sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5535: Tabanca Grande (196): José Corceiro, ex-1º Cabo Trms, CCAÇ 5 (Gatos Pretos) (Canjadude, 1969/71)


1. Mensagem de José Corceiro, com data de 22 do corrente:

Assunto - Pedido de passaporte

Lisboa, 22 de Dezembro de 2009

Boa tarde, Luís Graça:


Sou José Manuel Silva Corceiro, fui 1º Cabo Transmissões, Nº Mec. 01213568, estive na Guiné, Maio 1969 / Julho 1971, integrado (em rendição individual) na CCaç  5, Gatos Pretos, Canjadude.

Sou natural de Vale de espinho, Sabugal, nascido a 28 de Agosto 1947 e moro em Lisboa, na Rua Pascoal de Melo Lisboa, Tel. 213560809.

Venho solicitar que me assinem o passaporte, para poder entrar no convívio da Tabanca Grande. Tentarei dar o meu modesto contributo duma maneira cordial e responsável, respeitando a opinião e direito de cada um.


Não posso deixar passar a oportunidade, que tenho, para felicitar toda a equipa pelo excelente trabalho. É digno de admiração, o sacrifício, dedicação e tenacidade, com que se empenham, para dar corpo consistente ao Blogue, e para satisfazer a sede e o desejo deste colectivo, Tabanca Grande. Bem-haja. Agradecer e felicitar, também, os tertulianos, pois já me deliciei com alguns postes. Obrigado.

Sinto embaraço, tendo Net há tantos anos, como é que só recentemente descobri este dinamismo magnífico (Blogue) que contribui para nos aproximar, expor emoções, conhecimento, e libertar tensões. (Singela opinião, acho que devia haver uma colecta para poder publicitar o Blogue).

Eu tropecei nele acidentalmente. Foi obra do acaso, ao fazer uma busca, abro uma página e dou com o camarada, ex-furriel, José Martins, que foi meu furriel de transmissões na Guiné. Contactei-o, pois não tinha contactos, e graças aos bons serviços dele e ao seu timbre de disponibilidade, facultou-me uma listagem que já me permitiu dialogar com amigos do meu tempo de Guiné.

Durante quase 40 anos, só tive um contacto com um amigo que esteve comigo, e já foi há 30 anos. A rendição individual era pródiga na consistência de laços afectivos continuados, cada qual tinha o seu tempo efectivo (timing), vinha um de cada vez, rara era a vez que vinham dois em simultâneo, éramos relativamente poucos.

A todos os desejo um Bom e Santo Natal. Boa saúde. Um abraço.
José Corceiro

P.S. - Mando em outro e-mail a minha história.

2. Comentário de L.G.:

Meu caro Corceiro: Interpreto esta mensagem (ainda para mais, natalícia) como um pedido (formal) para ingresso na Tabanca Grande. Mandas incluisve as duas fotos da praxe, um antiga, da época de 1969/71 em que foste Gato Preto, e outra actual. Não tens que pedir desculpa a ninguém por só agora nos encontrares. O blogue tem vindo a crescer naturalmente, desde 2004, mercê da força dos testemunhos dos amigos e camaradas da Guiné, bem como da publicidade "boca à boca".

Aqui tens o passaporte...Sê bêm vindo, junta-te a esta outra grande família, onde há gente de outros tempos e lugares... De Canjadude e dos Gatos Pretos (CCAÇ 5), lembro-me, para já, de dois dos mais antigos membros do nosso blogue, o João Carvalho (ex-Fur Mil Enf, 1972/74) e o José Martins (ex-Fur Mil Trms, 1968/70). O Jpão Carvalho, um conhevcido wikipedista, e hoje farnacêutico, já qui nos descreveu a sua última (e tensa) noite em Canjadude, na altura da transferência de soberania para as mãos do PAIGC: vd. poste, I Série, de 4 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCV: A última noite em Canjadude (CCAÇ 5) (João Carvalho). Foi também o João Carvalho que nos facultou letras do Cancioneiro de Canjadude, que tu deves conhecer... O José Martins, por sua vez, é presença habitual no nosso blogue, uma verdadeira formiguinha baga-baga, sempre solícito e atento, que dispensa apresentações...

Sê bem vindo, para mais neste dia de Natal de 2009, em meu nome, e em nome dos restantes editores, o Carlos Vinhal, o Eduardo Magalhães Ribeiro e o Virgínio Briote. E, naturalmente, em nome dos demais camaradas que integram este espaço de partilha de memórias e de... afectos. Já conheces as nossas regras de convívio. Espero que te dês bem por cá. E que por cá fiques muitos anos... Claro, haveremos de nos conhecer ao vivo, unm dia destes. Para já, daqui do Norte (Madalena, Vila Nova de Gaia), onde passo sempre o Natal, um abraço natalício e bloguístico para ti. Luís Graça
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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste anterior desta série:

19 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5502: Tabanca Grande (195): Ernesto Ribeiro, ex-1.º Cabo da CART 2339, Mansambo, 1968/69, contacta de novo o nosso Blogue

Guiné 63/74 – P5534: Histórias do Eduardo Campos (1): CCAÇ 4540, 1972/74 - Somos um caso sério (Parte 1): Do Cacheu ao Cantanhez


1. O nosso camarada Eduardo Ferreira Campos, ex-1º Cabo Trms da CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74, enviou-nos em 22 de Dezembro, a primeira da sua série de histórias que nos prometeu ir enviando nos próximas dias.

Camaradas,

Depois de ler com muita assiduidade as histórias que diariamente são publicadas no Blogue e tendo eu também algo para contar, sob a minha passagem pela Guiné, chegou a hora de compartilhar convosco algum do material guardado no “disco duro” da minha memória:


CCAÇ 4540 – 1972/74 – SOMOS UM CASO SÉRIO

PARTE 1

No dia 28 Agosto 1972, teve início no Regimento de Infantaria 15 (RI 15), em Tomar, a concentração do pessoal que constituiria a Companhia de Caçadores 4540. Na sua grande maioria, os militares eram oriundos do Norte do País, sendo de realçar a presença de alguns que vieram de França, para cumprirem o Serviço Militar.

Foi-nos concedido o gozo de uma licença de 2 semanas, após a qual o pessoal da Companhia, se foi apresentando novamente no RI 15, tendo-se procedido á Cerimónia de Bênção e Entrega do Guião à Companhia no dia 15SET1972, seguido de um desfile das tropas, na parada do Regimento.

Às 02h00 do dia 19 desse mesmo mês, a Companhia embarcou em autocarros, em Tomar, dirigindo-se para o aeroporto de Lisboa, onde o pessoal transitou para um avião dos TAM (cerca das 09h00), após o que levantamos voo rumo aos céus da África Ocidental.

Após quatro horas de voo bastante confortável, durante as quais imperou a boa disposição, já que a quase totalidade do pessoal realizava a sua primeira viagem aérea, aterramos no Aeroporto de Bissalanca. Procedeu-se então ao desembarque, perante um calor tórrido e sufocante,  próprio das regiões equatoriais.

Terminadas as formalidades habituais destas rotinas, procedeu-se ao transporte dos militares e respectivas bagagens, numa coluna de viaturas com destino ao Cumeré onde ficamos instalados. No dia 22SET1972, de manhã, fomos chamados para uma formatura geral, a que se seguiu o desfile da Companhia recém-chegada, perante o Brigadeiro Silva Banazol que proferiu algumas palavras de boas-vindas. Nesse mesmo dia segui para Bissau, com destino ao Regimento de Transmissões, onde estive cerca de 15 dias a fazer o chamado IAO.

Terminado o IAO, houve lugar a nova formatura geral no dia 17OUT1972, desta vez frente ao General António Spínola, Governador e Comandante-Chefe das Força Armadas do CTIG. A 18OUT1972, a Companhia partiu do Cumeré com destino ao porto de Bissau, onde se procedeu ao nosso embarque na LDG BOMBARDA, rumando á terra “prometida”, Bigene. 

E assim, lá fomos rio acima (Cacheu) desembarcando numa localidade chamada Ganturé, onde nos esperavam os camaradas da CART 3329, que iríamos substituir. Era notável a alegria com que nos receberam, tendo-nos em seguida transportado para Bigene (cerca de 6 ou 7 km), onde deparamos com vários dísticos e cartazes alusivos à chegada da nova Companhia de periquitos, espalhados pelas paredes e pela rua principal, cheios de humor e ironia.


Foto 1 – Bigene: Junto aos brasões das Companhias que por lá tinham passado





Foto 2 – Bigene: O descanso do “guerreiro” junto ao posto de rádio



Foto 3 – Bigene: Com um amigo de ocasião



Foto 4 – Bigene: De vez em quando dava para tomar banho



Bigene era bastante povoada, com gentes de várias etnias,  predominando os Fulas e os Balantas, havendo ainda bastantes Mandingas. A população europeia, além dos militares e do administrador de Posto, era praticamente inexistente, havendo apenas 1 português que era proprietário de uma casa comercial. Haviam mais 3 casas comerciais, propriedades de 3 libaneses.


No posto sanitário de Bigene acontecia algo que eu considerava surpreendente, que era receber e tratar populares do Senegal, que atravessavam a fronteira para receberem tratamento médico. Ao mesmo tempo, esta gente aproveitava para comercializar os seus produtos no mercado local.

No dia seguinte, começou o treino operacional em conjunto com a CART 3329, cuja finalidade era adaptar e capacitar o pessoal em situações operacionais semelhantes às que iria encontrar nas suas futuras actividades dentro do sector atribuído à Companhia. É de salientar que ainda no período de treino operacional a 23OUT1972, se ter verificado o 1º contacto de fogo com o IN, mesmo junto ao marco fronteiriço que separava a Guiné/Senegal.

Só me apercebi que a palavra guerra fazia aqui todo o sentido, quando saí pela primeira vez para o mato e assisti à implantação de um campo de minas, e algumas armadilhas, na zona Samoge-Sambuía.O primeiro baptismo de fogo aconteceu a 24OUT1972, próximo de Nenecó, sem consequências. O PAIGC pelas informações que tínhamos, não tinha estruturas dentro do subsector de Bigene, nem se encontrava implantado no mesmo.

Partiam de bases situadas no Senegal, principalmente em Kumbamori, crê-se que utilizando as variantes do corredor de Sambuiá, para “cambar” o rio Cacheu, transportando material e mantimentos até ás margens do rio Cacheu, que procuravam atravessar em canoas e botes de borracha, para o interior do território, sendo, por vezes, surpreendidos pelos fuzileiros que se encontravam em Ganturé.

Terminado o período de sobreposição com a CART 3329, foi transferida por esta Companhia, para a nossa, toda a responsabilidade administrativa e operacional. No dia 15NOV1972, a CART 3329 terminou a sua comissão e despediu-se de Bigene.

Foi com muita emoção que os vimos partir, após um convívio comum de quase um mês, passado naquela localidade. Passou, desde então, a nossa Companhia a dar cumprimento às missões que lhe foram atribuídas, executando as directivas do COP 3. Uma semana depois recebemos a noticia que iríamos ser transferidos para Sul, sendo substituídos pela CCAÇ 3 e, de novo, lá fomos na LDG BOMBARDA.

Estávamos no dia 09DEZ1972, rio Cacheu abaixo, destino: Cadique/Cantanhez.


Foto 5 – A bordo da LDG “Bombarda”, com o João Pinto – Enfermeiro -, a caminho do Cantanhez


No dia 12DEZ1972, cerca das 08h00, avistamos pela primeira vez, terras do Cantanhez. Lugar onde parecia haver calma e paz, coisa que, ali, jamais encontraríamos.

Navegava-se lenta e demoradamente, connosco atentos a qualquer coisa suspeita, como se adivinhássemos a todo e qualquer momento o… imprevisto.

Posso afirmar que todo o pessoal, que até então tinha mantido um aparente estado de serenidade e bom equilíbrio psíquico, que evidentemente estava muito longe de existir na realidade, em cada um de nós, começava a exteriorizar-se através dos primeiros sintomas de medo, angústia e desespero, que se denotavam, nitidamente, nos nossos rostos. Tais sinais iam-se agravando, conforme se avançava no rio, e mais nos aproximávamos da zona que sabíamos de alto perigo.

A tomada de consciência desta crua realidade, que era “A EXISTÊNCIA IMINENTE DE PERIGO REAL DE MORTE”, despoletou em nós, instintivamente, a exigência da máxima vigilância a eventuais movimentos estranhos nas margens, que nos rodeavam, e a necessária manutenção do silêncio.

Chegados ao porto, onde se previa o desembarque, e mal a lancha alcançou terra firme, “A NOSSA TERRA PROMETIDA”, sem perda de tempo começaram a sair vários grupos de combate, para manter as seguranças, afastada e próxima, a fim de que o desembarque se fizesse sem grandes receios.

Logo que nos sentimos em terra do Cantanhez e nos familiarizamos com o lugar, onde iríamos “vegetar” durante quase uma dezena de longos e difíceis meses, tudo em nós se voltou a suavizar e a aparentar a habitual e perdida serenidade.

Finalizamos o desembarque sem percalços de maior, eram cerca de 09h00, (com o apoio da Força Aérea e dum bi-grupo da CCP 121), começando-se logo a trabalhar para instalarmos de imediato o pessoal, numa área que reunia as condições mais apropriadas á futura construção do aquartelamento.

Os primeiros dias da instalação do pessoal da Companhia foram penosos, em virtude de não existir nenhuma estrutura de que a tropa pudesse tirar partido, para implementar o seu futuro estacionamento.

Apenas existia uma mata exuberante, compacta e de difícil penetração, e algumas tabancas dispersas e ocupadas por população da área, predominando os velhos e as crianças. A pouco e pouco foi-se desbravando a mata e procedendo-se à colacação estratégica de todas as secções do Comando da Companhia e dos Grupos de Combate.

É de salientar o trabalho efectuado pela Força Aérea, Marinha, Pára-quedistas e outras forças, que dias antes do desembarque “limparam a zona” e acredito que só assim não tivemos problemas durante o desembarque, já que a região era considerada zona libertada pelo PAIGC.

A Companhia acabou por ter uma adaptação bastante boa e depressa se conformou com a sua sorte existencial “SITUAÇÃO DE TOTAL CARÊNCIA”. Todas estas operações tiveram o nome “GRANDE EMPRESA”, visando a recuperação do Cantanhez e, na hora do desembarque, compareceu o General Spínola, que acompanhou de perto o desenrolar das actividades no terreno.

Foto 6 – Cadique: Tratando da higiene das mãos


Foto 7 – Cadique: A mata começou a ser desbravada



Foto 8 – Cadique: A Bandeira já havia, vendo-se ao fundo os chalés “com ar condicionado”



Foto 9 – Cadique: Um abrigo também já havia



Foto 10 – Cadique: O que será feito destes jovens?


Após os primeiros dias de porfiado esforço,  dispendido na montagem do estacionamento, começaram os nossos Grupos de Combate a tomar contacto com o terreno, acompanhados por Grupos da CCP 121. Foi de grande utilidade para os nossos militares a observação do modo como se comportavam, e da preparação com que a tropa especial pára-quedista foi dotada para este tipo de guerra. Muito se aprendeu realmente no convívio estabelecido, dentro e fora do aquartelamento, entre os militares de ambas as  Companhias.

Os primeiros contactos com o IN foram obra da CCP 121, a qual nos transmitiu teoricamente os modos de actuação e as estratégias utilizadas pelo IN, e a sua estrutura de carácter militar, naquela zona operacional.

A situação sanitária era razoável, mesmo considerando as precárias as condições de higiene que se viveram nos primeiros tempos do baseamento da Companhia.

As condições climáticas eram as mais adversas.  A situação logística foi muito precária nos primeiros meses de vida no Cantanhez.  As nossas condições de adaptação foram melhorando, à medida que se foi desmatando a floresta, com a abertura de poços, a construção de um heliporto e de um cais.

À medida que o reordenamento foi evoluindo, começou Cadique a tornar-se uma povoação de fisionomia completamente diferente, permitindo assim beneficiar, em muitos aspectos, a população local e a tropa, nomeadamente, no que respeita a melhoria das instalações.

O agrupamento de Cadique ficava situado na península formada pelos rios Cumbijã e Cacine, no Sul da Guiné, o terreno é plano, dividindo-se em dois planos de carácter bem distintos: por um lado a bolanha e, por outro, a mata densamente arborizada.

A configuração do sector apresentava-se do seguinte modo: a Norte era delimitado pelo Rio Bixanque, que desagua no Cumbijã, a Sul pelo rio Macobum, a leste pela mata do Cantanhez até ao entroncamento de Jemberem, e, a Oeste, pelo rio Cumbijã.

Os dois mais importantes itinerários eram, na época, a via fluvial do Cumbijã e a via terrestre, que ia de Cadique a Jemberem (que quando lá chegamos era uma picada secundária), e, quando de lá saímos, era uma estrada principal e que ia entroncar na picada principal que vinha de Cabedu.

O principal aglomerado populacional era Cadique Nalú, existindo ainda, além dele, outro de menos importância que se chamava Cadique Imbitina (a cerca de 2,5 Km). Mais para Norte, existia um outro importante aglomerado populacional,  Cadique Iala. O quartel acabou por se construído em Cadique Imbitina.

Na época, o principal recurso desta zona era, sem dúvida, o arroz em virtude das enormes bolanhas, que existiam ao longo de todo o rio Cumbijã. Outro recurso que não era explorado, era a pesca no rio Cumbijã, que me pareceu ser rico em variedades de peixe e de crustáceos.

A população civil era quase toda de etnia Balanta, encontrando-se também alguns (poucos) Nalus. Mostrou-se a princípio muito pouco receptiva à presença da tropa e bastante temerosa.

À data, não existia população europeia além dos militares, mas, segundo informações colhidas na zona, teria existido alguma antes do início das hostilidades, que se sentiu obrigada a abandonar a localidade em virtude do agravamento da instabilidade.

Nesta zona iríamos sofrer bastante. Parecia-nos mais um lugar paradisíaco do que um campo de batalha, mas, dias mais tarde, iríamos ter a oportunidade de ver e sentir a triste e fatal realidade.

O pior estava para vir: o inferno da construção da estrada Cadique/Jemberem.

Um abraço Amigo,
Eduardo Campos
1º Cabo Trms da CCAÇ 4540



Fotos: © Eduardo Campos (2009). Direitos reservados.

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Notas de M.R.:

Este é o primeiro poste desta série "Estórias do Eduardo Campos".

Guné 63/74 - P5533: O meu Natal no mato (28): José Eduardo Alves, ex- Sold Cond Auto, CART 6250 (Mampatá, 1972/74)


Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250/72  (1972/74) > Mampatá > Natal de 1973 > Cartão enviado pelo Leça [, natural de Leça da Palmeira,] à sua esposa, com votos de boas festas natalícias.

Foto: © J. Eduardo Alves (2009). Direitos reservados.

1. Mensagem (e foto) do José Eduardo Alves, ex-Sold Condutor Auto, Cart 6250/72, Os Unidos de Mampatá, Mampatá,  com data de ontem:

Camarada Luis e editores do blogue

Venho nesta época festiva para os católicos desejar um santo
e feliz Natal com muita saúde muita paz. E lembrar que enquanto o nosso vizinho tiver frio e fome nós não podemos dormir em paz.

Já muito foi dito no blogue mas eu quando saí de casa dos meus pais com 12 anos o meu pai disse-me:
- Se tiveres frio ou fome, volta.

E neste natal eu lembrei-me de usar esta frase porque assenta
muita na minha maneira de ser.

Junto envio um cartão de boas festas que eu enviei à minha esposa no Natal de 1973, em Mampatá.

Agora para os cinco continentes, um bom natal e que o 2010 nos traga o que puder de melhor, saúde e paz.
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Nota de L.G.:

(*) Vd. postes de:

30 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4442: Blogoterapia (105): Falando de camaradagem, de brancos e pretos (José Eduardo Alves)

22 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4400: História de Vida (14): Refazendo a vida correndo o mundo (José Eduardo Alves)

21 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4393: Tabanca Grande (146): Eduardo Alves, ex-Soldado Condutor Auto da CART 6250 (Mampatá, 1972/74)

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5532: Efemérides (40): Cerimónia de homenagem ao Gabriel Telo (Juvenal Candeias)


1. O nosso Camarada Juvenal Candeias, ex-Alf Mil da CCAÇ 3520, Cameconde, 1971/74, enviou-nos uma mensagem do dia 22 de Dezembro de 2009, com uma reportagem da cerimónia de homenagem ao Gabriel Telo:

1º Cabo GABRIEL FERREIRA TELO, mobilizado no Batalhão Independente de Infantaria nº 19, no Funchal, integrando a Companhia de Caçadores nº 3518, solteiro, filho de João de Jesus Telo e Maria Flora Ferreira Telo, natural da freguesia de Paul do Mar, concelho de Calheta - Madeira. Morreu em Guidage em 25 de Maio de 1973, vítima de ferimentos em combate durante um ataque inimigo ao aquartelamento. Foi sepultado no cemitério de Guidage. (Extracto do poste P5240, José Martins).

Camaradas,
Só na passada semana recebi alguma informação sobre a cerimónia de homenagem ao Gabriel Telo, que decorreu no Paúl do Mar.

A informação chegou-me através do João Viveiros, ex-1º Cabo da CCaç 3520.


A cerimónia constou de uma missa na Igreja do Paúl do Mar, freguesia de naturalidade do Gabriel Telo, seguida do funeral para o cemitério da localidade.

Estiveram presentes autoridades representativas da Região Autónoma da Madeira e centenas de pessoas, em especial ex-Combatentes dos diferentes ramos das Forças Armadas, incluindo um elemento de uma Companhia de Comandos Africanos.

A homenagem terá, naturalmente, sido bastante emotiva e da mesma terá sido dada uma grande divulgação em toda a ilha.

Junto duas fotografias elucidativas e um recorte do JM (Jornal da Madeira) do dia 23.11.2009.


Creio que o atraso na informação, não é motivo para impedimento de publicação da notícia.

Um grande abraço para todos e um FELIZ NATAL.

Juvenal Candeias
Alf Mil da CCAÇ 3520

Fotos: © João Viveiros (2009). Direitos reservados.
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Nota de MR:

Vd. poste anterior desta série em:

12 de Novembro de 2009 >
Guiné 63/74 - P5261: Efemérides (29): Às custas dos seus familiares (Magalhães Ribeiro)

Guiné 63/74 - P5531: Álbum fotográfico de João Graça (1): Médico em Iemberém por cinco dias







Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Iemberém > Dezembro de 2009 > O Dr. João Graça ofereceu cinco dias (de 6 a 10 de Dezembro de 2009) das suas férias de quinze dias (de 5 a 19 do corrente), para trabalhar como médico no Centro de Saúde Materno-Infantil de Iemberém. Já o convidei a ingressar no nosso blogue e a publicar alguns apontamentos do seu diário de viagem (**)...

Para já, publicam-se algumas das muitas fotos que tirou nesta jornada, para ele inesquecível... Para além de Bissau e do Cantanhez, esteve nos Bijagós, na zona leste (Banbadinca, Bafatá e Gabu) e na região do Cacheu (São Domingos) ... Com votos de paz e melhor saúde para os meninos de Iemberém e para as sua mães, extensivos a todos os meninos da Guiné-Bissau, às suas mães, aos seus pais e aos dirigentes do seu país.

Espantosa, a primeira foto de cima, em que o menino de Iemberém como que nos interpela, a todos, não só os pais-fundadores e os homens grandes da Guiné-Bissau mas também todos nós, portugueses, europeus e cidadãos do mundo... "Que lugar há para mim neste mundo que devia ser meu e teu, o nosso mundo, o único lugar que temos para nascer, crescer, viver e morrer com saúde, em liberdade, com dignidade, em paz ?"

Fotos: © João Graça (2009). Direitos reservados

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 20 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5510: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (10): Almoço de despedida do João Graça... e celebração dos 37 anos de casados do casal Silva (Pepito e Isabel)

(**) O João , e por extensão, o pai do João, convida todos os amigos e camaradas da Guiné a passar a festa de Fim de Ano, no Santiago Alquimista, na Costa do Castelo, em Lisboa...Às 22h00 do último dia do ano, haverá concerto com o seu grupo musical, os Melech Mechaya. Reservas e informações: 707 234 234 / reveillon2010@criasons.com. Preço: 20 a 25 € com direito uma taça de champanhe.

Membros do grupo: João Graça: violino; Miguel Veríssimo: clarinete; André Santos: guitarra; João Sovina: contra-baixo; Francisco Caiado: percussão. Género: Party Klezmer

Guiné 63/74 – P5530: Estórias do Mário Pinto (Mário Gualter Rodrigues Pinto) (31): Sector de Buba-Aldeia Formosa - 2º Semestre 1970 (Mário G R Pinto)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a sua 31ª estória, em 22 de Dezembro de 2009:

Camaradas,

Acabo de concluir a resenha sobre as actividades do 2.º Semestre de 1970, no Sector de Buba-Aldeia Formosa, recorrendo a dados e factos que ainda retenho na minha memória, algumas notas escritas na altura e com a preciosa colaboração de vários Camaradas nossos, que viveram, nesse período, no mencionado Sector:

SECTOR DE BUBA-ALDEIA FORMOSA
2.º Semestre de 1970
JULHO de 1970

As actividades das NT, continuavam na tentativa de interceptar o IN no corredor de Missirá, tendo, para isso, empenhado todas as forças do Sector: CART 2519, CART 2521, CCAÇ 2615 e CCAÇ 2614.

O PAIGC, viu-se na necessidade de abrir novos trilhos, na sua acção de infiltração, para Norte e, por isso, derivou para Oeste de Missirá, na tentativa de fugir ao esquema de contra-penetração montado pelas NT.

Numa das acções de patrulhamento da CART 2521, a Norte de Uane, foi encontrada pela primeira vez propaganda (panfletos) da F.L.I.N.G. (Frente de Libertação Independente Nacional da Guiné), apelando às populações à não colaboração com as NT.

A CCAÇ 2615 continuava a patrulhar e a emboscar à distância de Aldeia Formosa em Jai Juli/Chicambiló, tendo encontrado e levantado minas em Jael. Foram encontrados nesta ZA, novos trilhos utilizados pelo inimigo, nas suas deslocações para o interior.

No dia 30-07-1970, pelas 18h00 horas, forças da CART 2519 quando patrulhavam um trilho novo do IN, no sentido S-N de Iero Saldé-Uane, estabeleceram contacto com um Grupo IN armado, estimado em 20 elementos, no ponto XITOLE 4 B8/55.

Do confronto, resultou que o PAIGC sofreu dois mortos confirmados e vários feridos não contabilizados, tendo sido capturadas uma pistola "CESKA" e uma granada de mão defensiva. O IN debandou para Sul e as NT não sofreram qualquer baixa.

Neste período não foram registados ataques aos aquartelamentos do Sector.

AGOSTO de 1970

Registam-se algumas alterações no terreno devido à época das chuvas. O IN intensificou as suas acções de emboscadas, flagelações e colocação de minas, na estrada Buba-Aldeia Formosa, começando a criar dificuldades às nossas colunas de abastecimento.

Foram referenciados vários elementos do inimigo, na ZA da CCAÇ 2615, perto de Contabane em direcção a Bongofé, tendo as NT reforçado as suas acções nessa área.

A CART 2521 e CCAÇ 2614, continuaram empenhadas no reforço de contra-penetração sobre as forças do IN, para o interior, emboscando e patrulhando permanentemente a Norte de Uane, sobre o corredor de Missirá.Nesta acção foi verificado o rebentamento pelo IN de uma mina A/P, colocada pelas NT, sobre um novo trilho no ponto Xitole 4,D9/88.

Foi avistado um Grupo de 5 elementos do IN armados, a Norte de Uane, pelas forças da CART 2521, quando patrulhavam a sua ZA. O IN ao avistar a nossa força abriu fogo e fugiu para Sul perseguido pelas NT.

O IN continuou bastante activo flagelando os aquartelamentos de Mampatá, Nhala, Aldeia Formosa e Buba.

No dia 17AGO1970 atacou Mampatá, com uma força estimada em cerca de 100 elementos, durante 20 minutos, empregando armas ligeiras e pesadas, chegando perto do arame farpado e tentando mesmo penetrar na Tabanca. A forte reacção das NT no terreno, impediu os seus intentos, tendo contribuído para isso o dispositivo de defesa da Tabanca, implantado pela CART 2519.

Como consequência deste ataque, as NT sofreram 9 feridos (três deles graves) e entre a população verificaram-se 5 feridos (todos ligeiramente).

O inimigo fugiu para Sul após o ataque, sendo perseguido pelas NT vindo a ser interceptado perto do Rio Bunissã, por um Grupo de Combate da CART 2519, que tinha colocada em contra-penetração, causando várias baixas ao IN (5 mortos confirmados) e alguns feridos não contabilizados.

Nesta acção foram capturados ao IN, um RPG 2, 4 granadas e vários carregadores de munições.

SETEMBRO de 1970

Depois da actividade que o PAIGC desenvolveu no mês anterior, notou-se um afrouxamento da sua actividade no Sector. Apesar disso, continuaram os esforços das NT nas suas ZA, para cumprirem o estipulado no Plano Operacional "Galgos Ligeiros", do BCAÇ 2892, em especial nas missões de contra-penetração.

O Grupo Especial de Bazucas que no mês anterior atacou os nossos destacamentos, e foi procurado persistentemente pelas NT implantadas no terreno, não voltou a revelar-se, nem se veio a registar mais vestígios da sua presença, o que permitiu concluir que, o mesmo, já havia abandonado a Zona.

Foi accionada a "Operação Viragem", com todas as Companhias instaladas no Sector a ficarem sob o comando do BCAÇ 2892, a receberem ordens para lançarem nas suas ZAs, panfletos destinados à acção psicológica sobre o IN, no corredor de Missirá, entre Uane e Sara Dibane.

A oeste de Aldeia Formosa, as NT continuam a emboscar e a patrulhar junto á fronteira, não encontrando rasto do IN, vendo e falando apenas com os Gilas e tentando, através deles, obter algumas informações.

Na Zona de BUBA a calma era evidente, apesar dos constantes patrulhamentos da NT sobre a sua ZA, não tendo encontrado rastos do inimigo.

Neste período procedeu-se á vacinação da população do Sector, contra a doença da cólera, integrado no programa "A SAÚDE PARA O POVO DA GUINÉ".

OUTUBRO de 1970

A época das chuvas estava a terminar e, apesar das bolanhas que a estrada Buba-Aldeia Formosa atravessava ainda apresentarem um difícil acesso, recomeçaram as Colunas de reabastecimento das NT, estacionadas no Sector, terminando assim o período de isolamento a que sempre ficavam sujeitas, nesta altura do ano.

O inimigo começou a fazer sentir as suas infiltrações no Sector, sendo detectada a sua presença ao longo do corredor de Missirá e a Oeste de Aldeia Formosa, junto a Chicambioló e perto do rio Balana, onde foram ouvidos rebentamentos dos seus morteiros a bater a nossa Zona.

A 12 e 13 deste mês, realizou-se a Operação "Novo Rumo", já descrita no blogue, no poste P4798, tendo as NT instaladas no Sector, realizado reconhecimentos a Sul e a Norte do corredor de Missirá.

Em 15OUT1970, a CCAÇ 2614, estacionada em Nhala, teve um contacto directo com um Grupo armado do IN, a Norte de Uane, tendo o PAIGC sofrido diversos feridos (não confirmados) e retirado em direcção ao Corubal, perseguido pelas NT.

Neste período não se registaram ataques aos aquartelamentos do Sector, resumindo-se as acções armadas a áreas fora do arame farpado.

Em Outubro, conforme o plano de acção delineado pelo Comando de Aldeia Formosa, foi reiniciado o auxilio às populações; assistência sanitária, económica e educativa.

NOVEMBRO de 1970

O PAIGC intensificou a sua acção no Sector, implantando minas e emboscando as NT, nos habituais itinerários de patrulhamento e na estrada Buba - Aldeia Formosa, quando das colunas de abastecimento, o que levou as nossas tropas aquarteladas no Sector a redobrar as suas actividades defensivas e ofensivas.

O Comando do BCAÇ 2892, face ao crescimento da hostilidade inimiga alterou o Plano Operacional “Galgos Ligeiros”, instalando a CART 2521 na Chamarra, com a seguinte missão:
  • 1) Assegurar em permanência a defesa do aquartelamento.
  • 2) Assegurar o controlo da Zona de Ganiã e de Jael com:
  • a) Patrulhamentos diurnos;
  • b) Emboscadas diurnas e nocturnas;
  • c) Implantar minas e armadilhas nos vários trilhos utilizados pelo IN;
  • d) Assegurar com um Grupo de Combate diário, permanente em Aldeia Formosa a segurança da mesma.
A CCAÇ 2615, reforçou com um Grupo de Combate o aquartelamento de Nhala e, conjuntamente com a CCAÇ. 2614, efectuou as seguintes missões:

  • 1) Assegurar a defesa do aquartelamento.2) Assegurar o controlo da sua ZA a Norte de UANE, através de:
  • a) Patrulhamentos diurnos;
  • b) Emboscadas diurnas e nocturnas;
  • c) Implantar minas e armadilhas nos vários trilhos utilizados do IN.
  • 2) Assegurar a segurança da estrada Buba-Aldeia Formosa, entre Nhala e Uane.

A CART 2519, continuou garantir a Sul de Uane a contra-penetração, derivando para Sari Dibane e Iero Saldé, tentando deter o IN proveniente de Quinara e Injassane, com destino a Unal através do corredor de Missirá.

A CCAÇ 2616 continuou em Buba assegurando a defesa do aquartelamento e a segurança da estrada Buba-Aldeia Formosa, entre Buba e Nhala, através de.
  • 1) Patrulhamentos diários da sua ZA.
  • 2) Execução de emboscadas, dia e noite, na sua ZA.3) Implantação de minas em novos trilhos do IN.

A segurança do Rio Grande de Buba e das suas margens, ficaram a cargo do destacamento de Fuzileiros estacionados em Buba.

Em 09NOV1970, as NT, nomeadamente a CCAÇ 2614 (a Norte), e a CART 2519 (a Sul), numa acção conjunta no corredor de Missirá, interceptaram um Grupo numeroso do PAIGC, que depois de accionarem uma mina A/P em Xitole 4,09-87 e perante a abertura de fogo das NT fugiram para Sul.

Perseguidos pelas forças das nossas referidas Companhias, sofrerem várias baixas confirmadas pelos inúmeros rastos de sangue espalhados no terreno e pelo diverso material que abandonaram no solo.

Neste período não foram efectuados ataques nem flagelações aos nossos aquartelamentos de Sector.

Registe-se também neste mês a construção do Heliporto, no aquartelamento de Mampatá.

DEZEMBRO de 1970

Notou-se alguma movimentação do inimigo na Zona Oeste de Aldeia Formosa, tendo o mesmo flagelado à distância a Tabanca de Paté Embaló, levando as nossas tropas a reforçar este posto avançado de Aldeia Formosa, com um Grupo de Combate da CART 2521.

A 09DEZ1970, foram referenciados rebentamentos de explosivos e tiros de ajustamento de armas pesadas na Zona do rio Contaioba, onde as NT em patrulhamento encontraram vestígios dos mesmos, bem como sinais de concentração de Grupos armados do PAIGC.

O Comando do BCAÇ 2892, face ao crescente aumento de efectivos do IN, nesta área, planeou a "Operação Remoinho", que teve por missão fazer uma batida de reconhecimento na área compreendida entre Sare Ali e Sare Amadi.

Para o efeito foi constituída uma força com:
  • 2 GR. COMB. da CART 2521 - Aldeia Formosa
  • 1 GR. COMB. da CCAÇ 2701 - Saltinho
  • 1 Secção do Pel. Milicias
  • 1 Secção do Pel. Caç. Nat. 69 - Paté Embaló
A operação teve o seu início a partir do aquartelamento do Saltinho, fazendo progressão apeada em direcção a Sare Ali, onde emboscou e, de seguida, fez uma batida à Zona, onde não foi encontrado rasto do IN.

Foram dadas ordens às NT para seguirem para Sare Amadi, onde foram encontrados vastos rastos de presença inimiga, com abertura de novos trilhos em direcção a Iero Aine.

Todos estes trilhos de infiltração do PAIGC, foram armadilhados e minados. Não se tendo avistado qualquer presença física do IN, na área da Operação, a mesma foi dada como extinta e as NT regressaram aos respectivos aquartelamentos.

Em 24DEZ1970, o PAIGC, pelas 22h00, atacou com grande intensidade a Tabanca de Paté Embaló, com Morteiros de 82 mm, RPG7 e armas ligeiras, durante 15 minutos, tendo chegado perto do aldeamento. A pronta resposta das NT fez o inimigo retirar, perseguido pelo fogo dos obuses de 14 cm de Aldeia Formosa e, pelo envolvimento das NF, que, nesta acção, tiveram 2 feridos no Pel. Caç. Nat. 69.

A Sul e a Leste do Sector, actuavam as Companhias CART 2519, CCAÇ 2614 e CCAÇ 2615, que se dividiam por Nhala, Buba e Aldeia Formosa.

Estas Forças tinham como missão a contra-penetração do corredor de Missirá, e, entre si, desdobravam-se em esforço para patrulhar e emboscar a Sul e a Norte de Uane, como também tinham a seu cargo a segurança da estrada Buba-Aldeia Formosa.

O PAIGC tentou a todo custo fugir às emboscadas montadas pelas NT, que eram permanentes no corredor, abrindo novos trilhos entre Colibuia e Ieroiel, mas ia cair sistematicamente nas nossas armadilhas implantadas no terreno, o que lhes causava baixas consideráveis.

Em 23DEZ1970, um Grupo inimigo estimado em 40 elementos atacou Mampatá, pelas 14h45, utilizando morteiros de 82mm a partir de Xitole 4H7-41. Foram referenciadas 6 posições de morteiro 82 mm, com 30 rebentamentos todos caídos fora do nosso perímetro do aquartelamento. As NT responderam com um envolvimento em perseguição do IN, que fugiu desorganizado em direcção ao Sul, vindo a cair nas nossas armadilhas implementadas no terreno.

Na ZA de Buba, continuava tudo calmo não havendo sinais do IN, apesar das movimentações das NT no terreno.

Neste período como era habitual o COMCHEFE, visitou os aquartelamentos do Sector desejando Boas Festas às NT.

Legendas das fotografias:

1 - O nosso 1º Grupo de Combate
2 - O F. Costa - Escriturário de Mampatá
3 - Operação Novo Rumo (F. Costa)
4 - Atolamento na picada
5 - Evacuação de um ferido em Halouette III
6 - Espoletas de minas à vista na picada
7 - Deslocação do pessoal do 1.º Grupo de Combate
8 - Aspecto da tabanca de Mampatá

NOTA FINAL: Assim terminou o ano de 1970, no Sector de Buba – Aldeia Formosa, ficando cada vez mais perto o nosso regresso à Metrópole.

Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art

Fotos: © Mário Pinto (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. poste sobre o 1º Semestre em:

Vd. último poste da série do Autor em:

16 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 – P5476: Estórias do Mário Pinto (Mário Gualter Rodrigues Pinto) (31): Ataque `a Chamarra nas vésperas de Natal (Mário G R Pinto)