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terça-feira, 20 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17492: Convívios (813): Irmãos, camaradas e amigos do saudoso cap cav Luís Rei Vilar (1941-1970) (cmdt, CCAV 2538, 1969/71) honram a sua memória e divulgam o projeto Kassumai (de apoio à escola de Suzana) em jantar-convívio no próximo dia 25, em Cascais. Aceitam-se inscrições até ao fim do dia de hoje


Guiné > Região do Cacheu > Susana > CCAV 2358 (1969/71) > Natal de1969 > Último Natal e provavelmente a última ou uma das últimas fotos do Cap Cav Luís Filipe Rei Vilar, comandante da CCAV 2538 / BCAV 2876, unidade de quadrícula de Susana (1969/71), que morreu, em combate, em circunstâncias que nunca foram cabalmente esclarecidas pelo Exército, na sequência de uma operação contra o PAIGC, a Op Cassum, na fronteira com o Senegal, no dia 18 de Fevereiro de 1970. Nesse dia ainda foi evacuado, de Susana para Bissau, para o HM 241, de heli (pilotado pelo nosso camarada Jorge Félix). O malogrado oficial foi substituído pelo Cap Cav Rogério da Silva Guilherme.

Outras subunidades do BCAV 2876: CCAV 2539 (S. Domingos) e CCAV 2540 (Ingoré). 

Foto cedido por Rogério Pedro Martins, que estava em Susana nesta altura. O Miguel Vilar falou também com o ex-fur mil Enf Jesus, que vive em Mértola, e que estava a dois metros do seu capitão, quando este foi atingido. O Afonso conseguiu o número de telemóvel do Jesus, o que permitiu ao Miguel contactá-lo.

Fotos: © Rosário Pedro Martins / Miguel Vilar / Duarte Vilar (2010). Direitos reservados. [Editadas por L.G.]



1. Mensagem de Duarte Rei Vilar, com data de 4 do corrente, enviada para a caixa de correio do nosso editor Luís Graça na Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA e Lisboa. Por lapso, só hoje teve conhecimento do email:

Caro Luís

Eu e os meus irmãos iremos realizar um jantar /encontro (*) no dia 25 de Junho. Vamos contar à família e amigos a nossa viagem e, sobretudo, captar novos apoios para o Projeto Kassumai, um projeto de apoio às crianças de Susana e à escola que o meu irmão [, cap cav Luís Gilipe Rei Vilar, cmdt da comandante da CCAV 2538 / BCAV 2876, unidade de quadrícula de Susana (1969/71) ] (**), construiu, na altura em que lá esteve.

Gostávamos muito que estivesses presente e podes também divulgar no blogue e na Tabanca Grande.

Junto envio-te o convite. Espero que possas vir.

Um grande abraço
Duarte Rei Vilar
_____________


(**) Filhos da Escola do Exército e da Academia Militar, mortos pela Pátria:

