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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14101: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (92): O Alfarrabista Eduardo Martinho, amigo de Mário Beja Santos, foi Furriel Miliciano do Pel Rec da CCS do BART 2861, logo camarada do nosso tertuliano Furriel Enfermeiro, Ribatejano e Fadista Armando Pires

1. Todos sabemos da incessante procura de publicações que digam respeito à Guiné por parte do nosso confrade (como ele gosta de dizer) Mário Beja Santos.

No Poste 13954(*) Beja Santos diz-nos:
Subo em direção ao mercado de Santa Clara, começou a chuviscar, abrigo-me na tenda do meu amigo Eduardo Martinho, recebe-me com um sorriso. Combateu na Guiné, conhece o nosso blogue, foi com ele que regateei o livro dedicado a Mário Pinto Andrade. Vai buscar o livro e autoriza que eu reproduza o que achar de mais interessante.

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2. Em conversa telefónica com o editor, Armando Pires refere que o Martinho foi seu camarada em Bissorã, e que se lembra de entrevistar o Mário Beja Santos quando este se preparava para iniciar uma colaboração que se prolongou por anos na então Antena 1.
Dei-lhe o contacto do Mário para que pudessem trocar impressões.
Daí resultou esta troca de mensagens:

De Armando Pires (ex-Fur Mil Enf.º da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70), em 28 de Novembro de 2014 para Mário Beja Santos:

Meu caro Beja Santos. Camarada.
Acabo de ler no nosso blogue uma nova referência sua ao Alfarrabista Eduardo Martinho, sinalizando, desta vez, ter sido ele combatente na Guiné.
De facto, e já o disse em comentário a um outro post seu, o Martinho foi Furriel Miliciano do Pel Rec na minha Companhia, a CCS do BCAÇ 2861.
Na Guiné sabíamos, conhecíamos, a sua faceta cultural. E dela lhe quero dar como exemplo a foto em anexo. Foi tirada em Bissorã, certamente em Dezembro de 1969.
Aquele que assiste ao trabalho do Martinho, sou eu.
Aceite um forte abraço de camaradagem do Armando Pires

OBS: - Sabia que quando começou a trabalhar na Defesa do Consumidor, a sua primeira entrevista para a rádio - RDP - fui eu que lhe a fiz?

Bissorã, Natal de 1969 - Com o Furriel Martinho que pinta um Presépio


3. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 29 de Novembro de 2014 para Armando Pires:

Meu Caro Armando,
Fui hoje de manhã à Feira da Ladra, manhã ensolarada,visitei o estanco do Eduardo Martinho, tinha a prenda de Natal para ele, um opúsculo de António Carreira com cerca de 75 anos e o Roteiro da Guiné, de que sou coautor.

Informei-o do teu mail, emocionou-se deveras, falou-me nas fotografias que tem, vai filiar-se na nossa tabanca, comprometi-me a ir no próximo sábado lá buscá-las, quis começar a contar as suas histórias em Bissorã, pedi-lhe para as escrever, corro o risco de me tornar em escriba de malta preguiçosa…
Vou pedir ao nosso editor que publique a fotografia, caso não vejas impedimento, é facto que o Eduardo Martinho desenha, ainda hoje o vi a fazer um boneco no livro que ofereci, é um alfarrabista invulgar, vende antiguidades, desenhos e quadros, é dotado de uma grande cultura, é visitado por gente que procura coisas invulgares, como o Jeremy Irons, um dos seus clientes, ali se junta uma tertúlia simpática, sinto-me sempre lá bem, há sempre conversas aliciantes e muita charla sobre autores de todos os géneros.

Devo-lhe bastantes atenções, empresta-me livros e vende-me a preços abordáveis óleos e desenhos, que tanto aprecio.

Agradeço-te a lembrança da entrevista… ainda não desisti de escrever as minhas memórias de 25 anos na rádio.

Aceita o abraço do teu camarada,
Mário

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4. Comentário do editor:

Alguém tem dúvidas de que "O Mundo é Pequeno e que a Nossa Tabanca... é Grande"?
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Notas do editor

(*) Vd. poste de 28 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13954: Recordações de uma ida à Feira da Ladra: 15 de Novembro (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 3 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13969: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (90): Foto do ferryboat BOR que levou a CART 730, de Bissau para Bolama, um dia depois de desembaracar do T/T Niassa (João Parreira, ex-fur mil op esp e cmd, CART 730 / BART 733, Bissorã, 1964/65; Gr Cmds Fantasmas, CTIG, Brá, 1965/66)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P13963: Recordações de uma ida à Feira da Ladra: 15 de Novembro (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Novembro de 2014:

Queridos amigos,
As andanças num mercado de tralha deixam sempre o doce travo de que quando não há acasos felizes naquele dia fica-se com a secreta esperança de agradáveis imprevistos para a viagem seguinte.
Recolher umas fotos, examinar um mapa de 1960 longe da verdade do espaço e dos lugares, ter acesso à dimensão epistolar íntima daquele que, depois de Amílcar Cabral, terá sido a cabeça melhor organizada dos lutadores do nacionalismo nas colónias portuguesas, é uma gratificação impagável, é dimensão luminosa que acompanha estas buscas, tão mais grato quanto se pode comunicar dentro do nosso blogue.

Um abraço do
Mário


Recordações de uma ida à Feira da Ladra: 15 de Novembro (2)

Beja Santos

Falemos um pouco deste ideólogo e filósofo angolano que deixou uma impressionável obra dispersa e de incalculável valor. Por exemplo, foi responsável pela redação das Atas do Simpósio Internacional dedicado à atualidade do pensamento de Amílcar Cabral; responsável pela Antologia da Poesia Africana de Expressão Portuguesa, para a coleção da UNESCO. Está editado em português, caso de A guerra do povo na Guiné-Bissau, Sá da Costa Editora, Lisboa, 1974. Editou a obra de Amílcar Cabral na Seara Nova, a seguir ao 25 de Abril. É um importante ideólogo da negritude e foi seguramente um intelectual africano que mais tempo e mais perto conviveu com Amílcar Cabral, designadamente em Conacri. A filha mais velha dedica-lhe uma escolha de correspondência que trocou com o grande amor da sua vida, Sarah Maldoror e com a sua filha Henda, aqui revela a sua ternura, o amor às filhas, a luta, o exílio e a solidão.

Vejamos a sua correspondência de Bissau, estamos em Janeiro de 1978: Sarah, o novo ano não pronuncia para mim bons auspícios. Sinto-me submerso num oceano de solidão e tristeza. Por um lado, se o meu estado de saúde me deixa inquieto, por outro não alcanço a mínima satisfação no desempenho do meu trabalho quotidiano. Tinha-me dedicado à tarefa que me havia sido confiada no quadro da preparação do Congresso (do PAIGC), tarefa gigantesca. Em seguida, após a sua conclusão, instalou-se uma grande lassidão que me arrastou para o abismo do desânimo. E dois meses mais tarde: Sarah, meu Amor, continuo triste e solitário, depois de me teres deixado repentinamente. É necessário que eu ultrapasse este problema de solidão afetiva que me avassala. Em Julho, escreve à sua filha mais velha: Henda, minha muito querida filha, Na véspera do teu aniversário, os meus pensamentos mais profundos voam para ti. Gostaria de partilhar o belo dia de amanhã contigo e de te rodear de todo o meu afeto. Todavia, mantenho a esperança de festejar em breve os teus catorze anos com a Mamã e a Annouchka, juntos em Bissau. Em Agosto de 1980 escreve a Henda, que está em Paris: Saber-te feliz enche-me de alegria. Não te deixes porém deslumbrar pelas luzes do capitalismo, o acesso fácil ao consumo, etc. Abre também os teus olhos críticos sobre as realidades sociais. És suficientemente crescida, adulta e responsável para avaliar com serenidade o mundo que te rodeia.

Em 1983, em Maio, escreve a Henda a partir de Lisboa: Minha filha, Não deixei de pensar em ti desde a minha chegada a esta cidade, a pequena casa lusitana. A vida é um longo processo de conquista de objetivos que devemos impor a nós mesmos. Se admitires este princípio terás de exercer um verdadeiro e constante controlo sobre ti, um confronto permanente entre a realidade e a perspetiva que se desenha no horizonte. Em termos concretos, parece-me que devias escolher melhor os objetivos que pretendes realizar.

Os últimos anos de vida de Mário Pinto de Andrade decorrem sob o signo da doença. Em 1984 escreve de Lisboa a Henda dizendo que está na Biblioteca Nacional a descobrir elementos importantes para a redação da sua obra “O discurso da libertação nacional”. No ano seguinte escreve de São Tomé e diz à filha: dedico-me à minha pesquisa que constitui o centro da minha atividade intelectual: a história da emergência e do desenvolvimento das ideias nacionalistas nos cinco países africanos (antigas colónias portuguesas). Em Janeiro de 1988, escreve da Praia, sente-se que está irrequieto quando diz a Henda: O meu maior desejo, no limiar deste novo ano, traduz-se na materialização da intenção de retomar o contacto contigo, de te ver e te escutar longamente: bem-entendido dialogar sobre a vida e os projetos para um futuro imediato. Confesso que a minha consciência não está tranquila. Tenho como que uma certa impressão de te ter perdido um pouco, à margem do meu horizonte. Podes crer que estás intimamente presente em cada instante da minha existência. Mas faço por corresponder (e de manifesta a consciência do lugar que o meu espírito e o meu coração te reservam). A vida caminha para o fim, e em Agosto de 1989 escreve à filha em Maputo: O tempo é demasiado curto para realizar os projetos que tracei: escrever a história dos discursos nacionalistas e dedicar-me à redação das memórias de uma geração, traçando o meu percurso pessoal. Mas evito essa tentação. Morre em Agosto de 2009 aquele que, segundo Sarah Maldoror escreveu “não queria culturas de empréstimo, mas sim um intercâmbio na reciprocidade de conhecimentos. Se no início o combate foi desigual, a sua coragem foi grande, já que tinha para consigo a abnegação e o orgulho da reconquista da liberdade”.


Eis o produto de uma vinda à Feira da Ladra, uma agradável safra, encontrei pepitas guineenses e colaterais.
E fiquei enternecido com este Mário Pinto de Andrade na intimidade.
Ponto final.
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Nota do editor

Último poste da série de 28 de Novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13954: Recordações de uma ida à Feira da Ladra: 15 de Novembro (1) (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13954: Recordações de uma ida à Feira da Ladra: 15 de Novembro (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Novembro de 2014:

Queridos amigos,
Mais tarde ou mais cedo far-se-á uma excursão de velhos combatentes até à Feira da Ladra.
Levaremos um oficial do quadro permanente para irmos almoçar à messe dos oficiais do Exército, um lindo palacete e uma bela sala de refeições, com azulejos topo de gama.
Aqui ficam recordações e remeto trabalho para outros. Por exemplo, o Zé Martins(*) que nos esclareça aonde se situava esta rua Alferes Linhares de Almeida e nos dê mais elementos sobre a sua morte em combate e a CCAÇ 1547.

Um abraço do
Mário


Recordações de uma ida à Feira da Ladra: 15 de Novembro (1)

Beja Santos

Tempo adverso, chuva intermitente, aguaceiros enervantes, feirantes e passantes descorçoados, com tanta água a escorrer de Santa Clara até à rua do Paraíso, só ficam os vendedores com toldo ou cobertas em plástico bem resistentes. Por ali se vagabundeia com chapéu aberto ou fechado, é tudo uma questão de persistência, até de desportivismo de quem anda à cata de surpresas, de agradáveis imprevistos. Já tinha abordado a D. Piedade que tem mercados singulares: azulejos, peças em tricot, molduras antigas, coisas que vieram de um negócio de adelo, compras de espólio, a família fartou-se do bricabraque que o defunto ou defunta deixou no sótão, no mobiliário, nas gavetas. Mas havia para ali umas caixas com fotografias e um atlas completo intitulado A. Nascimento – Atlas de Geografia, Livraria Franco, Lisboa, 1960.

Toca de procurar a Guiné. Como veem, é um mapa fora do tempo, onde se lê Senegâmbia deverá ler-se Senegal, onde se lê Guiné Francesa deve ler-se Guiné Conacri. A disseminação das etnias não é rigorosa: não há uma palavra sobre os Mandingas, o Leste e o Norte em peso parecem ocupados por Fulas Pretos e Futa Fulas. A toponímia é do princípio do século. Falando da região onde vivi e combati, é verdade que à entrada do Geba Estreito estava S. Belchior, povoação abandonada durante a guerra, mais abaixo havia Enxalé, povoação antiga, aqui não é referida. Mais adiante, fala-se em Sambel Nhanta, era de facto a povoação mais importante do Cuor até à rebelião de Infali Soncó, sufocada em 1908, apareceram depois Chicri, Sinchã Corubal, Madina, Canturé e Gambiel. Refere-se no mapa Caranque Cunda, foi fundada em 1908, depois da rebelião de Infali Soncó, ali estiveram acantonadas tropas durante algum tempo, os macuas e tropa metropolitana, pouco tempo depois tornou-se um sítio irrelevante. Passando para a outra margem do Geba, Fá tinha ainda bastante peso como Bambadinca e Xime, mas antes de 1960 havia já inúmeras povoações que podiam e mereciam ter referência. É necessário estudar este mapa para se perceber que não se estudava a Guiné, não se conhecia a Guiné, quase tudo o que aqui aparece em 1960 é d eturpação ou omissão. Assunto que nos devia dar que pensar. Claro está que os acontecimentos, a partir de 1963, alteraram muita coisa, apareceram destacamentos em lugares inconcebíveis, abandonaram-se povoações, mas muito do que se regista neste mapa é muito antiquado, e esse é antiquado é porque ninguém lhe dava importância, ninguém refilava, é porque a Guiné estava para lá do sol-posto.

Mapa da Província da Guiné. Escala 1:2.000.000
Clicar na imagem para ampliar

O mapa já passou para as minhas mãos, guardei-o em dois sacos de plástico, não é propriamente uma preciosidade mas não gosto de papel encharcado. E agora dobro a cerviz, já me acocorei, a ver se acontece mais uma pepita guineense. E acontece mesmo, há para ali uma chusma de fotografias que diz Foto Iris, Bissau. Mexo e remexo, não encontro fio condutor, terá sido seguramente alguém que andou entre a Guiné e Cabo Verde, encontrei fotografias do porto de Mindelo, S. Vicente, bem bonitas por sinal. Não chove, pus mais um plástico e ali ponho os joelhos, para contemplar demoradamente as fotografias. Escolho três de que gostei muito, não sei explicar porquê. Talvez no Google encontrasse referências a esta CCAÇ 1547, a que pertenceu o alferes Linhares de Almeida, morto em combate em 1 de Abril de 1967. O Zé Martins que descalce a bota, ele é que é o estudioso e conte como foi. Outro bico-de-obra é saber onde é que estava esta rua, num muro enegrecido de onde brota capim: será Bissau? Quem se recordar faça o favor de me explicar aonde estava esta rua.


A fotografia seguinte não levantou dúvidas, jangada em João Landim, o Mansoa espraia-se, temos a vegetação ao fundo. Os cinco turistas não identificáveis, a roupinha é da década de 1960, a menina já tem saia curta, podemos até perguntar se o jovem do meio não é militar e vão todos em festa, fazer um repasto em Mansoa. Conjeturas, nada mais do que conjeturas.


Por último, encheu-me as medidas este jogo de luz que atravessa a lala e pode ir até a um braço da ria, a vegetação é frondosa, o contraste entre a claridade e o negrume da vegetação é um achado feliz. Não sei quem tirou a fotografia, creio que ninguém irá identificar o local mas é uma bela imagem dessa zona tropical seca onde vivemos entre água e vegetação luxuriante. Só por esta fotografia dei por bem empregado a vinda à Feira da Ladra.


Subo em direção ao mercado de Santa Clara, começou a chuviscar, abrigo-me na tenda do meu amigo Eduardo Martinho, recebe-me com um sorriso. Combateu na Guiné, conhece o nosso blogue, foi com ele que regateei o livro dedicado a Mário Pinto Andrade. Vai buscar o livro e autoriza que eu reproduza o que achar de mais interessante.
Trata-se de uma edição de 2009, Edições Chá de Caxinde, Luanda, Mário Pinto de Andrade, um olhar íntimo, a coordenação é da filha mais velha, Henda Pinto de Andrade, na dedicatória, em primeiro lugar, veio o nome de Iva Cabral, a filha mais velha de Amílcar Cabral, nome certamente escolhido por lembrança de Iva Pinhel Évora, assim se chamava a mãe de Amílcar Cabral. Por diferentes títulos, Mário Pinto de Andrade tem a ver com as lutas de libertação e com a Guiné. Nos finais dos anos de 1940, vemo-lo com Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Eduardo Mondlane, Marcelino dos Santos e Francisco José Tenreiro em atividades culturais, designadamente mais tarde, em 1951, no Centro de Estudos Africanos. Foi presidente do MPLA de 1960 a 1962 e coordenador da Conferência das Organizações Nacionalistas nas Colónias Africanas. Recorde-se que o MPLA foi também criado com a colaboração de Amílcar Cabral. Foi encarregue pelo Comité Executivo do PAIGC para organizar a apresentação dos textos políticos de Amílcar Cabral. Foi coordenador geral do departamento da cultura da República da Guiné-Bissau, de 1976 a 1978 e ministro de Estado da informação e cultura de Outubro de 1978 a 14 de Novembro de 1980. Após o golpe de Estado saiu da Guiné-Bissau e dedicou-se à investigação. Faleceu em 1990. Este olhar íntimo faz-nos conhecer um escritor epistolar de altíssima craveira. Veremos estas qualidades no apontamento que se segue.
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Nota do editor

(*) Vd. poste de 24 de Novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13938: Consultório militar, de José Martins (11): Quem foi o alf mil Linhares de Almeida, da CCAÇ 1547, morto em combate em 1/4/1967, e condecorado, a título póstumo, com a cruz de guerra de 2ª classe?

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13889: Notas de leitura (650): 1 de Novembro de 2014, na Feira da Ladra (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Novembro de 2014:

Queridos amigos,
Já houve referência à edição de 1944 desta adaptação do “Romance da Conquista da Guiné”, não foi muito feliz, estou crente que não mobilizou muitos jovens para ler mais Zurara, o percurso das viagens está muito sincopado, devia ter sido precedido de uma explicação das diferentes viagens, comportar um mapa das mesmas, etc.
Esta edição é mais cuidada que a primeira, com o benefício dos bons desenhos de Júlio Gil. E feita esta aquisição cheguei imprevistamente a outra, um livro de António Carreira que me pôs a refletir como foi possível vender como fidedigna a doutrina da unidade entre a Guiné e Cabo Verde.
Depois falamos.

Um abraço do
Mário


1 de Novembro de 2014, na Feira da Ladra (2)

Beja Santos

Ainda não refeito do achado da fotografia em que o padre Afonso parte mantenha com o Cardeal Patriarca e da curiosa revista A Terra, número associado à 1.ª Exposição Colonial Portuguesa, que se realizou no Porto em 1934, encontrei noutra banca o Romance da Conquista da Guiné, adaptação, para rapazes da “Crónica do Descobrimento e Conquista da Guiné” por Gomes Eanes da Zurara, trabalho de Frederico Alves, ilustrações de Júlio Gil. Aqui há uns meses atrás encontrei num alfarrabista na Avenida do Uruguai, em Lisboa, a primeira edição, de 1944, editada pela Agência-Geral do Ultramar, agora esta nova edição, de 1965, foi publicada pelas Edições Panorama, do SNI. O livro terá pertencido à biblioteca de Guedes de Amorim, conforme dedicatória que aqui se mostra.



Não há muito a dizer sobre um trabalho a que se fez larga referência. É uma adaptação para um público jovem de um dos clássicos da historiografia portuguesa e um dos pilares da história luso-guineense. Limito-me a um conjunto de referências até chegarmos à Guiné, ou seja a Grande Senegâmbia, para o saber do tempo era tudo a Guiné, ou a Etiópia Menor, tais ainda as imprecisões cartográficas, e mais tarde a Senegâmbia, convém recordar que Honório Pereira Barreto, um dos cabouqueiros da Guiné atual, envia às autoridades de Lisboa uma memória da Senegâmbia.

É muito bonito o retrato que Zurara dá do Infante Dom Henrique, convém não esquecer que a crónica é o seu panegírico:  
“A sua estatura era de bom tamanho, a sua carnadura grossa, os membros largos e fortes e a cabeleira levantada. A pele foi branca, primeiro; porém o sol do Algarve acabou por queimá-la. A sua presença, à primeira vista, amedrontava os tímidos. Rara lucidez de espírito e teimosia incomparável”.

Mais adiante, Zurara vai enumerado as razões pelas quais o Infante se afoitou à empreitada dos Descobrimentos: querer devassar o mistério oceânico; podia bem ser que, entre terras e povos desconhecidos, os mareantes achassem bons portos e excelentes mercadorias ignoradas dos navegadores e comerciantes do tempo; impunha-se conhecer até onde chegaria a força dos infiéis; pretendia saber se em África existiriam países cristãos dispostos a arriscar a vida pela Fé; era seu desejo chamar a Jesus todas as almas que se quisessem salvar; e cumprir o seu destino realizando altas conquistas, tudo cumprindo a prazer do seu rei.

E assim se aparelhavam as caravelas e foram contornando a costa africana, passaram pelas Canárias. Estes empreendimentos conheceram uma pausa quando houve discórdias entre os que tomaram partido pelo Infante Dom Pedro e os que se puseram ao lado de D. Afonso V. Sossegados os negócios do reino, foram retomadas as viagens, Zurara descreve como Nuno Tristão armou Antão Gonçalves cavaleiro num local que se ficou a chamar por Porto do Cavaleiro. Em 1443, Nuno Tristão chegou ao Cabo Branco, descobriu a Ilha das Garças, estava-se no bom caminho. Em dado passo, regressando as caravelas a Lagos, expuseram os prisioneiros trazidos, é um dos textos mais espantosos de Zurara e da historiografia portuguesa:
“Os outros juntaram-se no campo, coisa maravilhosa de ver, pois eram uns de alvura sem mácula e formosos, outros de cor parda, e outros ainda, negros como a noite, feios e mal-ajeitados de corpo. Meu Deus! E qual coração, por mais empedernido, se não comover diante daquele triste rebanho?
Uns, de rostos baixos, lavavam as faces com pranto, outros trocavam olhares angustiados; gemiam alguns, dolorosamente, fitando as alturas do Céu, gritando de rijo, como se rogassem ajuda ao Pai da Natureza; outros rasgavam com as unhas a pele da cara e arremessavam-se ao chão; outros, ainda, soltavam do peito um coro de lamentações à maneira dos cânticos da sua terra distante.
E como se não bastasse a condição de escravos, aproximaram-se, então, os da partilha que, para ajustarem os quinhões, muitas vezes tiveram de separar os filhos dos pais, e as mulheres dos maridos, e os irmãos entre si. O coração não mandava, mandava a sorte”.

Dinis Dias demandou a terra daqueles negros conhecidos por guinéus, estas terras na linha da costa ocidental de África eram conhecidas por Guiné. Sucedem-se as façanhas, as viagens tormentosas, em dada viagem julgou-se ter chegado ao rio Nilo e Zurara escreve:
“O Nilo é o rio das maravilhas, o rio mais nobre do mundo, e a sua grandeza foi cantada pelos sábios da Antiguidade.
Dizem alguns que ele nasce ao pé do Mar Vermelho e dali corre, para o ocidente, através de muitos acidentes. Nesta ilha, do senhorio da Etiópia, há uma cidade outrora chamada Sabá, ao tempo que o faraó do Egito lá enviou Moisés”.

Há pelejas com os mouros, morrem companheiros, morre Nuno Tristão na sua glória de bem servir. Prossegue o panegírico de Zurara:
“Aventuraram-se longe, muito longe, as caravelas do Senhor Infante. E o eco das navegações que fizeram soou até nas cortes da Noruega, Suécia e Dinamarca, onde nobres varões se deixaram tentar pelas vozes correntes e, descendo a Europa, vieram à beira do Tejo para haver em prova de que a verdade era tão grande como a fama”.

A crónica avança para o seu termo. Em 1448, D. Afonso V é rei na plenitude, aqui se põe fim à crónica, com seguintes dizeres: “e por isso que vós, mui alto e muito excelente Príncipe Dom Henrique, segundo creio o mais virtuoso entre os mortais, mandastes a mim, Gomes Eanes de Zurara, vosso criado, e por vossa mercê cavaleiro e comendador na Ordem de Cristo, que pusesse esses feitos em história, com grande razão me apraz terminar em agradecimento a vós”.



As pechinchas ainda não acabaram; ainda não refeito deste Zurara adaptado a jovens com ilustrações de Júlio Gil e dou comigo a manusear uma preciosidade de António Carreira, um conjunto de enseios editados em 1984, pela Ulmeiro, ali se fala da geografia e da demografia de Cabo Verde, as várias secas e fomes do século XX, como se organiza a sociedade cabo-verdiana, as migrações internas, a emigração e a imigração, é a primeira vez que leio algo de substancial sobre estas fomes e secas e sua interpretação: o deserto do Sara tem as suas culpas e aqueles ventos que afugentam as chuvas, a derruba e a queima de tudo quanto é mato e arvoredo; as pragas de gafanhotos que devoram e danificam culturas e pastos, a acentuada diminuição das águas subterrâneas; o crescimento explosivo da população que tudo agravou e face à qual a emigração foi útil mas insuficiente. Uma leitura atrativa, esclarecedora, Carreira, nascido na Ilha do Fogo, em 1905, e que trabalhou como administrador na Guiné, foi um dos seus historiadores mais prolíficos e probos. Daí valer a pena dedicar-lhe espaço em próximo apontamento.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de Novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13870: Notas de leitura (649): 1 de Novembro de 2014, na Feira da Ladra (1) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13870: Notas de leitura (649): 1 de Novembro de 2014, na Feira da Ladra (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Novembro de 2014:

Queridos amigos,
As coisas são como são, há dias de farta colheita e outros de míngua.
Naquela manhã ensolarada de 1 de Novembro havia pepitas guineenses inesperadas, prontas a ser colhidas: uma fotografia que complementa outras que estão no blogue, cheira-me que eram arquivos da revista Ultramar, ou mesmo depositadas no SNI; uma surpreendente revista A Terra, número colonial, de 1934, um capitão-de-fragata fala sobre as etnias guineenses, diz coisas acertadas e outras não tanto. Mas a colheita foi mesmo farta, só tive pena de não ter adquirido uma fotobiografia de Mário Pinto de Andrade, o alfarrabista já me conhece as fraquezas, pediu muito, regateámos, a bolsa não dava tudo, regressei de orelha murcha.
Fica para a próxima.

Um abraço do
Mário


1 de Novembro de 2014, na Feira da Ladra (1)

Beja Santos

Foi uma romagem fértil, carregadinha de surpresas.
Na companhia do Raúl Perez dirigimo-nos para aqueles vendedores que vêm com caixas pejadas de fotografias, com batizados, casamentos e outros eventos. Embarco na aventura, operação paciente, mergulhar as mãos, tirar aquelas recordações todas vindas de espólios, de herdeiros desapiedados que põem a privacidade dos ancestrais a nu por tuta e meia. Pois bem, é entre fotografias de banquetes, com poses militares, que surge esta imagem, parente de uma outra que já apareceu no blogue, o padre Afonso, na direita, troca cumprimentos com D. António Ribeiro, estamos talvez em 1971, há um grupo de jovens guineenses que vai até Fátima, um deles está atento e pronto a discursar. Tudo se passa num salão do Patriarcado, então a funcionar no Campo dos Mártires da Pátria. Por feliz acaso, já consta do blogue a fotografia em que estes jovens apresentaram cumprimentos a Silva Cunha, há uma outra de muçulmanos a caminho de Meca. Estou de olho arregalado, e por várias razões. Foi o padre Afonso que me casou, em 20 de Abril de 1970, na catedral de Bissau, nessa tarde o Alexandre Carvalho Neto, ajudante do governador andava nervosíssimo, não me podia explicar porquê, no dia seguinte todos sabíamos que houvera um massacre de três majores, um alferes e comitiva numa estrada entre Pelundo e Jolmete, eram oficiais de primeiríssima água, dizia-se.

Este senhor D. António acompanhara a JUC – Juventude Universitária Católica, foi aí que nos conhecemos. Pois acontece que no dia 15 de Março de 1995 me encaminhava para o Hospital dos Capuchos, seria umas 15 horas, atravessei o Campo dos Mártires da Pátria, ia pela primeira vez ser operado a uma hérnia que me castigava horrivelmente. Ao passar à porta do Patriarcado, D. António saiu de um carro, cumprimentou-me e expliquei-lhe para onde ia, ataviado pedi um saco de pertences. Foi conversa estranha, quis saber detalhes sobre a operação, em que serviço ficaria, etc. Foi operado a 16 à tarde e fiquei a pairar numa cama numa enfermaria de neurocirurgia. Na tarde de 17, ainda bem aboborado, entra-me o médico e questiona-me quem é que deve entrar primeiro para me ver, se o cardeal se um antigo presidente da República, é protocolo que ele conhece com a voz entaramelada ter-lhe-ei respondido:
“Por favor, entram os dois ao mesmo tempo, nada de cadeiras, veem-me, agradeço-lhos a visita e mando-os em paz, quero dormir, esquecer estas dores, este dreno que não me dá nenhuma posição confortável, desculpe o incómodo”.


Olho de novo para esta fotografia, pergunto o que fazem hoje estes dois jovens, o senhor do meio é-me uma cara conhecida, mas não sei quem é. Regateio o preço da fotografia, ela será minha a qualquer preço, estão ali seres que conheci há décadas e que estimei. E está ali a Guiné a cruzar-se de novo na minha vida.

Agora ando a passarinhar nas bancas ao ar livre, o Raúl Perez, bibliófilo, anda por ali de nariz espetado à procura de incunábulos, coisas valiosas, eu limito-me a andar ao papel baratucho e amarelecido, sempre com a Guiné na mira. Então não é que me sai a revista A Terra, revista portuguesa de geofísica, nunca vi uma coisa destas, não diz o número nem a data, mas refere na contracapa: 1.ª Exposição Colonial Portuguesa, aberta de 15 de Junho a 30 de Setembro próximo. Notável manifestação patriótica, cultural, económica e pitoresca em que se demonstra, por forma eloquente, o esforço colonizador dos portugueses nos últimos 50 anos. Durante o certame, a que concorrem indígenas de todas as províncias do império colonial português, realizar-se-ão conferências, congressos, paradas agrícolas, formaturas de antigos combatentes das campanhas de Áfricas, e outras manifestações interessantíssimas. Estamos pois em 1934, a exposição foi no Porto, na comitiva da Guiné vinha o régulo Mamadu Sissé, um braço-direito de Teixeira Pinto, Eduardo Malta desenhou-lhe um filho, é um desenho soberbo, já aqui mostrado. A exposição deu brado, as senhoras do Porto e arredores encolerizaram-se com as Bijagós de peitaça ao léu, não eram modos de se apresentarem, o capitão Henrique Galvão viu-se e desejou-se.

Mas o que é que tem de especial este número da revista A Terra? É dedicada a Portugal de além-mar, há artigos de Gago Coutinho, Ramos da Costa, Carvalho Brandão e outros, primam os oficiais da Marinha e os engenheiros, o Império é passado ao crivo da geologia, da meteorologia e da geofísica. É neste número precioso que o capitão-de-fragata José L. Teixeira Marinho publica o artigo sobre as etnias guineenses, precedendo-o de uma nótula histórica. E depois escreve:

 “Os Felupes que habitam o canto noroeste da província, são de cor preta retinta, traços regulares, robustos. Usam um vestuário rudimentar; cultivam o arroz e o milho e são grandes bebedores de vinho de palma. São muito supersticiosos e bastantes insubmissos.

Os Baiotes, Banhuns e Cassangas diferem pouco dos Felupes. Todos eles ocupam a margem direita do rio de Farim. Parece terem sido os Cassangas os senhores da região compreendida em o Casamansa e o rio de Farim.

Os Mancanhas ou Brames usam de uma linguagem muito semelhante à dos Papéis. Cultivam a mancarra e criam gado.

Os Papéis são de cor retinta, robustos, mas indolentes; eram muito altivos e aguerridos antes de serem definitivamente submetidos pelas forças do governo da província, comandadas pelo capitão Teixeira Pinto.

Uma tribo à parte, a dos Papéis do Biombo, distinguia-se já anteriormente pela sua fidelidade ao governo. Estes abusam menos do álcool que os outros Papéis e são mais trabalhadores, cultivando grandes arrozais. Exploram parte dos palmares das ilhas Bijagós. Habitam a ilha de Bissau e a região do Churo, entre os rios Mansoa e Farim.

Os Manjacos parecem no seu aspeto físico, nos costumes e na língua aos Papéis. São mais trabalhadores, mais inteligentes e excelentes marinheiros. Muito industriosos, emigram para Dakar e Zinguichor procurando trabalho, exploram os palmares de outras regiões e em meados do século XIX uma grande colónia de Manjacos estabeleceu-se na margem direita do rio Grande, onde se dedicou à cultura da mancarra, que deu enorme incremento à exportação e ao movimento do rio que decaiu depois de expulsos os Manjacos dali pelos Beafadas.

Os Balantas são altos, fortes, ágeis, muito inteligentes. Superam todas as outras raças da Guiné na técnica da cultura do arroz. Dotados de um vivo espírito de independência nunca se subordinaram a régulos. Praticam o roubo com incrível perfeição, sendo a qualidade de ladrão astuto a mais apreciada. Rapaz que na cerimónia do fanado não apresente provas de alguns roubos notáveis não arranja noiva; o elogio fúnebre de um homem de categoria consiste na exaltação das suas qualidades de ladrão.

Os Fulas invadiram pacificamente a região que atualmente forma a parte nordeste da província e que estava ocupada pelos Mandingas. Apoderaram-se depois do território, passando de escravos que eram a senhores pelo direito da força. De cor cobreada, altos, magros, de feições regulares, nariz aquilino, são incontestavelmente o grupo étnico mais civilizado dos que habitam o território da Guiné. Não se consideram pretos e usam dessa designação quando se referem às outras pessoas da Guiné, que consideram inferiores.

Os Mandigas dedicam-se ao comércio e à indústria.

Os Beafadas não diferem muito no aspeto físico e costumes dos dois últimos grupos; estão em decadência em consequência das lutas com os Fulas que duraram longos anos. Ocupam os territórios situados nas margens do rio Grande.

Os Nalus são também adeptos da religião muçulmana. Ocupam os territórios ao sul do rio Tombali. São já hoje em número reduzido, em consequência da absorção dos Sossos”.

E vai por aí fora, fala ainda nos Oincas e nos Bijagós, prevê um futuro brilhante para a província da Guiné. E talvez por ser marinheiro, não deixa de dar um parecer estratégico: “A Guiné, com as praias do norte defendidas por um extenso cordão de baixos de areia, com o arquipélago dos Bijagós defendido por uma barreira de recifes, com a vantagem de poder manter-se isolado por muito tempo, pode tornar-se inexpugnável por um ataque marítimo, bastando para isso defender os poucos canais que lhe dão acesso”. Por esta é que eu não esperava.

Tenho mais surpresas, a manhã está radiosa e eu estou radiante, dali a um bocado, com a mesma casualidade com que respiro e vou conversando descontraidamente com o Raúl Perez, vou descobrir o Romance da Conquista da Guiné e um conjunto de ensaios de António Carreira, um dos maiores historiadores da Guiné e de Cabo Verde.

Eu depois conto.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de Novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13857: Notas de leitura (648): “Triângulo de Guerra”, de António Garcia Barreto, Edição de Maria Simão, 1988 (2) (Mário Beja Santos)