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quarta-feira, 31 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17417: Falsificações da história (2): o ataque a Bambadinca em 28/5/1969: eu estava lá !... e vou enviar em breve um texto conjunto com o Fernando Calado com a nossa versão dos acontecimentos (Ismael Augusto, ex-alf mil manut, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70)



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Da esquerda para a direita: o fur mil José Carlos Rodrigues Lopes, dos reabastecimentos, um mecânico (que não consigo identificar) , o Ismael Quitério Augusto (que estava de oficial de dia, como se fica a saber pela braçadeira vermelha), e o 2º sargento Daniel (se não erro: 2º srgt mecânico auto Rui Quintino Guerreiro Daniel).(*)

No Pelotão de Manutenção, constituído por 32 militares, havia um oficial de manutenção (o Ismael Augusto), um 2º srgt mecânico auto (o Daniel), um fur mil mec auto (o Herculano José Duarte Coelho), dois 1ºs cabos mec auto (João de Matos Alexandre e António Luis S. Serafim), mais três soldados mec auto (Amável Rodrigues Martins, Rodrigo Leite Sousa Osório e Virgílio Correia dos Santos)... Tinha ainda um 1º cabo bate-chapas (o Otacílio Luz Henriques, mais conhecido por "Chapinhas"), um correeiro estofador (1º cabo Norberto Xavier da Silva) e ainda um mecânico electro auto (Vieira João Ferraz). Os restantes dezanoveeram condutores auto: primeiros cabos (2) e soldados (17)...

Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça.)



1. Mensagem de ontem, do Ismael Augusto, membro da nossa Tabanca Grande, cmdt do pelotão de manutenção, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 2852),

Amigo e Camarada Luis Graça:

Tenho lido as versões mais disparatadas sobre o ataque, ou flagelação a Bambadinca. Esta é a mais fantasiosa. Não tem pés nem cabeça. (**)

Mantive-me em silêncio por considerar que cada um tem direito ás suas versões, vividas ou ouvidas de terceiros e também por saber que a memória muitas vezes atraiçoa. Também mantive o silêncio por considerar que haveria temas mais relevantes.

Mas sempre e apesar de tudo entendi que um dia talvez fosse o tempo de dizer alguma coisa.

Como perguntaria o saudoso Batista Bastos, se por acaso entrevistasse alguém sobre este tema "Onde é que estava no 28 de Maio de 1969, quando do ataque a Bambadinca? " Se a pergunta me fosse dirigida diria, como muitos outros amigos, eu estava lá, em Bambadinca.

O único mérito desta afirmação é que de facto estava lá.

Vou enviar em breve um texto conjunto com o Fernando Calado, que também lá estava e que se não for completo, terá o mérito de conter o essencial do que aconteceu.

Acrescentarei uma história, que acho divertida, que me foi contada na mesma Bambadinca, em Junho de 1995, por um antigo comandante do PAIGC, que comandava um bi-grupo na noite do ataque.

Até lá um grande abraço e os parabéns sempre renovados pelo excelente trabalho que tu e toda a equipa do blogue vem fazendo. A reconstrução das memórias é uma tarefa sem preço.

Ismael Augusto

2. Comentário do editor LG:

Obrigado, Ismael... Fico radiante com o teu mail e o prometido texto a quatro mãos...

Estou de acordo que se publiquem todas as versões, porque os olhos e os ouvidos de cada um são únicos... Mas, no teu/meu/nosso blogue, há o saudável princípio do contraditório... Sem
triangulação de fontes e saturação de versões não há "verdade histórica"...

Gostava de saber mais sobre este repórter de guerra, Al J. Venter (**), que devia ser próximo, política e ideologicamente, do regime de então... Só sei que ele visitou Bambadinca um ano depois do ataque, já vocês, a malta do BCAÇ 2852,  deviam estar em casa...

Arranjei esta série ("Falsificações da história") justamente para podermos rebater, com elegância e sentido de humor, aldrabices e fanfarronices que por aí se escrevem, a par de lapsos, imprecisões, erros... de um lado e do outro. Estamos a falar de "factos históricos", não de leituras da história: aí cada um lê ca história com os "óculos" que tem, ou seja, com suas "grelhas de leitura"...

Há imprecisões factuais que persistem, deliberadamente ou não,  e que acabam por serem fixadas na literatura, na comunicação social, na Net, etc. . Uma delas foi Madina do Boé, como local da proclamação (unilateral) da independência da Guiné-Bissau, em 24/9/1973... O nosso blogue já publicou postes suficientes para corrigir este "erro toponímico"... Outro mito que persiste é o início da guerra na Guiné em 23/1/1963, com o ataque a Tite...Ora o terror e o contraterror, a guerra subserviva e contrassubersiva, em suma, a guerra colonial, já tinha começado há muito mais tempo, e envolveu inicialmente outros atores para além do PAIGC...

Temos o "dever de memória", de ambos os lados... As nossas histórias, mesmo com h pequeno, fazem parte da história comum, com H grande, dos nossos dois povos e países...

________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 14 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11249: Tabanca Grande (390): Ismael Augusto (ex-alf mil manut, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70), novo grã-tabanqueiro, nº 609

domingo, 28 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17405: Falsificações da história (1): a fantasiosa versão do repórter de guerra e escritor sul-africano Al J. Venter sobre o ataque a Bambadinca em 28/5/1969


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > O alf mil  trms Fernando Calado, de braço ao peito, junto à parede, crivada de estilhaços de granada de morteiro, das instalações do comando, messe e dormitórios de oficiais e sargentos, na sequência do ataque de 28 de maio de 1969.

Esta era a parte exterior dos quartos dos oficiais (vd. ponto 6 da foto aérea abaixo reproduzida),  que dava para as valas, o arame farpado e a bolanha, nas traseiras do edifício do comando... Era uma parte mais exposta, uma vez que o ataque partiu do lado da pista de aviação.

Pelo menos aqui, caíram duas morteiradas:

(i) Uma das morteiradas atingiu o quarto onde dormia, com outros camaradas,  o fur mil amanuense José Carlos Lopes. Tinha acabado de sair.. Ainda hoje conserva um lençol crivado de estilhaços... Está vivo por uma fração de segundos... (Bancário reformado do BNU, vive em Linda a Velha e é membro da nossa Tabanca Grande.);

(ii) Outra morteirada atingiu o quarto onde dormia o Fernando Calado e o Ismael Augusto.  O Fernando ainda apanhou o efeito de sopro, tendo sido menos lesto que o Ismael, a sair logo que rebentou a "trovoada"...

Também podia ter "lerpado", como a gente dizia na época... Apesar de tudo, a sorte (ou a má pontaria dos artilheiros da força atacante, estimada em 100 homens, o que equivalente a 3 bigrupos) protegeu os nossos camaradas da CCS/BCAÇ 2852 e subunidades adidas (, entre elas, o Pel Caç Nat 63 cujos soldados, guineenses, dormiam a essa hora, com as suas bajudas, nas duas tabancas de Bambadinca, e que portanto estavam fora do arame farpado)...

Na foto acima , o Fernando Calado, membro da nossa Tabanca Grande (tal como o Ismael Augusto), traz o braço ao peito, não por se ter ferido no ataque mas sim por o ter partido antes, num desafio de... futebol. Infelizmente  temos poucas fotos dos efeitos (de resto, pouco visíveis) deste ataque.

Foto: © Fernando Calado (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) >  Invólucros de granadas de canhão s/r, deixadas na orla da mata contígua à pista de aviação, na noite do ataque a Bambadinca, 28 de maio de 1969... Ainda tenho bem presente, na minha memória, estes "objetos" de guerra, na nossa passagem por Bambadinca, a caminho de Contuboel, em 2 de junho de 1969...



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Bidões de combustível atingidos pelo fogo do IN, no ataque da noite de 28 de maio de 1969. Recorde-se aqui o sistema de cores dos nossos bidões de combustíveis e lubrificantes: Vermelho (gasolina), verde claro (petróleo branco), azul (gasóleo), amarelo (óleos)...No caso dos combustíveis para aeronaves, os bidões também eram verde-claro, mas de tampa (topo do bidão) de cor branca.

Fotos: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > c. 1970 > Vista aérea do aquartelamento, tirada no sentido leste-oeste, ou seja, do lado da grande bolanha de Bambadinca

Do lado esquerdo da imagem, para oeste, era a pista de aviação (1) e o cruzamento das estradas para Nhabijões (a oeste), o Xime (a sudoeste) e Mansambo e Xitole (a sudeste). Vê-se ainda uma nesga do heliporto (2) e o campo de futebol (3). A CCAÇ 12 (julho de 1969/março de 1971) começou também a construir um campo de futebol de salão (4), com cimento "roubado" à engenharia nas colunas logísticas para o Xitole.

De acordo com a fotografia, em frente, pode ver-se o conjunto de edifícios em U: constituía o complexo do comando do batalhão (5) e as instalações de oficiais (6) e sargentos (7), para além da messe e bar dos oficiais (8) e dos sargentos (9). As messes de oficiais e sargentos, tinham uma cozinha comum (10).  Na noite de 28 de maio de 1969, uma granada de morteiro explodiu no ponto 7.

Do lado direito, ao fundo, a menos de um quilómetro corria o Rio Geba, o chamado Geba Estreito, entre o Xime e Bafatá. O aquartelamento de Bambadinca situava-se numa pequena elevação de terreno, sobranceira a uma extensa bolanha (a leste). São visíveis as valas de protecção (22), abertas ao longo do perímetro do aquartelamento que era todo, ele, cercado de arame farpado e de holofotes (24). A luz eléctrica era produzida por gerador... Junto ao arame farpado, ficavam vários abrigos (26), o espaldão de morteiro (23), o abrigo da metralhadora pesada Browning (25). Em 1969/71, na altura em que lá estivemos, ainda não havia artilharia (obuses 14).

A caserna das praças da CCS (11) ficava do lado oeste, junto ao campo de futebol (3). Julgava-se que o pessoal do pelotão de morteiros e/ou do pelotão Daimler ficava instalado no edifício (12), que ficava do outro lado da parada, em frente ao edifício em U. Mais à direita, situava-se a capela (13) e a secretaria da CCAÇ 12 (14). Creio que por detrás ficava o refeitório das praças. Em frente havia um complexo de edifícios de que é possível identificar o depósito de engenharia (15) e as oficinas auto (16); à esquerda da secretaria, eram as oficinas de rádio (17).

Do lado leste do aquartelamento, tínhamos o armazém de víveres (20), a parada e os memoriais (18), a escola primária antiga (19) e depósito da água (de que se vê apenas uma nesga). Ainda mais para esquerda, o edifício dos correios, a casa do administrador de posto, e outras instalações que chegaram a ser utilizadas por camaradas nossos que trouxeram as esposas para Bambadinca (foi o caso, por exemplo, do alf mil António Carlão, nosso camarada da CCAÇ 12).

Esta reconstituição foi feita por Humberto Reis, Gabriel Gonçalves e Luís Graça.

Foto do arquivo de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Já muito se escreveu aqui sobre o célebre ataque a Bambadinca em 28 de maio de 1969 (*), por coincidência uma data simbólica para o regime político então em vigor: em 28 de maio de 1926 deu-se um golpe de Estado que pôs fim à I República, instaurou a Ditadura Militar e institucionalizou o Estado Novo, derrubado 48 anos depois, em 25 de abril de 1974.

A data nunca foi esquecida por quem, como o Fernando Calado e o Ismael Augusto, estava em Bambadinca nessa noite e foi brutalmente acordado pelas explosões dos canhões sem recuo e dos morteiros 82, e pelas rajadas de armas automáticas... 

O simbolismo da data é reforçado pelo facto de tudo ter acontecido  pouco mais de dois meses depois da grande Op Lança Afiada, em que as NT varreram  toda a margem direita do Rio Corubal, desde a foz do mítico rio até à floresta do Fiofioli, considerado um bastião do PAIGC. Cerca de 4 mil almas deveriam viver, sob controlo do PAIGC, desde o início da guerra, nos subsetores do Xime e do Xitole. Cerca de 1300 homens, entre militares e carregadores civis. participaram nesta grande "operação de limpeza". de 10 dias, que não se voltaria a repetir, no setor L1.

Refeito dos desaires sofridos (nomedamente, a desarticulação e/ou destruição de boa parte dos seus meios logísticos, incluindo moranças e meios de subsistência da guerrilha e das populações sob o seu controlo: toneladas de arroz, dezenas e dezenas de cabeças de gado, centenas de galináceos e porcos...), o PAIGC decidiu atacar em força Bambadinca, porta de entrada da zona keste. 

Na história do BCAÇ 2852, o ataque (ou melhor, "flagelação") a Bambadinca é dado em três linhas, em estilo seco, telegráfico:

"Em 28 [de Maio de 1969], às 00H25, um Gr In de mais de 100 elementos flagelou com 3 Can s/r, Mort 82, LGFog, ML, MP e PM, durante cerca de 40 minutos, o aquartelamento de Bambadinca, causando 2 feridos ligeiros. " (...).


2. Sobre este ataque a Bambadinca lemos há dias o seguinte excerto da versão contada pelo escritor e jornalista sul-africano Al J. Venter que, em missão de reportagem à Guiné,  visitou o aquartelamento, um ano depois, já no tempo do BART 2917 (1970/72) e que falou, entre outros com o comandante de batalhão. O excerto é reproduzido pelo nosso crítico literário, Mário Beja Santos (**):


(...) “O último ataque [a Bambadinca] ocorrera exatamente um ano antes de eu chegar: um grupo infiltrado tinha-se dirigido para Norte do outro lado da fronteira  [com a República da Guiné-Conacri] a partir de Kandiafara [corredor de Guileje] para tentar cortar a estrada de Bafatá. 

"Num final da tarde, os guerrilheiros atacaram Bambadinca a partir do outro lado do rio [ Corubal ? ],  retirando-se depois para uma posição pré-determinada, onde esperaram pelo dia seguinte antes de se juntarem a outros dois grupos. Esta força combinada iria então atacar outras posições durante o assalto. Foi então que algo correu mal. 

"Um grupo de pisteiros da força atacante colidiu com uma patrulha de Bambadinca e foi capturada intacta, sem ter sido disparado um único tiro. Um dos homens era um alto oficial do PAIGC. 

"Os quatro homens foram levados de helicóptero para Bambadinca onde foi oferecida ao oficial a opção de contar tudo ou aceitar as consequências. Era uma situação sem saída, e o rebelde foi suficientemente inteligente para aceitar”. (...)

O referido ataque a Bambadinca foi a 28/5/1969 (ou "flagelação", segundo a história da unidade...), estava o Mário Beja Santos em Missirá, a comandar o Pel Caç Nat 52,  e eu a chegar a Bissau no "Niassa", ainda deu no dia 2 de junho, ao passar por lá, vindo de Bissau de LDG até ao Xime, a caminho de Contuboel, para ver os estragos (relativamente poucos... ) mas sobretudo sentir as reações e emoções da malta da CCS/BCAÇ 2852 e subunidades adidas...

Ora eu nunca ouvi esta versão Al J. Venter / Domingos Magalhães Filipe, ou a melhor, a versão contada pelo comandante do BART 2917 (que rendeu o BCAÇ 2852) e registada pelo escritor e jornalista sul-alfricana... Será que o inglês do Magalhães Filipe e o português do Venter eram assim tão maus ?

Parece que alguém está a delirar... ou trocou as cassetes... ou está deliberadamente a falsificar a história. Não fazemos "juízos de valor", interessa-nos apenas a verdade dos factos.

Recorde-se que o BART 2917 chegou a Bambadinca em finais de maio de 1970... O BART 2917 foi mobilizado pelo RAP 2. Embarcou para a Guiné em 17/5/1970 e regressou à Metrópole em 24/3/1972. Foi colocado no Sector L1, em Bambadinca, substituindo o BCAÇ 2852 (1968/70). O seu primeiro comandante foi o ten cor art Domingos Magalhães Filipe. Unidades de
quadrícula: CART 2714 (Mansambo); CART 2715 (Xime; teve 5 ncomandantes); e CART 2716 (Xitole).

O Venter deve, portanto, ter falado, talvez em junho ou mesmo princípios de junho de 1970, com o então ten cor art Domingos Magalhães Filipe, que irá ser substituído pelo famoso ten cor inf Polidoro Monteiro. O Spínola, recorde-se, pôs-lhe os "patins"...

Por que não me parecia que esta história tivesse pés e cabeça, confrontei alguns camaradas de Bambadinca desse tempo, e nomeadamente   o Fernando Calado e o Ismael Augusto, dois bem colocados oficiais milicianos da CCS/BCAÇ 2852, ambos membros da nossa Tabanca Grande.

Mais uma vez o Fernando Calado, que foi  alf mil trms (e, portanto, um oficial bem por dentro do sistema de informação e comunicação do setor L1) contou-me ao telefone a sua versão, que vem desmentir a versão do Al J. Venter / Domingos Magalhães Filipe,  e que ele prometeu passar a escrito, para "memória futura":

(i) o relato do escritor sul-africano Al J. Venter é uma falsificação da história;

(ii) ele e o Ismael já estavam deitados, o ataque terá sido perto da 1 hora da noite; e apanhou toda a cheia desprevenida;

(iii) a sorte de Bambadinca foi os canhões s/r (ele diz que eram seis, a história da unidade fala em três...) ao fazerem tiro direto, no fundo da pista, se terem enterrado ligeiramente (, estava-se já na época das chuvas), pelo que as canhoadas passaram a razar as instalações do quartel; mais certeiras foram algumas morteiradas que fizeram estragados (inckuindo nos quartos dos sargentos);

(iv) não houve prisioneiros nenhuns, nem muito menos foi apanhado à unha nenhuma figura grada do PAIGC; em suma, ninguém foi trazido de helicóptero para Bambadinca para ser interrogado;;

(v) o comandante do BCAÇ 2852, ten cor Manuel Maria Pimentel Basto (, de alcunha, o "Pimbas"),  não estava em Bambadinca nem ele nem a esposa; [o que é difícil de comfirmar a partir da história da unidade: a 14 de maio, o cor Hélio Felgas, cmdt do Comando de Agrupamento 2957 (Bafatá) tinha, juntamente com o ten cor Pimentel Basto, visitado Mansambo, Ponte dos Fulas, Xitole, Saltinho, Quirafo, Dulombi e Galomaro; e a 25, Bambadinca tinah sido visitada pelo Cmdt Militar e e pelo Cmdt Agr 2957; onde é que poderia estar o Pimentel Basto em 28 ? Em Bissau ?]

(vi) a única senhora que vivia no quartel era a esposa do tenente SGE Manuel Antunes Pinheiro, o chefe de secretaria do comando do BCAÇ 2852, e que era açoriano (se não erro);

(vii) o Fernando Calado conirma que houve algumas "cenas de histeria" a nível do comando de Bambadinca... (entre o major  inf Viriato Amílcar Pires da Silva, oficil de op inf, e o 2º cmdt, o maj inf Manuel Domingues Duarte Bispo).

Sabemos, pela história da unidade, que a 2 de junho de 1969, cinco depois do ataque a Bambadicna,os destacamentos de milícias e tabancas autodefesa de Amedalai,  Dembataco e Moricanhe foram flagelados, durante a noite, em simultâneo por 3 grupos não estimados, usando um arsenal impressionante: 7 canhões s/r, 8 mort 82, 13 LGFog, metralhadoras pesadas 12.7, além de armas automáticas, "causando 1 morto e 3 feridos milícias, 1 morto e 4 feridos civis, e danos materiais nas tabancas"... O mês de junho de 1969, já em plena época das chuvas,  foi, de resto, um mês de intensa atividade operacional do PAIGC no setor L1...

Para o comando e CCS do BCAÇ 2852, houve de imediato consequência deste ousado ataque do PAIGC:

(i) ainda em maio  o maj op info Herberto Alfredo do Amaral Sampaio vem substituir o maj Manuel Domingues Duarte Bispo, "transferido para o QG" (sic);

(ii) em julho o ten cor Pimentel Basto, "transferido por motivos disciplinares" (sic), é substituído pelo ten cor inf Jovelino Pamplona Corte Real;

(iii) em agosto, o cap inf Eugénio Batista Neves, cmdt da CCS, é também "transferido por motivos disciplinares", sendo substituído pelo cap art António Dias Lopes (que fica pouco tempo em Bamabadinca: logo em setembro é também substituido, pelos mesmos motivos, pelo cap inf Manuel Maria Fontes Figueiras);

(iv) nesse mesmo mês de setembro, chega a vez do maj inf Viriato Amílcar Pires da Silva: "transferido por motivos disciplinares", é substituído pelo maj art Ângelo Augusto Cunha Ribeiro, o nosso conhecido "major elétrico"...

Em suma, o comando do BCAÇ 2852 é completamente "decapitado" devido ao ataque a Bambadinca de 28/5/1969... que não conseguiu prever e para o qual também não se preparou convenientemente (em termos de defesa e de resposta)...



Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de outubro de 2013 > Sessão de lançamento do livro do José Saúde, "Guiné-Bissau, as minhas memórias de Gabu, 1973/74" (Beja: CCA - Cooperativa Editorial Alentejana, 170 pp. + c. 50 fotos) > Aspeto parcial da assistência: em primeiro plano, o Fernando Calado  e o Ismael Augusto, dois oficiais milicianos da CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) que estava em Bambadinca na noite do ataque do PAIGC, em 28/5/1969; o primeiro era o oficial de transmissões e o segundo o oficial de manutenção.

Foto (e legenda) : © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados



3. Seria interessante que os camaradas da CCS/BART 2917 se lembrassem da visita deste jornalista e escritor Al J. Venter, a Bambadinca, logo no início da comissão, portanto em finais de maio ou princípios de  junho de 1970.

Eu estava lá e não dei por nada, mas também não admira, já que a malta da CCAÇ 12 andava sempre por fora, no mato... Mas, de vez em quando, apareciam por Bambadincas jornalistas e personalidades estrangeiras que em geral "simpatizavam" com o regime de então... Eram visitas discretas, a maioria da malta não se apercebia... Vinham de heli ou DO 27 diretamente de Bissau, com carta branca do Spínola... Lembro-me de um grão-duque qualquer, com um título pomposo... mas também de dignitários religiosos muçulmanos... como o Cherno Rachid...


Em 28/5/1969, as forças que estavam em Bambadinca, sede do setor L1 eram as seguintes:

(i) o comando e a CCS/BCAÇ 2852;

(ii) o Pel Caç Nat 63;

(iii) o Pel Rec Daimler 2046;

e (iv) o Pel Mort 2106 (com secções destacadas em Xime, Mansambo, Xitole e Saltinho.

No total seriam apenas 200 homens em armas...Só a partir de 18 de julho de 1969, Bambadinca passa a ter a mais 160 homens, a CCAÇ 2590 (futura CCAÇ 12), constituída por 60 graduados e especialistas metropolitanos e 100 praça do recrutamento local...

Por sua vez, as subunidades de quadrícula, no setor L1, em 28/5/1969, eram as seguintes:

(i) CART 1746 no Xime;

(ii) CART 2339 em Mansambo (irá depois. no dia seguinte, destacar um pelotão para a defesa da ponte do Rio Udunduma, na estrada Xime-Bambadinca, ponte que fora dinamitada e parcialmente destruída);

(iii) CART 2413 no Xitole (com um pelotão destacado na Ponte dos Fulas´);

(iv) CART 2405 em Galomaro (com um pelotão destacado em Samba Cumbera e outro, depois, na ponte do Rio Udunduma, e outro ainda, mas reduzido, em Fá Mandinga):

(v) CCAÇ 2406 no Saltinho  (com um pelotão depois destacado para a ponte do Rio Udunduma);

(vi) Pel Caç Nat 52 em Missirá;

(vii) o 8º Pel Art / BAC  (-) em Mansambo;

(viii) e pelotões de milícias em Missirá e Cansamange (101), Finete (102), Quirafo (103), Taibatá e Amedalai (104),  Dembataco e Amedalai (105=) Dulombi (144), Moricanhe (145),  Madina Bonco (146), Madina Xaquili (147)...



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) >  Ponte do Rio Udunduma, afluente do Rio Geba, na estrada Xime-Bambadinca > Possivelmente no(s) dia(s) seguinte(s) ao ataque ao quartel de Bambadinca, em 28 de maio de 1969. Nessa noite, esta ponte, vital para as comunicações com todo o leste da província (o eixo Xime-Bambadinca era a porta de entrada do leste), foi objeto do "trabalho" dos sapadores do PAIGC... Os estragos, embora visíveis, não abalaram felizmente a sua estrutura. Era uma bela ponte, em cimento armado, construída no início dos anos 50. Continuou a funcionar, sem quaisquer reparações por parte da engenharia militar... Passou a ser defendida permanentemente por um grupo de combate (que ia rodando pelas subunidades de quadrícula do batalhão e subunidades adidas), até à inauguração anos depois da nova estrada alcatroada Xime-Bambadinca.

Esta foto é "histórica". O José Carlos Lopes, furriel mil  amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852, teve de "alinhar no mato", nesta dramática ocasião,  posando aqui para... a "posteridade".

Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. [Edição  e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16278: Álbum fotográfico de Fernando Andrade Sousa (ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 12, 1969/71) - Parte II: Ainda o batizado da criança, de mãe libanesa, cujo almoço de festa foi em Bambadinca, para o qual foram convidados diversos militares da CCS/BCAÇ 2852 e da CCAÇ 12: o alf mil manut Ismael Augusto, o alf mil med Joaquim Vidal Saraiva, o alf mil at inf António Carlão, o fur mil SAM Silvino Carvalhal, e outros


Foto nº 1 > Bambadinca, em finais de 1969: almoço do batizado da criança da jovem mãe libanesa... Da direita para a esquerda, o alf mil manutenção Ismael Augusto, da CCS/BCAÇ 2852, o Fernando Andrade Sousa, 1º cabo aux enf, da CCAÇ 12, e o fur mil vagomesrte Silvino Aires Lopes Carvalhal, também da CCS (, vive em Vila Nova de Famalicão). Não sabemos quem seria  o quarto elemento,  civil ou militar. 


Foto nº 2 > O batismo da criança. Em primeiro plano, a professora dona Violete e a avó da criança


Foto nº 3 > Foto de grupo, tirada à porta da igreja de Bafatá: os padrinhos ao centro, nma segunda fila, o alf mil António Manuel Carlão e a prof primária dona Violete da Silva Aires (que segura a criança ao colo), tendo à sua esquerda, os pais. A mãe da criança era de origem libanesa, pertencente a um das conhecidas e respeitadas famílias libanesas de Bafatá. O pai devia ser um dos 7 comerciantes de Bambadinca.  Não sabemos se era português da metrópole. Os avós, não sabemos se maternos ou paternos, estão na última fila,  do direito, de óculos escuros. O padre, missionário, de Bafatá, está na primeira fila, no lado direito. Do lado oposto, estrá o nosso Fernando Andrade Sousa, um dos convidados militares para a festa...   O Joaquim Vidal Saraiva (alf mil médico, da CCS) é o segundo da última fila, de óculos escuros e boné, Há mais 3 militares, fardados, que não identificamos

Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Batizado de um filho de um casal de comerciantes de Bambadinca, para o qual foram convidados vários militares da CCS/BCAÇ 2852 e da CCAÇ 12. Por volta de finais de 1969, A mãe da criança era libanesa, o pai possivelmente era dce origem portuguesa,

Foto: © Fernando Sousa (2018). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Fernando Andrade Sousa (ex-1º cabo aux enf da CCAÇ 12, 1969/71), que vive na Trofa, foi futebolista e dirigente desportivo do Trofense,  e já organizou diversos convívios do pessoal de Bambadin ca deste tempo (1968/71). 

Deve ser o único totalista dos vinte e tal encontros já realizados desde o primeio, que foi em Fão, Esposende, em 19994, no restaurante do Carlão e da Helena. 

Está reformado da indústria têxtil. Entrou só recentemente para a Tabanca Grande.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15282: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte XVI: A tabanca, a bolanha e o porto fluvial de Bambadinca ("cova do lagarto", em mandinga)


Foto nº 1 > Bambadinca, vista do depósito de água: lado norte / nordeste: tabanca, estrada para o rio e acesso à estrada (alcatroada) Bambadinca-Bafatá


 Foto nº 2  > Vista do quartel de Bambadinca: lado norte /noroeste (?)


Foto nº 3 > Tabanca de Bambadinca e rio Geba: Vista do lado norte / nordeste: a rua principal, com o edifício dos correios ao centro, e o início da rampa de acesso ao quartel e posto administrativo... Bambadinca, alémdos CTT,  tinha escola primária, capela e diversos estabelecimentos comerciais.


Foto nº 4 > Quartel de Bambadinca: vista de norte / nordeste de parte da tabanca e ao fundo o rio Beba


 Foto nº 5 > Quartel de Bambadinca: vista da grande bolanha, a sul/sudeste...


 Foto nº 6 > Bambadinca: porto fluvial



Foto nº 7 > Bambadinca: porto fluvial... Cais acostável


Foto nº 8 > Bambadinca: porto fluvial,. Cais acostável (foto anterior a novembro de 1969, quando a velha autogrua Fuchs foi substituída por uma autogrua Galion)




Foto nº 9 > Bambadinca: porto fluvial... Entardecer


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca >  Pel Rec Daimler 2046 (1968/1970) >  Tabanca, bolanha e porto fluvial (no Rio Geba Estreito)


Foto (e legenda): © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Continuação da publicação do belíssimo álbum fotográfico do Jaime Machado, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, maio de 1968 / fevereiro de 1970, ao tempo dos BART 1904 e BCAÇ 2852) (*).


[foto atual à esquerda o Jaime Machado reside em Senhora da Hora, Matosinhos; sua avó paterna era moçambicana; mantém com a Guiné-Bissau uma forte relação afetiva e de solidariedade, através do Lions Clube; voltou à Guine-Bissau em 2010]

Sobre as fotos do porto fluvial de Bambadinca (nºs 6 a 9), vs, os postes P13918 e P13956. Estas fotos são já da época do comando e CCS/BCAÇ 2852 (1968/70). (**)

São fotos anteriores a novembro de 1969... Já aqui recordámos que, a partir de 24 de novembro de 1969, a administração do porto de Bambadinca passou a dispor dum autogrua mais potente, a Galion, que veio substituir a auto grua Fuchs (que se sê na foto nº 8).

Na história do BCAÇ 2852, lê-se que no dia 25/11/1969, o 2º comandante do BENG 447 visitou a sede do batalhão, visita essa que só pode estar relacionada com a entrega da autogrua Galion, permitindo melhorar as operações de carga e descarga no porto fluvial de Bambadinca.

A autogrua Galion veio de LDG de Bissau até ao Xime (, agora com um novo cais de acesso, a partir de outubro de 1969, se não erro) e depois foi escoltada pela CCAÇ 12 até a Bambadinca, numa viagem cheia de peripécias que nos obrigou a dormir no mato, devido a um enorme atascanço a meio do troço (,ainda não havia estrada alcatroada!)...

Nessa dia, 24 de novembro de 1969, o nosso querido camarada e amigo Tony Levzinho celebrou as suas 22 primaveras com a companhia infernal da mosquitada,

Xime e Bambadinca "alimentavam o ventre do leste"... Por aqui passaram milhares e milhares de homens, e grandes quantidades mantimentos, munições, viaturas e outro material de guerra. (LG)

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29 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13956: (Ex)citações (253): de facto sou eu, estou a preparar o embarque de um jipe Willys com destino a Bissau (devidamente canibalizado)...E aproveito para recordar a BOR, embarcação civil que fazia transporte de tropas com uma pequena escolta de fuzileiros (Ismael Augusto, ex-alf mil manut, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70)

domingo, 27 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15164: O nosso querido mês de férias (6): Vim duas vezes a casa... Da primeira vez, regressei a 18/12/1968, para passar obrigatoriamente o Natal em Bambadinca... Apanhei uma boleia no DO 27 do meu amigo Honório (Ismael Augusto, ex-alf mil, CCS/BCAÇ 2852, 1968/70)

1. Mensagem do Ismael Augusto, ex-alf mil, cmdt Pelotão de Manutenção, CCS/ BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70):

25 de setembro de 2015 17h54




Meus amigos Tabanqueiros

Vim duas vezes de férias á Metrópole.

A primeira em Dezembro de 68, mas com a condição de regressar até ao dia 18 desse mesmo mês. Haveria uma determinação, a meu ver justa, para que todo o contingente militar passasse o Natal e Fim do Ano na Guiné.

Digo justa, pois já bastava a discriminação, via capacidade financeira, para os muitos que não podiam disfrutar dessa possibilidade.

De qualquer forma e dadas outras ausências, as férias ficaram reduzidas a 20 dias.

A segunda vez foi entre Julho e Agosto de 69.

Recordo que quando regressei a 18 de Dezembro de 68 não havia transporte para Bambadinca.

Foi-me sugerido passar o Natal em Bissau. Para mim isso era inaceitável pois na verdade eu sentia que na Guiné a minha família estava em Bambadinca.

Eu conhecia muito bem o Honório,  aquele piloto fantástico, com o qual travei uma boa amizade. Fui a Biassalanca (Base Aérea),  falei com o Honório que “aproveitou” uma entrega de correio para me deixar em Bambadinca.

Foi uma chegada à Honório, fazendo um voo rasante à pista para deixar “cair” o avião logo a seguir (é de recordar que Bambadinca iniciava um pequeno planalto precisamente no final do topo da pista virado a Bafatá) e deliciar-se com uma subida do Geba a muito baixa altitude na direção de Bafatá, borboletando com o seu DO 27.

Era assim o Honório e alguém me contava que a sensação para quem estava na pista foi a da queda do avião.

Um abraço,

Ismael Augusto

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Nota do editor:

Último poste da série > 27 de setembro de 2015 >   Guiné 63/74 - P15163: O nosso querido mês de férias (5): vim uma vez a casa, a Vila Nogueira de Azeitão, em 18/9/1965, mas o Super Constellation da TAP, por avaria, só partiu a 22... A viagem custou-me 6160$70 (António Bastos, ex-1º cabo, Pel Caç 953, Cacheu, Bissau, Farim, Canjambari e Jumbembem, 1964/66)

sábado, 29 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13958:(Ex)citações (254): quando Spínola viajou, com mais 300 homens, na BOR, em 17/3/1969, no decurso da Op Lança Afiada, em pleno Rio Corubal, da Ponta Luís Dias à Ponta do Inglês

  
Guiné > Rio Geba > Barco BOR > 2/5/1967 > " (...) No dia dois de maio [de 1967], a seguir ao almoço formar e seguir para as viaturas, carregar as lembranças nas respectivas viaturas destinadas a cada Pelotão e seguir para Bambadinca onde nos esperava o barco, a BOR,  que nos transportava no rio Geba até Bissau onde nos esperava o barco Uíge" (...).

[Cortesia de Fernando Chapouto, ex-fur mil op esp, CCAÇ 1426, Geba, Camamudo, Banjara e Cantacunda, 1965/67 >  Cantinho do Fernando > As minhas mnemnórias da Guiné 65/67]

Foto: © Fernando Chapouto  (2009). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]



1. A propósito da BOR, a embarcação civil que era utilizada em 1968/69 no transporte de tropas, com ums pequena escolta de fuzileiros (*):


Excerto do relatório da Op Lança Afiada (**):


Dia D + 9 (17 de Março de 1969)

O PCV com o comandante do Agrupamento Táctico Norte sobrevoou os Dest A, B e C cerca das 07H00, verificando que estavam no local que a carta indica como sendo o “Porto” de Ponta Luís Dias. Não conseguiu entrar em contacto rádio com a FN [ Força Naval] , apesar desta força ter indicativo e frequência marcados no Anexo de Transmissões da OOP.

O PCV regressou depois a Bambadinca para se reabastecer. Cerca das 09H20 chegou a Bambadinca o heli de Sua Excia o Comandante-Chefe que deixara Sua Excia junto dos Dest A, B e C.

Aparentemente o embarque não podia ser feito onde as NT se encontravam pois via-se uma grande língua de areia. O heli levantou para escolher um local onde a língua de areia fosse mais estreita, o que ocorreu cerca de 1,5 quilómetros a Norte.

Quando a maré subiu, verificou-se que a água cobria toda a língua de areia e que as LDM [lanças de desembarque médias ] e a BOR [, embarcação civil,] podiam ter abicado no local onde as NT se encontravam inicialmente. O esforço que a estas foi exigido de caminhar quilómetro e meio pelo lodo podia ter sido poupado se a bordo do PCV tivesse ido um oficial de marinha.

Foi nessa altura que Sua Excia o Comandante-Chefe informou que, por uma questão de marés, as NT não seriam transportadas ao Xime como ficara combinado na véspera mas sim apenas a Ponta do Inglês  [, na Foz do Corubal, margem direita]. A CART 1743, no entanto, seguiria para Bissau. Os Dest A e B, desembarcados em Ponta do Inglês, seguiriam depois a pé para o Xime, o que aconteceu.

A avaria de uma das LDM obrigou a outra a ficar-lhe ao pé e levou a BOR a transportar 300, isto é, mais do que a sua lotação permite. Como o heli do COMCHEFE não chegou a tempo, Sua Excia tomou também lugar na BOR, com o Comandante da Operação e com o Delegado do QG [ Quartel General ] que viera coordenar o embarque.

Cerca do meio dia as LDM e a BOR abicaram a Ponta do Inglês.

 Sua Excia tomou o seu heli para Bissau e o Comandante da Operação [, cor inf Hélio Felgas,] tomou o das evacuações que entretanto mandar vir para fazer duas evacuações para Bambadinca.

Os Dest A e B chegaram ao Xime cerca das 15h30 depois de terem sofrido novo ataque de abelhas que, tal como em Ponta Luís Dias, de manhã, ocasionou desorganização e levou os carregadores a abandonarem material, recuperado mais tarde.

Ao compreender-se que apenas era deixado o heli de evacuações, deu-se ordem aos Dest E, F, G, H e I para se aproximarem dos respectivos aquartelamentos [ Mansambo e Xitole]. Não se podiam abandonar sem alimentação nem água garantidos.

Aliás aqueles Dest haviam saído às 03H30 da tabanca do Fiofioli onde se haviam reunido e, uns por Cancodea Balanta e por outros por Cancodea Beafada, completaram a destruição de todos os meios de vida IN da região. Encontraram vacas que mataram, levando outras consigo. Em Cancodea Beafada capturaram 2 homens, 3 mulheres e 3 crianças.

Estes Dest passaram depois por Mina e por Gã Júlio, utilizando sempre trilhos diferentes dos de ida. Quando, ao fim da tarde, foram sobrevoados pelo PCV, encontravam-se próximos da foz do Rio Bissari, tendo já percorrido nesse dia uns 30 quilómetros. Foram-lhes recomendadas todas as cautelas e autorização para prosseguirem quando quisessem pois não se poderiam reabastecer.

Mal o PCV saiu da área, o IN flagelou o Dest com 2 morteiradas e rajadas, de longe, procedimento este que afinal utilizou durante toda a operação e que revelou impotência [no original, importância] e falta de agressividade. (...)

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Notas do editor:

(*) Vd, postes de:

29 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13956: (Ex)citações (253): de facto sou eu, estou a preparar o embarque de um jipe Willys com destino a Bissau (devidamente canibalizado)...E aproveito para recordar a BOR, embarcação civil que fazia transporte de tropas com uma pequena escolta de fuzileiros (Ismael Augusto, ex-alf mil manut, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70)

(...) Relativamente ao cais, em 1968, a CCS do BCAÇ 2852 chegou a Bambadinca num barco civil que fazia o transporte de tropas. Era um barco (lancha ou navio, para não ofender os nossos amigos da marinha, que fazem muita questão na destrinça entre estas designações dadas pelos menos conhecedores, o que é o caso).

Chamava-se BOR e dispunha de apoio de uma pequeno grupo de fuzileiros, que nos acompanhou a bordo durante todo o percurso. Obrigado a eles. Foi por eles que fiquei a saber da existência do macaréu que, com outra designação [, pororoca ]. tem a sua réplica no rio Amazonas, pelo menos nesse. (...) 


Ainda sobre a BOR, vd. os postes:

12 de fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2527: Estórias de Mansambo (Torcato Mendonça, CART 2339) (11): Na Bor, Rio Geba abaixo, com o Alferes Carvalho num caixão de pinho...

(...) Um dia, as más notícias correm céleres, soube-se: vítima de mina antipessoal,  faleceu o Alferes Carvalho. Na malfadada estrada para Madina do Boé ficava o amigo. Menos de três meses após a chegada àquela terra. Soube agora no Blogue a data esquecida, 17 de Abril [ de 1968] e o local onde hoje repousa (...).

Mais um nome, a juntar a tantos vitimados naquela estrada. Toda a Companhia sentiu aquela morte. A primeira sofrida pelas duas Companhias gémeas.

Voltaram-se a encontrar-se, como e porquê? Por acaso ou porque se deviam despedir ainda. Tinha que ir a Bissau, ao Hospital Militar. A curiosidade e não só levou-o a fazer a viagem na BOR – um barco com pás na proa, verde-claro, e que se habituara a ver passar nas seguranças a Mato Cão. (...)


28 de dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5555: A navegação no Rio Geba e as embarcações do meu tempo: Corubal, Formosa, BOR... (Manuel Amante da Rosa)

(...) Quanto ao BOR, como os outros, também era do Comando da Defesa Marítima. Era o que se chamava um ferryboat, para transporte de viaturas, cargas a granel, passageiros, gado e tudo o mais que houvesse, incluindo a guarnição de várias unidades militares a nível de companhias e seus apetrechos e viaturas. Tinha dois potentes e ruidosos motores, um a bombordo e outro a estibordo, que lhe permitia grande capacidade de manobra e calava pouco. Mas era lento de exasperar e desconfortável. O sol era abrasador para quem não estivesse abrigado. Levava facilmente mais de 400 passageiros e cargas.Era seguro e muito utilizado para o transporte das guarnições militares. (...) 

Guiné 63/74 - P13956: (Ex)citações (253): de facto sou eu, estou a preparar o embarque de um jipe Willys com destino a Bissau (devidamente canibalizado)...E aproveito para recordar a BOR, embarcação civil que fazia transporte de tropas com uma pequena escolta de fuzileiros (Ismael Augusto, ex-alf mil manut, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70)


Guiné > Zona leste > Bambadinca > c. 1968/69 > Bambadinca e o seu porto fluvial...Na foto conseguimos  distinguir [, com a ajuda do Beja Santos...] o Ismael Augusto [, ex-alf mil manut, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70].  É o primeiro à esquerda, precedido pelo chefe de posto administrativo. (*)

A partir de 24 de novembro de 1969, a administração do porto de Bambadinca passou a dispor dum autogrua mais potente, a Galion, que veio substituir a autogrua Fuchs (que se sê na foto). Na história do BCAÇ 2852, lê-se que no dia 25/11/1969, o 2.º comandante do BENG 447 visitou a sede do batalhão, visita essa que só pode estar relacionada com a entrega da autogrua Galion, permitindo melhorar as operações de carga e descarga no porto fluvial de Bambadinca.

Foto © Jaime Machado [ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70]. Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]


1. Mensagem do nosso camarada Ismael Augusto  com data de hoje, a propósito do poste P13918 e de um comentário meu, ou melhor, de uma provocação minha (*):

De facto estou a preparar não o desembarque mas o embarque de um WILLYS com destino a Bissau (devidamente canibalizado, claro, embora no caso pouco restasse) e conforme o que constava nas NEP (Normas de Execução Permanente), aqui na parte restrita do Serviço de Material.

Relativamente ao cais, em 1968,  a CCS do BCAÇ 2852 chegou a Bambadinca num barco civil que fazia o transporte de tropas. Era um barco (lancha ou navio, para não ofender os nossos amigos da marinha, que fazem muita questão na destrinça entre estas designações dadas pelos menos conhecedores, o que é o caso).  

Chamava-se BOR (**) e dispunha de apoio de uma pequeno grupo de fuzileiros, que nos acompanhou a bordo durante todo o percurso.  Obrigado a eles. Foi por eles que fiquei a saber da existência do macaréu que,  com outra designação [, pororoca ].  tem a sua réplica no rio Amazonas, pelo menos nesse.

A navegação não poderia ter lugar quando esse fenómeno se observasse, pelo que era importante saber da sua existência. Fiquei a conhecer as tabancas que marginavam o Geba e os pontos mais críticos do percurso, que naturalmente coincidiam com o inicio do Geba estreito.

A este propósito, fiz uma vez o percurso Bambadinca- Bissau, num barco de transporte de "mancarra", numa viagem de cerca de 10 horas, onde literalmente fritei, pois as sombras e o espaço eram quase inexistentes.

Tive no entanto a sorte de a partilhar com um chefe religioso (fula) e a conversa não podia ser mais interessante. Só o sol é que não colaborou. (***)

Um abraço,

Ismael Augusto (****)

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Nota do editor:

(*)  Vd. poste de 19 de novembro de  2014 > Guiné 63/74 - P13918: (Ex)citações (249): Quando os barcos chegavam ao porto fluvial de Bambadinca: fotos de Jaime Machado e legendas de Beja Santos

 (...) Comentário de Luís Graça:

Quem seriam os senhores que vieram de jipe até ao cais de Bambadinca (foto nº 1A) ?

Para além do nosso engº Ismael Augusto (, a engenharia veio mais tarde, e com ela a RTP, as telecomnunicações, a TDT...), reconheço o chefe de posto de administrativo de Bambadinca, que era caboverdiano... Nunca privei com ele, nem sei como se chamava...Mas, pela farda, deveia ser ele... Quanto aos dois militares à sua frente, só poderiam ser dois militares, oficiais, da CCS/BCAÇ 2852... Convivi com este batalhão cerca de 1 ano, entre meados de 1969 e maio de 1970...

O Ismael Augusto é nosso grã-tabanqueiro, tal como o Fernando Calado, dois alferes milicianos da CCS/BCAÇ 2852, do tempo do Jaime Machado e do Beja Santos...

Ouvir aqui uma entrevista, de 2012. do Ismael Augusto na qualidade de especialista em TDT. (...)

(**) Sobre a BOR, vd. poste de 12 de fevereiro de  2008 > Guiné 63/74 - P2527: Estórias de Mansambo (Torcato Mendonça, CART 2339) (11): Na Bor, Rio Geba abaixo, com o Alferes Carvalho num caixão de pinho...

(***) Último poste da séroe 26 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13945: (Ex)citações (252): Comentário ao artigo "Guiné, Guileje e o desnorte do reino" publicado em O Adamastor (4)

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13918: (Ex)citações (249): Quando os barcos chegavam ao porto fluvial de Bambadinca: fotos de Jaime Machado e legendas de Beja Santos


Foto nº 1 A 


Foto nº 1 


Foto nº 2 A


Foto º 2 


Foto n~º 3 A


Foto nº 3

Guiné > Zona leste > Bambadinca > c. 1968/69 > Bambadinca e o seu porto fluvial [Fotos nº 1 e 2];  vista parcial de Bambadinca, rio Geba e bolanha de Finete, a partir do cima da rampa de acesso ao aquartelamento e posto administrativo.  A partir de 24 de novembro de 1969, a administração do porto de Bambadinca passou a dispor dum autogrua mais potente, a Galion, que veio substituir a auto grua Fuchs (que se sê na foto nº 1 A). Na história do BCAÇ 2852, lê-se que no dia 25/11/1969, o 2º comandante do BENG 447 visitou a sede do batalhão, visita essa que só pode estar relacionada com a entrega da autogrua Galion, permitindo melhorar as operações de carga e descarga no porto fluvial de Bambadinca.

A autogrua Galion veio de LDG de Bissau até ao Xime, e depois foi escoltada pela CCAÇ 12 até a Bambadinca, numa viagem cheia de peripécias que nos obrigou a dormir no mato, devido a um enorme atascanço a meio do troço (,ainda não havia estrada alcatroada!)... Nessa dia, 24 de novembro de 1969, o nosso querido camarada e amigo Tony Levzinho  celebrou as suas 22 com a companhia infernal da mosquitada,.. (LG)


1. Bambadinca, mesmo quando o porto do Xime ganhou projecção, a partir de finais de 1969, era o escoadouro de mercadorias do Leste, manteve durante a guerra um papel de primeira grandeza no aprovisionamento de todos os aquartelamentos [. Foto nº1 ]. Consigo distinguir o Ismael Augusto [, ex-alf mil manut, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70], respondia por tudo quanto fossem viaturas e peças. É o primeiro à esquerda [Foto nº 1 A]. 

Hoje tudo desapareceu, restam umas estacas.

Um outro ângulo do porto de Bambadinca, em tempo de azáfama [Foto nº 2]. Tanto era possível aqui chegar um batelão que levava mancarra, como embarcações com passageiros e carga (foi o que me coube, numa viagem de 10 horas, de Bissau até aqui, passando meteoricamente por Porto Gole, em 2 de Agosto de 1968), como vários comboios de carga ou LDP ou LDM com equipamento militar [, e até LDG, pelo menos até 1967]

A partir de Outubro de 1969, a situação mudou com as obras do porto do Xime que o tornaram mais atractivo para o transporte de material militar e tropas. E com o alcatroamento [,mais tarde, em 1971/72] e a capinação abundante das bermas, entre o Xime e Amedalai, reduziram-se substancialmente os riscos de emboscadas e mina.

Esta Bambadinca a caminhar para o rio Geba já não existe [Foto nº 3]. Esta estrada graciosa transformou-se num caminho cheio de capim, nas bermas agonizam edifícios que há 40 anos fervilhavam de vida, com comércios de todo o tipo. São verdes com que hoje não se captam imagens, era o verde da Fuji.

Ao fundo, do lado direito, o Bairro Joli e Santa Helena [, Foto nº 3 A]; no fundo, do lado esquerdo, sente-se o porto de Bambadinca e, mais adiante ,a bolanha de Finete. 

Vivi este ambiente que o Jaime Machado captou do extremo do quartel, num amplo balcão. Como gosto desta minha Bambadinca.


Fotos: Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70)  [, foto atual à direita]

[Edição: LG]

Legendas:  Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70)
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Nota do editor:

Último poste da série > 19 de novembro de  2014 > Guiné 63/74 - P13914: (Ex)citações (248): Ainda a embarcação "Bubaque", antiga LP4, antiga traineira de pesca algarvia... Comprada como sucata à Marinha, foi a embarcação da carreira regular Bissau-Bambadinca- Bissau (Ambasciatore Manuel Amante da Rosa)

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13455: Os nossos regressos (32): Fotos do álbum do Otacílio Luz Henriques. ex-1º cabo bate-chapas, do pelotão de manutenção comandado pelo alf mil Ismael Augusto, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70)




Foto nº1 > Entrada ba barra do Tejo...Aproximação da costa... A cidadela de Cascais... (se não erro)


Foto nº 2 > Estuário do Tejo... Depósitos de combustível na outra banda (Trafaria, concelho de Almada)


Foto nº 3 > A ponte sobre o Rio Tejo e o Cristo Rei (1)... Ainda estava pintada de fresco... e não tinha o tabuleiro para a circulação ferroviária...


Foto nº 4 > A ponte sobre o Rio Tejo e o Cristo Rei (2)... Em 1970, a febre da construção na outra banda já tinha começado, mas o Cristo Rei ainda era uma figura solitária na paisagem


Foto nº  5 > Os "paisanos"... O Otacílio, de perfil, é o quarto da  fila, a contar da esquerda para a direita... Presume-se que a foto tenha sido tirada à chegada a Lisboa, ou então já em Abrantes, RI 2...



Foto nº 6 > Estação da CP... Lisboa, Alcântara ? Entroncamento ? ... Sei que o pessoal foi de comboio para Abrantes...


Foto nº 7 > RI 2, Abrantes... A unidade mobilizadora do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (1)


Foto nº 8 > RI 2, Abrantes... A unidade mobilizadora do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (2)


Foto nº 9 > Uma rua e uma estação rodoviária de uma vila da Estremadura... (se não erro)



Foto nº 10 > O regresso ao doce lar... A festa  (1)


Foto nº 11 > O regresso ao doce lar... A festa  (2)


Foto nº 12 > O regresso ao doce lar... A festa  (3)


Foto nº 13Foto nº 11 > O regresso ao doce lar... O fim da  festa... As (in)confidências... Conversas de homem para homens... Ir à guerra (e voltar) "dava estatuto"...


Foto nº 14 > Um bate-chapas no leste da Guiné... O Otacílio Luz Henriques, algures em Bambadinca (1968/70)

Fotos, sem legendas, do álbum do Otacílio Luz Henriques, 1º cabo bate-chapas Otacílio Luz Henriques,  CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). Pertencia ao pelotão de manutenção,  que era comandado pelo alf mil Ismael Augusto, membro da nossa Tabanca Grande. o bcaç 2852, se mão erro, regressou à metrópole em 28/5/1970, um ano depois, curiosamente, do ataque a Bambadinca...


Fotos: © Otacílio Luz Henriques (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendas: LG)


[Todos, não, mas a grande maioria de  nós fizemos esta viagem de regresso, por via marítima, de Bissau a Lisboa, nos Niassa, nos Uíge, nos navios da nossa marinha mercante postos ao serviço do transporte do pessoal mobilizado para a guerra do ultramar (ou guerra colonial, ou guerra de África, como quiserem)... Era com emoção que se avistava a barra do Tejo, o Bugio, Cascais, a Costa da Caparica,a  Trafaria, a ponte, o Cristo Rei, o casario de Lisboa, o cais da Rocha de Conde de Óbidos donde tínhamos partido, 22, 23, 24 meses antes...

E depois ia-se de comboio até à unidade mobilizadora. No caso do BCAÇ 2852, foi o RI 2, Abrantes... E, por fim, o regresso, solitário, a casa, onde nos esperavam, em alvoroço, a família, os amigos, os vizinhos...  O "day after", o dia seguinte, não foi fácil para muitos de nós... Uma geração partida e repartida. uns tomaram os caminhos da diáspora (Brasil, EUA, Canadá, França, Alemanha...); outros, deixaram as suas terras e fixaram-se na grande Lisboa e no grande Porto, procurando oportunidades de trabalho... "Cacimbados", "apanhados do clima", "estranhos", "envelhecidos", "mudados", "fechados, de poucas falas", "truculentos", "noctívagos", "bebendo e fumando em excesso"... eram expressões que trocávamos uns com os outros ou que ouvíamos aos nossos amigos, familiares e vizinhos... A (re)adaptação, em muitos casos, não foi fácil, e levou o seu tempo... A maior parte casou, teve filhos e tentou ser feliz...

Uma sugestão de verão: legendas mais completas, precisam.se para estas fotos... Se não estou em erro, o Otacílio mora(va) na região da Grande Lisboa, ou pelo menos na Estremadura... Ele disponibilizou-me estas e outras fotos em 2013, no encontro da malta de Bambadinca (de 1968/71) em Coimbra. Preciso de um endereço de email dele (ou do nº de telefone) antes de o apresentar à Tabanca Grande. Gostava de voltar a falar com ele... De resto, é mais do que justa a homenagem que quero fazer-lhe, sentando-o à sombra do poilão da nossa Tabanca Grande.... É justo que ele figure na nossa lista de grã-tabanqueiros, já que temos aqui publicado bastantes fotos do seu álbum... Um grande abraço para ele, se me estiver a ler... Estivemos juntos em Bambadinca quase um ano, iu pelo menos uns 10 meses, mas não sei se alguma vez trocámos uma palavra... Ele era 1º cabo bate-chapas da CCS, eu era furrriel, operacional,  da CCAÇ 12, uma unidade de intervenção adida a (leia-se: às ordens de) o BCAÇ 2852.. Uma companhia de pretos... Mas vivemos e dormimos todos (eu, às vezes) naquele maravilhoso promontório que era Bambadinca, a "cova do lagarto", na língua mandinga... LG]

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Nota do editor: