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domingo, 18 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5129: Direito à indignação (6): As míseras migalhas que os comensais da mesa estatal deixam cair (Jorge Picado)

1. Mensagem de Jorge Picado, ex-Cap Mil da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, CART 2732, Mansabá e CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72, com data de 15 de Outubro de 2009:

Caros Editores
Como não sei quem está de serviço e vai receber este mail, não especifico.
Abraços para todos.
Aí vai mais um pastelão que brotou desta minha fase mais sombria resultante desta minha entrada no período Outono-Inverno.
Façam o que melhor entenderem, porque era demasiado longo para comentário. Jorge Picado


Direito à indignação

Sobre o tema corrente das míseras migalhas que os comensais da mesa estatal deixam cair, a uns pobres diabos que teimam em não deixar este mundo, o que muito aliviaria as suas (desses comensais subentenda-se) consciências, resultantes dessa obra prima que foi a excelsa Lei n.º 9/2002, eis algumas considerações que resolvi exprimir tendo por base o meu caso.

Como sabem sou aposentado da Função Publica e, quando esta lei foi publicada, já me encontrava nessa situação.

Como Funcionário Publico, portanto um dos famigerados responsáveis pela vergonhosa situação deste País, segundo sempre foi incutido na cabeça dos Portugueses que não tinham esta profissão por todos (com a mais repugnante expressividade pelo desastroso governo que terminou uns dias atrás) os incompetentes que tiveram a desdita de governar este rectângulo à beira-mar plantado, tinha aprendido que ao Estado nem um centavo, agora cêntimo, deve ser perdoado nem muito menos devolvido.

Com esta aprendizagem, agravada com a minha péssima relação com a instituição militar (isto não é apenas fruto das minhas nulas capacidades para essa profissão… mas sim pela forma como fui tratado desde 31 de Agosto de 1959 - dia da incorporação - até 2 de Março de 1972 - passagem à disponibilidade depois de regressar da Guiné – quando finalmente nunca mais me chatearam), assim que a tal Lei foi publicada não perdi tempo a requerer aquilo a que tinha direito.

Devo dizer que de todo o meu tempo de serviço militar, os descontos para a CGA tinham sido devidamente efectuados com base nos meus vencimentos de Técnico Superior (até ao ano de 1962, quando o que me pagavam militarmente nos períodos em que efectuei serviço militar activo era muito inferior) e com base no vencimento militar de 25/8/69 até 2/3/72.

Portanto, em 2004, também recebi uma resposta dando-me conhecimento que “é com satisfação que lhe enviamos um vale postal no valor de 312,26 euros”, respeitando tão elevado montante a “145,46 euros de Complemento Especial de Pensão devido a 1 ano e 11 meses de serviço militar prestado (1 ano e 355 dias foram os dias contados como tempo na Guiné) e o primeiro Acréscimo Vitalício de Pensão no valor de 166,80 euros por ter efectuado o pagamento de quotizações”. No final também constava: - “Estes benefícios, que agora recebe pela primeira vez, serão pagos todos os anos”.

Confesso que fiquei espantado com tanta magnificência dos poderes de então, ao atribuir-me valor tão elevado, já que tivera conhecimento dos valores mais baixos atribuídos então aos meus conterrâneos com quem falava destes assuntos. Mas logo conclui que a razão estava no tal acréscimo resultante de ter pago mais para ter direito a que aquele tempo me fosse contado para a reforma se chegasse inteiro ao fim da comissão. Era apenas a devolução (com juros?) do dinheiro que então me esbulharam!

Como felizmente este montante não me fazia falta, sempre foi encaminhado para as dádivas que anualmente faço a certas Instituições e nunca mais me preocupei a saber se era diminuído ou aumentado.

Recebi agora o impresso da CGA onde nos abonos me dizem: - Acréscimo Vital. Pensão - 2009… 150,00€. Depois no texto informam-me que nos próximos dias receberei uma carta com informação detalhada sobre a prestação pecuniária… como antigo combatente…

Só posso comparar com 2008 em que na tal alínea constava 166,80€.

Ora estes 166,80 não eram mais do que o valor atribuído em 2004 ao tal acréscimo. O complemento devido ao tal 1 ano e 11 meses desapareceu?

Esbugalharam-me mais 16,80€!!!

Já nem os míseros dinheiros para compensar os sacrifícios etc e tal pagam?

Cada vez as migalhas que vão caindo da mesa dos comilões são mais escassas! O que parece significar que estes comilões são cada vez mais vorazes… e menos tementes a Deus…

Para terminar e como esta já vai muito longa, quero dizer que estou com todos os camaradas pelo DIREITO À INDIGNAÇÃO, mas não apoio as devoluções. Sou adepto da criação dum bolo com essa verba, para entrega aos mais necessitados, como tenho visto em vários escritos de camaradas que estão no terreno para auxiliar aqueles infelizes que o Estado, não confundir com Nação, tanto despreza.

Digam-me para quem e como enviar esse dinheiro.
Abraços
Jorge Picado
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 23 de Setembro de 2009Guiné 63/74 – P5000: Filatelia(s) (3): Selos emitidos pelo novo Estado da GUINÉ-BISSAU Após a Proclamação da Independência (Jorge Picado)

Vd. último poste da série de 16 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5115: Direito à indignação (5): O CEP foi transformado em SEP... e os ex-combatentes da Guiné recebem cada vez menos (Júlio Ferreira)

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5115: Direito à indignação (5): O CEP foi transformado em SEP... e os ex-combatentes da Guiné recebem cada vez menos (Júlio Ferreira)

1. Mensagem de Júlio César Ferreira*, ex-1º Cabo, CCAÇ 2659 / BCAÇ 2905 (Cacheu, 1970/71), com data de 15 de Outubro de 2009:

Suponho que todos já viram que, uma vez mais, os ex-combatentes foram
desprezados e achincalhados.

Conforme a nova lei, aprovada em Janeiro último, o Complemento Especial de Pensão (CEP), previsto na Lei 9/2002 de 11 de Fevereiro, foi transformado pela Lei 3/2009 de 13 de Janeiro, em Suplemento Especial de Pensão (SEP). Ou seja mudaram o nome, para nos escamotearem mais alguns Euros.

Se bem se recordam, a Lei 9/2002, no seu Artigo 6 (Complemento Especial de Pensão), dizia:

Aos beneficiários do regime de solidariedade do sistema de segurança social é atribuído um complemento especial de 3,5% ao valor da respectiva pensão por cada ano de prestação de serviço militar ou duodécimo aquele complemento por cada mês de serviço, nos termos do artigo 2.

Porém, o Artigo 5, da Lei 160/2004, no seu n.º 2, Já diz:

(...) determina a atribuição de um complemento especial de pensão de valor igual a 3,5% do valor da pensão social por cada ano de bonificação ou duodécimo daquele valor por cada mês de bonificação.

Ou seja: Aquilo que Lei 9/2002, previa como CEP, 3,5% do Valor da respectiva pensão, foi rectificado na Lei 160/2004, para 3,5% da Pensão Social (que é isso?), fazendo com que, os valores do Complemento Especial de Pensão fossem drasticamente reduzidos. Porém, o ódio, o desprezo, a raiva, aviltação, a antipatia, o rancor, a aversão, o desinteresse por uma larga franja de portugueses, continua e nova Lei chega para transforma um CEP em SEP, reduzindo ainda mais aquele valor irrisório, resultando numa manifestação furibunda, demagógica e demoniaca. O SEP, segunda esta nova Lei, é atribuido da seguinte forma: Até meses de presença na guerra: 75,00 euros; entre 12 e 23 meses 100,00 euros e igual ou superior a 24 meses 150,00 euros.

Esta forma não lembraria ao diabo, mas lembrou a uns quantos salvadores da pátria que julgam que escamotear cerca de 70,00 euros aos cerca de 400.000 ex-combatentes, vão retirar Portugal da crise que está mergulhado, por causa das más politicas, má gestão dos dinheiros públicos e mais ainda, má aplicação dos fundos que nos chegam da Europa.

Porém, isto não termina assim. Esta forma de atribuir um CEP/SEP, é duplamente diabólico, principalmente para todos os ex-combatentes da Guiné: Como todos os ex-Combatentes da Guiné sabem (julgo que os ex-combatentes que estiveram nos outros teatros de guerra, também o sabem!) o tempo de Comissão Miltar na Guiné, era inferior aos dos outros locais. Era-o por muitas razões, sendo uma das mais significativas, o clima agreste, doentio e insalubre, a ponto de, muitas vezes se referir que, clima igual ao da Guiné, só a Birmania, isto além, claro está, do escalar da guerra, que como sabemos era infernal. Por isso, todo aquele militar que, incorporado num Batalhão de Caçadores, numa Compania de Comandos ou Páras, ou mesmo um Destacamento de Fuzileiros, terminavam a Comissão um pouco antes dos 24 meses, não obstante, como era da praxe, receberem a medalha de Final de Comissão, ao atingir os 18 meses. (Como exemplo, refiro algumas Companhias que chegaram à Guiné em Janeiro de 1970 e regressaram em Dezembro de 1971. Só por isso, irão os seus membros receber menos uns 70,00 euros cada. Como se depreende, a malta da Guiné, é por isso, mais vilipendiada, a mais achincalhada, a mais desprezada, por este governo, que continua surdo às mais justas reivindicaçõesdos antigos combatentes. E país que despreza aqueles que por ele lutaram, não tem futuro.

Júlio César Ferreira
Guiné
1970/1971
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 7 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1931: Tabanca Grande (24): Júlio César, ex-1º Cabo, CCAÇ 2659 do BCAÇ 2905 (Cacheu, 1970/71

Vd. último poste da série de 15 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5108: Direito à Indignação (4): Abaixo de cão, isto é uma vergonha (Fernando Chapouto)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5108: Direito à Indignação (4): Abaixo de cão, isto é uma vergonha (Fernando Chapouto)


1. O nosso Camarada Fernando Chapouto, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 1426, que entre 1965 e 1967, esteve em Geba, Camamudo, Banjara e Cantacunda, enviou-nos mais uma mensagem demonstrando, também ele, o seu repúdio e rejeição, pelos últimos “ASSALTOS” governativos de que foram vítimas os ex-Combatentes da Guerra do Ultramar, relativamente ao Suplemento Especial de Pensão - Antigos Combatentes:


Camaradas,

Brevemente vai continuar a publicação das minhas memórias, que dedico em especial a todos vós, caros Amigos ex Combatentes.

Pessoalmente, considero que todos fomos Heróis, pois, da melhor ou da pior maneira, conseguimos ultrapassar os sacrifícios que nos foram impostos, por vezes em condições adversas inimagináveis.

Acima de tudo sobrevivemos, apesar de muitos de nós ainda hoje sofrerem de subsequentes terríveis mazelas.

Mazelas estas que foram designadas pelos especialistas mundiais, como stresse pós-traumático de guerra.

Também eu tenho a minha quota parte desta gravíssima maleita.

Quando regressei da Guiné, se não fossem as ajudas da minha esposa e da minha mãe não sei o que seria de mim.
Os sintomas têm vindo a diluir-se aos poucos, ao longo do tempo, mas ainda hoje sinto que algo não está bem comigo. A minha esposa diz que eu ando meio doido, porque, mal que me levanto, ligo logo o computador para ler, neste nosso blogue, as vossas últimas histórias, meus Amigos e Camaradas.

A Guiné está sempre comigo e, pelo andar da carruagem, estará até à morte.

Agora vou ao assunto objectivo deste e-mail:

Sobre o “escarnoso” Suplemento Especial de Pensão - Antigos Combatentes, gostava de reforçar o que foi dito sobre a nossa indignação e revolta, em postes anteriores, pelo Mário Pinto e pelo Eduardo Campos, o seguinte:

Em 2004 recebi 125,42 € + 52,92 € (primeiro Acréscimo Vitalício de Pensão)
Em 2005 recebi 114,94 € + Nada (evaporou-se o acréscimo vitalício)
Em 2006 recebi 120,24 € + Nada (evaporou-se o acréscimo vitalício)
Em 2007 recebi 123,96 € + Nada (evaporou-se o acréscimo vitalício)
Em 2008 recebi 127.32 € + Nada (evaporou-se o acréscimo vitalício)

Diz textualmente a carta que recebi em 2004:

Estes benefícios, que agora recebe pela primeira vez, serão pagos todos os anos.

Como não podia deixar de ser, relativamente a 2009, recebi hoje uma carta da CGA, onde, pelo valor que me é apresentado, logo me senti mais uma vez vítima de um escandaloso e incompreensível roubo.

Por 20 meses e 16 dias de comissão de guerra apenas tenho direito a… 75 €.

Têm razão o Pinto e o Eduardo estamos a ser ROUBADOS.

Não sei como estes políticos sem escrúpulos, não têm vergonha, nem consideração, por Homens como nós.
No 25 de Abril andavam fugidos no estrangeiro, ou escondidos pelas escuras vielas deste nosso Portugal, a fugir da ida para a guerra e a conspirar contra a guerra a que nós não conseguimos e não quisemos escapar, e agora acham que nós é que fomos os traidores.

Eu digo TRAIDORES e COBARDES foram eles.

Como não sabem, nem querem saber, o que todos nós passamos por lá, em terras africanas, estão-se nas tintas para os ex-Combatentes, só pensando em tratar das suas “vidinhas” e “encherem-se” o mais possível enquanto é tempo disso.

Atenção ao velho ditado que diz: “Não mexas na barriga do macho quando está a comer sem lhe saberes a manha, que pode dar um coice.”

É assim com tristeza que vivemos num país em que somos tratados abaixo de cão.

Nunca temi NADA, quando sabia que podia estar a ser alvo do inimigo, quanto mais agora como alvo de ignorantes, hipócritas e ressabiados politizecos de pacotilha.

Vamos à luta… não podemos parar.

Um forte abraço do,
Fernando Chapouto
Fur Mil Op Esp/Ranger da CCAÇ 1426
__________
Nota de MR:

Vd. poste anterior desta série em:


terça-feira, 13 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5103: Direito à Indignação (3): Abaixo de cão, isto é uma vergonha (Eduardo Campos)


1. O nosso camarada Eduardo Campos, ex-1º Cabo Trms da CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74, enviou-nos a seguinte mensagem:


Camaradas,

Estou chocado, mas não surpreendido, pois nós, os ex-Combatentes, sempre fomos tratados abaixo de cão pelos governantes deste país.

Estou reformado à 4 anos e o primeiro valor que recebi do Suplemento Especial de Pensão - Antigos Combatentes foi de 168,00 €, em 2008 a quantia subiu uns Euros para 176,49 € (ver carta em anexo) e em 2009 (carta também em anexo) desceu para uns míseros 150,00 €.

Não está em causa o valor, que em si era já insignificante, mas ainda por cima agora no presente ano, vejo o valor reduzido escandalosamente em 26,49 €, nada mais nada menos que 15 %, em relação ao recebido o ano passado.

Se algum dos Camaradas, que ler esta mensagem, tiver conhecimento (e caso seja possível fazer isso), peço que me informe do modo como hei-de proceder, para devolver esta revoltante, desprestigiante e enxovalhante importância que me foi enviada, aos nossos “queridos” governantes.





Um abraço Amigo,
Eduardo Campos
1º Cabo Trms da CCAÇ 4540,
_____________
Notas de M.R.:

sábado, 10 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5093: Direito à indignação (2): Quem se preocupa com a situação dos antigos combatentes? (Liga dos Combatentes / Magalhães Ribeiro)


1. Eduardo José Magalhães Ribeiro, foi Fur Mil Op Esp/Ranger da CCS do BCAÇ 4612/74, Cumeré, Brá e Mansoa 1974, e é o Sócio da Liga dos Combatentes com o Nº 128.897:


Quem se preocupa com a situação dos antigos
combatentes?

Camaradas,

É com o título em epígrafe, que a revista “Combatente”, Edição 349 de Setembro de 2009, propriedade da Liga de Combatentes, em completa página 5, revela uma carta que foi endereçada a todos os partidos políticos nacionais.

Como este tem sido um motivo ALTAMENTE preocupante, para todos nós, e ultimamente tem sido alvo de várias abordagens e debate aqui no blogue, transcrevo, essencialmente para conhecimento de todos aqueles que não são sócios da referida instituição, a introdução e anexo a carta, com o devido agradecimento à Liga dos Combatentes.

O título é:

Quem se preocupa com a situação dos antigos combatentes?

«Ainda a quente, no rescaldo das eleições, talvez seja bom lembrar que, antes delas, a Liga dos Combatentes tentou sensibilizar os partidos com assento parlamentar, para as conclusões do Congresso dos antigos combatentes, que demonstraram as dificuldades e os obstáculos com que estes antigos militares e suas famílias se defrontam.

Essa acção consubstanciou-se numa carta subscrita pelo General Chito Rodrigues, Presidente da Direcção Central da Liga dos Combatentes e que dizia: Carta aos Partidos.

A carta é a seguinte:




Que cada um tire as suas ilações.

Um abraço Amigo,
Magalhães Ribeiro
Sócio Combatente Nº 128.897

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5072: Direito à Indignação (1): Abaixo de cão, isto é uma vergonha! (Mário Pinto)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos uma mensagem de revolta e indignação.

Camaradas,


ABAIXO DE CÃO - ISTO É UMA VERGONHA


Acabo de receber uma carta da Segurança Social, que me informa sobre o suplemento especial de pensão, que mereço como ex-Combatente desta Lusa Pátria.

Fiquei estupefacto pelo modo de cálculo para a sua atribuição, dado que o mesmo me corta, e creio que a todos os Camaradas em geral, em relação ao ano anterior, cerca de 50% do valor
recebido. Isto é uma injustiça indigna e revoltante de todo o tamanho, que nos é prestada pelos nossos (des)governantes em relação a nós - Veteranos de Guerra.

Nós, os que estivemos na Guiné, por não termos cumprido 24 meses de comissão, somos descriminados em relação aos nossos Camaradas, que cumpriram esse tempo neste e noutros teatros de Guerra, nomeadamente os que tiveram em Luanda, que para o efeito continuam a ver contado o seu tempo a 100%.

Estes “senhores” criaram a Lei n.º 3/2009, de 13 de Janeiro, nítida e objectivamente para nos
prejudicar.

Isto é duma injustiça de carácter maquiavélico, dando-me vontade de mandar estes políticos governantes meterem o subsídio num sítio, que eu agora não digo pelo respeito aos nossos leitores e Amigos.

Se não fosse eu dar aos míseros Euros (leia-se esmola) que vou receber, outro destino mais benéfico, acreditem meus amigos que eu o faria.

É revoltante como estes politicozecos de m... nos continuam a tratar assim… abaixo de cão.

Como vários camaradas nossos já aqui têm afirmado, é necessário cerrar fileiras para fazermos ouvir a nossa voz.

Vamos em frente!

Contem comigo!

Haja quem toque a reunir as tropas!

Certo que não estarei sozinho, alinharei na primeira linha!






Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art


Imagens: Mário Pinto (2009). Direitos reservados.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3935: Banalidades da Foz do Mondego (Vasco da Gama) (II): O artigo da Visão e o meu direito à indignação

1. Mensagem do Vasco da Gama, ex-Cap Mil da CCAV 8351, Cumbijã, 1972/74:


Neste texto a seguir, o nosso camarada, figueirense exerce o seu direito à indignação...

PORRA! NÃO QUERO NEM PEÇO NENHUM RECONHECIMENTO, MAS NÃO ADMITO SER OFENDIDO.



BANALIDADES DA FOZ DO MONDEGO II > AINDA O POSTE 3925 (*)


[Bold, a cor, da responsabilidade do editor, L.G.]

Comandante Luís Graça,

Sempre preferi o silêncio dos bastidores à luz da ribalta e, para o meu gosto, estou a aparecer demasiadas vezes.

Obrigado pela publicação do meu pobre e singelo comentário (**), mas a singeleza é sinónimo de sinceridade, que tanto prezo e tento manter em tudo o que faço.

Quando hoje reli o comentário do nosso camarada Torcato, que não tenho o prazer de conhecer pessoalmente, comentário esse que referi no texto que te enviei e que me ajudou a escrevinhá-lo na parte que diz respeito ao Gen Spínola, fiquei com a pulga atrás da orelha no que diz respeito a uma citação que ele retira da revista Visão. Como não tinha lido a Visão e a tinha procurado, sem êxito, por Buarcos, pedi a pessoa amiga que fizesse o favor de me enviar o referido texto. Vou completar a citação que o nosso camarada Torcato faz, dando à luz todo o parágrafo:

“ Raramente havia combates frontais, sendo as explosões de minas e os acidentes de viação as principais causas das baixas entre as tropas portuguesas, que recorriam à concentração das populações em aldeias estratégicas, ao uso de napalm e até mesmo aos massacres como armas ditadas pelo desespero.”

Caros camaradas: de que estamos à espera para reagir a um texto destes que diz preto no branco que, para além dos ralis que fazíamos e que pelos vistos provocavam imensas vítimas com os despistes dos nossos bólides, para além de umas minas que explodiam de quando em vez, fomos também assassinos que recorriam a massacres e ao napalm?


Como é possível ficarmos indiferentes a baboseiras destas, se nos lembrarmos de todos os mortos que tivemos em combate, dos camaradas que ficaram estropiados para toda a vida, da fome, do frio, dos paludismos, das condições desumanas em que vivemos, do sacrifício do abandono das nossas famílias, da interrupção dos estudos que poucos retomariam, de famílias desfeitas, de empregos perdidos…


Ataque-se o regime, ataquem-se os governantes de então, ataquem-se os grandes comandantes militares, mas não belisquem nem a honra nem a dignidade dos que eram obrigados a ir combater.

PORRA! NÃO QUERO NEM PEÇO NENHUM RECONHECIMENTO, MAS NÃO ADMITO SER OFENDIDO.

Por favor, camaradas, alguém com capacidade de escrita ensine a esta gente o quão importante foi a nossa geração.

Temos escritos magníficos no nosso blogue; há que juntá-los, há que os publicar, há que os divulgar para fora do nosso círculo, se não por nós, que seja feito em memória dos nossos camaradas mortos em combates frontais!

Um abraço, nervoso, do camarada e amigo

Vasco

2. Comentário de L.G., editor:

Os amigos e camaradas que queiram comentar o texto da Visão, assinado por Luis Almeida Martins (é sempre aconselhável lê-lo primeiro, na íntegra), e em especial o polémico parágrafo citado pelo Vasco da Gama (i), poderão fazê-lo, directamente, no nosso blogue, mas também poderão enviar uma mensagem para o Correio dos Leitores, daquele semanário.

A mensagem a enviar deverá conter até 60 palavras (no máximo), além do vosso nome, morada e tefefone. Deve ser enviada por mail. O endereço electrónico da Visão é: visao@edimpresa.pt

A revista sai às quintas-feiras.

(i) O parágrafo completo é o seguinte (pp. 50-51):

"Principiada em Angola em 1961, a guerra colonial na sua nova faceta menos tribal e politicamente mais organizada estendera-se à Guiné em 1963 e a Moçambique em 1964. Não de tratava de uma guerra de frentes, mas de uma intrincada sucessão de acções de guerrilha, difícil de travar e desafiadora de qualquer planificação eficaz. Raramente havia combates frontais, sendo as explosões de minas e os acidentes de viação as principais causas das baixas entre as tropas portuguesas, que recorriam à concentração das populações em aldeias estratégicas, ao uso de napalm e até mesmo aos massacres como armas ditadas pelo desespero."



__________




Que imagem vamos passar aos nossos filhos e netos ? Nós fomos combatentes, não fomos assassinos! - é a reacção generalizada dos veteranos da guerra da Guiné, a este excerto de um artigo ("Portugal e o passado"), de Luís Almeida Martins, evocativo dos 35 anos da publicação do livro de Spínola, Portugal e o Futuro , na edição da revista Visão, desta semana (nº 833, 19 a 25 de Fevereiro de 2009, pp. 50-51)...

Na mesma semana, por ironia, em que há algumas dezenas de homens e até de mulheres, ex-combatentes da guerra colonial (na sua maioria), que seguem, por terra, em caravana, do Porto, de Coimbra e de Portimão, a levar ajuda humanitária a (e a matar saudades de) um povo que eles consideram irmão...

Não vi a imprensa de Lisboa (rádio, televisão, jornais) dedicar 30 segundos ou um parágrafo sequer a este pequeno grande evento, que culmina meses e meses de trabalho, anónimo e voluntário, e que é bem revelador do sentido de nobreza, compaixão, generosidade, ecumenismo fraternidade e solidariedade de um povo... Não são as sobras dos ricos que eles levam em contentores que já seguiram por mar, mas sim artigos essenciais que fazem muita falta às crianças da Guiné-Bissau, na sua maioria material escolar, didáctico e sanitário... E até um parque infantil, o primeiro de Bissau, vai ser montado desta vez! (LG).







Visão nº 833, de 19 a 25 de Fevereiro de 2009 > Artigo de Luís Almeida Martins, "Portugal e o passado" (pp. 50-51). O nosso camarada Vasco da Gama, ex-Cap Mil da CART 8351 (Cumbijã, 1972/74), não gostou do que o jornalista escreveu, a propósito do quotidiano da guerra colonial:

"Raramente havia combates frontais, sendo as explosões de minas e os acidentes de viação as principais causas das baixas entre as tropas portuguesas, que recorriam à concentração das populações em aldeias estratégicas, ao uso de napalm e até mesmo aos massacres como armas ditadas pelo desespero."...

 
__________

Notas de LG.:

(*) Vd. poste de 23 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3925: Efemérides (16): Portugal e o Futuro, de António Spínola, um best-seller há 35 anos

(**) Vd. poste anterior desta série de 24 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3929: Banalidades da Foz do Mondego (Vasco da Gama) (I): Antes que me chamem spinolista...