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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Guiné 63/74 - P8758: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (46): Luís Monteiro, a viver no Porto, ex-1º Cabo Condutor Auto da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, feliz por reencontrar, 40 anos depois, camaradas do seu tempo de Contuboel e Bambadinca (Maio/Setembro de 1969)...

1. Comentário, de 30 de Junho último, de Luís Monteiro, ao poste P6369:

Eu, Luis Monteiro (Porto), também pertenci à Companhia de Caçadores 2590 - 1969/1971- Guiné.  Era 1º Cabo Condutor Auto.


Fiquei emocionado ao deparar com o trabalho feito pelo camarada Luís Graça, tive a oportunidade de rever e reconhecer alguns camaradas, como o [Humberto] Reis, o [António] Levezinho, o Jaló, o  [o 2º sargento Alberto Martins] Videira, entre outros.


Talvez não se lembrem de mim, pois a minha estadia com vocês foi curta, no dia 19 Setembro de 69 fui destacado para Bissau e aí fiquei até ao fim da comissão. No entanto, ficava feliz por rever alguém desse tempo.


O meu contacto é luis_jmonteiro@sapo.pt.


Saudações amigas.


2. Comentário de L.G.:


É verdade, Luís Monteiro, o teu nome consta da composição orgânica da CCAÇ 2590, uma companhia independente constituída apenas por quadros e especialistas, de origem metropolitana, num total de meia centena, que estará na origem da futura CCAÇ 12 (a partir de 17 de Junho de 1970)...

1º Cabo Cond Auto Luís Jorge M.S. Monteiro [, com a indicação de que vivias...em Vila do Conde];

Eras o único 1º Cabo Cond Auto, não sei por que é que o Cap Inf Carlos Brito te deixou "fugir" para Bissau, uma história que poderás depois contar melhor, aqui no nosso blogue... Não sei se te lembras de alguns dos camaradas condutores auto que vieram contigo (e comigo) no Niassa, de 24 a 30 de Maio de 1969... Aqui vai a lista (alguns vou-os encontrando anualmente; tens fotos deles aqui no nosso blogue):

Sold Condutor Auto António S. Fernandes [, morada actual desconhecida];

Sold Cond Auto Manuel J. P. Bastos [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Manuel da Costa Soares [, morto em, mina A/C, em Nhabijões, em 13/1/1971];
Sold Cond Auto Alcino Carvalho Braga [, vive em Lisboa];
Sold Cond Auto Adélio Gonçalves Monteiro [, comerciante, em Castro Daire;  (organizador do nosso 15º enconcontro, o 15º, em Castro Daire, em 2009];
Sold Cond Auto João Dias Vieira [ vive em Vil de Souto, Viseu];
Sold Cond Auto Tibério Gomes da Rocha [, vivia em Viseu, faleceu em 6/12/2007];
Sold Cond Auto António S. Fernandes [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Francisco A. M. Patronilho [, vive em Brejos de Azeitão];
Sold Cond Auto Manuel S. Almeida [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto António C. Gomes [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Fernando S. Curto [, vive em Vagos];
Sold Cond Auto Aniceto R. da Silva [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Diniz Giblot Dalot [, empresário, vive em Aljubarrota, Prazeres];
Sold Cond Auto Manuel G. Reis [, morada actual desconhecida]...

É possível que ainda te lembres dalguns destes 1ºs cabos, que vieram contigo (e comigo) deste o Campo Militar de Santa Margarida onde formámos companhia (alguns também poderás encontrá-los no nosso blogue):

1º Cabo Aux Enf José Maria S. Faleiro [, morada actual desconhecida]; 
1º Cabo Aux Enf Fernando Andrade de Sousa [, vive na Trofa]; 
1º Cabo Aux Enf Carlos Alberto Rentes dos Santos [, vive em Amarante]; 
1º Cabo Trms Inf António Domingos Rodrigues [, vive em Torres Novas]; 
1º Cabo Cripto António José Damas Murta [, vive em Coimbra]; 
1º Cabo Cripto Gabriel da Silva Gonçalves [, vive em Lisboa]; 
1º Cabo Manut Material João Rito Marques [, vive no Souto, Sabugal; ]; 
1º Cabo Mec Auto Renato B. Semedos (ou Semedeiros ?) [, vivia na Reboleira, Amadora]; 
1º Cabo Mec Auto António Alves Mexia [, morada actual desconhecida]; 
1º Cabo Escriturário Eduardo Veríssimo de Sousa Tavares[, morada actual desconhecida]; 
1º Cabo Radiotelegrafista Manuel da Graça S. Zacarias [, morada actual desconhecida]; 
1º Cabo Corneteiro Manuel Joaquim Martins Ferreira [, morada actual desconhecida]; 
1º Cabo Cozinheiro José Campos Rodrigues [, morada actual desconhecida]; 
1º Cabo Apont de Armas Pesadas José Manuel P. Quadrado [, vive na Moita]; 

A estes tens que acrescentar os operacionais, que enquadravam os 4 grupos de combate da companhia (ver aqui).

Viemos juntos no Niassa, estivemos juntos em Contuboel (nos meses de Junho e Julho) e ainda estivemos juntos em Bambadinca, nos dois meses seguintes, ao tempo do BCAÇ 2852 (1968/70). Não me levas a mal não de lembrar de ti. Já lá vão mais de 40 anos!... Mas fico feliz por te ver feliz ao reencontrar, através do nosso blogue, caras conhecidas e amigas desse teu/nosso tempo de menino(s) e moço(s)...

A malta que esteve em Bambadinca, no nosso tempo (1969/71), tem-se vindo a encontrar todos os anos, desde 1994. O próximo encontro, em 2012, se não me engano, será no Porto justamente a cidade onde agora tu vives. Vê então se apareces. A melhor maneira de ires tendo notícias da malta é inscreveres-te no nosso blogue. Manda as duas fotos da praxe, uma antiga e outra actual, e conta-nos um pouco mais das tuas memórias do tempo em que estivemos juntos na Guiné (desde Maio a Setembro de 1969). Tens fotos desse tempo ? De Contuboel, de Bambadinca, de Bissau ? Podes digitalizar aquelas que achares com mais interesse documental e mandá-las, por mail, para a nossa caixa de correio: luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com

Boa saúde! Bons reencontros!... Um grande Alfa Bravo para ti. Luís Graça
_______________

Nota do editor:

Último poste da série > 22 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8694: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (45): O António Teixeira (ex-Alf Mil, CCAÇ 6, Bedanda, 1972/73) por terras da Lourinhã...

domingo, 23 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6460: Convívios (159): Grande ronco, Óbidos 2010 / Bambadinca 1968/71: CCS/BCAÇ 2852, CCAÇ 12, Pel Rec Daimler 2206, CCS/ BART 2917... (Parte I) (Luís Graça)


Óbidos > Restaurante A Lareira > 22/5/2010 > 16º Convívio do Pessoal de Bambadinca 1968/71 >  O felicissímo organizador do 16º Convívio, Fernando Almeida (ex-Fur Mil Trms, CCAÇ 12, 1969/71), posando para o nosso blogue com o António Murta (1º Cabo Cripto, CCAÇ 12),  o futuro organizador do próximo Convívio,  em 2011, a 17ª edição, que vai ser em Coimbra. Dois reformados, um da RDP (o Almeida), outro da CGD (o Murta)




Óbidos > Restaurante A Lareira > 22/5/2010 > 16º Convívio do Pessoal de Bambadinca 1968/71 >  o Arménio Fonseca, o Humberto Reis e o João Rito Marques (o nosso Cabo Quarteleiro), todos da CCAÇ 12 (1969/71)... O Arménio e o João, não os via há 40 anos! Fiquei feliz por os rever. E aproveito para revelar um segredo: foi o Arménio que, em grande parte,  me inspirou a figura do Campanhã  (vd. poste de 13 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CLXXXVIII: A galeria dos meus heróis (1): o Campanhã (Luís Graça), que prometo reeditar, e que ele seguramente nunca terá lido)...




Óbidos > Restaurante A Lareira > 22/5/2010 > 16º Convívio do Pessoal de Bambadinca 1968/71 > Luís Graça (ex-FurMil, CCAÇ 12, 1969/71), Victor Alves (ex-Fur Mil SAM, CCAÇ 12, 1971/73), Celestino Ferreira da Costa (Major Inf Ref,  o 2º Capitão da CCAÇ 12, 1971/72, residente na Trofa, trazido pela mão do Fernando Sousa), Jorge Cabral (Pel Caç Nat 63, 1969/71).  Tive, com o Major Costa, uma conversa, algo surreal, sobre a "revolta dos Baldés", uma insubordinação das praças africanas da CCAÇ, na picada Xime-Ponta do Inglês, em 1/2 de Junho de 1971, reprimida com mão de ferro pelo Ten Cor  Polidoro Monteiro, comandante do BART 2917... O então Cap Inf Costa estava, para sorte dele, de férias, na metrópole,  pelo que a bronca sobrou para os Alf Costa e Jaime Pereira e demais quadros da CCAÇ 12, metropolitanos... Uma história que ainda está mal contada, e a que eu prometo voltar um dia destes...




Óbidos > Restaurante A Lareira > 22/5/2010 > 16º Convívio do Pessoal de Bambadinca 1968/71 > Visionando as fotos do Arlindo T. Roda (que me chegaram  finalmente, por mão do Benjamim Durães,  ex-Fur Mil, Pel Rec Info, CCS / BART 2917, 1970/72 > Da esquerda para a direita: a Gina (mulher do Marques), o Marques, o Fernando Sousa, o Joaquim Fernandes e a companheira deste (que conheci o ano passado, em Castro Daire). 



Óbidos > Restaurante A Lareira > 22/5/2010 > 16º Convívio do Pessoal de Bambadinca 1968/71 >  O António Marques e o Gabriel Conçalves (ex-1º Cabo Cripto, CCAÇ 12, 1969/71).




Óbidos > Restaurante A Lareira > 22/5/2010 > 16º Convívio do Pessoal de Bambadinca 1968/71 > Quatro camaradas da CCAÇ 12 > Da esquerda para a direita: João Gonçalves Ramos (ex-Sold Radiotelegrafista), o António Quadrado (ex-1º Cabo Ap Armas Pesadas Inf), o Fernando Sousa (ex-1º Cabo Enf) e o Adélio Monteiro (organizador do enconcontro do ano passado, o 15º, em Castro Daire, e que era Sold Condutor Auto).


Óbidos > Restaurante  A Lareira > 22/5/2010 > 16º Convívio do Pessoal  de Bambadinca 1968/71 > Os organizadores de dois convívios anteriores, o Fernando Sousa (CCAÇ 12), que é da Trofa, e o José Augusto Mendes Mourão (CCS / BCAÇ 2852), que é de Torres Novas.



Óbidos > Restaurante  A Lareira > 22/5/2010 > 16º Convívio do Pessoal  de Bambadinca 1968/71 >  Três dignos representantes do Pel Rec Daimler 2206 (1970/72) > Ao centro o comandante, o ex-Alf Mil Cav José Luís Vacas de Carvalho, membro sénior da nossa Tabanca Grande; à sua direita, um camarada cujo nome não retive, natural de Sines; à sua direita, o António Pinto, de Lisboa.


Fotos: ©  Luís Graça (2010). Direitos reservados

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6447: A minha CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/Março de 1971) (1): Composição orgânica (Luís Graça)



Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Natal de 1969 > Sargentos e furriéis da CCAÇ 12 (*) e da CCS do BCAÇ 2852:

(i) da esquerda para a direita, na 1ª fila: o Jaime Soares Santos (Fur Mil SAM, vulgo
vagomestre) (sdize,-me que se formou economia e trabalhava na TAP); António Eugénio da Silva Levezinho (Tony, para os amigos, fez parte dos quadros da Petrogal, vive na Ponta de Sagres, com o amor da sua vida, a Isabel, com quem, se casou nas férias de 1970, tinha ela 17 anos); Fur Mil At Inf; António M. M. Branquinho (nunca mais o vi, era de Évora, trabalhava no Centro Regional de Segurança Social); Fur Mil At Inf; Humberto Simões dos Reis (meu vizinho, de Alfragide, engenheiro técnico, condenado a trabalhar até aos 100 anos); Fur Mil Op Esp; Joaquim A. M. Fernandes, Fur Mil At Inf) (também engenheiro técnico, reencontrei-o o ano passado, em Castro Daire):

(ii) da esquerda para a direita, 2ª fila, de pé: 2º sargento Inf José Martins Rosado Piça (não tenho notícias dele, deve estar com os 70 e muitos anos); Fur Mil Armas Pesadas Inf Luís Manuel da Graça Henriques (conhecido hoje apenas como Luís Graça); um 2º sargento, de cujo nome não me lembro; 1º Sargento Cav Fernando Aires Fragata (deixou-nos ao fim de algum tempo, para seguir o curso de oficias, em Águeda; Fur Mil Enfermeiro João Carreiro Martins (reformou-se como enfermeiro chefe, do Hospital Curry Cabral, foiu meu aluno, tem dois filhos médicos); e um outro 1º sargento de cujo nome também já não me lembro mas que julgo ser da CCS do BCAÇ 2852 (dizem-me que tinha a especialidade de corneteiro)...

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservado





Guiné > Zona Leste > Contuboel > Junho de 1969: O 2º Grupo de Combate da CCAÇ 2590 (futura CCCAÇ 12), ainda em período de instrução da especialidade . O 2º Gr Comb era comandado pelo Alferes Miliciano Carlão que aparece na fotografia, na primeira fila, ajoelhado, olhando no sentido oposto ao do fotógrafo. Atrás dele o soldado Arménio, de alcunha o Vermelhinha (era cabo, antes de embarcar mas foi despromovido, por ter apanhado uma porrada da PM). De pé, na terceira fila, os furriéis milicianos Levezinho e Reis. Na segunda fila, meio agachados, os 1ºs cabos Branco e Alves (de alcunha o Alfredo) .

Um grupo de combate da CCAÇ 2590 (mais tarde, CCAÇ 12) era constituído por 30 homens. Havia 4 Gr Comb. Cada grupo de combate, comandado por um alferes, tinha três secções (1 furriel e 1 cabo e oito soldados, estes africanos).

Casa secção era especializada. Havia a secção dos lança-granadas, com o respectivo apontador e municiador (1 LGFog 8.9, 1 LGFog 3.7). Havia a secção do Morteiro 60 (apontador e municiador ). E havia ainda a secção da Metralhadora Ligeira HK 21 (apontador e municiador). Cada combatente estava equipado com a espingarda automática G-3 e granadas defensivas. Em geral havia ainda dois apontadores de dilagrama (neste caso, 1ª e 3ª secção) (LG)

Foto: © António Levezinho (2005). Direitos reservados



Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 123 (1969/71) > Pessoal do 2º Grupo de Combate da CCAÇ 12 atravessando em coluna apeada a bolanha de Finete na margem direita do Rio Geba, regulado do Cuor (que estava reduzido a Finete e a Missirá).

No primeiro plano, para além de municiador da Metralhadora Ligeira HK 21, Mamadú Uri Colubali (salvo erro), vê-se o Furriel Miliciano Tony Levezinho, ao meio, ladeado pelo 1º Cabo Branco (à sua direita) e pelo 1º Cabo Alves (à sua esquerda). Pormenor interessantes: O Branco leva duas granadas defensivas à cintura; o Levezinho tem um protector de plástico, verde, a proteger a boca do cano da G3... O homem da frente não vem de camuflado...

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados





Comandante, sargentos e praças da CCAÇ 2590 que embarcaram para a Guiné, em 24 de Maio de 1960, no Niassa (a esta lista faltam os operacionais, listados mais abaixo). A CCAÇ 2590 deu origem à CCAÇ 12, que ficou ao serviço do Sector L1 / Zona,. com sede em Bambadinca, ao tempo do BCAÇ 2852 (1968/70) e depois do BART 2917 (1970/72).

Capitão Inf Carlos Alberto Machado Brito [, Cor Ref, vive em Braga];
1º Sargento Cavalaria Fernando Aires Fragata [, morada actual desconhecida];
2º Sarg Infantaria José Martins Rosado Piça [, vive em Évora];
2º Sarg Inf Alberto Martins Videira [, vive em Vila Real];
Furriel Miliciano MAR Joaquim Moreira Gomes [, vive em Esposende ?]];
Fur Mil Enfermeiro João Carreiro Martins [enfermeiro reformado, vive em Lisboa];
Fur Mil SAM Jaime Soares Santos [, vive em Corroios ?];
Fur Mil Trms José Fernando Gonçalves Almeida [, reformado da RDP, vive em Óbidos];
Fur Mil Armas Pesadas Inf Luís Manuel da Graça Henriques [, prof univ. vive em Alfragide / Amadora];
1º Cabo Aux Enf José Maria S. Faleiro [, morada actual desconhecida];
1º Cabo Aux Enf Fernando Andrade de Sousa [, vive na Trofa];
1º Cabo Aux Enf Carlos Alberto Rentes dos Santos [, vive em Amarante];
1º Cabo Trms Inf António Domingos Rodrigues [, vive em Torres Novas];
1º Cabo Cripto José António [ou António José ?] Damas Murta [, vive em Coimbra];
1º Cabo Cripto Gabriel da Silva Gonçalves [, vive em Lisboa];
1º Cabo Manut Material João Rito Marques [, vive no Souto, Sabugal];
1º Cabo Mec Auto Renato B. Semedos (ou Semedeiros ?) [, vivia na Reboleira, Amadora];
1º Cabo Mec Auto António Alves Mexia [, morada actual desconhecida];
1º Cabo Escriturário Eduardo Veríssimo de Sousa Tavares[, morada actual desconhecida];
1º Cabo Cond Auto Luís Jorge M.S. Monteiro [, vivia em Vila do Conde];
1º Cabo Radiotelegrafista Manuel da Graça S. Zacarias [, morada actual desconhecida];
1º Cabo Corneteiro Manuel Joaquim Martins Ferreira [, morada actual desconhecida];
1º Cabo Cozinheiro José Campos Rodrigues [, morada actual desconhecida];
1º Cabo Apont de Armas Pesadas José Manuel P. Quadrado [, vive na Moita];
Sold Mec Auto Gaudêncio Machado Pinto [, morada actual desconhecida];
Sold Trms Inf José Garcia Pereira [, morada actual desconhecida; vivia nos Açores];
Sold TICA António Fernando Cruz Marchão [, morada actual desconhecida];
Sold TICA José Leite Pereira [, morada actual desconhecida];
Sold TICA António Dias dos Santos [, morada actual desconhecida];
Sold Cozinheiro Henrique Manuel [, morada actual desconhecida];
Sold Corneteiro Orlando da Cruz Vaz [, morada actual desconhecida];
Sold Cornet José de Sousa Pereira [, morada actual desconhecida];
Sold Radiotelegrafista João Gonçalves Ramos;
Sold Radiot Manuel Maria Carita André [, vive na Marinha Grande];
Sold Condutor Auto António S. Fernandes [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Manuel J. P. Bastos [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Manuel da Costa Soares [, morto em, mina A/C, em Nhabijões, em 13/1/1971];
Sold Cond Auto Alcino Carvalho Braga [, vive em Lisboa];
Sold Cond Auto Adélio Gonçalves Monteiro [, comerciante, Castro Daire];
Sold Cond Auto João Dias Vieira [ vive e, Vil de Souto, Viseu];
Sold Cond Auto Tibério Gomes da Rocha [, vivia em Viseu, faleceu em 6/12/2007;
Sold Cond Auto António S. Fernandes [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Francisco A. M. Patronilho [, vive em Brejos de Azeitão];
Sold Cond Auto Manuel S. Almeida [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto António C. Gomes [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Fernando S. Curto [, vive em Vagos];
Sold Cond Auto Aniceto R. da Silva [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Diniz Giblot Dalot [, empresário, vive em Aljubarrota, Prazeres];
Sold Cond Auto Manuel G. Reis [, morada actual desconhecida];
Sold Básico João Fernando R. Silva [, morada actual desconhecida];
Sold Básico Salvador J. P. Santos
[, morada actual desconhecida].




Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Estrada de Bambadinca-Mansambo-Xitole > Ponte do Rio Jagarajá (?) > CCAÇ 2590/ CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)> Eu, o então Fur Mil Ap Armas Pesadas Inf Henriques, pau para toda a obra, peão das nicas - como me chamava o meu capitão - e o soldado condutor auto-rodas Dalot, o Diniz G. Dalot, talvez o melhor condutor de GMC do mundo ou, pelo menos, o melhor que eu alguma vez conheci... E que também era conhecido como o Setúbal, sua terra natal, se não me engano.

Berliet e GMC nas mãos dele, carregadas de sacos de arroz, não ficavam atoladas na famosa estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole, a menos que rebentassem debaixo de uma mina. E mesmo assim, era preciso que os cabos de aço ou os troncos das árvores não aguentassem... Eu dizia que era preciso ser maluco para conduzir uma GMC. Ele ofendia-se: era o mais profissional dos nossos condutores auto-rodas...

Reguila, setubalense, condutor de pesados na vida civil, apanhou logo no princípio da comissão, em Julho de 1969, cinco dias de detenção. Por ser reguila, setubalense, condutor de pesados, descendente de franceses, e se calhar por ser o melhor condutor de GMC que eu alguma vez vi na vida... Já há tempos lhe mandei, em vão, esta missiva: "Gostava de te rever, Dalot. Sinceramente, gostava de te rever. Tu fazes parte da mítica galeria dos meus (anti)-heróis, tu e todos os bravos soldados condutores auto-rodas que passaram pela Guiné"... Revi em 1994, em Fão, Esposende, e há pouco tempo, em Marçoi passado, em Coruche.

Foto: © Luís Graça (2005). Direitos reservados.





Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Furriéis Mil Fernandes, Reis, Roda e Levezinho.Foto: © Vitor Raposeiro (2009). Direitos reservados.




A ficha-resumo da CCAÇ 12, constante no Arquivo Histórico Militar... Entre 1969 e 1974, a CCAÇ 12 teve cinco capitães...Quando é que a gente reune esta malta toda ?


GuinéGuiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Tabancas de Bambadincazinho onde estava instalada a Missão do Sono. Estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole. Foto do Luís Moreira (ex-alf mil da CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/71; BENG, Bissau, 1971; será gravemente na explosão de uma mina anticarro, em 13 de Janeiro de 1971, em Nhabijões, no mesmo sítio onde duas horas depois rebentaria outra mina que atingiu a viatura onde ia um Gr de Combate da CCAÇ 12, e onde seguia o editor do blogue) .

Foto:
Luís Moreira (2005). Direitos reservados



Guiné > Zona Leste > Contuboel > 15 de Julho de 1969 > CCAÇ 2590/CCAÇ 12 > Um das raras fotos do Alf Mil Moreira, à esquerda, acompanhado pelo Tony Levezinho (furriel), o António Marques (furriel), o Rodrigues (alferes, já falecido) e o Fernandes (furriel), preparando-se para sair até Sonaco (a nordeste de Contuboel).



Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados


Composição orgânica dos grupos de combate (Fonte: História da CCAÇ. 12: Guiné 1969/71. Bambadinca: Companhia de Caçadores 12. 1971. Capítulo I).
1º Gr Comb

Comandante Alf Mil Op Esp 00928568
Francisco Magalhães Moreira1ª secção

1º Cabo 8490968 José Manuel P Quadrado (Ap dilagrama)
Soldado Arvorado 82107469 Abibo Jau (F) [, dado como fuzilado depois da independência]
Soldado 82105869 Demba Jau (F)
Sold 82107769 Braima Jaló (Ap LGFog 8,9) (FF)
Sold 82106069 Sajo Baldé (Mun LGFog 8,9) (FF)
Sold 82106869 Suleimane Djopo (Ap Dilagrama) (FF)
Sold 82105469 Baiel Buaró (F)
Sold 82106269 Mamadu Será (FF)
2ª Secção


Fur Mil 04757168 Joaquim João dos Santos Pina [, natural de Silves, onde ainda hoje vive]
1º Cabo 17765068 Manuel Monteiro Valente (Ap Dilagrama)
Soldado Arvorado 82106369 Vitor Santos Sampaio (Mancanhe)
Soldado 82106469 Mamadu Au (Ap Metr Lig HK 21)
Sold 82105969 Samba Camará (Mun Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82105269 Sherifo Baldé
Sold 82106669 Mussa Bari (FF)
Sold 82106969 Mamadu Jau (F)
Sold 82105369 Mamadu Silá (Ap LGFog 3,7) (F)
Sold 82107669 Ussumane Sisse (Mun LGFog 3,7) (M)
3ª Secção

Fur Mil 19904168 António Manuel Martins Branquinho [, reformado da Segurança Social, Évora]
1º Cabo 18998168 Abílio Soares [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82107169 Mamadu Baló (F)
Soldado 82106569 Mustafá Colubalii (Ap Mort 60) )(FF)
Sold 82106169 Sana Camará (Mun Mort 60) (FF)
Sold 82105669 Amadu Baldé (FF) [, mais tarde da CCAÇ 21, poderá ter sido fuzilado após a independência]
Sold 82106169 Saico Seide(F)
Sold 82107569 Gale Jaló (FF)
Sold 82105569 Sana Baldé (Ap Dilagrama) (F)
2º Gr Comb

Comandante: Alf Mil de Inf 13002168
António Manuel Carlão [, comerciante, vive em Fão, Esposende]1ª secção

Soldado Arvorado 82107969 Alfa Baldé (Ap LGFog 3,7)
Soldado 18968568 Arménio Monteiro da Fonseca [, vive no Porto]
Sold 82118169 Samba Camará (FF)
Sold 82115369 Iéro Jaló (F)
Sold 82118869 Cheval Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82103269 Aruna Baldé (Mun LGFog 8,9) (F)
Sold 82105169 Mamadú Bari (FF)
Sold 82116369 Sidi Jaló (Ap Dilagrama) (FF) [,dado como tendo sido fuzilado depois da independência]
Sold 82118669 Mussa Seide (F)
Sold 82117669 Amadú Camará (FF)
2ª Secção

Fur Mil Op Esp 05293061 Humberto Simões dos Reis [, engenheiro técnico, Alfragide / Amadora]
1º Cabo 17626068 José Marques Alves [, vive em Fânzeres, Gondomar]
Soldado Arvorado 82116569 Mamadu Baldé (F)
Soldado 82101469 Udi Baldé (FF)
Sold 82101069 Sajo Candé (F)
Sold 82108069 Alfa Jaló (F)
Sold 82116469 Iéro Juma Camará (Ap Mort 60) (FF)
Sold 82111969 Mamadú Jaló (Mun Mort 60) (F)
Sold 82111069 Adulai Baldé (F)
Sold 82117269 Adulai Bal (F)
3ª Secção

Fur Mil 17207968 Antonio Eugénio S. Levezinho [, reformado da Petrogal, vive em Sagres, Vila do Bispo]
1º Cabo 18880368 Manuel Alberto Faria Branco [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82116969 Braima Bá (F)
Soldado 82116669 Gale Colubali (Ap Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82116769 Mamadú Uri Colubali (Mun Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82111369 Amadú Turé (F)
Sold 82117469 Demba Jau (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82107869 Iero Jaló (FF)
Sold 82116869 Gale Camará (F)
3º Gr Comb

Comandante: Alf Mil Inf 01006868
Abel Maria Rodrigues [, bancário reformado, Miranda do Douro]
1ª secção

Fur Mil Luciano Severo de Almeida [, já falecido]
1º Cabo 02920168 Carlos Alberto Alves Galvão [, vive na Covilhã]
Soldado Arvorado 82108769 Totala Baldé (F)
Sold 82108569 Sambel Baldé (F)
Sold 82108969 Mauro Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82110369 Jamalu Baldé (Mun LGFog 8,9) (F)
Sold 82109169 Malan Baldé (F)
Sold 82109569 Iéro Jau (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82110969 Samba Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82109969 Malan Nanqui (M)
2ª Secção

Fur Mil 07098068 Arlindo Teixeira Roda [, natural de Pousos, Leiria; professor em Setúbal]
1º Cabo 17625368 António Braga Rodrigues Mateus [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82108369 Mamadú Jau (Ap Dilagrama) (F)
Soldado 82109369 Malan Jau (Ap Mort 60) (F)
Sold 82100769 Amadú Candé (Mun Mort 60) (F)
Sold 82108869 Quembura Candé (F)
Sold 82109769 Sherifo Baldé (F)
Sold 82115369 Ussumane Jaló (FF)
Sold 82110169 Madina Jamanca (F)
3ª Secção

Fur Mil 06559968 José Luís Vieira de Sousa [, natural do Funchal, agente de seguros]
1º Cabo 12356668 José Jerónimo Lourenço Alves [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82108469 Sajo Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (F)
Soldado 82109669 Cherno Baldé (Mun Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82109469 Sanuchi Sanhã (Ap LGFog 3,7) (F)
Sold 82109269 Sori Jau (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82110569 Mamadu Embaló (F)
Sold 82110769 Chico Baldé (F)
Sold 82115169 Demba Jau (F)
Sold 82108669 Cutael Baldé (F)
4º Gr Comb

Comandante: Alf Mil Cav 10548668
José António G. Rodrigues [, já falecido, vivia em Lisboa]1ª secção

Fur Mil 15265768 Joaquim Augusto Matos Fernandes [, engenheiro ténico, vive no Barreiro]
1º Cabo 18861568 Luciano Pereira da Silva [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82115469 Samba Só (F)
Soldado 82109869 Samba Jau (Mun Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82115269 Cherno Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82117569 Mamai Baldé (F)
Sold 82117869 Ansumane Baldé (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82118269 Mussa Jaló (Ap Dilagrama) (FF)
Sold 82118969 Galé Sanhá (FF)
2ª secção

Fur Mil 11941567 António Fernando R. Marques [, vive em Cascais, empresário reformado]
1º Cabo 17714968 António Pinto [, morada actual desconhecida];
1º Cabo 82115569 José Carlos Suleimane Baldé (F) [, vive em Amedalai, Xime, Guiné-Bissau]
Soldado Arvorado 82118369 Quecuta Colubali (F)
Soldadado 82110469 Mamadú Baldé (F)
Sold 82115869 Umarú Baldé (Ap Mort 60) (F) [, já falecido, vivia na Amadora]
Sold 82118769 Alá Candé (Mun Mort 60) (F)
Sold 82118569 Mamadú Colubali (FF)
Sold 82119069 Mamadu Balde (F)
3ª secção

1º Cabo 00520869 Virgilio S. A. Encarnação [, vive em Barcarena]:
Soldado 82116069 Sajuma Jaló (Ap LGFog 8,9) (FF)
Sold 82110269 Suleimane Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82111069 Sori Baldé (F)
Sold 82115669 Sherifo Baldé (F)
Sold 82115769 Tenen Baldé (F)
Sold 82117169 Ussumane Baldé (F)
Sold 82117769 Califo Baldé (F)
Sold 82118469 Califo Baldé (F)
_____________
Legendas:

F= Fula
FF= Futa Fula
M= Mandinga
Mc=Mancanhe
Ap= Apontador
Mun= Municiador
Mort= Morteiro
LGFOg= Lança-granadas foguete
Met= Metralhadora
Lig= Ligeira

Observações - Dados a completar... Pede-se a ajuda dos nossos leitores
_________


Em tempos escrevi, na
I Série do nosso blogue, que podia parecer fastidiosa, inútil, irrelevante... a minha lista de Baldés, a lista de cerce de uma centena de guineenses do recrutamento geral que se juntaram às cinco dezenas de metropolitanos da CCÇ 2590 para formnar mais tarde a CCAL 12...

A minha explicação, pouco afectiva, era então a seguinte: pode ter (ou vir a ter) algum interesse documental, historiográfico, eu sei lá... Pode facilitar a pesquisa de informação, de testemunhos, de depoimentos... Na época, não tinha esperança que os guineenses alguma viessem a interessar-se pelo nosso blogue...

Mas também acrescenatava:

É um pequeno, modestíssimo, gesto de elementar justiça para com aqueles guineenses que lutaram ao nosso lado, que fizeram parte da CCAÇ 12 e, portanto, da nova força africana com que sonhou Spínola e que tanto atemorizou o PAIGC. Infelizmente, uma parte deles (quantos, exactamente?) já não hoje estarão vivos. Uns foram fuzilados, como o Abibo Jau, outros terão morrido de morte natural, que a sua esperança de vida era muito menor que a nossa, em 1969...

E antecipando-me a eventuais críticas imiginárias, acrescentava, com um misto de sinceridade e ingenuidade:

Eu estou à vontade para publicar esta lista: sempre critiquei a africanização da guerra da Guiné, embora longe de imaginar que, no dia seguinte à nossa retirada, começasse a caça aos traidores, aos contra-revolucionários, aos mercenários, aos colaboracionistas... Em 1969, ainda estava vivo o Amílcar Cabral e eu admirava-o, intelectualmente... Achava que na Guiné, depois da independência, tudo seria diferente, e não aconteceriam os ajustes de contas que se verificaram noutras revoluções ou guerras civis, na Rússia, na China, na Espanha franquista, na França depois da libertação, etc. Pobre de mim, ingénuo...

Mas, por outro lado, também fui cúmplice da sua integração no nosso exército: mesmo sendo de da especialidade de armas pesadas, e não fazendo parte formalmente de nenhum dos quatro grupos de combate da CCAÇ 12, participei em muitas das operações em que estes participaram, fui testemunha da sua coragem e do seu medo, dormi com eles nas mais diversas situações, incluindo nas suas tabancas... Foram meus camaradas, em suma.

E a respeito da sua origem aduzia ainda mais a seguinte informação;
Soldados ex-milícias, a maior parte com experiência de combate, os nossos camaradas guineenses da CCAÇ 12 (originalemnte, CCAÇ 2590), eram oriundos do chão fula e em especial dos regulados do Xime, Corubal, Badora e Cossé, com excepção de um mancanhe, oriundo de Bissau.
“Todos falam português mas poucos sabem ler e escrever", lê-se na história da CCAÇ 12 (O que só verdade, 21 meses depois de os termos conhecido e instruído em Contuboel, em Junho e Julho de 1969). Foram incorporados no Exército como voluntários, acrescentou o escriba, para branquear a instustentável situação dos fulas, condenados a aliarem-se aos tugas.

Tirando o 1º Cabo José Carlos Suleimane Baldé (promovido ao actual posto em 16 de Setembro de 1969),eram, todos Praças de 2ª classe. Samba Só, Mamadá Baldé, Braima Bá e Quecuta Colubali passaram a soldados arvorados na mesma data, por reunirem qualidades para uma eventual promoção ao posto de primeiros cabos: 'ascendente sobre os camaradas, experiência de combate e aprumo militar' (sic). Entretanto, houve mais promoções no final da 1ª Comissão da CCAÇ 12 (a rendição individual dos quadros metropolitanos fez-se a partir de Fevereiro de 1971).

Por fim, dizia algo de temerário, baseado em informações dispersas, contraditórias, orais e não sujeitas ao exercício do contraditório:
É muito provável que todos ou quase todos os graduados africanos da CCAÇ 12 ( e da CCAÇ 21, para a qual transitaram em 1973) tenham sido fuzilados, em 1974 e 1975...

E perguntava-me, com um misto de sentimentos contraditórios, de admiração, de tristeza e de culpa:
O que será feito destes homens, portugueses e guineenses, que foram meus camaradas ? Lembro-me, com um sentimento de gratidão e de admiração, sobretudo dos soldados condutores auto que tantas vezes fintaram a morte nas picadas do leste da Guiné, na estrada do Xime-Bambadinca ou na estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole... O Bastos, o Braga, o Monteiro, o Vieira, o Rocha, o Fernandes, o Patronilho, o Almeida, o Gomes, o Curto, o Silva, o Dalot, o Reis...

Por onde andam vocês, velhos malucos das GMC, Berliet, Unimog ? Houve, pelo menos, um que não sobreviveu, que pagou com a vida a lotaria russa que era andar pelas picadas da Guiné: chamava-se Manuel da Costa Soares, morreu no dia 13 de Janeiro de 1970, na estrada Nhabijões-Bambadinca ...

A única vez que me tinha encontrado com alguns deles, malta que tinha ido comigo no velho Niassa, integrado a estranha e minguada CCÇ 2590, tinha sido em Fão, Esposende, em 1994... A eles se juntaraima também alguns dos camaradas da CCS do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70).

Alguns deles já os encontrei, por aí... Alguns inclusive fazem parte do nosso blogue... Mas dos africanos tenho escassas notícias... Amanhã vai realizar-se em Óbidos o 16º Encontro do Pessoal que passou por Bambadinca, entre 1968 e 1971... Não vou poder estar com eles desde o início, mas ainda espero poder dar lá um salto por volta das 16h...

_______________

Notas de L.G.:

(*) Sobre a CCAÇ 12, há pelo menos um centena de referências ou marcadores... E sobre Bambadinca mais de 280... Vd. também a I Série do Nosso Blogue (Abril de 2004 a Maio de 2006), que não tem marcadoresão

Realiza-se amanhã, em Óbidos, o 16ª convívio do pessoal que passou por Bambadinca entre 1968 e 1971 (**):







quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P4931: Em busca de... (89): Camaradas da CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71 (João Rito Marques, ex-cabo quarteleiro, Soito, Sabugal)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Crachá da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (1969/71). Design: Tony Levezinho (Fur Mil At Inf).

Foto: © António Levezinho (2006). Direitos reservados


1. Mensagem de Sandra Marques, com data de 6/8/2009, enviada para a minha caixa de correio (LG):


Boa tarde!

Antes demais vou identificar-me. Chamo-me Sandra Marques e sou filha do camarada 1º Cabo Manut Material João Rito Marques.

Quando andava a navegar pela Net deparei-me com o nome do meu pai; depois de ler grande parte do seu blog verifiquei que um dos camaradas da Guiné andava à procura de João Rito Marques. Falei de imediato com o meu pai e confirmou que realmente era mesmo ele.

O meu pai solicita que lhe envie o seu contacto para poderem falar. Vive no Soito - Sabugal, é casado e tem apenas uma filha. O contacto do meu pai é: 965464877.

Agradeço, pois "o homem está impaciente" para falar com os camaradas que marcaram bastante a sua vida. :)

Sandra Marques.

2. Em 8 de Setembro, nova mensagem, desta vez para a caixa de correio do Carlos Vinhal, edição de serviço:

Pensei que quem me respondesse fosse Luís Graça que ele, sim, foi camarada dele [, do do meu pai,] na Guiné, estiveram todos na Guiné, Zona Leste, Sector L1, Bambadinca, 1969/71 (*)

Quando navegava pela Net reparei que o Sr. Luís Graça tinha um blog onde constava o nome do meu pai e referia que nunca mais soube do paradeiro de alguns dos camaradas, entre eles constava o meu pai.

Mostrei o nome de todos os camaradas registados no blog e ele de imediato reconheceu a maioria deles.

Já enviei emails para o Sr. Luís Graça, no entanto não obtive resposta. Agradecia que me dessem o contacto dele ou doutro camarada para assim o meu pai entrar em contacto com o grupo, pois farta-se de falar "dessa gente e dessa guerra".

Irei contactar com o meu pai e entregarei os cumprimentos.

Atentamente e aguardando reposta.
Sandra Marques

3. Finalmente, a tão desejada resposta do L.G., a 9 de Setembro, já no regresso de férias:

Sandra:

Costumamos dizer que os filhos dos nossos camaradas nossos filhos são... Fico feliz pelo seu contacto e pelo amor filial que pôs na busca de informações sobre os camaradas do seu pai (CCAÇ 2590/ CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/Março de 1971) (*).

Acabo de falar com o seu pai, pelo número de telemóvel que me deu. Já tenho as coordenadas dele. Sei que vive no concelho de Sabugal, que ainda trabalha e que está de boa saúde... Reconheceu alguns camaradas desse tempo (O Galvão, o Sousa, o Almeida, o Monteiro...), aliás ele conhecia muito bem toda a gente, incluindo os condutores que eram "quase todos do Norte"...

Disse-me que vive na "maior freguesia de Portugal", mas eu não eu fixei logo o topónimo [Souto, ou melhor, Soito, para os seus habitantes, concelho de Sabugal, distrito da Guarda, uma terra do Portugal, com um vasto património histórico, arquitectónico, arqueológico, etnográfico, astronómico e natural, tornando-se visita obrigatória, nomeadamente no "nosso querido mês de Agosto", por causas das suas festas, romarias, touradas, garraiadas e e... capeias arraianas, que são únicas no mundo]...

Gostava de publicar uma foto do seu pai, digitalizada (se fossível, uma antiga e outra actual), para dar notícia dele no nosso blogue (Luís Graça e Camaradas da Guiné).

Com tempo e vagar, posso dar-lhe mais informações sobre o paradeiro desses camaradas da Guiné... Eu era o Furriel Miliciano Apontador de Armas Pesadas de Infantaria, o Henriques, "um bocado revolucionário" (lembrou-me agora o seu pai) - expressão que eu tomo como um elogio...

O João Rito Marques era o nosso cabo quarteleiro, o homem que tinha a tremenda responsabilidade pela limpeza, segurança e boa manutenção de todo o material que precisávamos, desde os colchões até às armas e munições... Sei que no final da comissão, em Março de 1971, lhe tive de pagar um colchão de espuma que requisitei, para um amigo de passagem por Bambadinca, e que deve ter voado na confusão dos últimos dias de fazer a mala e de dizer "adeus, Guiné!"...

Ele tinha uma grande paciência para nos aturar, mas no dia de fazer contas, "contas eram contas" à moda do Soito... Deve ter dado cabo do toutiço a conferir, periodicamente, o vasto e detalhado material que estava à sua guarda, não fosse o Cap Brito ou o Sargento Piça embrulhá-lo em papel selado e atrasar-lhe o tão desejado regresso à santa terra arraiana e, quiçá, ao forcão da capeia... [Sei que ele hoje ainda está no activo, tem o seu negócio de serralharia, é um português empreendedor que não come à mesa do Estado...]

Pode dizer ao seu pai que temo-nos encontrado todos os anos, em Maio, a malta de Bambadinca, de 1968/71 (incluindo os da CCAÇ 12, que eramos meia centenas, os de origem metropolitana) (*)... O próximo encontro é em 2010, em Óbidos, e é organizado pelo ex-Furriel Miliciano de Transmissões, o Almeida (**). Era bom que ele aparecesse...

Sei que você é professora de matemática, e vive na região de Lisboa, EM Cascais. Pode contactar-me por um telefone fixo: 21 751 21 93 (gabinete de trabalho, em geral das 9 às 18h) ou 21 471 0736 (casa)...

É pena que o seu pai não nos possa seguir directamente através do blogue, mas posso mandar-lhe os links em que se fala da nossa CCAÇ 12, de Bamdinca, etc. Há já centenas de referências sobre o nosso tempo, na zona leste, algumas das quais presumo que você já lhe tenha mostrado...

Veja também neste endereço: http://blogueforanada.blogspot.com/ (Luís Graça & Camaradas da Guiné, I Série).

Contacte-me sempre que precisar. Dê um grande abraço ao seu pai, quando o vir, do Henriques (hoje, Luís Graça)

__________

Notas de L.G.:

(*) Vd. post de 21 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXV: Composição da CCAÇ 12, por Grupo de Combate, incluindo os soldados africanos (posto, número, nome, função e etnia)

Além do pessoal que compunha os 4 grupos de combate da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, havia ainda mais os seguintes especialistas e quadros de origem metropolitana:

1º Sarg Cav Fernando Aires Fragata;
2º Sarg Inf José Martins Rosado Piça;
2º Sarg Inf Alberto Martins Vieira;
Furriel Mil MAR Joaquim Moreira Gomes;
Fur Mil Enf João Carreiro Martins;
Fur Mil Trams José Fernando Gonçalves;
Fur Mil Arm Pes Inf Luís Manuel da Graça Henriques;
1º Cabo Aux Enf José Maria S. Faleiro;
1º Cabo Aux Enf Fernando Andrade de Sousa;
1º Cabo Aux Enf Carlos A. R. dos Santos;
1º Cabo Trams Inf António Domingos Rodrigues;
1º Cabo Cripto José António Damas Murta;
1º Cabo Cripto Gabriel da Silva Gonçalves;
1º Cabo Manut Material João Rito Marques;
1º Cabo Mec Auto Renato B. Semedos;
1º Cabo Mec Auto António Alves Mexia;
1º Cabo Escriturário Eduardo Veríssimo de Sousa Tavares;
1º Cabo Cond Auto Luís Jorge M.S. Monteiro;
1º Cabo Radiotelegrafista Manuel da Graça S. Zacarias;
1º Cabo Corneteiro Manuel Joaquim Martins Ferreira;
1º Cabo Cozinheiro José Campos Rodrigues;
1º Cabo Apont de Arm Pes José Manuel P. Quadrado.

Refira-se ainda os nossos soldados de origem metropolitana (para além dos operacionais já eventualmente citados, neste caso apenas o Sold At Inf Arménio Monteiro da Fonseca):

Sold Básico João Fernando R. Silva;
Sold Básico Salvador J. P. Santos;
Sold Mec Auto Gaudêncio Machado Pinto;
Sold Trams Inf José Garcia Pereira;
Sold TICA António Fernando Cruz Marchão;
Sold TICA José Leite Pereira;
Sold TICA António Dias dos Santos
Sold Cozinheiro Henrique Manuel;
Sold Corneteiro Orlando da Cruz Vaz;
Sold Corneteiro José de Sousa Pereira;
Sold Radioteleg João Gonçalves Ramos;
Sold Radiot Manuel Maria Catita André;
Sold Cond Auto António S. Fernandes;
Sold Cond Auto Manuel J. P. Bastos;
Sold Cond Auto Manuel da Costa Soares;
Sold Cond Auto Alcino Carvalho Braga;
Sold Cond Auto Adélio Gonçalves Monteiro;
Sold Cond Auto João Dias Vieira;
Sold Cond Auto Tibério Gomes da Rocha;
Sold Cond Auto António S. Fernandes;
Sold Cond Auto Francisco A. M. Patronilho;
Sold Cond Auto Manuel S. Almeida;
Sold Cond Auto António C. Gomes;
Sold Cond Auto Fernando S. Curto;
Sold Cond Auto Aniceto R. da Silva;
Sold Cond Auto Diniz G. Dalot;
Sold Cond Auto Manuel G. Reis.

Há ainda a referir dois soldados africanos que não eram operacionais ou que, pelo menos, não constavam da lista dos grupos de combate:

Sold Cozinheiro 82116869 Gale Camará
Sold Cozinheiro 81117669 Amadú Camará.

Vd. também os seguintes postes:

24 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1545: Lista do pessoal de Bambadinca (1968/71) (Letras A/B) (Humberto Reis)

21 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1773: Lista do pessoal de Bambadinca (1968/71) (Letras C / Z) (Humberto Reis)

(**) Vd. postes de:

20 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - V: Convívio de antigos camaradas de armas de Bambadinca (Luís Graça)

29 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXIV: Ao Fernando Sousa: Sei que estás em festa, pá (Luís Graça)

9 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1742: Convívios (2): Lisboa, Casa do Alentejo, 26 de Maio de 2007: Bambadinca 68/71, BCAÇ 2852, CCAÇ 12, etc. (Fernando Calado)

31 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4444: Convívios (138): Em Castro Daire, agora chão de Bambadinca, 1968/71 (1): O reencontro na capela de N. Sra. da Ouvida

31 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4446: Convívios (139): Castro Daire, agora chão de Bambadinca, 1968/71 (2): A música, a festa, a dança no planalto beirão

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4539: Os nossos vídeos (2): O Fado do Ceguinho, por Américo Silva, Castro Daire, 30/5/2009 (Luís Graça)

Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Zona Industrial da Ouvida > Restaurante P/P > 30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades adidas > Silêncio, canta-se o fado!

Vídeo (4' 20''): © Luís Graça (2009). Direitos reservados.

No vídeo o Américo Silva, genro do Adélio Monteiro, organizador do encontro, ex-Sold Cont Auto, da CCAÇ 12 (Bambadinca, Junho de 1969/Março de 1971), e hoje um conceituado comerciante de Castro Daire, com duas lojas de moda, e chefe de um clã de gente magnífica, talentosa, generosa e hospitaleira (*)...

O Américo Silva, também ele comerciante, presidente da junta de freguesia de Monteiras (com cerca de 600 habitantes), é um dos mais famosos cantadores ao desafio da região. Presidente da Associação de Cantadores ao Desafio e Tocadores de Concertina da Beira Alta, conta já com uma dezena de CD publicados...

Neste belo 15º convívio do pessoal de Bambadinca, o Américo cantou e encantou (**). Do seu vasto reportório foi buscar um tradicional fado do ceguinho, acompanhado pelas suas duas filhas, também elas dotadas a música, como de resto toda a família, de um lado e do outro (À mesa, da esquerda para a direita, a filha mais nova do Américo, a filha do Adélio que presumo seja a esposa do Américo, a filha mais velha do Américo, a sogra, esposa do Adélio)...

Eram populares, nos anos 60, estes fados do ceguinho, cantados de feira em feira, muitas vezes por cantores, também ele ceguinhos (**)... Eram letras de fazer chorar as pedras da calçada, como esta que o Américo aqui nos traz, e que nos evoca os tempos em que os homens partiam para a África, como colonos ou como soldados: um homem, acabado de ser pai, embarca para África (presume-se que para a guerra), deixando para trás um filho que se vem a descobrir, mais tarde, que sofre de uma terrível doença... Chamado o médico, este logo dita a sentença para a mãe:
- Ou morre ou fica ceguinho!

A criança, brincalhona e irrequieta, vai crescendo ao lado da mãe, é uma bela costureira... Até ao dia, dois anos depois, em que esta recebe um telegrama, a anunciar o regresso do marido... Há lágrimas de alegria, por parte da mãe, por um lado, mas também palavras de revolta e de amargura por parte do pequeno, agora cego:
- Minha querida mãezinha, eu, que tanto queria ver o meu paizinho, agora que estou ceguinho, mais me valia morrer!...

(São palavras inverosímeis para uma criança de dois anos, mas elas traduzem todo o pathos, toda tragédia contida nesta situação-limite. Eu que sou um estudioso do fado, canção popular urbana de Lisboa, fiquei simultaneamente surpreendido e deslumbrado por vir descobrir, aqui no planalto beirão, gente jovem que adora cantar e ouvir o fado, incluindo esta variante do fado das feiras e mercados que já se perdeu no sul... Bem hajas, Adélio! Os meus parabéns por todos esses teus/vossos Seres, Saberes e Lazeres!... Obrigado, Américo!... Hei-de voltar).
__________

Notas de L.G.:

(*) Vd. postes de:

31 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4444: Convívios (138): Em Castro Daire, agora chão de Bambadinca, 1968/71 (1): O reencontro na capela de N. Sra. da Ouvida

31 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4446: Convívios (139): Castro Daire, agora chão de Bambadinca, 1968/71 (2): A música, a festa, a dança no planalto beirão

(**) Vd. primeiro e último poste desta série > 26 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2216: Os nossos vídeos (1): Feliz Natal e até ao meu regresso (Tino Neves)

(***) Vd. Aida Viegas, Oliveira do Bairro. Memórias de um século. Águeda, AVI, 1994, pp. 111-116. > Feiras e mercados >(...)

FEIRA DA PALHAÇA

A feira da Palhaça foi e continua a ser a maior e melhor feira do concelho e será certamente a mais antiga. Ali se pode comprar e vender quase tudo. A esta feira se deve, em grande parte, o desenvolvimento da terra.

O grande número de pessoas que ali afluem nos dias 12 e 29 de cada mês enchem de vida e animação todo o lugar, trazem novidades de toda a ordem, e não é apenas comercial e economicamente que o desenvolvimento chega à Palhaça através da feira, mas sim num todo global.

A verdade é que esta se tomou das mais conhecidas, talvez pela localização privilegiada da Palhaça, local importante de passagem desde longa data.

(...) Seguidamente vamos recordar alguns episódios pitorescos que animavam esta feira e que hoje já não podem ser presenciados. Alguns fizeram furor até à década de 1960, outros ter­minaram mais cedo.

- O jogo da vermelhinha

Este jogo dava com fre­quência origem a cenas de grande discussão e até pancadaria, pelo facto dos jogadores se sentirem burlados, pois as regras do jogo eram quase sistematicamente viciadas.

- O “homem da banha da cobra”

Enquanto a mulher vendia o unguento e mostrava aos fregueses como usá-lo, o homem ia lançando os pregões do maravilhoso produto que ainda hoje cura bicos de papagaio, dores de costas, irritações de pele, enfim... todos os males que, por desventura, possam apoquentar o ser humano. O insólito de tudo isto estava no facto do homem ter, durante todo o tempo, uma enorme jibóia enroscada no seu corpo que o ia percorrendo dos pés à cabeça. Esta, que teria um diâmetro muito próximo dos 15 centímetros, sendo deveras comprida, era exibida como um dos exemplares donde se poderia extrair a banha, que era vendida em caixinhas de papel. Escusado será dizer que à volta deste charlatão se acotovelava constantemente grande multidão de curiosos.

- Carteiristas

Quem nunca faltava nem falta em nenhum recinto de feiras ou de festas são os carteiristas; esses porém, são dos poucos personagens que ainda não passaram à história.

- Borda d’água, Seringador

Aqui tínhamos previsão meteorológica a longo prazo, apregoada pelo vendedor de pequenos opúsculos que ainda hoje poderemos encontrar.

- Ceguinhos

Outra das grandes atracções eram, sem dúvida, os cantadores; quase sempre pobres ceguinhos que, de alforge e viola às costas, demandavam feiras e outros locais onde se aglomerasse muita gente.

Traziam pregados ao casaco e ao alforge, com alfine­tes ou molas da roupa, os folhetos que um moço “de cego” vendia pelos assistentes enquanto o cego cantava ou apre­goava a tragédia da qual era arauto. Naqueles, em letra impressa, eram relatados em verso melodramas, fortes pai­xões que levavam ao suicídio, crimes passiona is, mortes súbitas e outras desgraças.

Estas cantigas, de cunho melodramático, contavam geralmente casos verídicos ocorridos na região, um tanto fantasiados, cantadas pelos ceguinhos em estilo de fado. Dado o seu sensacionalismo tinham muita audiência, for­mando-se grandes “adjuntos” ao redor do cantado.

Este espectáculo quase podia comparar-se ao jornal do crime ou a casos de polícia. Porém, este modo de comunicação tinha vantagens em relação ao actual: as notícias corriam cam­pos e aldeias e andavam na boca de toda a gente por muito tempo.

Hoje, volvidos mais de 60 anos, tivemos o gosto de ouvir uma senhora com 83 cantar-nos os seguintes versos, que relembra da sua juventude e relatam um, de tantos desses dramas.

Ó minha mãe venha ver
O Mário no chão estendido,
Por causa da Corininha
Deu dois tiros no ouvido.


Corina estás à janela,
Corina eu também estou,
Por causa de ti, Corina,
É que o Mário se matou.

E a mãe do Mário endoidece,
Da sala para a cozinha
Matou-se seu querido Mário
Por causa da Corininha.

Corina, o Mário morreu
E tu não o foste ver,
As coroas que lhe mandaste
Voltaste-as “àrreceber”.

Ó Corina, tira o luto,
Que o luto não te está bem,
Tu hás-de vestir de luto
Em morrendo a tua mãe.

[Com a devida vénia à autora deste texto que me fez regressar à minha infância, Aida Viegas]