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sábado, 1 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13832: Postos escolares militares (1): Alunos, mestres e manuais... (Jorge Araújo / Hélder Sousa / J. C. Mussá Biai / Cherno Baldé / José Câmara)


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L5 > Galomaro > CSS/BCAÇ 3872 (1972/74) > "O mestre-escola [, o Joaquim Guimarães, ] mais o burro [, o Augusto, ] e o Mamadu Djaló, em 1972, em Galomaro, sede do batalhão. (*)...Burro, asno, jumento, jerico, cujo berço foi a nossa África Mãe, Equus africanus asinus, segundo a nomencolatura trinomial de Lineu (1758)... Mas também "besta de carga", desde há pelo menos 5 mil anos a.C. quando o seu ancestral selvagem foi domesticado, tal como o cavalo... Mas na escolinha do nosso tempo punham-se "orelhas de burro" aos mais atrasados  da classe... Pobre bicho, hoje em perigo de extinção...



Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L5 (Galomaro) > Saltinho > CCAÇ 3490 (1972/74) > "Os professores dos Postos Escolares do Saltinho". [O Joaquim Guimarães é o terceiro a contar da esquerda; de seu nome completo, Joaquim Fernando da Silva Guimarães. ex-soldado nº 108261-7, pertenceu ao BCAÇ 3872 e vive hoje nos EUA; já há muito que não temos notícias dele].

Fotos (e legendas): © Joaquim Guimarães (2007). Todos os direitos reservados.



Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > CART 3494 (1972/74) Posto Escolar Militar (PEM) nº 14  (***) > 1972 > Alunos da Escola Primária. (**)


Foto (e legenda): © Jorge Araújo (2014). Todos os direitos reservados [Edição de LG]




Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > Candamã, aldeia (tabamca) em autodefesa do regulado de Corubal que a guerra despovoou > Um improvisado Posto Escolar Militar ?. Do lado esquerdo, ao alto, numa árvore, está afixado um cartaz de propaganda das NT: "Juntos venceremos". Sob a bandeira das quinas, duas mãos (uma branca e outra preta) apertam-se... Foto do álbum do ex-alf mil Torcato Mendonça > Fotos Falantes IV. (***)

Foto: © Torcato Mendonça (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem; LG]



Guiné > Zona leste > região de Bafatá > Fajonquito > "O meu irmão Carlos (2 anos mais velho, hoje farmacêutico, formado pela Faculdade de Farmácia da Universidade Técnica de Lisboa), durante a alocução por ocasião do dia 10 de Junho de 1971, Dia de Portugal e de Camões, na escola primária de Fajonquito. Na imagem estão dois oficiais da companhia do Cap Figueiredo (CART 2742), um dos quais, o Alferes Félix encontrou a morte no mesmo dia que o seu Capitão". Foto do álbum do Cherno Baldé.(****)

[Meu caro Cherno: durante o Estado Novo, e até ao 25 de abril, era o feriado nacional do 10 de junho, o "Dia de Portugal, de Camões e da Raça"... Depois substituímos o politica e cientificamente incorreto termo "Raça" por "Comunidades Portuguesas"...Hoje é o "Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas"... LG]

Foto: © Cherno Baldé  (2012). Todos os direitos reservados [Edição; LG]



Guiné > Região de Tombali > Gadamael >  Posto Escolar Militar n.º 23 (PEM nº 23, Gadamael)  > Frequentaram as aulas da instrução primária algumas dezenas de jovens alunos (também alguns adultos da população). Não era fácil dar aulas a muitos que não falavam português (nem em crioulo se exprimiam), mas registaram-se muitos casos de bom aproveitamento, com conclusão da 4.ª classe . Foto do álbum do nosso saudoso camarada Daniel Matos (1950-2011) que foi fur mil,  CCaç 3518, Gadamael, 1971/74). (*****)

Foto (e legenda):  © Daniel Matos (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados [Edição ; LG]


1. Vamos iniciar uma  nova série ("Postos Escolares Militares"), com a publicação de cinco comentários ao poste P13812, subscrito pelo Jorge Araújo (*). Esperamos os contributos de todos os camaradas que foram professores ou monitores nas PEM... Afinal, mais do que a espada e a cruz, preocupamo-nos com a transmissão da língua portuguesa, veículo de identidade nacional da Guiné-Bissau... 

