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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Guiné 63/74 - P8662: O Nosso Livro de Estilo (2): Comentar (nem sempre) é fácil...


Lourinhã > Vimeiro > Monumento comemorativo  e centro de interpretação da Batalha do Vimeiro > Azulejo alusivo ao desembarque das tropas luso-britânicas, na Praia de Paimogo, em 19 de Junho de 1808... A batalha do Vimeiro foi em 21 de Agosto de 1808. Azulejo desenhado e pintado à mão por Salvador (2000).

Foto: Luís Graça (2011). Todos os direitos reservados

Comentar é FÁCIL, sob o velho e frondoso poilão da Tabanca Grande...


1. As opiniões aqui expressas, sob a forma de postes ou de comentários, são da única e exclusiva responsabilidade dos seus autores, não podendo vincular o proprietário e editor do blogue, bem como os seus co-editores e demais colaboradores permanentes.

2. Camarada, amigo, simples leitor: Podes escrever no final de cada poste um comentário, uma informação adicional, um reparo, uma crítica, uma pergunta, uma observação, uma sugestão... (De preferência sem erros nem abreviaturas; evitar também as frases em maúsculas).

Basta, para isso, apontares o ponteiro do rato para o link Comentários, que aparece no fim de cada texto (ou poste), a seguir à indicação de Postado por Fulano Tal [Editor] at [hora], e clicares DUAS VEZES...

3. Tens uma "caixa" para escrever o teu comentário que será publicado instantaneamente, sem edição prévia, sem moderação, sem "censura"... No caso de teres uma conta no Google, deves usar essa identificação. Mas também podes entrar como "anónimo" (desde que ponhas no final da mensagem o teu nome, localidade e endereço de email válido, não oferecendo a tua identidade não ofereça qualquer dúvida aos editores).

Se voltares ao blogue, encontrarás logo a mensagem que lá deixaste. Repete as operações acima descritas para visualizar o teu comentário.

4. Escreve com total liberdade e inteira responsabilidade, o que significa respeitar as boas regras de convívio que estão em vigor entre nós: por exemplo,

 (i) não nos insultamos uns aos outros;

(ii) não usamos, em público, a linguagem de caserna;

 (iii) somos capazes de conviver, civilizadamente, com as nossas diferenças (políticas, ideológicas, filosóficas, culturais, étnicas, etc.);

(iv) somos capazes de lidar e de resolver conflitos sem puxar da G3;

(v) todos os camaradas têm direito ao bom nome e à privacidade;

(vi) não trazemos a "actualidade política" para o blogue, etc.

Os editores reservam-se, naturalmente, o direito de eliminar, "a posteriori", rápida e decididamente, todo e qualquer comentário que violar as normas legais, bem como as nossas regras de bom senso e bom gosto, a começar pelos comentários ANÓNIMOS (por favor, põe sempre o teu nome por baixo), incluindo mensagens com

(i) conteúdo racista ou xenófobo,

(ii) carácter difamatório,

 (iii) acusações de natureza criminal,

(iv) apelo à violência,

(v) linguagem inapropriada,

(vi) publicidade comercial;

ou (vii) comunicações do foro privado, sem autorização de uma das partes.

Excepcionalmente, alguns comentários poderão transformar-se em postes se houver interesse mútuo (do autor e dos editores).

5. Além dos editores (LG, CV, EMR e VB), há 6 colaboradores permanentes, membros seniores do nosso blogue, que de há muito recebem, automaticamente, na sua caixa de correio (e apreciam depois o conteúdo de) todos os comentários: Hélder Sousa, Joaquim Mexia Alves, José Manuel Dinis, José Martins, Miguel Pessoa e Torcato Mendonça. O seu papel é o de ajudar os editores a cumprir e a fazer cumprir as regras do nosso blogue.

Alguns membros desta equipa têm poderes de administradores, podendo eliminar comentários que infrinjam as nossas regras editoriais.

PS - Em qualquer altura poderemos reintroduzir, com pena nossa, o mecanismo da moderação dos comentários,  se se verificar a violação sistemática, por parte de alguns leitores,  do direito de comentar livremente no nosso blogue (e do correspondente dever de o fazer de maneira responsável).

___________

Nota do editor:

Último poste da série > 22 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8588: O Nosso Livro de Estilo (1): Política editorial do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

terça-feira, 5 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8052: O nosso blogue em números (8): Atingimos hoje os dois milhões e meio de visitas, na véspera de fazermos 7 aninhos (no próximo dia 23)...


Blogue Luís Graça & Camaradas > Estatísticas > Visitas de Julho de 2010 a Março de 2011




Blogue Luís Graça & Camaradas > Estatísticas > Visitas, por país, de Julho de 2010 a Março de 2011



Portugal
533 273
Brasil
88 331
Estados Unidos
17 910
França
16 130
Alemanha
5 555
Canadá
5 474
Espanha
2 604
Reino Unido
2 601
Dinamarca
2 457
Holanda
1 483


Fonte: Blogger (2011)


Amigos, camaradas, camarigos, estimados leitores: Na véspera de o nosso blogue fazer 7 anos (em 23 de Abril próximo), atingimos hoje a cifra dos 2,5 milhões de visitas (segundo as estatísticas da Brevenet)... Entretanto, desde que o Blogger nos começou a contar, temos mais de 700 mil visitas, desde Julho de 2010 a Março de 2011, o que dá uma média (mensal) de 78500, um pouco menos de 2600/dia (uma frequência que se mantém constante, sendo sempre maior no início da semana e menor no fim de semana). Quanto a comentários, ultrapassámos os vinte mil (desde Maio de 2010, segundo creio)...

Por país, além de Portugal (em lugar destacado, como seria de esperar), temos o Brasil, os Estados  Unidos, a França e a Alemanha, nos cinco primeiros lugares (e no que respeita a visitas). Em 6º, o Canadá. Não conhecendo em detalhe o nosso público, acreditamos que sejam maioritariamente antigos camaradas de armas da Guiné, familiares e amigos. 


Estes números valem o que valem. Não nos deslumbram. Não nos envaidecem. Também não nos desencorajam. Devem ser interpretados com cautela, humildade, honestidade. Se querem dizer alguma coisa, não nos compete a nós fazer essa leitura. 


A todos os que nos acompanham, diariamente, deixamos aqui as nossas felicitações pelo seu interesse, carinho e  fidelidade. Esperamos continuar a merecer a atenção dos nossos leitores. Para isso precisamos de novos membros da Tabanca Grande que se disponham a partilhar connosco as suas história, memórias, fotos e outros documentos referentes fundamentalmente ao período em que estivemos na Guiné, grosso modo entre 1961 e 1974. Felicitações para a equipa que faz todos os dias este blogue, incluindo os nossos colaboradores permanentes, autores e comentadores.  O editor e administrador, Luís Graça.
_________

Guiné 63/74 - P8051: Mais um bravo da Ponte Caium, o Rocha, trazido pela mão da filha, Susana Rocha... Obrigada por tudo ! (Cristina Silva, filha de Jacinto Cristina, CCAÇ 3546, Piche e Ponte Caium, 1972/74)



1973 ou 1974 > A Cristina, quando criança, posando para a fotografia, folheando o álbum de seu pai, Jacinto Cristina, na altura destacado na Ponte de Caium, subsector de Piche, Zona leste da Guiné  (CCAÇ  3546, 1972/74)...  A Cristina já era, portanto, nascida quando o pai foi mobilizado para a Guiné.


Foto: © Jacinto Cristina (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados




1. Da nossa amiga Cristina Silva, filha do nosso camarada Jacinto Cristina (e que o representa aqui,  no nosso blogue, já que ele não tem email nem acesso fácil à Internet), mensagem com data de 3 do corrente:


Queridos Amigos


Estive a ver o blogue, fiquei feliz por mais um Camarada da Guiné  ter "aparecido" [, o Rocha,pela mão de sua filha, Susana Rocha] (*). São extraordinárias as histórias vividas pelos Soldados de então e que são contadas nesse espaço fabuloso onde eu também pertenço e parte da minha história, leia-se da do meu pai, enche de orgulho a família e desperta a curiosidade dos amigos.


Faltam-me palavras para lhe agradecer, [ao Luís,]   o carinho com que tem transcrito as memórias do meu pai e a amizade... os presentes no blogue nos dias de aniversário... Emoções que hoje são fortes para quem ouviu aventuras contadas durante mais de 30 anos. Muitas mais, foram as vezes que eu folheei os álbuns e contemplei fotografias de outro mundo e pensava no meu pai, na Guerra! 


É um turbilhão de sentimentos. Dou graças a Deus por ele ter voltado, são e salvo, para junto de mim e da minha mãe. Apesar de estar hoje longe deles, tento viver, ao máximo, perto.


Espero que estejamos todos juntos em breve! (...)


Da amiga, Cristina


PS: Não consigo enviar comentários para o blogue, não sei porquê.


2. Comentário de L. G.:


Querida Cristina: É espantoso (leia-se: maravilhoso) que sejam vocês, as filhas dos nossos camaradas, a trazer "pela mão" até ao blogue os vossos pais, nossos camaradas... Vocês são já filhas da Galáxia da Internet. Os vossos pais são filhos de outra Galáxia, a de Gutemberg... Muitos deles são se sentem confortáveis a teclar num computador... É o caso do teu pai, e agora do Florimundo Rocha, de cuja história nada saberíamos se não fora a a sua filha Susana Rocha (já nascida depois da guerra)...


Obrigado, Cristina, pela ternura das tuas palavras. Pela parte que me toca, limito-me a cumprir um dever de memória. Na realidade, é um dever de todos nós, antigos combatentes no teatro de operações da Guiné: um dever para com os que morreram, um dever para os que sobreviveram e regressaram, e que durante dezenas de anos, como foi o caso do teu pai, não tiveram com quem partilhar aqueles segredos, cumplicidades e emoções que só se partilham com camaradas de armas...


Quanto aos comentários, aqui ficam algumas dicas... Espero que ajudem e que apareças mais vezes. O nosso blogue fez-se também para encurtar distâncias... Um beijinho e até à próxima, em Lisboa, no Funchal ou em Figueira de Cavaleiros...



Comentar é FÁCIL, sob o velho e frondoso poilão da Tabanca Grande...


(i) As opiniões aqui expressas, sob a forma de postes ou de comentários, são da única e exclusiva responsabilidade dos seus autores, não podendo vincular o proprietário e editor do blogue, bem como os seus co-editores e demais colaboradores permanentes.

(ii) Camarada, amigo, simples leitor: Podes escrever no final de cada poste um comentário, uma informação adicional, um reparo, uma crítica, uma pergunta, uma observação, uma sugestão... (De preferência sem erros nem abreviaturas; evitar também as frases em maúsculas).

