terça-feira, 8 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6559: Notas soltas da CART 643 (Rogério Cardoso) (23): O Comandante do BART 645, Coronel Braamcamp Sobral

1. Nota solta enviada pelo nosso camarada Rogério Cardoso (ex-Fur Mil, CART 643/BART 645, Bissorã, 1964/66), em mensagem do dia 5 de Junho de 2010:


NOTAS SOLTAS DA CART 643 (23)

O COMANDANTE DO BART 645 - ÁGUIAS NEGRAS, COR. BRAAMCAMP SOBRAL


O Bart 645 - ÁGUIAS NEGRAS, foi formado em Santa Margarida, a partir de Novembro de 1963, data em que fui transferido do RAC de Oeiras.
Portanto desde esta data até 4 de Março de 1964, data do embarque, houve tempo suficiente para conhecimento da maioria dos camaradas.

Desde cedo e logo de principio, que o Bart 645 estava destinado a Moçambique, província que na altura estava em completa paz. Então eu e a minha mulher, combinámos ficar em África no fim da comissão, por conseguinte decidimos casar, assim como fizeram alguns camaradas.
Mas o tempo ia passando e nunca mais o Batalhão embarcava, deste modo todos nós começámos a ficar um pouco apreensivos, e lá se aplicou o velho ditado "contar com o ovo no c... da galinha "

Lá pela altura do Natal ou Janeiro, não preciso bem, o Comandante vei-nos dizer que Moçambique estava fora de hipótese, concerteza Angola nos esperava.
Foi a desilusão geral, as familias receberam a notícia com um certo choque emocional, mas eu e outros pensámos numa defesa para com os familiares mais chegados. Dissemos que nem tudo era mau em Angola, se fosse a Guiné é que era a desgraça total, ainda por cima tinha caído em combate, um filho de um amigo de meu pai, eu achei que a justificação que apresentava, era a melhor tática, mas a ida da minha consorte, já estava à partida com menos 50% de hipóteses.

O tempo ia passando, o Comandante Braamcamp Sobral, sabia de antemão a sorte do Batalhão, dizia-se que o tinha oferecido para a Guiné, porque havia uma dívida de honra a pagar. Um dos seus filhos, oficial quando da invasão da Índia, "ausentou-se" e a forma que de momento achou melhor, foi a do oferecimento dos Águias Negras.

Lá para o fim de Fevereiro, houve a reunião de todo o pessoal, numa noite depois do jantar. Quando deu a notícia, perante cerca de 600 homens, houve um ah geral, ouviram-se alguns comentários, o chamado grande melão, pois só meia duzia de oficiais e sargentos sabiam o destino.

O Comandante Braamcamp Sobral, é aí que se encontra o grande homem que era, soube contornar a situação, as suas palavras foram de encorajamento, enaltecendo tudo e todos os Águias Negras, e meia hora depois tinha conquistado a simpatia geral.

Era um fantástico condutor de homens, assim até 4 de Março, data do embarque e mesmo até fim da comissão, teve um dos melhores batalhões que passaram pela Guiné. Estando em Mansôa, visitava com regularidade as companhias de Bissorá e Mansabá, e mesmo com aquela idade, chegou a ir ao mato, dando exemplo e mostrando como se comandava uma companhia a um certo capitão, que em Santa Margarida mostrava ser aguerrido, audaz e ousado, mas na realidade era completamente o contrário, não mostrando apetência para o lugar, sendo substituido porque era o unico que destoava daquela grande familia.

Enfim o Comandate Braamcamp Sobral, homem de alta estatura com mais de 1,90 e elevada compleição fisica, farta cabeleira totalmente branca, vulgarmente chamado pelos nativos de " Cavalo Branco", era um exemplo de homem, respeitado por nós, populações e pelo IN. Os homens dele eram intocáveis, nem a PM que às vezes em Bissau nos fazia a vida negra, ele respondia por todos o que lhe valeu alguns aborrecimentos.

Não posso nem devo terminar, sem deixar uma nota de apreço pelo nosso primeiro 2.º Comandante Major Glória Alves, homem de grande educação e amigo de todos os subordinados.

Já partiram, deixando saudades de quantos lidaram com eles.

Rogério Cardoso
Ex-Fur Mil
Cart 643 - Aguias Negras
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 27 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6480: Notas soltas da CART 643 (Rogério Cardoso) (22): 1.º Cabo António Melo e Soldado Manuel Bernardes, as nossas únicas baixas mortais

Guiné 63/74 - P6558: Agenda cultural (80): Sessão de lançamento do livro Mouzinho de Albuquerque: um soldado ao serviço do Império, de Paulo Jorge Fernandes (A Esfera dos Livros), hoje, às 18h30, em Lisboa, no Museu Militar



A Esfera dos Livros convida todos os membros da Tabanca Grande, nomeadamente os que residem na área da Grande Lisboa,  para a sessão de lançamento do livro Mouzinho de Albuquerque: um soldado ao serviço do Império, da autorida de Paulo Jorge Fernandes, especialista em história contemporânea. A cerimónia realizar-se-á, hoje, dia 8, às 18h30, no Museu Militar, junto à Estação de Santa Apolónia.

Título: Mouzinho de Albuquerque
Autor: Paulo Jorge Fernandes
Colecção: História Biográfica
Nr de páginas: 426 + 24 extratextos
PVP c/  Iva: 27 €
ISBN: 978-989-626-223-5
Formato: 16 x 23,5
Encadernação: Brochado
Data: Maio de 2010

Sinopse:

Uma coluna diminuta de apenas 51 oficiais e praças chegava a Chaimite, sob fortes chuvadas, com um único propósito: capturar Gungunhana, o temido régulo que desafiava as autoridades portuguesas havia anos.

O bravo capitão de cavalaria Mouzinho de Albuquerque, de espada desembainhada, foi o primeiro a entrar na povoação e berrou bem alto o nome do inimigo que saiu da sua palhota para se render aos militares portugueses.

Finalmente, ao fim de tantos anos a sonhar com aquele momento e depois de tanto penar, Mouzinho de Albuquerque estava frente a frente com o seu adversário.

Este feito notável, numa mistura de imprudente coragem e golpe de sorte, teve ecos na metrópole. Foi assim que nos confins de Moçambique nos finais de 1895 Mouzinho de Albuquerque dava sentido ao seu destino e gravava o seu nome na História.

Nos últimos anos da sua vida foi preceptor e aio de D. Luís Filipe, herdeiro da coroa. Cargo que detestou cumprir. No entanto, no convívio com a família real, terá nascido uma paixão impossível de concretizar pela rainha D. Amélia. Terá sido para salvar a honra de ambos que no dia 8 de Janeiro de 1902 se suicidou com dois tiros?

Questionado sobre qual seria o seu ideal de vida terá respondido: «Morrer a tempo.» O seu desejo cumpriu-se já que a sua morte prematura aos 46 anos o impediu de assistir à derrocada da Monarquia e à violência da República.

Guiné 63/74 - P6557: Elementos para a caracterização sociodemográfica e político-militar do Sector L1 (5): A zona de acção do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) e os seus principais aglomerados populacionais (Benjamim Durães)




Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > BART 2917 (1970/72) > Forças da CCAÇ 12, a descansar na Ponte dos Fulas (sobre o Rio Pulom), por ocasião de uma coluna logística Bambadinca - Xitole (Xitole era a unidade de quadrícula, do Sector L1, mais a sul; era a sede da CART 2716).

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Direitos reservados



 Guíné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) > Brasão (à esquerda)

Fonte: História do Batalhão de Artilharia nº 2917 - De 15 de Novembro de 1969 a 15 de Março de 1972. (Versão em texto processado por Benjamim Durães)

[Continuação da publicação de excertos do Cap II da História do BART 2917, Bambadinca, 1970/72 - Documento classificado como "reservado" - , segundo versão policopiada gentilmente cedida ao nosso blogue pelo ex-Fur Mil Trms Inf, José Armando Ferreira de Almeida, CCS/ BART 2917, Bambadinca, 1970/72, membro da nossa Tabanca Grande; cotejada igualmente com a versão, em suporte digital, corrigida e melhorada pelo Benjamim Durães; é um excerto desta última versão que se publica aqui hoje] (*)


HISTÓRIA DO BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) > CAP II > ACTIVIDADE NO TERRITÓRIO OPERACIONAL DA GUINÉ


SITUAÇÃO GERAL

1.a. - TERRENO

1) – DEFINIÇÃO DA ZONA DE ACÇÃO (Z.A.)

- MAMBONCÓ (9A8-35);             - MAMBONCÓ (9G0-55);                 - RIO MANCURRE;
- RIO GAMBIEL;                               - RIO GEBA;                                          - RIO ULUNGUALAON;
- RIO BIFI;                                         - RIO SANDOFARA;                             - RIO CAMPORE (até nascente);
- RIO CUSSONCONE;                      - RIO SUMPOI;                                      - RIO COLUFE;
- RIO XANCARA;                              - RIO SANAU;                                       - RIO BILANCA;
- RIO CAMPARA;                             - RIO NHANUMOIEL;                           - RIO CHANCA;
- RIO CARANGOLI;                          - RIO BANTANCUSSÁ;                        - RIO PULON (T);
- BISSAMALI;                                   - RIO CHACONA;                                  - RIO MANCHAU;
- RIO CANCANTE (T);                - MADINA TABAGE (T);                - TENDITO (T) ;
- NHANDOFÓ (T);                    - GUNTI;                                                 - XITOLE (8I2-47);
- RIO CORUBAL (até) FULACUNDA (9F5-72)                            - RIO BARA;
- DOULO;                                          - MAMBONCÓ (7C1-88);                 - MEREDIANO 50345;
- MAMBOCÓ (8C1-25) – Limite Administrativo;   - MAMBOCÓ (8G4-45) – Limite Administrativo; e,
- MAMBOCÓ (9A8-35).

2) – RELEVO E HIDROGRAFIA

- A característica geral da área do Batalhão é a planície, onde correm muitos rios cavados num planalto de 40 metros de altitude.
- A rede hidrográfica encontra-se orientada para os RIOS COLUFE, GEBA, e CORUBAL, verificando-se, na época das chuvas e nos baixos cursos destes dois últimos, o nivelamento das águas dos rios e das bolanhas, durante a preia-mar.
- Na época seca, com excepção dos RIOS GEBA, CORUBAL, COLUFE, GAMBIEL e UDUNDUMA, todos os restantes são transponíveis a vau.
- Na época das chuvas, todos os rios do sector são praticamente intransponíveis a vau.
- Os RIOS GEBA e CORUBAL, estão sujeitos à influência das marés. Na previsão de marés ao longo do canal do GEBA, são de admitir diferenças até cerca de 50 minutos em tempo e até meio metro, em alturas de água.
- O retardo do estofo da corrente da maré atinge, por vezes, uma hora e trinta minutos.
- Para montante de PORTE GOLE, no canal do RIO GEBA, forma-se o MACARÉU.
- No XITOLE (Rio Corubal) e em BAMBADINCA (Rio Geba) o MACARÉU ocorre, respectivamente, cerca de oito horas e trinta minutos e de sete horas e vinte minutos depois da hora da baixa-mar em CAIÓ.

3) - VEGETAÇÃO

- Nas bolanhas não cultivadas, o capim na época das chuvas atinge grande altura camuflando facilmente das vistas os possíveis movimentos do IN e dificultando os movimentos e a orientação das NT.
- Durante a época seca (a partir de Dezembro), as bolanhas apresentam-se queimadas não oferecendo qualquer protecção.
- Na área definida pelos RIO GEBA e RIO CORUBAL e a estrada BAMBADINCA / XITOLE, fora das bolanhas, o revestimento é de natureza florestal com palmares cerrados, nomeadamente nas nascentes dos rios. Na parte restante do SECTOR a vegetação é tipo savana com núcleos de floresta muito espalhada, dos quais o mais importante é o de CANDAMÃ.

4) – NATUREZA DO SOLO

- Nas bacias hidrográficas dos RIO GEBA e do RIO CORUBAL existem os solos das bolanhas e lalas, nem sempre propícios à agricultura.  Imediatamente a seguir a estes existem aqueles a que podemos chamar “ricos” onde é possível a cultura de quase toda a espécie de vegetais e fruta.
- No interior do SECTOR, o solo é argilo-arenoso tendo por baixo uma couraça de laterite que em certas zonas aparece à superfície.

5) - COMUNICAÇÕES

- Durante a época seca é possível a circulação de viaturas em todas as vias de comunicação do SECTOR.
- Na época das chuvas, com excepção das estradas BAMBADINCA-BAFATÁ e BAMBADINCA-XIME, a circulação em todas as outras, torna-se difícil, chegando mesmo a ser impossível em algumas delas.
- Dos rios do SECTOR só o RIO GEGA durante todo o seu percurso no SECTOR, e o RIO CORUBAL para jusante dos rápidos de CUSSELINTA, são navegáveis por barcos de médio calado, embora os barcos militares deste calado ”LDG” se desloquem apenas até ao XIME.
- No entanto como as margens do RIO CORUBAL são na sua quase total extensão dominadas pelo IN, só no RIO GEBA se verifica tal facto.
- As principais vias de comunicação terrestres são:
as ESTRADAS de
- BAMBADINCA / BAFATÁ;
- BAMBADINCA / MANSAMBO / XITOLE / SALTINHO, e,
- BAMBADINCA/XIME, encontrando-se presentemente, a primeira e a última alcatroadas.

6) – PISTAS DE ATERRAGEM E HELIPORTOS

- Existem duas pistas de aterragem, uma em BAMBADINCA e outra no XITOLE, ambas de terra batida, só permitindo a aterragem a aviões do tipo ”DO”.
- Estão em curso diligências para que a pista de BAMBADINCA seja adaptada para ”DAKOTA” e ”T-6”.
- Existem ainda heliportos em BAMBADINCA, MANSAMBO, XIME, XITOLE, PONTE DO RIO PULON, ENXALÉ, MISSIRÁ, FÁ e NHABIJÕES.

7) - PORTOS

-Os dois portos com importância para o SECTOR LESTE, são: o de BAMBADINCA e o do XIME.
- O Porto de BAMBADINCA é de extraordinária importância pois é através dele que é reabastecido todo o SECTOR LESTE.
- Ultimamente todo o tráfego pesado tem sido feito através do porto do XIME, embora este não esteja apetrechado com guindaste e rampa de abicagem, o que torna difícil as operações de carga e descarga.
- Com influência na manobra dentro do quadro do Batalhão situam-se ainda:
o porto de ENXALÉ (só utilizável na época seca), os portos de GÃ GEMEOS, o Porto Velho do ENXALÉ, FÁ PORTO e MATO CÃO.

b) – AGLOMERADOS POPULACIONAIS

1) – Povoações com valor no quadro económico da Província

- BAMBADINCA

- Sede do Posto Administrativo do mesmo nome e Sede do Comando de Batalhão.
Tem 1.440 habitantes recenseados, dispõe de um Porto que constitui ainda a principal fonte de escoamento dos produtos das circunscrições de BAFATÁ e GABU (mancara, madeira e coconote e artigos de artesanato) e de entrada de quase todos os reabastecimentos para as tropas do SECTOR LESTE.
Dispõe de sete lojas comerciais e tem tendências para aumentar o seu comércio e importância.

- XIME

- Sede da CART 2715, com uma população avaliada em 250 habitantes, dispondo de um Porto por onde é já manuseada toda a carga muito pesada de e para o SECTOR LESTE e que se prevê, quando apetrechado venha a absorver quase toda a carga hoje manuseada pelos Portos de BAMBADINCA e BAFATÁ.
- O desenvolvimento do Porto acarretará um surto de desenvolvimento e progresso para a População.

- XITOLE

- Sede do Posto Administrativo do mesmo nome, Sede da CART 2716, com uma população normal de 300 habitantes, dispõe de 3 lojas comerciais em funcionamento. Sofreu forte repressão na sua importância comercial (principais fontes de riqueza coconoto e madeira), com a guerra.
- A construir-se a Estrada AMEDALAI-XITOLE a sua importância será muito aumentada.

2) – POVOAÇÕES SOBRE CONTROLO DAS NOSSAS TROPAS (NT), COM VALOR NO
QUADRO DA MANOBRA DO SECTOR

a) Pela sua localização (armada em AUTO DEFESA (A/D) ou colaborantes na defesa) constituem a linha de contenção de subversão.

- MISSIRÁ
- Colaborante na defesa, Sede de Regulado do CUOR, dispõe de 165 habitantes recenseados.
- FINETE
- Colaborante na defesa, dispõe de 56 habitantes.
- ENXALÉ
- Colaborante na defesa dispõe de 300 habitantes e de uma loja comercial.
- AMEDALAI
- Colaborante na defesa, dispõe de 160 habitantes.
- TAIBATÁ
- Colaborante na defesa, Sede de Regulado do XIME, dispõe de 228 habitantes recenseados.
- DAMBA TACÓ
- Colaborante na defesa, dispõe de 234 habitantes.
- SAMBA JULI
- Em Auto Defesa, dispõe de 127 habitantes.
 - SINCHÃ MAMAJÃ
- Em Auto Defesa, dispõe de 119 habitantes.
- SANSANCUTÁ
- Em Auto Defesa, dispõe de 55 habitantes.
- DEMBATACOBÁ
- Em Auto Defesa, dispõe de 168 habitantes.
- AFIÁ
- Colaborante na defesa, dispõe de 195 habitantes.
- CANDAMÃ
- Colaborante na defesa, Sede do Regulado do CORUBAL, com 204 habitantes.
- CAMBESSÉ
- Em Auto Defesa, dispõe de 174 habitantes.
- SINCHÃ MADIU
- Em Auto Defesa, dispõe de 120 habitantes.
- TANGALI
- Em Auto Defesa, dispõe de 146 habitantes.
- MANSAMBO
- Sede da CART 2714, dispões apenas dos assalariados normais da Companhia e de seus familiares.

b)Por constituírem pólo de atracção da população

- REORDENAMENTO DE NHABIJÕES                 1.579 pessoas
- BANTAJÃ ASÁ                                                     222 pessoas
- BANTAJÃ MANDINGA                                           286 pessoas
- BIANA                                                                   166 pessoas
- BISSAQUE                                                           189 pessoas
- BRICAMA                                                              320 pessoas
- CANFATE                                                             150 pessoas
- GANHOMA                                                            242 pessoas
- IERO NHAPA                                                        194 pessoas
- JANA                                                                    436 pessoas
- MERO                                                                   456 pessoas
- META NHANCANI                                                152 pessoas
- QUEROANE                                                          156 pessoas
- SANTA HELENA                                                    571 pessoas
- SARÉ ADÉ                                                            166 pessoas
- SARÉ BAMBÉ                                                       183 pessoas
- SARÉ IERO                                                           302 pessoas
- SIBICROTO                                                           231 pessoas
- TENCNAN                                                             337 pessoas
- UAGE FULA                                                          194 pessoas

c)Com mais de 150 habitantes e não incluídas nas anteriores

- FÁ MANDINGA
- Centro de Instrução de Companhias de “COMANDOS AFRICANOS”, com 318 habitantes
- MADINA BONGO
- Sede do Regulado de BADORA, com 170 habitantes


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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6556: Parabéns a você (119): Agradecimento (Belarmino Sardinha)

1. Mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, 1972/74, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau), com data de 7 de Junho de 2010:

Começo por dizer de maneira simples, obrigado pelos parabéns que me chegaram através deste blogue ou Tabanca Grande.

Referi desde o meu primeiro comentário neste espaço que, sendo rendição individual e com um trabalho específico, não pertencendo a nenhum Batalhão, Companhia, Pelotão ou sequer Grupo, embora fazendo parte de um Agrupamento, Transmissões, sediado em Bissau, as minhas relações eram dispersas, mínimas e a lembrança, passados estes anos, vaga e por vezes confusa. É pois com agrado que, através deste espaço criado pelo Luís Graça e mantido pelos editores Carlos Vinhal, Magalhães Ribeiro e Virgínio Briote tenho vindo a alargar o meu círculo de conhecimento e amizade com camaradas de armas que passaram pela Guiné, antes ou depois de mim.

Não sendo um lamento ou uma queixa, mas apenas um facto o ter andado “sozinho” por aquelas paragens, não me impede de afirmar sentir-me agora integrado num batalhão, tantos aqueles que contribuem ou contribuíram já e dão o seu nome a esta causa que nos liga, une e também divide, mas não deve ser motivo de exclusão por não apagar o passado nem alterar o que somos ou quem fomos e poder ajudar a compreender e a passar o futuro, tal como as outras coisas da nossa vida e dos nossos dias.

Agradeço, a todos, os parabéns que recebi por e-mail, por telefone ou através do blogue.
BSardinha
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Nota de CV:

Vd. poste de 6 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6540: Parabéns a você (118): Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM, Guiné, 1972/74 (Editores)

Guiné 63/74 - P6555: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (33): Diário da ida à Guiné - 15/03/2010 - Dia doze

1. Mensagem de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), com data de 3 de Junho de 2010:

Caro Carlos:
Aí está o relato da minha segunda ida a Bafata e última, por agora. Tanta coisa ficou por rever. Penso tornar à Guiné e dessa vez montarei arraiais mesmo em Bafata, pois verifiquei haver lá condições para isso.

Um abraço.
Fernando Gouveia



A GUERRA VISTA DE BAFATÁ - 33

Diário da Ida à Guiné – Dia Doze (15- 03-2010)


Fui novamente a Bafatá. Da vez anterior tinha sido um êxito, pois tinha encontrado a bajuda Kadidja de há quarenta anos. Desta vez, pelo menos em número de reencontros, foi mais espectacular.

Fui ao antigo quartel do Comando de Agrupamento que ainda funciona como quartel. Tive que ir pedir autorização ao comandante (um Major) que morava na antiga casa do comandante do Esquadrão. Quer ele quer os outros militares foram extremamente simpáticos, deixaram-me percorrer todas as instalações e tirar as fotos que quisesse. Claro que estive no meu antigo quarto e sentei-me na que pode ter sido a minha cama. Os edifícios, pelo exterior, tinham sido pintados recentemente, mas pelo interior não. Num pequeno quarto que ocupei nos dois últimos meses da minha comissão e que eu tinha forrado integralmente com recortes de revistas, ainda se conseguiam ver restos da cola que tinha utilizado. Não pode deixar de ter sido emocionante.

O pavilhão dos quartos dos oficiais. A partir do fundo: Quarto do Comandante, quarto do Chefe do Estado Maior, quarto dos dois Majores, quarto dos três Alferes, quartinho que ocupei dois meses; a porta mais próxima era a do bar.

No meu antigo quarto, o que pode ter sido a minha cama. O colchão de espuma é que não podia durar os quarenta anos!!!

Fui à casa onde morei cerca de um ano, na tabanca da Rocha, em frente ao restaurante do Sr. Teófilo. Nunca mais foi pintada. Há quarenta anos o proprietário era o Sr. Humberto, agora pertence ao empreendimento do Capé e funciona lá uma qualquer empresa. Está muito degradada, assim como todas as imediações, até porque é em frente que agora se faz diariamente o mercado de rua. Mais uma vez, as pessoas que lá estavam foram uma simpatia e deixaram-me visitá-la. Sentei-me na varanda onde muitas vezes estive há quarenta anos.

1970 - A minha casa (pintada de verde) e o restaurante do Sr. Teófilo (junto da camioneta vermelha)

A actual zona da casa onde morei. Foram retirados os muros para alargamento da estrada. O quintal desapareceu e os mangueiros que lá existiam a ensombrar a casa foram cortados. O mercado de rua acaba por transfigurar todo o local de há quarenta anos.

Que me lembre nunca tinha entrado na Mesquita. Resolvi ir lá. Contrariamente ao que eu achava ser costume, encontrava-se fechada. Entabulei então uma conversa com dois homens que estavam sentados à sombra. Vim a saber que um deles tinha sido o mestre construtor da mesma, de nome Bacari Dabo. Referiu ainda que aprendeu a arte com o empreiteiro português Manuel Santos Nabais.

Perguntando se não podia ver a mesquita por dentro, disseram-me que quem tinha a chave era o Mamadu que morava logo ali nesse largo. Para lá me dirigi. O referido Mamadu estava a descansar na varanda e palavra puxa palavra, não era mais do que o Mamadu Kulabio Bá, soldado condutor do Agrupamento. Relembrámos todo o pessoal daquele tempo e foi pena não ter levado para lhe deixar, as fotos que tinha dele, do pai, da sua mulher e de um filho. Disse-me que era o actual Imami (chefe religioso) de Bafata e que tinha sucedido ao seu pai, Cherno Udi Bá que eu tinha conhecido muito bem e do qual tenho uma óptima foto. Ainda me levou a ver o seu filho que era professor na madrassa local. Possivelmente irá suceder como Imami ao seu pai, que já sucedeu ao seu avô.

O Imami de há quarenta anos, Cherno Udi Bá.

Com o actual Imami de Bafata, Mamadu Kulabio Bá

O filho do actual Imami, professor na Madrassa, e a sua classe.

Como tinha sido ali perto que, há quarenta anos, tinha tirado uma foto a uma jovem mãe com a sua filhinha de dois ou três meses, perguntei ao Mamadu se a conhecia. Mal a viu disse: - É a Bobo. Mora ali adiante, se quiser podemos ir lá. Num instante lá chegámos. À porta estava a Bobo que logo reconheci pois, de todas as africanas que vi, era a única com nariz arrebitado. Ao mostrar-lhe a foto imediatamente exclamou: - Ah, é a minha Maria. Fez questão que entrássemos para sua casa e conversámos algum tempo. A Maria não esteve presente pois encontrava-se a trabalhar no empreendimento do Capé, onde também a Bobo trabalha.

A Bobo e a sua filha Maria, há quarenta anos.

Com a Bobo em Março de 2010.

Antes de almoço ainda fomos ao Hospital entregar medicamentos que tinham ido num contentor. Almoçámos no restaurante da vez anterior, umas óptimas bentanas grandes, grelhadas, e depois ainda fui visitar vários locais. Mas ainda sobraram motivos para uma terceira visita…

Na entrega de medicamentos no Hospital de Bafata.

Não deixei de fazer uma reportagem fotográfica sobre o degradado edifício do cinema, a pedido de um jovem amigo cineasta. Estive com o antigo operador da máquina de cinema, o mandinga Kanjajá que, não recebendo nada, há cinco ou seis anos, continua a tomar conta das instalações. De seguida regressámos a Bula.

Junto à sede do PAIG (no antigo edifício do comando do Batalhão) com o vice presidente da Assembleia Geral do Sporting Clube de Bafata (de verde) e o mandinga Kanjajá, antigo operador da máquina de cinema, a observar com espanto o meu cartão de sócio de há quarenta anos.

Até amanhã camaradas.
Fernando Gouveia
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Nota de CV:

Vd. poste de 3 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6525: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (32): Diário da ida à Guiné - 14/03/2010 - Dia onze

Guiné 63/74 - P6554: Convívios (249): XVI Convívio da CCAV8350 “PIRATAS DE GUILEJE”, 5 de Junho de 2010 em Águeda (José Casimiro Carvalho)


1. O nosso Camarada José Casimiro Carvalho, ex-Fur Mil Op Esp / RANGER da CCAV 8350 “Piratas de Guileje”, (1972/74), enviou-nos a seguinte mensagem, com data de 6 de Junho de 2009:

XVI CONVÍVIO DA CCAV 8350 “PIRATAS DE GUILEJE”

Decorreu em 5 de Junho de 2010, no restaurante Zito dos Leitões, em Águeda, mais um alegre, animado e ruidoso encontro dos ex-Combatentes da CCAV 8350, que deambulou pelas matas da Guiné e que mantêm a tradição de relembrar os difíceis tempos idos da guerra, que nos marcaram indelevelmente para o resto das nossas vidas.

As fotos abaixo são os fieis testemunhos de alguns dos amigáveis momentos do convívio, sendo a primeira da família “piratada”, denotando-se a falta do “boss” deste magnífico corpo, o Capitão Quintas, que por motivos de graves problemas de saúde com familiares muito próximos, não pôde estar presente este ano.

Felizmente tivemos connosco o nosso carismático e bem disposto Cor Coutinho e Lima, que muito nos satisfez a todos.
Para o ano lá estaremos novamente, assim Deus o permita.
Um abraço,
José Casimiro Carvalho
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAV 8350
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Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em:

5 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6539: Convívios (162): Almoço convívio C.Caç.2381 e 2382, 01 de Maio de 2010 em Mira Daire (Arménio Estorninho)

Guiné 63/74 - P6553: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (21): Olhos negros, com arranjo para coro do nosso camarada Mário Roseira Dias (Luís Graça)




Concerto, em 5 do correntre, na Lourinhã,  na sede da AMAL - Associação Musical e Artística Lourinhanense, comemorativo do 6º aniversário do Coro Municipal da Lourinhã. (Com a devida vénia...).

Actuação do coro  (35 elementos), dirigido pelo maestro João Pereira. Canção tradicional dos Açores, "Olhos Negros". Arranjo coral: M[ário] Roseira Dias (Sargento Comando Reformado, membro do nosso blogue). Já agora, alguém sabe quem é o autor (anónimo) desta líndíssima e genial letra ? Curiosamente, há várias versões: nuns casos, fala-se em "olhos pretos", noutros em "ollhos negros"... mas sempre da Guiné! 


Vídeo: 2' 50'': © Luís Graça (2010). Alojado em You Tube > Nhabijoes


Olhos negros (Trad. dos Açores / Ilha Terceira)
Arranjo coral: M. Roseira Dias


Os teus olhos, negros negros,
São gentios, são gentios da Guiné.  (Bis)

Ai da Guiné,  por serem negros,
Da Guiné por serem negros,
Gentios por não terem fé.  (Bis)

Os teus olhos são brilhantes,
Semelhantes
Aos luzeiros que o céu tem.  (Bis)

Os olhos negros, que eu preferi
E que nunca vi
De côr mais linda a ninguém (Bis)

Os teus olhos, negros negros...


Recordam-se  há tempos de ter escrito  que "o mundo é pequeno e o nosso blogue...é grande" ?  A frase ficou, caiu no goto e hoje já é título de série... 

Falando com o Francisco Feio (CCAV 2484,  Jabadá, 1969/70), descobri que ele era vizinho e amigo do nosso camarada  Mário Dias, Mário Roseira Dias, sargento comando reformado... Ambos têm em comum, para além da Guiné, a paixão pela música, em geral, e a música coral, em particular.

O Francisco é um dos quatro ou cinco sobreviventes do grupo de fundadores do Grupo Coral Alius Vetus (nome latino do topónimo Alhos Vedros, concelho da Moita). 

Em 2011, o grupo celebra os seus 25 anos... O Sr. Mário (como é respeitosamente tratado pelo Feio) esteve mais de dez anos no Grupo Coral. Depois afastou-se e dedica-se à composição musical, (Há tempos, o próprio  confidenciou-me que está a acabar uma cantatata,) Há várias peças dele no reportório actual do grupo.

Com a sua modéstia habitual, o Mário  Dias (mais conhecido por M. Roseira Dias, no meio musical) confirmou-me por mail que "por acaso o arranjo para coro da canção açoriana 'Olhos Negros' é de facto da minha autoria". E acrescentou: "Tenho muitos outros arranjos que por aí circulam e são cantados, mais ainda no Brasil do que em Portugal. Santos da casa não fazem milagres"...

E, por ser verdade, eu confirmo-o, através de rápida consulta na Net. São dezenas e dezenas de arranjos para coro, saídos do talento musical do nosso camarada: por exemplo;


Não só arranjos como músicas orignais: por exemplo;


Quanto ao maestro João Pereira (n. 1947), meu amigo e conterrâneo, o Mário conhece-o bem, já que foi também maestro do Coro Mama Sume da Associação de Comandos,  "in illo tempore". 

O João Pereira da Costa fez igualmente a guerra colonial, em Angola. É sobrinho do Agnelo Ferreira, ex-1º Cabo Cripto, da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). Está reformado da Caixa Geral de Depósitos. 

Enfim, dois exemplos de gente talentosa, culta e generosa, que podemos encontrar entre os ex-combatentes da guerra colonial, em geral, e entre os amigos e camaradas da Guiné que fazem parte da nossa Tabanca Grande, muito em especial. 

Parabéns, Mário, parabéns, João! (*)

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Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste da  série > 16 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6402: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (20): O Nosso Veterano... do Rugby, Paulo Santiago, a jogar em casa, no dia 12 de Junho próximo