A língua do Padre António Vieira, de Fernando Pessoa, de Amílcar Cabral, de Carlos Lopes, de Siza Vieira, de Paula Rego, de Mia Couto, de Paulina Chiziane, de Ondjaki, de Ana Paula Tavares, de António Houaiss, de Cecília Meireles, de Xanana Gusmão, de Cesária Évora e de mais 255 milhões de homens e mulheres lusófonos espalhados pelo mundo, incluindo a malta da Tabanca Grande, o Hélder, o Jorge, o Cherno, o Zé Carlos, o Luís, o José Câmara, o Torcato, o Daniel, o Guimarães... Temos em comum um "poilão" sob o qual nos abrigamos, e à volta do qual comunicamos, e que é a língua... portuguesa. (LG)


 
Helder Sousa
(i) Hélder Sousa
 

Caro Jorge Araújo

Já estou habituado ao rigor e seriedade com que costumas pautar os teus trabalhos. Sejam eles os mais dramáticos como os que relataste das emboscadas sofridas, sejam alguns aspectos mais ligeiros.

Desta vez a 'pancada' deu-te forte ao descobrires uma ponta de ligação ao teu passado. Sim, porque isso é história, faz parte de ti, do todo que és e foste.

Esta dupla homenagem que fazes, ao José Carlos [Mussá Biai] e ao Carvalhido da Ponte, é fruto dessa tua sensibilidade para perceberes o que é verdadeiramente importante, a amizade, o reconhecimento, a vitória daquilo que dizes que te aconteceu quando percebeste que mais do que o "EU" o que era realmente duradouro seria a partilha com o "OUTRO".

Está aqui um bom trabalho. Oxalá, e acredito que sim, que se atinja o objectivo.

Abraço, Hélder S.

 (ii) Luís Graça
Luís Graça, em Candoz, 2011


 Aqueles de nós que foram professores primários, nos postos militares escolares, como o Carvalhido da Ponte (Xime), o Manuel Amaro (Aldeia Formosa) ou o Manuel Joaquim (Bissorã), podem falar, com propriedade e autoridade, sobre as dificuldades, perplexidades mas também sobre o prazer de ensinar, com o eventual apoio dos nossos velhos manuais escolares ou de outros textos (que eu desconheço se havia outros manuais na Guiné), a língua, a cultura e a história portuguesa aos putos das tabancas guineenses... É que nos nossos manuais bem sequer havia uma simples imagem com a cara do "pretinho da Guiné"...

Imagino que não fosse fácil ao Carvalhido da Ponte explicar ao José Carlos Mussá Biai, mandinga e muçulmano, do Xime, que nunca tinha sido da sua tabanca, o que era a pátria, ou significado da bandeira nacional, ou letra do nosso hino, ou a diferença entre um minhoto e um algarvio...

Ou ainda explicar as lendas das mouras encantadas do nosso romanceiro popular. Ou a conquista de Lisboa aos mouros. Ou ainda a lenda do Infante Santo... Muito menos as guerras de religião, no passado, entre cristãos e mouros...

Em todo o caso, o mais importante é que o José Carlos Mussá tenha aprendido a ler escrever, graças ao posta escolar militar do Xime, e a tenha chegado à universidade, sendo engenheiro florestal, se não erro. E trabalhando e vivendo em Portugal, como português e sem nunca esquecer as sua raízes guineenses.


Xime, PEM 14, 1972
(iii) José Carlos Mussá Biai

Olá. Luís,

Ao contrário que possa imaginar, quando andava na primária, sabiamos mais da metrópole, Angola e Moçambique do que da Guiné.

Os nomes dos rios, linhas de caminho de ferro, regiões e conquistas portuguesas, não havia nada que não era ensinado. O hino e a bandeira que era hasteada todos os dias não podiam faltar.

Quanto aos manuais, não me recordo bem, mas acho que nos de 1973 já vinham, como disse com o "pretinho da Guiné" (risos...).

Tenho uma vaga ideia de ter visto o Capitão João Bacar Djaló bem fardado. Mas o curioso é que nunca esqueci as letras do hino da metrópole sem nunca ter aprendido o hino da Guiné "independente".

Mas, são coisas de mininos. Quando acabou a guerra,  eu já tinha a 4ª classe feita e no preparatório não se ensinava o hino...

Um abraço, José C. Mussá Biai



Portugal. Ministério da Educação Nacional. Ensino Primário Elementar  - Livro de Leitura Segunda Classe. 5ª edição. Porto:  Editora Educação Nacional, de Adolfo Machado, 1958, 140 pp, capa dura. Dimensões: 17 x 22 x 1,5 cm. [Cortesia de Loja A Vida Portuguesa].... [Adorei este livrinho: foi ele que me ensinou a ler, escrever e contar... LG]. 


Guiné > PAIGC > Manual escolar, O Nosso Livro - 2ª Classe, editado em 1970 (Upsala, Suécia). Exemplar cedido pelo Paulo Santiago, Águeda (ex-alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 53,
Saltinho , 1970/72)... [Afinal, em português nos entende(re)mos,,, LG].



Cherno Baldé, estudante

Kichinev, Moldavia, 
dezembro de 1985
(iv) Cherno Baldé:

Caro Luís Graça e amigos,

O Carlos Mussa diz "...Hino da Metropole...", errado.

O Hino a que se refere não era da metrópole, mas sim de Portugal e, na altura, éramos todos portugueses, de facto ou de jure.

Ainda em 1972 o meu irmão mais velho que veio a Bissau para prosseguir os seus estudos, já tinha o seu Bilhete de Identidade de cidadão português.

Acho que os manuais do ensino primário, na altura, eram iguais para as Provincias ultramarinas e não me recordo de ter visto a cara de nenhum "pretinho da Guiné".

Tal como o Carlos Mussá refere, tambem sabia entoar o Hino de Portugal da mesma forma que a partir de Setembro 1974 já entoava o novo Hino da Guiné-Bissau, cada qual o mais aguerrido e heróico que o outro, umas tretas.

Com abraço, amigos, Cherno Baldé

José Câmara
(,hoje, nos EUA)

(v) José Câmara:

Meus amigos,

Nós, os meninos açorianos e madeirenses, aprendemos por cartilhas iguais aqui referenciadas pelo Luís Graça. Até deu para não nos perdermos durante a nossa descoberta do caminho marítimo para a Guiné. Bem bom!

O que importa é que o José Carlos aprendeu connosco e depois, por si, conseguiu ir mais longe nos seus estudos. Hoje põe o que aprendeu ao serviço das populações em que está inserido. E nós fazemos parte dessa comunidade.

Cumprimentos, José Câmara,
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 1 de agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2019: Álbum das Glórias (23): O mestre-escola do Saltinho (Joaquim Guimarães, CCAÇ 3490, 1972/74)

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Guiné 63/734 - P13812: Memória dos lugares (277): Os meninos do Xime do tempo da CART 3494 - O caso de José Carlos Mussá Biai (Jorge Araújo)

1. Mensagem do nosso camarada Jorge Araújo (ex-Fur Mil Op Esp / Ranger, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/1974), com data de 24 de Setembro de 2014:


Caríssimo Camarada Luís Graça,



Os meus melhores cumprimentos.

Sei, pelo que li, que a história de vida do nosso amigo e grã-tabanqueiro José Carlos Mussá Biai te sensibilizou particularmente. A mim… igualmente, relevando, aqui e agora, o valor positivo das influências do meu/nosso camarada Carvalhido da Ponte exercidas neste contexto, e que se traduzem num sentimento do dever cumprido.

Procurando ajudá-lo na reconstituição/reconstrução das suas memórias de infância vividas connosco na sua terra natal – o Xime –, local onde permanecemos mais de um ano, e onde, com toda a certeza, nos cruzamos muitas vezes, ora nos espaços da Escola, do Aquartelamento e da sua Tabanca, eis o meu pequeno contributo para esse efeito.


OS MENINOS DO XIME DO TEMPO DA CART 3494
- O caso de José Carlos Mussá Biai -

1.INTRODUÇÃO

Muito provavelmente o nome de José Carlos Mussá Biai é já familiar a um grupo significativo de camaradas grã-tabanqueiros, em particular os que, por tradição ou rotina, acompanham a publicação dos textos e imagens [postes] referentes a factos e missões que marcaram aqueles dois anos das nossas vidas no CTIG. Por outro lado, estes contributos individuais, que vão chegando ao blogue diariamente, constituem uma forma original da cultura,  pois permitem continuar o aprofundamento do universo fenomenológico dos vários contextos e da sua historiografia.

Porque não me é possível fazer parte desse grupo mais assíduo, naturalmente por outros afazeres sociais e compromissos profissionais, penitencio-me por só agora ter tido conhecimento da existência do cidadão e amigo José Carlos Mussá Biai, membro da nossa TABANCA GRANDE, bem como de parte do seu processo/projecto de vida que, a exemplo de outras opiniões [P10907 - P10919], também me sensibilizaram, pelo que tomei a iniciativa de escrever estas singelas linhas a seu respeito… e, igualmente, a ele dirigidas.

E o modo como chegámos à sua pessoa é simples de relatar.

No blogue da CART 3494 & camaradas da Guiné, ao longo da coluna da direita, por ordem alfabética, estão indicadas todas as etiquetas referentes aos diversos temas e/ou os nomes dos seus autores. Tentando localizar a minha na letra “J” [Jorge Araújo], eis que os meus olhos se fixaram, duas linhas abaixo, no nome de José Carlos Mussá Biai, por ter sido a primeira vez que o líamos.

Cliquei no seu nome por curiosidade e logo o título «No Xime também havia crianças felizes» suscitou a minha melhor atenção. Em primeiro lugar, o Xime, por ter sido o primeiro destino do contingente metropolitano da CART 3494 e onde durante treze meses [1972/73] vivi/vivemos situações dramáticas e experiências únicas nos sítios conhecidos por “Ponta Varela”, “Poindon”,e “Ponta Coli” ou, ainda no “Rio Geba“, tendo o Macaréu como a sua maior armadilha. Em segundo, porque foi no Xime que reforcei a consciência de que o «EU» só é importante se lhe adicionarmos o «OUTRO». Em terceiro, a que criança ou crianças se estavam a referir no texto?

Essa primeira referência [P167, de 03Jan2013] remetia-nos para outras inseridas no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Então saltitei entre ambos no sentido de ficar actualizado quanto aos conteúdos narrados, com o início a verificar-se há oito anos, mais concretamente em 9 Maio de 2005 [P5591].

Assim, o José Carlos, ainda criança no tempo da minha/nossa presença na terra que o viu nascer – o XIME – tinha, então, nove e eu vinte e um anos.

De tudo o que li retive as cinco ideias abaixo:

1. –As companhias que marcaram a sua infância foram a CART 2715 e a CART 3494.

2. – Uma pessoa ficou na sua memória para sempre por ter sido o seu professor na única escola que lá havia: a PEM (Posto Escolar Militar) n.º 8, poro [os] ter ajudado a serem crianças felizes. Essa pessoa chama-se José Luís Carvalhido da Ponte [ex-Furriel Enfermeiro, da CART 3494], natural de Viana do Castelo.

3. – Por ter ficado emocionado com as primeiras fotos que viu da sua terra e das suas gentes. Os locais onde brincou e onde deu alguns mergulhos. As pessoas que o viram nascer, que cuidaram de si e com quem partilhou refeições, angústias e alegrias, em particular os seus irmãos mais velhos.

4. – Depois de um percurso académico na Guiné-Bissau, primeiro como aluno e depois como docente em Bissau, rumou a Lisboa, onde concluiu a sua formação superior em Engenharia Florestal.

5. – Vive e trabalha em Portugal.

Em função destes cinco pontos principais, e porque certamente não existem muitos testemunhos fotográficos dessa época, uma forma de satisfazer o desejo de quem fez parte, também, do meu/nosso quotidiano, foi possível recuperar alguns registos do meu arquivo de memórias do Xime, gravadas há mais de quarenta anos, e fazer uma viagem de retorno às origens, nomeadamente à sua escola primária, a adultos e a crianças do seu tempo, na expectativa de poder identificar algum parente, e quem sabe, se o próprio José Carlos.

2.POSTO ESCOLAR MILITAR N.º 8 - XIME

As fotos que seguidamente se apresentam dizem respeito a uma cerimónia oficial levada a cabo pelo PEM n.º 8, sob a supervisão do camarada Carvalhido da Ponte, e onde também participámos.Não estando certo do motivo da sua realização, creio tratar-se da Sessão Solene Comemorativa do 10 de Junho de 1972.

Foto 1 – Escola Primária do Xime - 1972 –Da direita para a esquerda, representantes da Comunidade Local e os ex-Furriéis: Prof Carvalhido da Ponte [o 1.º Esq.], Sousa Pinto [falecido em 01Abr2012] e José Pacheco [o 1.º Dtª.].
Foto 2 – Escola Primária do Xime - 1972 – Alunos do PEM.
Foto 3 – Escola Primária do Xime - 1972 – Alunos do PEM. 
Foto 4 – Escola Primária do Xime - 1972 – Alunos do PEM.
Foto 5 – Escola Primária do Xime - 1972 – Alunos do PEM participando na cerimónia do içar da Bandeira Nacional em [creio] 10 de Junho de 1972. Ao centro o professor da Escola de Mansambo [?], presente a convite do camarada Carvalhido da Ponte.

3.FOTOS DIVERSAS DO/NO XIME - 1972


Foto 6 – Tabanca do Xime - 1972 – Grupo de crianças.
Foto 7 – Xime - 1972 – Duas crianças cujo nome não recordo e que amiúde apareciam na Messe de Sargentos, pedindo comida, e que aproveitavam para tomar banho de chuveiro [com água do poço], como foi o caso desta foto [entrada… à esquerda].
Foto 8 – Xime - 1972 – Morança pertença da Fátima [lavadeira]. Ao fundo, de pé, está a sua filha [creio que se chamava Sage]. 
Foto 9 – Xime - 1972 – Grupo de Mulheres Grandes, e algumas crianças, preparando-se para participar numa festa [?]. 
Foto 10 – Xime - 1972 – Grupo de Mulheres Grandes, e algumas crianças, preparando-se para participar numa festa [?]. 
Foto 11 – Xime - 1972 – Dois residentes na Tabanca: o Spínola e a Abi.

