domingo, 3 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13458: Blogues da nossa blogosfera (67): Jovens da Aldeia de Molianos na Guerra da Guiné, no Blogue Molianos, viajando no tempo (António Eduardo Ferreira)

1. Transcrição de uma publicação do Blogue Molianos, viajando no tempo, do nosso camarada António Eduardo Ferreira (ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493/BART 3873, Mansambo, Fá Mandinga e Bissau, 1972/74), dedicada aos seus conterrâneos que prestaram serviço no TO da Guiné:


JOVENS DA ALDEIA DE MOLIANOS NA GUERRA DA GUINÉ

Durante os últimos 13 anos de domínio colonial português, cerca de 40 jovens naturais da aldeia de Molianos foram mobilizados para a guerra que se desenrolava nas colónias portuguesas, Angola, Guiné e Moçambique. Três, com um pouco mais de “sorte” foram mobilizados para Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor.

Este trabalho  procura dar a conhecer, ainda que resumidamente, o que foi a passagem pela Guiné dos 14 jovens de então, que, naquela que poderia ter sido a melhor fase da sua vida, tiveram de deixar tudo e partir para um local onde a única certeza era a de ir para um cenário de guerra.
Todos caminhámos por aquelas picadas de terra vermelha, muitos rios, bolanhas, matas que nos tempos de hoje certamente são lindas de ver, mas naquele tempo, para quem tinha de as percorrer debaixo de um sol tórrido ou de chuvas torrenciais, correndo o risco de pisar uma mina, ser atravessado por uma bala, ou crivado de estilhaços, as coisas eram bem diferentes.

mira


gustavo

O José Gustavo da Silva assentou praça em julho de 1963, foi o primeiro  militar da nossa aldeia a ser mobilizado para a Guiné, foi com o posto de soldado e especialidade de armas pesadas.
Na foto podemos ver a sua companheira inseparável nos momentos de maior incerteza, a bazuca.
Embarcou no navio Quanza no dia 8 de janeiro de 1964.
Pertenceu à CCAÇ 618, que esteve em S. Domingos, Varela e Binar. Tiveram seis baixas na companhia, duas por acidente, afogamento no rio… e quatro em combate.
Regressou à metrópole no navio Uíge a 2 de fevereiro de 1966.

geirinhas

Manuel da Silva Ferreira, foi mobilizado com o posto de soldado e especialidade de corneteiro, pertenceu à CCAÇ 1426, que esteve em Geba, Camacudo, Banjara e Catacunda.
Embarcou com destino à Guiné em 18 de agosto de 1965 chegando seis dias depois a Bissau.
Na foto está junto a uns bidons, que depois de vazios de combustível, não raramente, eram cheios de terra e utilizados em abrigos para proteção de fogo inimigo.
No regresso à metrópole embarcou a 3 de maio de 1967.
Chegou no dia 9 a Lisboa.(*)


silva


José da Silva assentou praça a 25 de outubro de 1975.
Embarcou para a Guiné a 20 de abril de 1966, com o posto de soldado. Pertenceu à CCAÇ 1549, que esteve em Tite, Fulacunda e Quinhamel.
Na foto vêm-se alguns troncos que podem ser apenas árvores derrubadas, ou, a cobertura de  algum abrigo subterrâneo.
Embarcou de regresso à metrópole a 26 de dezembro de 1977.(*)



Peralta

Alberto Pedro Ferreira Peralta, 1.º cabo com a especialidade de atirador, embarcou para a Guiné no navio Uíge a 14 de julho de 1967.
Pertenceu à CCAV 1749, que esteve em Mansoa e Mansabá. Durante alguns meses desempenhou as funções de cabo de rancho.
O acontecimento que mais o marcou durante a comissão, foi quando sofreram uma emboscada em que as nossas tropas sofreram duas baixas. A companhia teve oito baixas todas em combate.
Regressou à metrópole no navio Niassa a 13 de junho de 1969.



Atalivio


Atalívio Alexandre Ferreira,  1.º cabo, foi mobilizado com a especialidade de cozinheiro, da nossa aldeia para aquela província foi o único, embarcou para a Guiné em Lisboa no dia 28 de Outubro de 1967 no navio Uíge. Chegou a Bissau a 2 de novembro.
Integrou a companhia 1787 que esteve em Empada.
No regresso à metrópole, embarcou a 23 de agosto de 1969.
Desembarcou em Lisboa a 28 do mesmo mês.



carreira
José Fernando Carreira Coelho assentou praça no mês de novembro de 1967, soldado com a especialidade de condutor auto, embarcou para a Guiné no navio Uíge no dia 11 de agosto de 1968.
Pertenceu à CART 2410, “Os Dráculas” que esteve em Bissau, Cacheu, Bachil, Gadamael Porto, Ganturé e Guileje. Tiveram três baixas na companhia, uma das muitas ocorrências que apesar do tempo que passou  não mais esqueceu, foi a mina que os picadores levantaram na picada à frente da viatura que conduzia.
Regressou à metrópole no navio Ana Mafalda a 18 de abril de 1970.
Viajem atribulada na maior parte do trajeto, só porque era o regresso a casa  a amenizou um pouco, mas ainda recorda o desconforto por que passaram.


escriturario

António Reis Pavoeiro assentou praça em julho de 1969.
Foi mobilizado em rendição individual para a Guiné com o posto de 1.º Cabo e especialidade de escriturário, viajou no navio Alfredo da Silva, um dos vários que fazia transporte de pessoal e mercadorias entre a metrópole e aquela província.
Passou toda a comissão em Bolama, local, em que durante o tempo que lá esteve foi flagelado apenas duas vezes, à distância, com foguetões, sem consequências.
Regressou à metrópole em avião no dia 3 de agosto de 1972.




faust
José Fernando Pimenta Faustino, assentou praça em agosto, soldado condutor auto embarcou para a Guiné em 12 de março de 1971 no navio Uíge. Foi em rendição individual.
Esteve seis meses em Teixeira Pinto, CAOP 1, o resto da comissão foi passado em Bissau. Veio uma vez de férias à metrópole.
Regressou por via aérea a 8 de fevereiro de 1973.
Ainda tem em seu poder os recibos do ordenado que recebia, 1.157 escudos, dos quais, 150 correspondiam ao chamado prémio de viatura.





Francisco Pereira Louro, embarcou para a província da Guiné em 12 de março de 1971, foi em rendição individual, esteve no Pelundo

Única informação disponível. (*)

Berna

José dos Reis Pavoeiro foi mobilizado para a Guiné com a especialidade de corneteiro, para onde embarcou a 16 de setembro de 1971.
Esteve em Teixeira Pinto.
Foi juntar-se ao irmão, António, que já lá se encontrava há cerca de 13 meses.
Durante o tempo que durou a guerra colonial nas várias frentes, da nossa aldeia foram os únicos irmãos a estarem ao mesmo tempo e na mesma província, um em Teixeira Pinto e o outro em Bolama, mas poucas vezes se encontraram.




António Ferreira da Silva Inácio, pertenceu à polícia militar, o único da nossa aldeia que passou todo o tempo de comissão em Bissau.

canalha

Foto tirada na esplanada do café Bento, local de encontro não só para quem prestava serviço na cidade, mas  também para  muitos que pelas mais variadas razões passavam por Bissau. Os três que estão trajados à civil não eram da nossa aldeia, com o posto de primeiro sargento enfermeiro prestavam serviço no hospital militar de Bissau. O que está com o copo na mão era nosso vizinho, de Alcobaça, primeiro Canha. Dos que estávamos com farda militar, o do centro era eu Jerónimo a primeira vez que vim de férias, o que está sinalizado com a seta era o Inácio, e o último da direita era o Faustino. Era cerca de meia noite quando a foto foi tirada, estávamos todos muito animados…


mamadu António Eduardo Jerónimo Ferreira assentou praça no dia 25 de janeiro de 1971.
1.º Cabo condutor auto viajou em avião rumo à Guiné na madrugada do dia 24 de janeiro de 1972, com escala em Cabo Verde. Chegou ao fim do dia ao destino.
Esteve cerca de um mês em Bissau antes de chegar à companhia, a CART 3493, depois de treze meses em Mansambo, breve passagem por Fá Mandinga, Cobumba Ver aqui  e Bissau.
Veio de férias à metrópole duas vezes.
A companhia teve três baixas, duas vítimas de explosão de uma mina que rebentou na arrecadação para onde tinha sido levada depois de detetada e levantada na picada (eu estava de serviço de condutor nesse dia …) e uma por acidente com uma viatura já em Bissau, vários feridos graves todos em consequência do rebentamento de engenhos explosivos.
A companhia durante a comissão teve cinco viaturas destruídas por minas anticarro, das quais quatro em Cobumba.
Regressou à metrópole por via aérea no dia 2 de abril de 1974.


cafalo José Bértolo Coelho assentou praça no mês de maio de 1973. 1.º Cabo, apontador de bazuca, viajou para a Guiné em avião no dia 23 de Setembro do mesmo ano.
Pertenceu à CCAÇ 4544/73, que esteve no Cumeré e Cafal Balanta.
Foram muitos os momentos difíceis por que passou, mas aquele que recorda como tendo sido o pior, aconteceu no dia 30 de novembro de 1973, o primeiro ataque ao arame que durou cerca de duas horas, ainda na companhia dos “velhinhos”.
A CCAÇ 4544/73 teve cerca de seis dezenas de feridos, alguns graves, todos em consequência do rebentamento de minas, desses, vários já depois da revolução de abril.
Regressou à metrópole de avião no dia 8 de setembro de 1974.



vila
Carlos Alberto Ferreira Pavoeiro, dos que passámos pela Guiné, foi o único da nossa aldeia que não prestou serviço no exército, assentou praça no quartel da marinha em Vila Franca de Xira, foi mobilizado para a Guiné com o posto de grumete eletricista, passou todo o tempo de comissão integrado na guarnição do NRP Sagitário, onde era conhecido por o Lisboa, nome da cidade para onde ainda criança foi viver com os pais.
Esteve na Guiné nos anos de 1968 a 1969.

Nota: (*) já falecidos.

Este trabalho foi elaborado, graças à colaboração prestada pelos ex-militares da nossa aldeia que passaram pela então província portuguesa da Guiné a quem agradeço.
Um obrigado muito especial aos familiares dos que já não estão connosco, pois só assim foi possível que informação referente a todo o grupo ficasse para memória futura.
Foram anos muito difíceis, não só para os que tivemos de ir para a guerra, mas também para familiares, vizinhos e amigos. Os anos iam passando e, mesmo aqueles que eram ainda crianças quando a guerra começou, quase todos lá foram parar.
Apesar das dificuldades por que passámos, tendo em conta os perigos que nos acompanhavam a cada momento, podemos dizer que tivemos alguma “sorte,” regressámos todos.
Mas, a pátria (naquele tempo) não estava preparada para receber aqueles que tinham sido forçados a ir para a guerra. Quando regressaram queriam trabalhar e estar juntos dos seus, mas metade dos que vieram, passado pouco tempo, tiveram que emigrar à procura de uma vida diferente, que lhe permitisse encarar o futuro para si e para os seus, com mais esperança.

António Eduardo Jerónimo Ferreira
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Nota do editor

Último poste da série de 24 de Abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13035: Blogues da nossa blogosfera (66): Coisas da Vida - A Vida como ela é - A Bochecha de Boi (Jorge Teixeira - Portojo)

sábado, 2 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13457: Memórias de Mansabá (33): No dia em que morri (Carlos Vinhal, ex-Fur Mil Art MA)

MEMÓRIAS DE MANSABÁ

33 - NO DIA EM QUE MORRI

Carlos Vinhal

Domingo. Para fazer algo de diferente, sempre o que as actividades operacionais permitissem, era dia de vestir à civil, jogar ténis de mesa pela manhã e após o almoço dar um pequeno passeio pela tabanca. Às vezes até se batiam umas chapas para mandar à família e mostrar que a guerra não era aquilo que se dizia. Então não se via nas fotos?!

O pessoal da tabanca, acho que também se tinha adaptado aos nossos hábitos. As pessoas corriam em menor número à enfermaria civil e militar, e as nossas lavadeiras não entregavam roupa lavada. A população, pela manhã, assistia com respeito ao hastear da Bandeira Nacional em frente ao Posto Administrativo, cerimónia que só acontecia ao domingo. Os homens conversavam ou deambulavam pela tabanca ouvindo música ou os relatos de futebol da Metrópole, em alto som, como era hábito, naqueles portáteis enormes por vezes carregados ao ombro.

Depois de um almoço melhorado, bem regado com uma cervejinha geladinha, tomado o digestivo, normalmente um VAT 69 ou um White Horse, como era hábito lá fomos arejar o fato domingueiro.

Tínhamos aprendido na Doutrina que o domingo era dia do Senhor, dia de descanso, dia de paz e amor.
As diversas actividades quotidianas nem sempre permitiam o contacto directo com a população. Assim, aproveitava-se para dois dedos de conversa aqui, um piropo a uma bajuda ali, por que não até uma inocente foto com algumas delas, e assim se ocupava algum tempo. 

 Interior do quartel de Mansabá, 28 de Novembro de 1971 - Dias, Fur Mil Mec Auto, e eu

Naquele domingo, terminado o passeio, regressava o grupo já em direcção à porta de armas, ainda em plena avenida de acesso ao quartel, quem vinha de Cutia, quando rebenta um fogachal enorme.
O quartel estava a ser atacado em pleno dia, o que era extremamente raro.

Armas pesadas e ligeiras pareciam instaladas junto ao arame farpado, quando não, já do lado de dentro.
Começámos a correr o mais que podíamos em direcção aos nossos aposentos para nos armarmos e ocuparmos os nossos postos ou pura e simplesmente irmos para o abrigo mais próximo.
Lembro-me que ultrapassei a porta de armas, antecedido por uns quantos camaradas e, quando a escassos vinte metros da porta do meu quarto, situado precisamente no enfiamento da entrada do quartel, sinto um impacto violento nas costas.

Caio de bruços, curiosamente sem dores. Acho que se apaga uma luz ao mesmo tempo que sinto uma sensação de paz como nunca tinha vivido.

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O quarto dos pesadelos

Sobressaltado, dou um pulo na cama e desperto.
Não era domingo, não era de dia, nem felizmente o quartel estava a ser assaltado.
Tento na escuridão verificar que o meu camarada Dias não se tenha apercebido do meu pesadelo. O silêncio reinava no quarto. Ainda bem.

Lá fora, na noite escura e misteriosa, alguns dos meus camaradas velavam com certeza pela nossa relativa segurança. Bem hajam.
Esperei acordado pelo romper do dia já que não mais consegui adormecer.

Carlos Vinhal, 
ex-Fur Mil Art MA, 
CART 2732, 
Mansabá, 1970/72
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Nota do editor

Último poste da série de 15 de Maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13143: Memórias de Mansabá (32): Conversas filosóficas com o Alferes Médico (Francisco Baptista)

Guiné 63/74 - P13456: Blogoterapia (257): Julgo que pelo menos a maioria de nós tínhamos medo, eu tinha, e às vezes muito, mas procurava não mostrar (Manuel Carvalho)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Carvalho (ex-Fur Mil Armas Pesadas Inf, CCAÇ 2366/BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70), com data de 1 de Agosto de 2014:

Um dia o meu grupo, o 4.º, estava escalado para uma operação com o Pelotão de Naturais e a Milícia, e o local era como qualquer outro. Localizava-se na mata do Jol, e em qualquer lado podia estar uma surpresa . Mas eu comecei a pensar na minha vida, naquilo que já tinha passado com quase um ano de Guiné e naquilo que acontecia a muitos, que também me poderia acontecer a mim nesse dia. Deitei-me tarde, estive a beber e a conversar com o meu amigo Alfredo Gaspar que também vai entrar nesta história.

Fui-me deitar e comecei a ter pesadelos, nos quais eu era perseguido umas vezes sem munições, outras a arma encravava, enfim, passei a noite toda nisto e convenci-me que ia morrer.
Estes pesadelos já os tive cá várias vezes, não logo a seguir ao regresso mas talvez nos últimos vinte anos.

Depois disto comecei a pensar como me ia safar de ir à operação.
O Capitão estava de férias e o Eduardo Moutinho estava a comandar a Companhia. Levantei-me e fui dizer-lhe que estava doente da garganta, ele só disse: "mas tu ontem estavas bem". Respondi: "estava mas agora estou assim".

Como eu nunca tinha falhado a nada, ele acreditou em mim, nem me mandou ao enfermeiro, só disse: "vê se arranjas um furriel para ir na tua vez".

Eu pensei para uma coisa destas só o Gaspar, fui direito ao abrigo dele, acordei-o e ele saltou logo da cama. Começou a vestir as calças e diz-me isto: "só agora é que dizes" e passados dez minutos já estava junto do Pelotão pronto para sair.
Não haveria muita gente a fazer o que o meu amigo Alfredo Gaspar fez.

Eles foram e vieram sem ouvir um tiro, no entanto se eu fosse não sei se seria assim.
Lembro-me de perguntar à rapaziada se gostaram de ir com o Gaspar à operação e um disse: "ele pendura granadas de mão em todo o lado e só tinha medo que ele levasse um tiro e aquilo rebentasse tudo".

E agora pergunto eu: onde se encontraria um maluco como o Gaspar para fazer uma coisa destas?

Curiosamente nem o Gaspar nem o Eduardo Moutinho se lembram disto mas eu lembro-me muito bem e é uma pequena homenagem que quero prestar ao maluco do Gaspar.

Vou tentar enviar algumas fotos com o Gaspar e se acharem que isto serve para alguma coisa podem usar.

Manuel Carvalho


Fotos com o Gaspar

Baile de recepção aos periquitos da 2585
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 Nota do editor

Último poste da série de 21 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13424: Blogoterapia (256): "Prece de um Combatente - Nos Trilhos e Trincheiras da Guerra Colonial", para que as minhas memórias não se percam no tempo (Manuel Luís R. Sousa)

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13455: Os nossos regressos (32): Fotos do álbum do Otacílio Luz Henriques. ex-1º cabo bate-chapas, do pelotão de manutenção comandado pelo alf mil Ismael Augusto, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70)




Foto nº1 > Entrada ba barra do Tejo...Aproximação da costa... A cidadela de Cascais... (se não erro)


Foto nº 2 > Estuário do Tejo... Depósitos de combustível na outra banda (Trafaria, concelho de Almada)


Foto nº 3 > A ponte sobre o Rio Tejo e o Cristo Rei (1)... Ainda estava pintada de fresco... e não tinha o tabuleiro para a circulação ferroviária...


Foto nº 4 > A ponte sobre o Rio Tejo e o Cristo Rei (2)... Em 1970, a febre da construção na outra banda já tinha começado, mas o Cristo Rei ainda era uma figura solitária na paisagem


Foto nº  5 > Os "paisanos"... O Otacílio, de perfil, é o quarto da  fila, a contar da esquerda para a direita... Presume-se que a foto tenha sido tirada à chegada a Lisboa, ou então já em Abrantes, RI 2...



Foto nº 6 > Estação da CP... Lisboa, Alcântara ? Entroncamento ? ... Sei que o pessoal foi de comboio para Abrantes...


Foto nº 7 > RI 2, Abrantes... A unidade mobilizadora do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (1)


Foto nº 8 > RI 2, Abrantes... A unidade mobilizadora do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (2)


Foto nº 9 > Uma rua e uma estação rodoviária de uma vila da Estremadura... (se não erro)



Foto nº 10 > O regresso ao doce lar... A festa  (1)


Foto nº 11 > O regresso ao doce lar... A festa  (2)


Foto nº 12 > O regresso ao doce lar... A festa  (3)


Foto nº 13Foto nº 11 > O regresso ao doce lar... O fim da  festa... As (in)confidências... Conversas de homem para homens... Ir à guerra (e voltar) "dava estatuto"...


Foto nº 14 > Um bate-chapas no leste da Guiné... O Otacílio Luz Henriques, algures em Bambadinca (1968/70)

Fotos, sem legendas, do álbum do Otacílio Luz Henriques, 1º cabo bate-chapas Otacílio Luz Henriques,  CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). Pertencia ao pelotão de manutenção,  que era comandado pelo alf mil Ismael Augusto, membro da nossa Tabanca Grande. o bcaç 2852, se mão erro, regressou à metrópole em 28/5/1970, um ano depois, curiosamente, do ataque a Bambadinca...


Fotos: © Otacílio Luz Henriques (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendas: LG)


[Todos, não, mas a grande maioria de  nós fizemos esta viagem de regresso, por via marítima, de Bissau a Lisboa, nos Niassa, nos Uíge, nos navios da nossa marinha mercante postos ao serviço do transporte do pessoal mobilizado para a guerra do ultramar (ou guerra colonial, ou guerra de África, como quiserem)... Era com emoção que se avistava a barra do Tejo, o Bugio, Cascais, a Costa da Caparica,a  Trafaria, a ponte, o Cristo Rei, o casario de Lisboa, o cais da Rocha de Conde de Óbidos donde tínhamos partido, 22, 23, 24 meses antes...

E depois ia-se de comboio até à unidade mobilizadora. No caso do BCAÇ 2852, foi o RI 2, Abrantes... E, por fim, o regresso, solitário, a casa, onde nos esperavam, em alvoroço, a família, os amigos, os vizinhos...  O "day after", o dia seguinte, não foi fácil para muitos de nós... Uma geração partida e repartida. uns tomaram os caminhos da diáspora (Brasil, EUA, Canadá, França, Alemanha...); outros, deixaram as suas terras e fixaram-se na grande Lisboa e no grande Porto, procurando oportunidades de trabalho... "Cacimbados", "apanhados do clima", "estranhos", "envelhecidos", "mudados", "fechados, de poucas falas", "truculentos", "noctívagos", "bebendo e fumando em excesso"... eram expressões que trocávamos uns com os outros ou que ouvíamos aos nossos amigos, familiares e vizinhos... A (re)adaptação, em muitos casos, não foi fácil, e levou o seu tempo... A maior parte casou, teve filhos e tentou ser feliz...

Uma sugestão de verão: legendas mais completas, precisam.se para estas fotos... Se não estou em erro, o Otacílio mora(va) na região da Grande Lisboa, ou pelo menos na Estremadura... Ele disponibilizou-me estas e outras fotos em 2013, no encontro da malta de Bambadinca (de 1968/71) em Coimbra. Preciso de um endereço de email dele (ou do nº de telefone) antes de o apresentar à Tabanca Grande. Gostava de voltar a falar com ele... De resto, é mais do que justa a homenagem que quero fazer-lhe, sentando-o à sombra do poilão da nossa Tabanca Grande.... É justo que ele figure na nossa lista de grã-tabanqueiros, já que temos aqui publicado bastantes fotos do seu álbum... Um grande abraço para ele, se me estiver a ler... Estivemos juntos em Bambadinca quase um ano, iu pelo menos uns 10 meses, mas não sei se alguma vez trocámos uma palavra... Ele era 1º cabo bate-chapas da CCS, eu era furrriel, operacional,  da CCAÇ 12, uma unidade de intervenção adida a (leia-se: às ordens de) o BCAÇ 2852.. Uma companhia de pretos... Mas vivemos e dormimos todos (eu, às vezes) naquele maravilhoso promontório que era Bambadinca, a "cova do lagarto", na língua mandinga... LG]

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P13454: Ser solidário (162): SOS, Ébola!... Recomendações para viajantes com destino a regiões afetadas por doença por vírus Ébola (Portugal, Diretor-Geral de Saúde)










Portugal > Ministério da Saúde > Direção Geral de Saúde > Doença por vírus Ebola > Recomendações para Viajantes > Comunicado nº C77_01_v1 de 30/07/2014 com recomendações para viajantes com destino a regiões afetadas por doença por vírus Ebola.


1. Com a devida vénia reproduz-se acima, por ser de interesse público, um comunicado recente do Diretor Geral de Saúde, dr. Francisco George que, além de ser meu colega (é professor convidado na Escola Nacional de Saúde Pública da NOVA),  é um grande amigo de África, e em especial da Guiné-Bissau, onde trabalhou há largos anos atrás no âmbito da OMS - África.

Para mais informação, ver sítio da Direção-Geral de Saúde..

Há crescentes e fundados receiso que o atual surto de ébola que está a atingir a África Ocidental possa chegar à Guiné-Bissau cuja situação sanitária é, já de si, muito precária. As recomendações das autoridades sanitárias portuguesas, na pessai do Diretor-Geral de Saúde, são muito úteis para todos, em especial os nossos camaradas e amigos que vivem na Guiné-Bissau ou que viajam, em lazer ou trabalho, para as regiões afetadas.

ATENÇÃO:  Como bem frisa o nosso Diretor-Geral de Saúde, as viagens para os países afetados pelo surto de ébola "não são desaconselhadas", no entanto devem ser observadas as devidas precauções.

2. Para saber mais sobre o ébola, clicar aqui:




OMS [WHO (World Health Organisation)] > Global Alert and Response (GAR) >  Ebola virus disease (EVD) (em inglês)

OMS [WHO (World Health Organisation)] > Ebola virus disease > Fact sheet N°103 > Updated April 2014 (em inglês)

Guiné 63/74 - P13453: Notas de leitura (618): “Guiné-Bissau - Páginas de História Política, Rumos da Democracia", por F. Delfim da Silva (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Janeiro de 2014:

Queridos amigos,

Num país onde as memórias políticas são frugais, onde há uma percetível sensação de que os políticos do passado se refugiaram no silêncio, este punhado de reflexões é de primordial importância enquanto olhar sobre as décadas de 1980 e 1990, é um olhar panorâmico sobre a ascensão militar e a queda da importância da direção política.

Nesta aceção, as memórias de Delfim da Silva iluminam os dirigentes políticos do tempo e deixam claro que eram uma pálida herança para pôr em prática o sonho de Amílcar Cabral, o autor desvela expetativas em torno de Chico Mendes e Filinto Barros, por exemplo e dá-se como completamente provado de que Cabral não teve titulares à altura.

Depois, foi o ajuste de contas e a edificação do golpismo permanente.
Livro bem documentado e que mostra a coragem de Delfim da Silva. Aqui e acolá, infelizmente, volta aos estafados chavões como o assassinato de Amílcar Cabral perpetrado por Momo Touré e companhia, o que raia o inconcebível, percebe-se que a matéria do assassinato ainda é ferro em brasa.

Um abraço do
Mário


Fernando Delfim da Silva: Memórias e considerações de um político guineense (2)

Beja Santos

“Guiné-Bissau, Páginas de história política, rumos da democracia”, por Fernando Delfim da Silva, Firquidja Editora, Bissau, 2003, é um relato indispensável de um dos protagonistas proeminentes que trabalharam à volta de Nino Vieira no chamado processo da transição democrática. Em jeito confessional, aquele que foi por duas vezes ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau narra o seu grau de confiança e entusiasmo no referido processo de transição.

Depois das eleições de 1994, pareceu-lhe que o horizonte político guineense estava a conhecer o desanuviamento. Para trás, tinham ficado o golpe de 1980 e o caso Paulo Correia que terminou com os fuzilamentos de julho de 1986 que se saldaram no triunfo da componente militar sobre a componente política do PAIGC, a partir de 1980 os militares e a segurança do Estado assenhorearam-se da Guiné. Daí o modo exaustivo como ele analisa esses acontecimentos, profundamente crítico. Nino Vieira, de quem ele se tornará indefetível colaborador a partir de 1990, é acusado de conspirador, de ser déspota e fator de divisão do PAIGC. É uma crítica demolidora:

“Entre o golpe de Estado de 1980 e os fuzilamentos de 1986, a Guiné-Bissau tinha conseguido completamente descapitalizar-se no plano diplomático. Internamente, o país tinha entrado na espiral negativa de golpes sucessivamente anunciados. Externamente, o presidente Nino não deixou de apoiar todos os golpes militares que ocorreram na nossa sub-região porque, afinal, não sabia distanciar-se deles sem se deslegitimar. A diferença política com Cabo Verde só se foi acentuando. Aliás, não deviam ser muitos os que ainda acreditavam subsistir qualquer laço entre o regime político guineense e o reivindicado legado político comum de Amílcar Cabral. Seguramente, só ficou uma imagem de deceção, de desilusão, enfim, do drama de uma guerra civil fria já instalada entre os próprios combatentes da liberdade de Pátria”.

Nino cedo aspirou ao poder absoluto: em 1982, deu um sinal de semipresidencialismo, era criado o cargo de primeiro-ministro, mas em 1984 o Presidente do Conselho da Revolução passou a ser primeiro-ministro, Victor Saúde Maria foi varrido da cena política. Nasceu depois a “ameaça tribalista”, o perigo balanta, não identificado mas rapidamente difundido. O planeamento de Estado falhou, no mesmo ano dos fuzilamentos de Paulo Correia, Viriato Pã e outros, a Guiné desvalorizou o peso e com o apoio do FMI arrancou a liberalização económica. Funda-se o Movimento Bâ-fatá, a oposição torna-se realidade.

É neste contexto que Delfim da Silva especula à volta de uma figura que ele classifica como profeta: o artista José Carlos Schwarz, alguém que se desilude rapidamente depois da apoteose da independência nacional, apercebeu-se que Luís Cabral não tinha timbre de líder e que Filinto Barros não conseguia descolar para a liderança. O artista previu a tragédia nacional, denunciou a rápida degradação política do “combatente da liberdade da pátria”.

Mais adiante, Delfim da Silva refere uma composição de José Carlos Schwarz dedicada aos combatentes, uma recordação a Djon Farim, é muito claro: “Sabes, as dificuldades não acabam com o silêncio das armas. Aparecem sob outra forma como o rasgar da terra dos radis e dos tratores ou com o matraquear pesado das primeiras máquinas que se montam nas fábricas. Não é mais que uma crise de dentição que logo passará, posto ainda que dê muito trabalho”. Esta esperança não se concretizou.

Delfim da Silva refere ainda as figuras de Francisco Mendes (Chico Té), então primeiro-ministro (ou comissário principal) precocemente falecido num desastre na região de Bafatá, em julho de 1978. A sua geração voltou a interrogar-se sobre a degradação que atingira o sistema político, dominado pelo laxismo e a incompetência. Salum Sanhá, um militante do PAIGC, dias depois da morte de Chico Mendes comentou: “Chico Té morreu, PAIGC acabou”.

Estavam criadas, observa Delfim da Silva, as condições para o golpe militar de novembro de 1980, a liderança política colapsara, os militares já rilhavam os dentes. Outro caso apontado é o da morte do major Robalo de Pina que andara colado ao golpe de Estado de 14 de novembro de 1980. Delfim da Silva sente que a confrontação entre fações atingira o seu auge. Em 1990, o apoio a Nino mudara de natureza. Dez anos antes, quem apoiara Nino mandara para as prisões quadros valorosos, outros partiram para o exílio forçado. Nesse período, Delfim irá estudar filosofia na URSS e regressará para participar no processo político ao lado de Nino.

Ao escrever este punhado de reflexões em 2003, Delfim da Silva confessa as ilusões em que viveu acreditando que havia amadurecimento para a transição democrática, esquecera que por detrás do golpe de novembro de 1980 estava uma ascensão militar ao serviço do poder cesarista do dia, neste caso de um Nino que distribuía prebendas no seu círculo de apoios.

Mudando completamente de agulha, Delfim da Silva analisa com os números o comportamento eleitoral dos guineenses e avança com um novo modelo de círculo nacional, círculos regionais e círculos eleitorais locais, matéria que não tem sentido ser apreciada aqui.

De grande utilidade revela-se a grelha de análise que ele faz sobre o sistema político-partidário da época. Começa pelo PAIGC e afere do desastre eleitoral de 1999. O PAIGC refundara-se com o golpe de Estado de novembro de 1980, ao longo dos anos, seguramente com o apoio das etnias Fula e Mandinga, Nino foi montando a psicose do “perigo Balanta”, começou a ser visto como um partido que já não abrangia todas as etnias, o que leva a explicar a ascensão do PRS – Partido da Renovação Social, de Koumba Yalá. No termo da guerra civil, o PRS tornou-se num vencedor minoritário, acima do Movimento Bâ-Fatá. Inicialmente considerado um partido Balanta, a sua geografia eleitoral expandiu-se. Em 2003, o contestado Koumba Yalá fora forçado a abandonar a Presidência da República, punha-se o problema da sucessão de liderança. Eram enormes as incógnitas sobre o futuro deste partido (como se sabe, Koumba irá manter-se na penumbra durante muito tempo, e será mesmo considerado um discreto apoiante dos autuais militares no poder.

O Movimento Bâ-Fatá fora a grande promessa na transição democrática, talvez por ter perdido importantes apoios na etnia Balanta, perdeu votos entre as eleições de 1994 e 1999. Na sua análise, Delfim da Silva acreditava que o partido estava longe do esgotamento político, tudo dependeria no futuro da capitalização de queixas das comunidades étnicas, Fula e Balanta. A análise do autor prossegue com outros partidos: União para a Mudança, o PDC de Vitor Mandinga, a FLING, a Frente Democrática Social, que contara inicialmente com Rafael Barbosa, o Partido Social Democrata, a União Nacional para o Desenvolvimento e Progresso, a Liga Guineense de Proteção Ecológica, o Partido Unido Social Democrata, o Fórum Cívico Guineense, o Partido Manifesto do Povo, a Aliança Socialista, o Partido da União Nacional.

Memórias de um responsável político que tece críticas implacáveis à era de Nino Vieira mas que, anos depois, quando Nino Vieira é novamente eleito presidente, voltará ao poder, como, mais tarde, será membro da governação dos militares golpistas.
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Nota o editor

Último poste da série de 28 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13439: Notas de leitura (617): “Guiné-Bissau - Páginas de História Política, Rumos da Democracia", por F. Delfim da Silva (1) (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13452: Efemérides (168): No dia 30 de Julho de 2014 fez 48 anos que embarquei para a Guiné, em rendição individual (José António Viegas)

1. Mensagem do nosso camarada José António Viegas (ex-Fur Mil Art do Pel Caç Nat 54, Enxalé e Ilha das Galinhas, 1966/68), com data de 28 de Julho de 2014:

Meu caro Luís

O tempo voa faz agora, dia 30 de Julho, 48 anos que embarquei para a Guiné no célebre Uíge que tanta juventude levou para a guerra, para o desconhecido, poucos sabiam ao que iam.

Ainda me lembro desse dia.

Descendo a Calçada da Ajuda vindo dos Adidos, com a malinha na mão, sozinho, parei no quiosque em frente ao museu dos coches e tomei o meu pequeno almoço, nisto e para meu espanto aparecem duas amigas de infância que estavam em França, não sei como me descobriram e dizem: "Tu não vais para a guerra, temos tudo preparado para te levar para França", ao que eu respondi que não, que queria ir para a guerra.

Depois de alguns minutos de discussão foram embora zangadas comigo, e só voltaríamos a fazer as pazes muitos anos depois.

Segui então para o Cais e entrei no Uíge a observar todo aquele espectáculo de despedida, não tinha qualquer família e olhava parvo a ver aqueles gritos lancinantes e lágrimas de todos aqueles familiares. Comecei a ver este espectáculo no principio da guerra quando a tropa que seguia para Angola, que saia de Faro do RI 4, e embarcava na estação de Faro sempre com confusão e policia à mistura.
Depois no Uíge, como ia em rendição individual, lá fui encontrando amigos do curso e amigos de infância.

Em anexo a Ordem de Serviço da minha mobilização, mais umas fotos da viagem, acho com amigos da 1587.

Desembarcámos a 4 de Agosto de 1966, onde fui receber em Bolama o Pel Caç Nat 54, treinado pelo o nosso Camarigo Jorge Rosales.

Voltei a 22 de Setembro de 1968.

Em breve vou escrever as memórias de Porto-Gole

Um grande abraço
Zé Viegas

 





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Nota do editor

Último poste da série de 27 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13438: Efemérides (167): Homenagem aos Combatentes da Grande Guerra do Concelho de Loures, levado a efeito no passado dia 25 de Julho de 2014 (José Martins)

Guiné 63/74 - P13451: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XVIII: Uma farra a bordo da última LDG, de Farim para Bissau...Uma despedida em grande que ia dando um problema disciplinar prontamente resolvido com bom senso e sabedoria pelo capitão (Carlos Simões, ex-fur mil op esp, 1º pelotão)

1. Histórias da CCAÇ 2533 > Parte XVIII (Carlos Simões, ex-fur mil op esp, 1º pelotão):

Continuamos a publicar as "histórias da CCAÇ 2533", a partir do documento editado pelo ex-1º cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, de fotografias). (*)

Registe-se, como facto digno de nota, que esta publicação é uma obra coletiva, feita com a participação de diversos ex-militares (oficiais, sargentos e praças) daquela companhia.

A brochura, com cerca de 6 dezenas de curtas histórias (de 1 a 2 pp.), e proifusamente ilustrada,  chegou-nos às mãos, em suporte digital, através do Luís Nascimento, que vive em Viseu, e que também nos facultou um exemplar em papel. para consuta. Até ao momento, ele é o único representante da CCAÇ 2533, na nossa Tabanca Grande, apesar dos convites, públicos, que temos feito aos autores cujas histórias vamos publicando.

Temos autorização do editor e autores para dar a conhecer, a um público mais vasto de amigos e camaradas da Guiné, as aventuras e as desventuras vividas pelo pessoal da CCAÇ 2533, companhia independente que esteve sediada em Canjambari e Farim, região do Oio, ao serviço do BCAÇ 2879, o batalhão dos Cobras (Farim, 1969/71).

Desta vez publicamos um episódio, vivido pelo Carlos José Póvoa Simões, no último dia em Farim, e à espera da LDG que levaria a companhia até Bissau, de regresso a casa.. O  Simões fez uma despedida em grande, com mais alguns camaradas.. Resultado: uma valente  "cadela" que ia originando um problema disciplinar, resolvido com bom senso e sabedoria pelo capitão... Afinal, não é todos os ias que um homem acaaba uma guerra e  regressa, são e salvo,  ao doce lar... Se essa não é uma boa ocasião para comemorar, então não haverá  muitas mais na vida...  LG

PS - O  fur Sousa deve ser o José L.B. de Sousa, de minas e armadilhas. O fur Nuno Conceição, Nuno M B. da Conceição, era o fur  mecânico.




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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13442: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XVII: 4 episódios recordados pelo José Joaquim da Costa Fonseca, ex-sold at inf,1º pelotão entre elas uma dramática saída para o mato em 29 de abril de 1970, ou aquela outra em que o Vieito "perdeu" a G3 na confusão de um ataque ao aquartelamento