Basta, para isso, apontares o ponteiro do rato para o link Comentários, que aparece no fim de cada texto (ou poste), a seguir à indicação de Postado por Fulano Tal [Editor] at [hora], e clicares DUAS VEZES... 


(iii) Tens uma "caixa" para escrever o teu comentário que será publicado instantaneamente, sem edição prévia, sem moderação, sem "censura"... No caso de teres uma conta no Google, deves usar essa identificação. Mas também podes entrar como "anónimo" (desde que ponhas no final da mensagem o teu nome, localidade e endereço de email válido, não oferecendo a tua identidade não ofereça qualquer dúvida aos editores).


Se voltares ao blogue, encontrarás logo a mensagem que lá deixaste. Repete as operações acima descritas para visualizar o teu comentário.  (...)
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Nota do editor:


(*) Vd. poste de 1 de Abril de 2011 >Guiné 63/74 - P8029: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (39): Florimundo Rocha, natural de Lagoa, ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 3546, 1972/74 (Piche, 1972/74), outro "bravo da Ponte Caium", sobrevivente da emboscada de 14/6/1973

segunda-feira, 28 de março de 2011

Guiné 63/74 - P8011: Memória dos lugares (150): O Porto do Portojo ou "a vida em fotos, olhar à minha volta e tentar perceber... ” (Jorge Teixeira / Vasco da Gama)

1. Um dos hobbies do nosso Camarada Jorge Teixeira (Portojo), ex-Fur Mil do Pelotão de Canhões S/R 2054, Catió, 1968/70, foi a criação e desenvolvimento de um blogue que titulou com “A Vida em Fotos - Olhar à minha volta e tentar perceber o que me rodeia”, que é de consulta obrigatória para todos aqueles que gostam da cidade do Porto. O blogue é acompanhado por vários amigos e camaradas nossos, entre eles o "régulo de Buarcos" ou melhor o “Grande Tigre de Cumbijã”, conhecido entre nós como Vasco da Gama, que vai apreciando e comentando a obra soberbamente desenvolvida pelo Portojo e de que damos hoje aqui conta, através da cópia de um dos últimos trabalhos (o nº 67).

67 - Do Hotel do Louvre a Metralhadoras 3

Uma promessa feita ao meu camarigo Vasco da Gama, levou-me à Rua do Rosário para lhe "mostrar" a casa onde viveu nos seus tempos de estudante. E aproveitando a pedalada, dei uma "volta ao quarteirão. Comecemos por referir que a rua tomou o nome do tio de Almeida Garrett, Domingos do Rosário, aqui foi morador e proprietário tendo provavelmente doado uns terrenos para a abertura da rua.



Na esquina com D. Manuel II fica o degradado edifício do antigo Hotel do Louvre. Já referido em notas anteriores, mas nunca é demais falar dele. Faz precisamente este mês 139 anos que D. Pedro V aqui se hospedou. Albergou o Cine Clube do Porto, a Sede do velhinho Salgueiros, o Orfeão Lusitano, a sede do MUD assaltada pela Pide em 1948, o Clube de Campismo do Porto. Uma pena a situação em que se encontra e logo numa zona altamente visitada.


Quási no início encontra-se o palacete que foi dos Albuquerques - desconheço quem teriam sido -também doadores de uns terrenos na zona. Hoje é um centro comercial, bem conservado.


Em frente encontra-se uma verdadeira obra de arte de arquitectura. Na minha opinião, claro.


A par de construções recentes, vêm-se obras arquitectónicas de outrora onde a pedra, o ferro forjado e o azulejo imperam.


Cumprindo a promessa, cá está o 150 de cama, mesa e roupa lavada, do camarigo Vasco. O prédio está bem conservado e quem disse o contrário enganou-te.
Vizinhos próximos são o novo Hotel Das Arts...
... e a Escola de Comércio do Porto, cuja fachada em azulejo é espectacular.


Para os saudosos e principalmente para quem trabalhou na Têxtil, relembro o edifício da famosa Caixa da Têxtil, na esquina de Miguel Bombarda, onde outro camarigo, o David Guimarães, passou parte da sua vida.


Olhando para trás, bem ao fundo, vemos uma das colinas de Vila Nova de Gaia.



Voltando à esquerda, ou por Miguel Bombarda ou pelo Breyner, vamos dar à Maternidade Júlio Dinis. No Largo com o seu nome, que já foi Largo dos Ingleses e do Campo Pequeno, o Chafariz de 1894. Foi território Inglês, incluindo Cemitério e Igreja. Os terrenos foram litigados com a Colegiada de S. Martinho de Cedofeita.



A Maternidade Júlio Dinis foi construída de raiz por Saul Domingos Esteves sendo o risco do arquitecto francês George Epiaux, em terrenos que pertenciam a Alfredo Castro vendidos ao Estado. Foi seu impulsionador o Dr. Alfredo Magalhães. Inaugurada em 1939 esteve dependente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Desde essa data sofreu várias alterações, reformas e aumentos, tendo por isso os seus jardins, que eram magníficos, sido diminuídos na sua superfície.
Por fim, também recordo este Hospital onde nasci - por isso sou de Massarelos - e fui operado duas vezes. Logo, sinto um carinho especial por esta casa.
O seu sítio http://www.mjd.min-saude.pt/Frame.htm é um dos mais perfeitos e completos que conheço.



