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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13955: Álbum fotográfico do alf mil art João Calado Lopes (BAC1, 1967/69): Bambadinca, vista do alto da antena de comunicações (Parte II)



Foto nº 28 > Bambadinca > c. 2º semestre de 1968 > Foto nº 28  >  Vista do quartel de Bambadinca, do alto da antena das comunicações (*),  na direção norteste-sudoeste (ao fundo, à esquerda,  o início da enorme  bolanha de Bambadinca, e as instalações do comando, quartos e messes de oficiais e sargentos; ao centro, a rua principal, que aatrevassa o arquelamento no sentido leste (Bafatá) - oeste (Xime) e o telhado da capela).  

Popr esta "rua" que devia o aquartelameno ao meio, passaram dezenas e dezenas de milhares de homens, ao lomgo da guerra, desembarcados em LDG no Xime (a 12 km) e em trânsito para todo leste: setor L1 (Bambadinca), setor L2 (Bafatá), setor L5 (Galomaro), setor L4 (Nova Lamego), setor L5 (Piche) e setor L6 (Pirada)... Todos tinham que passar, obrigatoriamente, por Bambadinca...

Do lado direito da foto, vê-se  o início de um conjunto de casernas (onde ficavam as praças da CCS, paralelas ao campo de futebol, à rede de arame farpado e da pista de aviação.




Foto nº 28  A > Bambadinca > c. 2º semestre de 1968 >   As instalações, construídas pelo BENG 447 (Bissau), em 1968,  ao tempo do BART 1904 (1967/68),  eram ainda muito recentes...Vê-se pelo tamanho das árvores, plantadas frente às instalações (, edifício em U. (messes e quartos) de oficiais e sargentos ( à esquerda)e do comando de batalhão (à direita)... 

Por aqui passaram, desde a sua construção, desde o 2º semestre de 1968 até setembro de 1974  os seguuintes cinco batalhões (**): 

(i) BART 1904 (fev-out 1968); (ii)  BCAÇ 2852 (out 1968-junho 1970); (iii) BART 2917 (mai 1970 - mar 1972); (iv) BART 3873 (dez 1971-abr 1974); e (v) BCAÇ 4616/73 (abr- set 1974)


Foto nº 28 ~B > Bambadinca > c. 2º semestre de 1968 > Do lado direito, as instalações dos sargentos (messe e quartos); do lado esquerdo, oficinas auto e a o depósito de engenharia.  Nas traseiras do depósito de engenharia e das  oficinas auto, deveria existir, na época, um abrigo ou um espaldão para a bazuca 8.9... No meu tempo, foram abertas valas ao longo de todo o vasto perímetro do aquartelamento. O aquartelanmento foi atacado em 28 de maio de 1969 por um força IN estimada em 100 homens, com 3 canhões sem recuo, 
 

Foto nº 28 C > Bambadinca > c. 2º semestre de 1968 > vista parcial do edifício em U (instalações de oficiais e sargentos), vendo-se a entrada (porta) para os quartos e messe de oficiais (lado direito): é visível a rede de arame farpado do lado sul do aquartelamento. sobranceiro à grande bolianha de Bambadinca, como o espaldão (circular) do morteiro 81... No tempo em que estive em que estive em Bambadinca (julho de 1969/março de 1971) não havia artilharia. Julgo que o autor destas fotos, o João Calado Lopes, alf muil art, BAC1, nunca esteve colocado enquanto tal, mas sim em trânsito para o leste (Piche).  O Torcato Mendonça, da CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69) também não se recorda ver obuses instalados em Bambadinca. No nosso tempo havia dois pelotões do BAC1,  um em Mansambo e outro no Xime. Qualquer destes aquartelamentos também só teve obuses 105 mm, Krupp  (ou 10.5, como dizíamos).




Foto nº 28 D > Bambadinca > c. 2º semestre de 1968 >  Edifício do comando de batalhão (incluindo o gabinete de planeamento de operações)... Ao fundo, do lado direito, descortina-se algumas tabancas que pertenciam ao reordebnamento de Bambadincazinho (ou Bambadincazinha, como o Beja Santos lhe chama).,

Conferir estas imagens com as vistas aéreas de Bambadinca que temos publicado, nomeadamente as do álbum do Humberto Reis. Praticamente a totalidade das instalações e edifícios de Bambadinca da época de 1969/70 estão identificados. Conferir aqui.

Foto: © João Calado Lopes (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]
____________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 28 de novembro de  2014 > Guiné 63/74 - P13952: Álbum fotográfico do alf mil art João Calado Lopes (BAC1, 1967/69): Bambadinca, vista do alto da antena de comunicações (Parte I)

(**) Vd.poste de  27 de agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3151: Unidades sediadas em Bambadinca entre 1962 e 1974 (Benjamim Durães)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13947: Fotos à procura de... uma legenda (45): o obus 10,5 (ou 105 mm, Krupp), de Mansambo, onde, em 1968, o Torcato Mendonça posou para a posteridade... com o seu relógio Rolls Royce Breitling, comprado no libanês de Bafatá!





Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > O alf mil Torcato Mendonça junto a obus 10,5 ou 105 mm.


Foto: © Torcato Mendonça  (2007). Todos os direitos reservados [Edição: LG]

1. Um leitor nosso, Luís Laranjeira, militar da marinha  que se interessa pela temática da artilharia de campanha (usada na guerra de África) (*), mandou-nos o seguinte pedido:


Boa tarde,

Vi no seu blog [, no poste P6929] (**), a foto que anexo [, vd, acima,], pode dizer o que o obus tem escrito no cano?

Com os meus melhores cumprimentos,

Luis Laranjeira

PS - foto de Torcato Mendonça. Legenda: "Fotos Falantes II > Sem título > Mansambo > Junto do obus 10,5"

2. Reeditei a foto, a partir do original, que guardo em arquivo e remeti ao seu autor, com o seguinmte pedido:

Torcato: O obus 10.5 era de origem alemã, marca Krupp... No cano parece ler-se N(M)agul 1895(6)... Magul 1895 ou 6 ? Nagul ? Magol ?... Ampliei o mais que podia... Tens alguma ideia ?

Boa noite... Luis

3. Resposta pronta do meu amigo e camarada Torcato Mendonça:

Não sei,  Luís e também ampliei. O relógio é um Royce (Breitling - linha branca), vendido por um Libanês de Bafatá.  Para me convencer um Unimog (grandes?) com malta passou por cima de um... Preço ? Menos que uma mina anti-carro, 2000 pesos, mas lá perto,  se bem me lembro.  Está ali a funcionar bem, com cronómetro e tudo. 

A foto é de 68 e eu vim em Dezembro de 69,  dia 10.
Tenho que escrever ou contar algo sempre...feitios de caca...
Ab,T.

4. Comentário de L.G.:

Pode ser que algum artilheiro da Tabanca Grande possa ajudar o pobre  infante do editor a dar a competente resposta ao pedido de esclarecimento feito pelo o nosso 1º sargento da Marinha, Luís Laranjeira,  que nas horas vagas se dedica, como "hobby", à construção de modelos de peças de artilharia e carros de combate...

O dono da foto, Torcato Mendonça, era atirador... de artilharia. Nunca percebi que raio de especialidade era essa, tal como a minha (armas pesadas de infantaria... a única que me deram no TO da Guiné foi a G3 que pesava, diziam os manuais, 4,4 kg, descarregada...).

Lembro-me de ver no Xime a inscrição do fabricante alemão, Krupp, num obus 105 mm. Mas não sei o significado da inscrição que está no cano deste obus de Mansambo... Magul 1895 ? Temos de perguntar á malta do BAC 1. Ou a quem saiba responder (***).

Ouvia-se bem em Bambadinca, quando ele começava trabalhar, no meu tempo (1969/71)... Havia mais dois, se não erro, deste calibre. Nunca houve obus 14 no setor L1,  pelo menos no meu tempo. O 10.5  do Xime era curto para bater algumas zonas da margem direitra do Rio Corubal  onde fazíamos operações, como o Poindom / Ponta do Inglês...

Quanto ao nosso amigo Luís Laranjeiro, teremos muito gosto em ajudá-lo, cedendo-lhe cópias de imagens com melhor resolução do que as publicadas no blogue (e que em geral  tem  resolução *a volta de 0,5 MB). Ele que nos volte a contactar.

_________________

Notas do editor:

(*)  O nosso leitor já há tempos nos tinha contactado há uns tempos atrás:

De: Luis Laranjeira
Data: 24 de Março de 2014 às 18:33
Assunto: Artilharia em África

Boa tarde, Chamo-me Luis Laranjeira, tenho 44 anos e sou militar, 1º Sargento Artilheiro, na Marinha.

Como hobby, construo modelo à escala (1/35) de carros de combate e especialmente peças de Artilharia na mesma escala.

Quando faço pesquisas no Google, sobre Artilharia Portuguesa durante a guerra em Africa, encontro sempre o Vosso blog fotografias de peças de artilharia. O único problema é que estão com pouca definição e dificilmente se conseguem ver pormenores, que preciso para a construção dos modelos terem o rigor que desejo.

Deste modo, pergunto se me podem facultar fotografias, de peças de Artilharia Portuguesas com melhor definição, comprometendo-me em nunca as publicar, seja lá onde for.

Com os meus melhores cumprimentos, Luis Laranjeira.

(**) Vd. poste de 4 de setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6929: Parabéns a você (147): Torcato Mendonça, 66 anos, uma referência do nosso blogue, um português pré-esforçado, um orgulhoso ex-combatente (Luís Graça)

(***)  Último poste da série > 25 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13939: Foto à procura... de uma legenda (44): na Tasca do Zé Maria, na Bambadinca ribeirinha, comendo lagostins do Rio Geba Estreito... Na foto, Humberto Reis, Tony Levezinho e José António Rodrigues (já falecido)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6726: Memórias do Bachile, chão manjaco (1): O que será feito do menino Augusto Martins Caboiana ? (António Branco, ex-1º Cabo Reab Mat, CCAÇ 16, 1972/74)



Guiné > Região de Cacheu > Teixeira Pinto > Bachile > CCAÇ 16 > O António Branco, junto ao obus 10,5 com  a mascote da companhia, um menino do mato, Augusto Martins Caboiana, que todos os camaradas da CCAÇ 16 adoptaram e ajudaram a crescer...



Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Bachile > CCAÇ 16 > O António Branco  e o João Pereira no espaldão do Mort 81.




Guiné > Região de Cacheu > Teixeira Pinto > Bachile > CCAÇ 16 > O António Branco, na "tradicional foto na árvore de grande porte" [, poilão].





Guiné > Região de Cacheu > Teixeira Pinto > Bachile > CCAÇ 16 > Natal de 1973 > O Augusto, feliz e sorridente, foi o motivo principal  do cartão de boas festas do Natal de 1973.





Guiné > Região de Cacheu > Teixeira Pinto > Bachile > CCAÇ 16 > Natal de 1972 > Cartão de boas festas





Guiné > Região de Cacheu > Teixeira Pinto > Bachile > CCAÇ 16 > 22 de Julho de 1973 > Um convite criado pela "comissão de festas"...

Fotos: ©António Branco (2010). Direitos reservados

1. Mensagem do António Branco, um dos membros mais recentes da nossa Tabanca Grande (*)


Data: 11 de Julho de 2010 22:19

Assunto: Memórias do Bachile


Camaradas

Hoje resolvi partilhar um pouco,  ainda que de forma superficial, a minha experiência vivida durante cerca de dois anos no Chão Manjaco, Bachile e CCAÇ 16.

Não pretendo evidenciar os momentos mais belicistas desta minha experiência, porque isso deixo para os mais entendidos na matéria, quero sim antes de mais realçar quanto para mim foi gratificante experienciar os contactos sociais mais diferenciados.

Na totalidade na companhia éramos apenas,  se a memória não me falha, cerca de trinta metropolitanos das mais diversas origens, das mais variadas classes sociais e com níveis de cultura diferentes.

Mas estas diferenças não eram minimamente visíveis no dia-a-dia, porque entre todos sempre existiu uma enorme cumplicidade tal como se de uma família se tratasse.

O facto de a maioria dos camaradas terem ido para o Bachile em rendição individual, a meu ver proporcionou uma maior e mais forte aproximação, camaradagem e solidariedade entre todos.

Recordo com muita frequência que um problema,  de qualquer um de nós, era um problema de todos e só descansávamos quando se possível o problema conseguia ser sanado.

Quando havia motivos para festejar, festejávamos todos, reforçando assim esse espírito familiar que se vivia.

Todos os dias e nas mais diversas situações, aprendíamos algo uns com os outros, todos os dias se cimentava a cumplicidade de um grupo de homens que,  apesar da sua juventude, tinham bem presentes valores cada vez mais difíceis de encontrar.

Com os militares africanos sempre tive um extraordinário relacionamento, encontrei muito boa gente e compreendi muitas vezes as suas frustrações.

O Augusto Martins Caboiana, um menino que todos ajudámos a cria, e do qual gostava de saber o seu paradeiro,  foi estou em crer um ponto marcante para todos que passaram pelo Bachile.

Em anexo algumas fotos do Augusto que camaradas de outras companhias, enfermeiras pára-quedistas e camaradas da Força Aérea concerteza recordarão.

Não refiro outros nomes para não ferir susceptibilidades, pois a memória e o tempo decorrido já não permite que os recorde a todos, até porque enquanto desempenhei funções no bar de sargentos foram muitos os camaradas de outras companhias com quem convivi quando da sua passagem pelo Bachile com destino a operações na zona da Caboiana.

Falta-me referir o privilégio que foi contactar com muita da população civil que nas mais diversas situações foi sempre de uma extrema cordialidade, humildade e sem dúvida merecedora de uma vida melhor.

Aprecio imenso todas as iniciativas de origem particular de apoio à população da Guiné e estou sempre muito atento a tudo o que com esta terra se relacione.

Tenho esperança de vir ainda a encontrar mais camaradas que estiveram no Bachile para que com a experiência de cada um contar a história daquele que foi um simples bocado de terra rodeado de mato por todo o lado e que hoje pouco ou nada sabemos como é.

Voltarei à tabanca com mais relatos de experiências guardadas na memória e com mais fotos que espero ajudem a reencontrar outros camaradas.

Um abraço para todos

António Branco

Exz-1º Cabo Reabastecimento Material
CCAÇ 16  -Bachile  (1972/74)


_______________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 10 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6709: Tabanca Grande (228): António Branco, ex-1.º Cabo Reab Mat da CCAÇ 16, Bachile, 1972/74


(...) Sou natural de Lisboa onde nasci em 24-06-1950 e onde ainda resido. Estou presentemente reformado após ter passado por um período de três anos desempregado e sem poder exercer a minha actividade na área do sector automóvel que iniciei com quatorze anos.


Na sequência da situação de desempregado, ocupei o tempo disponível melhorando o meu nível de escolaridade completando o ensino secundário e consequentemente entrei no mundo das novas tecnologias.


Foi assim que acedi ao blogue que faz já parte dos meus favoritos e que visito diariamente pois sou fã incondicional de tudo o que diz respeito à Guiné e muito particularmente ao Bachile e à CCAÇ 16.


E foi através desta enorme família residente na tabanca que decorridos 38 anos consegui encontrar lá longe na China o ex-Capitão José Martins, o ex-1.º Cabo Operador Cripto Miranda, o ex-Furriel Bernardino Parreira, o ex-Furriel José Romão e mais recentemente o ex-1.º Cabo Mecânico Auto João Pereira. (...).

Vd. também poste de 6 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6680: O Nosso Livro de Visitas (92): A. Branco, CCAÇ 16, Bachile, chão manjaco, 1971

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5557: Cancioneiro do Xime (2): Sangue, suor e lágrimas (Manuel Moreira)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Xime > 1969 ou 1970 >  Im histórico do nosso blogue, o ex-Fur Mil Op Esp Humberto Reis, da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71, junto a um dos três Obuses 105 mm, de fabrico Krupp (eu próprio identifiquei a chapa com a marca de fabrico), que defendiam o aquartelamento do Xime (CART 2715, 1970/72).

