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domingo, 27 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P11011: Efemérides (119): Diário de George Freire, ex-comandante da 4ª CCAÇ (Bedanda, 1962/63): o início da guerra no sul do CTIG (jan / mar 1963)...Recordando topónimos que nos são familiares: Cabedu, Caboxanque, Cacine, Cadique, Cafal, Cafine, Catió, Chugué, Jemberém, Mejo, Salancaur...



Guiné > Região de Quínara (parte sul) e Região de Tombali > Sítios referidos por George Freire no seu dário (1/3 a 23/3/1963), e onde a sua 4ª CCAÇ, colocada em Bedanda, ou outras unidades do exército (como a CCAÇ 273, por ex.) , estiveram em ação, logo no início da guerra...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013)

1. Ainda a propósito dos 50 anos do início da guerra no TO da Guiné - a 23 de janeiro de 1963, segundo os nossos historiógrafos (mas também os da Guiné-Bissau) - achamos oportuno reproduzir, aqui, mais uma vez, o diário do cap inf Jorge Freire (,hoje cidadão americano, George Freire), que comandou a 4ª CCAÇ, e que esteve, já em cenário de guerra, em Bedanda, desde novembro de 1962 até ao fim da sua rendição individual em maio de 1963 (*)...

É impressionante como um só companhia podia, na época, operar em quase todo o sul da Guiné, compreendendo parte da região de Quínara  e a região de Tombali, o celeiro da Guiné... Todos estes topónimos são-nos familiares, para muitos de nós: Bedanda, Cabedu, Caboxanque, Cacine, Cadique, Cafal, Cafine, Catió, Chugué, Jemberem, Mejo, Salancaur... Ainda não se falava de Guileje nem de Gadamael...Repare-se que há tabancas que vão ser logo de imediato abandonadas (caso de Iemberém, cuja população fula é transferida pelo exército pata Bedanda), Da leitura do diário depreende-se que houve um rápido alinhamento da população local, com os fulas a mostarem-se leais às autoridades portuguesas e os balantas (e outros: beafadas, nalus...) a ficarem do lado do PAIGC... Houve seguramente terror e contraterror nestas ações de ambos os lados. Mas repare-se que os prisioneiros feitos pela 4ª CCAÇ são entregues ao batalhão (o George Freire não o identifica,  claramente, não sei se era o BCAÇ 236 ou o BCAÇ 356). Por outro lado, um dos alvos da ação da guerrilha são as casas comerciais, a Ultramarina, a Gouveia... A produção de arroz vai decrescer drasticamente nos anos seguintes. A importação de arroz mais do que triplica de 1962 (c. 9 mil toneladas) para 1964 (c. 30 mil toneladas). A Guiné nunca mais será a mais a mesma, depois do ataque de Tite, em 23 de janeiro de 1963. (LG)



O meu Diário da Guiné, por George Freire (EUA)

Como história, transcrevo partes de um diário que encontrei no meio de papelada antiga numa gaveta da minha secretária. A primeira entrada no diário foi no dia 31 de Janeiro de 1963 e a última, no dia 28 de Maio do mesmo ano.

31/1/63:

Ataque de terroristas aos Fulas de Jemberém. Mataram o chefe da tabanca e outros 6 Fulas.

2/2/63:

Acção em Boche Falace pelas minhas forças de Jemberém. Um grupo de terroristas balantas em fuga deixou grande quantidade de arroz cozido (!).

6/2/63:

O nosso destacamento em Salancaur foi atacado às 00:30. Tivemos baixas: um furriel e um soldado foram mortos do nosso lado e vários terroristas foram abatidos. Nesta mesma noite, também atacaram o nosso destacamento em Cacine, mas felizmente não houve baixas a assinalar.

8/2/63:

Fui a Bissau tratar de vários assuntos da Companhia [4ª CCaç].

9/2/63:

Volta de Bissau. Manga de trabalho em atraso devido as acções dos últimos dias. Recebemos informação de que vários terroristas passaram ao largo, vindos de Catió para a zona de Cacine. As instalações da Ultramarina foram assaltadas e o encarregado europeu foi morto.

10/2/63:

Lista de material extraviado em combate: 1 capacete em Chugué, 1 espingarda Mauser e1 pistola-metralhadora em Jemberém.

Esta madrugada as instalações da Gouveia em Salancaur foram atacadas. Os terroristas levaram cerca de 10 toneladas de arroz e outros géneros de comida.

11/2/63:

Efectuámos acções em Jemberém, Salancaur e Cadique. Vários elementos terroristas que tinham tomado parte no assalto aos Fulas de Jemberém foram aprisionados e enviados para a sede do Batalhão.

12/2/63:

Um alfaiate mandinga, Mamude Djassi, que tinha sido aprisionado em Chacual pelos terroristas e que passou vários dias num dos seus acampamentos, conseguiu fugir e apresentou-se ao nosso destacamento do Chugué. Foi transportado para o nosso quartel em Bedanda. Enviei um rádio para o Batalhão para que este Mandinga possa ser aproveitado como guia na acção que está a ser preparada pelo Batalhão.

13/2/63:

Enviei um pelotão para Salancaur para proteger o embarque de arroz da Ultramarina e da Gouveia.

14/2/63:

Patrulhamento feito em Jemberém e Cadique. Nesta última povoação tivemos contacto com terroristas Balantas que puseram alguma resistência mas acabaram por fugir. Três foram abatidos.

15/2/63:

O nosso quartel em Bedanda foi visitado por 3 directores da CUF, procurando informações do que se está a passar na região. Nessa mesma altura, terroristas rebentaram um pontão na estrada de Catió junto de Timbo. Houve também grande tiroteio em Chugué e algumas explosões na estrada próxima da área. Os 3 directores ficaram bem informados do que se está a passar...

16/2/63:

Chegou o Pelotão de acompanhamento da Companhia 273. Uma patrulha das nossas forças do Chugué foi atacada por um grupo armado de pistolas-metralhadoras. Não sofremos baixas mas 2 terroristas foram abatidos.

Regressou à base o Pelotão destacado em Salancaur. Foi rendida por novas forças a Secção que se encontrava destacada em Jemberém.

17/2/63:

Continuaram a chegar mais elementos da companhia 273.

18/2/63:

Reconhecimentos feitos a Salancaur, Jemberém e Cadique. Aprisionámos alguns dos elementos que tinham atacado o nosso destacamento de Salancaur.

22/2/63:

Fomos visitados aqui em Bedanda pelo Comandante Militar e pelo Major Mira Dores, durante a altura em que tínhamos começado uma acção no mato de (Nhairom?), com 2 pelotões da CCaç 273 e 1 Pelotão da minha Companhia.

23/2/63:

Regresso da acção. Pobres resultados. Foram encontrados vários acampamentos terroristas, abandonados mas com indícios de terem sido ocupados recentemente. Foi rendida a secção de Jemberém.

25/2/63:

Reconhecimento feito em Salancaur e Mejo. O Capitão Delfino, comandante da Companhia que substituiu a CCaç 74, visitou-nos, para discutirmos colaboração.

26/2/63:

Outra visita pelo Comandante Militar e o Comandante da Força Aérea, para discussão sobre a colaboração da FA na próxima operação que iremos executar. Pormenores foram discutidos em detalhe.

27/2/63:

O Capitão Relvas veio da sede do batalhão visitar-nos em Bedanda. Aparentemente, o comandante do Batalhão está chateado por não ter sido consultado nos detalhes de apoio pela FA. e tomou a decisão de fazer a operação sem esse apoio. (Incompreensível!).

A acção começará esta noite a partir das 00:04. A acção terminou pelas 15:00 do dia 28/2/63. Os resultados que poderiam ter sido bastante satisfatórios, foram praticamente nulos, pois vários grupos de terroristas conseguiram, (devido a configuração e extensão do terreno de acção), fugir e dispersar. Se a FA tivesse colaborado os resultados teriam sido tremendos, pois o número de terroristas que conseguiram infiltrar-se entre as nossos forças foi considerável. (Esta foi a opinião de todos os comandantes de pelotão directamente envolvidos na acção. Na área onde a minha companhia actuou, notamos exactamente os mesmos resultados).

É evidente que os terroristas foram avisados da operação a tempo de poderem debandar. Nada me admira, pois temos um número considerável de soldados nativos, incluindo Balantas...


1/3/63:

Hoje pela 09:30 e mais tarde pelas 14:30, pessoal do pelotão do Cabedú sofreu emboscadas respectivamente entre Cafal e Cafine e no cruzamento de Cabante. Na segunda emboscada sofremos um morto e um ferido. Uma viatura Chaimite foi destruída na primeira emboscada. Seguiram dois pelotões reforçados para os locais das emboscadas.

Em Impungueda uma patrulha da CCaç 859 travou contacto com os terroristas e feriu alguns e os outros conseguiram fugir.

2/3/63:

Durante parte do dia de ontem e durante todo o dia de hoje as nossas forças percorreram todo o terreno nas zonas das emboscadas. Encontraram vestígios dos atacantes, fizeram um prisioneiro que tinha tomado parte numa das emboscadas, mas nada mais. O soldado ferido seguiu de avião para Bissau e o morto foi enterrado no cemitério de Bedanda.

O prisioneiro foi interrogado mas poucas informações conseguimos. Foi enviado para o Batalhão para ser interrogado.

3/3/63:

O Comandante Militar veio cá hoje de avião com o segundo Comandante do Batalhão 356. Depois de informados dos acontecimentos dos últimos dias, seguiram para Catió.

4/3/63:

Recebemos informação do batalhão de um possível ataque planeado pelos terroristas a Caboxanque e Jemberém. Enviei dois pelotões para Jemberém e Cadique, ponto de onde, segundo a informação, os terroristas se estavam a organizar para os ataques. Em Caboxanque executámos acções por um pelotão da minha companhia e outro da CCaç 273.

6/3/63:

Fizemos um reconhecimento à zona de Jemberém. O alferes Gonçalves encarregou-se de falar aos chefes Fulas de Jemberém e discutir a possível mudança das suas tabancas para Bedanda. Há toda a vantagem dessas mudanças para incrementar a protecção da população Fula. Poderemos também formar aqui e em Bedanda um pelotão de uns 40 Fulas, o que nos poderá ajudar substancialmente na segurança da área e aliviar as nossas forças. Os chefes Fulas aceitaram a nossa oferta de braços abertos.

7/3/63:

Começámos o transporte da população Fula de Jemberém. Usámos 10 viaturas neste movimento. Calculamos que serão necessárias 3 mais viagens semelhantes.

8/3/63:

Continuação do transporte dos Fulas. Seguiram dois pelotões da CCaç 273 para a região de Salancur.

9/3/63:

Continuação do transporte dos Fulas. Os pelotões da CCaç 273 continuaram a operar na região de Salancur.

Elementos Fulas de Jemberém conseguiram aprisionar um nativo que sabiam estava ligado ao movimento terrorista. Quando este nativo (Balanta) foi interrogado aqui na companhia, deu-nos a informação de que elementos terroristas estão no mato de Boche Falace a prepararem um ataque àquela povoação. Enviámos um pelotão da CCaç 273 para a área.

Recebemos também informação, por elementos do Chugué, que um grupo de terroristas bem armado estava concentrado do outro lado da fronteira com a Guiné Francesa, perto da zona de Banta-Sida.

Mais informações recebidas do pelotão de Jemberém: cerca de 300 elementos terroristas estavam a preparar um ataque à nossa companhia em Bedanda na madrugada de amanhã.

Dei ordens para que todo o nosso pessoal, (estávamos um pouco desfalcados pois tínhamos 2 pelotões em operações longe de Bedanda), estar em alerta em posições defensivas, já há muito preparadas para eventualidades semelhantes. Foi uma longa noite de nervos, mas o ataque nunca se deu.

10 e 11/3/63:

Acabámos o transporte dos Fulas de Jemberém para Bedanda, contudo ainda teremos que transportar abastecimentos e víveres que ainda lá ficaram, em especial uma grande quantidade de arroz. Os Fulas fizeram um outro prisioneiro que, após interrogado, nos deu boas informações sobre o grupo terrorista que tem actuado na zona de Boche Falace: nomes de comandantes, armamentos e locais aproximados do grupo. Este prisioneiro foi enviado para o batalhão.

13/3/63:

Recebemos novas informações sobre um outro possível ataque ao nosso aquartelamento no dia 16 ou 17.
O Benfica venceu o Dukla de Praga para a taça dos campeões europeus. Ouvimos o relato no rádio.

15/3/63:

Chegou um pelotão da CCaç 417 que seguirá para Caboxanque. Enviei uma grande coluna de 10 viaturas para Jemberém para trazer o resto dos víveres pertencentes aos Fulas.

16/3/63:

O pelotão da CCaç 417 seguiu para Caboxanque para render o Pelotão 859.

18/3/63:

Chegou o Pelotão 859 que seguirá para Bafatá. A CCaç 273 partiu para Jemberém em operações, não se sabendo por quantos dias.

19/3/63:

Visita do major Pina para discutir os pormenores do movimento dos pelotões 859, 870 e 871 para Bafatá. Eu irei a comandar a coluna e voltarei para Bedanda de avião.

20/3/63:

O alferes Mendes seguiu com um pelotão para o Chugué dentro do novo plano de ordenamento dos dispositivos.

22/3/63:

Cabedú enviou uma mensagem informando que os terroristas estavam a planear uma emboscada às viaturas da CCaç 273 que se tinham deslocado para a região de Darsalame. Enviei imediatamente um rádio para o capitão Gaspar com todos os detalhes da informação.

23/3/63:

Chegou outro pelotão da CCaç 417. Seguirá amanhã para Cabedú para render o Pelotão 871, que virá para Bedanda e depois para Bafatá na minha coluna.

[.-..] O meu diário, cobrindo os acontecimentos que se passaram entre a minha partida para Bafatá com a coluna, a minha vinda de retorno a Bedanda e as semanas até ao dia 18 de Maio, extraviou-se, infelizmente.

Lembro-me de alguns detalhes de possíveis ataques a Bedanda que, felizmente, nunca se concretizaram. Nós estávamos muito bem preparados, com todo o terreno à volta do aquartelamento (cerca de uns 150 metros), completamente limpo de arvoredo e vegetação.

Tínhamos os morteiros de 60 todos treinados nas áreas prováveis de ataque, além de explosivos enterrados e comandados à distância. Bem no fundo, eu estava com esperança de que os terroristas tentassem um ataque, pois seriam totalmente aniquilados, mas nunca aconteceu, possivelmente porque eles sabiam que tal acção seria muito difícil e arriscada.

No dia 18 de Maio, o capitão Nelson (meu colega de curso) veio render-me. Durante os 4 dias seguintes fiz a entrega da 4ª CCaç ao Nelson e no dia 21 de Maio segui de avião para Bissau.

Ai estive à espera de transporte e finalmente no dia 27 de Maio parti de volta a Portugal no navio da CUF “Ana Mafalda”.


Tenho ainda mais algumas histórias para contar, (entre os primeiros dias de Abril, até a altura em que fui rendido, 20 de Maio de 1963).

Um abraço,
George Matias Freire

________________

Notas do editor:

(*) vd. postes de:

24 de Janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10996: Efemérides (117): O início da guerra no CTIG há 50 anos: Nova Lamego, Bissau, Bedanda... O paraíso... perdido (set 62/mai 63): filme de George Freire, ex-cap inf QP, a viver nos EUA há meio século (Virgínio Briote / Luís Graça)
29 de dezembro de 2008 >  Guiné 63/74 - P3681: Tabanca Grande (106): George Freire, ex-Comandante da 4ª CCaç (Fulacunda, Bissau, N. Lamego, Bedanda, 1961/63)

(**) Último poste da série > 25 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11003: Efemérides (118): Data da Operação Irã (José Martins)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P10996: Efemérides (117): O início da guerra no CTIG há 50 anos: Nova Lamego, Bissau, Bedanda... O paraíso... perdido (set 62/mai 63): filme de George Freire, ex-cap inf QP, a viver nos EUA há meio século (Virgínio Briote / Luís Graça)




Vídeo (9' 58'') > Alojados no You Tube / bra6567  © George Freire (2009). Todos os direitos reservados. (Clicar no link, como alternativa, para visionar o filme).

Guiné > Nova Lamego (Gabu) e Bissau, set 62 / nov 62. Vídeo 1/3 (com mais de 1 milhão de visualizações no You Tube, desde junho de 1969). Primeira parte de um vídeo (de cerca de 30') de George Freire, abarcando o o período de set 1962 a mai de 1963, em que  comandou a 4ª CCAÇ, primeiro em Nova Lamego (set a nov 1962) e depois em Bedanda (nov 62 a mai 63), onde teve o seu batismo de fogo (mar 63).


1. Sinopse dos vídeos [ Virgínio Briote / Luís Graça]:

No primeiro vídeo (1/3) vemos  Nova Lamego (Gabu), o aquartelamento, os oficiais subalternos da 4ª CCAÇ, a avenida principal, um domingo à tarde com as famílias  dos oficiais, os esquilos amestrados, a esposa do Jorge Freire, Edite,  com a filha do 1º sargento da companhia, mulheres nativas à pesca de camarão, a operação de lavagem das roupas (ou como bater bem com as peças de roupa nas pedras!), as lindas bajudas do Gabu mais os djubis  a brincar na água, os cães boxer do médico da  companhia, a piscina, a fonte de água, a Edite à pesca, o grande régulo Fula do Gabu, a mulher mais nova e a mais velha (aparentemente amigas uma com a outra) do régulo, os netos, os trajes de cerimónia, o alfaiate da terra, um passeio domingo à tarde (a Edite e o Jorge), o pôr do sol, a o campo de aviação do Gabu e, por fim,  a viagem de avioneta (Dornier ou Austin ?) até Bissau, o leste visto "by air".

Já em Bissau, vê-se  o render da guarda ao Palácio com a população a assistir. Há companhia, de soldados metropolitanos, já com camuflado e G3 (estamos no úlimo trimestre de 1962). AEdite e uma amiga num jardim em Bissau. Depois, de novo,  o regresso ao Gabu, em avioneta  dos TAGP.

No segundo vídeo (2/3), o cap Jorge Freire, ainda no Gabu,  vai visitar, de jipe, acompanhado da esposa Edite, os pelotões destacados. Eram viagens ainda "sem perigo". O macaco-cão, mascote de um dos pelotões. Um alferes,em calções, farda amarela e chapeu colonia. Vemos depois a Edite a caminhar para a fronteira. O marco da fronteira com a Guiné-Conacri, na zona leste, em Buruntuma com os dizeres ainda frescos "República Porguesa, Província da Guiné"). O capitão leva apenas uma pistola Walther. Regresso.  A estrada Buruntuma-Piche-Nova Lamego, "um das melhores da região". Paragem  na ponte  sobre o Rio Caium [, ou ponte Malã Dalassi, e não Mule Balassi, como vem, com erro, na legenda; Malã Dalassi ou Temanco, era a aldeia fula mais próxima].

Entretanto, acabada a missão no Gabu, a 4ª CCAÇ é colocada em Bedanda, em novembro de 1962. O  capitão e a esposa regressam a Bissau. E vão de barco comercial, para o sul. Imagens do barco, do rio  e da viagem (não é claro de é no Rio Geba, até Bissau,  ou já do Rio Cacine). Paragem em Cacine.   Por fim,  Bedanda, o aquartelamento [ainda em construção], as pirogas no Rio Cumbijã, a construção de novas instalações para o pessoal, os alferes da companhia (um dos quais viria a morrer em combate, dias depois), imagens filmadas antes da saída de uma patrulha, um prisioneiro amarrado que terá, durante uma emboscada, morto um dos soldados da companhia (, ao que parece, em 2/3/1963), um mês e picos depois do início "oficial" da guerra... ( A Edite deixa de aparecer:  ainda passou quase um mês em Bednda, mas "nos fins de Dezembro [de 1962] tive que a mandar de volta a Portugal pois as coisas começaram a aquecer demais"...].

E continuando: a fauna local (hiena, crocodilo, gazela), pirogas no Rio Cumbijã, patrulhas no Cumbijã em siny«tex, os tarrafos ao lado, os tarrafos dos nossos descontentamentos, soldados da 4ª CCAÇ ainda com mausers, visita a uma secção destacada em Chugué, a transferência para Bedanda da população Ffula de Imberém, no Cantanhez, para as festas que se seguiram, batque, as bajudas com as belezas à mostra…

No terceiro e útimo vídeo (nº 3/3),  ainda as bajudas fulas (em "imagens não censuradas")... E depois, terminada a comissão em maio de 1963, o capitão  regressa a Bissau....Ouve-se o  “eu vou chamar-te Pátria minha”, na voz do Carlos do Carmo (, música de Zé Niza e letra de Manuel Alegre), enquanto os olhos se espraiam lá do alto pelos rios e ribeiros, as margens, as florestas, as lalas. Imagens que era costume, alguns de nós, registarem, quem sabe com o receio de nunca mais nos lembrarmos… 

Em Bissalanca [, ou não seria antes Brá, o  aeródromo de Brá, antes da construção da BA 12, em Bissalanca ?], um MG branco ou creme rodeado de especialistas da FAP, a torre de controlo, a visita à Guiné de dois adidos norte-americanos, o adido comercial e o adido militar, o coronel Jeffries, e as últimas vistas de Bissau no último fim de semana, antes do regresso à pátria, no T/T Ana Mafalda.

A fortaleza da Amura, o porto de Bissau, o desembarque no cais e o desfile de um pelotão de caçadores nativos, o capitão Simões, tão falado pelo Amadu Bailo Djaló nos seus escritos e, no dia do embarque, no Ana Mafalda, em 26 de Maio de 1963, o movimento em dias de movimento de navios, o cais de embarque nº 2, o navio em manobras, a afastar-se, com a Amura e Bissau a recortarem-se, cada vez mais pequenos.

Depois, o Atlântico, as Canárias no horizonte, até, finalmente, começarem a ver a costa, com Lisboa cada vez maior, no Tejo de tantas entradas e saídas, a volta ao Bugio, o jovem capitão Jorge Matias Freire, à civil, de fato à anos 60 e Lisboa ali tão perto que já se via gente à espera deles, de lenços no ar, a Torre de Belém, o Monumento aos Descobrimentos, e, como um agradecimento, as últimas imagens são do capitão, do imediato e do médico do Ana Mafalda.

A guerra na Guiné ainda estava muito, mesmo muito, no princípio. Mas para os quatro soldados, um sargento e um alferes da companhia do capitão Jorge Freire, em Bedanda, a guerra tinha acabado. É, com a lembrança deles, que o Jorge Freire termina este pequeno filme. Que é um ternura. Uma homenagem às suas gentes, às suas belas mulheres, à sua esposa, à sua filha,. aos seus camaradas. É também a evocação de um... paraíso perdido.

Já em tempos tínhamos chamado a atenção para a grande importância documental deste filme, que é absolutamente uma raridade... E a "nostalgia" que ele nos desperta!... Não a "nostalgia da perda do império"... mas dos nossos verdes anos!... Poucos de nós, militares,  tinham, na época, meios técnicos para reproduzir, em som e/ou imagem, aspectos do seu quotidiano, da vida nos aquartelamentos, das paisagens, das gentes  e até da atividade operacional... Uma câmara de filmar super 8 era um luxo...  (VB /LG) (*)


2. O nosso grã-tabanqueiro (, desde finais de dezembro de 2008) (**),  George Freire, é um dos primeiríssimos combatentes da guerra da Guiné. Mas ainda conheceu o "paraíso perdido", do leste (Gabu) à região de Tombali (Bedanda). Foi tenente (na CCAÇ 153) e depois capitão (na 4ª CCAÇ). Era do curso da Escola do Exército a seguir ao do cap inf José Curto. Era provavelmente do curso do meu capitão, Carlos Brito, o comandante da CCAÇ 2590/CCAÇ 12. Tinha um máquina de filmar de 8 mm, e tem este  belíssimo filme de quase 30' sobre o seu tempo de Guiné (1961/63).

 Esse velho filme de 8 mm foi convertido por ele para digital. Foi publicado no You Tube, na conta do Virgínio Briote, e depois no nosso blogue,  sob a forma de 3 vídeos (*). O George Freire mandou em 14 de junho de 2009 uma mensagem aos seus amigos americanos, com conhecimento aos editores do blogue que voltamos a reproduzir (tradução do inglês para português, pelo nosso camarada Miguel Pessoa):

Assunto - Blogue português "Camaradas da Guiné"

Alguns de vocês sabem que, antes de a Edith e eu termos vindo para os Estados Unidos em Outubro de 1963, eu servi no Exército Português em África, na Guiné Portuguesa, (agora chamada Guiné-Bissau), por um período de dois anos.

Existe um blogue muito interessante, em português, chamado "Luís Graça & Camaradas da Guiné", onde milhares de soldados portugueses que ali combateram, escrevem histórias de guerra, memórias, etc.

No final do ano passado deparei casualmente com este blogue e, como podem adivinhar, interessei-me bastante em ler todo o material que foi e ainda continua a ser publicado neste Blogue, onde, até agora, já foram registadas quase 1.100.000 visitas.

Na época eu tinha escrito um diário cobrindo o período compreendido entre Outubro de 1962 e Maio de 1963, que entretanto lhes enviei... e que já foi publicado.

Tinha também um velho filme de 8 milímetros feito naquele período em que lá estive e decidi fazer uma versão atualizada, com som e legendas, com a ajuda do Windows Movie Maker.

Resolvi enviar-lhes o DVD e... adivinhem!, publicaram-no hoje no Blog, e também no You Tube.

O filme é bastante interessante (a Edith aparece em várias passagens), e peço-vos a todos, se tiverem uma oportunidade e tempo disponível, que visitem o blogue e vejam o filme. Ele foi subdividido em três partes, devido ao tempo limite para cada secção, de acordo com as normas do You Tube.

O link para o blogue é: http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/

Se clicarem no endereço acima, entram logo para o Blogue. Porque diariamente são publicados novos Postes (já houve várias entradas depois de o meu filme ter sido publicado), vocês terão que descer duas ou três páginas para ver os filmes. O título do Poste é:

Guiné 63/74 - P4525: Um filme de George Freire (CCAC 153 e 4 ª CCAC, 1962/63): Gabu, Bedanda, Cumbijã, Bissau, Lisboa ... (V. Briote)

George e Edith, quando éramos jovens. A Edith manteve-se por lá por três ou quatro meses, antes de os combates começarem, tendo depois regressado rapidamente a Portugal.
Espero que gostem do filme.

Obrigado,
George Freire

3. Comentário de L.G.:

Voltamos a reproduzir este documento por ocasião da efeméride (***) dos 50 anos do início da guerra na Guiné. É também uma homenagem  a este nosso camarada, e grande português da diáspora,  que vive nos EUA e a quem desejamos muita saúde e longa vida.

Entretanto, para melhor contextualizar o surpreendente filme com que o  George Freire nos presenteiou em junho de 2009 e que o Virgínio Briote pôs no You Tube (*), vamos recuperar alguns dados biográficos do nosso camarada:

(i) "A [CCaç 153] de que originalmente fiz parte quando partimos para a Guiné, no dia 26 de Maio de 1961, foi criada em Vila Real de Trás-os-Montes, onde eu era ainda tenente, segundo comandante, e o capitão [José] Curto, comandante, (do curso um ano mais velho do que o meu), passámos semanas a organizar a companhia";

(ii) "De Vila Real todo o pessoal viajou para Lisboa de comboio e passados talvez uma ou duas semanas, partimos de avião, (dois aviões de transportes da FA), do aeroporto de Lisboa para Bissau, onde chegámos no mesmo dia ao anoitecer";

(iii)  "De Bissau, onde passámos a noite, seguimos logo para Fulacunda, onde permaneci à volta de dois meses, após os quais chegou a minha promoção a capitão";

[A CCAÇ 153 foi mobilizada pelo RI 13 de Vila Real e comandada pelo Capitão de Infantaria José dos Santos Carreto Curto. Embarcou para Bissau em 27Mai61 (via aérea) e regressou em 24Jul63. A 26Jul61 foi colocada em Fulacunda destacando forças para Empada, Cufar, Catió e Bolama, por periodos variáveis. A 7Fev62 foi rendida pela CCAÇ 274 e foi colocada em Bissau. A 11Fev62 rendeu a CCAÇ 74 em Bissau. A 21Jul63 foi substituida pela CCAÇ 510, ficando a aguardar embarque.];

(iv) "De Fulacunda fui transferido para Bissau para comandar uma companhia de nativos [, a 4ª CCAÇ, ] e render o capitão Helder Reis. Passei 4 ou 5 meses em Bissau, daí para o Gabu (outros 6 meses) e daí, [em novembro de 1962,]  para Bedanda onde passei o resto da minha comissão";.

(v) " Durante o Natal de 1961 a minha mulher [, Edite,] veio passar um mês a Bissau onde eu estava na altura a comandar uma companhia de nativos [, a 4ª CCAÇ]";

(vi) "Em Julho de 1962 a minha mulher voltou para a Guiné e passou quase 3 meses no Gabu (Nova Lamego), onde eu comandei uma companhia mista. [Vd. vídeo nº 2, ou parte 2/3]




Vídeo (0' 56'') George Freire > Nov 62 / mar 63 > Vídeo 2/3 > Nova Lamego, Buruntuma, Bissau, Cacine, Bedanda, Chugué... Os primeiros sinais da guerra, no sul da Guiné, em março de 1963: O primeiro morto, o primeiro prisioneiro, as primeiras transferências de população, ...  A farda marela, a mauser...Fauna local: a hiena, o crocodilo... O Rio Cumbijã...

Inserido na conta do Virgínio Briote  no You Tube / bra6567 (,Clicar aqui, como alternativa, para visionar o filme)


(vii) "Do Gabu fui transferido [, em Novembro de 1962,] para Bedanda [, no sul, Região de Tombali,] onde ela [, a esposa Edite,]  ainda passou quase um mês, mas nos fins de Dezembro tive que a mandar de volta a Portugal pois as coisas começaram a aquecer demais[... Em maio de 1963 chegou o fim da comissão e o regresso a Portugal] (Vd. vídeo nº 3, parte 3/3];

(viii) "No dia 18 de Maio, o capitão Nelson (meu colega de curso) veio render-me. Durante os 4 dias seguintes fiz a entrega da 4ª CCaç ao Nelson e no dia 21 de Maio segui de avião para Bissau. Aí estive à espera de transporte e finalmente no dia 27 de Maio parti de volta a Portugal no navio da CUF, ".Ana Mafalda";

(ix)  "Nos fins de Agosto [de 1963] pedi a minha demissão e parti com a minha família - mulher e duas filhas de 3 e 2 anos [ uma delas, a Isabelinha, que aparece no filme, hoje com 49 anos - ] para os EUA onde me encontro faz este ano 45 anos;


(x) "Desde então tirei um curso de engenharia mecânica, trabalhei para outras duas companhias e, em 1989, formei a minha própria companhia de consultaria de projectos relacionados com energia de gás, co-geração, etc."..







Vídeo (9' 59''): George Freire (2009).Vídeo 3/3  Inserido na conta do Virgínio Briote  no You Tube / bra6567 (, Clicar aqui, como alternativa, para visionar o filme).

Início da guerra na Guiné. Fim da comissão, regresso a Bissau, aeródromo de Brá (que antecedeu a BA 12, em Bissalana), o último fim de semana em Bissau, a Amura, o Palácio do Governador, a chegada a companhai de nativos a Bisssau, adidos americanos em Bissau (o do comércio, o militar...), a partida no T/T"Ana Mafalda" e o regresso, com passagem pelas Canárias, chegada a Lisbioa, o Bugio, a Torre de Belém, o Padrão dos Descobrimentos, o cais de Alcântara, a fmília, a Isabelinha ("que hoje tem 49 anos")...Comentário do autor, no final: ainda a guerra estava no final... Balanço das baixas /mortais) da 4ª CCAÇ: 1 alferes, 1 sargento, 4 praças


Notas do  diário de George Freire, ex-cap inf

1/3/63: 

Hoje pela 09:30 e mais tarde pelas 14:30, pessoal do pelotão do Cabedú sofreu emboscadas respectivamente entre Cafal e Cafine e no cruzamento de Cabante. Na segunda emboscada sofremos [ a 4ª CCAÇ] um morto e um ferido. Uma viatura Chaimite  [?] foi destruída na primeira emboscada.

Seguiram dois pelotões reforçados para os locais das emboscadas.Em Impungueda uma patrulha da CCaç 859 travou contacto com os terroristas e feriu alguns e os outros conseguiram fugir.

2/3/63: 

Durante parte do dia de ontem e durante todo o dia de hoje as nossas forças percorreram todo o terreno nas zonas das emboscadas. Encontraram vestígios dos atacantes, fizeram um prisioneiro que tinha tomado parte numa das emboscadas, mas nada mais.

O soldado ferido seguiu de avião para Bissau e o morto foi enterrado no cemitério de Bedanda. O prisioneiro foi interrogado mas poucas informações conseguimos. Foi enviado para o Batalhão [BCAÇ 356] para ser interrogado.

6/3/63:

Fizemos um reconhecimento à zona de Emberem [Iemberém]. O alferes Gonçalves encarregou-se de falar aos chefes Fulas de Emberem [Iemberém] e discutir a possível mudança das suas tabancas para Bedanda. Há toda a vantagem dessas mudanças para incrementar a protecção da população Fula.

Poderemos também formar aqui e em Bedanda um pelotão de uns 40 Fulas, o que nos poderá ajudar substancialmente na segurança da área e aliviar as nossas forças. Os chefes Fulas aceitaram a nossa oferta de braços abertos.

7/3/63:

Começámos o transporte da população Fula de Emberem [Iemberém]. Usámos 10 viaturas neste movimento. Calculamos que serão necessárias 3 mais viagens semelhantes. [Vd. vídeo 2, ou parte 2/3]. (...)

4. Nota do nosso colaborador José Martins:

O George Freire (Cap. Inf. Renato Jorge Cardoso Matias Freire) foi o segundo capitão a comandar a 3ª CCI (do Gabu e antecessora da CCaç 5 - Gatos Pretos), de onde foi transferido para a 4ª CCI em Bedanda, sendo o quarto capitão a comandá-la.

(Nota tirada do 7º Volume CECA)

_______________

Notas do editor:

(*) Vd., poste de 14 de junho de 2009>  Guiné 63/74 - P4525: Um filme de George Freire (CCaç 153 e 4ª CCaç, 1962/63): Gabu, Bedanda, Cumbijã, Bissau, Lisboa... (V. Briote) 

(**) Vd. poste 29 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3681: Tabanca Grande (106): George Freire, ex-Comandante da 4ª CCaç (Fulacunda, Bissau, N. Lamego, Bedanda). Maio 1961/Maio 1963)

Hoje com 80 anos, está reformado, George Freir foi empresário na área da engenharia. Vive em Chapin, South Carolina, Estados Unidos... Vem frequentemente a Portugal. Gosta de conviver e de viajar, do golfe, da pesca e da vela.

Tem um blogue relacionado com a informática e a electrónica: http://whatisyourquestionblog.blogspot.com/
Título do blogue: "COMPUTER AND ELECTRONICS WORLD SHARING AND LOTS OF OTHER GOOD STUFF NOT RELATED TO COMPUTERS"...

É um homem do seu tempo que se descreve-se a si próprio como "a retired engineer deeply interested and involved in the solving of problems and frustrations of the computer and electronics world that surround us all"...

Outros postes:

11 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3724: História de Vida (13): 2ª Parte do Diário do Cmdt da 4ª CCaç (Fulacunda, N. Lamego, Bedanda): Abril de 1963 (George Freire)

10 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3717: História de Vida (12): Completamento de dados (George Freire)

(...) De Bissau, onde passámos a noite, seguimos [,.a CCAÇ 153,] logo para Fulacunda, onde permaneci à volta de dois meses, após os quais chegou a minha promoção a capitão. De Fulacunda fui transferido para Bissau para comandar uma companhia de nativos e render o capitão Helder Reis. Passei 4 ou 5 meses em Bissau, daí para o Gabu (outros 6 meses) e daí para Bedanda onde passei o resto da minha comissão.

Voltei para Portugal e fui novamente colocado na Academia Militar, (nesse tempo ainda chamada Escola do Exército), onde tinha sido instrutor desde 1957 até à minha ida para a Guiné.

Durante os anos de 1958 até 1961, tive a oportunidade de trabalhar (nas horas livres) com um tio direito, que tinha uma firma de serviços de engenharia e caldeiras industriais. Durante as férias de verão todos esses anos viajei aos EUA duas ou três semanas para ajudar o meu tio em assuntos relativos aos seus negócios com duas companhias no estada da Pensilvânia.

Quando voltei da Guiné, uma dessas companhias ofereceu-me uma posição, (com o título de gerente de operações internacionais), e com uma remuneração muito difícil de recusar.

Nos fins de Agosto [de 1963]  pedi a minha demissão e parti com a minha família, (mulher e duas filhas de 3 e 2 anos), para os EUA onde me encontro faz este ano 45 anos. Desde então tirei um curso de engenharia mecânica, trabalhei para outras duas companhias e, em 1989, formei a minha própria companhia de consultaria de projectos relacionados com energia de gás, co-geração, etc.

Em 2001 parei de trabalhar full time, e estou basicamente reformado. Felizmente de boa saúde, vou a Portugal todos os anos onde me encontro com um bom grupo de antigos camaradas de curso e família. Tenho 3 filhas, a mais nova nasceu aqui, embora todas casadas, somente tenho um neto e uma neta da filha mais velha. A filha do meio e a mais nova não têm descendentes.(...).

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8175: Convivios (318): O emocionante reencontro dos camaradas da CCAÇ 274 (Bissau e Fulacunda, Jan 1962/Jan 1964), organizado pelo Durval Faria, em Ponta Delgada, Arrifes, no RG 2, em 23 de Abril de 2011 (Carlos Cordeiro)


Região Autónoma dos Açores > Ilha de São Miguel > Ponta Delgada > Arrifes > RG 2 (Regimento de Guarnição 2, antigo BII 18) > 23 de Abril de 2011 > Convívio  de antigos camaradas da CCAÇ 274 (Bissau, Fulacunda,  Jan 1962/ Jan 1964) > Foto 92 > Foto de grupo (a primeira metade,   lado esquerdo)



Região Autónoma dos Açores > Ilha de São Miguel > Ponta Delgada > Arrifes > RG 2 > 23 de Abril de 2011 > Convívio de antigos camaradas da CCAÇ 274 (Bissau, Fulacunda, Jan 1962/ Jan 1964) > Foto 92 < Foto de grupo (a segunda metade, lado direito)



Região Autónoma dos Açores > Ilha de São Miguel > Ponta Delgada > Arrifes > RG 2 > 23 de Abril de 2011 > Convívio de antigos camaradas da CCAÇ 274 (Bissau, Fulacunda, Jan 1962/ Jan 1964)  > Foto do grupo...Veio pessoal do Canadá, EUA, Suécia, RA Açores e RA Madeira... Foto 91.





Região Autónoma dos Açores > Ilha de São Miguel > Ponta Delgada > Arrifes > RG 2 > 23 de Abril de 2011 > Convívio de antigos camaradas da CCAÇ 274 (Bissau, Fulacunda, Jan 1962/ Jan 1964) > "Foto 75: Ten Cor Viegas e General (reformado) Adérito Figueira prestando homenagem aos mortos do RG2, vendo-se o capelão militar, que proferiu uma Oração, e  os convivas".




Região Autónoma dos Açores > Ilha de São Miguel > Ponta Delgada > Arrifes > RG 2 > 23 de Abril de 2011 > Convívio de antigos camaradas da CCAÇ 274 (Bissau, Fulacunda, Jan 1962/ Jan 1964) > O antigo Cap Inf Adérito Augusto Figueira (hoje Gen Ref) presta homenagem aos mortos do RG2




Região Autónoma dos Açores > Ilha de São Miguel > Ponta Delgada > Arrifes > RG 2 > 23 de Abril de 2011 > Convívio de antigos camaradas da CCAÇ 274 (Bissau, Fulacunda, Jan 1962/ Jan 1964)  > Missa > "Foto 83: Na Oração dos Fiéis, o General Adérito Figueira dirige-se aos seus camaradas".


Fotos: © Carlos Cordeiro (2011). Todos os direitos reservados. 


1. Mensagem, com data de 25 de Abril, do Carlos Cordeiro (docente da Universdidade dos Açores, membro da nossa Tabanca Grande, irmão malogrado Cap Pára da CCP  123/BCP 12, João Cordeiro, e também ele antigo combatente em Angola como Fur Mil Inf):

Caros amigos editores:

Junto uma pequena notícia do convívio da Companhia de Caçadores Especiais 274. Fui convidado pelo camarada Durval Faria, o que muito me sensibilizou, pois nunca tinha estado num convívio de antigos combatentes. Foi uma experiência inesquecível, como digo no pequeno texto que vos envio, que, no fundo, transmite muito pouco do que verdadeiramente se passou.

Envio também fotografias.


Foto 75: Ten Cor Viegas e General (reformado) Adérito Figueira prestando homenagem aos mortos do RG2, vendo-se o capelão militar, que proferiu uma Oração, e os os convivas.


Foto 83: Na Oração dos Fiéis, o General Adérito Figueira dirige-se aos seus camaradas.


Foto 91: O grupo da CCE 274


Foto 92: Todos os convivas (com excepção do fotógrafo de ocasião).


Um abraço amigo do Carlos Cordeiro


PS - Só duas coisas:


(i)  Uma felicitação especial pelo aniversário do blogue, com um abraço ao Luís, extensivo a todos.


(ii) Agradecia o favor de, no local próprio, colocarem que a homenagem aos mortos constou da deposição de uma grinalda de flores e da sequência dos toques militares (esta parte não me lembro bem como se deve dizer: julgo que foi o toque de apresentação de armas, silêncio, alvorada e descansar - mas vocês farão o especial favor de colocar tudo como deve ser). Um abraço e bom 25 de Abril, Carlos Cordeiro.

2. Convívio da CCAÇ 274

por Carlos Cordeiro [, foto à esquerda]


No Sábado, 23 de Abril, e "sob a batuta" do camarada Durval Faria (*), reuniram-se em convívio os antigos militares da Companhia de Caçadores Especiais (CCE) 274, para evocar os 50 anos da sua incorporação militar. A reunião decorreu no antigo BII 18 (hoje Regimento de Guarnição 2), unidade mobilizadora daquela Companhia. Vieram camaradas de várias ilhas dos Açores, do Continente e do Canadá.

A recepção esteve a cargo do Ten Cor Viegas, 2.º Comandante do RG2, por ausência do Comandante. Depois dos cumprimentos, o Ten  Cor Viegas convidou os presentes a se associarem a uma simples, mas muito significativa, cerimónia de homenagem aos mortos da unidade, a que se seguiu uma visita às instalações militares.

A seguir, o capelão militar, Ten Cor Padre João Arlindo Monteiro, presidiu a uma celebração religiosa na capela do RG2. A oração dos fiéis foi lida pelo General Adérito Augusto Figueira, que, como capitão, comandou a Companhia. Numa evocação especial, relembrou o espírito de camaradagem e unidade que sempre marcara a vivência da CCE 274, pedindo a Deus as maiores felicidades para todos.

Seguiu-se o almoço-convívio na messe de Sargentos, num ambiente de sã camaradagem e de recordação dos bons e maus momentos por que haviam passado. Antes da distribuição do artístico bolo com o brasão da Companhia, Durval Faria entregou a cada um dos camaradas uma colectânea de reproduções de artigos dos jornais locais com as reportagens da partida e chegada da CCE 274 e de outros artigos referentes à Companhia.

Não há palavras para descrever as emoções da despedida.

Endereço uma palavra muito especial de agradecimento ao camarada Durval Faria pelo insistente convite que me dirigiu para participar no convívio – e a todos os restantes camaradas, famílias e amigos pelo modo carinhoso com que me receberam. Foi uma experiência inesquecível para quem, como eu, teve o seu "baptismo de fogo" num convívio de antigos combatentes da Guerra do Ultramar.

_________

Notas de CC:

(i) A Companhia de Caçadores Especiais 274 foi formada no Batalhão Independente de Infantaria 18, com oficiais e sargentos que receberam instrução no CIOE de Lamego. Partir de Ponta Delgada em 29 de Julho de 1961. Depois da IAO, na zona de Sintra, foi colocada no Campo de Santa Margarida, onde se manteve como unidade de reserva estratégica até Janeiro do ano seguinte.

Segundo me informou o General Adérito Figueira, a Companhia chegou a estar mobilizada para a Índia. Falou-me também nas deficientes instalações do Campo de Santa Margarida e na necessidade de inventar ocupação para os militares, pois não tinham qualquer missão especial, a não ser "estarem ali" sem poderem visitar a família, pois as passagens eram caras e só a viagem durava quatro dias para cada lado. Algum tempo era aproveitado para palestras sobre vários assuntos. De qualquer modo, e de acordo com conversas com diversos camaradas, foi um tempo difícil, pois havia a convicção de que seriam mobilizados e, no fundo, estavam a aumentar o tempo de serviço militar desnecessariamente e a grande maioria sem sequer ter dinheiro para poderem conhecer visitar pontos de interesse no Continente.

(ii) A CCE 274 partiu para a Guiné no navio Índia, em 17 de Janeiro de 1961, tendo estacionado inicialmente em Bissau, seguindo depois para Fulacunda.

(iii) Regressou a Ponta Delgada em 2 de Fevereiro de 1964, no N/M Lima.

(iv) Mortos (todos em combate):

- Fur Mil José do Rego Rebelo, em 6/2/63 [, Está sepultado na sua terra natal, Fajã de Cima, Ponta Delgada]
- Sold José Carvalho Carreira, em 6/2/63
- Sold João de Freitas Pereira, em 22/4/63 [, Foi inumado no cemitério de Fulacunda]

(v) Foram condecorados seis militares da Companhia: cinco com Cruz de Guerra e um (1.º cabo) com a Medalha de Cobre de Valor Militar com palma.   

(vi) (Nota do editor: Em 1962, as unidades moblizadas para o TO da Guiné foram as seguintes, para além da CCAÇ 274 (ou CCE 274):

BCAÇ 356: Mobilizada pelo BCAÇ 5, partiu em 17/1/1962 e regressou em 17/1/1964. Esteve em Bissau, Cufar e Catió. Comandante: Ten Cor Inf João Maria da Silva Delgado.

CCAÇ 273 (originalmente, CCE 273): Mobilizada pelo BII 17, partiou em 17/1/1962 e regressou em 17/1/1964. Esteve em Bissau, Catió, Cacine e Cabedu. Comandante: Cap Inf Jerónimo Roseiro Botelho Gaspar

EREC 385: Mobilizada pelo RC 8, partiou em 17/1/1962 e regressou em 17/1/1964. Esteve em Bissau e Fulacunda. Comandante: Cap Cav José Olímpio Caiado da Costa Gomes.

Fonte: Gomes, C.M.; Afonso; A.- Os anos da guerra colonial: volume 3: 1962: optar pela guerra. Matosinhos: QuidNovi, 2009, p. 126.
_______________
 
Nota do editor:
 
(*) Vd. último poste da série > 27 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8173: Convívios (314): CCAÇ 274, uma das primeiras a partir para o CTIG, em Janeiro de 1962, comemorou os 50 anos da sua incorporação no BI nº 18, Ponta Delgada, Açores (Durval Faria)

terça-feira, 5 de abril de 2011

Guiné 63/74 – P8050: Recortes de imprensa (41): Assistência religiosa ao pessoal (açoriano) da CCE 274, 1962/64 (Manuel F. de Almeida/Carlos Cordeiro)

1. O nosso camarada Carlos Cordeiro (ex-combatente em Angola, onde cumpriu a sua comissão como Fur Mil Inf no Centro de Instrução de Comandos, nos anos de 1969/71, professor universitário em Ponta delgada, e irmão do malogrado João Costa Cordeiro, ex-Cap Pára, CCP 123 / BCP 12, Bissalanca, 1972/74), enviou-nos a seguinte mensagem.

Camaradas,


Envio-vos excertos (com devida vénia) de um artigo de Manuel Ferreira de Almeida, publicado no semanário Açoriano Oriental, em 28 de Dezembro de 1963.

O capitão Adérito Augusto Figueira é General na reserva e o Manuel Ferreira de Almeida morreu há alguns anos. O Durval Faria está a organizar um encontro de confraternização da CCE 274 no BII 18, a realizar em 23 do corrente.


Fonte: Diário dos Açores, 4 de Fevereiro de 1964

Em 29 de Julho de 1961, partia de Ponta Delgada com destino a Lisboa, a Companhia de Caçadores Especiais 274, formada no BII 18 e comandada pelo Cap Inf Adérito Augusto Figueira. 

Depois de cerca de seis meses de instrução no então designado Campo de Instrução Divisionária de Santa Margarida, partiram para a Guiné no paquete “Índia”. Regressaram a Ponta Delgada, no “Lima”, em 3 de Fevereiro de 1964. 

No Arquivo Histórico Militar não se encontra a história desta Companhia, nem tampouco no BII 18. Nas consultas que tenho vindo a fazer na imprensa açoriana da época sobre as unidades militares mobilizadas pelos Batalhões Independentes de Infantaria 17 (BII 17), de Angra do Heroísmo e 18 (BII 18) de Ponta Delgada, dei com este artigo intitulado “Da Guiné: A assistência religiosa junto dos soldados da C. C. E. n.º 274”, da autoria do sargento Manuel Ferreira de Almeida e publicado no então semanário Açoriano Oriental, em 28 de Dezembro de 1963. 

Ferreira de Almeida era natural de Ponta Delgada e um colaborador assíduo da imprensa micaelense. Considerando que se trata de um assunto pouco focado no blogue, achei que talvez fosse importante transcrever as partes mais significativas do artigo.

Carlos Cordeiro

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A assistência religiosa junto da Companhia de Caçadores Especiais 274 (CCE 274)
por Ferreira de Almeida

Açoriano Oriental, 28 de Dezembro de 1963.

Um dos problemas de maior importância na vida do militar em serviço nas províncias ultramarinas é o da assistência religiosa, principalmente para aqueles que, encontrando-se destacados no mato, poucas possibilidades têm da presença de um ministro de Cristo. A criação do corpo de capelães nos diversos ramos das Forças Armadas muito veio contribuir para um mais expressivo e eficiente levantamento moral das tropas […].

Principalmente para nós, açorianos, que fomos criados na religião cristã e filhos de ilhas devotadamente consagradas ao Senhor Santo Cristo dos Milagres, muita falta nos fazia não ouvir a palavra de Deus.Desde que chegámos à Guiné temos recebido a assistência do capelão do Batalhão de Caçadores Especiais n.º 356, sr. Alferes Padre Armando Jorge e Silva, que tem acompanhado todas as iniciativas dos soldados marienses e micaelenses na evocação e comemoração das suas festas religiosas, como a dedicada ao Senhor Santo Cristo, em que se realizou na Sé Catedral de Bissau uma missa solene, na Páscoa em que foi ministrada a comunhão aos oficiais, sargentos e praças da Companhia e por ocasião da Festa da Natividade em que foi organizada na sede do Batalhão a Missa do Galo, depois da representação do Auto do Bom Pastor.

Depois da transferência da Companhia para Fulacunda, os nossos soldados construíram no aquartelamento uma modesta capela em cujo altar está a Imagem do Senhor Santo Cristo, trazida de S. Miguel e a de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, oferecida pela Mocidade Portuguesa Feminina da metrópole à Vila de Fulacunda.

O que muito nos sensibilizou também foi a assistência prestada pelo capelão do Batalhão de Caçadores n.º 237, estacionado em Tite, sr. Tenente Padre Joaquim do Rego, natural da freguesia da Bretanha [S. Miguel, Açores] […].

Em virtude das distâncias, dificuldades de transportes e escasso número de capelães, os soldados nem sempre podem contar com a presença do padre, de modo que, na nossa Companhia, se adoptou a seguinte norma: aos domingos e dias santificados, pelas 11 horas, momentos de devoção e leitura da Epístola e do Evangelho pelo sargento Ferreira de Almeida, e todos os dias, pelas 20H30, a recitação do terço, sob a direcção do 1.º cabo n.º 376/61, José Manuel Pimentel de Paiva, natural das Furnas, e que tem sido também o coadjutor dos sacerdotes em todos os actos de culto.

A grande força que nos tem mantido unidos ao longo dos trinta meses que a C. C. E. n.º 274 está constituída tem sido a nossa acrisolada Fé em Deus, as saudades das nossas ilhas e o desejo de erguer bem alto o nome dos Açores e de Portugal.

Ferreira de Almeida

[ Revisão / fixação de texto / selecção: C.C.]
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Nota de M.R.:


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7550: Facebook...ando (6): As nossas queridas enfermeiras pára-quedistas, Maria Ivone Reis e Maria Celeste Lopes Guerra Palma (Durval Faria / Giselda Pessoa)



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > "Maio de 1963 > Domingo das Festas do Senhor Santo Cristo [ dos Milagres; os Açores, realiza-se tradicionalmente no quinto domingo após a Páscoa]. Neste dia juntaram-se as duas enfermeiras pára-quedistas, [graduadas em Alferes],  Ivone e outra que já não recordo o nome [, Maria Celeste Lopes Guerra Palma, sendo este último apelido, o do marido, segundo informação da nossa camarada Giselda]. 


"O [militar] da esquerda, na primeira fila, é o Capitão Adérito Augusto Figueira, hoje general aposentado... Os militares de óculos são da FAP, um  alferes piloto e um sargento mecânico", segundo informação do nosso fotógrafo... A viatura em que o grupo está sentado parece-me ser uma Fox (mas os camaradas da arma de cavalaria poderão confirmar, e já agora identificar o respectivo Pel Rec...). Além de um caveira, tem inscrito um nome feminino,  "Maria Albertina"... Recorde-se que estávamos no início da guerra no sul (Regiões de Quínara e de Tombali)... E o PAICG ainda não tinha minas anti-carro nem bazucas...


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > Maio de 1963 > "Batuque pelas Festas do Senhor Santo Cristo... Na foto, as enfermeiras pára-quedistas Ivone e Celeste",  diz o fotógrafo, mas eu não conseguia  localizar a Ivone, se não fora a ajuda da Giselda e do Miguel que me mandaram, a seguinte mensagtem: " Olá, Luís. Na segunda foto estivemos a ver com mais pormenor e supomos que a Ivone está na 1ª fila com um chapéu colonial e bata branca. Repara no cabelo atrás. Suponho que terás pensado que era mais um militar disfarçado... Reparei também que tem um anel no último dedo da mão esquerda"... De facto, eles têm razão... Outr pormenor curioso: a Celeste, do seu lado esquerdo, e a Ivone, do seu lado esquerdo, apoiam-se no braço de um homem, branco, de cigarro na boca, e "ronco" na cabeça... (Quem seria ? Não era seguramente o Capitão Figueira, facilmente reconhecível na foto, no lado esquerdo, pela sua cabeça calva, por detrás de outro homem com chappéu colonial igual ao da Ivone)...

Fotos:  © Durval Faria (2008). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem, de Durval Carlos Simas Faria, que encontrámos numa das caixas do correio do nosso blogue, com data de 2 Junho de 2008, e que decidimos agora recuperar, não tendo sido publicada na devida altura, não exactamente  por lapso nosso mas pela simples razão de andarmos então ainda à procura de organizar uma série sobre as nossas enfermeiras pára-quedistas cujo primeiro poste só seria publicado em Fevereiro de 2009 (*):


Camarada Luís Graça:


Sou açoreano. Também estive na Guiné, de Janeiro de 1962 a Janeiro de 1964, na Companhia de Caçadores Especiais nº 274 que operou na zona de Fulacunda durante o ano de 1963, e que pertencia ao Batalhão de Caçadores nº 356.

A minha companhia era comandada pelo antigo Capitão Adérito Augusto Figueira (hoje general reformado). Conheci de perto as enfermeiras pára-quedistas Maria Ivone Quintinho Reis e  a Celeste.

Lia na página da Xiconhoca o depoimento dessa enfermeira pára-quedistas [a Ivone,]  e que tem por título "Companhia de Caçadores fecha guerra a Solnado", em que ela conta a história de uma companhia de açoreanos muito unidos. Por acaso fiz parte dessa companhia, conforme fotos que envio.

Não sei se o camarada tem a direcção de alguma dessas enfermeiras, para que eu possa entrar em contacto com elas. No próximo email enviarei fotos antigas.

Um grande abraço do camarada


Durval Carlos Simas Faria [Vd. Página pessoal no Facebook]


2. Comentário de L.G.:


Durval: Lamento imenso só agora publicarmos as tuas preciosas fotos no nosso blogue, que já é teu, mas onde já devias figurar, desde Junho de 2008. Tenho pelo menos duas antigas enfermeiras pára-quedistas registadas no nosso blogue como camaradas,a Giselda e a Rosa.... São verdadeiramente as únicas duas camaradas (de armas) que integram a nossa Tabanca Grande. A Giselda Pessoa deu-me o nº de telefone e a  morada da Maria Celeste, informações essas que te vou enviar por mail pessoal, por razões óbvias de segurança e confidencailidade

A Maria Ivone Reis está viva mas, infelizmente,  já não goza de boa saúde. Era do primeio curso de enfermeiras pára-quedistas. Está reformada como Capitão. A Celeste (não confundir com a Maria Celeste Ferreira da Costa, morta em 10 de Fevereiro de 1973, num acidente, na BA 12, Bissalanca) vive em Algueirão e é do 2º curso.  Como já indicámos acima, o seu nome completo, actual, é Maria Celeste Lopes Guerra Palma. São informações  dadas pela nossa camarada Giselda, que aparece justamente como co-autora deste poste.

Durval, tu já és amigo da nossa Tabanca Grande no Facebook e eu já tomei, há pouco tempo, a liberdade de publicar duas fotos tuas que apareceram no mural da nossa página no Facebook. E iremos, a partir de agora, publicar mais coisas tuas e da tua companhia. Já foste, para todos os efeitos, apresentado aos restantes camaradas, amigos e camarigos. Aqui, na lista de A a Z, passas a ter o nº 467, o seja, és o segundo "tabanqueiro" a entrar formalmente este ano....

Sê bem vindo. Sei que que és um digno representante dos primeiros camaradas a embarcarem para a Guiné,  ainda de caqui amarelo, e que naturalmente és, na Internet, e não só, o mais activo porta-voz dos teus bravos camaradas da CCAÇ 274... Com tempo e vagar, explicar-nos-ás melhor o que era uma companhia de caçadores especiais. Um bom início de ano para ti, família e antigos camaradas da tua subunidade. Luís Graça (**)
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Notas de L.G.


(*) As nossas queridas enfermeiras pára-quedistas será o título da série... O primeiro poste remonta a 20 de Fevereiro de 2009. Hoje temos mais de meia centena de referências ou marcadores sobre este tema ou tópico...

(**)  Último posrte desta série 31 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7532: Facebook...ando (5): Natal de 1971 entre os felupes: Delfim Rodrigues (ex-1º Cabo Enf, CCAV 3366, Susana e Varela, 1971/73)

sábado, 4 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7377: Facebook...ando (2): Duas fotos do Durval Faria, Nossa Senhora do Rosário, Lagoa, São Miguel, RA Açores, que pertenceu à CCAÇ Esp 274 / BCAÇ 356, CTIG, 1962/64



Fotos de Durval Faria (2010) (sem legenda)... Comentário do nosso amigo João Coelho: " O Durval Faria poderá indicar datas - e em que navio iam embarcar - mas a primeira foto é tirada na doca de Ponta Delgada, então Molhe Salazar, na ilha de S.Miguel. Curiosa a forma como as famílias acompanham os militares que mantém, apesar de tudo, uma espécie de formatura. Aqui em Lisboa a separação entre tropa e familias, na altura do embarque, era total, como sabem" ... Por sua vez, o João Moniz, natural de Lagoa, onde reside, e conhecido do Durval, diz-me, em conversa no Facebook, que o Durval, na outra foto,  é  o militar que aparece em primeiro plano (informação que o próprio acaba de confirmar no Facebook).


O João Moniz esteve igualmente na Guiné, em 1970/72, passou por Bula e Mansabá, tendo estado com o nosso camarigo António Matos, ex-Alf Mil da CCAÇ 2790... Convidei-o a ingressar no nosso blogue, de modo a poder partilhar as suas memórias, as suas histórias, as suas fotos... Mostrou-se emocionado, e prometeu contactar o seu amigo Durval, presidente da Junta de Freguesia de N. Sra. do Rosário... Como vêem, o mundo é pequeno e a nossa Tabanca... é Grande.

Duas fotos deixadas no mural do Facebook da Tabanca Grande por Durval Faria, ex-combatente da Guiné, 1962/64,  fazendo parte do Batalhão de Caçadores nº 356 e Companhia de Caçadores Especiais nº 274.

 O nosso camarada Durval Faria tem conta no Facebook e é nosso amigo. Está ligado ao Núcleo de Combatentes de Lagoa. É presidente da Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Rosário, Lagoa (, foto à esquerda).


Em termos de património, é de destacar, nesta freguesia, a  sua magnífica igreja paroquial, consagrada a Nossa Senhora do Rosário,  um templo de grandes dimensões, setecentista, construído sob uma ermida do mesmo nome (que ali existia desde o século XVI).  Tem três naves e um notável conjunto de escultura da autoria de Machado de Castro.

Quanto ao concelho de Lagoa, na costa sul da ilha de São Miguel, Região Autónoma dos Açores, foi criado a 11 de Abril de 1522 por carta régia de D. João III.  Tem uma área de 45,6 km2 e uma população de 14 126 habitantes (censo de 2001),  repartindo-se por cinco freguesias: além de Nossa Senhora do Rosário, Santa Cruz , Água de Pau, Cabouco e Ribeira Chã.

Gostaríamos de ter este camarada, açoriano, autarca, entre nós, a conversar sob o poilão da Tabanca Grande sobre os primeiros tempos da guerra da Guiné (1962/64) e sobre a unidade a que pertenceu ( CCAÇ Esp 274 / BCAÇ 356) e que não está representada no nosso blogue. 


Queríamos que este camarada aceitasse o convite para fazer parte do nosso blogue, transformando-se assim em mais um camarigo... Já agora gostávamos que ele legendasse as fotos que teve a gentileza de pôr no nosso mural. 


Deixei-lhe as seguintes mensagens:  (i) [ Primeira foto, a contar de cima] Durval, obrigado... Foto com interesse documental... Legenda ? Local e data ? S. Miguel, Açores ? Partida de um contingente militar para a Guiné ? O teu batalhão ?; (ii) [Segunda foto] Durval, por onde andaram vocês na Guiné ? Onde estás tu na foto ? Data e local ?

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Nota de L.G.:

Poste anterior desta série 24 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7327: Facebook...ando (1): O aerograma traçado de balas ou estilhaços na emboscada de 26/10/1971, na estrada Piche-Nova Lamego, e em que morreram 4 camaradas da CART 3332 (Carlos Carvalho)