na loja do chinês.

3. Não deixes que sejam os outros a contar a tua história por ti.

4. Cabral só há um, o de Missirá e mais nenhum.

5. Camarada e amigo... é camarigo!

6. Dez anos a blogar, pois é!,
são cinco comissões na Guiné!

7. Camarada não tem que ser amigo:
é o que dorme no mesmo buraco, na mesma cama, no mesmo abrigo.

8. Para que os teus filhos e netos não digam, desprezando o teu sacrifício:
" Guiné ? Guerra do Ultramar ? Guerra Colonial ? Não, nunca ouvi falar!"

9. Uma vez combatente, combatente para sempre!

10. Desaparecidos: aqueles que nem no caixão regressaram.

11. Os filhos dos nossos camaradas, nossos filhos são.

12. Sim, senhor ministro, somos uma espécie em vias de extinção...
E já demos instruções ao último que morrer, para ser ele próprio a fechar a tampa do caixão.

13. Camarada, que a terra da tua Pátria te seja leve!

14. Ainda pior do que o inferno da guerra,
é o inverno do esquecimento dos combatentes...

15. Rapa o fundo do teu baú da memória...

16. Recorda os sítios por onde passaste, viveste, combateste, amaste, sofreste, viste morrer e
matar, mataste, e perdeste, eventualmente, um parte do teu corpo e da tua alma...

17. Os camaradas da Guiné dão a cara,
não se escondem por detrás do bagabaga...

18. Tabanca Grande: onde todos cabemos com tudo o que nos une
e até com aquilo que nos separa.

19. Partilhamos memórias e afetos.

20. Lá vamos blogando, recordando, (sor)rindo,
e às vezes cantando, gemendo e chorando!

21. E também lá vamos facebook...ando e andando!

22. Sabemos resolver os nossos conflitos... sem puxar da G3!

23. A 'roupa suja' lava-se na caserna, não na parada.

24. 'Periquito' salta pró blogue, que a 'velhice' já cá está!

25. 'Um blogue de veteranos, nostálgicos da sua juventude' (René Pélissier dixit)

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P12968: 10º aniversário do nosso blogue (4): Para além do Mário de Oliveira e do Arsénio Puim, terá havido mais capelães militares expulsos do CTIG... Terá sido o caso do alf mil capelão, também de nome Mário, do BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala, Buba, 1973-74), ainda em Bolama, na IAO... (Testemunho de um leitor e camarada nosso que pede reserva de identidade)


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS / BART 2917 (1970/72) > s/d> O Alf Mil Capelão Arsénio Puim, expulso do Batalhão e do CTIG em Maio de 1971.

Foto: © Gualberto Magno Passos Marques (2009). Todos os direitos reservados



Guiné-Bissau > Região do Oio > Mansoa > 1995 > O jornalista Mário de Oliveira com o padre missionário que foi encontrar em Mansoa.

Foto: © Padre Mário da Lixa (2003) (com a devida vénia...)


1. Mensagem de um nosso leitor (e camarada) que não quer ser identificado, por razões que me apresentou e que eu aceitei como válidas, estando esta situação prevista nas regras originais do nosso blogue. 

Será apenas identificado pela última letra do alfabeto, Z (*). Tenho os contactos de telefone e endereço de email. Vive na região Centro.


Data: 27 de Março de 2014 às 03:07

Assunto: Capelães militares expulsos

Caríssimo Luís Graça.

Antes de mais, permite-me que me apresente. Sou [Z...],  ex-Alf.Mil. da 2ª CCaç. do BCaç. 4513 (Aldeia Formosa-Nhala-Buba - 1973-74), actualmente reformado.

Hesitei bastante antes de me decidir por este contacto, duvidando se valeria a pena. Mas, tudo vale a pena, vale sempre a pena... Isto, porque, li ontem (dia 25 de Março) no Blog que tão bem "comandas", e que visito diariamente desde que o descobri por acaso, há já uns anos, li, dizia, o seguinte: [vd. poste P12897]: «Em toda a história da guerra colonial, no CTIG, houve dois casos de capelães militares que foram "expulsos"», a propósito das referências ao Padre Mário da Lixa. 

Ora, acho que vale a pena corrigir esta afirmação e pôr em dúvida se, estaremos nós, hoje, em condições de saber quantos padres e não padres terão sido subtilmente, (ou com mediatismo como é o caso do Padre Mário da Lixa), afastados do território da Guiné sem deixar rasto. 

É preciso ter presente que a PIDE agia sem espalhafato e com muito profissionalismo. O caso que conheci de perto, o do Alf Mil Capelão que integrava o meu Batalhão no início, e que ainda não vi referido no Blog, é um indício de que podem ser muitos mais os padres que "desapareceram", ou foram afastados.

 Este que cito, e com quem me dava muito bem, "desapareceu" da noite para o dia, literalmente. Ao princípio, com ingenuidade e a medo, alguns ainda perguntavam: «Viste o Capelão? O que é que lhe aconteceu?». Mas a compreensão veio rápida e também o silêncio tácito e sensato. Todos pensaram: «O caso não me diz respeito». Caso abafado!

Tudo isto aconteceu apesar de, no dia de apresentação do Batalhão ao General Spínola em Bolama e na reunião que se lhe seguiu com ele e com todos os oficiais, ele lhe ter dito: «O nosso Alferes pode falar à vontade, dizer o que pensa, porque daquela porta - e apontou - não sairá uma palavra. (O Cmdt do Batalhão, enfiado, transpirava e bufava...). 

O General, antes, interpelara-me a mim. Queria saber o que eu pensava da nossa presença em África, da nossa acção na Guiné, do contributo dos militares naquela sociedade, etc. E eu, cobardemente, (sensatamente?), recitei-lhe a cartilha oficial, a que me ensinaram, sem introduzir originalidades nem virtuosismos, enfim, pensando que era o que ele queria ouvir (e não era), mesmo se o meu pensamento estava nos antípodas do que lhe dizia, devido à minha sólida politização, muito anterior à entrada para o Exército. 

O General ouviu-me em silêncio (e eu a ler-lhe o pensamento: «Mais um idiota!»), e depois interpelou o Alf Capelão. Quando este começou a falar, sem tibiezas e com uma audácia a roçar o desaforo, para as circunstâncias e para a época, eu não sabia onde me havia de enfiar... Foi então que o Gen. Spínola o interrompeu para o pôr à vontade, como citei antes. E ele continuou, pondo em dúvida o colonialismo e a legitimidade de tudo quilo que a maioria entende por legítimo, natural, a ordem das coisas..., mas também questionando o estado social da colónia, em pleno século XX, depois de 500 anos de colonização. 

Era um valente. E não apenas intelectualmente: vi-lhe dar um murro nos queixos a um soldado que apalpou o rabo a uma adolescente estudante de Bolama que seguia à nossa frente no passeio, que ele até voou!. Ficámos amigos e com muito respeito mútuo: ele era padre católico e eu ateu empedernido. Desapareceu depois de uma distribuição clandestina de panfletos à tropa sobre, creio, a má alimentação que era distribuída aos soldados, (ou a toda a tropa?).

Há uns anos comecei na Net a fazer tentativas de o encontrar, mas em vão. Nem do seu nome já estou certo, apenas me recordando que era Mário. Daí que tenha entrado em contacto com o Padre Mário da Lixa, nome que já conheço há muitos anos, mas apenas o nome, na esperança de que fosse ele próprio, (tinha muitas reservas), ou que me soubesse dar pistas. Ele foi muito amável comigo, mas não me pôde ajudar. Foi então que dei conta do desfasamento das nossas passagens pela Guiné. Desisti.

Muito mais teria para dizer, mas acho que já me excedi. Poderás, se o entenderes, fazer uso deste texto, (ou eliminá-lo), desde que não seja referido o meu nome. 

Porquê? Porque fiquei mal impressionado e muito preocupado quando, em tempos li no Blog referências a um "caso" que foi mediático e que se passou na minha Companhia, entre os alferes e o capitão e, desde aí, fiquei sempre a pensar que, pese embora a nobreza e os objectivos do Blog, e de ser um veículo honesto para o reencontro das pessoas e das ideias, também pode permitir intromissões despudoradas e mal informadas (intencionadas?), que foi o que se passou no caso da minha Companhia. 

Senti-me visado. Vi pessoas vangloriar-se de actos que não praticaram e outros fazerem críticas sem conhecimento de causa. Tudo foi mais complexo do que as pessoas pensam. E mais melindroso. As pessoas que opinaram não sabem, por exemplo, que a dada altura esteve eminente um acto da maior violência, que poderia ter "descambado" e provocado muitos mortos. Porque o caso gerou partidários e, no envolvimento, vieram ao de cima as piores qualidades humanas, traduzidas em vinganças, traições e cobardias, mesmo de quem não se esperaria. Imperou o bom-senso, felizmente. 

Sei do que falo porque estive directamente envolvido. (Foram precisos 40 anos para eu falar assim abertamente. E não sei se a despropósito). No Blog, apenas um veio a terreiro, honesto e sem papas na língua pôr os pontos nos iis: um furriel miliciano da minha Companhia, que não citarei. E ninguém falou mais no assunto. Por tudo isto, prefiro "não dar a cara". Não esquecerei o assunto mas não quero polémicas. E não só eu, pelos vistos... De toda a Companhia, que eu saiba, apenas um antigo camarada "dá a cara". Não é por acaso.

Caro Luís Graça. Repito que podes simplesmente apagar este relato sem qualquer melindre da minha parte. A menos que aches que traz alguma novidade em relação aos capelães afastados.

Se o entenderes, podes usar este mail para dizer alguma coisa.

Um abraço deste admirador do teu excelente trabalho (bem coadjuvado é certo),
o ex-combatente,  Z [...]


 2. Caro camarada:

Obrigado pela tua desassombrada e oportuna mensagem... Agradeço-te igualmente a sinceridade das tuas palavras. Devo dizer-te, desde já, que quero publicar o teu poste, sem te identificar pelo nome (conforme teu pedido)... É mais um contributo, importante, para este dossiê, delicado, que tem a ver com a "santa aliança" Estado Novo-Igreja Católica, nomeadamente em África e durante a guerra colonial...

Tens toda a razão em contestar a minha afirmação segundo a qual «em toda a história da guerra colonial, no CTIG, houve dois casos de capelães militares que foram "expulsos"... Em boa verdade, eu não me exprimi de maneira clara, concisa e precisa: queria eu dizer que apenas conhecia "dois casos", de que o blogue, de resto, já se tinha feito eco... No fundo, o que eu queria é que aparecessem mais depoimentos sobre os "nossos capelães", e eventualmente mais casos como os do Mário de Oliveiraário e do Arsénio Puim... Falamos de testemunhos em primeira mão, como o teu...

Falas-me do capelão do BCaç 4513 (Aldeia Formosa, Nhala, Buba, 1973-74),.. Que desapareceu sem deixar rasto, e cujo primeiro nome seria Mário...Vamos tentar descobrir o seu paradeiro, E para isso é importante a divulgação da tua mensagem. Não é habitual publicarmos mensagens sem identificação do autor, mas eu entendo a tua relutância e o teu melindre em dar a cara...Preciso, em todo o caso de saber em que data e em que poste foi abordado ou comentado o caso que referes:

(... ) Porque fiquei mal impressionado e muito preocupado quando, em tempos li no Blog referências a um "caso" que foi mediático e que se passou na minha Companhia, entre os alferes e o capitão e, desde aí, fiquei sempre a pensar que, pese embora a nobreza e os objectivos do Blog, e de ser um veículo honesto para o reencontro das pessoas e das ideias, também pode permitir intromissões despudoradas e mal informadas (intencionadas?), que foi o que se passou no caso da minha Companhia. 

Senti-me visado. Vi pessoas vangloriar-se de actos que não praticaram e outros fazerem críticas sem conhecimento de causa. Tudo foi mais complexo do que as pessoas pensam. E mais melindroso. As pessoas que opinaram, não sabem, por exemplo, que a dada altura esteve eminente um acto da maior violência, que poderia ter "descambado" e provocado muitos mortos. 

Porque o caso gerou partidários e, no envolvimento, vieram ao de cima as piores qualidades humanas, traduzidas em vinganças, traições e cobardias, mesmo de quem não se esperaria. Imperou o bom-senso, felizmente. Sei do que falo porque estive directamente envolvido. (Foram precisos 40 anos para eu falar assim abertamente. E não sei se a despropósito). (...)

Sobre o teu BCAÇ 4513 (e as suas várias companhias), temos apenas 18 referências... e não me lembro do tal "caso" (de insubordinação ?) a que te referes. É natural, o blogue tem 10 anos, 13 mil postes, 652 camaradas registados, fora os "visitantes", e mais de 45 mil comentários... Tens que me ajudar a identificar essa "cena"... de eu não me lembro:

(...) No Blog, apenas um veio a terreiro, honesto e sem papas na língua pôr os pontos nos iis: um furriel miliciano da minha Companhia, que não citarei. E ninguém falou mais no assunto. Por tudo isto, prefiro "não dar a cara". Não esquecerei o assunto mas não quero polémicas. E não só eu, pelos vistos... De toda a Companhia, que eu saiba, apenas um antigo camarada "dá a cara". (...)

Sim, o ex-1º cabo cripto José Carlos Gabriel, 2.ª CCAÇ / BCAÇ 4513 (Nhala, 1973/74)... Há outro camarada, o Fernando Costa , ex-fur mil trms, mas esse pertenceu à CCS/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, mar73 / set74)...

Sobre os nossos capelães, há dois Mário Oliveira, o da Lixa (1967/68), que esteve em Mansoa, e um outro que andou por Catió (1971/72)... E este último era tenente miliciano...  Mas nenhum deles é do teu tempo.

Se tiveres um telefone fixo, diz.me, que eu ligo-te... De qualquier modo, vou ter um intervenção cirúrgica, a partir de 3ª feira, dai 1 de abril... e devo ficar uma semana no "estaleiro", sem poder editar o blogue... Mas os coeditores continuam de serviço... Se me quiseres contactar (ou responder por esta via), fico-te grato. Gostaria de publicar, até lá, o teu texto.... Tens os meus contactos: . Diz-se se posso (e devo) referir a tua companhia e batalhão omitindo o teu nome e posto... Concordas ?

Um alfabravo (ABraço). Luis

3.  No dia 30 de Março último, o nosso camarada Z... responmdeu-me nestes termos:

(...) Olá, caro amigo Luís Graça.

Fiquei muito contente ao abrir o Mail e ver logo que te deste ao trabalho de me responder.
É uma honra muito grande. Porque já sou teu amigo há algum tempo, mesmo sem o saberes nem me conheceres e porque tenho uma grande admiração (e respeito) pelo gigantesco trabalho que tens feito, mesmo ajudado, para manter em funcionamento este "veículo" que leva a todo o lado e a toda a gente uma mensagem, uma recordação, um abraço e muita divulgação. (***)

Como é possível? Como consegues ter tempo para me dar atenção em particular e ainda disponibilizar os teus contactos pessoais? Por tudo isto, espero que a "tal" intervenção cirúrgica não seja nada de especial... já agora, desejo-te uma rápida recuperação.

Ainda tentei à tarde ligar-te para casa, para te poupar o trabalho de leres estas linhas, mas não resultou. Eu também não me sentia muito à vontade para devassar a tua privacidade.
Sobre as questões colocadas, gostaria de as separar em duas partes: a questão dos alferes de Nhala [, sobre a qual peça reserva e é só para teu conhecimento].

Sobre a questão da publicação do texto sobre os Alferes Capelães, tem menos que saber: podes publicar todos os elementos menos o meu nome, embora para os daquela "guerra" seja facilmente identificável. Os Capelães que me referenciaste são anteriores à minha comissão. Já agora só mais uma curiosidade: tal como o Alf Capelão não chegou a sair de Bolama onde fazíamos o IAO, também o Cmdt. do Batalhão, Ten Cor Andrade e Sousa seria substituído (nunca soube as razões, ou não recordo), pelo Ten Cor. Carlos Ramalheira até ao fim da comissão. Cordelinhos do Spínola...

Não te roubo mais tempo. Muito gostaria de te dizer como, não "dando a cara", perco horas esmiuçando o "nosso" blog no prazer de rever as terras da Guiné e as suas gentes (tão maltratadas ainda hoje), rever caras conhecidas e rever amigos que não me conhecem. Outro deles, é o Mário Beja Santos, de quem já li tudo o que havia para ler, e que continuei a acompanhar no seu regresso à terra e às pessoas que ama, lá onde todos nós deixámos um pouco da pele, mas de onde trouxemos muito mais do que levámos.

Para me contactares, para além deste mail; fica com o meu telefone fixo e telemóvel [...]

Boa recuperação e um abraço.

Sempre ao dispor (...)

____________

Notas do editor:

(*) Vd. página II Série do Blogue > Como entrar para a Tertúlia dos Amigos e Camaradas, ex-combatentes, da Guiné (1963/74)

(...) Os autores são sempre identificados pelo seu nome (excepcionalmente, por pseudónimo, ou iniciais, em caso de razões ponderosas) e são responsáveis pelo que escrevem ou editam. O mesmo acontece [, utilização de pseudónimo ou iniiciais] com militares ou combatentes, de um lado e de outro, ainda vivos, cujo comportamento possa ser objecto de crítica, por razões criminais, éticas, disciplinares ou outras. (...)

(**) Sobre o Mário Oliveira, tenente miliciano capelão que esteve em Catió, ver aqui:

30 de janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1474: O capelão Mário Oliveira, de Catió, que ia a Bedanda (Mário Bravo)

28 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1469: Bedanda, manga de saudade ou uma dupla sinistra, o padre e o médico (Mário Bravo, CCAÇ 6)

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12733: O Nosso Livro de Estilo (8): O que fazer com este blogue ? (Parte III): Joaquim Luís Fernandes (ex-alf mil, CCAÇ 3461 / BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973; e Depósito de Adidos, Brá, 1974)



Guiné > Região de Cacheu > Teixeira Pinto  > CCAÇ 3461 / BCAÇ 3863 (Teixeira Pinbto, 1973) > Visita de Acção Social e Psicológica em Caió, com o camarada tabanqueiro, alf mil médico Mário Bravo e outros camarada da CCaç 3461, alf mil  Moreira que estava “atabancado” em Carenque,  e o alf mil Teixeira,  da CCS, aquando da visita às ilhas de Jeta ou Peciche.

Foto (e legenda): © Joaquim Luís Fernandes (2013). Todos os direitos reservados
Joaquim Luís Fernandes, 
residente em Maceira, Leiria,  
técnico de desenho e projeto 
da indústria de moldes  para 
plásticos, tabanqueiro nº 621
1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Luís Fernandes [ex-alf mil, CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973: e Depósito de Adidos, Brá, 1974]:

Data: 19 de Janeiro de 2014 às 02:54

Assunto: P12557- O Nosso Blogue em Números - Divagação -Proposta: A[ssociação] Tabanca Grande


Caro Camarada Luís Graça:

Insigne fundador, administrador, editor do Blogue, de grande sabedoria e mestria como animador e moderador da "comunidade" Tabanca Grande, seu grande e prestigiado Régulo.

Desculpa tantos atributos que te endereço, mas aceita-os como expressão sincera do meu apreço pelo trabalho que tens feito e continuas a desenvolver, tão bem assessorado pela equipa que te acompanha, da qual não posso deixar de referir o nome do Carlos Vinhal, que foi o meu apresentador à Tertúlia e me tem acolhido com grande simpatia e camaradagem. A minha saudação amiga e grata.

Vem esta mensagem na sequência do poste 12557 - O Nosso Blogue em Números - em que, na ocasião comentei, não encontrar palavras que exprimissem o que neles via. Agora, as que me ocorrem, são: Muita vida de muitas vidas.

Perante as dimensões que o Blogue alcançou, em dados, em informações e conhecimentos, na rede de relações, mas principalmente, na massa crítica que elas contêm, então e em jeito de brincadeira e como desafio para a celebração do 10º aniversário do Blogue, lancei a ideia de este poder vir a evoluir até à constituição de uma associação mais formal. Não explicitei o que estava a sugerir ou a pensar, nem manifestei grande convicção no que escrevi, mas não fui inocente e sabia bem que não era fácil e não bastava o que disse. Já tinha em mente esta mensagem.

Também não irei escrever agora tudo o que me vai na cabeça, nem isso interessa, mas sinto que devo transmitir mais do que disse e esperar ser compreendido, para que possa obter algum acolhimento e reflexão, de que aguardarei resultados.

Eu sei que o Blogue tem objetivos editoriais bem definidos, que vem cumprindo com muito mérito, alcançando bons resultados, e deles não proponho que se afaste ; Todos eles são bons e importantes. Sei também das 10 regras a respeitar, que se me afiguram equilibradas, de bom senso e necessárias. Os resultados falam por si.

Porém, dentro destas regras, poderá existir em algumas, uma certa elasticidade, (que já tenho verificado sem qualquer mal) que possa possibilitar dar origem a uma qualquer associação, filha do Blogue, que poderia até herdar o seu nome, Tabanca Grande. Seria constituída por elementos do Blogue, voluntários, ao jeito de outra associação sem fins lucrativos, de índole cultural e informativa, com intervenção ou participação nos média, criando opinião, participando de forma organizada na vida democrática, mas não se confundindo com os partidos. 

Sei que não estou a explicitar tudo o que penso e nem isso interessa agora. Os objetivos seriam: De forma simples e despretensiosa procurar pela sua ação, influenciar a Sociedade, as Organizações Políticas, os Órgãos do Poder, no sentido de obter para os ex-combatentes das Guerras Ultramarinas e em particular os da Guiné, algum reconhecimento público que tem faltado, assim como alcançar algumas condições favoráveis e justas, para a vida dos ex-combatentes ainda vivos.

Dou como exemplo: (i) a redução da idade da reforma;  (ii) apoio extraordinário na área da saúde; e (iii) mais reconhecimento público (e não só) para com os ex-combatentes da Guiné, que por lá ficaram abandonados, que serviram Portugal, lutando ao lado dos soldados da Metrópole e das Ilhas...

O campo de ação será muito mais vasto, mas não entrarei por agora em divagações,

Por fim, devo declarar, que também sou parte interessada. Veja-se o meu caso: farei este ano 63 anos, se Deus quiser. Faço descontos, para a então "Caixa de Previdência" e hoje "Segurança Social", ininterruptos, (exceptuando o tempo da tropa) desde 1968, (já lá vão 45 anos) e o meu horizonte de reforma está a ameaçar afastar-se para os 66 anos (se eu lá chegar). 

Como eu, quantos milhares de ex-combatentes haverá? Entretanto terei que continuar a competir, para sobreviver no mercado do trabalho, com jovens de 30, 40 anos. Coisa injusta para uns e para outros. É mau para o País e pior para mim, digo eu. Mas Que posso fazer?...

Agora alguns números para reflexão:

Dos sete camaradas que nos deixaram mais pobres no Blogue em 2013, um era de 1947, logo com 66 anos; quatro eram de 1948, com 65 anos; dois de 1950 com 63 anos. Média inferior a 65 anos. Mas mais: Tomando como referência as idade dos vinte e nove camaradas do Blogue que já partiram, com menos de 75 anos foram vinte e seis, com uma média de idades de 63,8 anos. Só três acima dos 75 anos. [Negritos e realce a amarelo: editores]

​Sei que estes números não têm valor estatístico do todo nacional, mas não deixam de ser uma amostragem e uma indicação que as mazelas que herdamos da guerra, fazem os seus estragos. Pergunto: Há estudos rigorosos sobre este tema que nos mostrem a quantas andamos? Se houver, tu saberás Luís, será uma da tuas especialidades! Ou estou enganado? Poderás partilhar essas informações com os mortais, que foram carne para canhão?

Presumo, que no nosso universo de ex-combatentes na Guiné, as estatísticas que têm justificado, com o aumento da esperança de vida, o aumento da idade das pensões e reformas, são uma balela e como tal, devem ser denunciadas e combatidas, reivindicando um ajustamento da Lei, que contemple esta situação especial, desfavorável para nós.

Caro camarada e amigo Luís Graça, se me excedi, desculpa o atrevimento. Eu sei, que tudo neste Blogue começou em ti e por ti tem vivido. Eu sou um pira, um quase nada nesta comunidade, com fraca participação e sem qualquer legitimidade de apropriação das suas potencialidades, o que aliás, não pretendo.

O conhecimento que fui adquirindo do Blogue e da tua grandeza de alma, deu-me a ousadia de sonhar. Eu sei sei que sou um sonhador e por vezes os pés descolam da terra. António Gedeão cantou: " O Sonho Comanda a Vida" e Sebastião da Gama escreveu " Pelo Sonho é que Vamos". Eu também quero deixar-me embalar em sonhos... de mais Verdade, mais Respeito, mais Justiça. mais Solidariedade, mais Amor....  

Mas irei com calma, mesmo continuando a sonhar.

Creio que transmiti a ideia. Se houver alguma dúvida, fico inteiramente ao dispor para esclarecer o que me for possível. Mas deixo tudo ao teu mais elevado critério e sem o mínimo de pressão. Faz desta mensagem o que considerares melhor e eu aceitarei qualquer desfecho, sem mágoa ou azedume. Só tenho que me penitenciar por ter sido tão longo e agradecer-te a paciência de me teres lido.
Aproveito para desejar-te boa saúde e expressar os meus votos, de que a intervenção cirúrgica que anunciaste para breve, seja bem sucedida, que tudo corra bem e fiques como novo e cheio de força, para muitos quilómetros neste nosso encantador Portugal.

Muito obrigado e um forte abraço
Joaquim Luís Fernandes

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Nota do editor:

Postes desta série:

7 de dezembro de 2012 >  Guiné 63/74 - P10770: O Nosso livro de estilo (7): Cerca de 400 abreviaturas, siglas, acrónimos, expressões idiomáticas, gíria, calão, crioulo... Para rever, aumentar, melhorar...

20 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10409: O Nosso Livro de Estilo (6): O que fazer com este blogue ? (Parte II ): Depoimentos de A. Pires, C. Pinheiro, D. Guimarães, L. Ferreira, B. Santos, C. Rocha, F. Súcio, B. Sardinha , T. Mendonça e JERO

18 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10402: O Nosso Livro de Estilo (5): O que fazer com este blogue ? (Parte I) : Depoimentos de H. Cerqueira, L. Graça, A. Branquinho, J. Manuel Dinis, J. Mexia Alves, J. Amado, Manuel L. Sousa, José Martins, Hélder Sousa e Eduardo Estrela

15 de agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8675: O Nosso Livro de Estilo (4): O que nós (não) somos... Em dez pontos!


12 de agosto de  2011 >Guiné  63/74 - P8662: O Nosso Livro de  Estilo (2): Comentar  (nem sempre) é fácil...

22 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8588: O Nosso Livro de Estilo (1): Política editorial do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12621: Tabanca Grande (421): Fernando Brito, ex-1º srgt art, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), e CCS/1ª C/BART 6523 (Madina Mandinga, 1972/74), hoje major reformado... Passa a ser o nosso 641º grã-tabanqueiro


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CSS/BART 2917 (1970/72) > c. 2º trimestre de 1970 > O jipe usado pelo 1º sargento Fernando Brito, avariado na estrada de Bambadinca-Bafatá, no regresso, depois das compras... Presume-se que ele tenha ido a Bafatá, integrado numa coluna, como mandavam as boas regras da segurança militar.


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CSS/BART 2917 (1970/72) >c. 2º trimestre de 1970 > o 1º srtg, sempre impecavelmente fardado, dá uma mãozinho na tentativa de resolver a arreliadaora avaria do seu jipe...Recorde-se que nesse tempo não havia telemóveis, e que  a distância entre Bambadina e Bafatá era de c. 30 km.

Fotos: © Benjamim Durães (2010). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem: L.G.]

1. Mensagem, com data de 15 do corrente,  de Cláudio Brito, em nome do seu avô Fernando Brito, maj art ref, antigo 1º srgt da CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72):

[Foto à direita: O Fernando Brito e o neto, Claúdio Brito]


Muito Bom Dia,  caros ex-combatentes de um dos piores palcos de guerra que Portugal pisou,

Opto por expressar aqui a minha gratidão a todas as mensagens recebidas e ainda à informação concedida, sem dúvida de elevado valor pessoal para mim, pois trata-se do Homem que me criou, mas, igualmente, de importância histórica.

Um especial obrigado ao Doutor Luís Graça por ter telefonado ao meu avô e o ter feito o próximo membro dessa "grande tabanca".

O passado une-nos pela História e o presente pelo amor à mesma ciência. Não deve ser, sem dúvida, desprezada a História Pessoal e a Sociologia dos anos que cruzaram as ideias coloniais com os horrores da guerra e colocaram no jogo de xadrez, no campo de batalha, Homens (e Mulheres) com tanto em comum numa encruzilhada sem grandes respostas. Os personagens da História não são (só) os Grandes Chefes de Estado e os políticos de bastidores, mas, mais importante, também são os Homens e Mulheres que tornaram possível o desenrolar da História, são os anónimos que ficaram captados pelas fotografias e pelas fontes escritas da sua era. 

Como Historiador e Professor de História, todos os dias, sempre que tenho oportunidade ao dar explicações, demonstro isso mesmo aos meus discípulos, que a História é feita de Homens simples como nós que embarcaram em Grandes Empresas por esse mundo fora, sem saber o que esperar ou o que fazer.

O meu agradecimento pelo fado do cancioneiro e pela publicação [da minha naterior mensagem] no blog (*).

Já tenho algumas fotografias reunidas, que terei todo o prazer em partilhar com a "tabanca" e com o mundo, incluindo a fotografia tipo passe do meu avô, quando novo e já depois de reformado. É evidente que nem todas as fotografias, importantes fontes históricas pictóricas, retratam os temas de guerra no palco da Guiné, mas são pedaços da História, igualmente importantes, que, penso, irão gostar de ver.

Uma última mensagem: obrigado pelo apreço e disponibilidade demonstrada. A felicidade do meu avô também representa a minha felicidade :)

Os meus melhores cumprimentos,
Cláudio Brito

 2. Comentário de L.G.:

Cláudio, obrigado pelas tuas palavras e pela admiração e amor que dedicas ao teu avô. Presumo que ele não tenha endereço de email. Vais-lhe emprestar o teu. Os membros da Tabanca Grande precisam de ter um endereço de email válido, para nos podermos contactar uns aos outros. Fico a aguardar as fotos do teu avô. Aliás, ele prometei-me mandar um série de imagens dos seus diapositivos (de Bambadinca e de Madina Mandinga, terras por onde passou). Vê, com ele, o que pode ter mais interesse documental. Manda as imagens com a melhor resolução possível (mínimo, 0,5 MG).

Entretanto, ele está mais do que apresentado ao pessoal da Tabanca Grande. Sabemos que foi 1º sargento de artilharia na CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) e depois foi também 1º srgt da  CCS/1ª C/BART 6523 (Madina Mandinga, 1972/74). Mais tarde fez o a escola de Águeda, e seguiu a sua carreira militar, até ao posto de capitão, tendo-se reformado como major.

Diz-lhe que ele passa a ser o membro nº 641 da Tabanca Grande (**), figurando o seu nome na nossoa lista alfabética, constante da coluna do lado esquerdo.

Explica-lhe também quais são os princípios da política editorial  do nosso blogue que é de partilha de memórias e de afetos. Diz-lhe que ele fica-nos a dever um ou mais histórias da sua vida na Guiné.

Mando-lhe uma do jipe dele, avariado em plena estrada (Bambadinca-Bafatá), em complemento das que já publiquei em poste anterior (*). Diz-que a foto doé do álbum do Benjamim Durães, o habitual organizador dos convívios anuais do BART 2917. Ele era fur mil op esp do Pel Rec Info.

Um grande abraço para ti e para o teu avô, o meu camarada e amigo Fernando.LG
______________

BLOGUE LUÍS GRAÇA & CAMARADAS DA GUINÉ: POLÍTICA EDITORIAL

As opiniões aqui expressas, sob a forma de postes ou de comentários, assinados, são da única e exclusiva responsabilidade dos seus autores, não podendo vincular o proprietário e editor do blogue, bem como os seus coeditores e demais colaboradores permanentes.

O nosso blogue é também uma Tabanca Grande. Originalmente, chamámos-lhe Tertúlia. Tabanca é um termo mais apropriado: nela cabem todos os amigos e camaradas da Guiné. É por isso é que é Grande.

Neste espaço, de informação e de conhecimento, mas também de partilha e de convívio, decidimos pautar o nosso comportamento (bloguístico) de acordo com algumas regras ou valores, sobretudo de natureza ética:

(i) respeito uns pelos outros, pelas vivências, valores, sentimentos, memórias e opiniões uns dos outros (hoje e ontem);

(ii) manifestação serena mas franca dos nossos pontos de vista, mesmo quando discordamos, saudavelmente, uns dos outros; o mesmo é dizer: que evitaremos as picardias, as polémicas acaloradas, os insultos, a insinuação, a maledicência, a violência verbal, a difamação, os juízos de intenção, o ciberbullying,  etc.;

(iii) socialização/partilha da informação e do conhecimento sobre a história da guerra do Ultramar, guerra colonial ou luta de libertação (como cada um preferir), extensiva à historiografia da presença portuguesa em África;

(iv) carinho e amizade pelo nossos dois povos, o povo guineense e o povo português (sem esquecer o povo cabo-verdiano!);

(v) respeito pelo inimigo de ontem, o PAIGC, por um lado, e as Forças Armadas Portuguesas, por outro;

(vi) recusa da responsabilidade coletiva (dos portugueses, dos guineenses, dos fulas, dos balantas, etc.), mas também recusa da tentação de julgar (e muito menos de criminalizar) os comportamentos dos combatentes, de um lado e de outro;

(vii) não-intromissão, por parte dos portugueses, na vida política interna da atual República da Guiné-Bissau (um jovem país em construção), salvaguardando sempre o direito de opinião de cada um de nós, como seres livres e cidadãos (portugueses, europeus e do mundo);

(viii) respeito acima de tudo pela verdade dos factos;

(ix) liberdade de expressão (entre nós não há dogmas nem tabus); mas também direito ao bom nome (e à reerva da intimidade);

(x) respeito pela propriedade intelectual, pelos direitos de autor... mas também pela língua (portuguesa) que nos serve de traço de união, a todos nós, lusófonos.


PS1- Defendemos e garantimos a propriedade intelectual dos conteúdos inseridos (texto, imagem, vídeo, áudio...).

PS2 - Uma vez editados, os postes não poderão ser eliminados, tanto por decisão do autor como do editor do blogue, mesmo que o autor decida deixar de fazer parte da Tabanca Grande.

PS3 - Qualquer outra utilização desses conteúdos, fora do propósito do blogue (ou do nosso site na Net), necessita de autorização prévia dos autores (por ex., publicação em livro, programa de televisão, trabalho académico).

PS4 - Os editores,  colaboradores e autores que aqui escrevem têm total liberdade para seguir ou não o Novo Acordo Ortográfico. O fundador e editor principal segue o Acordo.


Luís Graça & Camaradas da Guiné, 31 de maio de 2006, revisto em 21 de janeiro  de 2014.
______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 13 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12582: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (78): Informação sobre o ex-1º srgt Fernando Brito, da CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), que é meu avô, está reformado como major e vive em Coimbra (Cláudio Brito)

(**) Último poste da série > 21 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12618: Tabanca Grande (420): José Cardoso da Silva Almeida, ex-1.º Cabo Mecânico Electricista do BENG 447 (Guiné, 1971/73)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10770: O Nosso livro de estilo (7): Cerca de 400 abreviaturas, siglas, acrónimos, expressões idiomáticas, gíria, calão, crioulo... Para rever, aumentar, melhorar...







Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Duas fotos do álbum do fur mil, amanuense,  José Carlos Lopes, que mora em Linda A Velha e que foi meu camarada durante quase um ano, em Bambadica  (entre julho de 1969 e maio de 1970)... 

Na foto de cima, o Lopes, em 8 de junho de 1970, no Xime, na LDG que o levaria  a Bissau, no final da comissão,  ostenta um pano com os dizeres "Guarda de honra à velhice...Piriquitos desejamos-vos sorte"... Os "piras" era o novo batalhão, o BART 2917 (1970/72) que os foi render, ao pesssoal do BCAÇ 2852.

Na segundo foto, vê-se uma chapa, pintada, pregada a uma árvore, com os dizeres: "Termas del Xime" com setas apontando Café, hotel, piscina, ténis, bowling, berlinde,  e com "stands" de vendas: cachorros, farturas, mancarra, gelados, pregos, sumos... Um macaco-cão, à direita, em primeiro plano, tem por detrás uma seta que  diz "Reclamações"... O bom humor de caserna foi imprescindível para se sobreviver a quase dois anos de comissão nas duras condições da Guiné... A capacidade de reinventar o português também fazia parte dessa estratégia de adaptação e  sobrevivência,,,

Fotos editadas por L.G., com a devida autorização do José Carlos Lopes (a quem já foi formulado o convite para ingressar na Tabanca Grande).

Fotos: © José Carlos Lopes (2012). Todos os direitos reservados.

1. Ao fim de quase nove anos a blogar, já juntamos aqui cerca de quatro centenas de abreviaturas, siglas, acrónimos, etc., que utilizávamos nas nossas comunicações militares (relatórios, transmissões...), mas também no nosso dia a dia, na caserna, no mato, na tabanca, na guerra e na paz...

Pedimos aos nossos editores, colaboradores permanentes, autores e leitores para reverem, melhorararem e aumentarem este fabuloso património linguístico, que é de todos. Podem fazê-lo, através das caixas de comentários, ou através do nosso endereço de email. Novos contributos serão  bem vindos, apreciados, acarinhados, editados e divulgados. A lista que se segue já tem uns anos, não tem sido atualizada e sobretudo está longe de esgotar o linguajar (escrito e falado) do "tuga" da Guiné, dos seus aliados e do(s) seu(s) adversário(s) (no passado, dizia-se IN)... 

Amigos e camaradas: É para uma boa ação... Sei que faltam ainda muitas expressões castiças que usávamos na Guiné, umas do nosso calão de caserna, outras do nosso delicioso crioulo... Bem como abreviaturas, siglas, acrónimos, os mais diversos... Cada arma e especialidade tinha o seu léxico... Aceitam-se sugestões, comentários, reclamações, críticas... Já vamos em 400 termos, mas há mais... Bom fim de semana. Xicorações (que no Natal gastam-se mais do que os Alfa Bravo)... Luis Graça.


BLOGUE LUÍS GRAÇA & CAMARADAS DA  GUINÉ > MAIS DE 400 ABREVIATURAS, SIGLAS, ACRÓNIMOS, EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS, 
GÍRIA, CALÃO, CRIOULO... (de A a Z)

1º Cabo Aux Enf - Maqueiro, auxiliar de enfermagem
2TEN FZE RN - 2º Tenente Fuziilerio Especial da Reserva Naval
5ª Rep - Café Bento, de Bissau



A/C - Mina anticarro
A/D - Autodefesa (tabanca em)
A/P - Mina antipessoal
AB - Alfa Bravo, abraço (alfabeto fonético internacional, usado pelos nossos Op Trms)
Abo - Você, tu (crioulo)
ACAP - Assuntos Civis e Acção Psicológica (REP / ACAP)
ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas
Aero - Aerograma, carta, bate-estrada, corta-capim
Afilhado - Militar que tinha uma Madrinha de Guerra
Agr - Agrupamento
AKA - Kalash, Espingarda Automática Kalashnikov (AK) Cal. 7,62 mm
AL II - Alouette II, heli
AL III - Helicóptero Alouette III, de origem francesa (FAP)
Alf - Alferes
Alf Mil - Alferes Miliciano
Alf Mil Med - Alferes miliciano médico
Alfa Bravo - Abraço
Alfero - Alferes (crioulo)
Amura - Velha fortaleza militar colonial, em Bissau; sede do Com-Chefe; hoje Panteão Nacional da Guiné-Bissau
AN/GRC-9 - Rádio, equipamento de transmissões (NT)
AN/PCR-10 - Rádio transmissor-receptor (NT)
Animistas - Povos (balantas, manjacos e outros) que praticam o culto dos irãs
AOE - Associação de Operações Especiais
Ap - Apontador
Ap Arm Pes Inf - Apontador de Armas Pesadas de Infantaria (morteiro, canhão s/r, metralhadora 12.7...)
Ap Dil - Apontador de Dilagrama
Ap LGFog - Apontador de Lança-granadas-foguete
Ap Met - Apontador de Metralhadora
Apanhado - Diz-se do combatente afectado pela guerra e pelo clima; cacimbado (em Angola)
Arre-macho - Tropa de infantaria, tropa-macaca (termo depreciativo, usado pelas tropas especiais)
Arv - Arvorado (Soldado)
Asp Of Mil - Aspirante a Oficial Miliciano
At Art - Atirador de Artilharia
At Cav - Atirador de Cavalaria
At Inf - Atirador de Infantaria
ATAP - Missão resultante de um pedido de fogo imediato, com a saída da parelha de alerta (FAP)
ATIP - Missão de apoio de fogo, pré-planeada (FAP)


BA12 - Base Aérea nº 12 (Bissau, Bissalanca)
Bacalhau - Aperto de mão
Badora - Regulado da região de Bafatá; morteiro 120 mm (IN)
Baga baga - Termiteira
Baguera - Abelha (crioulo); Baguera, baguera!!!, era a expressão de aflição dos africanos quando atacados por abelhas, no mato
Bajuda - Rapariga, donzela, moça virgem (crioulo; lê-se badjuda)
Balafon - Instrumento da música afromandinga, antecedor do xilofone
Balaio - Cesto grande (crioulo)
Balanta Mané - Balanta islamizado
Banana - Rádio, equipamento de transmissões, AVP-1
Bandim - Mercado de Bissau
Bandoleira - Correia permitindo o transporte de uma espingarda ao ombro ou a posição de tiro a tiracolo
Bandoleira - Correia permitindo o transporte de uma espingarda ao ombro ou a posição de tiro a tiracolo
Barraca - Acampamento temporário no mato (PAIGC)
BART - Batalhão de Artilharia
Bate-estrada - Aerograma, corta-capim
Bazuca - LGFog (NT); cerveja de 0,6 l
Bazuca China - Lança Granadas-Foguete RPG-2 (IN)
BCAÇ - Batalhão de Caçadores
BCP - Batalhão de Caçadores Pára-quedistas
BENG - Batalhão de Engenharia
Bentém . Banco, baixo, onde os homens grandes se sentam, a conversar, em geral, sob um poilão
Biafra - Clube de Oficiais, em Santa Luzia, Bissau; Bar dos pilotos, na BA12, Bissalanca
Bianda - Comida; arroz, base da alimentação da população na época (crioulo)
Bicha de pirilau - Progressão, em fila, no mato, mantendo cada homem uma distância regulamentar
Bideiras - As vendedeiras ambulantes, que andam nas ruas Bissau
Bigrupo - Força IN equivalente a 50/60 homens
BINT - Batalhão de Intendência
Blufo - Rapaz balanta não circuncidado; rapaz inexperiente
Boinas Negras - Fuzileiros
Boinas Verdes - Pára-quedistas
Boinas Vermelhas - Comandos (depois de 1974); na Guiné, usavam a boina castanha do exército
Bolanha - Terreno alagadiço, próprio para a cultura do arroz
Bombolom - Intrumento musical, feito a partir do tronco de uma árvore; instrumento tradicional de comunicação entre aldeias balantas e manjacas
Bonifácio - Obus 11,4 cm, TR m/917, da I Guerra Mundial (Termo da gíria dos artilheiros)
BOP - Bombardeameno a picar (FAP)
BOR - Embarcação civil, que navegava no Geba, com umas estranhas pás na popa
Brandão - Família da região de Tombali (Catió)
Bunda - Cú, traseiro (crioulo)
Burmedjus - Mulatos, mestiços, crioulos, caboverdianos
Burrinho - Viatura automóvel Unimog 411, a gasolina (mais pequena que o 404, a gasóleo) (NT)
Bué - Muito, manga de (Não vem de Boé; termo do quimbundo de Angola; não se usava no nosso tempo)
Básico - Soldado dos serviços auxiliares (afecto sobretudo à cozinha)


Ca bai - Não vai (crioulo)
Cabaceira - Árvore e fruto do embondeiro (não confundir com Poilão)
Cabaço - Hímen, virgindade (crioulo)
Cabeça Grande - Bebedeira (crioulo)
Cabo Aux Enf - 1º Cabo Auxiliar de Enfermeiro
Cabo Enf - 1º Cabo Enfermeiro
Caco / Caco Baldé - Alcunha do Gen Spínola (mas também 'Homem Grande de Bissau')
Cal - Calibre
Camarigo - Camarada e Amigo (por contracção)
Cambar - Atravessar um rio (crioulo)
Candongas Transporte colectivo privado, usado no interior da GB
Canhota - A espingarda automática G3 (NT)
Canhão s/r - Canhão Sem Recuo
CAOP - Comando de Agrupamento Operacional
Cap - Capitão
Cap Mil - Capitão Miliciano
Cap QP - Capitão do Quadro Permanente
Capim - Nome comum de planta gramínea, típica da savana arbustiva; graveto, dinheiro
Capitão-proveta - Cap Mil, oriundo do CPC
Carecada - Castigo disciplinar, imposto pelo superior hierárquico, e que consistia no corte de cabelo à máquina zero
CART - Companhia de Artilharia
Casa Gouveia - Principal empresa colonial, fundada por António da Silva Gouveia em finais do Séc. XIX: em 1927 é adquirida pela CUF
Catota - Orgão sexual feminino; partir catota = ter relações sexuais (crioulo, calão)
Cavalos duros - Feridas no pénis e órgãos genitais e até na boca e no ânus, sintomas de doença venérea
Cavalos moles - Sintomas de sífilis, doença venérea (fendas no pénis)
CCAV - Companhia de Cavalaria
CCAÇ - Companhia de Caçadores
CCAÇ I - Companhia de Caçadores Indígenas
CCM - Curso de Capitães Milicianos
CCmds - Companhia de Comandos
CCP - Companhia de Caçadores Pára-quedistas
CCS - Companhia de Comando e Serviços
CEME - Chefe do Estado Maior do Exército
Cento e vinte - Morteiro pesado (IN)
Cesca - Pistola de 7,65 mm, de origem checoslovaca (IN)
CFA - Franco da Communauté Francofone Africaine, moeda actual da GB (1 Euro = 655,597 CFAA -
CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval
Checa - Pira, periquito (em Moçambique)
Choro - Conjunto de rituais celebrados por ocasião do falecimento de uma pessoa, parente ou vizinho (sobretudo entre os animistas)
Chão - Território étnico (vg, chão fula)
Cibe - Palmeira; utilizam-se rachas de cibe como barrotes na construção; é resistente à formiga baga-baga
Cilinha - Nome de guerra de Cecília Supico Pinto, a fundador e líder do MNF
Cipaio - Elemento nativo da polícia administrativa; sipaio, sipai, termo de origem indiana
Circuncisão - Vd. Fanado, MGF
CISMI - Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria
CM - Cabo de Manobra (Marinha)
Cmdt - Comandante
COE - Curso de Operações Especiais
COM - Curso de Oficiais Milicianos
Com-Chefe - Comando-Chefe
Conversa giro - Fazer amor, ter relações sexuais (crioulo)
COP7 - Comando Operacional 7
Cor - Coronel
Corpinho - Sutiã, soutien
Corta-capim - Aerograma, carta, bate-estrada
Costureirinha - Pistola metralhadora PPSH (IN)
CPC - Curso de Promoção a Capitão do Quadro Complementar
CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
CSM - Curso de Sargentos Milicianos
CTIG - Comando Territorial Independente da Guiné
CUF - Companhia União Fabril
CUF - Companhia União Fabril (representada pela Casa Gouveia)
Cupilom - Pilão, bairro popular atravessado pela estrada para o aeroporto; Cupelon, Cupilão
Cá - Não; negação em crioulo (Cá tem, não tem)
Cães Grandes - Oficiais superiores


DO 27 - Dornier 27 (Avioneta) (NT)
Dari - Chimpanzé (da mata do Cantanhez)
Degtyarev - Metralhadora ligeira 7,62 mm, de origem soviética (IN)
Degtyarev-Shpagim - Metralhadora pesada 12,7 mm, de origem soviética (IN)
Desenfianço - Escapadela (... até Bissau)
Dest - Destacamento
Dest A - Destacamento A
DFA - Deficiente das Forças Armadas
DFE - Destacamento de Fuzileiros Especiais
Diorama - Maqueta (v.g., aquartelamento de Guileje)
Djila - Vd. Gila
Djubi - Olha! (crioulo)
Djídio - Cantor ambulante que ia de tabanca em tabanca, transmitindo as notícias


Embondeiro - Cabaceira, baobá (Senegal)
Embrulhanço - Contacto pelo fogo com o IN, ataque, emboscada
Embrulhar - Ser atacado (pelo IN)
Enf - Enfermeiro

Enf Para - Enfermeira paraquedista
EP - Exército Popular (PAIGC)
EREC - Esquadrão de Reconhecimento de Cavalaria
Esp - Espingarda
Esp Aut - Espingarda Automática
Esp MMA - Especialista Mecânico de Manutenção Aeronáutica (FAP)
Esq - Esquadrão
Esq Mort - Esquadrão de Morteiro
Esquentamento - Blenorragia, doença venérea (corrimento de pus pela uretra)
Estilhaços de frango - Pouca comida


Fala mantenha - Partir mantenha, cumprimentar, saudar (crioulo)
Fanado - Festa da circuncisão, ritual de passagem da puberdade para a vida adulta
Fanateca - Mulher que pratica a MGF
FARP - Forças Armadas Revolucionárias do Povo, a elite combatente do PAIGC
FBP - Fábrica Braço de Prata (Nome dado a uma pistola metralhadora portuguesa, usada no início da guerra)
Ferrugem - Serviço de Material; termo depreciativo, para o pessoal não-operacional, ligado ao SM
Festa, festival - Ataque aparatoso, ou flagelação, do PAIGC a aquartelamento ou destacamento das NT
Fiju - Filho (crioulo)
Firma - Estar, ficar, morar (crioulo)
Firminga - Formiga (crioulo)
Fogo de artifício - Flageações ou ataques, a aquartelamentos ou destacamentos vizinhos, vistos de longe
Fornilho - Armadilha com cordão de tropeçar
Fur - Furriel
Fur Enf - Furriel Enfermeiro
Fur Mil - Furriel Miliciano
Fuzos - Fuzileiros especiais

FZE - Fuzileiro Especial (Marinha)


G3 - Espingarda Automática G-3 (NT)
Gaita à bandoleira (Andar de) - Ter uma doença sexualmente transmissível, em geral blenorragia (ou 'esquentamento')
GB - Guiné-Bissau
Gen - General
Genti di mato - Turras, pop sob controlo do IN
Gila - (Lê-se djila) - Comerciante, vendedor ambulante, contrabandista (que circula pela Guiné e países vizinhos)
GMC - Viatura automóvel pesada, de rodado duplo atrás, de fabrico americano (NT)
GMD - Granada de Mão Defensiva
GMO - Granada de Mão Ofensiva
Gorro Novo - Metralhadora Pesada Goryounov, Cal 7,62 mm M-943 SG (IN)
Goss, goss - Depressa (vg, retirar no goss-goss) (crioulo)
Gouveia - Casa comercial ligada ao grupo CUF
Gr Comb (+) - Grupo de Combate reforçado
Gr Comb (-) - Grupo de Combate desfalcado
Gr Comb - Grupo de Combate; pelotão
Gr M Of - Granada de mão ofensiva
Grã-tabanqueiro - Membro da Tabanca Grande (blogue)


Heli - Helicóptero
Helicanhão - Helicóptero armado com canhão de 20 mm (vd. Lobo Mau)
HK 21 - Metralhadora Ligeira (NT)
HM 214 - Hospital Militar de Bissau
HMP - Hospital Militar Principal (Estrela, Lisboa)
Homem Grande - Chefe de Família


IAO - Instrução de Aperfeiçoamento Operacional
IN - Inimigo; guerrilheiros e população sob o seu controlo
INT - Intendência
Ir no mato - Fugir (ou ser levado) para uma zona controlada pelo PAIGC
Irã - Ser sobrenatural que, para os animistas (balantas, manjacos, etc.) habita as florestas (e em especial os poilões)


Jacto do Povo - Foguetão 122 mm; Graad (IN)
Jagudi - Abutre (crioulo)
Jambe (llê-se djambé) - Instrumento de percussão africano, em forma de cálice inverttido


Kacur - Cachorro (crioulo)
Kalash - Espingarda Automática AK 47 (IN)
Kasumai - Saudação em dialecto felupe
Kora - Instrumento musical mandinga, de cordas, tipo cítara, inventado pelos antepassados do mestre Braima Galissá (músico do Gabu, a viver em Portugal)


Lassas - Abelhas selvagens; alcunha por que era conhecido, pelo PAIGC, o pessoal da CCAÇ 763 (Cufar, 1965/66)
LDG - Lancha de Desembarque Grande
LDM - Lancha de Desembarque Média
LDP - Lancha de Desembarque Pequena
Lerpa - Jogo de cartas, geralmente a dinheiro
Lerpar - Perder (à lerpa), apanhar um castigo, morrer
LFG - Lancha de Fiscalização Grande
LGFog - Lança-granadas-foguete, bazuca (NT)
Lifanti - Elefante (crioulo)
Lion Brand - Marca de repelente de mosquitos

Lobo Mau - Helicanhão (FAP)
Lubu - Hiena (crioulo)


MA - Minas e Armadilhas
Macacada - Tropa, forças do Exército, tropa-macaca
Macaco-cão - Babuíno (Macaco Kom, em crioulo)
Macaréu - Vaga impetuosa que, no Rio Geba, precede o começo da praia-mar. É mais sentida no Geba Estreito
Madrinha - Madrinha de guerra, jovem do sexo feminino, maior de 16 anos, que se correspondia com um militar no Ultramar
Mafé - Acompanhamento da bianda, conduto (muitas vezes, peixe, peixe seco, kasseké) (crioulo)
Maj - Major
Maj Gen - Major General, Gen de 2 estrelas
Mama firme - Peito direito (bajuda) (crioulo)
Mancarra - Amendoim (crioulo)
Manga de ronco - Sucesso militar
Manga de sakalata - Muita confusão, muitos sarilhos (crioulo)
Manga di chocolate - Barulho, grande ataque, com muito fogachal, embrulhanço; corruptela de Manga di sakalata
Mantenhas - Saudades (crioulo); partir mantenhas = saudar
Marabu - Sacerdote muçulmano, de vida ascética, considerado sábio e venerado como santo, tanto em vida como depois da morte
Marmita - Mina A/C (Moçambique, Cancioneiro do Niassa)
Matador - Veículo automóvel pesado usado como reboque do obus (e transporte de tropas)
Mato (1) - Muito, grande quantidade, manga de (expressão comum, ´É mato')
Mato (2) - Zona de guerra, zona de controlo do PAIGC
Maçarico - Pira, periquito (Guiné); checa (Moçambique); termo mais usado em Angola
Mec Aut - Mecânico de viaturas automóveis
Med - Médico (vg, Alf Mil Med)
Meta - Bar e salão de jogos, em Bissau, no tempo colonial
Metro e oito - Alcunha do Ten Cor Manuel Agostinho Ferreira (BCAÇ 2879, 1969/71)
MG 42 - Espingarda-metralhadora, de origem alemã (usada por páras e fuzos)
MGF - Mutilação Genital Feminina; excisão do clitóris e grandes lábios; fanado
Mil - Miliciano; milícias
Mindjer - Mulher (crioulo)
Minino - Menino, rapaz (crioulo)
Misti - Querer, queres (bo misti) (crioulo)
ML - Met Lig / Metralhadora Ligeira
MNF - Movimento Nacional Feminino (fundado em 1961 por Cecília Supico Pinto, a Cilinha)
Morança - Casa, núcleo habitacional de uma família, alargada, com o respectivo chefe (de morança) e em geral com uma cercadura
Mort - Morteiro
Mort 81 - Morteiro 81 mm (NT)
Mort 82 - Morteiro 82 mm (IN)
Morteirete - Morteiro ligeiro, de calibre 60 (mm), podendo ser usado sem prato
MP - Met Pes / Metralhadora Pesada
MSG - Mensagem
Mudar o óleo - Ir às... putas
Mulas - Sintomas de sífilis, doença venérea (inchaços nas virilhas)
Mun - Municiador
Mun Mort - Municiador de morteiro


N/M - Navio da Marinha
Nharro - Africano; preto
NM - Número mecanográfico (do militar)
NNAPU - Normas de Nomeação e de Apoio às Províncias Ultramarinas
NRP - Navio da República Portuguesa
NT - Nossas Tropas


OB - Oscar Bravo, obrigado
Obus 14 - Obus, de calibre 14 cm (NT)
Oitenta - Morteiro (IN ou NT)
ONG - Organização não-governamental
Onze quatro - Peça de artilharia, de calibre 11,4 cm (NT)
Op - Operação (vg., Op Lança Afiada); operador)
Op Cripto - Operador Cripto
Op Esp - Operações especiais ou ranger


P2V5 - Avião de luta anti-sumarina, também usado no Guiné, no início da guerra, para ataque ao solo
Pachanga - Pistola-Metralhadora SHPAGIN Cal 7,62 mm M-941 (PPSH) (IN); costureirinha
PAI - Partido Africano para a Independência, fundado em 1956
PAIGC - Partido Africano Para a Indepência da Guiné e Cabo Verde
Panga bariga - Caganeira (crioulo)
Parafusos - Familiares, amigos ou vizinhos de pára-quedistas ou de fuzileiros, convivendo com ambos
Parte peso - Dá-me dinheiro
Partir catota - Dar o pito (expressão nortenha); ter relações sexuais (a mulher com o homem)
Partir punho - Ser masturbado por outrem, à mão (crioulo)
Pastilhas - Enfermeiro (em geral, Fur Enf)
Patacão - Dinheiro, pesos
Pau de Pila - Lança Granadas-Foguete Pancerovka P-27 (IN)
PC - Posto de Comando
PCV - Posto de Comando Volante
Pel Caç Nat - Pelotão de Caçadores Nativos
Pel Mil - Pelotão de Milícias
Pel Mort - Pelotão de Morteiros
Pel Rec Daimler - Pelotãod e Reconhecimento Daimler (Cavalaria)
Pel Rec Daimler - Pelo~
Pel Rec Fox - Pelotão de Reconhecimento Fox (Cavalaria)
Pel Rec Info - Pelotão de Reconhecimento e Informação
Pelicano - Café de Bissau, do tempo colonial
Pelicano - Esplanada em Bissau, na marginal
Peluda - Vida civil (depois da tropa)
Periquito - Militar novato; pira, piriquito (sic)
Peso - Unidade da moeda local; escudo guineense (no tempo colonial)
PG - Prisioneiro(s) de Guerra
Picador - Soldado ou milícia que faz a picagem
Picagem - Detecção de minas num trilho ou picada
PIDE/DGS - Polícia política portuguesa
PIFAS - Programa de Informação das Forças Armadas
Pil - Piloto (miliciano)
Pilav - Piloto aviador, saído da Academia Militar (Os milicianos são apenas Pil)
Pilão - Bairro popular de Bissau, muito frequentado pelas NT nas horas de lazer
Pira - Periquito, militar recém-chegado à Guiné; maçarico (Angola); checa (Moçambique)
Piurso - Pior que um urso, zangado
Piçada - Repreensão de um superior
Poilão - Designação comum a algumas árvores da família das bombacáceas. Ceiba Pentandra
Ponta - Herdade, exploração agrícola
Pop - População
Porrada - Contacto com o IN; punição disciplinar
PPSH - Metralhadora ligeira, 7,72 mm (a famigerada costureirinha) (IN)
Psico - Acção psicológica e social das NT junto da população (também Psique)
Páras - Pára-quedistas


QG - Quartel General
QP - Quadro Permanente (Pessoal)
Quebra-costelas - Abraço, AB, Alfa Bravo
Quico - Boné especial da tropa


Rabecada - Vd. piçada
Racal - Equipamento portátil, de origem americana, podendo ser usado em viaturas e aviões, transmitindo em fonia entre as frequências de 38 a 54,9 Mc/s.
RAL - Regimento de Artilharia Ligeira
RCacheu - Rio Cacheu
RCorubal - Rio Corubal
RCumbijã - Rio Cumbijã
RDM - Regulamento de Disciplina Militar
Ref - Militar na Reforma
Reforço - Aumento das medidas de segurança dos nossos aquartelamentos
Reordenamento - Aldeia estratégica, construída pelas NT, reagrupando uma ou mais tabancas
Rep - Repartição (do Quartel-General)
REP / ACAP - Repartição do QC / Assuntos Civis e Acção Psicológica
Res - Militar na Reserva
RGeba - Rio Geba
RI - Regimento de Infantaria
RN - Reserva Naval
Rockets - Granadas lançadas pelo RGP 2 ou RPG 7 (IN)
RPG - Lança-granadas-foguete (IN)
RVIS - Voo de reconhecimento aéreo
Rôz kuntango - (ou simplesmente Kuntango) Arroz cozinhado (bianda) sem máfé


SA-7 - Míssil Sam-7, Strela, de origem russa (IN)
Sabe sabe - Gostoso (crioulo)
Sakalata - Confusão, conflito, chatice (crioulo)
Salgadeira - Urna funerária, caixão
SAM - Serviço de Administração Militar
Sancu - Macaco (crioulo)
Sec - Secção; equipa (Um Gr Comb ou pelotão era composto por 3 Sec)
Setor L1 - Setor 1 da Zona Leste
Sexa - Sua Excelência, mas também Sexagenário
SGE - Serviço Geral do Exército; oficiais oriundos da classe de sargentos
Siga a Marinha - Embora, vamos a isto!
Sintex - Pequena embarcação, de fibra, com mortor fora de bordo, de 50 cavalos, usado para cambar um rio; parecia uma banheira (NT)
SM - Serviço de Material (vd. Ferrugem)
SNEB - Rocket antipessoal, de calibre 37 mm, que equipava o T-6 e que também era usado pelos pára-quedistas como LGFog
Sold - Soldado
Sold Arv - Soldado Arvorado
Solmar - Cervejaria de Bissau, do tempo colonial
SPM - Serviço Postal Militar
Srgt - Sargento
STM - Serviço de Transmissões Militares
Strela - Flecha, em russo (стрела); míssil russo terra-ar SAM 7 Strela
Suma - Como, igual (crioulo)
Supintrep - Relatório de informação suplementar
Supositório - Granada de obus (calão)


T/T - Navio de Transporte de Tropas
T6 - Avião bombardeiro, monomotor; equipado c/ lança-roquetes e metralhadora (NT)
Tabanca - Aldeia (crioulo); mas também morança, cubata, casa (NT)
Tarrafe - Vegetação aquática, típica das zonas ribeirinhas
Taufik Saad - Casa comercial, de origem libanesa, em Bissau
Tchora - Chorar (crioulo)
Tem manga di sabe sabe - Muito gostoso
Ten - Tenente
Ten Cor - Tenente-Coronel
Ten Gen - Tenente General, Gen de 3 estrelas
Tigre de Missirá - Nome de guerra (Alf Mil Beja Santos, Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70)
TN - Território nacional
TO - Teatro de Operações
Toca-toca - Transporte colectivo, privado, nas zonas urbans (carrinha tipo Hyace, de cores azul e amarela)
Tokarev - Pistola de calibre 7,62 mm, de origem soviética (IN)
TPF - Transmissões Por Fios
Trms - Transmissões
Tropa-macaca - Por oposição a tropa especial (páras, comandos, fuzos)
TSF - Transmissões Sem Fios
Tuga - Português, branco, colonialista (termo depreciativo) (crioulo)
Turra - Terrorista, guerrilheiro, combatente do PAIGC (termo depreciativo)


Ultramarina - Casa comercial
Uma larga e dois estreitos - Galões de tenente-coronel
UXO - Unexploded (Explosive) Ordnance (em inglês); Engenhos Explosivos Não Explodidos (em português)


Velhice - Militares em fim de comissão
Vietname - Guiné, para lá de Bissau; mato


ZA - Zona de Acção
Zebro - Barco de borracha com motor fora de borda, usado pelos fuzileiros -
ZI - Zona de Intervenção (do Com-Chefe)

ZLIFA - Zona Livre de Intervenção da Força Aérea

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Nota do editor:

Ultimo poste da série > 20 de setembro de 2012 >  Guiné 63/74 - P10409: O Nosso Livro de Estilo (6): O que fazer com este blogue ? (Parte II ): Depoimentos de A. Pires, C. Pinheiro, D. Guimarães, L. Ferreira, B. Santos, C. Rocha, F. Súcio, B. Sardinha , T. Mendonça e JERO