Desconhece-se a origem desta Fonte, mas presume-se ser do séc. XVIII e terá pertencido ao primitivo dono dos terrenos, um súbdito o inglês.


Trânsito difícil pela Rua da Maternidade. Não esqueci o antigo Conservatório de Música, mesmo pegado aos espaços da Maternidade. Terá direito a uma crónica especial.



Esqueçamos os ingleses que foram donos deste pedaço e siga-se pela Rua do Pombal, que afinal já não o é, pois agora chama-se Adolfo Casais Monteiro. Não sei a origem da designação antiga mas a da actual refere a C.M.P. que é uma homenagem ao escritor e professor universitário. Nasceu no Porto em 4 de Julho de 1908 e morreu em S. Paulo em 23 de Julho de 1972. Não tinha programada a volta a este quarteirão. 


Mas como o caminho se faz caminhando, lembrei-me de ter lido em tempos no http://www.portoantigo.org/2010/01/o-velodromo-maria-amelia.html que por aqui existiu um velódromo. E fui tentar procurá-lo. Vi uma senhora à janela, já entradota na idade e perguntei-lhe se o conhecia. Expliquei-lhe que era um local onde a rapaziada de há 100 anos, talvez menos, andava de bicicleta. Olha, diz-me ela, no meu tempo foi no Palácio (ali a dois passos) que aprendi e andava de bicicleta. Recuei uns anos e também me vi por lá a dar ao pedal.


Quási toda a estrutura do Velódromo continua lá. Foi-lhe dado o nome de D. Amélia em homenagem à Rainha, esposa de D. Carlos, a quem os terrenos pertenciam e que os doou ao Velo Clube do Porto. Ou terá sido Real Velo Clube? Para o caso não interessa nada. Claro que não o vi, pois faz parte dos jardins fechados do Museu Nacional Soares dos Reis. Foi inaugurado em 1895 mas a história do ciclismo português está ligado a ele, até porque o primeiro clube de ciclismo nasceu no Porto.

Esta era a entrada para o Velódromo. Nada a refere, mas não tenho dúvidas, pois é a única abertura para as traseiras do Museu.

Por casualidade (?), no muro que se projecta até à Rua D. Manuel II, existem estes nichos, milagrosamente formatados para cartazes de publicidade. Serviriam antigamente para o mesmo efeito, por exemplo, anunciando as corridas?O velódromo. A foto "saquei-a" do blogue Porto Antigo, atrás referido.


Para completar a volta ao quarteirão, entramos na Rua D. Manuel II, cujo Palácio das Carrancas, hoje Museu Nacional Soares dos Reis se destaca do lado esquerdo.

Este edifício começou a ser construído em finais do séc. XVIII para residência e fábrica de ourivesaria dos Carrancas, apelido de uma família abastada cá do burgo, os Morais e Castro. Foi quartel-general de Soult aquando das invasões francesas e depois de Wellington após a expulsão dos saqueadores. Durante as Lutas Liberais foi local de acolhimento de D. Pedro IV; adquirido aos descendestes da família em 1861, por D. Pedro V por 300 contos de réis para residência real durante as suas visitas ao Porto. Li que D. Manuel II ainda o utilizou numa das raras visitas ao Porto, já exilado. Daí o nome da Rua em sua homenagem.


Passou a chamar-se Paço Real. Após a instauração da República e porque o Paço Real era propriedade privada do rei, esteve encerrado até 1932, data do falecimento de D. Manuel II. Este legou-o à Santa Casa da Misericórdia do Porto. Passou para o Estado em 1939 para aí instalar o espólio do Museu Municipal do Porto e do ex-Museu Portuense de Pinturas e Estampas, fundado em 1833 onde tinha nascido o primeiro museu de arte em Portugal. A foto é de Arnaldo Soares do princípio do séc. XX


Do outro lado da Rua D. Manuel II, um monumental edifício cheio de história. Em 1838, poucos anos após o levantamento do cerco miguelista (1829/1932), a Câmara do Porto evoca a vitória liberal determinando que a Rua dos Quartéis, - já tinha tido outros nomes e hoje de D. Manuel II - passasse a ostentar a designação de Rua do Triunfo. Aqui existiam desde o séc. XVII - presume-se que o seja apenas por causa do portão de entrada - um conjunto de edifícios destinados a aquartelamento militar. O governo Miguelista estabeleceu aqui o R.I.9 passando posteriormente para o antigo R.I.6. Há quem escreva que só existiu o R.I.6. Mas também não sei quem, quando e como foi recuperado o edifício actual, na medida em que dos antigos pouco sobreviveu. Actualmente o edifício alberga serviços do Hospital de Santo António.

É já no séc. XX que passa para Metralhadoras 3 e posteriormente, nos anos 60, derivado à Guerra do Ultramar, passa a albergar o CICA 3, se não estou em erro. O emblema primitivo continua gravado no granito.


A seguir ao Quartel, eram os terrenos do primitivo Horto das Virtudes, fornecedores reais, que se estendiam, desde meados do séc. XIX, até Miragaia. Para a abertura de novas ruas, foi sendo retalhado. Posteriormente passou para o Moreira da Silva, de Campanhã. A fachada em vidro era enorme e junto à entrada, ostentava uma pêra gigante gravada na pedra.

Desse Horto, resta para o portuense visitar, o bonito Jardim das Virtudes que vai desde as traseiras da Cooperativa Árvore até um magnífico miradouro sobre Miragaia. A não perder 
uma visita.

Finalmente, paz e sossego no Jardim do Carregal.
Mas isso fica para outra vez.

Os textos, principalmente os históricos foram pesquisados em vários sítios, alguns referidos.

Mas não se pode esquecer o http://www.portoxxi.com/.

Uma curiosidade sobre a Rua D. Manuel II. Logo após o 25 de Abril de 1974, foi proposto na reunião camarária que a Rua mudasse o seu nome para Estaline. Chumbada a proposta, energúmenos resolveram pichar as placas da Rua com o nome do ditador soviético.

2. Este poste regista o seguinte comentário do Vasco Augusto Rodrigues da Gama, com data de 22 de Março de 2011:

Se eu já não necessito que me abanem muito para me saltar uma lágrima, com estes miminhos do Jorge Portojo estou todo derretido.

Tantas e tantas alegrias que eu passei na rua do Rosário nº 150... foram os melhores anos da minha vida, embora sobre a nossa geração pairasse o pesadelo da guerra colonial.

Reconheço todos os nomes que referes no teu trabalho e vi com outros olhos pormenores e minúcias que só mestre Portojo é capaz de referir. Mas, como aluno atrevido e reguila que sou, ousarei apontar ao mestre falta imperdoável, pois não refere, nem ao de leve, as tascas da rua do Rosário. Mesmo em frente a minha casa situava-se o Freitas, casa pouco concorrida pois o dono tinha pouca paciência, e ao fundo da rua havia duas tascas sempre cheias de malta.

À esquerda o sr. Domingos careca, sempre a ralhar com o filho e com a mulher, mas tinha um vinho da Meda que fazia um sucesso, mas que às vezes obrigava a sestas prolongadas, com falhas às aulas, mas recuperávamos a tempo de ir ao cinema, normalmente ao Carlos Alberto, com sessão dupla e barulheira infernal quando havia coboiadas.

Do outro lado da rua era o famoso Zé dos Bragas, onde eu aboletava mais amiúde, pois a cozinha era mais variada e o barulho não era tanto. Esteve à frente do estabelecimento um senhor que tinha vindo do Brasil, o sr. Avelino. Uma das empregadas era a Laura e a outra a Glória. Dava-lhes cabo da paciência, pois quando havia frango era certo e sabido que eu pedia: " por favor serve-me pito"!

Um dia um camarada meu Jorge Paiva de seu nome, pediu "frango à minha moda" (pito) a uma delas, que de imediato foi fazer queixa ao sr. Avelino. O homem mandou o Paiva para a rua e quando ele se desculpou comigo, pois era assim que pedia o repasto ouviu a resposta: Mas o Vasquinho pode dizer e o senhor é um mal-educado...

Aqui bebia uma garrafa de Campelo, "fresquinho dá gosto bebê-lo"! Lembram-se? Temos que nos encontrar para te contar uma história da rua do Rosário, quando a rua ainda tinha os trilhos do eléctrico.Obrigado Jorge por estes momento e desculpa lá se embalei...

Um abraço amigo

3. Respondeu assim o Jorge Portojo.

Caro Vasco:

O teu comentário passaria a poste se tivesse fotos das casas que já não existem. Pelo menos não as encontrei e sabes como sou bom olheiro para essas coisas. Algumas Residenciais e cafés-botecos é o que se vê agora e onde normalmente nem o bagaço é razoável. Não se pode ter tudo, meu amigo.

Um abraço
Lamento, caro amigo

4. Resta acrescentar o link para o blogue: http://portojofotos.blogspot.com/
__________

Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:




quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7749: Blogpoesia (111): Enquanto vir a palavra Guiné num braço tatuada... (Jorge Cabral)

1. Mensagem do nosso mui querido Alfero Cabral [, foto à esquerda, retirada da sua conta no Facebook], contista mais do que cronista, mas também poeta nas horas mortas, e sobretudo o mais paisano dos militares que já conheci, e claro um sempre desejado (muito mais do que o imberbe Dom Sebastião...) colaborador do nosso blogue... 

Tem, como bom mas discreto camarada que se preza ser, o tal grãozinho de loucura na asa, que o faz manter-se aqui, à tona da água, peixinho do Rio Geba em mar de tubarões... Marginal ? Nada disso, és um senhor marginal-secante, o que intersecta vários sistemas de acção, e isso só pode ser visto ... como enriquecedor... Anarca ?  Direi antes, andarilho, caminhante, libertário...


Desculpa, Jorge, se o teu Natal de contrabando não foi detectado pelos supervigilantes serviços alfandegários cá da Tabanca Grande... Aqui fica, também, para memória futura, o inventário da mercadoria que foi consumida - ou declarada imprópria para consumo animal e humano ? - nesse lá longínquo Natal de 1970, em Missirá, que ninguém sabe - nem se importa de saber - onde fica ou ficava, talvez fique mesmo num obscuro bairro da periferia de Lisboa. (LG)


Amigos,
Depois de ter enviado antes do Natal uns versinhos que não lograram
publicação, aí vão estes, com a Amizade do

Jorge Cabral
_____________

Quadras a brincar,
Outras a sério…


Enquanto vir a palavra Guiné num braço tatuada
E estremecer na noite com um foguete,
Sentir que aquele que foi, ainda é Camarada,
E sonhar, calculem, com uma casa em Finete,

Estarei aqui, e mesmo em desacordo com o rumo
Das guerras de Alecrim e Manjerona,
Sem nenhum fogo, mas muito fumo,
Entre senhores. Ah! Tanta Prima Donna!

Anónimo fui e não ganhei a Guerra,
Também não a perdi. Eu estive apenas lá
E recordo o vermelho da terra
E, às vezes, um pôr-do-sol, em Missirá.

Do Houaiss, não possuo um só volume
E no entanto sei o que é "Catota",
Com engenho e arte ainda faço lume,
Afastem pois as bajudas deste Cota.

Amigos! Desculpem lá qualquer coisinha,
Em fim de comissão, continuo Marginal,
O Anarca que se esquece da vidinha.
Abraços, muitos! Claro… Alfero Cabral 



___________

Nota de L.G.:

Último poste da série > 7 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7740: Blogpoesia (110): No dia em que fiz 65 anos (José Teixeira)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P6992: O Nosso Livro de Visitas (100): Apanhei o contador do blogue nos 2 milhões (João Almeida)




1. Mensagem  e imagem do nosso leitor João Almeida, 42 anos, residente em Lisboa, especialista  em numismática e notafilia.


Data: 15 de Setembro de 2010 18:31

Assunto: Contador nos 2 milhões

 Caros Editores,

Mais uma vez entro em contacto convosco, desta vez para a entrega de um ficheiro JPG com o contador de visitantes nos 2 milhões.

Parabéns. É obra.

Ânimo até ao próximo milhão, são os meus sinceros desejos.

Que ninguém desista de fazer valer os seus pontos de vista, porque a minha geração, 20 anos mais nova, precisa e deve saber a verdade, de preferência por quem a viveu.

Muito obrigado pelos belos momentos de leitura, que me proporcionam diariamente.

Atentamente,

João Almeida
42 anos
Lisboa
http://www.dbcoins.com
+351212409845
+351964062791
Lisboa - Portugal

2. Comentário de L.G.:

Mas que sortudo! Eu andei atento, mas o nº 2 000 000 escapou-se-me, por entre os dedos, como uma enguia... Obrigado pela sua gentileza. O facto, em si, tem um certo significado, simbólico, para todos nós. Grato por ser (e continuar a ser) nosso leitor, mesmo não pertencendo à geração da guerra colonial. Obrigado pelo seu incentivo. Apareça sempre. Continuaremos a fazer o nosso melhor, contando sobretudo as histórias que vivemos na Guiné, de guerra e de paz. Com verdade, com autenticidade, com paixão.

_____________

Nota de L.G.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P6959: Em busca de... (143): Pessoal da CCAÇ 153, Fulacunda, 1961/63: João Baptista, Octávio do Couto Sousa, José Teixeira da Silva, José Carreto Curto...



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > CCAÇ 153 (1961/63) > 

"Após 45 anos ainda identifico o que está de pé ao centro: furriel miliciano João M C Baptista; naturalmente e para os mais distraídos, da figura só o nome restou até ao dia de hoje. Na altura da desmobilização no RI 13 em Julho de 1963, nas costas de uma foto igual à presente, anotei o nome bem como os endereços de todos, nota que há muito teria facilitado a minha tarefa de contacto mas que desapareceu dos meus arquivos. Será que alguém pode ajudar? (...)  

"O Primeiro pelotão era comandado pelo Alferes Virgolino, Furriéis:  Melo (Ericeira), João Baptista (S. Miguel), José Fernandes" (...).



"CCAÇ 153: Desfilando em Vila Real 30/08/1963.  Reconhece-se o seu comandante à frente do porta bandeira"


Vila Real > CCAÇ 153 > "Missa de acção de Graças,  Agosto de 1963".

Fotos (e legendas): © João Baptista / Blogue Fulacunda (2009). Todos os direitos reservados. Cortesia da família.

1. Mensagem de L.G., dirigida a João Baptista, autor do blogue Fulacunda, com intenção de lhe pedir autorização para reproduzir algumas fotos suas e convidá-lo a ingressar na nossa Tabanca Grande:

Data: 9 de Julho de 2010 12:43

Assunto: CCAÇ 153 (Fulacunda, 1961/63)

 Meu caro João Baptista [ na foto, à esquerda, na recruta, em Mafra, 1959]:

Tento tentado, em vão, ligar para o seu nº  telefone de casa.  Deixei uma mensagem no "voice mail". Tento agora entrar em contacto consigo por esta via. O meu nome é Luís Graça, sou o fundador e um dos editores do maior blogue sobre a guerra colonial na Guiné.

Quero dar-lhe os parabéns pela sua iniciativa de juntar a rapaziada de Fulacunda, através do seu blogue.

Gostaria de poder falar consigo ao telefone sobre os primeiros tempos da guerra e sobre a acção da vossa CCAÇ 153, no sul da Guiné. Um dos camaradas do nosso blogue é o Carlos Cordeiro, que é professor na Universidade dos Açores, fez a guerra de Angola e teve um irmão, capitão pára-quedista, João Cordeiro, que infelizmente morreu lá, de acidente com pára-quedas, em 1974. Vou pedir ao Carlos, também para o contactar, utilizando o seu telefone e eventualmente a sua morada, que está publicitada no seu sítio, na Net (...).

Espero que esteja bem de saúde. Espero que um dia destes falar um com o outro. O Henrique Cabral, autor do blogue Rumo a Fulacunda, ex-Fur Mil da CCAÇ 1420 (1965/67), é também membro do nosso blogue.

Veja no nosso blogue referências à CCAÇ 153 (que eu sei tinha poucos açorianos…):

Um abraço. Luís Graça

2. Na mesma data dei conhecimento do teor da mensagem suprea ao nosso camarada Carlos Cordeiro (bem como ao Henrique Cabral):

Carlos: Vê o que podes saber... O blogue Fulacunda está parado desde 14 de Maio de 2009... Gostava de pedir ao João (sargento reformado, açoriano) autorização para publicar um ou duas fotos... E de falar com ele ao telefone. Tento tentado ligar, já quatro ou cinco vezes, para o nº telefone fixo... Ainda viverá no mesmo sítio ?

Um abraço. Desculpa o abuso. Luís

3. Infelizmente, aquilo que eu suspeitava, tinha acontecido: o João Baptista (ex-Fur Mil da CCAÇ 153, açoriano) já havia morrido, nesse ano, de doença prolongada.  Não chegara a realizar o seu sonho, que era a de poder juntar, pela 1ª vez, o pessoal da sua CCAÇ 153, ao fim de quase meio século. Para tanto, fora juntando, desde Agosto de 2006, os "cacos da memória", as fotos amarelecidas, os nomes, os lugares, as datas...

A viúva teve a gentileza de me telefonar para casa. Infelizmente não fui que a atendi, por não estar em casa. Deu o contacto de um amigo e camarada do seu marido, também ele  açoriano (embora residente no Continente, mas passando em S. Miguel uma parte do ano) com quem, aliás,  me pus em contacto e a quem convidei para integrar o blogue.

A viúva autorizou-me igualmente a usar as imagens inseridas no blogue Fulacunda. É minha intenção homenagear o camarada João Baptista (, de seu nome completo, João Manuel Carreiro Baptista), associando o seu nome ao nosso blogue, se para tal tiver o consentimento da família. Os seus esforços para juntar os seus camaradas da CCAÇ 153 devem ser conhecidos e divulgados, sendo credores do  respeito e apreço de todos nós.

Entretanto, dos blogues Fulacunda e Rumo a Fulacunda (este do Henrique Cabral) eu já havia seleccionado dois comentários de gente que pertencera  à CCAÇ 153 e que respondera à chamada do João Baptista, para além de um comentário do próprio:

João Baptista
25 de Agosto de 2006

Esqueci: esqueci datas, esqueci nomes e rostos, esqueci situações agradáveis e desagradáveis. Tentei esconder uma vida estranha e eis que com a ajuda de fotografias desbotadas com 45 anos, sobram os cacos de algo que a nossa memória não apagou: uma dor num dente durante toda a viagem de Lisboa, Leixões, Funchal, Mindelo, Praia e Bissau, 10 dias num barco que se chamava Alfredo da Silva, nome registado numa foto no dia do embarque em Lisboa em Junho de 1961, bem como uma amiga, o Octávio e familiares da sua esposa. Como vou editar esta foto?

Complicada a transição do ar condicionado vivido a bordo para o calor e humidade em terras da Guiné Bissau, onde por artes mágicas desapareceu a dor do dente.

E eis que pela primeira vez ouço falar em Fulacunda: sede de concelho,  com uma rua principal com 200 metros,  onde estavam  implantadas as residências Administrativas, o posto dos correios, uma praça com rotunda e algumas das instalações do futuro quartel da CCAÇ 153.

Julgo que foi nos primeiros dias do mês de Julho de 1961 que eu, incorporado no primeiro pelotão iniciamos a viagem por mato que duraria cerca de 12 horas até Fulacunda . Foi naturalmente a primeira demonstração de força bélica que o indígena de então sentiu, com a passagem de uma coluna militar com cerca de 30 viaturas ligeiras e pesadas, carregadas de material, reboques com água, cozinhas e soldados com as suas fardas amarelas de passeio. As fardas de campanha ou camuflados, só mais tarde foram atribuídos.

Fico por aqui juntando os cacos.  Um abraço

Octávio do Couto Sousa

2 de Outubro de 2008

(...) Caro Henrique: Percorri demoradamente as fotos e respectivas legendas do “Rumo a Fulacunda” ao mesmo tempo que dialogava com o nosso JMCBaptista, iniciador do blog Fulacunda.

(...) A Companhia 153 proveio do RI 13, de Vila Real, com cabos e praças daquelas redondezas, alguns com nomes das suas terras, o Vila Amiens, o Chaves,  etc. Como disse no primeiro escrito, foi uma pena termo-nos separado em Vila Real, terminada a comissão, desejosos todos de partir para as nossas famílias, sem o cuidado de trocar endereços que nestes anos seriam preciosos para nos reencontrarmos. A maioria dos oficiais e sargentos foram mobilizados de outras zonas. No nosso caso e do JMCBaptista,  estávamos já na disponibilidade e a viver nos Açores.

O nosso comandante de companhia foi o Capitão, hoje General, José dos Santos Carreto Curto.

Fomos a única companhia em todo o Sul da Guiné em 1961, com um pelotão em Buba e uma secção em Aldeia Formosa. Tivemos depois um pelotão em Cacine. Estivemos também aquartelados em Cufar numa fábrica de arroz, assim como em Catió, até que tudo se agudizou em termos operacionais. Para Buba chegou uma companhia, a 154, outra para Cacine e por muitas outras localidades foram chegando mais unidades consoante a guerra se intensificava.

As fotos mostram o quartel de Tite onde se instalou o primeiro Batalhão, o 237, ao qual passámos a pertencer como tropa operacional e por questões de organização.

Acompanhámos o primeiro ataque a Tite [, em 23 de Janeiro de 1963,], de Fulacunda sairam reforços nos quais estivemos integrados, visto que o Batalhão, como sede, não estava ainda operacional.

A nossa companhia, a 153,  acabou por ficar toda junta e em várias missões percorremos todo Sul na busca e destruição das casas de mato que o PAIGC proliferava por tudo quanto eram zonas mais ou menos isoladas. (...)

José Teixeira da Silva

2 Janeiro 2009

(...) Prezados amigos e companheiros: há quarenta e sete anos, que procuro por toda a parte deste país, notícias da Companhia de Caçadores, n.º 153/59. Em vão procurei encontrar as moradas dos meus companheiros de 'route' [,estrada,] sem resultado. Tendo como base o nome do nosso Comandante de Companhia – capitão José dos Santos Carreto Curto – vi o seu nome há dois anos, integrado no quartel de Santa Margarida, já com a patente militar de Brigadeiro, pensei em contactá-lo mas não o fiz. Não sei explicar porquê, mas enfim, a verdade é que não dei um passo para o fazer. (...)

4. Na Net também encontrei uma notícia sobre o antigo capitão da CCAÇ 153 (que nunca mais se terá cruzado com os homens  de Fulacunda, depois do regresso a casa, a Vila Real, em Agosto de 1963):

Com a devida vénia, transcrevo do blogue Memória Recente e Antiga, criado e mantido por João José Mendes de Matos (n. Castelo Branco, 1935;  colega de escola e de juventude do futuro Cap José Curto, hoje general, reformado; professor de liceu em Setúbal, reformado) o teor de um recorde de jornal.


Cortesia do Blogue Memória Recente e Antiga > 14 Abril 2008 > Capitão Carreto Curto


Trata-se de uma cópia da publicação, em jornal, da entrevista dada em Bissau, pelo Cap Inf José dos Santos Carreto Curto, em 20 de Março de 1963, a um jornalista da ANI - Agência de Notícias e Informação

O então Cap Inf José Curto, comandante da CCAÇ 153 (Bissau, Fulacunda, Bissau, 27/5/1961 - 24/7/1963), fora dado como morto pela propaganda do PAIGC (ou por boatos propalados através da Rádio Conacri), depois de feito prisioneiro pelo PAIGC, levado para Conacri, julgado em Tribunal Revolucionário e executado... Natural de Castelo Branco, é hoje general na reforma e tem uma brilhante carreira militar.

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Bissau, 20 - Está vivo, está em liberdade, está de óptima saúde, encontra-se presentemente em Bissau e foi entrevistado pelo correspondente da ANI, o capitão José dos Santos Carreto Curto, de quem um comunicado do PAIGC, ou "Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde", organização subversiva com sede em Conakri, disse que fora preso pelos terroristas, os quais o teriam executado, depois de o haverem submetido a "julgamento em tribunal marcial".

Esse comunicado foi oportunamente desmentido, aliás, pelo Serviço de Informação Pública das Forças Armadas.

O comunicado do PAIGC não surpreendeu o oficial.

Declarou o capitão Carreto Curto:

"Poderia pensar-se que o comunicado recentemente difundido pelo PAIGC, com base em Conakri, me teria surpreendido. Não foi, no entanto, esse, o caso".

O Capitão Carreto Curto prosseguiu:

“O conhecimento progressivo que, durante vários meses me foi dado adquirir, no contacto com populações que sofreram o aliciamento dos chamados movimentos de libertação, no contacto com agentes (responsáveis) desses movimentos, que me revelaram as técnicas que usam e em que foram doutrinados, no exame dos comunicados já anteriormente emanados pelo PAIGC, levou-me apenas a aceitar a notícia em questão como 'mais uma'.

'Mais uma' em que os processos se repetem e que têm cabimento perfeito e ajustado no âmbito das técnicas de propaganda destinadas a conseguir determinados objectivos. Estes objectivos que, na sucessão, definem diferentes fases de todo um plano devidamente arquitectado, têm uma importância e interesse, para os quais não pode haver obstáculos ou objecções.”

“A Mentira é evidente”

O sr. Capitão Carreto Curto disse ainda:

“No comunicado em causa não foi obstáculo a inveracidade dos factos nele relatados. Interessava, sim, convencer a opinião pública da existência de um determinado problema e que o público dele tomasse conhecimento. O objectivo foi, assim, atingido. Pergunto a mim mesmo se terá interesse referir factos, narrar acontecimentos, que possam definir toda a verdade e separá-la da mentira do comunicado. No entanto, julgo que a verdade de eu estar vivo é suficiente, visto que o facto não permite dúvidas, nem duplas interpretações. A mentira é evidente.

Resta apenas a realidade do objectivo do comunicado do PAIGC. Serão o juízo e opinião de cada um que lhe vão ou não conferir o valor positivo que o comunicado pretendeu alcançar ou o valor negativo atestado, pela verdade dos factos.” – (ANI)

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Nota de L.G.:

Último poste da série > 6 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6943: Em busca de... (142): 1.º Cabo Dório da CCAÇ 2571, Guiné, 1969/71 (João Manuel Mascarenhas)