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terça-feira, 1 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18590: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (55): Explicar a guerra colonial e o 25 de Abril aos alunos do 12º ano, da escola secundária Miguel Torga, Massamá (Jorge Araújo)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3
Fotos (e legendas): © Jorge Araújo (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,
CART 3494 (Xime-Mansambo, 1972/1974).


"DA GUERRA COLONIAL AO 25 DE ABRIL" - PALESTRA NA ESCOLA SECUNDÁRIA MIGUEL TORGA, EM 23 DE ABRIL DE 2018 (Jorge Araújo)


Nota prévia:

Na Foto nº 1, acima, vê-se a entrada principal da antiga Escola Secundária de Massamá, hoje Escola Secundária Miguel Torga [pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha (1907-1995)] nome atribuído de acordo com o Despacho 68/SEAE/96. Este complexo escolar foi implantado no ano lectivo de 1985/1986, num terreno de cultivo com uma área de 14 mil metros quadrados.

Dez anos depois da sua construção, a então Escola Secundária de Massamá, localizada na Freguesia de Monte Abraão, em Queluz, Sintra, escolheu para seu patrono o poeta, contista e memorialista Miguel Torga (Prémio Camões de 1989, o mais importante da língua portuguesa), tendo por fundamentos os constantes no Despacho 68/SEAE/96, e que seguidamente se transcrevem:

“A História que era preciso ensinar nas escolas não devia mostrar Carlos, O Temerário, a morrer diante de Nancy. Devia mostrar mas é esta junta de bois aqui á minha porta, atrelada a um carro, à espera que o dono acabe de beber um copo. Que importa lá à humanidade a bazófia do senhor francês? (Diário, 26105144) – Quem o afirma é Miguel Torga, exemplo de poeta, pensador, cidadão de corpo inteiro, que nos deixou uma das obras mais marcantes deste século em Portugal [séc. XX].

Como disse David Mourão-Ferreira (1927-1996), a posição de Miguel Torga “nas nossas letras continua a ser a de um grande isolado – que, no entanto, ou por isso mesmo, consubstancia e representa, da forma mais directa ou através de inevitáveis símbolos, quanto há de viril, vertical, insubornável no homem português contemporâneo”. Que melhor exemplo para educadores e educandos?

O contributo que deu à literatura e cultura portuguesas e a referência da sua vida e obra para todos e, em particular para a juventude portuguesa são as razões positivas de sobra que estiveram na origem da proposta do Conselho Directivo da Escola Secundária de Massamá, Sintra, com a concordância da Câmara Municipal, no sentido da atribuição do nome de Miguel Torga ao referido estabelecimento de ensino.

Assim e preenchidos que estão os requisitos e demais finalidades previstos no Dec.-Lei 387/90, de 10/12, determino:

1 - A Escola Secundária de Massamá, Sintra, passa a denominar-se Escola Secundária Miguel Torga, Massamá, Sintra.

2 - A Escola referida no número anterior constará da portaria a que se refere o nº 1 do artº 8 do Dec.-Lei 387/90, de 10/12, com a denominação que lhe é atribuída nos termos do presente despacho.


Em 2-7-1996, o Secretário de Estado da Administração Educativa, Guilherme de Oliveira Martins”.

1. INTRODUÇÃO
Feita a apresentação das razões que deram o nome à actual Escola Secundária Miguel Torga, importa agora referir a minha participação na palestra em título, realizada nessa Escola no passado dia 23 de Abril, 2.ª feira, a propósito das comemorações do 44.º Aniversário do “25 de Abril de 1974”. O evento organizado pelo Departamento de História da Escola tinha por destinatários os alunos de três turmas do 12.º Ano [cartaz elaborado para o efeito, ao lado].

O convite surgiu por intermédio da Professora Helena Neto, que em parceria com a Professora Conceição Carpinteiro lideraram este projecto enquanto docentes da Disciplina de História. Por ser nossa amiga de longa data e saber da minha condição de ex-combatente na Guiné, logo ela se lembrou de mim para essa (boa) causa.

Aceitei o convite, sem dificuldade, uma vez que tinha disponibilidade de agenda para esse dia.


2. A SESSÃO

O meu encontro com a comunidade escolar, alunos e corpo docente, decorreu no auditório da Escola, num ambiente de grande empatia, certamente pela novidade dos conteúdos aflorados, tendo-se registado uma participação de sete dezenas de indivíduos.

Durante duas horas, das dez ao meio-dia, abordei várias temáticas relacionadas com a evolução histórica do conflito, sinalizando algumas das minhas experiências, entre as mais “pesadas” e as mais “levezinhas”, acumuladas ao longo dos dois anos da comissão ultramarina, justamente até ao 25 de Abril de 1974, uma vez que nessa data ainda era militar, pois havia chegado a Lisboa, a bordo do N/M Niassa, vinte dias antes.

No final da apresentação dos pontos estruturados para a sessão, dei a palavra aos presentes, os quais colocaram diferentes e pertinentes questões, com relevância para os alunos de origem africana (Guineenses, Cabo.verdianos e Angolanos) incluindo, caso interessante, uma aluna luso-timorense. Como curiosidade, um dos presentes prometeu enviar-me os contactos do seu avô, também ele ex-combatente na Guiné, que, segundo crê, teria sido mobilizado durante a segunda metade dos anos sessenta.

Coincidindo com o aniversário da «Tabanca Grande», que aproveitei para o referir, os conteúdos do blogue foram também utilizados como “pano de fundo”, por um lado, para complementar algumas das minhas abordagens e, por outro, como fonte de informação privilegiada para a elaboração dos trabalhos que os alunos terão de apresentar no âmbito da Disciplina de História, e na sequência desta Reunião plenária.

Creio que os jovens e as jovens ficaram satisfeitas com o que ouviram… Vamos ver o que nos reservam os seus trabalhos finais.

Para encerrar este texto, ao jeito de ‘reportagem’, apresento acima duas fotos [nºs 2 e 3] que me foram cedidas relacionadas com o evento.

Com um forte abraço de amizade.
Jorge Araújo.
27ABR2018
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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18446: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (54): A "mindjer grandi" Maria da Graça de Pina Monteiro, nascida em 1900, e que viveu em Bafatá e depois em Bissau... Conhecida pela Mariquinha, era casada com um chefe de posto português, sr. Eiras (Vieira), e tinha 3 filhas, e entre elas a Judite e a Linda Vieira... "Meus amigos da Tabanca Garandi, alguém por acaso chegou de conhecer algum membro dessa família?" (Ludmila Ferreira)

domingo, 14 de agosto de 2011

Guiné 63/74 - P8669: Efemérides (75): 104.º aniversário de Miguel Torga (Felismina Costa)

1. Mensagem da nossa amiga e tertuliana Felismina Costa *, com data de 11 de Agosto de 2011:

Caro Editor e amigo Carlos Vinhal
Comemorando-se amanhã dia 12 de Agosto mais um aniversário de Miguel Torga, pensei prestar-lhe uma pequena homenagem, transcrevendo dele um pequeno texto e um poema, pois é mais um dos meus poetas preferidos.
Torga, é um dos Homens com quem gostava de ter falado!
Aos que possam não gostar peço desculpa, mas corremos sempre o risco de estarmos em desacordo.

Aceito seja qual for a sua decisão.

Um abraço para si e a toda a tertúlia.
Felismina Costa


Coimbra, 22 de Novembro

Dizia Torga, no seu Diário V, a páginas 59:

Não rezo. Mas, se rezasse, a minha prece seria esta: dai-me forças, Senhor, para continuar a ter a coragem da franqueza absoluta. Que não fique dentro de mim nenhuma palavra oculta por cobardia. Que a minha pena seja o meu coração a deixar no papel o gráfico de todas as suas pulsações. E que os meus livros me testemunhem como retratos sem nenhum retoque, fiéis e terríveis como a própria verdade:

Portugal

Avivo no teu rosto o rosto que me deste
E torno mais real o rosto que te dou.
Mostro aos olhos que não te desfigura
Quem te desfigurou.
Criatura da tua criatura,
Serás sempre o que sou.


E sou a liberdade de um perfil
Desenhado no mar.
Ondulo e permaneço.
Cavo, remo, imagino,
E descubro na bruma o meu destino
Que de antemão conheço:

Teimoso aventureiro da ilusão,
Surdo às razões do tempo e da fortuna,
Achar sem nunca achar o que procuro,
Exilado
Na gávea do futuro,
Mais alta ainda do que no passado.

Miguel Torga, in ”Diário X”

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Biografia

Adolfo Correia da Rocha nasceu em S. Martinho de Anta, concelho de Sabrosa (Vila Real), a 12 de Agosto de 1907 e faleceu em Coimbra, a 17 de Janeiro de 1995.

Adopta o pseudónimo de MIGUEL TORGA porque eu sou quem sou. Torga é uma planta transmontana, urze campestre, cor de vinho, com as raízes muito agarradas e duras, metidas entre as rochas. Assim como eu sou duro e tenho raízes em rochas duras, rígidas, Miguel Torga é um nome ibérico, característico da nossa península. Pesou também na escolha do pseudónimo a influência de dois grandes escritores espanhóis: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno.

Depois de ter concluído a 4ª classe “com distinção”, o pai disse-lhe: tens de escolher ... aqui não te quero. Por isso resolve: ou o seminário de Lamego ou Brasil.
Daí a pouco tempo lá ia o rapaz rumo a Lamego: ia na frente, de fato preto, montado, a segurar o baú de roupa que levava diante de mim. Meu pai e minha mãe vinham atrás, a pé, ele com os ferros da cama às costas e ela de colchão e cobertores à cabeça", contará mais tarde em A Criação do Mundo. Aí permanece um ano. Durante as férias, e para grande satisfação da mãe, apoia a realização de eucaristias. Mas a sua decisão era outra. O Brasil passa a ser a única saída e para lá parte em 1920. Ficou em casa de uma tia que lhe impôs como obrigação, em todos os dias, carregar o moinho, mungir as vacas que davam leite para a casa, tratar dos porcos, prender as crias das vacas, curar bicheiros e procurar pelos matagais as porcas e as reses paridas. Um ano depois estava de regresso a Portugal.

O tio do Brasil prontificara-se a fazer dele um médico, custeando-lhe os estudos em Coimbra. Licencia-se em Medicina, aos 24 anos, especializando-se em Otorrinolaringologia. Começa por exercer clínica geral na sua aldeia mas a experiência foi negativa. Segue-se Leiria, uma cidade que gostava, mas, por causa das tipografias, optou por voltar a Coimbra.
O material que manda para a tipografia leva vários remendos colados uns sobre os outros. Chegam a ter umas sete e oito colagens. Por causa de uma vírgula é capaz de passar uma noite sem dormir...
Casou com a belga André Cabrée, professora universitária em Coimbra: vou tentar ser bom marido, cumpridor. Mas quero que saibas, enquanto é tempo, que em todas as circunstâncias te troco por um verso, confessará, em A Criação do Mundo V.
Foi na cidade de Coimbra, onde viveu e exerceu, durante largos anos, a sua actividade clínica – situação em que usava sempre o mesmo ritual: uma bata branca – a par de uma intensa e contínua produção literária, que o escritor se afirmou, quer em Portugal, quer no estrangeiro, como um dos grandes cultores da língua portuguesa.
Chega a ser preso pela PIDE, tendo algumas vezes vontade de sair do país: Mas abandonar a Pátria com um saco às costas? Para poder partir teria de meter no bornal o Marão, o Douro, o Mondego, a luz de Coimbra, a biblioteca e as vogais da língua. Sou um prisioneiro irremediável numa penitenciária de valores tão entranhados na minha fisiologia que, longe deles, seria um cadáver a respirar.

Nunca se filiou em partido algum: o meu partido é o mapa de Portugal.

OBS: - Retirado do site da Câmara Municipal de Coimbra, com a devida vénia.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 2 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8630: Blogpoesia (155): Pôr-do-sol alentejano (Felismina Costa)

Vd. último poste da série de 4 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8637: Efemérides (53): O malfadado mês de Agosto de 1964 (António Bastos)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4188: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (9): Em São Leonardo de Galafura, com o Zé Manel e o António Pimentel (Luís Graça)

Peso da Régua > Galafura > São Leonardo de Galafura > 12 de Abril de 2009 > A Maria Alice, num dos mais magníficos miradouros da nossa terra, cantado por Miguel Torga (*)...

Peso da Régua > Galafura > São Leonardo de Galafura > 12 de Abril de 2009 > Em primeiro plano, a Maria Alice, o António Pimentel e o Zé Manel... Daqui vê-se cinco distritos, garante o nosso guia...


Peso da Régua > Galafura > São Leonardo da Galafura > c. 640 metros > c. 16h00 > Um dos mais deslumbrantes miradouros de Portugal. E que nos fazem gostar desta bela terra onde não escolhemos nascer... Em mil anos de existência dos tugas, muitos têm dado cabo dela, a pouco e pouco... (não só os políticos, os autarcas, os construtores civis, os especuladores imobiliários, os engenheiros, os arquitectos, mas os proprietários...), Há cada vez mais alcatrão e cimento por esse Portugal que amamos... Aqui a paisagem ainda é despojada e austera, imponente e arrebatadora, uma simbiose perfeita entre a natureza e a cultura, o rio e as encostas que o apertam, a flora, a fauna, o homem, a história e as vinhas... Estamos em pleno Alto Douro Vinhateiro, Património da Humanidade desde 2001.

É um dos miradouros dos que constam na minha lista dos top ten. Lá em baixo, o mítico Rio Douro... À volta, o Portugal profundo, cinco distritos... Cá em cima, junto à capelinha de São Leonardo, eu, a Alice, o meu amigo Arq José Paradela, os nossos camaradas Zé Manel e António Pimentel, e ainda um amigo e antigo colega de trabalho do Zé Manuel, que veio passar com ele a Páscoa, e que vive em Campo Benfeito, Castro Daire, na Serra de Montemuro... (Tal como o António Pimentel, que é da Figueira, vive no Porto e já é habitué da Quinta da Senhora da Graça).

Domingo de Páscoa, dia 12 de Abril... Viajando de Candoz, Marco de Canaveses, até à Régua, ao longo do Rio Douro, fomos almoçar, mais um casal amigo, ao restaurante Castas & Pratos, instalado num dos antigos e soberbos armazéns da CP, junto à estação. Aí desafiei o Zé Manel para beber um café e levar-nos ao São Leonardo...

Escusado será dizer que a refeição foi acompanhada com um magnífico, voluptuoso, encorpado Vinho Tinto Douro DOC Penedo do Barco 2005, uma obra-prima saída das mãos do Zé Manel, da Luísa Valente Lopes e do filho do casal, o jovem e talentoso enólogo Vasco Lopes...

Nem a hora nem o dia (com núvens...) era oa melhores, mas São Leonardo merece uma outra e outra visita, em próximas oportunidades: seguramente, de manhã cedo; seguramente, ao fim do dia; seguramente no Outono, depois das vindimas, "com as parras coloridas" (Josema)...

Miguel Torga, o grande escritor nascido em Sabrosa (São Martinho de Anta), tal como a nossa camarada Giselda Pessoa, tinha aqui , em São Leonardo da Galhafura, um dos seus locais de refúgio e de meditação... Ninguém como ele soube cantar este miradouro, onde é obrigatório ir para limpar a vista e a reconfortar a alma...


Peso da Régua > Galafura > São Leonardo de Galafura > 12 de Abril de 2009 > Um dos azulejos com as celebradas palavras de Miguel Torga...

"O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza. Socalcos que são passados de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor pintou ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis de visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta». É desta forma que o médico e escritor transmontano Miguel Torga [1907-1995] descreve o local de São Leonardo de Galafura, no concelho do Peso da Régua, no «Diário XII»

Peso da Régua > Galafura > São Leonardo de Galafura > 12 de Abril de 2009 > Azulejo com o poema de Miguel Torga, afixado na parede da capelinha local, dedicada ao culto de São Leonardo...

São Leonardo da Galafura

À proa dum navio de penedos,
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino.

Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.

Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho!


Miguel Torga

Vídeo e fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservados

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Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 21 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3921: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (8): Um poema chinês do Séc. VIII com dedicatória à malta de Matosinhos (A. Graça de Abreu)