Campanha do Ultramar 1961 - 1974

Cap. Inf. Abílio Eurico Castelo da Silva

Ten. Inf. Jofre Ferreira dos Prazeres

Alf. Pqd. Manuel Jorge Mota da Costa

Ten. Cav. Jorge Manuel Cabeleira Filipe

Ten. Pil. Av. António Seabra Dias

Ten. Inf. Casimiro Augusto Teixeira

Ten. Pil. Av. Carlos António Alves

Ten Pqd. Luís Ramos Labescat da Silva

Alf. Inf. Helder Luciano de Jesus Roldão

Cap. Inf. Óscar Fernando Monteiro Lopes

Cap. Cav. António Lopo Machado do Carmo

Cap. Inf. Isidoro de Azevedo Gomes Coelho

Cap. Inf. António Afonso da Silva Vigário

Cap. Inf. Cirilo de Bismarck Freitas Soares

Cap.Inf. Francisco Xavier Pinheiro Torres de Meireles

Ten. Inf. Manuel Bernardino da Silva Carvalho Araújo

Cap. Pqd. Luís António Sampaio Tinoco de Faria

Alf. Inf. José Manuel Ribeiro Baptista

Cap. Inf. José Jerónimo da Silva Cravidão

Ten. Pil. Av. Manuel Malaquias de Oliveira

Alf. Inf. Augusto Manuel Casimiro Gamboa

Alf. Cav. Estevão Ferreira de Carvalho

Cap. Inf. Artur Manuel Carneiro Geraldes Nunes

Alf. Art. Henrique Ferreira de Almeida

Cap. Inf. Adelino Oliveira Nunes Duarte

Cap. Cav. Luís Filipe Rei Vilar

Maj. C.E.M. Raúl Ernesto Mesquita da Costa Passos Ramos

Maj. Inf. Alberto Fernando de Magalhães Sousa Osório

Maj. Art. Joaquim Pereira da Silva

Cap. Cav. Jaime Anselmo Alvim Faria Afonso

Cap. Inf. Fernando Assunção Silva

Cap. Art. Pedro Rodrigo Branco de Morais Santos

Ten. pil. Av. Cláudio Santos Pereira Ascenção

Ten. Pil. Av. Rui Fernando Movilla de Matos André

Ten. Cor. Pil. Av. José Fernando de Almeida Brito

Maj. Pil. Av. Fernando José dos Santos Castelo

Maj. Pqd. Manuel António Casmarrinho Lopes Morais

Cap. Pil. Av. António Caetano Abrantes

Cap. Pil. Av. Custódio Janeiro Santana

Cap. Pil.Av. António Figueiredo Rodrigues

Cap. inf. António Alberto Rita Bexiga

Cap. Pil. Av. Herminio da Silva Baptista

Maj. Inf. Jaime Frederico Mariz Alves Martins

Cap. Pil. Av. Hugo de Assunção Ventura

Ten. Cor. Art. Nuno Álvares Pereira

Ten. Pil. Av. Emilio José Alves Lourenço

Cap. Pqd. João Manuel da Costa Cordeiro

Cap. Pil. Av. Fernando Fernandes

Alf. Cav. Luís António Andrade Âmbar

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15145: Memória dos lugares (320): Academia Militar, Palácio da Bemposta, Lisboa, visita no âmbito do Festival Todos 2015 (Parte I)













Lisboa > Academia Militar > Palácio  da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha  > Festival Todos , 7ª  edição, 2015 > 12 de setembro de 2015 >  Visita guiada, pelo cor art Vitor Lourenço, professor da Academia Militar >

Painéis de azulejos, no "hall" de entrada do palácio, representando as várias armas (c. 1918). Autoria do  pintor português Jorge Colaço (Tânger, 1868 — Caxias, 1942), mais conhecido por ser autor  dos azulejos da estação de São Bento no Porto (1903), entre muitos outros paineis de azulejos espalhados por diversos edifícios e lugares, em Portugal e lá fora. (*)



Lisboa > Academia Militar > Palácio  da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha  > Fachado do palácio.


Lisboa > Academia Militar > Palácio  da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha  > Busto, no exterior, a Catarina de Bragança (1638-1705), rainha consorte de Inglaterra (1662-1685), pelo seu casamento Carlos II, da casa dos Stuart. Foi ela que mandou constrfuir o palácio da Bemposta.


Lisboa > Academia Militar > Palácio  da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha  > Espaço interior



Lisboa > Academia Militar > Palácio  da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha  >  Palestra do cor art ref Vítor Lourenço sobre o palácio, a sua fundadora e os azulejos de Jorge Colaço.




Lisboa > Academia Militar > Palácio  da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha  > Festival Todos , 7ª  edição, 2015 > 12 de setembro de 2015 >  Visita guiada, pelo cor art ref Vitor Marçal Lourenço, professor da Academia Militar.

É aqui a sede da Academia Militar (,  antiga Escola do Exército,  fundada en 1837), que  tem como patrono o general Bernardo de Sá Nogueira, Marquês de Sá da Bandeira. Há também  um polo na Amadora.

O seu lema é: "Dulce et decorum est pro Patria mori"  (É doce e honroso morrer pela Pátria). Na escadaria de acesso ao piso superior (biblioteca. museu, galeria de comandantes...) estão inscritos os nomes dos antigos alunos mortos durante a guerra colonial (1961/74), nos vários teatros de operações. Publica-se abaixo a lista dos "filhos da Escola do Exército e da Academia Militar", falecidos na "campanha do ultramar, 1961-74)(**)

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados.

____________________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 20 de setembro de  2015 > Guiné 63/74 - P15132: Memória dos lugares (319): Cais do Xime no tempo da CART 2520 (José Nascimento, ex-Fur Mil)


(**) Mortos na Campanha do Ultramar . 1961 - 1974 (alguns dos quais no TO da Guiné, e com "marcador" próprio no nosso blogue):

Cap. Inf. Abílio Eurico Castelo da Silva

Ten. Inf. Jofre Ferreira dos Prazeres

Alf. Pqd. Manuel Jorge Mota da Costa

Ten. Cav. Jorge Manuel Cabeleira Filipe

Ten. Pil. Av. António Seabra Dias

Ten. Inf. Casimiro Augusto Teixeira

Ten. Pil. Av. Carlos António Alves

Ten Pqd. Luís Ramos Labescat da Silva

Alf. Inf. Helder Luciano de Jesus Roldão

Cap. Inf. Óscar Fernando Monteiro Lopes

Cap. Cav. António Lopo Machado do Carmo

Cap. Inf. Isidoro de Azevedo Gomes Coelho

Cap. Inf. António Afonso da Silva Vigário

Cap. Inf. Cirilo de Bismarck Freitas Soares

Cap.Inf. Francisco Xavier Pinheiro Torres de Meireles

Ten. Inf. Manuel Bernardino da Silva Carvalho Araújo

Cap. Pqd. Luís António Sampaio Tinoco de Faria

Alf. Inf. José Manuel Ribeiro Baptista

Cap. Inf. José Jerónimo da Silva Cravidão

Ten. Pil. Av. Manuel Malaquias de Oliveira

Alf. Inf. Augusto Manuel Casimiro Gamboa

Alf. Cav. Estevão Ferreira de Carvalho

Cap. Inf. Artur Manuel Carneiro Geraldes Nunes

Alf. Art. Henrique Ferreira de Almeida

Cap. Inf. Adelino Oliveira Nunes Duarte

Cap. Cav. Luís Filipe Rei Vilar

Maj. C.E.M. Raúl Ernesto Mesquita da Costa Passos Ramos

Maj. Inf. Alberto Fernando de Magalhães Sousa Osório

Maj. Art. Joaquim Pereira da Silva

Cap. Cav. Jaime Anselmo Alvim Faria Afonso

Cap. Inf. Fernando Assunção Silva

Cap. Art. Pedro Rodrigo Branco de Morais Santos

Ten. pil. Av. Cláudio Santos Pereira Ascenção

Ten. Pil. Av. Rui Fernando Movilla de Matos André

Ten. Cor. Pil. Av. José Fernando de Almeida Brito

Maj. Pil. Av. Fernando José dos Santos Castelo

Maj. Pqd. Manuel António Casmarrinho Lopes Morais

Cap. Pil. Av. António Caetano Abrantes

Cap. Pil. Av. Custódio Janeiro Santana

Cap. Pil.Av. António Figueiredo Rodrigues

Cap. inf. António Alberto Rita Bexiga

Cap. Pil. Av. Herminio da Silva Baptista

Maj. Inf. Jaime Frederico Mariz Alves Martins

Cap. Pil. Av. Hugo de Assunção Ventura

Ten. Cor. Art. Nuno Álvares Pereira

Ten. Pil. Av. Emilio José Alves Lourenço

Cap. Pqd. João Manuel da Costa Cordeiro

Cap. Pil. Av. Fernando Fernandes

Alf. Cav. Luís António Andrade Âmbar

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Guiné 53/74 - P13650: In Memoriam (195): Cap art Manuel Carlos da Conceição Guimarães (1938-1967), morto na estrada Geba-Banjara, região de Bafatá... As suas irmãs, Teresa e Ana descobrem agora, emocionadas, as referências sobre ele no nosso blogue e encontraram-se há dias, em Lisboa, com o A. Marques Lopes, seu amigo e companheiro de infortúnio



Guiné > Zona Leste > Geba > CART 1690 > 1967 > O Cap Art Manuel Carlos da Conceição Guimarães, então com 29 anos. Foi um dos 24 capitães mortos no TO da Guiné (*)



Guiné > Zona Leste > Geba > CART 1690 > 1967 > O Alf Mil A. Marques Lopes e o Cap Art Manuel Carlos da Conceição Guimarães.

Fotos: © A. Marques Lopes (2007). Todos os direitos reservados. [Edução: LG]

1. Texto do amigo e camarada, grã-tabanqueiro da primeira hora, A. Marques Lopes, coronel inf  (DFA) na situação de reforma, ex-alferes miliciano da CART 1690 (Geba, 1967) e da CCAÇ 3 (Barro, 1968) :


Saber tudo sobre a morte que fora apenas comunicada

por A. Marques Lopes

Creio que foi o marido da Teresa quem lhe disse, um dia, que até podia ser fácil saber referências sobre alguém. Bastava escrever o nome num motor de busca e, se ele estivesse na rede, era mais que certo aparecer o que lá houvesse sobre essa pessoa.

Ai é?... Então, deixa ver. Lembrou-se de escrever o nome do irmão, morto na Guiné: Manuel Carlos da Conceição Guimarães (**). Saltou-lhe o coração de espanto e emoção. Viu a fotografia dele num blogue chamado “Luís Graça & Camaradas da Guiné" (**). Depois de 47 anos estava ali, tal como se lembrava dele:


E o bom do Luís Graça escreveu-me:

«Vê este mail da irmã do teu antigo comandante e, se assim o entenderes, responde-lhe. Dá-nos depois "feedback". Um abração., Luis»

Tá bem. Entrei em contacto com a Teresa e disse-lhe que teria de ir a Lisboa e logo lhe diria quando, para nos encontrarmos. Trocámos alguns mails, entretanto.

Disse-me ela num deles:

«As marcas para todos os que estiveram nessa maldita guerra são com certeza imensas. A flor da nossa juventude despedaçada pela loucura de um velho fascista…. São factos que devem pesar diariamente na memória e nos pesadelos de quem por lá andou. A mim fez-me perder um irmão que eu adorava, que era o meu ídolo e que me deixou como que desamparada. Eu tinha 12 anos, não consegui ir ao funeral dele. Tenho na memória muita coisa que foi dita entre dentes, pois os meus pais tentaram preservar “as meninas” de pormenores que não eram para os nossos ouvidos. A minha mãe ficou de cama quase um ano, numa apatia que só quem passa por elas consegue perceber. Nunca mais a vi usar uma roupa colorida… Carrego na minha memória esses dias que ficaram marcados para sempre.»

E eu num dos meus:

«Durante vários anos, após aquilo, vinha-me à ideia, às vezes, que devia falar com as irmãs do capitão Guimarães. Era a necessidade subconsciente de estar com alguém muito próximo do amigo perdido. Mas acabava por esquecer, porque não tinha contactos. Era a desculpa para o receio de não saber contar o que não queria contar. Uma vez, até, tentei o contacto que sabia que podia ter: fui ao Hotel Tivoli e pedi para falar com a vossa tia Beatriz Costa. Não disse quem era nem para que era (as dúvidas do passo dado) e responderam-me pouco depois que ela estava indisponível, sem me dizerem porquê. Confesso que fiquei aliviado e não tentei mais. E também pensei neste nosso encontro agora programado. Já uma filha de um soldado lá morto me procurou, via internet. Também lhe mandei fotografias que tinha do pai e até lhe contei resumidamente por mail como ele tinha morrido. E ficámos por aí. Mas agora, com vocês, não ia ser assim. Para um encontro tão directo vieram-me novamente as dúvidas e os receios de entrar em pormenores, de dizer coisas que muita gente não entende ou não aceita, de criar inimizades em vez de aproximação. Interroguei-me se seria bom ir ao Hotel Real.»

Mas fui. No dia 22 à tarde, segunda-feira passada, e apesar das inundações, estive em Lisboa com a Teresa e a Ana, irmãs do capitão Guimarães, no Hotel Real, onde combináramos encontrar-nos.

Contei-lhes tudo em pormenor: como ele morreu, a estúpida quadrícula de 1.600 km2 na mata do Oio, também culpada pela morte dele. Contaram-me das boas lembranças e amor que mantinham pelo irmão: a Ana, que tinha 9 anos, lembrava-se de ele a enxotar quando ele estava ao telefone com uma namorada e ela encostada às pernas dele; a Teresa, com 12 anos, ficava encantada quando a levava no carro dele para passear; quando ele metia as mãos nos bolsos e lhes distribuía as moedas que lá tinha ficavam maravilhadas. Mais velho, oficial com um carreira, um carro, e amigo de ambas, era mesmo o seu ídolo.

Foi uma longa e boa conversa. Ficámos amigos.

A. Marques Lopes

2. Comentário de L.G.

Obrigado, António, pelo teu "feedback"... É um texto muito bonito, que só podia ter a tua assinatura... Fico feliz pelo teu encontro com a Teresa e a Ana, irmãs do nosso malogrado camarada. Tu e o nosso blogue acabamos por cumprir uma missão importante, a de relembrar os nossos mortos, dignificar a sua memória e ajudar a fazer os lutos (em muitos casos ainda "patológicos")... Daí este a razão de ser deste "In memoriam" (***)  e a constação da utilidade (social) do nosso blogue que tu ajudaste a nascer e a desenvolver...

È bom lembrar aos recém chegados à Tabanca Grande (e somos já 668!) que o A.Marques foi um dos mais ativos e produtivos camaradas na I Série do nosso blogue (de 23 de abril de 2004 a31 de maio de 2006). Por ordem de publicação de psotes, é ele, se não erro, o tertuliano nº 4, depois de mim, do Sousa de Castro, do Humberto Reis, seguido em nº 5 pelo David Guimarães.

Publico a seguir a mensagem que a Teresa me mandou e a que tu respondeste de maneira magnânina e solidária. As nossas melhores saudações para a família do  infortunado cap art Manuel Guimarães, que foi teu comandante operacional, amigo e camarada. Fico feliz, por te reencontrar, também, nas nossas lides bloguísticas, já que nos últimos tempos tens arrededado, avalliar até pelo teu próprio blogue, Coisas da Guiné. Um abraço fraterno. (LG).

3. Mensagem de Teresa Guimarães, com data de 2 do corrente:

Muito boa tarde

Percorrendo a internet vim parar ao seu blogue onde me apareceu um artigo escrito por A.Marques Lopes, sobre o meu irmão Capitão Manuel Carlos Guimarães.

Gostaria de entrar em contacto com esse senhor pois ele presenciou a morte do meu irmão na Guiné, mas o e-mail que ele indica no blog está desativado.

Será que me podia fornecer um contacto, pois como pode calcular gostaria muito de falar com ele, se fosse possível.

Obrigada e mais uma vez as minhas desculpas pelo incómodo

Teresa Guimarães


______________

Notas do editor:


(...) Terão morrido 24 capitães no TO da Guiné durante a guerra colonial (1963/74). Excluindo um capitão de 2ª linha e um outro, de quem faltam elementos de identificação, sabemos que desses 22, dezassete eram comandantes de companhias operacionais - 11 do quadro e 6 milicianos. Dez, todos comandantes de companhias operacionais, morreram em combate, sendo 9 do quadro e 1 miliciano. (LG) (...)

(...) Eles morreram mesmo e ficaram longe do convívio dos seus familiares e amigos. Mas ficou a lembrança e, como este caso que vos trago, a pena do estúpida situação da sua morte (...).

O capitão Manuel Carlos da Conceição Guimarães era do quadro de Artilharia. Nas circunstâncias do regime, tinha estado como tenente na esquadra da PSP do Calvário, em Lisboa, depois de ter feito parte da Companhia de Polícia Móvel que esteve em Bissau.

Nesses contextos da juventude formou a sua mentalidade. Rigidez ideológica, fidelidade cega aos desígnios dos mandantes da guerra, alheamento total dos problemas, sentimentos e ambições das populações no terreno. Completa incompreensão das razões da guerra, nem desejo algum de as tentar compreender. Muitos houve assim naquela fase (1967). Ao longo do tempo de guerra muitos foram dando, e penso que ele também teria mudado.

Mas eu fui amigo dele e acompanhei-o desde o princípio, fui o seu braço direito. Tive a incompreensão dos outros alferes, meus amigos de coração actualmente (..:).

O Guimarães foi promovido a capitão e mobilizado para a Guiné. Conhecêmo-lo em 4 de Dezembro de 1966, no RAL1, aquando da formação da companhia (CART 1690) e durante a instrução da especialidae no GACA2, em Torres Novas (de 6 de Dezembro de 1966 a 23 de Fevereiro de 1967).

Lembro-me bem que partíamos os dois, aos fins-de-semana, no Alfa Romeo Sprint Special dele até Lisboa. Loucuras, sem auto-estrada! Grandes noites na Cave, D. Quixote, Comodoro... A experiência dele na polícia abria todas as portas (as raparigas abraçavam efusivamente o Carlinhos).

Nas vésperas de embarcarmos no Ana Mafalda  (...) , fomos todos ao Comodoro. Um homem, já velho, que conhecíamos por ser frequentador, administrador de um banco qualquer (não me lembro), e que costumava jogar ao par ou ímpar com as raparigas (mostrava uma nota de mil e perguntava qual era o número - par ou ímpar? -, se uma dela adivinhava entregava-lhe a nota... e muitos jogos fazia), disse-nos assim: - Vocês vão para a guerra, para se portarem bem peguem lá - deu-nos várias notas de mil - e vão com estas cinco. - E fomos (alferes e capitão) e foi uma noitada. Era assim, a guerra estava paga.

Era bom homem, o Cap Guimarães. Filho de um Sargento-Ajudante, sobrinho da Beatriz Costa (estive com ele, depois, e chorou a sua morte), morreu aos 29 anos na estrada de Geba para Banjara, a 21 de Agosto de 1967 (3). Lamentou-se-me o pai, que me visitou, estava eu ferido no hospital, que o filho (solteiro) era o sustento de duas irmãs (...)  que andavam a estudar, e que a vida dele estava complicada. (...)

Vd. também  I Série > 5 de junho de 2005 > Guiné 69/71 - XLVI: Em memória dos bravos de Geba... Texto de A. Marques Lopes, ex-alferes miliciano da CART 1690 (Geba, 1967)...

(...) Era uma zona muito propícia a azares (...) . Também me calhou a mim (não era mais que os outros, claro, apesar de ter estado 24 horas no campo do inimigo... "teve de ser assim", como disse o Comandante Gazela). Um dia, quando ia no caminho de Geba para Banjara, fui ferido (e sortudo, mais uma vez), assim como o soldado Lamine Turé, do meu grupo de combate ; na mesma altura morreu o comandante da CART 1690, que quis ir comigo nessa viagem, o capitão Manuel C.C. Guimarães (tinha 29 anos, era filho de um sargento-ajudante e sobrinho da Beatriz Costa), e morreu o soldado Domingos Gomes, também do meu grupo de combate.

Levei o corpo do capitão, porque me pareceu que estava ainda vivo, e o Lamine, directamente para Bafatá... porque em Geba não havia médico, vejam lá! Não levei o do Domingos Gomes, porque ficou aos bocados, não deu tempo nem tive condições para os recuperar. De Bafatá fui evacuado para o HM241 [em Bissau], primeiro, e para o Hospital Militar Principal,[em Lisboa], passada uma semana.  (...)


(***) Último poste da série > 19 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13626: In Memoriam (194): João Dias Garcia (1950-2014), ex-1.º Cabo Mec Auto da CCAÇ 19, falecido no passado dia 11 de Setembro de 2014, no Hospital de Leiria (José Manuel Pechorro)