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segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24890: E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) - Parte II: Depois de Santo Tirso, Portalegre... e 18 razões para não mais esquecer o Alto Alentejo


Portalegre: Escola Secundária de São Lourebço

1.Continuação da nova série do Joaquim Costa, "E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas"...


(i) ex-fur mil at Armas Pesadas Inf, CCAV 8351, "Tigres do Cumbijã" (Cumbijã, 1972/74);

(ii) membro da Tabanca Grande desde 30/1/2021, tem cerca de 7 dezenas de referências no blogue;

(iii) autor da série "Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74)" (de que se publicaram 28 postes, desde 3/2/2021 a 28/7/2022) , e que depois publicou em livro ("Memórias de um Tigre Azul - O Furriel Pequenina", por Joaquim Costa; Lugar da Palavra Editora, 2021, 180 pp);

(iv) tirou o curso de engenheiro técnico, no ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto;

(v) foi professor do ensino secundário, tendo-se reformado como diretor da escola secundária de Gondomar;

(vi) minhoto, de Vila Nova de Famalicão , vive em Rio Tinto, Gondomar;



Portalegre: O histórico café Alentejano..

 
Joaquim Costa

"E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas" (Joaquim Costa);  Parte II: E depois de Santo Tirso, Portalegre...


Foi desta cidade que às 2 da manhã do dia 29 de outubro de 1972, fui conduzido (juntamente com a minha companhia) até Figo Maduro, onde embarquei num avião da FAP ruma à Guiné.

O pouco tempo que aqui permaneci, enquanto militar, não deu para conhecer esta bela região alentejana e o seu fantástico triângulo: Portalegre, Marvão, Castelo de Vide.

Lembro-me, na altura, da nossa infantilidade ao entrarmos na escola secundária, em frente do quartel, “matando o tempo”, deliciando-nos com os nomes, para nós, invulgares, mesmo bizarros, dos alunos afixados nas pautas, e, quem sabe, arranjar uma (ou mais) madrinha de guerra…

Nesta cidade lecionou José Régio – reclamado por Vila do Conde onde nasceu e por Portalegre onde viveu, sempre no meio da sua imensa coleção de Cristos.

Depois de dois anos em Santo Tirso, muitas dúvidas permaneciam sobre se seria este o meu caminho. Continuava com a ideia fixa de fazer o meu percurso profissional numa empresa, ou dar corpo a um gabinete de projetos de engenhria,  que estava na incubadora.

A forma como fui recebido em Portalegre: o excelente ambiente entre o corpo docente, o comportamento afável dos alunos (sempre brincando com o meu sotaque nortenho e sempre me dando os parabéns, todas as segundas feiras, pelo desempenho das minhas equipas – FCP e Famalicão que deram cartas nesse ano), as magníficas paisagens, as suas gentes e o seu sotaque doce e meigo e o seu cante, esfriaram a ideia de abandonar o ensino.

Um ano depois de Portalegre, surgiu uma resposta positiva para um emprego numa multinacional Alemã do ramo elétrico. Não obstante umas noites mal dormidas, acabei por rejeitar. O ano em Portalegre creio que foi decisivo para esta decisão.

Nada me tira o meu Minho (… e o meu Douro vinhateiro e...) mas o Alentejo e os Alentejanos estão no meu coração, inclusive o homem que “deitou abaixo” o meu pequeno garrafão de verde tinto nos longínquos anos 60 a caminho de Ermidas Sado.

Na passagem em trânsito para a Guiné, em 1972, não deu para conhecer a bela região do Alto Alentejo, desforrando-me “à tripa forra” em 1977/78.

Jamais esquecerei:

(i) as tertúlias na esplanada do Tarro, depois do jantar, até que os funcionários arrumando as mesas vazias e limpando o lixo debaixo dos nossos pés nos davam ordem de saída;

(ii) o cimbalino (termo que sempre fiz questão de utilizar, com o empregado sempre retorquindo: uma bica?) depois do almoço no café “Facha”, em frente ao imponente plátano, lendo as gordas do jornal da casa;

(iii) uma ou outra vez tomando o cimbalino, depois do jantar, no café Central, a meio da rua direita, mas que é muito “torta”, onde grandes jogadores de xadrez se juntavam;

(iv) um pingo (com o empregado sempre a retorquir: um garoto?) e uma nata, a meio da tarde, no lindo e histórico café Alentejano (onde David Mourão Ferreira comeu uns belos bifes com José Régio), felizmente ainda aberto e mantendo o mesmo “glamour”;

(v) as tardes mais quentes passadas debaixo do frondoso plátano (hoje quase monumento nacional);

(vi) o lanche com um grupo de amigos habituais, depois dos jogos de futebol, na tasquinha do Marchão, bebendo umas espetaculares imperiais (que eu insistia em chamar finos) acompanhadas com perninhas de rã (que eu nunca fui capaz de comer) e umas divinais empadinhas de frango, que eu devorava com sofreguidão;

(vii) as idas a um magnífico restaurante na Serra de S. Mamede, do qual já não me lembro o nome, com paragem obrigatória no magnífico miradouro;

(viii) a Pensão 21 onde me instalei com outro colega e amigo de Viana do Castelo: a qui fomos tratados como filhos pelo proprietário (o Sr. Mourato) e pela simpática empregada que nos servia as refeições; no dia em que decidimos fazer um estendal, na varanda do quarto, com as nossas cuecas a secarem ao sol, foi o dia em que não só o proprietário e a empregada, bem como todos os hóspedes, ficaram definitivamente rendidos aos jovens e prendados professores do Minho;

(ix) as refrescantes idas a uma fonte de água pura e fresca; nos dias de maior calor, a caminho da serra, onde sempre éramos alertados por simpáticas mulheres que aí vendiam fruta; que no alto da sua sabedoria espelhada nos seus cabelos brancos, que bebendo água da fonte o feitiço o ligaria ao Alentejo pelo casamento: o meu amigo de Viana do Castelo casou com uma jovem e simpática professora de Marvão e eu com a Isabel, uma alfacinha de Alcântara, (embora natural de Idanha), professora também deslocada na cidade, ou como diz o provérbio, “Tantas vezes o cântaro vai à fonte que um dia fica lá a asa”!!!

(x) as idas às tasquinhas da Serra de S. Mamede, onde aprendi a letra do “Fado do Embuçado” ;

(xi) o calcorrear, milímetro a milímetro das ruas e tasquinhas de Marvão e Castelo de Vide;

(xii) um fim de semana passado na casa de um colega de Évora, comendo uma divinal sopa de Cação preparada pela sua simpática esposa; 

(xiii) a noite passada numa taberna, estilo Zé d’Alter de Estremoz, onde o fado aparecia de onde menos se esperava, devorando um magnífico gaspacho; terminando a noite a ver nascer o Sol numa das zonas altas da cidade;

(xiv) a abordagem de uma patrulha da polícia, às 4 horas da manhã quando esperava-mos o nascer do sol, pedindo-me a carta de condução, que tinha ficado na pensão, o BI, o título de propriedade da minha Diane, que também não tinha - com o polícia já desesperado a pedir, qualquer documento com fotografia que também não tinha; dada a minha calma, adocicada com algum humor nortenho, o polícia esboçou um sorriso dizendo: parecem boas pessoas, aproveitem bem o fim de semana em Évora;

(xv) uma incursão a Badajoz com o regresso já com a fronteira fechada (chegamos 5 minutos depois da meia noite), voltando a Badajoz, esperando a abertura dos primeiros cafés para o pequeno almoço e acelerar para a primeira aula da manhã;

(xvi) assistir ao dérbi da cidade entre os Estrelas de Portalegre e o Desportivo Portalegrense com as rivalidades levadas ao extremo, durante o jogo, mas logo esvaziadas nas inúmeras tabernas da cidade;

(xvii) participar numa manifestação contra a Lei Barreto, já com o PREC a perder força, com direito a carga policial (e tudo o mais a que tinha-mos direito nestas manifestações…) com fuga ao cassetete com o meu amigo deixando a sua mala de engenheiro para trás;

(xviii) as viagens de comboio (sempre adorei viajar de comboio) a caminho de casa nas pausas escolares na direção: Chança, Mata, Crato… e no regresso ao Alentejo na direção: Crato, Mata, Chança...como gostavam de dizer os portalegrenses;

Viajo de comboio sempre com o mesmo entusiasmo como se fosse a primeira vez. Com o comboio cheio de gente sinto-me personagem de um filme no meio de um turbilhão de cenas do quotidiano. Sozinho sinto-me numa sala de cinema vendo passar o mundo lá fora, pela janela do comboio, como se de uma tela se tratasse.

Durante as viagens faço sempre um esforço tremendo para não adormecer, já que um minuto dormido é um minuto não vivido.

Nos primeiro anos depois da Guiné vivi sofregamente os dias, “engasgando-me” aqui e ali na ânsia de agarrar o mundo todo num só dia. Fui há procura de resgatar os três anos “roubados” da minha juventude, até hoje ainda não devolvidos.

____________

Nota do editor:

Último poste da série >20  de novembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24865: E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) - Parte I: Santo Tirso, o dono da "tasca"

sábado, 15 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23711: Memórias cruzadas: relembrando os 24 enfermeiros do exército condecorados com Cruz de Guerra no CTIG (Jorge Araújo) - Parte VIII



Foto 1 – Zona Leste > Região de Nova Lamego > 12 de Setembro de 1969 [há 53 anos] > Evacuação de feridos provocados pelo rebentamento de uma mina anticarro ocorrida entre Canjadude e Nova Lamego. Foto do álbum de José Corceiro, 1.º Cabo Trms, CCAÇ 5, Canjadude (1969/71) – P6117, com a devida vénia.


Foto 2 – Corredor de Guileje > 1972 [há 50 anos] – Foto do álbum de Fernando Monteiro (1.º Cabo Enfermeiro) da CCAÇ 3477 “Gringos de Guileje” (1971/73), com a devida vénia.



O nosso coeditor Jorge [Alves] Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, ainda no ativo. Tem mais de 290 referências no nosso blogue.


 

MEMÓRIAS CRUZADAS NAS “MATAS” DA GUINÉ (1963-1974):

RELEMBRANDO OS QUE, POR MISSÃO, TINHAM DE CUIDAR DAS FERIDAS CORPOREAS PROVOCADAS PELA METRALHA DA GUERRA COLONIAL: «OS ENFERMEIROS»

OS CONTEXTOS DOS “FACTOS E FEITOS” EM CAMPANHA DOS VINTE E QUATRO CONDECORADOS DO EXÉRCITO COM “CRUZ DE GUERRA”, DA ESPECIALIDADE “ENFERMAGEM”


PARTE VIII


► Continuação do P22336 (VII) (02.07.21) (*)


1.   - INTRODUÇÃO


Depois de um interregno, superior ao que era desejável, retomamos a partilha no Fórum dos resultados obtidos na investigação acima titulada. Procura-se valorizar, através das diferentes narrativas, o importante papel desempenhado pelos nossos camaradas da “saúde militar” (e igualmente no apoio a civis e população local) – médicos e enfermeiros/as – na nobre missão de socorrer todos os que deles necessitassem, quer em situação de combate, quer noutras ocasiões de menor risco de vida, mas sempre a merecerem atenção e cuidados especiais.

Considerando a dimensão global da presente investigação, esta teve de ser dividida em partes, onde procuramos descrever cada um dos contextos da “missão”, analisando “factos e feitos” (os encontrados na literatura) dos seus actores directos “especialistas de enfermagem”, que viram ser-lhes atribuída uma condecoração com «Cruz de Guerra», maioritariamente de 3.ª e 4.ª Classe. Para esse efeito, a principal fonte de recolha de informação foi a documentação oficial do Estado-Maior do Exército, elaborada pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974).

2.   - OS “CASOS” DO ESTUDO

De acordo com a coleta de dados da pesquisa, os “casos do estudo” totalizaram vinte e quatro militares condecorados, no CTIG (1963/1974), com a «Cruz de Guerra» pertencentes aos «Serviços de Saúde Militar», três dos quais a «Título Póstumo», distinção justificada por “actos em combate”, conforme consta no quadro nominal elaborado por ordem cronológica e divulgado no primeiro fragmento – P21404.



Nesta oitava parte analisaremos mais dois “casos”, o primeiro registado no final do ano de 1966 e o segundo no início de 1967, onde se recuperam mais algumas memórias dos seus respectivos contextos.

No quadro nominal abaixo, referem-se os “casos” que faltam contextualizar (n-8).

No gráfico abaixo, já publicado anteriormente, está representada a população do estudo agrupada pela variável “posto” (n-24).


Gráfico 1 – Representação gráfica da população do estudo agrupada na variável “posto”.


3. - OS CONTEXTOS DOS “FEITOS” EM CAMPANHA DOS MILITARES DO EXÉRCITO CONDECORADOS COM “CRUZ DE GUERRA”, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE “ENFERMAGEM” - (n=24)

3.15 - MÁRIO DE JESUS MANATA, FURRIEL MILICIANO DO SERVIÇO DE SAÚDE, DA CCAV 1482, CONDECORADO COM A CRUZ DE GUERRA DE 4.ª CLASSE 


A décima quinta ocorrência a merecer a atribuição de uma condecoração a um elemento dos «Serviços de Saúde» do Exército, esta com medalha de «Cruz de Guerra» de 4.ª Classe - a oitava (e última) das distinções contabilizadas no decurso do ano de 1966 - teve origem no desempenho tido pelo militar em título ao longo da sua comissão. Merece, todavia, destaque o seu comportamento durante a «Operação Holofote», realizada entre 14 e 16 de Dezembro de 1966, 4.ª a 6.ª feira, tendo por objectivo a base IN de Darsalame, na margem esquerda do rio Buruntoni, região do Xime, onde, mesmo depois de ter sido ferido, manteve-se activo prestando os primeiros socorros a outros camaradas seus, também eles feridos (infogravura abaixo).


► Histórico



◙ Fundamentos relevantes para a atribuição da Condecoração


▬ O.S. n.º 06, de 09 Fevereiro de 1967, do QG/CTIG:

“Agraciado com a Cruz de Guerra de 4.ª Classe, nos termos do artigo 12.º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto n.º 35667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 28 de Março de 1967: O Furriel Miliciano enfermeiro, Mário de Jesus Manata, da Companhia de Cavalaria 1482 [CCAV 1482] – Batalhão de Caçadores 1888, Regimento de Cavalaria 7.”

● Transcrição do louvor que originou a condecoração:

“Louvo o Furriel Miliciano enfermeiro, Mário de Jesus Manata, da CCAV 1482, por ao longo do tempo de permanência nesta Província ter participado em elevado número de operações e em todas elas ter demonstrado calma e serenidade no exercício das suas funções específicas e também porque tendo sido ferido em diversas partes do corpo, durante a «Operação Holofote” [14/16Dez66], se manteve animado, aplicando em si mesmo os primeiros socorros necessários e dispensando qualquer ajuda no seu deslocamento até ao local da evacuação, evidenciando em todos os momentos uma dignidade de acção digna de salientar.” (CECA; 5.º Vol.; Tomo IV; p 268).

CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA


Para contextualização da actividade operacional definida para a «Operação Holofote», a informação obtida na fonte Oficial (CECA) é muito reduzida. Apenas é referido que esta Operação decorreu durante três dias, de 14 a 16 de Dezembro de 1966, nela tendo participado as seguintes forças: CCaç 1546, CCaç 1551, CCav 1482 e PCaç 53.

O objectivo traçado para a missão era realizar um golpe-de-mão ao acampamento de Darsalame Baio, situado na margem esquerda do rio Buruntoni. 

Como resultados, o acampamento, composto por 8 casas de mato, foi destruído, sendo capturado, além de material diverso, mais 1 metralhadora, 3 pistolas-metralhadoras, 2 espingardas automáticas, 1 pistola e várias granadas. 

Durante a acção as NT foram flageladas pelo IN, sofrendo 4 feridos. (CECA; 6.º Vol.; Tomo II; p 415).



3.15.1 - SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE CAVALARIA 1482

             = BAMBADINCA - SONACO - QUIRAFO - PONTA DO INGLÊS - XIME - INGORÉ - SEDENGAL


Mobilizada pelo Regimento de Cavalaria 7 [RC 7], de Lisboa, para cumprir a sua missão ultramarina no CTIG, a Companhia Independente de Cavalaria 1482 [CCAV 1482], embarcou no Cais da Rocha, em Lisboa, em 20 de Outubro de 1965, 4.ª feira, a bordo do N/M «Niassa", sob o comando do Cap Cav João Ramiro Alves Ribeiro [-†2008; como General], tendo chegado a Bissau a 27 do mesmo mês.


3.15.2 - SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CCAV 1482


Sete dias após a sua chegada [27Out65], a CCAV 1482 foi colocada em Bambadinca, a fim de substituir a CCAÇ 556 [10Nov63-28Out65, do Cap Inf José Abílio Lomba Martins (1.º); do Cap Inf Carlos Alberto Gonçalves (2.º) e do Ten Inf Fernando Gonçalves Foitinho (3.º)], assumindo a função de intervenção e reserva do BCAÇ 697 [21Jul64-27Abr66, do TCor Inf Mário Serra Dias da Costa Campos], tendo actuado em diversas operações realizadas nas regiões de Darsalame Baio, Ponta Varela e Poindom e efectuado patrulhamentos, batidas e escoltas na sua zona de acção. De 17Nov65 a 17Jan66, cedeu um Gr Comb ao BCAV 757 [23Abr65-20Jan67, do TCor Cav Carlos de Moura Cardoso], para guarnecer o destacamento de Sonaco.

Em 06 e 08Abr66, com a marcha de dois Grs Comb, respectivamente para Quirafo (onde se manteve até finais de Dezembro seguinte) e Ponta do Inglês, iniciou a rotação com a CCAV 678 [18Jul64-27Abr66, do Cap Cav Juvenal Aníbal Semedo de Albuquerque (1.º); do Cap Cav Inácio José Correia da Silva Tavares (2.º) e do Cap Art José Vítor Manuel da Silva Correia (3.º)] e seguidamente assumiu, em 14Abr66, a responsabilidade do subsector do Xime, com aqueles destacamentos referidos, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 697 e depois do BCAÇ 1888 [26Abr66-17Jan68, do TCor Inf Adriano Carlos de Aguiar].

Em 11Jan67, foi rendida no subsector do Xime pela CCAÇ 1550 [26Abr66-17Jan68, do Cap Mil Inf Agostinho Duarte Belo], tendo sido colocada em Ingoré, a fim de render a CCAV 788 [28Abr65-08Fev67, do Cap Cav Alberto Mourão da Costa Ferreira]. Em 15Jan67, assumiu a responsabilidade do subsector de Ingoré, com um Gr Comb destacado em Sedengal, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1894 [30Jul66-09Mai68, do TCor Inf Fausto Laginha dos Ramos]. Em 13Jul67, foi rendida no subsector de Ingoré pela CCAÇ 1590 [12Ago66-09Mai68, do Cap Inf Aires Jorge da Costa Gomes], tendo seguido em 18Jul67 para Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso, o qual ocorreu a 27Jul67, a bordo do N/M «UÍGE» (CECA; 7.º Vol.; p 500).


3.16 - AMÉRICO MOREIRA DA SILVA, 1.º CABO AUXILIAR DE ENFERMEIRO, DA CART 1525, CONDECORADO COM A CRUZ DE GUERRA DE 4.ª CLASSE 


A décima sexta ocorrência a merecer a atribuição de uma condecoração a um elemento dos «Serviços de Saúde» do Exército, esta com medalha de «Cruz de Guerra» de 4.ª Classe - a primeira distinção contabilizada no decurso do ano de 1967 - teve origem no desempenho tido pelo militar em título ao longo de todo o período da sua comissão. De todas as evidências, merece maior relevância a sua coragem e valentia durante a «Operação Baluarte», efectuada em 1 de Fevereiro de 1967, 4.ª feira, à “Base Rua”, situada entre a bolanha de Cambajo e Madane, no Óio, em que as NT tiveram um total de 14 indisponíveis e onde o 1.º Cabo Silva acorreu a todos os locais em que era solicitada a sua presença (infogravura abaixo).



◙ Fundamentos relevantes para a atribuição da Condecoração

▬ O.S. n.º 15, de 30 de Março de 1967, do QG/CTIG:

“Agraciado com a Cruz de Guerra de 4.ª Classe, nos termos do artigo 12.º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto n.º 35667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 14 de Abril findo: O 1.º Cabo auxiliar de enfermeiro, n.º 5614265, Américo Moreira da Silva, da Companhia de Artilharia 1525 [CART 1525] – Batalhão de Caçadores 1876, Regimento de Artilharia de Costa.”

Transcrição do louvor que originou a condecoração:



“Louvado o 1.º Cabo auxiliar de enfermeiro, n.º 5614265, Américo Moreira da Silva, da CART 1525, por ter desenvolvido ao longo de 14 meses de comissão uma actividade extraordinariamente proveitosa e cheia da melhor boa vontade, quer no exercício das suas funções internas, quer ainda na actividade operacional levada a efeito pela Companhia.

Elemento dotado de invulgares qualidades de trabalho, notório espírito de sacrifício e desejo permanente de agradar, jamais regateou qualquer esforço, mesmo quando a Companhia possuía um enfermeiro a menos, obrigando-o por isso a desdobrar-se e a fornecer um esforço suplementar. Possuidor de extrema correcção e simpatia pessoal tem-se imposto não só a camaradas, como também a superiores, como um militar merecedor de estima geral.

No exercício das funções, durante a actividade operacional, tem-se revelado também, em todas as acções em que tem participado, como um militar de grande destreza, coragem e valentia.

Na «Operação Baluarte», efectuada à “Base de Rua”, em que as NT tiveram, entre feridos graves e ligeiros, 14 indisponíveis, o 1.º Cabo Silva, ainda debaixo de fogo IN e não olhando ao perigo, acorreu a todos os locais onde a sua presença era solicitada, numa demonstração de entrega total à sua missão, não se poupando a esforços para que a sua presença e os seus cuidados estivessem sempre ao dispor dos mais necessitados. Conseguiu desta feita, e alardeando grande serenidade, desprezo pelo perigo, coragem e sangue frio, que a sua acção fosse estimular não só os feridos, como também o restante pessoal, contribuindo deste modo para elevar o moral das NT.

Pelas suas qualidades pessoais, de reconhecido valor e qualidades de trabalho que são uma realidade e, ainda, pela sua calma, coragem, espírito de abnegação e desprezo pelo perigo, largamente demonstrados em acções de contacto com o IN, merece o 1.º Cabo Silva ser apontado a todos os seus camaradas como exemplo de dedicação e entrega total ao serviço.” (CECA; 5.º Vol.; Tomo IV; p 317).
   

CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA


Para a elaboração deste ponto, não foi possível incluir a narrativa da fonte Oficial (CECA) por nada constar à cerca desta actividade operacional desenvolvida pela CART 1525. No entanto, recorremos, uma vez mais, ao livro da Unidade – CART 1525 - “HISTORIAL” – da qual retirámos os factos relacionados com o desenrolar da «Operação Baluarte», efectuada em 01 de Fevereiro de 1967, 4.ª feira, na Região de Cambajo / Madane (Óio).

O principal objectivo da «Operação Baluarte» visava concretizar um golpe de mão à “Base Rua”, situada entre a bolanha de Cambajo e Madane.

Foram escaladas para esta missão as seguintes forças: 1.º Gr Comb da CART 1515; Gr Comandos “Os Falcões”, 1 Pel Milícia 157 e 1 Pel Pol Adm., com apoio aéreo.

▬ DESENROLAR DA ACÇÃO:

● Saíram as NT do quartel pelas 22h30 seguindo a estrada de Mansoa e flectindo depois na direcção de Quenhaque > Mansabandim > Dando, onde chegaram pelas 23h30. Cambada a bolanha do Cambajo, entrou-se na zona do objectivo. O guia não sentia qualquer dificuldade na condução das NT, e assim, pelas 05h30, encontravam-se as mesmas muito próximas da base quando, de N, se ouviu forte tiroteio à distância o que, certamente, veio alertar o IN. 

Mesmo assim a aproximação continuou em terreno de mato relativamente denso, até que se atingiu uma clareira onde o mato havia sido cortado e que, por indicações do guia, era o local onde a sentinela se encontrava. Efectivamente, nessa altura, eram 05h45, fomos detectados por dois sentinelas que abriram fogo de E e W tentando assim despistar as NT quanto à verdadeira localização da casa de mato, que se encontrava precisamente na direcção intermédia das mesmas.

Uma vez detectadas, as NT abriram fogo com todas as armas mas o IN reagiu com PM, MP e LGFog. A pouco-e-pouco, porém, as NT continuaram o avanço a despeito da forte reacção do IN que se fazia sentir e apesar de uma das granadas de LGFog do IN ter rebentado no meio do nosso pessoal e ocasionando logo alguns feridos. Assim, cerca de meia hora depois de se ter iniciado o contacto, chegaram finalmente as NT às casas de mato, depois do IN as ter debandado. 

No interior do objectivo verificou-se que era composto por seis barracas dispostas em círculo com uma barraca central. Dispunha de abrigos para atirador deitado e possuía um outro contra a aviação, construído com terra e troncos e constituído por uma cavidade subterrânea, com dois buracos diametralmente opostos, com capacidade para cerca de 12 pessoas, dando por isso adequada protecção não só contra bombas de avião mas também contra as granadas de artilharia.

Ainda quando as NT se encontravam no interior da base, o IN fez lançar mais uma granada de LGFog, a qual veia a rebentar sobre o nosso pessoal, ocasionando mais feridos. Em face disto e uma vez que as instalações tinham já sido destruídas, retirou-se da zona e resolveu-se, devido à demora do PVC, evacuar os feridos pelos nossos próprios meios até ao ponto de recolha pelas viaturas.

Atendendo à grande quantidade dos mesmos e à enorme extensão a percorrer, foi digno de nota o espírito de entreajuda de todo o pessoal no transporte dos camaradas feridos. Durante o movimento de regresso, foram ainda queimadas mais quatro tabancas a W do objectivo, não se tornando o IN a revelar. As forças foram recolhidas pelas 08h30 na estrada de Mansabá, chegando a Bissorã cerca das 09h00.

Foram capturados alguns carregadores de PM, munições diversas e granadas de mão. As NT sofreram catorze feridos, sendo evacuados nove elementos (Op. cit,; pp 57/58).


3.16.1 - SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE ARTILHARIA 1525

             = MANSOA - BISSORÃ - PONTE MAQUÉ


Mobilizada pelo Regimento de Artilharia de Costa [RAC], de Oeiras, para cumprir a sua missão ultramarina no CTIG, a Companhia de Artilharia 1525 [CART 1525], embarcou no Cais da Rocha do Conde de Óbidos, em Lisboa, em 20 de Janeiro de 1966, 5.ª feira, a bordo do N/M «UÍGE», sob o comando do Cap Art Jorge Manuel Piçarra Mourão (1942-2004), tendo chegado a Bissau a 26 do mesmo mês.

3.16.2 - SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CART 1525

Dez dias após a sua chegada a Bissau, a CART 1525 seguiu para Mansoa, a fim de efectuar um curto período de adaptação operacional e substituir a CART 644 [10Mar64-09Fev66; do Cap Art Vítor Manuel da Ponte da Silva Marques (-†2004) (1.º), Cap Art Nuno José Varela Rubim (2.º) na função de reserva e intervenção do sector do BCAÇ 1857 [06Ago65-03Mai67; do TCor Inf José Manuel Ferreira de Lemos]. 

Em 21Fev66, por rotação com a CCAÇ 1420 [06Ago65-03Mai67; do Cap Inf Manuel dos Santos Caria], foi transferida para o subsector de Bissorã, em reforço da guarnição local até 31Out66, tendo ainda actuado em diversas operações realizadas nas regiões do Tiligi, Biambe, Morés e Queré e sendo também deslocada para operações na região de Jugudul, de 23Jul66 a 17Ago66; de 18Jun66 a 06Jul66, destacou, ainda, um pelotão para Ponte Maqué. 

Em 31Out66, assumiu a responsabilidade do subsector de Bissorã, após saída da CCAÇ 1419 [06Ago65-03Mai67; do Cap Mil Inf António dos Santos Alexandre], tendo passado a integrar o dispositivo e manobra do BCAV 790 [28Abr65-08Fev67; do TCor Cav Henrique Alves Calado (1920-2001)], após reformulação dos limites da zona de acção dos sectores daquela área em 01Nov66, e depois do BCAÇ 1876 [26Jan66-04Nov67; do TCor Inf Jacinto António Frade Júnior]. 

Pelos vultuosos resultados obtidos em baixas causadas ao inimigo e armamento apreendido, destacam-se as operações: «Embuste» [01Out66] e «Bambúrrio» [03Abr67], nas regiões de Iarom e Faja. Em 10Out67, foi rendida no subsector de Bissorã pela CCAV 1650 [06Fev67-19Nov68; do Cap Cav José Cândido de Bonnefon de Paula Santos], recolhendo seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso, o qual ocorreu em 04 de Novembro de 1967, sábado, a bordo do N/M «UÍGE». (CECA; 7.º Vol.; p 446).

Continua…

► Fontes consultadas:

Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 5.º Volume; Condecorações Militares Atribuídas; Tomo II; Cruz de Guerra, 1962-1965; Lisboa (1991).


Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro I; 1.ª Edição; Lisboa (2014)

Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição; Lisboa (2002).

Ø Outras: as referidas em cada caso.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

01Set2022

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Nota do editor:

sexta-feira, 24 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23381: Convívios (934): 26º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) + CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): Caldas da Rainha, 28/5/2022: Fotos - Parte I (José Fernando Almeida)



Foto nº 1 > Caldas da Rainha > 28 de maio de 2022 > 26º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) + CCAÇ 1439  (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) > Grupo só de ex-combatentes:

Sentados da direita para a esquerda; José Carlos Lopes (BCAÇ 2852); Fernando Sousa (CCAÇ 12); A. Adão (BCAÇ 2852); Beja Santos (Pel Caç Nat 52); João Ramos (CCAÇ 12); Humberto .Reis (CCAÇ 12); Fernando Oliveira (BCAÇ 2852); António F. Marques (CCAÇ 12); Luís Sousa (CCAÇ 12).

De pé; Otacílio Henriques (BCAÇ 2852); Silvino Carvalhal (BCAÇ 2852); Manuel Ferreira (CCAÇ 12); José Mourão (BCAÇ 2852); Joaquim Fernandes (CCAÇ 12); João Crisóstomo (CCAÇ 1439); Manuel Almeida (CCAÇ 12): "Mafra" (CCAÇ 1439); Bernardo Valente (BCAÇ 2852); Carlos Teixeira (BCAÇ 2852, Pelotão Daimler); Monteiro Valente (CCAÇ 12); Fernando Resende (BCAÇ 2852); Fernando Almeida (CCAÇ 12); Carlos Henriques (BCAÇ 2852); Virgílio Encarnação (CCAÇ 12); Francisco Patronilho (CCAÇ12); António Damas Murta (CCAÇ 1); Adelino Fernandes (BCAÇ 2852).


Foto nº 1A > Caldas da Rainha > 28 de maio de 2022 > 26º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) + CCAÇ 1439  (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) > Grupo só de ex-combatentes (detalhe)... Recomheço, de imediato, na fila de pé, em 6º lugar, o José Fernando Almeida, e na ponta esquerda (11º), o Manuel Calhandra Leitão, o "Mafra, organizador do último encontro do pessoal da CCAÇ 1439, na Ericeira, em 18/5/2019. Em baixo, da esquerda para a direita, sentados, o Sousa (que veio do Funchal), seguido  do Antóno Marques (Cascais) e, em 4º lugar, o Humberto Reis (Alfragide), todos da CCAÇ 12. (Vd. legenda da Foto nº 1.)


Foto nº 1B > Caldas da Rainha > 28 de maio de 2022 > 26º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) + CCAÇ 1439  (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) > Grupo só de ex-combatentes (detalhe)... Reconheço, de imediato, na fila de pé, logo à esquerda, o João Crisóstomo; e em baixo, sentados, o Mário Beja Santos (Pel Caç Nat 52) e e, em terceiro lugar, o Fernando Andrade Sousa (CCAÇ 12).  Dizem que o Fernando, o nosso valoroso  1º cabo aux enf, e que vive na Trofa, é totalistas dos 26 convívios até agora realizados. (Vd. legenda da Foto nº 1.)


Foto nº 2 > Caldas da Rainha > 28 de maio de 2022 > 26º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) + CCAÇ 1439  (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) >  Todo o grupo de participantes, ex-combatentes, familiares e amigos (1)


Foto nº 2 A> Caldas da Rainha > 28 de maio de 2022 > 26º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) + CCAÇ 1439  (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) >  Todo o grupo de participantes, ex-combatentes, familiares e amigos (detalhe)


Foto nº 2 B> Caldas da Rainha > 28 de maio de 2022 > 26º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) + CCAÇ 1439  (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) >  Todo o grupo de participantes, ex-combatentes, familiares e amigos (detalhe)


Foto nº  3 > Caldas da Rainha > 28 de maio de 2022 > 26º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) + CCAÇ 1439  (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) > Missa na Ermida de São Sebastião... Adjacente à Praça da República (também conhecida como a praça da fruta), é uma capela do séc. XVI, revestida, interiormente, de magníficos painéis setecentistas. Está classificada como imóvel de interesse público.


Foto nº  4 > Caldas da Rainha > 28 de maio de 2022 > 26º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) + CCAÇ 1439  (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) >  O José Fernando Almeida, a Vilma e o João Crisóstomo.


Foto nº  5 > Caldas da Rainha > 28 de maio de 2022 > 26º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) + CCAÇ 1439  (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) >  O  Mário Beja Santos.

Fotos (e legendas): © José Fernando Almeia  (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Fotos enviadas em 7 do corrente pelo José Fernando Almeida, o organizador do 26º Convivio do Pessoal de Bambadicna (1968/1), ex-fur mil trms, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (1969/71), a viver em Óbidos. 

O convívio, que se realizou no passado dia 28 de maio, nas Caldas da Rainha (*), reuniu mais de 7 dezenas de participantes, entre ex-combatentes, familiares e amigos. Estiveram presentes representantes da CCS/BCAÇ 2852 (1968/70), CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (1969/71) e Pel Caç Nat 52 (1968/70), entre outras subunidades que estiveram em Bambadinca nesse tempo (por ex., Pel Mort 2206 e 2268; Pel Rec Daimler 2046 e 2206)... Por iniciativa do João Crisóstomo, juntaram-se também a este convívio algumas camaradas da madeirense CCAÇ 1439 (1965/67).

O próximo encontro do pessoal de Bambadinca (1968/71), o 27º convívio, será em Coimbra e será organizado pelo António Damas Murta  (ex-1º cabo cripto, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71).



Bonito puzzle de brazões de unidades e subunidades que passaram por Bambadinca (Setor L1 da Zona Leste) entre meados de 1968 e meados de 1971. Composição do nosso editor Eduardo Magalhães Ribeiro.

Parabéns aos organizadores destes eventos, pela sua dedicação, generosidade  e camaradagem. De destacar que o José Fernando Almeida e o Fernando Andrade Sousa já realizaram mais do que um encontro (o Almeida já vai em três, nas Caldas da Rainha). E que o António Damas Murta vai também realizar o segundo (de novo em Coimbra, onde reside; um abraço especial para ele que ficou recentemente viúvo). (LG)
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


17 de março de 2022 > Guiné 61/74 - P23087: Convívios (921): XXVI Convívio do Pessoal de Bambadinca, 1968/71: Caldas da Rainha, sábado, 28 de maio de 2022 (José Fernando Almeida, ex-fur mil trms, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, 1969/71)

(**) Último poste da série > 21 de junho de  2022 > Guiné 61/74 - P23376: Convívios (933): Rescaldo do XVI Almoço/Convívio do pessoal da CART 1742 - "Os Panteras", levado a efeito no passado dia 18 de Junho, em Moreira da Maia (Abel Santos, ex-Sold At Art)

sexta-feira, 2 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22336: Memórias cruzadas: relembrando os 24 enfermeiros do exército condecorados com Cruz de Guerra no CTIG (Jorge Araújo) - Parte VII


Foto 1 – Região de Badapal > Norte de Bula > 18Out1969, sábado. Assistência a feridos da CCAV 2487 (Bula; 1969/70), no decurso da «Operação Ostra Amarga». Fotograma seleccionado do vídeo, em francês "Guerre en Guinée" ("Guerra na Guiné", ORTF, Paris, 1969), disponível no portal do INA – Institut national de l'audiovisuel (13' 58") ou P18335, com a devida vénia.


Foto 2 – Sector L1 (Bambadinca) > O ex-alf mil med Joaquim António Pinheiro Vidal Saraiva (1936-2015), da CCS/BCAÇ 2852 (1968/70), prestando assistência médica à população do reordenamento de Nhabijões, maioritariamente de etnia balanta [e com "parentes no mato", tanto a norte do Cuor como ao longo da margem direita do rio Corubal, nos subsectores do Xime e do Xitole]. Foto do álbum de Arlindo T. Roda – P16251, com a devida vénia.


Foto 3 – Sector L1 (Bambadinca) > 08Fev1970, domingo. Assistência a ferido da CCAÇ 12, com helievacuação em Madina Colhido (Xime), no decurso da «Operação Boga Destemida». Foto do álbum de Arlindo T. Roda – P10726, com a devida vénia.






O nosso coeditor Jorge [Alves] Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, ainda no ativo. Tem 290 referências no nosso blogue.

 

MEMÓRIAS CRUZADAS

NAS "MATAS" DA GUINÉ (1963-1974):

RELEMBRANDO OS QUE, POR MISSÃO, TINHAM DE CUIDAR DAS FERIDAS CORPOREAS PROVOCADAS PELA METRALHA DA GUERRA COLONIAL: «OS ENFERMEIROS»

OS CONTEXTOS DOS "FACTOS E FEITOS" EM CAMPANHA DOS VINTE E QUATRO CONDECORADOS DO EXÉRCITO COM "CRUZ DE GUERRA", DA ESPECIALIDADE "ENFERMAGEM"

PARTE VII

 


► Continuação do P22072 (VI) (06.04.21)

1. - INTRODUÇÃO

Visando contribuir para a reconstrução do puzzle da memória colectiva da «Guerra Colonial ou do Ultramar», em particular a da Guiné [CTIG], continuamos a partilhar no Fórum os resultados obtidos na investigação acima titulada. Procura-se valorizar, também, através deste estudo, o importante papel desempenhado pelos nossos camaradas da "saúde militar" (e igualmente no apoio a civis e população local) – médicos e enfermeiros/as – na nobre missão de socorrer todos os que deles necessitassem, quer em situação de combate, quer noutras ocasiões de menor risco de vida, mas sempre a merecerem atenção e cuidados especiais.

Considerando a dimensão global da presente investigação, esta teve de ser dividida em partes, onde procuramos descrever cada um dos contextos da "missão", analisando "factos e feitos" (os encontrados na literatura) dos seus actores directos "especialistas de enfermagem", que viram ser-lhes atribuída uma condecoração com «Cruz de Guerra», maioritariamente de 3.ª e 4.ª Classe. Para esse efeito, a principal fonte de informação/ consulta utilizada foi a documentação oficial do Estado-Maior do Exército, elaborada pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974).

2. - OS "CASOS" DO ESTUDO

De acordo com a coleta de dados da pesquisa, os "casos do estudo" totalizam vinte e quatro militares condecorados, no CTIG (1963/1974), com a «Cruz de Guerra» pertencentes aos «Serviços de Saúde Militar», três dos quais a «Título Póstumo», distinção justificada por "actos em combate", conforme consta no quadro nominal elaborado por ordem cronológica divulgado no primeiro fragmento – P21404.

Nesta sétima parte analisaremos mais dois "casos", ambos registados no ano de 1966, onde se recuperam mais algumas memórias dos seus respectivos contextos.
No quadro nominal abaixo, referem-se os "casos" que faltam contextualizar (n-10).



3. - OS CONTEXTOS DOS "FEITOS" EM CAMPANHA DOS MILITARES DO EXÉRCITO CONDECORADOS COM "CRUZ DE GUERRA", NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "ENFERMAGEM" - (n=24)

3.13 - JOÃO DE JESUS SILVA, FURRIEL MILICIANO DO SERVIÇO DE SAÚDE, DA CCAÇ 1549, CONDECORADO COM A CRUZ DE GUERRA DE 3.ª CLASSE

A décima terceira ocorrência a merecer a atribuição de uma condecoração a um elemento dos «Serviços de Saúde» do Exército, esta com medalha de «Cruz de Guerra» de 3.ª Classe - a sexta das distinções contabilizadas no decurso do ano de 1966 - teve origem no desempenho tido pelo militar em título ao longo da sua comissão. Merecem, todavia, destaques, os comportamentos tidos na «Operação Queima», em 08 de Novembro de 1966, 3.ª feira, na região de Gã João / Gansene, onde foi ferido pelo IN, e na «Operação Nora», realizada na península da Pobreza, região de Tombali, entre 05 e 11 de Março de 1967 (infografia abaixo).

Histórico



◙ Fundamentos relevantes para a atribuição da Condecoração

▬ O.S. n.º 23, de 18 de Maio de 1967, do QG/CTIG:

"Manda o Governo da Republica Portuguesa, pelo Ministro do Exército, condecorar com a Cruz de Guerra de 3.ª Classe, ao abrigo dos artigos 9.º e 10.º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa, o Furriel Miliciano, do Serviço de Saúde, João de Deus Silva, da Companhia de Caçadores 1549 [CCAÇ 1549] - Batalhão de Caçadores 1888, Regimento de Infantaria n.º 1."

● Transcrição do louvor que originou a condecoração:


"Louvo o Furriel Miliciano do Serviço de Saúde (0145964), João de Jesus Silva, da CCAÇ 1549/BCAÇ 1888 – RI 1 e adida ao BART 1914, pela forma eficiente e dedicada como tem vindo a desempenhar as funções de enfermeiro. Tendo tomado parte em quase todas as operações realizadas pela Companhia, revelou ser dotado de grande coragem, sangue-frio, decisão e serena energia debaixo de fogo.

Em 08 de Novembro de 1966, 3.ª feira, durante a realização da «Operação Queima», tendo sido ferido pelo IN, juntamente com outros camaradas, manteve-se serenamente no seu posto, só promovendo a sua evacuação depois de ter prestado os primeiros socorros aos restantes feridos e dos fazer evacuar. Quando da realização da «Operação Nora» [06Mar67 (2.ª feira)], mais uma vez o Furriel Silva deu mostras de elevado espírito de sacrifício e vontade de bem servir de que é dotado, acompanhando as NT nas duas fases da operação, quando é certo que entre as duas, e enquanto o pessoal descansava e recuperava do esforço despendido, passou uma noite inteira de pé, ajudando o clínico presente a examinar o pessoal das Companhias empenhadas na operação.

De grande correcção e aprumo, muito disciplinado e cumpridor escrupuloso dos seus deveres militares, são estas qualidades que tornam o Furriel Silva merecedor desta pública forma de apreço e de a todos ser apontado como exemplo." (CECA; 5.º Vol.; Tomo IV, p 452).


◙► CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA

Para contextualização da última ocorrência, a «Operação Nora», socorremo-nos da narrativa do camarada Santos Oliveira (Como, Cufar e Tite; 1964/66), onde, no P2504 (04.02.2008), refere que (sic) "as acções do BCAÇ 1860 tiveram o seu clímax na «Operação Nora», realizada na Península de Pobreza, subsector de Empada, em que a par de importantíssima quantidade de material capturado – porventura a maior que se capturou [à data] na Província desde o início – se desarticulou completamente o dispositivo IN naquela área (infografia acima).

Por outro lado, e no que concerne à informação obtida na fonte Oficial (CECA), a explicação dada sobre a «Operação Nora» é muito reduzida, constando apenas que ela foi dividida por diferentes missões, nos dias 5, 6, 9 e 11Mar67, envolvendo forças da CCAÇ 1549, CCAÇ 1587, reforçada com 1 GC CªMIL 6, e CART 1614. No dia 06Mar67, 2.ª feira, foi efectuada uma batida à península de Pobreza, S1. Em Ingué, as NT capturaram diversos documentos e material, tendo o IN reagido pelo fogo. No decurso da acção este sofreu seis mortos, feridos em número não estimado e a captura de documentos e munições, além de volumoso material e do seguinte armamento: 1 canhão s/r 82 mm, 1 mort 82, 3 metr AA c/rodas, 4 mp 2 mi, 9 PM "PPSH", 7 PM "Uzi", 1 Lgfog "RPG-2", 3 carabinas "Mosin-Nagant", 2 esp "Mauser", 1 pist "Walter" e 1 pist de sinais.

■ A CART 1614 registou uma baixa – o fur mil Francisco Filipe dos Santos Encarnação, natural de Salvador, Concelho de Beja (CECA; 8.º Vol.; p 247).

3.13.1 - SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE CAÇADORES 1549

= TITE - FULACUNDA - ENXUDÉ - QUINHAMEL - ILONDÉ - BISSAU

Mobilizada pelo Regimento de Infantaria 1 [RI 1], da Amadora, para cumprir a sua missão ultramarina no CTIG, a Companhia de Caçadores 1549 [CCAÇ 1549], a primeira Unidade de Quadrícula do Batalhão de Caçadores 1888 [BCAÇ 1888; do TCor Inf Adriano Carlos de Aguiar], embarcou no Cais da Rocha, em Lisboa, em 20 de Abril de 1966, 4.ª feira, a bordo do N/M «UÍGE», sob o comando do Cap Mil Inf José Luís Adrião de Castro Brito, tendo chegado a Bissau a 26 do mesmo mês.

3.13.2 - SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CCAÇ 1549


Após a sua chegada a Bissau, seguiu directamente para Tite, a fim de substituir a CCAV 677 [13Mai64-26Abr66; do Cap Cav António Luís Monteiro da Graça (1925-2014)], como subunidade de intervenção e reserva do sector, com um Gr Comb destacado em Fulacunda, até 28Jun66, e outro em Enxudé, a partir de 30Mai66, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1860 [23Ago65-15Abr67; do TCor Inf Francisco Manuel da Costa Almeida] e depois do BART 1914 [13Abr67-03Mar69; do TCor Art Artur Relva de Lima], tendo actuado em diversas operações efectuadas nas regiões de Fulacunda, Iusse, Nova Sintra e Flaque Cibe, entre outras.

Em 04Ago67, foi rendida pela CART 1743 [30Jul67-07Jun69; do Cap Mil Inf José de Jesus Costa] e seguiu para o sector de Bissau, onde assumiu a responsabilidade do subsector de Quinhamel, com um Gr Comb destacado em Ilondé, onde substituiu a CART 1647 [18Jan67-31Out68; do Cap Art Fernando Manuel Jacob Galriça], tendo ficado integrada no dispositivo do BART 1904 [18Jan67-31Out68; do TCor Art Fernando da Silva Branco], com vista à segurança e protecção das instalações e das populações da área.

Em 02Nov67, foi rendida no subsector de Quinhamel pela CCAÇ 1585 [04Ago66-09Mai68; do Cap Inf José Jerónimo da Silva Cravidão (1942-1967) (1.º) e Cap Mil Inf Vítor Brandão Pereira da Gama (2.º)] e foi colocada em Bissau, em substituição da CCAÇ 1498 [26Jan66-04Nov67; do Ten Inf Manuel Joaquim Fernandes Vaz], mantendo a mesma missão anterior. Em 16Jan68, foi substituída pela CCAÇ 2313 [15Jan68-23Nov69; do Cap Inf Carlos Alberto Oliveira Penin], a fim de efectuar o embarque de regresso, que teve lugar no dia seguinte a bordo do N/M «UÍGE» (CECA; 7.º Vol.; p 86).

3.14 - DOMINGOS PEREIRA BARBOSA, 1.º CABO AUXILIAR DE ENFERMEIRO, DA CART 1525, CONDECORADO COM A CRUZ DE GUERRA DE 4.ª CLASSE

A décima quarta ocorrência a merecer a atribuição de uma condecoração a um elemento dos «Serviços de Saúde» do Exército, esta com medalha de «Cruz de Guerra» de 4.ª Classe - a sétima das distinções contabilizadas no decurso do ano de 1966 - teve origem no desempenho tido pelo militar em título, ao socorrer os camaradas da sua unidade feridos durante o forte contacto havido com o IN, no decurso da «Operação Bissilão» realizada em 05 de Dezembro de 1966, 2.ª feira, na região de Biambe (infografia abaixo).

► Histórico




◙ Fundamentos relevantes para a atribuição da Condecoração

▬ O.S. n.º 08, de 16 Fevereiro de 1967, do QG/CTIG:

"Agraciado com a Cruz de Guerra de 4.ª Classe, nos termos do artigo 12.º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto n.º 35667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 01 de Março de 1967: O 1.º Cabo n.º 5493065, Domingos Pereira Barbosa, da Companhia de Artilharia 1525 [CART 1525] – Batalhão de Cavalaria 790, Regimento de Artilharia da Costa.

● Transcrição do louvor que originou a condecoração:

"Louvado o 1.º Cabo auxiliar de enfermeiro, n.º 5493065, Domingos Pereira Barbosa, da CART 1525, por ter desenvolvido no exercício das suas funções, quer internamente, quer em operações, uma actividade notável, e na qual colocou sempre a sua melhor boa vontade, carinho e esforço pessoal, nunca olhando a sacrifícios e sempre pronto a cumprir da melhor forma a missão de que está incumbido.

No decorrer da «Operação Bissilão», na qual, em face do forte contacto havido com o IN, as NT sofreram em pouco tempo várias baixas, o 1.º Cabo Barbosa, sendo o único elemento do Serviço de Saúde presente no local, quando o contacto inimigo se fazia sentir com violência, começou imediatamente a tratar dos seus camaradas feridos. Fazendo alarde de uma coragem e serenidade fora do vulgar, não o impressionou, nem o fogo IN, nem o grande número de feridos a tratar, e numa entrega total e admirável à sua tarefa, alheou-se do perigo que o cercava, e dando provas de uma abnegação, coragem, calma e desprezo pelo perigo invulgares, acorria para junto dos mais necessitados, não se importando com a sua segurança pessoal, ao deslocar-se debaixo de fogo In, a descoberto, e com o único intuito de chegar o mais breve possível junto dos camaradas que dele necessitavam.

Quer pelo seu procedimento anterior, com o qual granjeou as simpatias gerais, pelo modo correcto e sempre pronto como desempenhou as suas funções, quer agora, por esta sua acção de combate, na qual deu bastas provas de coragem, valentia e desprezo pelo perigo, merece o 1.º Cabo Barbosa, ser apontado a todos os seus camaradas como exemplo valoroso e dedicação ao serviço." (CECA; 5.º Vol.; Tomo IV, pp 234-235).

◙► CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA


Para a elaboração deste ponto, procedemos à respectiva investigação utilizando, como habitualmente, a fonte Oficial (CECA), mas desta vez sem sucesso. De facto, nada foi encontrado. Mas, na busca de outras fontes, tivemos a "sorte" de ter acesso ao livro da Unidade do agraciado – CART 1525 - "HISTORIAL" – da qual retirámos os factos relacionados com o desenrolar da «Operação Bissilão», realizada em 05 de Dezembro de 1966, 2.ª feira, na Região de Biambe.

O principal objectivo da «Operação Bissilão» era realizar um golpe de mão a uma tabanca (base) IN, situada na região de Chumbume, a norte de Biambe, onde existia um morteiro 82, uma arrecadação de material e respectiva farmácia.

Foram escaladas para esta missão as seguintes forças: CART 1525; Gr Comandos "Os Falcões", 1 Pel Milícia 157 e 2 secções de Pol Adm., com apoio aéreo.


▬ DESENROLAR DA ACÇÃO:

● Eram 23h00 do dia 04Dez66 quando as NT saíram de Bissorã, tendo seguido pela estrada de Naga até à tabanca de Nhaé, onde deixaram a estrada e tomaram o caminho do mato. Depois de cambar a bolanha de Chumbume, cerca das 02h00 de 05Dez66, iniciou-se a aproximação do objectivo com o máximo cuidado.

Às 05h00 foi resolvido pôr em prática o plano: os elementos da polícia iriam flagelar a base com esp e granadas de mão, obrigando o IN a revelar-se da tabanca com o Mort 82. As outras forças cercariam a tabanca e, logo que o mesmo se revelasse, fariam o golpe-de-mão. Quando as forças assim divididas seguiam ao seu objectivo, próximo da referida tabanca a sentinela deu várias rajadas de PM e lançou uma granada de mão. Eram 05h30. Sendo então detectados, o êxito ficou comprometido. Mesmo assim, aguardou-se o ataque à base. Na tabanca o IN não se revelou. Nesta situação lançou-se o assalto à mesma, ao qual houve inicialmente fraca resistência acabando por cessar. Quando se atingiram as primeiras moranças, começou uma flagelação de Mort 82, proveniente de SE e regulada sobre a mesma tabanca. Destruída a mesma ainda sob a flagelação, as NT seguiram na direcção do Mort. Entretanto, de Sul começou outra flagelação de PM, a curta distância. 

Foi então que uma das granadas veio a cair no meio das NT, ocasionando inúmeros feridos e inutilizando o nosso apontador de LGFog e a sua arma. Imediatamente a seguir e quando o pessoal ainda se encontrava desorientado pelo rebentamento e consequências da mesma granada, foi disparado de W e a uma distância aproximada de 100 metros um rocket que causou imediatamente dois mortos e bastantes feridos, na maioria graves. A reacção não se fez esperar e, embora com o LGFog inutilizado, conseguiram as NT pôr o IN em debandada, criando condições de segurança no local onde se encontravam as nossas baixas. Uma rápida análise da situação constatou-se a morte de dois elementos, ferimentos graves num comandante de secção, que veio a falecer, e no comandante da milícia, além de outro pessoal gravemente ferido e outros de menor gravidade, entre os quais o comandante da Companhia (Cap Art Jorge Manuel Piçarra Mourão).

Feito um esforço tendente a melhorar a situação e a moralizar os mais abatidos, montou-se uma segurança ao local e aguardou-se a chegada do PCV, ao qual foi imediatamente pedido evacuações, remuniciamento e apoio dos bombardeiros. Os helicópteros fizeram cinco viagens e, embora o IN tivesse o seu Mort 82 regulado para a zona, não se manifestou. Presume-se que os mesmos estivessem instalados em Bula 8 H5/92 O movimento de regresso, com o apoio dos bombardeiros, processou-se para E, atingindo a estrada de Biambe sem mais incidentes, Recolhidas em viaturas, as NT chegaram ao aquartelamento cerca das 10h30 (Op cit.; pp 52-53).

A CART 1525 registou as seguintes três baixas: (CECA; 8.º Vol.; p 220)

■ Furriel Mil Alim Armindo Vieira Veloso, natural de Requião (Vila Nova de Famalicão)

■ 1.º Cabo Acácio Pestana Rafael, natural de Aljustrel (Aljustrel)

■ 1.º Cabo José António Silva Craveiro, natural de Freiria dos Chapéus (Torres Vedras)


3.14.1 - SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE ARTILHARIA 1525

= MANSOA - BISSORÃ - PONTE MAQUÉ

Mobilizada pelo Regimento de Artilharia de Costa [RAC], de Oeiras, para cumprir a sua missão ultramarina no CTIG, a Companhia de Artilharia 1525 [CART 1525], embarcou no Cais da Rocha do Conde de Óbidos, em Lisboa, em 20 de Janeiro de 1966, 5.ª feira, a bordo do N/M «UÍGE», sob o comando do Cap Art Jorge Manuel Piçarra Mourão (1942-2004), tendo chegado a Bissau a 26 do mesmo mês.

3.14.2 - SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CART 1525

Dez dias após a sua chegada a Bissau, a CART 1525 seguiu para Mansoa, a fim de efectuar um curto período de adaptação operacional e substituir a CART 644 [10Mar64-09Fev66; do Cap Art Vítor Manuel da Ponte da Silva Marques (-2004) (1.º), Cap Art Nuno José Varela Rubim (2.º), na função de reserva e intervenção do sector do BCAÇ 1857 [06Ago65-03Mai67; do TCor Inf José Manuel Ferreira de Lemos]. Em 21Fev66, por rotação com a CCAÇ 1420 [06Ago65-03Mai67; do Cap Inf Manuel dos Santos Caria], foi transferida para o subsector de Bissorã, em reforço da guarnição local até 31Out66, tendo ainda actuado em diversas operações realizadas nas regiões do Tiligi, Biambe, Morés e Queré e sendo também deslocada para operações na região de Jugudul, de 23Jul66 a 17Ago66; de 18Jun66 a 06Jul66, destacou, ainda, um pelotão para Ponte Maqué. Em 31Out66, assumiu a responsabilidade do subsector de Bissorã, após saída da CCAÇ 1419 [06Ago65-03Mai67; do Cap Mil Inf António dos Santos Alexandre], tendo passado a integrar o dispositivo e manobra do BCAV 790 [28Abr65-08Fev67; do TCor Cav Henrique Alves Calado (1920-2001)], após reformulação dos limites da zona de acção dos sectores daquela área em 01Nov66, e depois do BCAÇ 1876 [26Jan66-04Nov67; do TCor Inf Jacinto António Frade Júnior]. Pelos vultuosos resultados obtidos em baixas causadas ao inimigo e armamento apreendido, destacam-se as operações: «Embuste» [01Out66] e «Bambúrrio» [03Abr67], nas regiões de Iarom e Faja. Em 10Out67, foi rendida no subsector de Bissorã pela CCAV 1650 [06Fev67-19Nov68; do Cap Cav José Cândido de Bonnefon de Paula Santos], recolhendo seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso, o qual ocorreu em 04 de Novembro de 1967, sábado, a bordo do N/M «UÍGE». (CECA; 7.º Vol.; p 446).
Continua…

► Fontes consultadas:

Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 5.º Volume; Condecorações Militares Atribuídas; Tomo II; Cruz de Guerra, 1962-1965; Lisboa (1991).

Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro I; 1.ª Edição; Lisboa (2014)

Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição; Lisboa (2002).

Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001).

Ø Outras: as referidas em cada caso.

Termino agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

07MAI2021
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Nota do editor:

Último poste da série > 6 de abril de  2021 > Guiné 61/74 - P22072: Memórias cruzadas: relembrando os 24 enfermeiros do exército condecorados com Cruz de Guerra no CTIG (Jorge Araújo) - Parte VI