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sexta-feira, 26 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14800: Memória dos lugares (297): O Rio Geba e o macaréu no Xime (António Manuel Sucena Rodrigues, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74 / José Martins Rodrigues, ex- 1º cabo aux enf, CART 2716, Xitole, 1970/72)


Foto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 5


Foto nº 4

Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1973/74) > Xime > Rio Geba > c. 1973/74

Fotos ( e legendas): © António Manuel Sucena Rodrigues (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG]


1. Estas fotos [, nºs 4, 5, 6 e 7,] mostram um fenómeno natural que poucos rios no mundo podem mostrar: o macaréu no rio Geba Trata-se de uma onda que se forma na confluência do "Geba estreito" com o "Geba largo".

Enquanto, no momento mais baixo da maré, a água do Geba estreito corre para a foz a grande velocidade e com grande caudal (rio de planície), no mar, e por isso também no "Geba largo" a maré começa a subir rapidamente devido à grande amplitude das marés. 

Este encontro das duas águas provoca uma onda que sobe o rio lentamente (a cerca de 10 a 20 Km/h ???). A sequência desta onda pode ver-se nestas fotos. Na época das chuvas esta onda pode atingir, perto de um metro ou um pouco menos (???). No fim da época seca apenas se observa uma pequena perturbação das águas. Nesta foto não se vê com muita nitidez essa onda,

Foto nº 4 - O rio Geba estreito, na maré vazia ], do lad esquerdo, a margem sul, onde se situava o quartel e tabanca do Xime; do lado direito, a margem norte, onde se situava a tabanca e o destacamento do Enxalé]:

Foro nº 5 - Já se pode ver [ e , "in loco", ouvir...]  o macaréu ao longe;

Foto nº 6 - Uma visão perfeita do macaréu à passagem junto ao cais do Xime [onde estava o fotógrafo];

Foto nº 7 - Após passar o cais,  vimos essa onda "pelas costas" e dá uma ideia de que não existe. Era bastante perigosa para os barcos pequenos que subiam o rio e talvez por isso se verificaram alguns acidentes graves [, caso de um sintex, com a companhia anterior no Xime, a CART 3494, em 10/8/1972, em que morreram três camaradas nossos ].  Neste ponto foi afundada uma das duas canoas que se encontravam na margem [norte].

António Manuel Sucena Rodrigues

[ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972-74]

2. Comentário do editor:

Temos dozes referências a este marcador, macaréu... Há um vídeo do nosso camarada José Martins Rodrigues, aquando da sua primeira viagem de saudade à Guiné-Bissau, em que ele filmou o macaréu no Xime, no dia 10 de Abril de 2001. O vídeo (6' 58'') está alojado no You Tube, na conta do nosso coeditor Carlos  [Esteves] Vinhal. Tomámos a liberdade de incorporá-lo neste poste.

O José Martins Rodrigues, nosso grã-tabanqueiro,, foi 1º cabo aux enf,  CART 2716 / BART 2917, Xitole, 1970/72). A sua primeira viagem à Guiné-Bissau, depois da guerra, foi em 1998.




O macaréu no Rio Geba, Xime, 10/4/2001.

Autor: José Rodrigues Martins (2001) 
________________

Nota do editor:

Último poste da série > 25 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14797: Memória dos lugares (294): O porto fluvial do Xime, no final da guerra (António Manuel Sucena Rodrigues, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74)

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14797: Memória dos lugares (296): O porto fluvial do Xime, no final da guerra (António Manuel Sucena Rodrigues, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74)



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > CCAÇ 12 (1973/74) > Foto nº 3 > O grande porto fluvial do Xime, no final da guerra...  O cais do Xime em dia de barco, visto do  quartel


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > CCAÇ 12 (1973/74) > Foto nº 3 A >


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > CCAÇ 12 (1973/74) > Foto nº 3 B > Até aqui chegavam autocarros de passageiros!... Não dá para acreditar!... Mas com a com a nova "autoestrada", Xime-Piche (não sei se chegou mesmo a Buruntuma em 1974!),  era já possível recorrer a autocarros de passageiros para transportar o pessoal que aqui desembarcava...


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > CCAÇ 12 (1973/74) > Foto nº 3 B > O grande porto fluvial do Xime, no final da guerra... O leste também era um grande fornecedor de carne bovina para o "ventre da guerra"... Estas cabeças de gado aguardavam transpote para Bissau.


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > CCAÇ 12 (1973/74) > Foto nº 1 > Rio Geba visto para montante a partir do aquartelamento do Xime,


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > CCAÇ 12 (1973/74) > Foto nº 2 > O cais do Xime em dia de "folga" (não havia barco nesse dia),  visto do quartel

Fotos ( e legendas): © António Manuel Sucena Rodrigues (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG]


1. Fotos do cais do Xime, enviadas hoje  (juntamente com outras do Rio Geba e do macaréu) pelo António Manuel Sucena Rodrigues,  
[, foto à esquerda, em Ortigosa, Monte Real, no 3º Encontro Nacional da Tabanca Grande, em 17/5/2008; 

António Manuel Sucena Rodrigues foi fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972-74;  

formou-se em engenharia;

vive atualmemnte em Oliveira do Bairro; 

está reformado]

2. Comentário de L.G.:

António:  Tinhas estas fotos... e não dizias nada ?!... Obrigadão...

Tinhas a obrigação de reconhecer aqueles sítios (*)... Claro que era o cais do Xime, em fevereiro de 1970, visto da LDG em que ia o Jaime Machado (e o seu Pel Rec Daimler 2046) para Bissau, acabados de embarcar...

Nessa altura,  nós (CCAÇ 12) andávamos a abrir a nova estrada,
Anónio M. Sucena  Rodrigues, ex-fir mil,
CCAÇ 12 (1972/74)
depois alcatroada (, o alcatrão já não é do meu tempo, mas em março de 1971, quando me fui embora, a nova estrada Bambadinca-Xime  já estava quase pronta para levar o alcatrão)...

Não sei muito bem como era o cais no teu tempo, visto do rio... Sei que a zona portuária ficou mais desafogada, por causa dos carros e do embarque/desembarque de homens e material...  Como se pode ver bem, nas totos que mandaste... Se tiveres mais fotos do Xime (do teu tempo da CCAÇ 12, 1972/74), manda...


_________________


sexta-feira, 8 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14585: Os nossos camaradas guineenses (42): em 1/12/1973, na tabanca do Xime, vítima de fogo amigo ou inimigo, morreu na sua morança um militar da CCAÇ 12 e toda a sua família, duas mulheres, duas crianças em idade escolar e um recém nascido (António Manuel Sucena Rodrigues, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972-74)

1. Mensagem de António Manuel Sucena Rodrigues [ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972-74], que vive atualmemnte em Oliveira do Bairro:

Data: 7 de maio de 2015 às 12:17

Assunto: Xime - pequeno esclarecimento pouco importante.


Olá Luís Graça.

Estive na CCaç 12,  de 1972 a 1974 em Bambadinca e no Xime.

Sobre o ataque ao Xime, [em 1/12/1973,]  com fogo inimigo ou amigo (??), cada um terá a sua opinião. Tenho a minha, mas não vou aqui divulgar, por achar que não virá resolver coisa nenhuma. Poderá, isso sim, eventualmente trazer outros problemas.

Só quero dar algum esclarecimento (*):

(i) ss vítimas não foram 7 mas sim 6 e não foram todos civis;

(ii) morreram: 1 militar da companhia, [a CCAÇ 12,]  (era o pai da família), 2 mulheres (ambas mães da família, como sabes praticava-se a poligamia), 2 crianças em idade escolar e 1 criança recém nascida ( com 8 dias de vida).

Este esclarecimento não terá grande importância perante o resto, serve apenas para acrescentar mais algum rigor. (**)

Um abraço
António M. Sucena Rodrigues

Ex furriel Mil. da C.Caç 12 (72/74)

2. Comentário do editor:

Segundo a página oficial da Liga dos Combatentes, em 1/12/1973, no TO da Guiné, e por motivo de combate, morreu apenas um elemento das NT, o soldado Sumbate Man.Consultanda preciosíssima Lista dos Mortos do Utramar, nascidos na Guiné, do nosso portal Ultramar Terraweb (de novembro de 2006, e atualizada em janeiro de 2015), constata-se que o Sumbate Man era soldado milício, natural do concelho de Mansoa, nº 268/73, pertemncen ao PelMil 365 - 2ª / BCAÇ 4612, unidade que estava em Jugudul (1972/74)...

Não pode pois ser o militar da CCAÇ 12, referido pelo Sucena Rodrigues.

Já agora aproveito para acrescentar que o número de mortos desta lista (de 45 pp.)  é, no total, de 1208 (!).

António, está feito o esclarecimento, obrigado.  Infelizmente, a CÇAÇ 12 não tem história de unidade, relativamente ao período que vai de março de 1971 até  à sua extinção, em agosto de 1974... A única que conheço foi a que eu pessoalmente escrevi e que vai de maio de 1969 a março de 1971...

Relativamente à "tua versão" sobre o fogo amigo / fogo inimigo que matou um camarada nosso e a sua família inteira (!), eu gostava de conhecê-la um dia, mesmo que seja em  "off record"... Não farei uso dela, em público, fica entre nós... Entendo que o assunto é delicado. De resto, e de acordo com a política do blogue, também não estamos aqui para julgar e muito menos incriminar ninguém.

Um abraço fraterno, Luís

PS - Talvez alguém saiba dizer o nome do militar da CCAÇ 12 que morreu, cruelmente, com toda a sua família, na tabanca do Xime, no dia dia 1/12/1973.

___________________

Notas do editor:

(*`) Vd. poste de 28 de abril de  2015 > Guiné 63/74 - P14535: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXIII: dezembro de 1973: flagelação do Xime, com foguetões 122 mm: sete mortos civis

(...) O destaque do mês de dezembro de 1973 (pp. 78/80) vai para:

(i) Flagelação do Xime, em 1 de dezembro, às 22h15, durante 25 minutos, com utilização de artilharia (armas pesadas e foguetões 122 mm), de que resultou a morte de 7 civis; (há um ano, na mesma data, o PAIGC tinha feito uma violenta emboscada em Ponti Coli) 


(...) Já ouvi outra versão (, de alguém, um graduado, metropolitano, pertencente à CCAÇ 12, que na altura era a unidade de quadrícula do Xime): podia ter sido "fogo amigo", neste caso o obus 14 de Gampará, do outro lado do rio Corubal... A distância, em linha, entre Gampará e o Xime devia ser de 13/15 km (no máximo), ou seja, dentro do alcance do obus 14 ... O Xime só tinha o obus 10,5 cm (que não chegava à Foz do Corubal e à Ponta do Inglês) (...)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14065: (Ex)citações (256): Eu gostava de saber um pouco mais sobre esse missionário italiano, o padre António Grillo (1925-2014), que tinha um especial carinho pelos balantas de Samba Silate (e era respeitado por eles) (A. M. Sucena Rodrigues, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972-74)


1. Mensagem do António Manuel Sucena Rpdrigues [, foto à esquerda, em Ortigosa, Monte Real, no 3º Encontro Nacional da Tabanca Grande, em 17/5/2008]

Data: 21 de dezembro de 2014 às 19:37

Assunto: Obrigado, Luís


Obrigado, Luís Graça pela importantíssima ajuda que deste no texto que enviei e que foi já publicado (*). Nunca, antes nem depois, tinha ouvido falar do tal missionário Padre António [Grillo].

Fico agora com um peso de consciência, por não ter descrito este episódio ainda em vida desse missionário. Gostava que ele soubesse do respeito que me pareceu merecer, por parte desse guerrilheiro. Agora compreendo por que razão, passados 11 anos de guerra, ele se lembrou do padre António.

Também gostaria de saber um pouco mais sobre este guerrilheiro. Se pelas fotos fosse possível algum camarada identificá-lo... Fico na expectativa.

Obrigado, Luís.

Um abraço e Boas Festas.

A.M. Sucena Rodrigues
Ex-Fur Mil da CCaç 12 (72-74)

2. Comentário de L.G.:

Meu caro camarada Sucena Rodrigues;  Eis o que eu sei do tal padre missionário António Grillo, recentemente falecido, e sobre o qual já temos alguns postes. (Quanto ao guerrilheiro com quem foste a Samba Silate, será por certo mais difícil identificá-lo, no caso de ainda ser vivo; mas pode ser que alguém, na Guiné-Bissau, o reconheça... Afinal, o Mundo é Pqueno e a nossa Tabanca... é Grande!).





O missionário António Grillho de visita à sua querida Bambadinca, em 22/2/2008. (Fonte: blogue "Igreja Católica na Guiné-Bissau > 19 de junho de 2014 > Faleceu Pe. António Grillo, com a devida vénia)


Acerenza, comuna italiana da região da Basilicata, 
província de Potenza (Fonte: Wikipedia


António Grillo (1925-2014):

(i) Faleceu no passado 18 de junho de 2014, em Acerenza, Itália, com a idade de 89 anos;

(ii) tinha nascido no dia 10 de junho de 1925,  naquela cidadezinha, do sul de Itália (c. de 2500  habitantes em 2011);

(iii) foi ordenado sacerdote no dia 25 de junho de 1950;

(iv) partiu para a missão da Guiné-Bissau, então território sob administração portuguesa, aonde chegou em 16 de Novembro de 1951, como missionário do PIME ((Pontifício Instituto para as Missões Exteriores);

(v) esteve sempre muito ligado à Missão Católica de Bambandinca, que hoje faz parte do  território da Diocese de Bafatá;

(vi) foi detido pela então polícia política portuguesa, a PIDE,  a 23 fevereiro de 1963, sob a acusação de atividades subversivas;

(vii) esteve preso em Bissau e depois em Lisboa;

(viii) acabou por ser libertado em 4 de julho de 1963 em homenagem de Portugal, ao novo pontífice, o Papa Paulo VI (1898-1978), que em 21 de junho de 1963 tinha sucedido a João XXIII, na cátedra de São Pedro;

(x) voltou, entretatanto,  à Itália;

(xi) doze anos, com a  independência da Guiné-Bissau,  volta a Bambadinca,  onde trabalha, de 1975 a 1986, associado ao PIME;



Guiné-Bissau > Bambadinca > 22 de fevereiro de 2008 > Na inauguração do Liceu ( Fonte: blogue "Igreja Católica na Guiné-Bissau > 19 de junho de 2014 > Faleceu Pe. António Grillo, com a devida vénia)


(xii) no dia 22 de Fevereiro de 2008, foi inaugurado, em Bambadinca, o Liceu em autogestão Pe. António Grillo; a cerimónia contou com a presença de vinte amigos da Arquidiocese de Acerenza, entre os quais o Pe. António Grillo bem como o Arcebispo Dom Giovanni Ricchiuti; a diocese de Acerenza, que fez uma geminação com Bambadinca e por extensão com a diocese de Bafatá, colaborou na construção deste liceu, ajudando na conclusão de um pavilhão de 3 salas de aulas;




Visita a Bambadinca em 2010 (Fonte: blogue "Igreja Católica na Guiné-Bissau > 19 de junho de 2014 > Faleceu Pe. António Grillo, com a devida vénia)


(xiii) o Pe. Antonio Grillo visita,  pela  uma última vez,  a Guiné.Bissau e, mais propriamente, a sua querida Bambadinca, de 21 a 28 de Janeiro de 2010 em companhia de  Dom Giovanni Ricchiuti, familiares e amigos de Acerenza; a sua preocupação de sempre foi a cristianização dos balantas

(xiv) está sepultado em Acerenza.





Visita a Bambadinca; Pe. Antonio com o tradicional barrete balanta, em 23 de fevereiro de 2008 (Fonte: blogue "Igreja Católica na Guiné-Bissau > 19 de junho de 2014 > Faleceu Pe. António Grillo, com a devida vénia)


3. Mais informações sobre o Padre António Grillo


3.1. Recorro aqui ao sítio de Paolo Grappasonni que, em finais de 1988, fez uma visita às missões italianas na Guiné-Bissau e evoca a figura do padre Anmtónio Grillo. Reproduzem-se excertos do texto "Notas de viagem à Guiné-Bissau", a partir de tradução minha do italino para português:

(...) "O Padre Antonio Grillo,  de Acerenza, viveu durante vários anos e em diferentes períodos entre os Balantas de Bambadinca. Publicou um opúsculo em Maio de 1988 intitulada: "Os Meus Balantas" de que retiro algumas das suas experiências mais significativas.

Tinha 26 anos quando a 12 de setembro de 1951, partiu do PIME de Milão, com três missionários num jipe americano,  a caminho de Portugal e depois da Guiné, em África.  Fazia parte da segunda expedição missionário do PIME à Guiné. Bambadinca é a região missionária para a qual o padre Grillo é enviado juntamente com o  padre Biasutti, em 31 de Janeiro de 1952. Depois um ano de espera para obter visto do Governo Português, e depois de uma viagem aventurosa por terra e mar, finalmente podiam começar.

 "Infelizmente - escreve o padre Grillo - nós tivemos que aceitar estabelecer a nossa residência em Bambadinca, a povoação onde estavam também as autoridades administrativas portuguesas, porque eles queriam manter-nos sob o seu controle constante. Já naquele tempo não nos permitiam com facilidade, mesmo a nós, missionários,  que entrássemos na floresta para contactar  as várias tribos. Teríamos preferido uma grande aglomerado populacional de Balantas como Samba Silate porque estes eram animistas, enquanto quase todos os habitantes de Bambadinca eram muçulmanos. "

Em língua madinga, "Bamba" significa "crocodilo", "Dinga" significa "cova": e na verdade, nos anos 50 o vizinho rio Geba estava cheio de crocodilos.

 A aldeia de Samba Silate, em 1955, já tinha 1750 habitantes, na sua maioria do grupo étnico Balanta, com poucos Papéis e alguns muçulmanos. Samba Silate, que significa "campo de arroz", foi a primeira estação missionária na zona de Bambadinca. O motivo que levou o padre Grillo a optar por esta aldeia, foi apenas o número dos seus habitantes que, se se convertessem, poderiam atrair as outras aldeias mais aldeias. (...)



3.2. De um outro site, italiano, sobre os 150 anos do PIME (Pierio Gheddo - PIME 1850-2000: 150 Anni dei Missione)  retirei, em tempos, a seguinte informação sobre o conflito do Padre Grilo com as autoridades portugueses, em 1963, bem sobre as crescentes dificuldades dos missionários italianos na sequência da escalada do conflito político-militar naquele território.

[Curiosamente, o meu atual programa de segurança não me deixa lá voltar, a este "site",  devido ao seu "conteúdo potencialmente perigoso"]...

(...) O PIME debaixo de fogo: a prisão do padre Grillo (1963)

O Superior Geral, padre Augusto Lombardi visita a Guiné (10 de Dezembro de 1959 -26 fevereiro 1960), e incita os missionários a empenharem-se mais para ajudar o povo da Guiné, mas evitando cuidadosamente qualquer gesto ou opinião política: o imperativo é permanecer no local sem se fazerem expular: os missionários estrangeiros podiam desempenhar um papel importante na defesa do homem.

 No início dos anos sessenta,  a Guiné entra significativamente em  clima de guerra. A primeira vítima é a padre Antonio Grillo, o apóstolo dos Balantas em Bambadinca, sob a acusação, que se soube mais tarde ser completamente falsa, de ser amigo de um líder da guerrilha.

 Detido pela polícia política portuguesa (Pide), a 23 fevereiro de 1963, encarcerado primeiro em Bissau e depois em Lisboa, acabou por ser libertado em 4 de julho em homenagem de Portugal, ao novo pontífice, o Papa Paulo VI.

 As missões do PIME nas regiões mais remotas, estão na primeira linha da frente. A de Suzana ], no chão felupe, região do Cacheu]  é ocupada pelo exército Português, os missionários têm que retirar-se para evitar ficar comprometidos aos olhos da população local (os cristãos passam a ser  visitados todos os meses a partir de Bafatá).


Catió [, no sul, na região de Tombali,], por sua vez, está no centro da guerrilha por causa de sua proximidade com a Guiné-Conacri, de onde vêm as armas e os guerrilheiros: os padres já não podem visitar as aldeias sem a permissão da polícia e na cidade estão sujeitos a controlos rigorosos.

Farim, por seu lado, permanece isolada durante longos meses, as estradas estão cortadas e só se pode viajar em colunas militares; ataques noturnos dos guerrilheiros e represálias do Exército, com incêndios de aldeias, tortura, massacres.

Em 10 de junho de 1963 um novo Prefeito Apostólico: Monsenhor João Ferreira, jovem, entusiasta e com bons projetos, mas infelizmente resistiu apenas dois anos e meio ao clima da Guiné: Regressa a Portugal em Agosto de 1965. O seu sucessor, Mons. Amândio Neto, também está numa linha moderadamente inovadora: deixar trabalhar os missionários, defendendo-os sempre a suspeita dos militares e da Pide. (...)


3.3.   De 21 a 28 de Janeiro de 2010, o octagenário  Padre António Griillo (vd. foto à direita, com a devida vénia ao citado blogue ) voltou a Bambadinca, com uma delegação da sua diocese de Acerenza para inaugurar uma escola a que foi dado o nosso nome... Voltou a Samba Silate, aos seus balantas. Foi recebido com grande entusiasmo, alegria e espírito ecuménico.

É doloroso para a nossa memória, mas não podemos ignorar, esquecer, branquear, desculpar o que se terá passado em Samba Silate (e noutros locais do CTIG) em  1961, 1962, 1963, "anos de chumbo" que abntecederam a guerra...

Não sabemos exactamente qual foi o envolvimento dos militares portuguesesi, antes da guerra, envolvidos em ações que eram mais de polícia  do que propriamente de natureza militar... A PIDE costuma ficar com o odioso destas ações (bem como a polícia administrativa local que fazia o "trabalho sujo")... Era importante ter acesso aos arquivos da PIDE para se poder saber, mais em detalhe, as acusações ou suspeitas que recaíam sobre o missionário italiano... Sabe-se que as relações entre os missionários italianos e as autoridades portuguesas não eram das melhores, nomeadamente an Guiné e em Moçambique.

Sobre o que se passou em Samba Silate (e noutros sítios do setor de Bambadinca como o Poindon) não posso quem quero generalizar, prefiro que apareçam outros testemunhos e relatos, documentados, circunstanciados, com datas e factos, sobre violência exercida tanto pelas NT como pelo PAIGC (ou a FLING, em 1961) sob as populações indefesas, ou sob prisioneiros...  É importante haver várias fontes, idóneas.

No Arquivo de Amílcar Cabral / Casa Comum, apenas encontrei uma única referência a Samba Silate onde, em 15 de maio de 1962,  teria sido morto, pelas NT, "o chefe da tabanca de Samba Silate".

Em 1969, seis anos depois, os meus soldados da CCAÇ 12 falavam-me destes acontecimentos, com "naturalidade" e sem qualquer "pejo"... E eles eram insuspeitos, eram fulas, nossos aliados (**)...   LG




Guiné > Zona letse > Região de Bafatá > Bambadicna > Carta de Bambadinca >  Escala 1/50 mil ) (1955) > Posição relativa de Samba Silate e de Nhabijões, os dois grandes núcleos balantas....

Infografia: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné (2014)

____________

Notas do editor:

(*) 20 de dezembro de 2014 >  Guiné 63/74 - P14055: Memória dos lugares (278): Samba Silate, no pós 25 de abril de 1974: As saudades que a guerra não conseguiu apagar mesmo nos guerrilheiros do PAIGC (António Manuel Sucena Rodrigues, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambdaionca e Xime, 1972/74)

(**) Último poste da série > 20 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14057: (Ex)citações (255): O Marcelino, que foi um militar valoroso, não precisa que se inventem, e lhe atribuam episódios desse género (Domingos Gonçalves)

sábado, 20 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14055: Memória dos lugares (279): Samba Silate, no pós 25 de abril de 1974: As saudades que a guerra não conseguiu apagar mesmo nos guerrilheiros do PAIGC (António Manuel Sucena Rodrigues, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74)

António M. Sucena Rodrigues
em 1973
1. Mensagem, de 18 do corrente, do António Manuel Sucena Rodrigues [ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74; membro da nossa Tabanca Grande desde 2008]:

Boa noite,  Luís Graça


É a primeira vez que envio um texto para o blogue. Conta um pequeno episódio, em anexo, que se passou pouco depois do 25 de Abril.

Marca o fim da guerra e o início da paz, o que se enquadra bem nesta época natalícia, apesar de não se ter passado no Natal.

Aproveito para enviar um abraço aos camaradas que se podem identificar nas fotos (tiradas com a máquina que referi no inquérito recente, uma KOWA e que ainda mantenho), em especial ao então Capitão Simão que nunca mais encontrei, com grande pena minha.

Para todos os camarigos, em especial para ti e toda a equipa que mantém este blogue, "no ar", desejo um Feliz Natal e Bom Ano Novo

Um Alfa Bravo.


António M. Sucena Rodrigues
em 2004
2. Memória dos lugares > Samba Silate > As saudades que a guerra não conseguiu apagar mesmo nos guerrilheiros do PAIGC

por António M. Sucena Rodrigues


Cumpri a minha comissão de serviço na Guiné de 23 de Junho de 72 a 30 de Julho de 74. Apanhei lá o 25 de Abril como se pode concluir e por isso tive oportunidade de viver a transição da guerra para a paz. Guardo disso algumas recordações que vou agora contar. 

Estive na CCaç 12 (pertenci à 3ª geração de militares europeus da companhia), inicialmente em Bambadinca e posteriormente no Xime. A vida neste local era certamente igual à que se vivia no resto do teatro de operações da Guiné (salvo alguns casos pontuais, quiçá mais complicados): actividade operacional quanta baste, incluindo as habituais flagelações ao quartel, normalmente de curta duração, que ocorriam aproximadamente de duas em duas semanas e que de resto nunca deixaram mossa grave, com excepção de duas delas, sendo que uma dessas foi a última, e aconteceu poucas semanas depois do 25 de Abril.

Foi um ataque ao cair da noite como normalmente acontecia, com características algo diferentes daquilo que era habitual. Durou mais tempo, com disparos da artilharia (ou RPG) inimiga mais espaçados. Curiosamente uma dessas granadas atingiu uma árvore de grande porte por cima da tabanca tendo os estilhaços ferido alguma população. Foram de imediato tratadas na enfermaria (às escuras). Lembro-me, pelo menos de duas mulheres, uma delas grávida já quase no fim do tempo, e de algumas crianças. É de realçar que nem as mulheres nem as crianças disseram um “ai” que fosse, antes, durante ou depois dos tratamentos. Isto mostra um conformismo com o sofrimento e uma capacidade impressionante de suportar a dor, certamente adquirida pelo “calo” da guerra. Imaginem se fosse cá … .

Mas voltemos ao que interessa. Não foi por acaso que se tratou de um ataque diferente dos habituais. Enquanto estávamos debaixo de fogo verificámos que havia disparos de RPG tracejantes nas nossas costas e algo distantes, o que nunca tinha acontecido. É que ao mesmo tempo foi atacada a tabanca de Samba Silate (*). 

Esta tabanca recebia população refugiada, vinda das chamadas zonas libertadas. Era colocada ali porque, dada a sua localização, tornava-se muito difícil sofrer um ataque de retaliação por parte da guerrilha. De um lado tinha a estrada Bambadinca-Xime e do outro a bolanha e o rio Geba. Pode-se dizer que executaram uma operação bem planeada. Impediram-nos de sair do quartel, atacando-nos durante o tempo necessário, enquanto outro grupo destruía parte da tabanca de Samba Silate.


Foto nº 1 > Xime > CCAÇ 12 (1973/74) > Pós 25 de abril de 1974 > "À esquerda está o 1.º guerrilheiro, que apareceu no Xime, devidamente fardado e desarmado, após o 25 de Abril e poucas semanas depois do último ataque ao Xime em simultâneo com o ataque à tabanca de Samba Silate; à direita está o Jamil (não sei se é o nome correto), que era de etnia Balanta (?) e habitava na tabanca do Xime. Era bem conhecido entre nós como sendo um possível informador do PAIGC. Foi ele que recebeu o guerrilheiro e o levou junto do capitão Simão.


Mas a história não acaba aqui. Não nos podemos esquecer que já tinha acontecido o 25 de Abril. Porém a paz oficialmente ainda não tinha sido acordada entre as novas autoridades portuguesas e a direcção do PAIGC.  Ainda não tinham começado as primeiras conversações em Londres, com Mário Soares do lado de Portugal e Pedro Pires do lado do PAIGC.Passaram mais umas duas ou três semanas e apareceu na tabanca do Xime, pela primeira vez, um guerrilheiro fardado e desarmado. (Foto nº 1).

Foi ter à tabanca de um africano, homem magro e alto, salvo erro de etnia balanta (?), que se chamava Jamil (?) (talvez algum camarada me possa confirmar o nome) mas que era pouco falador e bem conhecido entre nós porque sempre suspeitámos que se tratava de um informador do PAIGC (Foto nº 1).. Foi ele que levou o guerrilheiro à presença do nosso capitão Simão. (Foto nº 2)



Foto nº 2 > Xime > CCAÇ 12 (1973/74) >  Galhardete, Bandeira do PAIGC, oferecido pelo guerrilheiro ao capitão Simão.


 Houve naturalmente cumprimentos cordiais de parte a parte e lembro-me que esse guerrilheiro ofereceu um galhardete com a bandeira do PAIGC ao capitão (Foto nº 2). Por sua vez, este ofereceu-lhe uma garrafa de whisky ( ou brandy, valha a verdade). Esta garrafa trouxe consequências, como veremos mais adiante.

No dia seguinte, a pedido do guerrilheiro, fomos visitar a tabanca de Samba Silate, pouco antes atacada como referido acima (Foto nº 3). Aproveitei para ir na comitiva e tirar as fotos que agora recordo. Foi a primeira vez e única que lá fui, e estava ali tão perto...



Foto nº 3 > Xime > CCAÇ 12 (1973/74 > Samba Silate > Visita do guerrilheiro à tabanca de Samba Silate, sua terra natal.  De pé, pode ver-se o guerrilheiro (segundo a contar da esquerda), o Jamil (?) (de braços cruzados) e o capitão Simão (de camisola branca e com a mão no cinturão).



Foto nº 4 > Xime > CCAÇ 12 (1973/74) > Samba Silate > Pós 25 de abril de 1974 > A Tabanca de Samba Silate estava ainda em reconstrução, após o ataque que referi no texto.




Foto nº 5 > Xime > CCAÇ 12 (1973/74) > Samba Silate > Pós 25 de abril de 1974 >  Continuação da visita à tabanca de Samba Silate.  É curioso observar, pela imagem, que a população não era certamente de etnia Fula nem Mandinga, mas sim Balanta (porquê?).



Foto nº 6 > Xime > CCAÇ 12 (1973/74) > Samba Silate > Pós 25 de abril de 1974 >  Ruinas da casa onde nasceu o guerrilheiro.  Ao fundo, à direita, pode ver-se a cruz que,  segundo ele, foi construída antes da guerra, por um tal missionário que lá viveu e que ele chamava de padre António [Grillo].


A tabanca estava, como se pode ver, ainda em reconstrução do ataque que pouco tempo antes tinha sofrido, conforme referi acima. (Foto nº 4).

Esse guerrilheiro contou-nos um pouco da sua história: era de lá, 
António Grillo (n. 1925, Acerenza,
Itália),  preso pela PIDE em 23/2/1963; 
faleceu em 18/6/2014,  com 89 anos
 de idade,  na sua terra natal;
há um liceu  Padre António Grillo, 
em Bambadinca (onde voltou, 
como missionário, de 1975 a 1986); 
tinha um fortíssima  ligação 
aos balantas de Bambadinca (LG).
e mostrou-nos, com alguma emoção, as ruinas da tabanca onde tinha nascido e vivido enquanto jovem. Falou-nos também numa cruz em cimento (? ) ainda intacta, a qual, segundo ele, havia sido construída, por um tal padre António [Grillo], missionário que lá viveu antes da guerra (*). Também mostrou as ruinas da tabanca onde viveu esse missionário. (Foto nº 6).

Cumprimentou várias pessoas da tabanca, sem grande euforia, mas sempre com respeito. (Foto nº 5).



Foi uma visita simples mas significativa que durou toda a manhã. Foi a oportunidade de reencontrar um passado que a guerra quase fez esquecer mas que na verdade estava bem presente. A vontade de acabar com a guerra não era exclusiva de uma das partes em conflito. Foi uma manhã emocionante. Todos os que, no mato, pegaram em armas, quer de um lado da barricada quer do outro, eram pessoas de corpo e alma, com sentimentos. Só os mandantes supremos é que não sabiam isso. Isto ficou demonstrado neste episódio simples mas significativo. (Foto nº 7).

Após a visita regressámos ao Xime e o guerrilheiro, não me lembro se nesse dia ou num dos seguintes, regressou ao mato tal como de lá veio, sem que dessemos por isso.

Nos encontros amigáveis e de reconciliação que posteriormente realizámos no mato, em Madina Colhido, ele não esteve presente por razões que nos foram explicadas pelo comandante máximo do PAIGC na zona. É que a tal garrafa de whisky que o capitão Simão lhe entregou, era para oferecer ao dito comandante que, com os seus homens deveriam festejar a paz. Acontece que, no auge das emoções, ele bebeu-a só, logo “enfrascou-se”, e por isso foi castigado com prisão. Quem havia de dizer?...

Logo após o 25 de Abril, a comunicação social imediatamente começou a dar notícias da guerra, o que até aí não era permitido pela PIDE. Este ataque que referi acima, não escapou a essa corrida desenfreada às notícias sensacionais. Imaginem a dificuldade que tive em acalmar os meus pais, depois de ter recebido uma carta deles a falarem exactamente nesse ataque e das suas consequências imediatas.

António Manuel Sucena Rodrigues

Ex-furriel miliciano,
CCaç 12 (Bambadinca e Xime, 1972-74) (**)



Foto nº 7 > Xime > CCAÇ 12 (1973/74) > Samba Silate > Pós 25 de abril de 1974 > Para a posteridade aqui ficou uma foto tirada em Samba Silate em que me apresento com as barbas que mantenho há 40 anos. Apenas mudaram de cor.


Fotos, legendas e texto : © António Manuel Sucena Rodrigues  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]
_______________________

Notas do editor:

(*) Sobre Samba Silate e os acontecimentos do início da guerra, em 1963, vd. postes de:

2 de maio de  2010 > Guiné 63/74 - P6292: Memórias de um alferes capelão (Arsénio Puim, BART 2917, Dez 69/ Mai 71) (10): Samba Silate


(...) Dantes, Samba Silate foi uma grande tabanca balanta e um importante centro de produção de arroz. Mas na altura em que lá estive, era uma terra desabitada e completamente inculta. Dizia-se que qualquer tentativa dos Fulas para o seu aproveitamento seria gorada pelos Balantas.

Neste chão balanta, o Pe. António Grillo, missionário italiano, desenvolveu uma actividade pastoral florescente, reconhecida por muitas pessoas. Lá estava ainda, a testemunhá-lo, uma grande cruz de cimento erguida no local, assim como uma campa, também de cimento, perto da cruz, com a inscrição de Mateus Iala, balanta, que havia falecido em 1958, apenas um mês depois de ser baptizado.

Ao rebentar a guerra houve um forte movimento de adesão e apoio, em Samba Silate, à guerrilha. A tropa, porém, acudiu atacando e matando indiscriminadamente. Mancaman, do Xime, de quem já falei anteriormente  (...) , disse-me que só em Samba Silate morreram mil pessoas (...), incluindo mulheres e gente muito nova. Os que escaparam, uns foram para o mato, outros para Nhabijães, Enxalé, etc..

Pe. António viu-se implicado nos acontecimentos e, depois de preso, foi expulso, sem qualquer julgamento, para a Itália, donde não voltou mais. Constou que, mais tarde, Spínola autorizou o seu regresso, mas que a PIDE não o permitiu. (...)


14 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3059: Memórias dos lugares ( 9): Bambadinca , 1963 (Alberto Nascimento, CCAÇ 84, 1961/63)

11 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2930: Bambadinca, 1963: Terror em Samba Silate e Poindom (Alberto Nascimento, ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 84, 1961/63


(**) Último poste da série > 17 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14042: Memória dos lugares (278): Antigos quarteis de Farim e Nema (Patrício Ribeiro, sócio-gerente da Impar Lda)

sábado, 11 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11555: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (45): Respostas (nºs 93/94/95): Paulo Salgado (CCAV 2721,Olossato e Nhacra, 1970/72 ); António Manuel Sucena Rodrigues (CCAÇ 12, Xime, 1972/74) ; José Santos (CCAÇ 3326, Mampatá e Quinhamel, 1971/73)


Resposta nº 93 >  Paulo Salgado [, ex-Alf Mil, CCAV 2721,Olossato e Nhacra, 1970/72]:

(1) Quando é que descobriste o blogue ?

Quase desde o início. Aliás, a minha mulher [Conceição] e a minha filha [Paula] são tabanqueiras, mas muito irregulares…

(2) Como ou através de quem (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)?

Através do Luís Graça. Um encontro…

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?

O meu bombolom começou a tocar há alguns anos – basta ver as notícias

(4) Com que regularidade visitas o blogue (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) ?

Regularmente

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?

Mando de forma irregular.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?

Não.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?

Nunca

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?

Do Blogue: o que os camaradas pensam do que fizeram na Guiné sob os aspectos humanos e sociais (é estranho?). Do face, não falo…não leio.

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?

Mesmo quendo se fala de guerra (emboscadas, “roncos”) aprecio saber. Mas não é o meu forte, confesso. Oh, camaradas, há ética na guerra?

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

Sem dificuldade.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?

O blogue permitiu e permite fazer a catarse, possibilita o reviver de memórias. E, pessoalmente encontrar um equilíbrio entre o que vivi então e o que vivenciei nas imensas vezes que fui lá…depois (sempre fui bem recebido…e tratado…há tantas histórias.)

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?

Não. Com pena minha.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?

Ainda não sei se poderei…

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?

Claro que tem. Eu procurarei dar mais contributos.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

Vamos todos cumprir os “mandamentos”…do nosso blogue.

Paulo Salgado – ex-alferes de Op. Esp. CCAV2721



Resposta nº 94 >  António Manuel Sucena Rodrigues [ex-Ful Mil Inf, CCAÇ 12, no período final da guerra (1972/74, tendo estado no Xime]

(1) Quando é que descobriste o blogue ?
R: Em 2008

(2) Como ou através de quem (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada) ?
R: Pesquisa no Google

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?
R: Sim, desde 2008  [, Falta-nos foto do tempo de Guiné, 1972/74].

(4) Com que regularidade visitas o blogue (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) ?
R: De tempos a tempos.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ? R: Não, mas vou mandar.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?
R: Não.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
R: Não vou ao Facebook.

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
R: Artigos de opinião; comparar opiniões sobre os vários acontecimentos da guerra; notícias atuais
do povo da Guiné

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ? ~
R: Nada~.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
R: Não.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?
R: Recordar o que de bom lá passei e aprendi (e foi muito). Tentar perceber o que na altura, dada a minha juventude, não consegui perceber e o que ficou por aprender.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?
R: Sim

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?
R: Sim. Já estou inscrito.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
R: Acho que sim, enquanto houver alguma coisa por explicar, por contar, por aprender com a guerra, por compreender nos povos da Guiné e na nossa juventude, e explicar a nossa história e sobretudo enquanto houver quem conte e quem queira ouvir contar.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.


Resposta nº 95 >  José Santos [ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 3326, Mampatá e Quinhamel, 1971/73]

1) [Descobri o blogue] há cerca de 3 anos
2) Informação de um camarada já falecido
3) Sou membro [da Tabanca Grande] desde há 3 anos [, 16 de novembro de 2011]
4) [Visito o blogue] de tempos a tempos
5) Já enviei história passada por mim em Mampatá
6) Não, [a nossa página no Facebook, Tabanca Grande Luís Graça]
7) Nem uma nem outra, mas vou fazer os possíveis para os visitar mais vezes
8/9/10) ...
11) Gosto de saber novidades
12) Não, [nunca fui aos encontros nacionais da Tabanca Grande]
13) Não, [não vou este ano]
14) Sempre
15) Unicamente prometo que vou estar mais atento. Abração
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Nota do editor:

Último poste da série > 10 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11547: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (44): Respostas (nºs 90/91/92): José Rodrigues Firmino (CCAÇ 2585, Jolmete, 1969/71); Fernando Chapouto (CCAÇ 1426, Geba, Camamudo, Banjara e Cantacunda, 1965/67); José Manuel Carvalho (CCS/BCAÇ 4612/74, Cumeré, Mansoa e Brá, 1974)

domingo, 19 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8448: Blogoterapia (182): A primeira vez! - Em Monte Real (Carlos Pinheiro)


1. Mensagem do nosso camarada Carlos Manuel Rodrigues Pinheiro* (ex-1.º Cabo TRMS Op MSG, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70), com data de 17 de Junho de 2011, estreante nos Encontros da Tabanca Grande:

Caro Carlos Vinhal
Anexo um pequeno artigo sobre o nosso Encontro de Monte Real.

Um abraço
Carlos Pinheiro





Carlos Pinheiro, à direita da foto, durante o VI Encontro da Tabanca, no dia 4 de Junho de 2011, no Palace Hotel de Monte Real, acompanhado por José Martins, ao centro, e Sucena Rodrigues à esquerda.


A primeira vez!

Há sempre uma primeira vez em tudo na vida.
E a primeira vez que tive a honra, o prazer e o privilégio de participar num Encontro da Tabanca Grande foi no passado dia 4 de Junho em Monte Real. Foi de facto um dia grande na Tabanca Grande.

Se os baptismos fizessem parte do cerimonial, teria que passar a chamar padrinho, na melhor acepção da palavra, ao meu grande amigo António Sampaio. Foi ele o grande “responsável” por eu ter conseguido quebrar os receios, os medos, de um encontro onde não conhecia a maior parte dos camaradas de armas. Mas o António Duarte também foi um dos “culpados”.
Por isso um agradecimento muito especial a estes dois amigos de longa data e que um dia reconhecemos que afinal de contas todos tínhamos bebido “manga” de água da “bolanha”, naquelas terras quentes e húmidas da Guiné.


Mas o Carlos Vinhal e o Luís Graça, com quem eu já me tinha correspondido através do blogue, também merecem uma palavra de agradecimento por tudo o que têm feito pelo pessoal ao longo de muitos anos, mantendo-se assim vivo o espírito de camaradagem que, apesar dos anos passados, se mantém inalterado.

Para o Mexia Alves, Grão-mestre da arte de bem receber, uma palavra de agradecimento e outra de estimulo pelo muito que tem feito e pelo muito mais que ainda continuará a fazer, especialmente em tudo o que diga respeito a logística, abastecimentos e ainda na vertente sociocultural que também é importante nestes convívios recordatórios e de que ele também é um extraordinário executante do fado, canção nacional, quando as guitarras começam a trinar.
De facto, o dia 4 de Junho foi um dia diferente, um dia bem passado entre pessoas que tinham e têm algo em comum, pelo facto de todos terem estado envolvidos directamente na Guerra Colonial ou do Ultramar, como lhe queiram chamar.

Viva o Encontro de 2011.
Que venha o Encontro de 2012.

Carlos Pinheiro
17.06.11
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Notas de CV:

Vd. poste de 15 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8421: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro, manga de ronco (9): Os apanhados pela objectiva do Manuel Resende (Parte II)

Vd. último poste da série de 1 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8360: Blogoterapia (181): Apesar da idade, continuamos a realizar os nossos Encontros e ainda nos comovemos (Ernesto Duarte)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8421: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro, manga de ronco (9): Os apanhados pela objectiva do Manuel Resende (Parte II)


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande (*)  > O Senhor Dom Leitão, serviço à hora do lanche, não direi que foi o rei da festa, mas que lá roncou, roncou...


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > 22 quilos desapareceram num ápice, sinal de que o Dom Leitão teve as devidas honras à nossa mesa... (Terá sido golpe de mão ?,  perguntaram os retardatáris)...Felizmente, o fotógrafo estava lá para comprovar a existência e a presença do Dom Leitão (a cabeça e o resto, aos pedacinhos...).

 

Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  >Em primeiro plano, três camaradas do Xitole, Joaquim Mexia Alves (jogava em casa), Francisco Silva (hoje ilustre cirurguião ortopedista no Hospital Amadora Sintra) e António Barroso (Valadares, Vila Nova de Gaia... Vim a saber que é meu vizinho, quando fico na Madalena...). Estes três camaradas pertenceram originalmente à  CART 3492...



Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Aspecto parcial do grupo de comensais (que este ano chegaram aos 125), na hora dos aperitivos (que, disseram os mais excelentes gourmets, estavam cinco estrelas)...


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Aspecto parcial do nosso convívio no terraço da Sala Dom Diniz



Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca   > Grande  > Da esquerda para a direita, Jorge Picado (Ílhavo), Ernestino Caniço (hoje médico, em Tomar),  Semião Ferreira (médico das Termas de Monte Real, e que não há meio de entrar para o blogue, apesar das nossas insistências, que são sempre amáveis convites; esteve na Guiné como operacional) e António Estácio (Mem Martins / Sinrtra)... Os trêss primeiros conheceram-se na região do Oio (Mansoa, Cutia, Mansabá...).


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  >  Da direita para a esquerda Carlos Pinheiro (Torres Novas), Zé Martins (Odivelas) e o António Manuel Sucena Rodrigues, que mora em Oliveira do Bairro, ex-Ful Mil Inf na CCAÇ 12, no período final da guerra (1972/74), tendo estado no Xime e regressado em Agosto...


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Da direita para a esquerda, dois periquitos da CCAÇA 12, o António Manuel Sucena Rodrigues e o António  Duarte; na ponta, o Manuel Domingos Santos (Leiria)...


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > a Graciela Santos (Caneças / Odivelas) e Manela  Martins (Odivelas), esposas respectivamente do António Santos e do Zé Martins.



Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > O Alcídio Marinho (Porto) que vai ser apresentado em breve, formalmente, á Tabanca Grande... É o porta-estandarte da CCAÇ 412 (Bafatá, 1963/65)


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Felismina Costa (Agualva-Cacém / Sintra), Jaime Machado e Manuela (Senhora da Hora / Matosinhos)...


Fotos: © Manuel Resende  (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. 

[ Selecção, edição e legendagem das fotos: L.G.] (**)

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Nota do editor

(*) Vd. poste de 9 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8392: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro,manga de ronco (6): Os apanhados pela objectiva do Manuel Resende (Parte I)

(**) Último poste da série > 13 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8415: Monte Real, 4 de Junho: O nosso VI Encontro, manga de ronco (8): Visto pela especial sensibilidade da nossa amiga Margarida Peixoto, esposa do Joaquim Peixoto (CCAÇ 3414, Bafatá e Sare Bacar, 1971/73)