Era uma arma da  II Guerra Mundial. O seu alcance, médio, não lhe permitia defender o destacamento da Ponta do Inglês, junto à Foz do Corubal.   Este destacamento, guarnecido por um Grupo de Combate da CART 1746, a que pertencia o Manuel Moreira (mas também o Gilberto Madail, figura pública, ligada ao mundo do futebol), foi abandonado pelas NT em finais de 1968. O Manuel Moreira,  que é membro da nossa Tabanca Grande, bem poderia contar-nos como foram os últimos tempos passados na Ponta do Inglês.  A CART 1746 esteve  em Bissorã  (Região do Oio), de Julho de 1967 a Janeiro de 1968,  e o resto do tempo, Junho de 1969, no Xime (Zona Leste) (*).

Foto: © Humberto Reis (2005). Direitos reservados



1. Letra que nos foi enviada pelo nosso camarada Manuel Vieira Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746 (Bissorã, Xime e Ponta do Inglês, 1967/69)


Sangue, Suor e Lágrimas
por Manuel Vieira Moreira



1
Muitas noites tenho passado,
Na Guerra bem acordado,
Por não conseguir dormir.
Com os olhos sempre alerta,
Pois é sempre pela certa
Que os Turras cá possam vir. (Bis)

2
Certa noite fui acordado
E por estrondos alarmado,
Às duas da madrugada.
Mas rapidez é comigo,
Corri logo a um abrigo
P'ra responder de rajada. (Bis)

3
A nossa bela Nação
Defendo-a do coração,
Estas são as minhas dádivas.
Misturadas com a dor,
Lágrimas, Sangue e Suor,
Suor, Sangue e Lágrimas. (Bis)(Final)

Do Fado: Saudade, Silêncio e Sombra
Xime, 20 de Dezembro de 1968

______________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes de:

29 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5026: Parabéns a você (30): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69 (Editores)

27 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3526: Tabanca Grande (99): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69

31 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1009: Cancioneiro do Xime (1): A canção da fome (Manuel Moreira, CART 1746)

segunda-feira, 30 de março de 2009

Guiné 63/74 - P4106: No 25 de Abril eu estava em... (8): Pirada, a ferro e fogo (Joaquim Vicente Silva, 3ª CCAV / BCAV 8323)

Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Pirada > 3ª CCAV / BCAV 8323 (1973/74) > O 1º Cabo Joaquim Vicente Silva, em 26 de Abril de 1974, com os restos das lembranças do ataque do dia anterior. (Neste caso, parte de um foguetão 122 mm).

Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Pirada > 3ª CCAV / BCAV 8323 (1973/74) > Bateria anti-aérea montada pelas NT, em Pirada, já depois do 25 de Abril.

Fotos: © Joaquim Vicente Silva (2009). Direitos reservados


1. Mensagem do nosso camarada e amigo António Graça de Abreu:


Assunto - Joaquim Vicente da Silva: Ataque a Pirada em 25 de Abril


Meus caros Luís e Carlos Vinhal

Envio-vos este texto escrito pelo meu amigo do talho de S. Miguel de Alcainça. O texto é dele, eu não tenho nada a ver com isto, excepto ter limado algumas frases. O Joaquim não sabe usar computador.

Este texto é uma boa resposta ao general Almeida Bruno quando fala do 'Bando' que não participava em operações, nem saía dos aquartelamentos. O homem, general, tem de se penitenciar porque disse uma inverdade muito grande que mexe com todos nós, que obrigados (não foi o caso dele!) passámos pela Guiné.

Um abraço,

António Graça de Abreu



2. O dia 25 de Abril de 1974, em Pirada, a ferro e fogo (*)por Joaquim Vicente da Silva


O dia 25 de Abril de 1974, em Pirada, a ferro e fogo Apresenta-se o 1º cabo atirador 045385/73, Joaquim Vicente da Silva (na foto, à esquerda), da 3ª companhia do BCav 8323, comandado pelo coronel Jorge Matias, estacionada em Pirada, Guiné, 1973/1974.

Vivo em S. Miguel de Alcainça, a terra onde nasci, perto de Mafra e da Malveira, e sou o dono do talho de Alcainça. No blogue, o António Graça de Abreu, que tem casa aqui na terra, já falou em mim e entusiasmou-me a escrever para o blogue do Luís Graça e dos camaradas da Guiné.

Junto três fotografias minhas, a primeira em Pirada a 26 de Abril de 1974, com os restos das lembranças do ataque do dia anterior, outra de como sou hoje e a última de uma bateria anti-aérea que foi montada por nós, em Pirada, já depois do 25 de Abril.

Vou contar a história do violento ataque que sofremos em Pirada,  exactamente no dia 25 de Abril de 1974.

No dia 25 de Abril de madrugada, saímos dois pelotões, mais os sapadores. Fomos levantar algumas minas que estavam na picada em direcção a Gabu (Nova Lamego). Regressámos a Pirada por volta das dez da manhã. Participei nesta saída, tínhamos de fazer a protecção aos sapadores.

Eram mais ou menos dez e meia, eu já tinha tomado banho e estava no meu quarto, abrigo nº. 1, deitado em cima da minha cama e ouvi um pequeno estalido. Um colega que estava cá fora sentado num banco, gritou logo:

-Saiam para a vala que isto é o início de um ataque!...

Naquele dia o PAIGG bombardeou Pirada com muitos mísseis e morteiros, alguns caíram bem perto do local onde eu me encontrava, eu não morri por sorte. A meu lado, morreram três africanos nossos colegas, um míssil caiu-lhes aos pés e cortou-os em pedaços. Nunca tinha visto nada daquilo. Fiquei horrorizado, ainda hoje mexe comigo.

Nós, soldados brancos, não morremos nenhum, porque estávamos bem agachados nas valas ou trincheiras. Vieram juntar-se a nós vários oficiais, incluindo o alferes médico que nos disse para nos espalharmos mais pelas valas porque aquilo estava a ficar feio.

Este bombardeamento durou cerca de duas horas. Nós respondemos com os morteiros 81, os nossos obuses 10.5 e o nosso obus 14 que estava junto ao aeroporto de Pirada.  Bajocunda também nos deu apoio de fogo com o obus 14 deles. Foi um inferno. Só se ouviam bombas a voar, outras a assobiar e a rebentar por cima ou perto de nós.

Assim que terminou o ataque, mandaram-nos equipar para sair. Fomos patrulhar em volta de Pirada e encontrámos, para o lado do Senegal,  o mato todo a arder, mas felizmente não vimos ninguém do PAIGC. Caiu um míssil na casa de um comerciante branco, de nome António Palhas, que escapou ileso, mas morreram seis africanos que estavam noutro compartimento da casa.

Nesse dia,  nós, cabos e soldados,  não sabíamos nada do que estava a acontecer cá na Metrópole. Só à noite, através da BBC é que tivemos conhecimento do golpe de Estado. Foi uma grande alegria para todos nós porque pensámos logo que a guerra acabava naquele dia. Festejámos com muitas cervejas.

No dia seguinte na telefonia, começámos a ouvir a Grândola, Vila Morena e outras músicas do Zeca Afonso. A guerra ia acabar, que alegria!

____________

Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste desta série > 4 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3561: No 25 de Abril eu estava em... (5) Bissau, ouvindo vivas a Spínola, pai do nosso povo (J. Casimiro
Carvalho)


Postes anteriores:

22 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3498: No 25 de Abril eu estava em... (4) Agrupamento de Transmissões, Bissau (Belarmino Sardinha)

1 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3262: No 25 de Abril eu estava em... (3): Gadamael e depois Cufar (José Gonçalves, ex-Alf Mil Op Esp, CCAÇ 4152)

19 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2963: No 25 de Abril eu estava em... (2): Gadamael e a vontade de lutar do PAIGC também era pouca (Anónimo, Alf Mil Op Esp)

14 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2939: No 25 de Abril eu estava em... (1): Guidage (João Dias da Silva, CCAÇ 4150, 1973/74