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sexta-feira, 10 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4170: Blogoterapia (99): Joaquim Gomes, mais um Comando africano barbaramente assassinado (Magalhães Ribeiro)

1. Mensagem de Magalhães Ribeiro (*), ex-Fur Mil de Operações Especiais da CCS/BCAÇ 4612/74, Cumeré, Mansoa e Brá (1974), com data de 7 de Abril de 2009:

Boa noite Amigos Luís Vinhal e Briote,

Hoje envio-vos uma estória, com pedido de publicação, que me aconteceu vai para 6 anos, na altura comoveu-me bastante e, por outro lado, foi com grande satisfação que verifiquei o que vos conto em anexo, pois jamais pensei que algo parecido fosse acontecer-me na vida.

Um abraço amigo do Pira M.R


Em memória de um COMANDO africano

10 de Setembro de 1974 – Brá (Guiné)


Esta é uma daquelas histórias que só o mero acaso origina, apesar de se contar em poucas palavras, e não deixar de impressionar, quer pelas três décadas que entretanto decorreram, quer pelas estranhas coincidências do destino.

Na Guiné, decorria o ano de 1974 e havia já sido entregue, pela minha Companhia - a CCS do BCAÇ 4612 -, em 9 de Setembro, o aquartelamento de Mansoa, que foi um dos mais importantes e significativos, do dispositivo das nossas forças armadas naquela ex-província ultramarina, através duma cerimónia de que damos conta noutra página deste jornal.

Estávamos, então, no Batalhão de Engenharia, em Brá, a cerca de 3 quilómetros da cidade de Bissau, cujas instalações faziam paredes meias com o Batalhão de COMANDOS.

E foi ali, num belo dia em que eu me encontrava de serviço, mais precisamente de Sargento da Guarda, que veio ter comigo um daqueles que eu considerava, em todo o seu ser, um Herói da Guerra do Ultramar: o COMANDO de nome Joaquim Gomes que, se a memória não me falha, era da 2.ª Companhia de Comandos Africanos.

Trazia nas mãos uma imaculadamente alva, velhíssima e esburacada camisola, e um crachá dos COMANDOS, e para o meu espanto e petrificação disse-me emocionado:

- Meu amigo furriel Magalhães Ribeiro, peço-lhe encarecidamente um favor simples, do fundo do meu coração; que guarde consigo estas duas peças que eu usei como soldado e combatente do exército português com muito orgulho e honra. Foram-me entregues por soldados portugueses, e não quero que, de modo nenhum, caiam em mãos de gente menos digna.

Imaginem a minha estupefacção. Quem era eu para ser fiel depositário daquele espólio que, desde logo me apercebi, era considerado por um dos meus heróis um dos seus maiores tesouros pessoais? Que usara e defendera arriscando a morte em renhidos e mortíferos combates! Quantas vezes? Recordei-me que a última Cmpanhia de COMANDOS, a 38., havia já retirado da Guiné. Olhei para aquele envelhecido e amargurado Homem e, atrapalhado e sem jeito, retorqui:

- Amigo Joaquim, quem sou eu para ficar com estes teus símbolos COMANDO, que tão bem mereceste, prestigiaste e dignificaste em inúmeros combates, e que, como bem vejo nessa tua lágrima, são para ti um naco da tua vida, senão mesmo do teu corpo?

Mas, não havia nada a fazer, o Joaquim estava firme, decidido e inabalável naquela decisão e eu, para não o melindrar e desiludir, sequer mais um segundo, aceitei com uma estranho sentimento de fiel e firme guardião.

Guardei durante cerca de 30 anos, como duas preciosidades, a camisola e o emblema, até que há poucos meses atrás a primeira, que tão velhinha que já estava, quer pela passagem dos anos, quer pelas necessárias lavagens acabou, infelizmente, por se desfazer.


20 de Outubro de 2003 – 29 Anos depois

Até aqui tudo não passaria de uma história normal mas, aconteceu que, no passado dia 20 de Outubro, desloquei-me a Lisboa para assistir à belíssima e sentida celebração do Dia do Combatente, que decorreu junto ao forte do Bom Sucesso, em Belém, num autocarro organizado pela A.P.V.G (Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra), que partiu da cidade do Porto.

Esta celebração decorreu como estava previsto, com a presença do Sr. Secretário de Estado da Defesa e dos Antigos Combatentes, o Sr. General Avelar de Sousa, convidados, entidades religiosas, civis e militares, e milhares de ex-combatentes, e foi já no fim da cerimónia, cerca das 13h00, que eu me perdi do resto do pessoal, que ali se deslocou no autocarro do Porto.

Como era tempo de almoço, procurei caras conhecidas junto do autocarro que nos tinha levado a Lisboa e nada. Fui então até junto dos outros autocarros, que se deslocaram à mesma cerimónia, tentando arranjar companhia para o almoço.

Foi assim que na viatura de Braga encontrei 2 companheiros. Não os conhecia, mas não hesitei, minimamente, em convidá-los a virem almoçar comigo, já que só inevitavelmente é que almoço sozinho.

Depois de me apresentar, soube que os seus nomes eram Carlos Costa e Silva e João Gomes, tendo o primeiro serviu a Pátria em Moçambique e o segundo em Angola.

Estes dois amigos tinham levado farnel e começavam a preparar a mesa existente no autocarro, pelo que pensei: - Nada feito estes já estão desenrascados.

Mesmo assim disse-lhes:

- Desculpem amigos procuro companhia para ir almoçar, já que detesto comer sozinho.

Logo me responderam unanimemente:

- Não senhor, nós temos aqui comida que chega para os três. Sente-se aqui e faça-nos você companhia que é bem-vindo!

Verifiquei que realmente eles iam bem equipados e anui em juntar-me a eles, pelo menos digeria qualquer coisa acompanhado, o que eu considerei óptimo:

- Ok, muito obrigado, sendo assim junto-me a vocês com todo o prazer.

Enquanto debicávamos o faustoso farnel começamos a conversar das nossas vidas no Ultramar. Pensava eu com estive na Guiné e assim cada um de nós tinha estado numa ex-província diferente da do outro, pouco teríamos em comum além de sermos os 3 ex-combatentes.

A certa altura diz o João Gomes:

- Eu combati em Angola mas sou natural da Guiné, mais precisamente de Santa Luzia (localidade à saída de Bissau que se estende quase até Brá). Pertenço à etnia Papel. Olha Magalhães Ribeiro, o meu irmão era COMANDO, chamava-se Joaquim Gomes. Foi assassinado tempos depois, na Guiné, pelo simples facto de ter combatido pela sua nacionalidade: Portugal.

Senti-me a cair das núvens. Seria que eu estava frente ao irmão do Homem que me confiara uma parte da sua vida, desconhecendo, naturalmente, que o seu fim já estava traçado, e que eu guardara religiosamente durante os últimos 30 anos.

Contei-lhe então a minha história com o Joaquim. Descrevi-o fisicamente e fisionomicamente. Tudo coincidia com as características do seu falecido irmão. É claro que o João, espantado foi ligando os factos e comovido perguntou-me:

- Magalhães sabes quantos Joaquim Gomes, africanos, haveria nos COMANDOS.

- Não faço ideia João. Mas se calhar só havia um! Sossega amigo João, que eu vou fazer o seguinte. Dadas as grandes probabilidades de que o Joaquim de que eu falo seja mesmo o teu irmão, vou entregar ao teu cuidado o emblema que tenho na minha posse, pois creio que fica muito bem entregue nas tuas mãos.


12 de Janeiro de 2004 – O regresso à família

Assim aconteceu no princípio do mês de Janeiro, do corrente ano, com a ajuda e o testemunho do Presidente desta nossa Associação - o RANGER Coutinho Bastos, o João tomou posse daquele velhinho e esmurrado crachá COMANDO, que eu mantive imaculadamente guardado na minha vitrina de relíquias da guerra.

Na foto, à esquerda está o então Presidente da A.P.V.G (Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra), - o RANGER Coutinho Bastos e do lado direito o João Gomes.

Foi a todos os Joaquins Gomes (bravos COMANDOS africanos), bárbara, cobarde e traiçoeiramente assassinados na Guiné no pós-guerra, que dediquei os versos que anexo a seguir.


A mais alta de todas as traições

Muitos africanos foram os nossos melhores amigos
Tinham orgulho em envergar uma farda portuguesa
Na instrução eram afincados, cumpridores, e...
No combate davam tudo... até a vida... com nobreza!

Após a revolução dos cravos
Reinava no país a anarquia
Assaltavam-se as Instituições
O povo em partidos se dividia

Gente a falar do que não sabia
Ou que não sabia do que falava
Que ora dizia uma coisa
E passados minutos... negava

No meio de todas as convulsões
O poder político era restaurado
Os governos tomavam decisões
Aos repelões... uns p’ra cada lado

E assim, no meio deste arraial
Foi assinado, se bem me lembro
O acordo p’ra descolonização
Nesse ano, em 9 de Setembro

Só para se ter uma leve ideia
Do resultado deste processo
Olhe-se para o drama de Timor
O grotesco de um insucesso

Mas se Timor é a cara da moeda
A coroa anda envergonhada
Vamos virá-la e falar nela
Iluminar uma traição abafada

Uma ignóbil e cobarde traição
A história qu’aqui se vai contar
Parte do povo ignora... naturalmente
Outra sabe... mas prefere não falar

Assim, começando pelo princípio
Na nossa África colonial
Os africanos eram baptizados, e…
Registados... em nome de Portugal

Portugueses para todos os efeitos
Eram convertidos ao burgo cristão
Eram detidos, julgados e punidos
Por leis e juízes da nossa Nação

Pois era, muitos desses africanos
Nas nossas escolas estudavam
Dignos de respeito e estima, e…
No nosso meio trabalhavam

Eram tratados com igualdade
E cumpriam serviço militar
Prestavam juramento de bandeira
Juravam, também, a Pátria honrar

Na tropa ostentavam com orgulho
As mesmas insígnias e fardas
Tornavam-se aprumados, vaidosos
Seguravam firmes as espingardas

Combatiam fiéis ao nosso lado
Ao nosso lado feridos tombaram
Alguns estropiados p´ra sempre
Outros... a vida sacrificaram

Em Angola, Moçambique e Guiné
Foram louvados e condecorados
Foram graduados do Exército
E, como Heróis foram saudados

Logo após a descolonização
Estes pretos foram abandonados
Portugal deixou de os considerar seus
Os deles acusavam: - São renegados!

Votados ao desprezo e à humilhação
Fria e cruelmente torturados
Apátridas ao seu novo Partido
Foram sumariamente executados!

Odiados por um simples facto
Que nunca lhes foi perdoado
Gostarem e lutarem pelos portugas
Seu único e último... pecado

Perante a velada indiferença
Dos políticos e das Nações
É tempo da História julgar
A MAIS ALTA DE TODAS AS TRAIÇÕES

Haverá porventura... gesto humano mais divinal…
Q’um homem possa fazer para outro auxiliar…
Que disponibilizar o seu mais supremo bem... a vida?
Jamais deixemos a sua memória alguém desonrar!

P.S. - Quando digo " ...cobarde e traiçoeiramente assassinados" sei do que falo, como também o sabem centenas/milhares de outros nossos camaradas, que acompanharam o processo de entrega de poder político na Guiné ao P.A.I.G.C. e viram/ouviram, ALI NA NOSSA FENTE, o que foi prometido aos africanos: ex-Comandos, ex-Fuzileiros Especiais, aos ex-Milícias e a todos os outros (salvo raríssimas excepções que fugiram a tempo), que de algum modo serviram nas Forças Armadas portuguesas o que: - NADA TÊEM A TEMER POR PARTE DO P.A.I.G.C., VAMOS TODOS VIVER EM PAZ... E COLABORARMOS NA RECONSTRUÇÃO DO NOSSO PAÍS!

O resto todos sabemos!

Por: Magalhães Ribeiro
Ex-Fur. Milº Operações Especiais/RANGER
CCS do BCaç 4612/74 - Guiné
Cumeré/Mansoa/Brá
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4151: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (12): As origens dos bandos da Guiné (Magalhães Ribeiro)

Vd. último poste da série de 19 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4053: Blogoterapia (98): José Silva, um camarada com muita falta de sorte

terça-feira, 24 de março de 2009

Guiné 63/74 - P4072: O trauma da notícia da mobilização (1): A minha mobilização para a Guiné acagaçou-me (Magalhães Ribeiro)

1. Mensagem de Eduardo Magalhães Ribeiro, ex-Fur Mil de Operações Especiais, CCS do BCAÇ 4612/74, 1974, com data de 19 de Março de 2009:

Boa noite amigos tertulianos,

Acabo de inserir o seguinte comentário, que abaixo anexo, no post P4053(*) do José Silva, e gostava que quem quisesse comentar o fizesse à vontade para este meu mail, nomeadamente se se lembrarem do trauma do dia da mobilização, obrigados!

Já sei que alguns se embriagaram.
Um abraço amigo do MR

"Não sei o José Silva é associado da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra, cuja Delegação do Porto tem morada em Miragaia.

Em caso afirmativo aconselho-o a deslocar-se lá, e marcar consulta com o psicólogo que ali atende semanalmente ex-Combatentes com stress pós-traumático de guerra, a fim de entregar cópia do seu processo clínico, para que o seu problema seja levado a outras instâncias.

Também me parece que existe no Hospital Militar do Porto, possibilidade de marcação de consulta para ex-Combatentes com stress pós-traumático de guerra, onde o José deve apresentar o historial das suas doenças e perguntar o que deve fazer para o tratarem como deve ser.

Tem sido fácil desmascarar alguns oportunistas dos tais a que o J.S. se refere, desde logo por não possuírem passado clínico devidamente comprovado nos últimos 30/40 anos, pois quem sofre desta doença não pode ser desde ontem apenas.

Ao falar-se de doentes com stress, eu tenho a minha opinião pessoal perfeitamente formada e passo a contar-vos.

Eduardo Magalhães Ribeiro, Pira de Mansoa, arreando pela última vez a Bandeira de Portugal em Mansoa

2. Afinal onde se iniciava o tão doentio stress pós-traumático?

Era só quando o pessoal caía debaixo de fogo?

Tinha 21 anos (penso que hoje a maioria dos putos com 21 anos tem a mentalidade que nós tínhamos com 12/13 no nosso tempo), quando acabei a Especialidade em fins de 1973 segui para o RI16 em Évora.

Ali se foram juntando centenas de outros camaradas oriundos das mais diversas Unidades, com as mais diversas Especialidades.

Para quê todos nós sabemos. Serem mobilizados (carne para canhão como se dizia à boca cheia). Alguns para dar/receber mais alguma instrução.
Formar Batalhões. Guia de marcha: Ultramar (sendo os mais temidas mobilizações para Angola, Moçambique e Guiné).

E se uns eram mais fortes que outros e aparentavam serenidade nestes períodos, outros haviam que nem queriam ouvir nada, para não se sentirem mal. Quando saiu a mobilização do meu Batalhão houveram alguns que me pediram para eu ir ver se o nome deles constava da lista. Por medo ou superstição? Não lhes perguntei!

Mas a grande maioria consciente dos riscos que envolvia a guerra, entre eles malta já casada e com filhos como eu, devorava e espalhava as notícias que chegavam ao quartel, por cartas ou por telefonemas.

As notícias ÚNICAS que nos interessavam e OBCECAVAM, todos os dias, horas e momentos, eram as que nos chegavam das diversas frentes de guerra: - Anteontem morreram mais 2 em Moçambique, ontem morreram mais 3 em combate na Guiné e hoje morreu mais um na Angola. Este mês já morreram 60.

Doentio não é!

Então meus amigos permitam-me concluir, porque disso sou testemunha viva, que, desde logo, para muitos dos mobilizados, foi aí que se iniciou o stress-traumático, como é lógico, de intensidade pessoal variável. Era bem patente em alguns que algo não estava bem, quer através das conversas, quer através da mudança de atitudes e hábitos como a súbita procura de isolamento, a perda de comunicação e a busca de silêncio.

Outros exteriorizavam terríveis crises de ansiedade, por vezes denunciadas pelo choro e, ou, por lancinantes e dolorosas lamentações.

Outros ainda confessavam tímida e envergonhadamente que durante as tentativas para dormir, eram assolados por terríveis pesadelos.

Enfim, talvez por ser filho de tropa e ter visto o meu falecido pai ser mobilizado e preparar os tarecos umas 5 vezes (3 em Angola e 2 em Moçambique), não me custou por aí além.

Mas como não sou de ferro, é claro que a mobilização para a Guiné acagaçou-me, até que aconteceu o 25 de Abril. Mas não fugi e fui para Cumeré, Mansoa e Brá.
Tive sorte, mas cumpri a minha parte!

Para dizer a verdade, não há dia que não fale na Guiné e na guerra.

Se isto não é stress pós-traumático, é pelo menos um sintoma que me incomoda e incomoda os que me rodeiam, fartos de ouvirem falar desta tara!

Magalhães Ribeiro"


3. Comentário de CV

Por sugestão do nosso camarada Magalhães Ribeiro e até por sua iniciativa, porque nos mandou um artigo com as suas próprias impressões, inauguramos uma série destinada a um momento muito importante das nossas vidas de militares, aquele em que ficámos a conhecer o TO que nos estava destinado.

Quem quiser, pode desde já enviar trabalhos traduzindo aquilo que foi para si o momento em que soube que ia para a Guiné. Como encarou a situação, como deu conhecimento à família, como viveu esses tempos até ao embarque, etc.

Muito importante era a Especialidade e o Posto de cada um, situações estas que determinavam, e de que maneira, o modo como se via a situação.

Os nossos Cap Mil têm mais uma vez a hipótese de se fazerem ouvir, uma vez que foram dos homens mais sacrificados entre os milicianos, tendo sido literalmente arrebatados à família, já constituída, para irem, com um mínimo de preparação, assumirem a responsabilidade de conduzirem a vida de mais de centena e meia de vidas, durante bastante tempo, numa guerra que desconheciam, debaixo das mais adversas condições de terreno, clima, carência e muito mais.

Esperamos a colaboração de todos para que nos possamos ficar a conhecer um pouco melhor.
__________

Nota de CV

(*) Vd. poste de 19 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4053: Blogoterapia (98): José Silva, um camarada com muita falta de sorte