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terça-feira, 2 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11789: Blogoterapia (230): A alegria de subir mais um degrau, seguindo em frente, mesmo já tendo muito mais para quando olho para trás de que quando olho para a frente (Ernesto Duarte)

1. Mensagem do nosso camarada Ernesto Duarte (ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67) com data de 23 de Junho de 2013, a propósito do seu aniversário ocorrido no passado dia 9 de Junho:

Um grande abraço e muito obrigado a todos os homens grandes da Tabanca grande, por se terem lembrado de mim*.
Não respondi logo porque eu tenho caído muito, e já vou vivendo noutra dimensão e como tal vou começando a fazer tudo a esse nível, inclusive passar a pagar os impostos também assim com atraso.
Não! Sou desleixado, desorganizado e não ligo à data e este ano calhou com a mudança para a minha gruta, caverna.
Mais uma vez um obrigado muito grande.
Ainda tenho coragem para escrever duas linhas de loucura.

Ernesto Pacheco Duarte
Mansabá
Morés – Oio


Tenho andado afastado

A alegria de subir mais um degrau, seguindo em frente, mesmo já tendo muito mais para quando olho para trás de que quando olho para a frente.
Para mim é como que a época de fazer uma espécie de balanço, o fim de um ano, o principio de outro, o Verão é o meu verdadeiro inicio de ano.
Gosto muito do Verão.
Gosto muito do campo.
Gosto muito do calor.
Gosto muito da época das colheitas.
Gosto muito de pôr para o lado os casacos.
Gosto muito de esquecer, embora por um período o frio.
Gosto muito da praia.
Gosto muita da paisagem de Verão, ainda com verduras de primavera, mas já muitos louros de Verão.

E é maravilhoso dizer fiz mais um ano, subi mais um degrau, em frente, cheguei a um patamar mais alto, olhando lá de cima para trás a vista é imponente, as imagens passam a uma velocidade vertiginosa, mas mesmo assim é muito bom.
É certo que também tem que se dizer, e não se o consegue fazer sem pelo menos alguma saudade, já falta menos um.
Muitos partimos para esta vida sem objectivos muito definidos.
O nosso grande objectivo é viver.
O nosso grande objectivo é viver de cabeça erguida, com dignidade.

Gostamos muito da nossa liberdade, da liberdade dos espíritos, não nos conseguimos comprometer com as particularidades das religiões, logo nada disso será um objectivo, com as particularidades das politicas, o mesmo, a não ser continuar a ser livre, espíritos mais ou menos independentes.
Enquanto se sobe as encostas suaves e floridas, algumas mais inclinadas, até com grau de dificuldade, há um número de coisas que ficaram, que vão aparecendo depois no nosso horizonte, mas vamos subindo, e além das encostas começarem a ser mais inclinadas, as forças começam a faltar.
Já subimos, nunca é muito, mas já estamos na zona onde as encostas já são escarpas, os horizontes em frente já são muito mais pequenos e é forte aquela tendência que temos em olhar para trás e fazer comparações.
Vemos o caminho que ficou para trás e queremos e dizer a nós próprios, que temos que ir em frente nas mesmas circunstâncias, sonhar não paga ainda qualquer imposto.
E é a única maneira de não sermos como que absorvidos pela própria vida é teimarmos em continuar o caminho de sempre, a subida de sempre, mesmo que ele já não atravesse encostas verdejantes e suba é mais escarpas agrestes e até dizermos que isso é normal.
Mas e as forças e a vontade que deixa de ser espontânea e passa a forçada e a comparação e a saudade, que começa a estar presente em nós e quando não está é lembrada?
Gritamos para nós próprios que nada é diferente que nada muda, de degrau para degrau que subimos, mas até a própria sociedade nos lembra permanentemente dizendo-nos que já não temos idade para isto ou aquilo, e ele são as consultas para isto ou aquilo, ele são as indicações dos lares clandestinos aos 7 estrelas, ele são enfermarias cheias de menos jovens que começamos a ver, ele é visitas constantes à farmácia, sem darmos por isso já estamos vivendo outro mundo, já estamos tendo contacto com uma outra sociedade.
Mas como bom ex-militar digo: andaram, passaram muito próximo, e até um dia.

Abraços
Ernesto Pacheco Duarte
____________

Notas do editor

(*) Vd. poste de 9 DE JUNHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11684: Parabéns a você (587): Ernesto Duarte, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 1421 (Guiné, 1965/67)

Último poste da série de 18 DE JUNHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11728: Blogoterapia (229): Muito obrigado a todos os camaradas que se lembraram de mim, no meu dia de anos (Juvenal Amado)

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11759: Blogpoesia (348): Pedir desculpa é pouco (Ernesto Duarte)

1. Mensagem do nosso camarada Ernesto Duarte (ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67) com data de 29 de Maio de 2013: 

Camarada Carlos Vinhal
Tudo de Bom para ti e para os teus.
Assim como tudo de bom para todo pessoal do blogue.


PEDIR DESCULPA É POUCO

Eu sei
Não sou nada não sou ninguém
Mas também sei a força das palavras
Palavras que hoje perdem muito da sua força, porque essa força dilui-se muito na quantidade
Palavras que ganham força quando ditas no momento oportuno
Palavras que igualmente ganham força quando ditas no momento errado
Eu no meu canto esqueci-me do dia 8 de Junho, data que para mim nos últimos anos tem sido vivida de uma maneira diferente
Os meus ossos doem muito
Tenho os meus netos, parcialmente para olhar
Deixei de dar as voltas que costumava dar, principalmente pelo meu amado Marrocos
Desde sempre pensei que essa data seria, como será, como calhar
Esqueci-me totalmente do grito à vida, que vai ser o convívio da Tabanca
Pedir desculpa é pouco
Reconheço que meti a pata na poça, e que aquelas palavras loucas ou não, saíram no momento menos próprio, uma infelicidade
Mas também sei que vozes de burro não chegam ao céu
Sei que o convívio será muito grande
Sei que ficará como mais um episódio grande, dos muitos que estes fulanos efetuaram com uma farda a servir de pele e que têm continuado a efetuar já sem farda mas com o mesmo espírito de amizade.

Um grande abraço para ti
Um grande abraço para todo o pessoal da Tabanca
Um grande abraço para todo o pessoal do blogue
Ernesto Duarte
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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE JUNHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11755: Blogpoesia (347): A outra guerra; Meus cabelos brancos; Serenatas do sul de África; Lembrando serões (J. L. Mendes Gomes)

sábado, 15 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11710: Blogpoesia (345): Estou vivo (Ernesto Duarte)



1. Mensagem do nosso camarada Ernesto Duarte (ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67) com data de 27 de Maio de 2013:

Cumprimentando todos os meus amigos do blogue
Cumprimentando todos os meus ex-camaradas
Eu atrevo-me a escrever duas linhas
Para dizer que estou vivo
E sempre revoltado, contra a fórmula deste mundo
Eu não sou nada
Eu não sou ninguém
Estou cansado
Muito cansado
Estou intranquilo, algo me incomoda
Morro de saudades do que vivi
Morro de saudades do que não vivi
Quero olhar só a beleza das rosas,
Mas só vejo figuras desuni formes, medonhas
Ou talvez sejam políticos
Metem medo, suas fisionomias quadradas
Fazem lembrar portas de crematórios
Que em resultado das novas tecnologias e redução de custos
Só passarão a aceitar utentes que se desloquem pelos seus meios
São sempre escuros como as longas noites de temporal
Até os relâmpagos são escuros,
As estrelas são escuras
Não iluminam a noite, queimam a noite
No meio dessas figuras desuni formes medonhos
A minha serra chama por mim
Eu parto
O passo é incerto, por caminho duro e pedregoso
Sofro da bebedeira da idade
E da falta de força por muito ter andado
Deixo para trás casas conhecidas, com gente estranha
Tudo mudou, eu mudei
No meu olhar não consigo ver a beleza das rosas
Só vejo os seus bicos enormes
Aliados ás figuras medonhas,
Ás figuras de morte
Continuo a andar
O passo é cada vez mais incerto, mais lento, já é trôpego
É já com muita dificuldade que continuo a subir a minha serra
Já não tem pássaros
Só tem insectos
Insectos enormes, alimentam-se de restos humanos
A velha fonte já não existe
A pedra que servia outrora de banco, está lá e ri-se
A árvore enorme em sua frente de quem tinha ciúmes
As pessoas sentavam-se mais pela sombra, do que pelo conforto do assento
Está moribunda
Tem muitos braços já mortos
Os poucos que ainda tem estão quase sem folhas
O cenário já não é alegre, é triste
É triste como eu e tudo ali é um cenário fúnebre
Não passa ninguém
Está deserto
Há muitos anos atrás sentava-me ali e pensava
Sentava-me ali e pensava que ia partir
Que mais amanhã mais depois ia partir para o Ultramar
Se não voltasse quantas saudades iria ter de aquele sitio
Como eram dolorosos esses pensares
Tocaram-me balas na pele
Vi muita violência, desnecessária
Toda a violência é desnecessária
Vi muito sofrimento
Vi muito sangue
Vi muita lágrima derramada
Chegou a abençoada hora do regresso
E eu acreditei no mundo melhor
Vibrei com os grandes inventos para o bem da humanidade
Vibrei com todas as máquinas que iam aparecendo
Para tirar o trabalho ao homem
Estava já muito esquecido o sofrimento dos outros tempos
E aquela terra amada e odiada lá ia
Mas hoje aqui sentado na minha pedra
Onde foi meu cenário de sonho e esperanças
Eu trémulo, mas hei-de vender o último suspiro
Eu digo outra vez com os olhos rasos de lágrimas e cheios de saudade
Deixando um cumprimento fraterno a todos os camaradas
A todos os camaradas e amigos
Quarenta e muitos anos depois ai estamos
Digo a alegria de voltar não tem descrição
É indescritível, só quem a viveu, a pode entender
Mas aquela parte em que deveríamos ter contribuído para um mundo melhor
Onde ficou
Toda a tecnologia que vimos nascer
E que acarinhamos
Penso que não correspondeu às expectativas
De povos carentes e com dificuldades
Penso que a nós, a muitos de nós particularmente já mais perto do fim
Levamos um pontapé dado com outra bota talvez,
Mas da mesma grandeza daquele
Que levamos já há muitos anos atrás
Oxalá que seja eu que estou num mau observatório
E estou a ver tudo errado.

Ernesto Duarte
Mansabá 
Mores – Oio

Foto: Natura Algarve, com a devida vénia
____________

Nota do editor

Último poste da série de 11 DE JUNHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11691: Blogpoesia (345): War is over, baby [ A guerra acabou, querida] (Luís Graça)

sábado, 13 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11385: 9º aniversário do nosso blogue: Parabéns (1): Querido blogue, quão importante foste para mim!... (Ernesto Duarte, ex-fur mil, CCAÇ 1421, Mansabá, 1965/67)

1. Mensagem do nosso camarada Ernesto Pacheco Duarte, alusiva ao próximo 9º aniversário do nosso blogue em 23/4/2013:


Data: 12 de Abril de 2013, às 00:12

Assunto: Parabéns hoje e amanhã e sempre,  Blogue!

Com um grande abraço
e um bem haja a todos vocês.Ernesto Duarte 




Blogue,
Estou-te a escrever duas linhas, 
porque sei que és um tipo porreiro 
e eu devo-te muitos favores. 
Sei que fazes anos brevemente, 
mas eu não sou de solenidades, 
sou simples, 
apenas te queria mostrar 
o quanto foste importante para mim 
e dizer-te um obrigado grande, 
claro, além de trocar três ou quatro palavras contigo. 
Chamaram-te Blogue !
Tiveste muita sorte, 
podiam ter-te chamado outra coisa qualquer 
e podes querer que os teus progenitores 
sabem tantos nomes 
e alguns que nem queiras saber para não corares !
E depois, porreiro, Blogue, uma palavra masculina !
Primeiro ponto a teu favor !
Hoje não, felizmente já não é assim !

Mas os teus progenitores, 

entre muitos azares, também tiveram esse, 
só havia caras barbudas, 
hoje há outras caras, 
mais bonitas, 
com outros atrativos.

Caras com outros atrativos,  

lá pelo tempo  dos teus progenitores, 
também as havia, 
o meu grande grito de homenagem e respeito, 
por todas elas, 
que foram também tão grandes 
e tanto sofreram, 
mas viviam outra situação, 
era má, era péssima, 
mas passou-se noutro campo.
Sim, tiveste progenitores !
Homens muito grandes, enormes ! 
Embora quem os conheça 
e conheça o que eles viveram, 
algo para os lados da loucura, 
fica-se confuso e chegamos a ter dúvidas.

Tu sempre tiveste o apoio, 
o auxílio de outros das mesmas escolas, 
mas com uma formação, 
que todos juntos fizeram de ti o gigante que és hoje.
E és mesmo grande, 
tão grande que não tens noção do teu tamanho !
E como és grande, ao conviveres com os mais "usados", 
todos grisalhos e já algo curvos, é a lei da vida, 
muitos deles se calhar sorriram pela primeira vez, 
em muitos anos,
ao olharem a primeira vez para ti!.
Sorriram ao verem-te grande, forte,  independente !
Sorriram porque fizeste mais um ano !
Sorriram com um pouquito de nostalgia no canto de um olho !
Mas não lhes leves a mal !
Há coisas que tu talvez não entendas muito bem, 
e que se passa na vida dos humanos !
Sintam grande alegria por teres feito mais um ano !

Ficam muito felizes por ti 
e pelo exemplo que és, 
porque captaste todo o bem dos teus progenitores 
e dos que te ajudaram a crescer.
Mas também sentem uma ponta de saudade, 
porque muitos já partiram.
Ficam saboreando um peito cheio de orgulho, 
porque devido ao que os teus progenitores te incutiram, 
tu viverás sempre com todos, 
os igualmente de cabelos grisalhos, 
por gerações e gerações,
e continuarás quando ninguém quis, 
a fazeres outros ouvir o nosso grito, 
Guerra nunca mais!,
e cantarás os nossos hinos à paz 
e chorarás as nossas lágrimas.


Ernesto Pacheco Duarte
ex-furriel miliciano 

BCAÇ  1857,  
CCAÇ 1421,

Mansabá, Oio, Morés
1965/1967 

sexta-feira, 15 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11257: Blogoterapia (224): Cozinhas de campanha (Ernesto Duarte)

1. Mensagem do nosso camarada Ernesto Duarte (ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67) com data de 9 de Março de 2013:


Cozinhas de campanha

Eu até gostei do Exército

Da minha serra à cidade de Lagos eram para aí 30 quilómetros, aonde eu ia muitas vezes porque tinha lá a viver muitos familiares, que naquela rua estreita era a porta em frente ao Caçadores 4, ou seria Infantaria 4. Muito miúdo ainda, hoje espreitava um pouco, amanhã outro e dentro de pouco tempo eu andava lá por tudo quanto era sítio.

Tudo aquilo era um encanto para mim, só nunca lá vi foi munições, agora armamento vi todo desde as armas ligeiras até às pesadas, postas em cima de carros puxados a cavalos ou machos e mulas, acho que não havia nenhuma viatura mecânica.

Nos concelhos à volta de Lagos todo o gado cavalar e muar estava na tropa, com caderneta e tudo e os donos tinham que as ir mostrar de quando em quando e sempre que vendiam alguma ou compravam tinham que tratar dos respetivos registos, papelada de militar.

O Quartel tinha a sua quantidade de bestas. Naquele tempo, ali, a vida de soldado era varrer, varrer, limpar os bichos dar-lhe palha e água. Passavam lá muito tempo, porque eu conhecia uma série de malta, eu ia e voltava e eles continuavam lá de vassoura na mão.

Dizer que deixei de gostar do Exército é muito forte e inofensivo, diga-se assim, comecei a retribuir-lhe a mesma simpatia que ele, Exército, tinha pelos seus soldados.

Eu fui o primeiro fulano a chegar à CCaç 1421 em Abrantes, tendo recebido um molho de chaves e não sei quantos cabos quarteleiros, tendo estado para aí uma semana só, até que o RI2 emprestou um alferes e um 2º sargento. Aquilo passou e eu ganho, como prémio, ir para Santa Margarida à frente receber material e militares de outras unidades que iam para lá formar a companhia.

Aí eu levei o primeiro grande pontapé no estômago, em relação ao Exército! Entre o que recebi, recebi uma cozinha de campanha que rebocámos para o sitio onde ficaria a funcionar. Aí na segunda semana já tinha muita gente comigo. A cozinha era de chapa, com juntas soldadas em vários sítios. Assentámo-la e o ultimo acto foi abrir a tampa.

A cozinha não estava branca, estava amarela, o que é, o que não é, chega-se à conclusão que era maça consistente. Fui ter com o sargento Barrigudo, foi simpático e colaborante mas todas as que vimos estavam na mesma, cheias de massa. Lá me disse como aquilo era chapa, entre uma utilização e outra, tinham que fazer aquilo, porque segundo ele, assim era melhor que ferrugenta, deu-me potassa e uns esfregões.

Lavamos a cozinha, escaldamos, mas o cheiro a ranço nunca passou, cheirou sempre e a comida era intragável. Ali a uns metros havia as messes, eu tinha nascido e crescido em comunidade, não entendia tamanha diferença, mas volto a encontrar o cheiro a ranço.

Cozinha de campanha > Comando da Zona Militar da Madeira (ex-GAG-2) > S. Martinho > Funchal

Foto: © Carlos Vinhal

O tempo passou e nós lá aparecemos dentro do Niassa, com uma ida à Madeira onde foi tudo passar uma noite louca.

Trago comigo para o naviuo o meu 1º Sargento, um homem grande e bom, mas que teimava em trazer umas garrafas de vinho da Madeira. Lá vamos por aqueles corredores fora, até que nos apercebemos de algo de anormal, conhecemos logo outro grande homem, o 1º Sargento da 1419, grande amigo, uma amizade que durou muito tempo cá fora. Estava cercado por tipos vestidos de branco.

Eu não sei se todos os que viajaram de Niassa, foram alguma vez ao fundo dos seus porões onde os nossos homens dormiam em beliches que chegavam quase cá acima, como o tempo era pouco para limpar, aquilo cheirava a ranço e a vomitado, para muitos era insuportável, nunca foram lá ao fundo.

Nessa viagem iam mulheres de marinheiros, cabos EP, mulheres de outros soldados e penso que de policias e também muita criançada.
Como não tinham amarelos iam no porão, e o nosso primeiro Teixeira lutava para lhes dar uma casa, um quarto cá mais acima, como de repente apareceram muitos soldados, os homens de branco cederam e arranjaram um quarto cá em cima, e passaram a comer da nossa comida, meio roubado, meio clandestino.

Portanto quando cheguei a Mansabá, a minha simpatia pelo Exército era igual à que ele tinha por mim, pelos seus soldados, era nula.

 Ernesto Duarte em Mansabá

Se achares que tem algum interesse, é teu.

Um muito obrigado
Um grande abraço
Ernesto Duarte
Furriel Miliciano
BCaç 1857 / CCaç 1421
Mansabá – Mores – OIO
____________

Nota do editor:

Vd. último poste da série de 16 DE FEVEREIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11102: Blogoterapia (223): Agradeço as manifestações de pesar que me foram dirigidas a propósito do falecimento da minha mãe (Carlos Vinhal)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11160: Blogpoesia (322): Não sou nada, não sou ninguém (Ernesto Duarte)

1. Em mensagem datada de 19 de Fevereiro de 2013, o nosso camarada Ernesto Duarte (ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67) enviou-nos um poema de sua autoria a que deu o expressivo título:


Não sou nada, não sou ninguém

Aqui no alto das minhas recordações 
Aqui do alto da minha serra 
Aqui do alto de onde as recordações têm outro sabor 
Eu sempre soube o amanhã 
Eu sempre soube que todos os amanhãs são passos para o fim 
Eu sempre soube que nada é eterno 
Eu sempre soube que mesmo os amanhãs passos gigantescos para o futuro, são igualmente passos para o fim 
Eu já andei muitos passos 
Eu já me sinto cansado de tanto descer 
Eu já estou num patamar em que tenho mais passado do que futuro 
Eu sei que passo mais tempo a recordar do que a sonhar 
Eu sei que já posso dizer com um sorriso, que não sou ninguém, não sou nada porque eu sei que lutarei até ao fim, até para lá do fim 
Eu sei que posso dizer que a minha terra está muito longe 
Eu sei que posso dizer que a terra onde vivo não é a minha 
Eu sei que não conheço as pedras das calçadas 
Eu sei que não conheço as gentes que se cruzam comigo 
Eu sei que vivi sempre em terras que não eram as minhas 
Mas eu vou voltar à minha serra, nem que seja só por um dia, pelos caminhos de ontem de muitos ontens
As serras algarvias são diferentes das outras 
São mais pequenas 
Chove pouco, cai neve uma vez por século 
Mas têm uma luz única 
A paisagem é deslumbrante 
O Sol incide naquela extensão enorme de Oceano 
Naquela estrada marítima, naquele caminho marítimo 
Refletindo-se nas dezenas de barcos que a cruzam constantemente 
No muito ontem 
Já tocado pela história, fico horas ali tentando imaginar os grandes Portugueses do passado 
Os seus grandiosos feitos 
Como seriam surpreendentes aqueles novos pedaços de Portugal 
Coisas deslumbrantes e arrebatadoras com certeza 
Muito maiores do que a história 
Não a história maior do que eles 
E desejava mesmo um dia poder lá ir 
Extasiar na sua grandeza física, mas muito mais na sua grandeza humana 
O tempo foi passando e eu fui esquecendo mais, mas sempre tocado 
Sempre imaginando os feitos naquelas terras, as suas grandezas 
E um dia quase sem perceber apareci dentro de um barco, o Niassa 
Daquele barco naquele Atlântico eu olhei a minha serra com saudade 
Chego à Guiné e a desilusão é muito grande 
Eu chego mesmo a pensar que estou em 1400 
Interior comigo, encontro os de 1963 a quem vamos render 
Eles falam connosco, tentam nos dizer o máximo 
Cada palavra que nos dizem, é uma afirmação de que aquilo, esteve, continua a estar igual 
Quase dois longos anos se passam 
E um dia aparecem outros para nos render 
E nós temos para dizer o mesmo, nada 
Naqueles primeiros anos deram-se muitos tiros 
Limparam-se muitas estradas 
Fez-se muitos golpes de mãos, trabalhou-se duro e com sacrifício 
Resultados! 
Em cada rendição estava sempre tudo igual, para não dizer pior 
Mais triste me sinto hoje no meu emaranhado de recordações 
Quanto mais penso, mais confirmo a inutilidade 
E como posso dizer sou nada 
Não sou ninguém

Ernesto Duarte
____________

Nota do editor:

Vd. último poste da série de 17 de Fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11104: Blogpoesia (321): Não à filha-de-putice-da-vida, camarada! (Luís Graça)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - 10997: Blogpoesia (319): Sou nada (Ernesto Duarte)

1. Mensagem do nosso camarada Ernesto Duarte (ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67), com data de 24 de Janeiro de 2013:

Camarada Carlos Vinhal
Os meus fraternais cumprimentos.
Tenho aparecido pouco, os últimos 2 anos e tal foram muito duros para mim. Os ossos, as tenssões, as faltas de vitaminas, os vírus, as bactérias. Mas quase todos dias vou ao blogue.

Eu fiquei, ontem como hoje, amando e odiando aquela terra. Acho maravilhoso fulanos serem amigos 50 anos depois, como se fossem miúdos. E contra factos não há argumentos.
O blogue tem sido o grande aglutinador, o veio de transmissão dessas amizades. Claro o blogue não funcionam sozinho. Só funciona graças a esses corações maiores que o peito, a quem eu ficarei sempre grato.

Carlos, mando-te umas linhas, passam a ser tuas, do blogue. Se acharem que tem algum valor para publicar, reafirmo são vossas.

Um muito Grande Abraço
Ernesto Duarte
Furriel miliciano
CCAÇ 1421/BCAÇ  1857
1965 a 1967
Mansabá, Oio, Mores


Sou nada 

Eles estão ali 
Esfarrapados 
Mutilados 
Aos pedaços 
Cheios de sangue 
Cheios de lama, feita com sangue e de 
Uma terra que não era a sua 
Amada 
Odiada 
Gritando de desespero 
Gritando de dor 
Gritando pela mãe 
Gritando pela mulher 
Gritando pela namorada 
Gritando pelos filhos 
Vão sucumbindo na frente da nossa impotência e raiva 
Agarram-se a nós como se agarrassem a vida 
Para ela não lhes fugir 
Já sem forças 
Ainda murmuram 
Amei- vos Muito e Muito 
Já não se ouvem, só já mexem os lábios 
E nós ficamos vociferando 
Gritando de raiva até hoje 
Com aqueles que passaram 
O resto da sua vida chorando e dizendo 
Amei-te muito meu filho 
Amei-te muito meu homem 
Amei-te muito pai , mesmo sem te conhecer 
A guerra dizem que é para homens 
Amaldiçoada maneira de dizer que sou homem.
______

Nota do editor:
Ao nosso camarada Ernesto Duarte uma palavra de agradecimento pelas palavras que nos são dirigidas e de encorajamento para enfrentar o tempo que leva a recuperação das maleitas que nos vão chegando com a idade. Somos já um grande grupo de dinossauros que, como sabemos, foi sempre uma espécie ameaçada.
Caro Ernesto para ti um abraço solidário e a certeza de que vais ultrapassar este momento menos bom.
____________

Nota  de CV:

Vd. último poste da série de 19 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - 10962: Blogpoesia (318): Dizem-nos que estamos a envelhecer ( Luís Graça)

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10861: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (9): Mensagens de Natal da Tertúlia (3)

MENSAGENS DA TERTÚLIA (3)


Mensagem do nosso camarada Artur da Conceição, ex-Soldado de Transmissões da CART 730, BissorãFarim e Jumbembem1965 a 1967:

Para todos os “Grã Tabanqueiros” e suas famílias, votos de um Feliz Natal e um Novo Ano com muita Paz e Saúde.
Um abraço
Artur Conceição




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Do nosso camarada Torcato Mendonça, ex-Alf Mil da CART 2339 Mansambo, 1968/69: 


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Do nosso camarada Afonso Sousa, ex-Fur Mil Trms, CART 2412, BigeneGuidage e Barro, 1968/70

Ilustrado com algumas imagens da paradisíaca Madeira (algumas das quais fazendo lembrar o presépio), envio-vos o meu desejo de Santo Natal, com paz, saúde, harmonia e esperança.

Boas Festas.
Afonso Manuel Sousa


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Mensagem do nosso camarada Rui Silva, ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67: 


Para a grande família do Blogue composta por camaradas ex-Combatentes da Guiné e outros amigos(as) que se nos juntaram, hoje todos tidos como camarigos, venho expressar o maior desejo de que este Natal o passem com muita felicidade, e que o Novo Ano vos traga muita saúde, bem-estar e paz de espírito.
E, se me permitem, envio-vos o “postal” seguinte, que simboliza também paz e amor e que se trata de um presépio feito em barro por mim (coisas de reformado)

Um abraço para todos.
Rui Silva

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Mensagem do nosso camarada Henrique Cerqueira, ex-Fur Mil da 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74:

Camarada Carlos Vinhal,
Envio em anexo o meu velhinho postal de Natal.
O mesmo já foi publicado no ano passado portanto não tem nada de novo a não ser o facto de termos sobrevivido mais um ano. Daí eu o repetir com votos de Boas Festas e Um Bom Ano Novo, dirigido a todos os Camaradas do blogue “Luís Graça e Camaradas da Guiné” e uma saudação muito especial aos Editores deste blogue, porque mais que nunca provaram que criaram um espaço que no mínimo nos deu a possibilidade de nos comunicarmos e principalmente “Vivermos” neste mundo que ultimamente tem criado uma sociedade que só olha para o próprio “Umbigo” e caminha drasticamente para o isolamento social.

Um Santo Natal para todos.
Henrique Cerqueira e NI


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Mensagem do nosso tertuliano e amigo Carlos Manuel Valentim, Oficial da Marinha, licenciado em História Moderna e Director da Biblioteca da Escola Naval


Boas Festa e um Feliz Ano de 2013
Carlos Manuel Baptista Valentim

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Mensagem do nosso camarada Ernesto Duarte, ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67:

Caro Camarada Carlos Vinhal Homem Grande da Tabanca
Com alegria desejo para ti e para os teus
Um bom Natal e
Um Bom Ano novo
Com Muita Alegria
Muita Paz
Muita Saúde
Muito Amor e
Guerra Nunca Mais

Igualmente os meus desejos de Bom Natal a todos os que fazem o grande favor de manterem o blogue de pé a funcionar. Era impensável um espaço a onde os abandonados, ou esquecidos, pudessem pensar em voz alta livremente, encontrar amigos de há 50 anos.
Isto não tem preço, para um antigo militar, foi uma dávida muito grande e generosa.
O generoso tem uma importância muito grande e estou certo tem a gratidão de todos nós.
O serviço que o blogue nos prestou, livre e sem qualquer encargo era impensável.

Mais uma vez obrigado Carlos
Um muito Grande abraço e tudo de bom
Ernesto Duarte
1965 / 1967
BC 1857 CC 1421
Mansabá – Oio – Morés

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Mensagem do nosso camarada Idálio Reis, ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 2317 / BCAÇ 2835 (Gandembel e Ponte Balana, Nova Lamego, 1968/69: 

Caro Vinhal
Os meus mais veementes desejos de Boas-Festas a todos os membros da Tertúlia, assim como a todos os seus mais queridos.

Um afectivo abraço do
Idálio Reis


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Mensagem do nosso camarada António Vaz, ex-Cap Mil da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69:

Desejo a todos os Tabanqueiros e em especial aos Editores do Blogue, um Feliz Natal com saúde na companhia de quem mais gostarem e uma boa passagem para 2013, apesar do bombardeamento diário das morteiradas que teem vindo a cair no nosso quotidiano.

Um grande abraço do
Antóvio Vaz
Ex- CMDT da CART 1746

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Mensagem do nosso camarada Victor Garcia,  ex-1º Cabo da CCAV 2639, Binar, Bula e Capunga, 1969/71:

Para vós amigos Luís e Carlos, e para todos os Tabanqueiros.
Victor Garcia e família desejam-vos um Santo Natal cheio de harmonia e felicidade.
Que o próximo ano não seja tão doloroso.

Um abraço
Victor Garcia

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 24 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10856: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (8): Mensagens de Natal da Tertúlia (2)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9252: O nosso sapatinho de Natal: Põe aqui o teu pezinho, devagar, devagarinho... (6): Mensagens dos nossos camaradas Augusto Silva Santos, Fernandino Vigário, Luís Fonseca, Manuel Resende, Ernesto Duarte, António Graça de Abreu e José Barros

MENSAGENS DE NATAL DOS NOSSOS CAMARADAS

1. Do nosso camarada Augusto Silva Santos, ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73:

Com votos de Feliz Natal

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2. Do nosso camarada Fernandino Vigário, ex-Soldado Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 1911, Teixeira Pinto, Pelundo, Có e Jolmete, 1967/69:


Camaradas e amigos,
Que o espírito de Natal permaneça no coração de todos vós todos os dias do ano junto dos vossos familiares.
Saudações Natalícias.
Fernandino Vigário.

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3. De Luís Fonseca, ex-Fur Mil Trms, CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana Varela , 1971/73:

Com os meus mais sinceros votos de óptima Quadra Festiva


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4. Mensagem de Manuel Resende, ex-Alf Mil da CCaç 2585, BCaç 2884, que esteve em Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71:

Caros amigos e camaradas,
Como já todos devem ter recebido imensos postais com muitas luzinhas a piscar e muita neve, eu apenas quero desejar a todos que tenham um bom Natal no aconchego das famílias, e que o próximo ano seja o melhor possível, apesar do desconforto da crise.
Que o Menino não se esqueça dos nossos amigos camaradas que mais precisam.

Um Santo Natal para todos
Manuel Resende

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5. Do nosso camarada Ernesto Duarte, ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67:

Caro Amigo Carlos Esteves Vinhal
Dirijo-te mais duas linhas, antigo camarada, não de glórias, mas de cumpridores de imposições desagradáveis!

Eu fiz a minha vida, mas nunca consegui esquecer e convivo mal com o depois de tantos apelos à paz, ver guerras nascerem todos os dias, o homem é hipócrita, logo eu sou hipócrita.

Mas tentar esquecer, e é Natal e já que o homem em dois mil anos, não conseguiu criar mais que um, pois que se apele às nossas forças, para que se viva esta quadra em espírito de Natal com paz e amor.

Através de ti bom amigo envio um grande abraço de Natal para toda a malta militar e principalmente os antigos militares que ainda andam dando vida a esta terra que os viu nascer e eles tanto amaram e amam.

BOM NATAL
FELIZ ANO NOVO
Ernesto Duarte

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6. Mensagem do nosso camarada António Graça de Abreu, CAOP 1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74, apresentando ao Blogue o Menino Jesus chinês:


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7. Mensagem do nosso camarada José Ferreira de Barros, ex-Fur Mil At Cav, CCav 1617/BCav 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68:

Caro amigo e camarada Carlos:
Tenho andado um pouco arredio da escrita no blogue, mas o trabalho de encenação de uma peça num grupo amador tem-me trazido bastante ocupado.

Esta quadra natalícia não podia deixá-la passar sem desejar aos editores, co-editores e a todos os tabanqueiros e de uma forma especial a ti, que é quem mais me atura, um SANTO NATAL E UM NOVO ANO COM MUITA SAUDE E ALEGRIA para enfrentar tanto aperto de cinto.

Porque dois Natais foram passados Além-Mar, com alguma alegria e muita amargura, aqui deixo um poema de Cabral do Nascimento que se intitula:

NATAL DE ALÉM-MAR

Não há pinheiros, não há neve,
Nada do que é convencional,
Nada daquilo que se escreve
Ou que se diz…Mas é Natal.

Que ar abafado! A chuva banha
A terra, morna e vertical,
Plantas da flora mais estranha,
Aves de fauna tropical.

Nem luz, nem cores, nem lembranças
Da hora única e imortal.
Somente o riso das crianças
Que em toda a parte é sempre igual.

Não há pastores nem ovelhas,
Nada do que é tradicional.
As orações, porém, são velhas
E a noite é de Natal.

Um grande abraço
José Barros

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 22 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9251: O nosso sapatinho de Natal: Põe aqui o teu pezinho, devagar, devagarinho... (5): Mensagens de Albino Silva, José Mussá Biai e Tabanca de Matosinhos

sábado, 9 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8536: Parabéns a você (288): Agradecimento à tertúlia de Ernesto Duarte

1.Mensagem do nosso camarada Ernesto Duarte* (ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67), com data de 6 de Julho de 2011:

Carlos,
Dirijo-me a ti porque és o homem da frente.

Eu passo muito tempo fora, e agora ainda talvez mais longe do computador, tenho um neto com 12 anos que é um um grande camarada e outro com 18 meses que é quem manda cá em casa.

Eu não tenho uma caixa de adjetivos bonitos, como também não tenho uma caixa de palavras bonitas, apenas com toda a humildade e sinceridade, sei dizer muito obrigado.

E digo mais, gostei muito que vocês se tenham lembrado de mim, soube-me bem, soube-me mesmo muito bem que vocês se tenham lembrado do meu aniversário, nunca sendo demais agradecer a vossa simpatia, a vossa amizade, um grande obrigado a vocês todos, com um grande bem haja muito grande, para todos vocês e que se prolongue por muitos e muitos anos.

Um grande abraço
Ernesto Duarte
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 9 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8391: Parabéns a você (271): Ernesto Duarte, ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857 (Tertúlia / Editores)

Vd. último poste da série de 9 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8532: Parabéns a você (287): Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas da CCAÇ 2381 "Os Maiorais" (Tertúlia / Editores)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8391: Parabéns a você (271): Ernesto Duarte, ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857 (Tertúlia / Editores)


PARABÉNS A VOCÊ

DIA 9 DE JUNHO DE 2011

ERNESTO DUARTE

NESTE DIA DE FESTA, A TERTÚLIA E OS EDITORES VÊM POR ESTE MEIO DESEJAR AO NOSSO CAMARADA ERNESTO DUARTE AS MAIORES FELICIDADES E UMA LONGA VIDA COM SAÚDE JUNTO DE SEUS FAMILIARES E AMIGOS.

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Notas de CV:

- Ernesto Duarte foi Fur Mil na CCAÇ 1421/BCAÇ 1857 que andou por terras do Óio, Mansabá, nos anos de 1965-1966-1967.

Vd. último poste da série de 7 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8385: Parabéns a você (270): Agradecimento de Belarmino Sardinha, aniversariante no dia 5 de Junho

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8360: Blogoterapia (181): Apesar da idade, continuamos a realizar os nossos Encontros e ainda nos comovemos (Ernesto Duarte)

1.Mensagem do nosso camarada Ernesto Duarte* (ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67), com data de 29 de Maio de 2011:

Boa Noite Carlos
Tudo de bem contigo e com os teus, são os meus desejos.

Carlos, eu de uma maneira geral sou um pouco vadio, um pouco vira-latas, aproveitando tudo para estar o mais tempo possível fora, e como ainda não ando com o caixote às costas, passa-se muito tempo que não tenho noticias, eu já disse isto um milhão de vezes, mas a idade não perdoa, vou sendo chato.

Na semana de 14 de Maio foi o almoço da minha Companhia, da minha Companhia é favor.
Correcto será dizer de um grupo de velhos gordos, que teimosamente continuam a não deixar morrer aquela chama. Penso que enquanto existir um que se dê mexido há almoço.

Eu e uns quantos, todos, comovemo-nos sempre, nós sentimos ali ainda aquele espírito de união, de respeito, de convivência sadia, e vêm muito ao de cima aqueles momentos que estão cá marcados. Fomos e estava tudo preparado, sem perguntas, sem más vontades, agindo como um todo.

Comovo-me por aqueles que já muito doentes, de canadianas, sem falarem, braços ao peito, mas aquele olhar é o mesmo, demonstra uma força e um querer, aqueles abraços são vidas que se agradecem em simultâneo.

Comovo-me por aqueles que lá ficaram.

Comovo-me, porque há 44 anos que chegámos, há 46 que partimos e há para aí 47 que me apareceram aqueles tipos de fardas largas e com aspecto de tudo menos de militares, e nós fizemos deles militares, combatentes e hoje estão ali uns homens que até deram um pontapé na vida difícil.

Só um militar e um operacional pode ouvir isto: - Foi graças a ti que eu cá estou, devo-te tudo.

Sentir este orgulho, é nosso, só nosso dos operacionais.

Que raio de gente fomos nós, que raio de gente somos nós, que esta quantidade de gente é ignorada pela Pátria que tanto amamos.

Mas como sou vira latas, aproveitei mais a minha companheira de 50 anos para andar por aí. O almoço era em Ílhavo / Vagos e a nossa primeira paragem foi em Badajoz.

Depois uma ida lá baixo para ver as coisas, cheguei há pedaço.

Carlos, eu no tempo em que o Azimute foi feito, era muito mais ingénuo e aquilo na altura mexeu comigo, mexeu connosco, e ao encontrá-lo hoje não sei atribuir-lhe qualquer valor, vocês com mais conhecimentos, poderão por ventura atribuir-lhe algum. Eu não gosto de me tornar pesado, sabendo o mundo de papeis ( mail ) que tens, obrigado.

Exemplar de um Azimute oferecido pelo camarada Ernesto Duarte ao Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

Obrigado Carlos, um bom 4 de Junho, não quero ser profeta da desgraça, mas o 5 deve todo ele ser mesmo ímpar.

Um grande Abraço e tudo de bom
Ernesto Duarte
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Notas de CV:

(*) Vd. poste da série de 20 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8142: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (11): Domingo de Ramos (Ernesto Duarte)

Vd. último poste da série de 1 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8358: Blogoterapia (180): Sondagem sobre a Tabanca Grande (Miguel Pessoa)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8142: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (11): Domingo de Ramos (Ernesto Duarte)

1. Em mensagem do dia 18 de Abril de 2011, o nosso camarada Ernesto Duarte* (ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67), enviou-nos estas fotos para o espólio das Memórias de Mansabá.

Um abraço muito grande para ti Carlos e para toda a tua família e igualmente para o Luís e para toda a sua família.


Domingo de Ramos

Nesta semana a que os católicos praticantes chamam de Semana Santa, neste Domingo de Ramos, tradição tão velhinha o trocar de ramos, e hoje há quem chame ramos da paz, eu desejo a todos os Homens Grandes, gigantes mesmo, da Tabanca Gigante, e a todos os homens de todas as tabancas, uma semana de paz, já que por vezes pelas situações mais diversas não se consegue viver as 55 semanas do ano em plena paz.

Esforcemo-nos, ao menos, pondo até os fantasmas no sótão, para que se possa viver esta, em paz na sua totalidade.

Eu desapareço muito, o tempo é pouco, nesta época da minha vida em que eu queria fazer um milhão de coisas, vejo o tempo voar-me e tenho que reconhecer que tem já muito a ver com isso o peso dos anos, pesam e começa a nascer uma saudade muito grande de um milhão de coisas, muitas delas não fazia a mínima ideia que estavam adormecidas no consciente.

A casa do meu pai, a seguir à sua morte,  causava-me arrepios, hoje é um lugar sagrado e passo lá muito tempo.

Eu digo por um lado com alguma indelicadeza, ainda não consegui ler os postes com a atenção que eles merecem a um militar, especialmente que esteve na Guiné e no Oio, mas por outro lado desculpo-me a mim próprio, servindo-me de aquela verdade incontestável, o tamanho que os mesmos atingiram são enormíssimos, tão grandes que os seus criadores já não tem ideia da sua grandeza.

Mas Portugal, isto não é me lamentar, não gosto muito de fazê-lo, teve uma malapata com os seus militares no tempo das campanhas [do Ultramar], há muita gente, muito português e até muitos com responsabilidade na máquina estatal que nunca leram de lá uma página, tudo bem, não gostam, mas não podem ignorar uma parte tão importante do Portugal contemporâneo e uma parte tão importante que já é história no Portugal de Hoje.

Se calhar é por muita gente querer ignorar a história, ou querer que ela seja cor-de-rosa, que há desencontros entre o País e o seu povo.

Eu sou um básico, mas nestas datas em que uma grande parte do mundo comemora algo, eu digo,  com alguma tristeza, como foi possível nestes 2000 anos o homem não ter conseguido acabar com as guerras, até nestes últimos 100 anos, até no dia de hoje. Quantas pessoas terão morrido hoje em guerras estúpidas, afinal como todas elas, de qual a qual a mais estúpida.

Não tenho lido, eu chamo-lhe assim os sites todos como eu gostava, mas sempre tenho lido algumas coisas, e há coisas que eu já descobri e que me encantam, acho lindas, e não resisto a escrevê-las aqui!

Tabanca Grande, as nossas regras de convívio:

4ª - Carinho e amizade pelos nossos dois povos, o povo Guineense e o povo português sem esquecer o povo cabo-verdiano.

5ª - Respeito pelo inimigo de ontem, o PAIGC, por um lado e as forças armadas portuguesas por outro.

Chamaram-me eu fui, como era meu dever, mas sempre fui consciente e gostei de pensar por mim e como tal, a partir de certa altura, já tinha as minhas opiniões, e determinadas coisas que eu fiz começaram a pesar e continuam a pesar.

Mas também é verdade que em mim e na maioria dos amadores que sustentaram a guerra não havia grandes ódios, a convicção de que não tinha sido feito para aquilo, a convicção que aquela guerra não tinha que existir era muito maior do que o ódio que poderia sentir, especialmente contra aquelas gentes com quem eu convivia todos os dias.

E ao ler a 4ª e a 5ª regras especialmente, não altera passados nem dá absolvições à responsabilidade de cada um, mas confirma dentro de certa medida o que muitos hoje sentimos, foi uma guerra, totalmente inútil, mas diferente em tudo, portanto facilmente evitável, porque havia muita e muita gente que não tinha ódio, não nos absolve mas não nos faz sentir tão sozinhos.

Serei básico, analfabruto mesmo, anarquista, louco, não me importando em nada com as crises dos sistemas, das instituições, reconhecendo que podem levar mais uma vez a sociedade ao zero, mas já há aí tanto homem livre espiritualmente e o de amanhã será ainda muito mais e sempre mais e mais livre e independente espiritualmente, logo blindado à manipulação.

Um grande Abraço
Ernesto Duarte
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 18 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7811: Memórias de Mansabá (10): Fotos da bolanha de Mansabá, a nossa praia (Ernesto Duarte)

Vd. último poste da série de 20 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8140: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (10): Obrigado, camaradas, pela chave-mestra do cofre das nossas memórias ! (Jorge Cabral)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7811: Memórias de Mansabá (21): Fotos da bolanha de Mansabá, a nossa praia (Ernesto Duarte)

1. Em mensagem do dia 10 de Fevereiro de 2011, o nosso camarada Ernesto Duarte (ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67), enviou-nos estas fotos para o espólio das Memórias de Mansabá.

Boa noite Carlos
Tomei a liberdade de te enviar mais umas quantas fotos, duas mostram mais ou menos bem um abrigo a construir e já feito no K3.

As outras são na bolhanha de Mansabá, eu gostava muito dos putos e de falar com as mulheres grandes é uma filosofia de vida
tão diferente.

Um abraço e muito obrigado
Ernesto Duarte


MEMÓRIAS DE MANSABÁ (21)

Fotos de Mansabá

Construção de um abrigo no K3


Ernesto Duarte num abrigo do K3






Mansabá - Lavadeiras em plena actividade na bolanha




Mansabá - Ernesto Duarte entre as lavadeiras




Mansabá - Bajuda a banhos na praia






Mansabá - Ernesto Duarte com os miúdos
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 17 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7804: Memórias de Mansabá (9): Jornal Bajudo da CCAÇ 1421 (Ernesto Duarte)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7804: Memórias de Mansabá (20): Jornal Bajudo da CCAÇ 1421 (Ernesto Duarte)

1. Em mensagem do dia 8 de Fevereiro de 2011, o nosso camarada Ernesto Duarte (ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67), enviou-nos estas páginas referentes a um exemplar do Jornal Bajudo, publicado pela sua Companhia. 

Pelo material enviado fica-se a saber que se tratou de um períódico com grande tiragem, que abarcava vários temas de interesse para a população (militar e civil) local, oferecendo rubricas variadas, tais como: crónicas, turismo, anúncios, poesia, notícias sobre o jet set local, etc.


MEMÓRIAS DE MANSABÁ (20)


JORNAL BAJUDO, EDIÇÃO DA CCAÇ 1421


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OBS: - do editor

- Imagens editadas por Carlos Vinhal.
- O editor não é responsável pela não apresentação completa dos textos nas páginas apresentadas
- Para uma leitura mais cómoda, clicar nas imagens para as ampliar
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 16 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7800: Memórias de Mansabá (8): Operação Vaca (Ernesto Duarte)