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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18337: Recortes de imprensa (92): A primeira visita de um chefe do governo português ao Ultramar: Marcelo Caetano, em Bissau ("Diário de Lisboa", 14/4/1969)






"Diário de Lisboa", nº 16637, ano 49, segunda feira, 14 de abril de 1969, 3ª edição, pp. 1 e 10. Diretor: António Ruella Ramos. Cortesia de Casa Comum > Fundação Mário Soares > Fundos DRR - Documentos Ruella Ramos.

Citação:(1969), "Diário de Lisboa", nº 16637, Ano 49, Segunda, 14 de Abril de 1969, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_7219 (2018-2-20)


1. Complementando a "cobertura fotográfica" da visita a Bissau, do prof Marcelo Caetano, da autoria do nosso grã-tabanqueiro Virgílio Teixeira (*), publica-se um recorte de imprensa da época, mais exatamente do vespertino "Diário de Lisboa", com data de 14 de abril de 1969. (**)

Tratava-se de um jornal "independente", considerado de "referência", que se publicou entre 1921 e 1990,  e que foi, entre nós, uma grande escola de jornalismo.  Chama-se a atenção para o título de caixa alta, publicado na primeira página: "A primeira visita de um chefe do governo português ao Ultramar"...

Caetano, que sucedeu a Salazar, tinha estado na Guiné em 1935, no âmbito do I Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente (Cabo Verde, Guiné, S. Tomé e Príncipe e Angola), de que foi o diretor cultural. (Este cruzeiro foi uma inciativa da revista "O Mundo Português",  tendo juntado  cerca de duas centenas de "estudantes, professores, médicos, engenheiros, advogados, artistas, escritores, industriais e comeriantes").

Há aqui uma crítica implícita ao seu antecessor que nunca quis pôr os pés no "império"... Nesta viagem, de 14 a 21 de abril de 1968,   às capitais da Guiné, Angola e Moçambique os aviões da TAP iriam fazer qualquer coisa como 19 mil quilómetros, o que dá uma ideia da distância dos territórios ultramarinos em relação a Lisboa.

O jornal é politicamente correto, referindo-se sempre às "províncias ultramarinas" (e não colónias, desde a reforma de 1951). Não nos parece que tenha mandado um "enviado especial" a acompanhar o périplo de Marcelo Caetano  pelo Ultramar, tendo por isso que recorrer ao material enviado pelas "agências noticiosas do regime", a Lusitânia e  a ANI. 

Relativamente aos representantes das principais etnias presentes nas cerimónias de boas vindas, é dado o destaque aos fulas, mandingas, felupes e bijagós, mas fazem-se também referências a outros como os papéis, os manjacos e os balantas...

A "representação social" destes grupos continua a ser "estereotipada" na imprensa portuguesa:  "os Papéis dos subúrbios de Bissau, os Manjacos, trabalhadores do porto, os Balantas, cultivadores de arroz, os Beafadas, os Nalus, hábeis escultores de madeira, os Saracolés,  notáveis ourives, enfim, todas as raças"...  Mas antes deles, vêm os "chefes fulas e mandingas que ostentam condecorações ganhas por atos de bravura em campanha"... E ainda, "com turbantes e formatos especiais, os maometanos que já foram em peregrinação a Meca, nas viagens que todos os anos o Ministério do Ultramar organiza"...

Era aguardado, com expetativa e interesse, o discurso do chefe do governo no palácio do Governador. Nessa cerimónia usaram igualmente da palavra o vogal do conselho legislativo Joaquim Baticã Ferreira (, de etnia manjaca, fuzilado pelo PAIGC depois da independência) e o brigadeiro António de Spínola governador-geral e comandante-chefe. 

O último ato público do presidente do conselho de ministros, antes de partir, no dia seguinte, 15 de abril, para Luanda foi a homenagem aos "mortos em defesa da Pátria", no cemitério de Bissau.

Destaque também para a entrevista do brigadeiro António de Spínola, à Emissora Nacional, em que "minimiza" o problema "militar", face às preocupações do governo da província, que seriam a promoção económica, social e cultural do povo guineense, com vista a "acelerar o seu processo de desenvolvimento" (sic)... Começa talvez aqui, menos de um ano depois da sua chegada à Guiné, a consolidar-se a tese (spinolista) de que a solução para o conflito que se trava no território, é muito mais "política" do que "militar"...



Guiné > Bissau > 14 de abril de 1969 > Visita presidencial do Professor Marcelo Caetano a Bissau: lado a lado, mas já de costas viradas, Marcelo Caetano e Spínola...

Foto: © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. O que os jornais (e muito menos a televisão...) não noticiaram foi a reunião extraordinária de comandos, ocorrida a 14 de abril de 1969, na sala de operações do comando chefe, em que estiveram presentes, além de Spínola e de Marcelo Caetano, o ministro do ultramar [, Silva Cunha], o CEMGFA [, gen Venâncio Deslandes,] e mais cerca de duas dezenas oficiais com funções operacionais e de comando no TO da Guiné.  Foi seguramente mais importante do que a reunião anterior, protocolar e propagandística, do conselho legislativo...

A reunião extraordinária de comandos acabou num tom sombrio, face às perspetivas de deterioração da situação militar,  à consolidação e relativo sucesso da estratégia do IN (e à sua mais que previsível escalada militar), à ausência de uma "ideia de manobra à escala estratégica nacional", à incapacidade de resposta da "infra-estrutura administrativa-militar", à desmoralização dos operacionais metropolitanos no CTIG, à dramática falta de reforços (em homens e material)...

Segundo o biógrafo de Spínola, Luís Nuno Rodrigues, Marcelo Caetano tende  a ser visto pelo primeiro  como um político, fraco e impotente, nomeadamente face à inércia da estrutura administrativo-militar.  Mas Spínola, que chega ao generalato em julho desse ano, não se coíbe  de falar alto e bom som, ao CEMGFAQ, o gen Venâncio Deslandes, que ele trata por tu, que nunca aceitaria, em terras da Guiné, um segundo caso da Índia...em que os militares foram os bodes expiatórios do desastre político e diplomático... (Rodrigues, L. N. - Spínola: biografia. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2010,  pp. 130-135).

Spínola recordou o pedido, ainda em grande parte por satisfazer, que tinha feito em nobvembro de 1968, em termos de "necessidades imediatas": 4 comandos de batalhão  e 13 companhias, além de material de artilharia e antiaéreas...

Marcelo Caetano terá perguntado a Spínola porque é que não utilizava "mais pessoal africano",  uma vez que se encontravam "exaustas as possibilidades demográficas metropolitanas" (sic). Spínola respondeu que a africanização da guerra poderia resolver o "problema humano", mas não dispensava a solução do "problema financeiro"... O tosco do ministro do Ultramar ainda perguntou se as unidades africanas não seriam "mais baratas"... Estou a imaginar a  irritação (contida) de Spínola, ao responder-lhe que já não o eram, por que: (i) "os africanos já tinham tomado consciência de que "neste tipo de guerra e neste terreno são mais aptos do que os metropolitanos" (sic); e (ii) e já não aceitam auferir remunerações inferiores a estes, tendo perdido o seu "complexo de inferioridade" (ibidem, p. 131).

____________________

Nota do editor:


terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18335: Vídeos da guerra (14): visionamento e resumo analítico do vídeo da ORTF / INA, "Guerre en Guinée" (1969, 13´ 50''): tradução e adaptação de Luís Graça e Virgínio Briote


Vídeo: "Guerre en Guinée" (1969) (13' 50'')... Cortesia de INA - Institut National de l' Audividuel

[Em 2007, o vídeo não estava disponível para ser visto, diretamente, no nosso blogue, apesar do Virgínio Briote ter comprado uma cópia para seu uso pessoal;  a política do INA mudou entretanto; este vídeo foi obtido diretamente do seu portal,  utilizando livremente um código de exportação... Vive la France!... 

Mas este trabalho da ORTF foi "pago" pelos contribuintes portugueses: o Spínola ofereceu aos jornalistas franceses "cama, mesa e roupa lavada"... É o preço da propaganda de Estado... Só que a "ostra" saiu-nos mesmo "amarga", a todos nós... 

A vergonha, para nós,  portugueses, ou pelo menos para mim, português, ex-combatnte, é que os fotocines do exército e os repórteres da RTP nunca conseguiram oferecer-nos nada de jeito, que não fossem meros documentários de propaganda...] (LG)

Guerre en Guinée | Point contrepoint  | Video 11 Nov. 1969  | 88892 Vues  | 13 min 50 sec


Ficha técnica: Émission: Point contrepoint |  Production: Producteur ou co-producteur > Office national de radiodiffusion télévision française | Générique: Réalisateur > Jean Baronnet

Journaliste > Jean François Chauvel | Opérateur de prise de son > Roger Mathurin
| Opérateur de prise de vue > Jean Louis Normand | Participant > Antonio Spinola

Le point sur la situation en Guinée Bissau, découverte en 1446 par Nuno TRISTAO. Elle est peuplée de 600 000 habitants lorsqu'éclate en 1959 une grève des dockers sous la direction d'Amilcar CABRAL et de son parti marxiste, le "parti africain de l'indépendance de la Guinée et du Cap Vert". En 1963, il déclenche la lutte armée selon les préceptes révolutionnaires de CHE GUEVARA. Aujourd'hui 25000 soldats portugais luttent contre les guérilleros du PAIGC sur tout le territoire, mais ne contrôlent qu'un 1/3 du territoire et 2/3 de la population. Une troupe de soldats part en mission dans la brousse et est prise en embuscade. Un soldat blessé est secouru par ses camarades, un autre est tué, pendant que les renforts sont appelés. Les soldats africains de la troupe portugaise se tiennent à l'écart. Les hélicoptères arrivent et emportent les blessés. Le général Antonio DE SPINOLA, gouverneur de Guinée, affirme que la population de Guinée souhaite dans sa majorité le maintien de la présence portugaise. Il réfute les accusations de violences à l'encontre des populations locales et place le conflit dans le contexte de la Guerre froide.

  

Guiné > Região do Cacheu > Bula > CCAV 2487 / BCAV 2862 (Bula, 1969/70) > 18 de Outubro de 1969 > Dois mortos e um ferido no decurso da Op Ostra Amarga (também ironicamente conhecida como Op Paris Match)...

As NT (2 Gr Comb da CCAV 2487, comandadas pelo cap cav José Sentieiro, hoje cor cav ref e cruz de guerra de 1ª classe (, a viver em Torres Novas,) caem num emboscada do PAIGC, às 7h15 da manhã... O combate é registado por uma equipa da televisão francesa, a ORTF...

Foto: INA - Institut National de l' Audiovisuel (2006) / Cópia pessoal de Virgínio Briote (**)


1. O filme-documentário da portuguesa Diana Andringa e do guineense Flora Gomes, As Duas Faces da Guerra (2017) , utilizou cenas de uma reportagem feita em 18 de outubro de 1969 por uma equipa da televisão francesa, a ORTF, acompanhada de um ou dois repórteres do então muito em voga semanário Paris-Macth.

Segundo a investigação posterior feita pelo nosso coeditor  (hoje jubilado...) Virgínio Briote, junto de Diana Andringa e de outras fontes (antigos camaradas, coronel cav ref José Sentieiro, cor cav ref e escritor Carlos Matos Gomes, Arquivo Histórico Militar, etc.), descobrimos na altura que estas cenas referim-se à Op Ostra Amarga, na região de Bula, em que as NT caíram debaixo de uma emboscada do PAIGC, sofrendo dois mortos e um ferido…


Estas cenas de combate são mostradas no vídeo, que está disponível no sítio do INA – Institut National de l’Audiovisuel [Instituto Nacional Francês do Audiovisual] .

No filme-documentário, As Duas Faces da Guerra, que se estreou, entre nós, no dia 19 de outubro de 2007, no decurso do 5º Festival Internacional de Cinema Documental de Lisboa, DocLisboa2007, (*), dois antigos combatentes portugueses que participaram nessa operação (um deles o que fora ferido), comentam, emocionados,  esse episódio de guerra, que ficou também conhecido, ironicamente, por Operação Paris Match, já que nela iam integrados vários jornalistas franceses, incluindo uma mulher, Geneviève Chauvel,  a expresso convite do  gen Spínola.



É de referir que o general Spínola aparece, em carne e osso, no local, depois da emboscada, acompanhado do então capitão (ou já major?) Almeida Bruno a trocar impressões com o ten cor Alves Morgado,  comandante do BCAV 2862 (Bula, 1969/70) envolvido na Op Ostra Amarga.

Será depois entrevistado no final da reportagem, no palácio do Governador,  fazendo-se perante os jornalistas estrangeiros o arauto da política do Governo Português, no que diz respeito à defesa das “províncias ultramarinas”. Fala em francês, mas com erros e pouca desenvoltura. Uma parte das suas declarações são lidas.

Em suma, tudo indica que os jornalistas estrangeiros, oriundos de um país amigo, da NATO, a França, iriam fazer um mero passeio pelo mato e testemunhar, com os seus próprios olhos, que a situação militar, no interior da Guiné, estava sob o nosso inteiro controlo, contrariamente à propaganda externa do PAIGC (que também irá usar, sobretudo nos anos 70, a arma da sedução e da propaganda, convidando jornalistas estrangeiros e diplomatas, de países amigos, a visitar as regiões libertadas).

No que respeita à Op Ostra Amarga (que raio de nome, que premonição!), as coisas, de facto, não correram, como se previa, e os próprios jornalistas caíram debaixo de fogo, juntamente com os dois Grupos de Combate onde iam integrados… O pior é que tivemos dois mortos e um ferido, sendo a agonia de um dos nossos camaradas, o António da Silva Capela, registada em filme… Cenas atrozes, senão mesmo voyeuristas...

2. O Virgínio Briote tinha, tempos antes, comprado, ao INA francês (, o Instituto Nacional do Audiovisual), os direitos de “téléchargement” (download), para uso estritamente pessoal, de nove vídeos sobre a Guiné, embora não tendo na altura conseguido autorização para os passar directamente no nosso blogue, como era sua e nossa intenção (**).

Decidimos então, na época (****); fazer um resumo alargado do filme (que é falado em francês), de modo a possibilitar o seu visionamento e a sua melhor compreensão pelos nossos camaradas (muitos dos quais não dominavam a língua gaulesa)… Não o podendo inserir directamente no blogue (por causa do copyright) , fizemos uma ligação (ou link) para o sítio do INA (***).

Passados estes anos, o vídeo está disponível para ser descarregado livremente. E ainda bem, a França e a língua francesa bem precisam de marcar pontos no mercado global. Decidimos voltar a rever e a publicar a sinopse do filme, em francês, seguida de um resumo analítico, mais alargado, feito por nós. As imagens que aqui reproduzimos são fotogramas do filme, retiradas pelo Virgínio Briote da sua cópia pessoal.


3. Vídeo Guerre en Guinée

(Resumo analítico e descrição das cenas em português. trabalho dos editores Luís Graça e Virgínio Briote)

Point contrepoint
ORTF - 11/11/1969
Vídeo: 13' 50''

Guinée Portugaise / VA de la région / VA d'un bateau à quai / VA de la berge / grues / transportement des caisses / marin armé / deux noirs sur une petite embarcation / la rue / travelling latéral le long d'un grand immeuble à loggias / zoom arrière sur un bac / soldats armés / camions militaires / hélicoptère survolant une région à la frontière du Sénégal / soldats armés qui en descendent / ils partent dans un canot pneumatique et s'éloignent /


VA à bord de l'hélicoptère sur les berges de la rivière / BA de la forêt / soldats patrouillant dans la forêt / PA de soldats blancs et noirs qui patrouillent / colonne dans forêt lors de l'embuscade / soldats pris sous le feu / tir au lance grenades / images très assemblées / soldat touché / blessé à terre / cadavre sur le sol / GP sur le soldat blessé / GP de cadavres sur le sol / GP de soldats l'air écoeuré / après l'attaque / soldat aux visages tuméfiés / blessé allongé à qui on fait une transfusion / on essaie de la transporter / il a une jambe coupée / départ du blessé / râle du blessé / GP mort.

Quelques soldats autour du blessé / un soldat assis / GP d'un jeune soldat / un autre fume / GP d'un soldat qui traspire / soldat qui est mort / soldat autour d'un mort / hélicoptère dans le ciel / 2 soldats soutiennent un blessé / hélicoptère qui atterit en contre plongée / attérissage / on retire la civière / une infirmière descend / un monte un blessé sur une civière à l'intérieur de l'hélicoptère / un homme blessé à bras d'homme est hissé à bord / départ de l'hélicoptère / deux têtes de palmiers se détachent dans le ciel / soldat qui boit à la gourde / mise au point de l'officier, de ses hommes /.


Général A. Spinola commandant en chef de l'armée (portant monocle) / "défendre les institutions contre l'avenir du Sénégal et en Guinée" (retire ses monocles) / préoccupation constante des forces militaires / de ménager les populations... le pays profite surtout de l'appui des pays du Pacte de Varsovie.


4. Resumo analítico >  Tradução e adaptação de Luís Graça e Virgínio Briote:

Guerra na Guiné


Programa: Ponto Contraponto
Estação de TV: Organismo da Radiotelevisão Francesa [ORTF]
Data: 11 de Novembro de 1969
Duração do filme: 13m 57s



0' 00'' > Guiné Portuguesa em 1969 [apresentação: geografia, história, demografia… Território do tamanho da Bélgica… Meio milhão de habitantes, apenas 3 mil de origem portuguesa…].
Vista aérea da região /
Vista aérea dum barco no cais de Bissau /
Vista aérea da margem /
Gruas /
Estivadores [Referência à greve dos marinheiros e estivadores do cais do Pindjiguiti em 1959, cuja repressão vai desencadear o início da luta contra o domínio português, segundo os testemunhos posteriores dos fundadores e dirigentes do PAIGC… 
Referência ao papel histórico de Amílcar Cabral, um homem de origem mestiça (sic), fundador do PAIGC, um partido marxista (sic)] /
Marinheiro armado /
Dois negros numa piroga /
A rua /

1' 00'' > Travelling lateral ao longo de zona comercial de Bissau, de casas de arquitectura colonial
[Vinte cinco mil soldados portugueses controlam um terço do território e dois terços da população; o PAIGC controla outro terço do território; o resto está sob duplo controlo]

Zoom de uma barcaça [Bissau é um ilha… A 30 km, é o preciso tomar uma barcaça para penetrar no interior… Referência à travessia do Rio Mansoa, em João Landim, segundo se depreende] /
Soldados armados /

2' 00'' > Camiões da tropa da caminho da barcaça / 
jangada em João Landim


Helicóptero que sobrevoa uma região de fronteira com o Senegal
[Fuzileiros vão a uma base do PAIGC onde não encontram ninguém… Referência ao constante patrulhamento de rios e braços de mar… Um zebra dos fuzileiros… Uma Lancha de fiscalização da Marinha de Guerra, P361…].
Uma equipa de fuzileiros parte num barco pneumático e afasta-se /
Vista aérea do helicóptero sobre as margens do rio /
Vista aérea da floresta.


3' 35'' > Soldados armados que descem do heli...
(Aqui começa a Op Ostra Amarga, envolvendo soldados de uma companhia de cavalaria, a CCAV 2487 - e não de comandos, como nos pareceu inicialmente… 

A força é comandada pelo então cap cav  José Sentieiro… A operação decorre na região de Bula. setor da responsabilidade do BCAV 2862, comandado pelo ten cor Morgado).


4' 30'' > Soldados deslocam-se na floresta /
Soldados, brancos e alguns negros /
(Ouvem-se os ruídos típicos da floresta… Já de dia, às 7 horas e um quarto, a testa da coluna na mata sofre um emboscada. É atingida por rockets…) /
Soldados debaixo de fogo/ 
Ouve-se o matraquear de armas automáticas.



Contra-resposta  dos dois Gr Comb emboscados/
Tiro de lança-granadas das tropas portugueses [que estão equipadas com LGFog 3.7, que eram originalmente só usadas pelas tropas especiais, paraquedistas, comandos e fuzileiros...] /
5' 00' > Tiro de morteiro 60 /
Correria até à frente da coluna.


Soldado atingido /
Ferido no chão /
Corpos no chão /
(Há um morto imediato, 
o Henrique Costa, de Ferrel, Peniche, retalhado pela roquetada, enquanto o António Capela, de Ponta de Lima, sobreviverá apenas 45 minutos, morrendo na altura em que chega o heli para a evacuação) /
Grande Plano do soldado ferido /
Grande plano de cadáver no solo /
Grande plano de um soldado com ar abatido.


5' 30'' > Depois do ataque… Soldados de rosto entumecido /
Ferido estendido no chão recebendo soro do maqueiro, de pé (segundo a Diana Andringa, deve ser o Pedro Gomes, o 1º cabo auxiliar de enfermagem, natural de Peniche, e  falecido em 2007) /
Tentam transportá-lo /
Tem uma perna partida /
Partida do ferido /
Estertor do ferido /
Grande plano do morto.
Alguns soldados à volta do ferido /
Um soldado sentado /
Grande plano de um jovem soldado /
Um outro que fuma /
Grande plano de um soldado que transpira /
Soldado que morreu /

8' 47'' > Imagens breves das lavadeiras do rio Lima estendendo a roupa ao sol (, Ponte de Lima era a terra do Capela)
Soldado à volta do morto /
Um crucifixo caído no capim, perto do morto.
Helicóptero que surge no céu /
Dois soldados apoiam um ferido a caminho 
do helicóptero /
Helicóptero que aterra, em contre plongée /
Aterragem /
Retiram a maca /

9' 50'' > Uma enfermeira-paraquedista, de blusa branca e calças de camuflado, que sai. [Era a "nossa" Rosa Serra. membro da Tabanca Grande]


Transporte dum ferido em maca para o interior do helicóptero /
Um homem ferido é levado para bordo, em braços/
Partida do helicóptero /
As copas de duas palmeiras destacam-se no céu /
Soldado que bebe água do cantil /
Enfoque da câmara no oficial (capitão de cavalaria José Sentieiro), rodeado dos seus homens (os 2 Gr Comb da CCAV 2487).

11' 30'' > Chega o Spínola (, com o seu ajudante de campo, o então capitão Almeida Bruno, hoje general, que empunha a G-3, com luvas brancas)... 
Está também acompanhado de um oficial superior, tenente coronel Morgado, comandante do Batalhão de Cavalaria 2868, com sede em Bula


11' 53'' > Por fim, o general Spínola (comandante-chefe das forças portugesas, usa monóculo, diz o guião) dá uma entrevista à equipa da ORTF e possivelmente aos restantes jornalistas (que nunca aparecem no filme), defendendo a política ultramarina do Governo Português... e a sua actuação na Guiné... 

Dá impressão que também está a ler um papel. Às tantas tira o monóculo (o "caco") e segura-o na mão. Aparenta estar em boa forma física. Está com 59 anos feitos em 11 de abril.

No essencial, diz o Com-Chefe português: A preocupação constante das forças militares é de proteger e apoiar as populações, contrariamente ao que diz a propaganda do PAIGC, o qual beneficia sobretudo do apoio dos países do Pacto de Varsóvia e da China… (Discurso de circunstância ou de contrapropaganda…). (****)
__________

Notas do editor:

(*) Vd. post de 20 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2197: A nossa Tabanca Grande e As Duas Faces da Guerra (4): Encontro tertuliano no hall da Culturgest na estreia do filme (Luís Graça)

(**) Vd. post de 16 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1958: Vídeos da guerra (1): PAIGC: Viva Portugal, abaixo o colonialismo (Luís Graça / Virgínio Briote)

(***) Vd. poste de 8 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2249: Vídeos da guerra (2): Uma das raras cenas de combate, filmadas ao vivo (ORTF, 1969, c. 14 m) (Luís Graça / Virgínio Briote)

 (****) Último poste da série > 8 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16577: Vídeos da guerra (13): Documentário "Cartas da Guerra - Making of" (, produção O Som e a Fúria, 2016) passou na RTP2, dia 14 de setembro de 2016, e pode ser visto "on line"

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18326: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XVIII: Visita, a Bissau, do presidente do Conselho de Ministros, prof Marcelo Caetano, em 14 e 15 de abril de 1969 (III)


Foto nº 21A

Foto nº 21


Foto nº 22


Foto nº 23


Foto nº 24


Foto nº 25


Foto nº 26


Foto nº 27


Foto nº 28A


Foto nº 28B


Foto nº 28



Foto nº 29

Foto nº 30

Foto nº 30A


Guiné > Bissau > 14 de abril de 1969 > Visita presidencial do Professor Marcelo Caetano a Bissau (III)

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), e que vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado. (*)

 Última parte da reportagem fotográfica da visita do prof Marcelo Caetano, a Bissau, em 14 de abril de 1969, no âmbito de um périplo pelo Ultramar português, em guerra (Angola, Moçambique e Guiné). No dia seguinte, 15, partiu para Luanda.


Tendo viajado em avião da TAP,  desembarcou em Bissalanca, onde era aguardado por uma enorme multidão, e pelas autoridades militares e civis fa províncica. O com-.chefe e o governador geral da província era então o general António Spínola, já com um ano de Guiné (desde 20 de maio de 1968).

Depois das boas.vindas e recepção protocolar ao ilustre visitante, a comitiva percorreu de automóvel o percurso entre o aeroporto e a cidade de Bissau, uns 10 quilómetros aproximadamente, sendo visível ao longo de todo o percurso nas bermas da estrada um grande número de guineenses, apoiando com bandeiras e outros adornos e roncos o "homem grande" de Lisboa.

Pelo que pude observar, a população recebeu bem Marcelo Caetano. Não estive em todo o lado porque não era possível, dadas as dificuldades de passar barreiras que eram enormes, mas ainda assim pude fotografar Marcelo Caetano no carro nas Avenidas de Bissau.

Em, 14-02-2018

Virgílio Teixeira

«Propriedade, Autoria, Reserva de Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».


2. Nota do editor LG:

Na RTP Arquivos pode-se ver uma interessante reportagem, de cerca de 30 minutos, sobre a visita oficial de Marcelo Caetano a Bissau, em 14 e 15 de abril de 1969. Clicar aqui.

O então recente presidente do conselho de ministros Marcelo Caetabo (1906-1980)  (, em funções desde 26 de setembro de 1968, substituindo Salazar) foi acompanhado pela filha e pelo  ministro do ultramar, Silva Cunha, nesta sua visita à capital da Guiné.

Veio em carro descapotável de Bissalanca até ao palácio do Governador, mas em grande velocidade. No palácio, é saudado por Spínola, e por uma representação de homens grandes (, régulos). Caetano tinha estado na Guiné em 1936... Cá fora, o ambiente é de festa popular, com vários grupos de músicos e dansarinos. Depois de também  discursar, e da sessão de cumprimentos,  a comitiva  dirige-se ao cemitério de Bissau, onde Marcelo Caetano presta homenagem aos militares portugueses mortos na guerra. De regresso, e caminho do estádio de futebol Sarmento Rodrigues, Marecelo Caetano mistura-se, com à vontade,  com a multidão... Desce várias vezes da viatura. E aqui é acompanhado por Spínola.


Resumo analítico da reportagem. emitida em 24 de abril de 1969 (Fonte:  RTP Arquivos, com a devida vénia)

(i) Marcelo Caetano chega ao Aeroporto de Lisboa, acompanhado por sua filha Ana Maria e despede-se de entidades e membros do Governo;

(ii)  população aplaude; parada militar; Marcelo Caetano entra no Boeing 727-100, "Ilha da Madeira" da TAP; avião a descolar. 

(iii) 05m28: Aeroporto de Bissalanca: populares aguardam a chegada do Presidente do Conselho de Ministros, exibindo cartazes com a sua fotografia, faixas e bandeira portuguesa; desfile militar; parada militar com avião a aterrar ao fundo; Marcelo Caetano desembarca e cumprimenta General António de Spínola, Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné; fanfarra militar toca o hino nacional; Marcelo Caetano, Joaquim Silva Cunha (Ministro do Ultramar) e César Moreira Baptista (Secretário de Estado da Informação e Turismo) escutam o hino em sentido; militares em parada militar; Marcelo Caetano, General António de Spínola e General Venâncio Augusto Deslandes, Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, passam revista às tropas; desfile militar com fanfarra; Presidente do Conselho de Ministros cumprimenta a população e entra no automóvel. 

(iv) 08m31: Bissau: pessoas à beira da estrada saúdam Marcelo Caetano à passagem da comitiva, com faixas, cânticos e danças; num gabinete do Palácio do Governo, Marcelo Caetano cumprimenta oficiais dos três ramos das Forças Armadas.

(v) 10m42: Presidente do Conselho entra no Salão Nobre onde se realiza uma sessão extraordinária do Conselho Legislativo da Província; à direita de Marcelo Caetano, Joaquim Silva Cunha e à esquerda o General António de Spínola; discurso de Joaquim Baticã Ferreira, vogal do Conselho Legislativo (sem som); César Moreira Baptista e Venâncio Augusto Deslandes assistem à reunião; discurso do Governador-Geral da Guiné agradecendo a visita oficial de Marcelo Caetano ao Ultramar; assistência aplaude. 

(vi) 13m00: Marcelo Caetano discursa sobre a última visita à Guiné, as medidas tomadas enquanto Ministro do Ultramar para o desenvolvimento da província, a paz como condição essencial para o progresso do território e o reforço das forças de segurança da Guiné; entidades presentes aplaudem e cumprimentam o Presidente do Conselho de Ministros.

(vii)  21m01: Praça do Império com multidão a aplaudir e a dar vivas; Marcelo Caetano acena da varanda; no interior do palácio, o Presidente do Conselho de Ministro entrega lembranças a individualidades nativas; no exterior a população dança, canta e toca instrumentos musicais; Marcelo Caetano acena à população a partir do automóvel. 

(viii) 23m20: Marcelo Caetano chega ao Cemitério de Bissau acompanhado por Joaquim Silva Cunha, César Moreira Baptista e Venâncio Augusto Deslandes; passam entre alas da Mocidade Portuguesa; junto de campas prestam homenagem aos soldados que morreram pela Pátria em território guineense; soldado entrega coroa de flores a Marcelo Caetano, que as deposita junto do monumento; fachada da Catedral de Bissau; população cerca o Presidente do Conselho à saída da Catedral; no automóvel Marcelo Caetano acena à população que grita "Viva Portugal". 

(ix) 27m31: Marcelo Caetano e comitiva entram no Comando-Chefe das Forças Armadas; sentinela; carro do Governo percorre as ruas de Bissau com pessoas a assistir; chegada ao Aeroporto de Bissalanca; Marcelo Caetano, acompanhado por Joaquim Silva Cunha e General António de Spínola, despede-se da população que aplaude; guarda de honra em parada militar; banda toca Hino Nacional; Marcelo Caetano despede-se do General António de Spínola e embarca no avião [, rumo a Luanda,] acenando à população.

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Nota do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série >

15 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18320: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XVI: Visita, a Bissau, do presidente do Conselho de Ministros, prof Marcelo Caetano, em 24 de abril de 1969 (I)

16 de fevereiro de  2018 > Guiné 61/74 - P18323: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XVII: Visita, a Bissau, do presidente do Conselho de Ministros, prof Marcelo Caetano, em 24 de abril de 1969 (II)

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18323: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XVII: Visita, a Bissau, do presidente do Conselho de Ministros, prof Marcelo Caetano, em 14 e 15 de abril de 1969 (II)


Foto nº 10A


Foto nº 10B


Foto nº 10



Foto nº 11 A


Foto nº 11

Foto nº 12


Foto nº 12A


Foto nº 13


Foto nº 14


Foto nº 14A


Foto nº 15


Foto nº 15A


Foto nº 16


Foto nº 16A



Foto nº  17A


Foto nº 17


Foto nº 18A


Foto nº  18


Foto nº 19 A


Foto nº 19

Foto nº 20A


Foto nº 20

Guiné > Bissau > 24 de abril de 1969 > Visita presidencial do Professor Marcelo Caetano a Bissau (II)

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


V
Virgílio Teixeira, foto atual

1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), e que vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado. (*)

Anotações e Introdução ao tema > Fotos numeradas de 1 a 30 (Parte I, fotos de 10 a 20, renumeradas pelo editor, seguindo um critério cronológico, procurando mais ou menos reconstituir o trajeto do percurso, do aeroporto de Bissalanca até à Praça do Império).

 Marcelo Caetano viajou de avião da TAP,  num Boeing 727-100, tendo chegado a Bissalanca, a 14 de abril de 1969, no início de um périplo pelo ultramar português (Guiné, Angola e Moçambique), com regresso a 21. Em Bissalanca  era aguardado uma enorme multidão da população,  além das autoridades militares e civis. O Com-.chefe e o governador geral da província era então o general António Spínola,  já com um ano de Guiné.

Feita a recepção, a comitiva percorreu de automóvel o percurso entre o aeroporto e a cidade de Bissau, uns 10 quilómetros aproximadamente, sendo visível ao longo de todo o percurso nas bermas da estrada um grande número de guineenses,  apoiando com bandeiras e outros adornos e roncos o  "homem grande" de Lisboa.

Pelo que pude observar, a população recebeu bem Marcelo Caetano. Não estive em todo o lado porque não era possível, dadas as dificuldades de passar barreiras que eram enormes, mas ainda assim pude fotografar Marcelo Caetano no carro nas Avenidas de Bissau. (...)

 Em, 14-02-2018

Virgílio Teixeira

«Propriedade, Autoria, Reserva de Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

[Continua]
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Nota do editor: