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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16783: Inquérito 'on line' (88): A malta fazia alguma batota a nível de pelotão, sobretudo no que dizia respeito aos locais de emboscada... [Mário Pinto, ex-fur mil at art, CART 2519 (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71); e José Manuel Cancela (ex-sold apont metralhadora, CCAÇ 2382, (Bula, Buba, Aldeia Formosa, Nhala, Contabane, Mampatá e Chamarra, 1968/70)]


Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa (Quebo) > ..CART 2519, "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71) > A primeira secção do fur mil at art Mário Pinto.

Foto (e legenda): © Mário Pinto(2009). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Dois comentários ao poste P16780 (*)


(i) Mário Pinto [ex-fur mil at art, 

CART 2519, "Os Morcegos de Mampatá" (Buba,  Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71)]

Não posso confirmar se alguma vez houve batota na ninha companhia, a  CART. 2519,  e se o que vou expor pode ser considerado batota.

No princípio da nossa comissão,  depois da construção da nova estrada Buba-Aldeia Formosa em 1969, fomos colocados em Mampatá e tinhamos como principal missão a contra-penetração do corredor de Missirá. 

Todos os dias um Gr.Com,  reforçado com milicias e uma secção do Pelotão de Caçadores Nativos, deslocava-se para um local previamente determinado afim de emboscar por um período de 24 horas. Ao princípio foi cumprido na integra,  apesar das contrariedades que tinhamos com várias situações que aconteciam ao longo do período que nos era destinado à permanência no local. (necessidades fisiológicas, ansiedades por diversos motivos, mosquitada, calor abundante, saturação, etc.).

Tudo isto e mais algumas coisas não permitiam que a emboscada tivesse sucesso porque,  derivado ao desassossego que se apoderava dos militares emboscados,  permitia ao IN detectar-nos a longa distância e assim abortare a passagem no local ou atacarem-nos, (facto que por acaso nunca aconteceu, não sei porquê). 

Quero dizer com isto que,  uns tempos mais tarde,  começamos por nossa iniciativa a contrariar as ordens da missão. Ficávamos no corredor as primeiras horas e retirávamos para outro local, quando o pessoal começava no desassossego, mas sempre próximos do nosso objectivo, local em que pudessemos controlar a área envolvente ao nosso objectivo. 

Até porque o comandante de operações de Aldeia Formosa, na altura o major Pezarat Correia,  tinha por hábito meter-se numa DO e ir inspeccionar o local onde se encontravam as tropas. ( Eu tinha por hábito dizer que o Major andava a mostrar ao IN onde nós nos encontrávamos emboscados, mas isso é outra história.)

Apesar deste esquema engendrado por nós, conseguimos ter vários êxitos de capturas de material, como consta no nosso historial. O nosso capitão  só veio a saber deste esquema quase no fim da nossa comissão, porque esteve sempre convicto que nós passávamos as 24 horas no local pré estabelecido.



(ii) José Manuel Cancela [ex-soldado apontador de metralhadora, CCAÇ 2382, Bula, Buba, Aldeia Formosa, Nhala, Contabane, Mampatá e Chamarra, 1968/70]

Havia batota a nível de pelotão.

Por mais que uma vez saíamos do Quartel, com chuva e trovão, para irmos emboscar a três
quilómetros.

Passada a pista de aviação,fora do arame farpado, embrenhávamo-nos na mata,e era aí que passavamos o tempo.

Parece-me que todos o faziam, a nível de pelotão.
_______________

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16780: Inquérito 'on line' (87): A "batota" que fazíamos quando em operações, no mato: a votação termina no domingo, dia 4, às 18h42... E já temos 28 respostas: "emboscar-se perto do quartel" (50%) é a forma mais referida, seguida de "começar a 'cortar-se', com o fim da comissão à vista" (46%)... Comentários: José Martins, César Dias, Rogério Cardoso



Guiné  > Região do Oio > Bissorã > CART 643/BART 645 (Bissorã, 1964/66) > "Roncos": armas apreendidas ao IN, numa operação com a CCaç 564 . Fotos do álbum do fur mil manut Rogério Cardoso,  A CART 643 teve 7 Cruzes de Guerra e dezenas de louvores. (*)

Fotos (e legendas): © Carlos Brito / Rogério Cardoso (2009). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




I. INQUÉRITO 'ON LINE':

"A BATOTA QUE FAZÍAMOS NA GUERRA"... ASSINALAR UMA OU MAIS FORMAS




Resultados preliminares (n=28 respostas, até ao meio dia de hoje)

As formas mais frequentes de 'batota'...


2. Emboscar-se perto do quartel > 14 (50%)

17. Começar a “cortar-se", com o fim da comissão à vista > 13 (46%)


1.“Acampar” na orla da mata, ainda longe do objetivo  > 9 (32%)

10. Falsas justificações para perda de material  > 9 (32%)

3. “Andar às voltas” para fazer tempo  > 8 (28%)

16. Falsificar o relatório da ação  > 8 (28%)

14. Simular problemas de saúde  > 6 (21%)


As formas menos frequentes de 'batota'...

6. Alegar dificuldades de ligação com o PCV  > 5 (17%)

9. Sobrevalorizar o nº de baixas causadas ao IN  > 5 (17%)

11. Reportar “enganos” do guia nos trilhos  > 5 (17%)

15. Regresso antecipado ao quartel p/ alegados problemas de saúde> 5 (17%)

18. Outras formas  > 5 (17%) 

4. Evitar o contacto com o IN (não abrindo fogo)  > 4 (14%)

7. Enganar o PCV sobre a posição das NT  > 4 (14%)

8. Outros problemas de transmissões  > 3 (10%)

5. Provocar o silêncio-rádio  > 2 (7%)


As formas de 'batota' ainda não referidas...

12. Deixar fugir o guia-prisioneiro  > 0 (0%)

13. Liquidar o guia-prisioneiro  > 0 (0%)


II Os três primeiros comentários dos nossos camaradas (**):



(i) José Marcelino Martins

Por serem muitas as operações desenvolvidas, por muitas subunidades, agora podem contar-se "por muitas" as batotas feitas.

Uma das causas mais apontadas, eram as transmissões que, por "esgotamento dos equipamentos" e as más condições de propagação rádio, [falhavam por vezes].

Ao ler os relatórios das operações, somos obrigados a "relembrar" algumas habilidades.


(ii) Cesar Dias

Na resposta nº 17ª  estão inseridas várias das primeiras, mas era sempre um risco não cumprir o objectivo, principalmente quando as coisas corriam mal e era necessário bater a zona com os obuzes. Isto aconteceu.


(iii) Rogério Cardoso

Pouco tempo depois da chegada à Guiné,  em 1964, soubemos de uma bronca, que se passou numa companhia, pertencente ao BCAV  490, e que serviu de exemplo ao BART 645, Águias Negras. Um comandante de  secção saiu com os seus homens para uma patrulha, mas passados 1 ou 2 km, simularam uma emboscada, sendo "a arma do inimigo a FBP", e claro voltaram para o quartel, que salvo erro era em Farim, a correr.

O cmdt do BCAV 490, Fernando Cavaleiro, que era um grande conhecedor da matéria, quis ir ao local, e assim aconteceu. Deparou com as cápsulas de 9 m/m com a inscrição Braço de Prata [BP] e,  como o crime nunca é perfeito, apanhou o infrator logo à primeira.

Segundo me contaram, mandou reunir a companhia  ou o batalhão  e deu um par de bofetadas no furriel, não sabendo eu se ele foi despromovido ou não.

Ora bem, foi esta história,  que não tenho a certeza se foi veridica, que nos chamou à atenção, e posso garantir que pelo menos a CART 643, cumpriu a 100% todas as ordens do seu valoroso cap.Ricardo Silveira,,,

Só não cumpriu a entrega dos prisioneiros na sede do batalhão,  porque os primeiros apanhámo-los pouco tempo depois com armas na mão, tendo o nome de recuperados. Então eramos nós que faziamos o interrogatório, para as saidas serem o mais rápido possivel.

Portanto o questionário,  para nós,  não se aplica.

PS _ Desculpem, mas acrescento mais, aos militares da CART 643, foram atribuidas 7 Cruzes de Guerra e dezenas de louvores, atribuidos pelo Com de Sector, tudo isto não foi conquistado com "ronha".

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(**) Últimos postes da série:

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16775: Inquérito 'on line' (86): A "batota" que fazíamos quando em operações, no mato: depois do 25 de abril de 1974, continuávamos a fazer patrulhamentos ofensivos, encontrávamos gente do PAIGC que vinha "visitar família no Bissorã", "partíamos mantenhas" e depois lá seguíamos à procura... do "turra"!... Além de cansados, sentíamo-nos "ridicularizados"... (Henrique Cerqueira, ex-fur mil, 3.ª CCAÇ/BCAÇ4610/72, e CCAÇ 13, Biambe e Bissorã, 1972/74)



Foto nº 1


Foto nº 2 


Foto nº 3 


Guiné > Região do Oio > Bissorã > CCAÇ 13 (1969/74) > Pós 25 de abril de 1974 > Os primeiros (re)encontros, pacíficos, entre as NT e os guerrilheiros do PAIGC (fotos nºs, 1 e 2). Na foto nº 3, vê-se em primeiro plano o Henrique Cerqueiro, saindo em patrulhamento ofensivo com um Gr Comb da CCAÇ 13. 

Recorde-se que o Cerqueira esteve, como fur mil, no TO da Guiné, desde finais de novembro de1972 até inícios de julho de 1974, primeiro na 3ª CCAÇ / BCAÇ 4610/72 e depois na CCAÇ 13. 

Fotos ( e legendas): © Henrique Cerqueira (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário, ao poste P16769 (*), 
de Henrique Cerqueira [, ex-fur mil, 3.ª CCAÇ/BCAÇ4610/72, e CCAÇ 13, Biambe 
e Bissorã, 1972/74; vive no Porto]:


Em determinada altura , ou seja, já em data posterior a Abril de 74 e já depois de haver encontros com os combatentes do PAIGC, encontros amigáveis,  o nosso comando continuava a enviar grupos de combate em missões  de patrulhamento ofensivo,  ao interior do mato, tal como no tempo em que a guerrilha estava activa.

A malta, para além de estar no fim da comissão,  achava ridículo esses patrulhamentos, pois que começou  a ser comum encontramos, várias vezes,  a meio do caminho, pequenos grupos de combatentes do "IN" que vinham visitar familiares a Bissorã. (**)

E até tinha alguma graça porque quando nos encontravamos e,  após os cumprimentos de cortesia entre os dois "inimigos",  era costume nós perguntarmos onde é que eles iam. E eles respondiam que iam "visitar família no Bissorã".  Então eles nos perguntavam o que fazíamos nós por ali,  em pleno mato e longe do aquartelamento. Nós, em jeito de "gozo",  respondíamos que andávamos em busca de "turra".  E lá partíamos para lados opostos,  cansados e com a sensação de estarmos a ser ridicularizados.

Vai daí,  e até ser verificado pelas nossas altas patentes que naquela altura seriamos mais úteis na zona de aquartelamento,  a malta de quando em vez  lá acampava nas proximidades sem dar muita bronca e assim evitar algum cansaço e quem sabe alguma mina esquecida nos trilhos.

Mais tarde,  e devido a alguma "rebaldaria" da época revolucionária que se estava a instalar na população civil,  veio a ser muito útil acabar com os patrulhamentos na mata, passando antes a ser feitos dentro da localidade. 

Outra das medidas ridículas era,  na época de guerra e de quando em vez, o comandante de Batalhão em determinadas operações enfiar-se numa DO-27  [, o famoso PCV, posto de comando volante]...  Ía a determinado ponto do local da operação e mandava via rádio a malta se pôr na vertical. Isto e só porque o Comandante não tinha mesmo a noção do risco em que punha a malta ao obedecer a tão ridícula ordem.

Após o aparecimento dos mísseis [Strela] deixaram por completo de fazer esses "voos turísticos" no teatro de guerra. Era por isso que  havia alturas em que a malta cá em baixo tinha mesmo que improvisar alguns malabarismos e enganar (?) os senhores estrategas.

Um abraço, Henrique Cerqueira

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Nota do editor:



(**) Vd. poste de 3 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10220: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (12): Os primeiros encontros, em Bissorã, com o inimigo de ontem (Henrique Cerqueira, ex-fur mil, CCAÇ 13, 1973/74)

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16769: Inquérito 'on line' (85): A "batota" que fazíamos quando em operações, no mato: quais as formas mais usadas ? Responder até domingo, dia 4 de dezembro, às 18h42


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bambadinca > CCS/BART 2917 (1970/72) > s/d > s/l > Patrulhamento ofensivo no subsetor de Bambadinca, talvez nas imediações de uma tabanca, do regulado de Badora.  Foto do álbum do fur mil op esp Pel Rec Info, Benjamim Durães.

Foto: © Benjamim Durães (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné]


I. INQUÉRITO 'ON LINE': 

"A BATOTA QUE FAZÍAMOS NA GUERRA"... ASSINALAR UMA OU MAIS FORMAS

O prazo termina a 4/12/2016, domingo, às 18h42. 

A pergunta admite mais do que uma resposta. 

Votar diretamente "on line" no canto superior esquerdo do nosso blogue. 

Aqui vai a lista de possíveis respostas (formas conhecidas, no TO da Guiné, de "fazer batota" por parte dos operacionais no mato):

1. “Acampar” na orla da mata, ainda longe do objetivo

2. Emboscar-se perto do quartel

3. “Andar às voltas” para fazer tempo
 
4. Evitar o contacto com o IN (não abrindo fogo)
 
5. Provocar o silêncio-rádio

6. Alegar dificuldades de ligação com o PCV [ponto de comando volante, geralmente em DO 27]

7. Enganar o PCV sobre a posição das NT

8. Outros problemas de transmissões

9. Sobrevalorizar o nº de baixas causadas ao IN

10. Falsas justificações para perda de material

11. Reportar “enganos” do guia nos trilhos

12. Deixar fugir o guia-prisioneiro
 
13. Liquidar o guia-prisioneiro

14. Simular problemas de saúde

15. Regresso antecipado ao quartel por alegados problemas de saúde
 
16. Falsificar o relatório da ação

17. Começar a “cortar-se", com o fim da comissão à vista

18. Outras formas



II. Este tema acaba por ser sugerido pelo nosso camarada António Duarte, num recente comentário que fez ao poste P16762 (*):




António [João Fernandes] Duarte, ex- fur mil at art,  CART 3493 / BART 3873, e  CCAÇ 12, Mansambo, Bambadinca e Xime, 1971/74; economista, bancário reformado, formador  com larga experiência em Portugal e Angola na área das operações bancárias. Esteve na CCAÇ 12,  de novembro de 1972 a março de 1974, em  rendição individual.

Impressionante a dor que se percebe no texto da mensagem enviada. Aquela referência de que teria "acampado" antes do objetivo, se não estivesse presente outra unidade, menciona uma prática corrente, (pelo menos no meu tempo dez 71 a jan 74).

Curiosamente não me recordo do assunto tratado no nosso blogue.(**)

Já agora recordo uma emboscada que a CCaç 12 teve perto de Madina Colhido, em 1973, onde apanhámos, com surpresa, para as duas partes, um grupo do PAIGC, que supostamente iria atacar o Xime.  

Parámos praticamente, logo que o último homem da coluna deixou de avistar o quartel. Iam dois pelotões. A operação era para ser feita através de "rádio". Explicando melhor, à medida que o tempo ia passando,  informava-se o aquartelamento da nossa falsa posição, "percorrendo-se" todo o itinerário. 

Riscos deste procedimento, era os obuses fazerem fogo para locais onde estava a nossa tropa. 

Suponho que até ao nível de capitão todos percebíamos o tema, pelo que nada de grave aconteceu... que seja do meu conhecimento.

Abraços a todos e renovando a memória dos camaradas que tombaram nesse malfadado dia [26/11/1970].

António Duarte
CArt 3493 e CCaç 12
(Mansambo, Bambadinca e Xime, 1971/74)
_________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 26 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16762: Efemérides (240): a Op Abencerragem Candente, 6 mortos, 9 feridos graves... Faz hoje 46 anos... Msn do antigo cmdt da CART 2715, Vitor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014), em 2/3/2012, dois anos antes de morrer, dizendo: "Ando a viver o inferno do Xime"...

(...) [Você] sabe tudo [o] que fiz para evitar a tal op[eração]…
Sem a CCAÇ 12 talvez tivesse “acampado” [sic]
em Gundague Beafada.
Não existia estrada [Xime-Ponta do Inglês]….
Era tudo mata densa…
Qual dispositivo [?!].
Aceito que o estado maior do CACO [sic]
tenha feito relatório
[, incriminando-me,]
porque não denunciei [a] discussão c[om] Anjos [sic]
[, 2º cmdt do BART 2917]. (...)