Entretanto, nesta oportunidade, penso ser justo homenagear o camarada Carvalhido da Ponte, enviando-lhe os meus Parabéns pelo seu trabalho bem-sucedido na difícil tarefa pedagógica, fazendo-os acompanhar com a publicação de mais uma foto que ele não conhece.

Foto 12 – 1973 – Na foto, cujo local não consigo identificar, estão o Luís Domingues [Fur.Trms], o Carvalhido da Ponte [Fur.Enfº] e eu próprio. Foi tirada por ocasião de uma coluna de reabastecimento ao Xitole e Saltinho, iniciada em Bambadinca e reforçada, a partir de Mansambo, com 2 GC da CART 3494,em Maio/Junho. Esta coluna foi a minha primeira e única experiência do género, uma vez que em Julho transitámos para o Destacamento da Ponte do Rio Udunduma.

Igualmente, o nosso amigo José Carlos Mussá Biai merece os meus aplausos pelos diversos sucessos contabilizados ao longo da sua vida, lutando, resistindo e superando-se permanentemente, sinal de que a semente era boa e, daí, ter dado muitos e bons frutos. Para ele vão mais duas imagens do Xime com leituras opostas. 
Foto 13 – Xime Dez/1972 – Foto da principal entrada na Tabanca, fronteira com o aquartelamento, a escassos cinquenta metros da Escola. 
Foto 14 – Xime - 2013 - Foto do edifício em ruínas [P173, de 12Abr2013] onde funcionou o PEM n.º 8, tirada no sentido inverso da foto anterior. A diferença temporal entre as duas fotos [13 e 14] corresponde a mais de quatro décadas.


Fotos (e legendas): © Jorge Araújo (2014). Todos os direitos reservados [Edição de MR]

Termino, fazendo votos para que tenham gostado de ver mais algumas imagens históricas do Xime, particularmente o nosso amigo José Carlos Mussá Biai.

Pelo exposto, creio que estamos em óptimas condições para voltarmos a conviver mais de perto. Uma possibilidade será através da participação no Encontro/Convívio anual da CART 3494, este ano em XXIX edição, o qual está já agendado para o próximo dia 07 de Junho, no Hotel Mar e Sol, sito em São Pedro de Moel.

Seria, para nós, um momento de grande emoção.

Outra possibilidade mais pessoal, pois estou disponível para o efeito, seria através de um eventual encontro entre nós, Basta acertar a data e o local. 

Um abraço,
Jorge Araújo.
Fur Mil Op Esp / Ranger, CART 3494
___________
Nota de M.R.: 

Vd. Também o último poste desta série em:

sábado, 14 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13280 IX Encontro Nacional da Tabanca Grande (22): desejo a todos os camaradas tertulianos presentes em Monte Real uma óptima jornada de confraternização, esperando que novas histórias venham enriquecer o nosso blogue (Jorge Araújo, ex-fur mil op esp, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74)

1. Mensagem do Jorge Araújo [ex-Fur Mil Op Esp, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/1974]

 Data: 12 de Junho de 2014 às 20:04

Assunto: Os meninos do Xime no  tempo da CART 3494

 Caríssimo Camarada Luís Graça

Os meus melhores cumprimentos.

Antes de mais, faço votos para que a recuperação esteja próxima da mobilidade plena, de modo a que se possa "passar à peluda" os elementos auxiliares - as muletas.

Seguidamente, aproveito esta oportunidade, a dois dias do IX Encontro Nacional da Tabanca Grande, para, por teu intermédio, desejar a todos os camaradas Tertulianos aí presentes uma óptima jornada de confraternização, esperando que outras histórias aí recordadas, possam ser transferidas para o papel, dando lugar a novas narrativas.

Este ano, porque a data escolhida coincidiu com um tempo difícil de gerir, com frequências no ensino superior a que se adicionam outros compromissos familiares relacionados com os festejos dos Santos Populares e aniversários, não me foi possível, de todo, estar presente fisicamente. Estarei convosco em pensamento.

Finalmente, e na sequência da minha participação, no passado sábado, no Encontro/convívio da CART 3494, realizado em São Pedro de Moel, alguns camaradas recordaram-me o texto publicado no blogue da Companhia acerca do tema "Meninos do Xime...", em particular o caso do José Carlos Mussá Biai, e da eventualidade de ele estar presente.

Contei-lhes o que fiz na ocasião, e do primeiro feedback que recebera do camarada Luís Graça por via da remessa da narrativa elaborada a esse propósito.

Agora que o assunto voltou a ser abordado, gostaria de saber algo mais, no sentido de puder esclarecer o colectivo da 3494.

Grato pela atenção, envio um forte abraço.

Um óptimo ENTG

Jorge Araújo.

2. Comentário de LG:

Jorge, obrigado pelo teu cuidado em relação à minha saúde (que está em boa recuperação, esperando em breve largar as muletas, na sequêncis da artroplastia total da anca que fiz no início de abril...). Apreciei também muito ox votos que fazes de que a nossa ornada de convívio, que hoje se vai realizar em Monte Real,  seja um verdadeiro encontro de camaradas e amigos, com valor acrescentado para a preservação e valorização da nossa memória comum como ex-combatentes na Guiné. Devo dizer-te que vou sentir a tua falta bem como a da tua simpática esposa, bem como  ausência de outros camaradas da CART 3494 que este ano não puderam vir, a começar pelo Sousa de Castro que é um histórico da nossa Tabanca Grande, o nº 2 de 659!

Sobre o assunto que abordas, os "meninos do Xime",  não vou ter tempo de te dar a  resposta que pretendes e que mereces, já que já estou em Leiria, onde vou ficar esta noite, de 13 para 14, a caminho do nosso encontro em Monte Real.  Mas posso dizer-te que o engº  José Carlos Mussá Biai não se inscreveu este ano, nem em anos anteriores., np nosso encontroi. Já me encontrei com ele, em Lisboa,  e às vezes falamos ao telefone. Espero, na próxima semana, poder voltar ao assunto. Um alfabravo fraterno. LG
 _______________

Nota do editor:

Último poste da série > 13 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13279: IX Encontro Nacional da Tabanca Grande (21): Palace Hotel Monte Real, 14 de Junho, sábado: como chegar, programa das festas, contactos... Enfim, algumas dicas práticas... E boa viagem, camaradas e amigos!

domingo, 22 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12489: Boas Festas (2013/14) (10): Luís Fonseca, José Teixeira, Benito Neves, Mário Beja Santos, Albano Costa, Domingos Gonçalves, Francisco Palma e José Carlos Mussá Biai





1. Mensagem do nosso camarada Luís Fonseca, ex-Fur Mil Trms da CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73, com o seu postal natalício:





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2. Mensagem natalícia do nosso camarada José Teixeira, ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, QueboMampatá e Empada, 1968/70:

O tempo do Natal é tempo de paz.
É tempo de desafio à mudança interior,
Para que haja Natal todos os dias do ano
E depende do homem.
De cada um de nós também,
A sua concretização.
Não te deixes ficar pelo caminho.

Para todos os camaradas e seus familiares um Feliz Natal.

Relembro com carinho as famílias dos camaradas que ficaram pela caminho naquele chão vermelho; e os que partiram depois, para o eterno aquartelamento.

Para todos um Natal possível com paz e esperança
Zé Teixeira


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3. Mensagem do nosso camarada Benito Neves, ex-Fur Mil da CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67:

Para toda a equipa, bem como para todos os tabanqueiros, familiares e amigos, com muita amizade envio os meus sinceros votos de




Benito Neves
CCAV 1484

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4. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70:

A todos os meus amigos,
Votos sinceros de mil alegrias natalícias.
Sendo a circunstância propícia a dar-vos notícias, há que confessar que o ano me vai deixar gratas recordações. Nada de insólito ocorreu no campo da saúde, são 68 anos com algumas artroses, algumas dores crónicas controladas graças ao expedito médico de família.

Mantenho-me como falso reformado, procuro ser útil em várias direções. Escrevo com intenso prazer, colhi as recordações do Vasco de Castro, um artistas plástico que ficará na história como grande desenhador de humor; saiu em janeiro um livro com questões de saúde, lancei-me com o meu amigo Henriques da Silva na empreitada de um roteiro que vai da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau, já está em poder do editor; é sempre com satisfação que mando a minha colaboração para o blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné; leio avidamente, faço recensões que alguma imprensa regional acolhe, bem como blogues e revistas digitais; aqui e acolá sou chamado a palestrar e o prazer é sempre intenso; tenho uma neta a caminho dos três anos, rabitesa e com fulgurantes olhos azuis, singulares e muito belos; gosto do meu ambiente doméstico, ler repimpado, a ouvir Pergolesi e a ver os meus desenhos, aguarelas e óleos; continuo a não ter inimigos e a desprezar com normas cívicas os contabilistas que nos regem a existência, sem qualquer desígnio profundo; já estou a mexericar nos novos livros, coisas que dão pelo nome de “O Fedelho Exuberante” e “Os Consumidores contra a Crise”.

Não peço mais a Deus que tem sido pródigo comigo, dá-me bem-estar e a muita consideração dos amigos e conhecidos.

Desejo saúde a todos, votos de esperança e tranquilidade.
Tenho dificuldade em falar na crise, nasci com o racionamento, usei a roupa dos outros, malhei na guerra, esforcei-me por levar uma vida íntegra, assim se consumaram 48 anos de serviço público.
Aceitei uma condecoração pela simples razão de que considerei que era um indicador para uma causa porque tenho batido – a cidadania no consumo.

Recebam a gratidão e a estima de quem vos quer bem,
Mário




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5. Mensagem do nosso camarada Albano Costa (ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150, Bigene e Guidaje, 1973/74), com data de 12 de Setembro de 2013:

Caros Amigos
Mais um final de ano está à porta, e como é hábito desdobramo-nos nas palavras e nas frases muito bonitas a pensar sempre num futuro melhor, e eu não quero fugir à regra e por isso, mesmo sentindo as nuvens bem negras para o futuro do nosso país, desejo a todos os meus amigo e não só, assim como para os meus familiares um Natal Feliz e que o 2014 possa ser um ano cheio de esperança.

Um abraço,
Albano Costa


Magnífica foto do Porto de Leixões - Terminal de Petroleiros e Molhe Sul
Foto: © Albano Costa (2013) Direitos Reservados - Legenda de Carlos Vinhal

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6. Mensagem de Natal do nosso camarada Domingos Gonçalves, ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68:

Prezado Dr. Luís Graça:
Ao aproximar-se mais uma quadra festiva, para todos nós de grande importância, venho por este meio desejar-lhe um alegre e Santo Natal, e um ano de 2013 cheio de saúde, e de muitas coisas boas que aprecie.
Este meu sincero desejo é extensivo, também, a todos quantos, abrigados à sombra da velha e frondosa árvore, que cobre a Tabanca Grande, compartilham tranquilamente antigas memórias que a Guiné lhes deixou impressas na alma.
Aproveito a oportunidade para enviar um poema, datado de 24 de Dezembro de 1966, em Bissau, que recentemente descobri entre os meus velhos papéis, que poderá inserir no Blog, caso lhe pareça interssante. 

Com um abraço amigo, para os navegantes no Blog,
Domingos Gonçalves

O céu é baço, e o calor sufoca.
Só vejo rostos tristes, andar na rua.
Toda a esperança, em alegria, é oca,
Minha alma, de consolos, está nua.

Levanta-se no ar, sobre a cidade,
Um lasso ambiente de tristeza.
Há na alma de quem passa a saudade,
Um brilho estranho em toda a natureza.

É dia de Natal. A gente passa
Pelas montras enfeitadas, e não pára.
O brilho destas montras não tem graça.
A lembrança da família, é muito amara.

Ao longe, sob as telhas do meu lar,
Sentado num escabelo, à lareira,
Eu sei que há um anjo a chorar,
Por eu não estar, também, junto à fogueira.

Eu sinto a tua mágoa, anjo que choras,
E oiço-te, aqui tão longe, a rezar,
Pedindo ao Menino, para eu voltar,
E sei a dor que te invade nestas horas.

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7. Mensagem do nosso camarada Francisco Palma, ex-Soldado Condutor Auto Rodas da CCAV 2748 / BCAV 2922, Canquelifá, 1970/72:

Amigas/Amigos e Camaradas
Na impossibilidade de enviar individualmente os meus Sinceros Votos de Boas festas, venho por esta via enviar para todos em conjunto, esses mesmos e meus melhores desejos de BOM NATAL E FELIZ 2014

Francisco Palma


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8. Mensagem do nosso Grã-Tabanqueiro Eng.º José Carlos Mussá Biai, natural do Xime, a viver em Portugal, que exerce funções na Direcção-Geral do Território, em Lisboa:

Caro Luís, Caros editores e amigos,
Mais um ano que está a terminar e outro que se avizinha...

Desejo a todos um SANTO NATAL e UM FELIZ ANO 2014.
Que o próximo ano seja melhor, com muita saúde e felicidade.

Um abraço,
José Carlos Mussá Biai
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de Dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12483: Boas Festas (2013/14) (9): Patrício Ribeiro (Impar Lda, Bissau): Empada em Dezembro

quinta-feira, 28 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11326: Facebook...ando (25): José Luís Carvalhido da Ponte, ex-fur mil enf, Cart 3494 / BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74): De regresso ao Xime!...


1. O nosso camarada Sousa de Castro (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74), enviou-nos a seguinte mensagem com data de 27 de Março de 2013: 


Caros camarigos,

Falei ao telefone com o nosso camarada d’armas Carvalhido da Ponte (, o professor do José Carlos Mussá Biai, o minino do Xime, ) no sentido de autorizar a publicação no blogue de um texto no Facebook sobre a sua última viagem em Março 2013 à Guiné, ao Cacheu, fazendo também uma visita ao Xime. O que acedeu prontamente, prometendo colaborar na divulgação do trabalho humanitário que vem desenvolvendo na Vila de Cacheu. Recordo que Viana do Castelo está geminada com esta Vila.

Assim sendo, apresento o ex Furriel Mil Enf (mésinho) José Luís Carvalhido da Ponte. Pertenceu à Cart 3494 do BART 3873. É membro, sénior, da nossa Tabanca Grande.

Professor e director da Escola Secundária de Monserrate, em Viana do Castelo, com vários trabalhos publicados (vd. aqui), é muito dedicado à causa humanitária na Guiné, na Vila de Cacheu, para onde se desloca regularmente no sentido de contribuir para o bem-estar daquele povo, nomeadamente na área da saúde:


Sousa de Castro

2. Mensagem do José Carvalhido da Ponte, com data de 23 Março de 2013:

Recordar é trazer de novo ao coração, diz-nos uma leitura etimológica da palavra. Recordar é rememorar e neste rememorar revivemos os factos conforme a paleta das nossas emoções. Assim, às vezes perece que esquecemos a recordação e outras esticámo-la, quase ao infinito, como se não a quiséssemos perder. Já Pessoa dizia que o comboio de corda que se chama coração, não raro, invade-nos a razão. 

Tinha 23 anos quando aportei, pela primeira vez, ao Xime, uma aldeia de Bambadinca. A LDG (lancha de desembarque grande) atracou ao pequeno porto, ali mesmo na margem esquerda do Geba. Era Fevereiro de 72.

Deram-nos ordem para nos levantarmos do porão e começarmos ordeiramente a sair. Em terra esperavam-nos, felizes e galhofeiros, os que iríamos substituir.

Depois, nos 27 meses seguintes, deambulamos por Mansambo, pelo Xitole, pelo Enxalé (n’xalé), por Bambadinca, por Bafatá, pelo Saltinho.

Depois regressamos, uns em fins de março e outros, como eu, no 3 de Abril de 74.  Para trás ficaram tantas memórias, tantos medos, tantas aventuras, tantos amigos, vários mortos!


Quando em 2.000 regressei à Guiné, não fui ao Xime. Por nada não. Apenas não calhou. Apenas calhou acontecer em 2008, quando uma colega da ESM, que passeava com outros colegas pelo Senegal, a 17 de Agosto, regressou a Cacheu e desafiou-me: vamos a Tabatô, ali para as bandas de Bafatá, ver os tocadores de Balafon e passas no teu Xime e assim comemoras os teus 58 anos?

Regressar ao Xime? Porque não? Era uma porta que necessitava reatravessar para exorcizar um ou outro fantasma e, em definitivo, oficiar pelo Manuel Bento, caído em combate, logo nesse ano de 72.

E fomos. E neste ano de 2013 regressei, agora com o Dr Manuel Pimenta. Das duas vezes tive de respeitar várias manadas de bovinos e se da primeira ainda pude recordar os desembarques nos restos mortais do pontão do Xime, agora o tarrafe invadira o espaço a impedir as minhas quarentonas nostalgias.

De repente... ollha ali a escola onde lecionei as 4 classes ao mesmo tempo. Entro na decrépita escola. Que saudades! Continua sob um enorme poilão. Procurei caras, anichadinhas bem dentro de mim. Não apareceram. Nem a da Teresa, uma jovem professora caboverdiana que me acompanhou nessas andanças letivas durante um ano, por toda a Bambadinca e que cozinhava frango com piripiri dum jeito que nunca vi. De repente assoma à porta um homem dos seus 55 anos e atira-me: oi professor Ponte! Fui seu aluno, lembra-se? Claro que lembro! E não tive coragem de lhe perguntar o nome nem de lhe dizer que não, que não me lembrava. E falou-me de homens e mulheres de 72 que já partiram, que morreram, que estão por ali. É então que, de repente surge a minha lavadeira do tempo, a Carfala, em 72 com 11/12 anos e hoje, com uma bacia à cabeça e desdentada, como eu; mais adiante o Bacar Biai que escreve poesia em marabutu e à frente o Malan Mané, encostado a um barrote de uma tabanca. E outros. E perguntou-me pelo Furriel Sousa Pinto. Morreu há um ano, mais ou menos, lhe disse. Ah! Eu gostava dele.

Depois, sozinho, percorri partes da tabanca e do antigo aquartelamento. Sozinho, para que ninguém visse uma ou outra lágrima de saudade. Sim de saudade. Bolas, éramos jovens com 21 a 23 anos. Passamos ali dois dos mais importantes anos da nossa vida. Perdemos ali grandes amigos. Aprendemos ali que o medo é uma antecâmara para toda a coragem.

E por hoje, chega de memórias.


Adelino, piloto da lancha Sintex


Bacar Biai, irmão do José Carlos Mussá Biai



Estrada, Xime-Bambadinca. 

Lavadeira Carfala, esposa do Malan Mané




Malan Mané, primo do José Carlos Mussá Biai





O que resta do Cais do Xime...

Fotos (e legendas): © José Luís Carvalhido da Ponte (2013). Todos os direitos reservados. 
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: