quarta-feira, 4 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8219: Agenda cultural (118): Quem vai à guerra, de Marta Pessoa (Portugal, 2011, Documentário, 130' )... A guerra no feminino... Indie Lisboa 11 (8º Festival Internacional de Cinema Independente) - Lisboa, Culturgest, 13 de Maio, 6ª feira, 21h30



Página na Net do  Indie Lisboa 11 -  8º Festival Internacional de Cinema Independente, que começa amanhã em Lisboa e vai até ao dia 15 do corrente. No dia 13, 6ª feira, será a estreia do documentário de 2h e 10' Quem Vai à Guerra, da autoria de Marta Pessoa (Portugal, 2011). A guerra contada no feminino... Entre outras participações, destaque para a nossa camarada Giselda Pessoa e a nossa amiga Maria Alice Carneiro. Ver aqui, no Sapo Notícias,  um vídeo com as declarações da realizadora (filha de um militar de carreira, que também esteve na Guiné). Marta Pessoa é também autora do recente documentário Lisboa Domiciliária ( estreado do LisboaDoc 2010).

Quem Vai à Guerra
Who Goes To War
Marta Pessoa [vd. igualmente página no Facebook: foto de perfil à direita]
Exibições: 13 Maio, 21:30, Culturgest, Grande Auditório
Secções: Sessão Especial
Documentário, Portugal 2011, 130', Documentário

Fotografia: Inês Carvalho 
Som: João Eleutério, Paulo Abelho, Rodolfo Correia 
Montagem: Rita Palma 

Produtor: Rui Simões 
Produção: Real Ficção

Com: Ana Maria Gomes, Anabela Oliveira, Aura Teles, Beatriz Neto, Clementina Rebanda, Conceição Cristino, Conceição Silva, Cristina Silva, Ercília Pedro, Fernanda Cota, Giselda Pessoa, Isilda Alves, Júlia Lemos, Lucília Costa, Manuela Castelo, Manuela Mendes, Margarida Simão, Maria Alice Carneiro, Maria Arminda Santos, Maria Augusta Filipe, Maria De Lourdes Costa 

[Diz-me o Miguel Pessoa o seguinte:

Identifico as seguintes enfermeiras pára-quedistas ali mencionadas:Aura Teles, Cristina Silva, Ercília Pedro, Júlia Lemos e Maria Arminda Santos. Além destas, pelo menos a Natércia e a Rosa Serra também foram contactadas e suponho que deram depoimentos]. 

[A realizadora também confirma, em comentário a este poste:  

Caro Luís Graça,
Obrigada pelo destaque aqui no blog. Por serem muitos os testemunhos, no programa do festival apenas aparecem os nomes (por ordem alfabética) das primeiras senhoras. De fora dessa lista (mas dentro do filme) ficaram, entre outras, as enfermeiras pára-quedistas Maria Cristina Silva, Natércia Neves e Rosa Serra. Até breve, Marta Pessoa]. 

[Ver aqui um excerto, disponível no You Tube, com o depoimento das nossas camaradas enfermeiras pára-quedistas]
Sinopse: Entre 1961 e 1974, milhares de homens foram mobilizados e enviados para Angola, Moçambique e Guiné-Bissau para combater numa longa e mal assumida guerra colonial. Passados 50 anos desde o seu início a guerra é, ainda hoje, um assunto delicado e hermético, apoiado por um discurso exclusivamente masculino, como se a guerra só aos ex-combatentes pertencesse e só a eles afectasse. No entanto, quando um país está em guerra, será que fica alguém de fora? 
Quem vai à Guerra é um filme de guerra de uma geração, contada por quem ficou à espera, por quem quis voluntariamente ir ao lado e por quem foi socorrer os soldados às frentes de batalha. Um discurso feminino sobre a guerra. (Marta Pessoa)

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Nota do editor:

Último poste da série >  2 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8200: Agenda Cultural (117): Início, no próximo dia 6, do ciclo de conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar, 1961-1974: história e memórias(s), organizado pela Universidade dos Açores (Carlos Cordeiro)

Guiné 63/74 - P8218: Em busca de ... (160): Camaradas da CCAÇ 4544 (Cafal Balanta, 1973/74) (Manuel Santos Antunes / Catarina Antunes)



Guiné > Região de Tombali > Cantanhez> Cafal Balanta > 2ª CCAÇ / BCAÇ 4610 (1972/74) > O nosso bardo, Manuel Maia,  na "cova nua de Cafal" com a bolanha ao fundo. Foi a 1ª noite de Cafal...


Foto: © Manuel Maia (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Mensagem de Catarina Antunes:

Data: 29 de Abril de 2011 12:31

Assunto: Contacto de um ex-combatente na Guiné_Manuel Antunes, Companhia de Caçadores 4544 - Cafal Balanta, 1973/74

Um bem haja a todos!

O meu pai é veterano de guerra do Ultramar na Guiné Bissau. Chama-se Manuel Santos Antunes, natural da Beira Alta. Assentou praça em Aveiro e a saída [foi]  em Tomar. Fez estágio em Cumuré e pertenceu à Companhia de Caçadores 4544 (Cafal Balanta, 1973/74).

Procurava camaradas desse tempo para relembrar velhos tempos, que ele ainda hoje recorda com tanto saudosismo! Já fiz uma procura no vosso blogue e não encontrei ninguém da mesma companhia... 

Entro eu, filha, em contacto com vocês porque o meu pai não é muito "dado" às novas tecnologias e prometo que da próxima vez que for a Lisboa trago uma foto antiga da Guiné, uma actual e uma história contada por ele!


Muito Obrigada
Um grande abraço para todos


Atenciosamente

Catarina Antunes
(Conservadora Restauradora)

Contacto: 914135700



2. Comentário de L.G.:

Cara amiga Catarina, obrigado por nos ter contactado. É muito lindo, da sua parte, o que está a fazer pelo seu pai. Temos muito gosto em receber, de braços abertos, mais um camarada da Guiné, aqui na nossa Tabanca Grande. Mande-nos, por e-mail, alguns fotos digitalizadas, do tempo da Guiné do seu pai. E uma mais actual, para os camaradas o (re)conhecerem melhor. E, claro, a pequena história da praxe. É possível que ele tenha (boas) histórias dos primeiros contactos com o PAIGC a seguir ao 25 de Abril... 


Temos, entre nós, um camarada que esteve em Cafal Balanta e que é um grande poeta, o Manuel Maia (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74). Não sei se chegaram a estar juntos em Cafal Balanta. É possível, embora ele seja de 72 e o seu pai de 73.



Veja aqui o mapa de Cacine com a posição de Cafal Balanta. Temos pelo menos 15 referências a Cafal Balanta, incluindo fotos.


Sobre a unidade do seu pai (CCAÇ 4544/73), temos de facto poucas informações: sabemos que foi mobilizada pelo RI 15 (Tomar), que partiu para a Guiné em 23 de Setembro de 1973, e que passou pelo Cumeré, Cafal Balanta, Bolama e Bissau, tendo regressado a casa a 8 de Setembro de 1974. Esteve, portanto, um ano em missão de serviço na Guiné (o normal, no meu tempo, eram pelo menos 21 meses).

Os comandantes da CCAÇ 4544/73 foram dois:  Cap Inf  Carlos Alberto Duarte Prata; e  Cap Art José Manuel Salgado Martins. Era uma companhia indepente, não indo portanto integrada num batalhão.

Encontrámos ainda o seguinte elemento de contacto desta companhia, na página do nosso camarada Jorge Santos (Guerra Colonial)... Tente ligar para este número de telefone (eu ainda não consegui ligação; este camarada pode estar fora ou ter mudado de nº de telefone).

Manuel Jorge Rosete 
Telef 231 461 699 
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Nota do editor:

Último poste da série  > 14 de Abril de 2011Guiné 63/74 - P8096: Em busca de... (158): Manuel Lino Sabino, procura notícias do pessoal da sua Companhia de Polícia Militar 3100 (Sousa de Castro)

Guiné 63/74 - P8217: Convívios (326): 17º Encontro do Pessoal de Bambadinca, 1968/71, em Coimbra, 21 de Maio: Em busca de alguns "desenfiados" (António Damas Murta)


 Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) / CCAÇ 12 (1969/71) > 1969 > A famosa rampa de acesso ao quartel  (e posto administrativo) de Bambadinca >  Entrada leste (por aqui passava originalmente, até 1970, a estrada Xime-Bambadinca-Bafatá, enquanto não feita, pela Tecnil, uma nova, alcatroada, que contornava o quartel e a povoação,  situados num planalto).

 Foto: © Humberto Reis (2006) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. O António Damas Murta, ex-1º cabo cripto da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71)  mandou-me uma lista de "camaradas de Bambadinca (1968/71) de quem não tem contacto actualizado" (sic)... Isso significa que não foi possível fazer chegar, até eles, por carta, por correio electrónico ou por telefone/telemóvel, o convite para o 17º Convívio que se vai realizar em Coimbra, no proxímo dia 21... (*)

Pode ser, entretanto, que esses camaradas nos leiam (ou alguém das suas relações) e entrem em contacto com o organizador do encontro (António Damas Murta)...  Aqui fica a lista do pessoal que anda "desenfiado"

(i) António Manuel Martins Branquinho  (ex-Fur Mil At Inf, 1º Gr Comb,  3ª Secção, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/Março de 1971): Não temos notícias dele desde o nosso regresso, em Março de 1971... Vivia em Évora. Estava reformado da Segurança Social.

(ii) Arménio Monteiro da Fonseca (ex-Sold At Inf, 2º Gr Comb, 2º Gr Comb,  1ª Secção, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/Março de 1971): Reencontrei-o, com muita alegria minha (e dele), o ano passado, no 16º Convívio; é taxista no Porto, na empresa Invictus, e conduz (ou conduzia) o  famoso táxi nº 69.... Não o via desde o nosso 1º Encontro, em Fão, Esposende

(iii) Carlos Alberto Costa (Não sei quem é)

(iv) Carlos Alberto Rentes dos Santos (ex-1º Cabo Aux Enf , CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/Março de 1971)...Vive em Amarante; 

(v) Faustino Gonçalves Martins (Não sei quem é)

(vi) Horácio Lopes Carneiro (Não sei quem é)

(vii) Ismael Quitério Augusto (Ex-Alf Mil Manutenção, CCS do BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70): Engenheiro,  esteve ligado à RTP e às telecomunicações... Já nos encontrámos alguma vezes, juntamente com o Fernando Carvalho Taco Calado, ex-Alf Mil Transmissões, da CCS do BCAÇ 2852 (1968/70),. nomeadamente em 2007, no encontro que se realizou na casa do Alentejo. Vive em Lisboa.

(viii) Joaquim Rocha Carlos  (Julgo tratar-se de um camarada de Sines, pertencente ao Pel Rec Daimler 2206, comandando pelo Alf Mil Cav J. L. Vacas de Carvalho; esteve o passado no 16º encontro)

(ix) Joaquim João dos Santos Pina (Ex-Fur Mil At Inf, 1º Gr Comb, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/Março de 1971): Vive em Sines, é professor reformado. Já nós encontrámos, nomeadamente na Casa do Alentejo, em 2007, no 13º Encontro do Pessoal de Bambadinca.

(x) José Marques Alves (Não sei quem é)...

... Não é grande ajuda, mas dá algumas pistas (**). Um Alf Bravo. Luis

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Guiné 63/74 - P8216: VI Encontro da Tabanca Grande, dia 4 de Junho em Monte Real (3) Falta exactamente um mês para o grande acontecimento (A Organização)



VI ENCONTRO DA TABANCA GRANDE

4 DE JUNHO DE 2011

PALACE HOTEL MONTE REAL

Voltamos a falar no nosso Encontro no dia em que falta exactamente um mês para o grande acontecimento.

Vamos então lembrar o mais importante:

1 - Como não houve reclamações em relação ao serviço e instalações no último Encontro da Tabanca Grande, bem antes pelo contrário só houve elogios, a comissão para o VI Encontro, após consulta à disponibilidade do Palace Hotel de Monte Real, encontrou disponível só o primeiro fim de semana de Junho, apostando por isso no dia 4.

A organização do Encontro que será mais uma vez fruto da iniciativa do nosso Editor Luís Graça e do nosso camarada Mexia Alves, terá como colaboradores:
Miguel Pessoa que tem como missão a feitura e envio dos crachás aos participantes; Magalhães Ribeiro, Belarmino Sardinha, José Eduardo Oliveira e José Martins que estão de reserva, podendo colaborar no dia do Encontro, por exemplo no acto do recebimento.


2 - As inscrições estão abertas, devendo ser feitas em devido tempo para evitar problemas logísticos ao camarigo Mexia Alves que, no terreno, tudo vai fazer para que nada nos falte.

Como nos anos anteriores, eu (Carlos Vinhal), serei o fulcro das inscrições. Sem prejuízo do envio das mesmas para o Mexia Alves, convém que me seja dado conhecimento para que as listas de almoço e alojamento se mantenham actualizadas.

Para os mais distraídos aqui ficam os nossos endereços electrónicos:

carlos.vinhal@gmail.com
joquim.alves@gmail.com

A exemplo dos anos anteriores, no envio da inscrição devem mencionar o nome da vossa companheira, necessidade ou não de alojamento, para que dias, e o local de onde se deslocam.
Os tertulianos que inscrevam camaradas não pertencentes à tertúlia, devem-nos identificar com o nome e apelido, se possível indicando os seus contactos telefónicos ou electrónicos.


3 - Preços:

Almoço e lanche - 30,00€ por pessoa

Alojamento no Palace Hotel Monte Real:
- Duplo APA: 60€
- Single APA: 50€

(Preços especiais para este Encontro)


4 - Ementa:




5 - Lista dos 86 inscritos até ao momento:

Agostinho Gaspar - Leiria
Álvaro Basto, Fernanda e Rolando - Leça do Balio / Matosinhos
António Baia e Celeste - Amadora
António Estácio - Mem Martins / Sintra
António Graça de Abreu - S. Pedro de Estoril
António J. Pereira da Costa e Isabel - Mem Martins / Sintra
António Marques e Gina - Cascais
António Martins de Matos - Lisboa
António Sampaio e Maria Clara - Leça da Palmeira/Matosinhos
António Santos e Graciela - Caneças/Loures
António Soares e Maria Amélia - Perafita / Matosinhos

C. Martins - Penamacor
Carlos Pinheiro e Maria Manuela - Torres Novas
Carlos Santos - Viseu
Carlos Silva e Germana - Massamá / Sintra
Carlos Vinhal e Dina - Leça da Palmeira/Matosinhos

David Guimarães e Lígia - Espinho
Delfim Rodrigues - Coimbra

Eduardo Campos e Manuela - Maia
Eduardo Roseiro - Viseu

Felismina Costa e João Carlos - Agualva-Cacém / Sintra
Fernando Franco e Margarida - Amadora
Fernando Santos e Esposa - Senhora da Hora / Matosinhos
Francisco Varela - Lisboa

Hugo Guerra e Ema - Lisboa
Humberto Reis e Teresa - Alfragide/Amadora

Jaime Machado e Manuela - Senhora da Hora / Matosinhos
Joaquim Carlos Peixoto e Margarida - Penafiel
Joaquim Mexia Alves - Monte Real/Leiria
Joaquim Sabido e Albertina - Évora
Jorge Cabral - Lisboa
Jorge Canhão - Oeiras
Jorge Narciso - Cadaval
Jorge Picado - Ílhavo
Jorge Rosales - Cascais
José Barros Rocha - Penafiel
José Brás - Montemor-o-Novo
José Eduardo Oliveira (JERO) - Alcobaça
José Manuel Cancela e Carminda - Penafiel
José Martins e Manuela - Odivelas
José Pedro Neves e Ana Maria - Lisboa
José Rodrigues e Luísa - Senhora da Hora/Matosinhos
Juvenal Amado - Fátima

Luís Graça e Alice - Alfragide/Amadora
Luís R. Moreira - Agualva - Cacém / Sintra

Manuel Amaro - Alfragide/Amadora
Manuel Joaquim e Zé Manel - Agualva - Cacém / Sintra
Manuel Resende e Isaura - Cascais
Miguel e Giselda Pessoa - Lisboa
Mário Fitas - Estoril

Raul Albino e Rolina - Vila Nogueira de Azeitão / Setúbal
Rui A. Ferreira - Viseu

Semião Ferreira - Monte Real

Tomás Carneiro - Ponta Delgada / RA Açores

Vasco Ferreira e Margarida - Vila Nova de Gaia



Contamos convosco para superar o número de participantes no V Encontro.
Os camaradas que entraram mais recentemente para a tertúlia  não podem perder a oportunidade de vir conhecer os mais velhinhos.

Pela Organização
Mexia Alves/Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. poste de 22 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7840: VI Encontro da Tabanca Grande (1) Marcada a data para 4 de Junho de 2011 (A Organização)

Guiné 63/74 - P8215: Resumo da actividade do BCAÇ 3833 (1971/73) (3): CCAÇ 3307 - Pelundo (Augusto Silva Santos)



1. Continuação da publicação do resumo dos Factos e Feitos do BCAÇ 3833, enviado pelo nosso camarada Augusto Silva Santos (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73, em mensagem do dia 21 de Abril de 2011:



Historial/Resumo do que foi a actividade do BCAÇ 3833 (3)

CCAÇ 3307 -Pelundo








OBS:-Clicar nas imagens para ampliar
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 3 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8207: Resumo da actividade do BCAÇ 3833 (1971/73) (2): CCAÇ 3306 - Jolmete (Augusto Silva Santos)

Guiné 63/74 - P8214: Parabéns a você (255): José Martins Rodrigues, ex-1.º Cabo Enf. da CART 2716/BART 2917 (Tertúlia / Editores)

PARABÉNS A VOCÊ

04 DE MAIO DE 2011


NESTE DIA DE FESTA, A TERTÚLIA E OS EDITORES VÊM DESEJAR AO NOSSO CAMARADA ANIVERSARIANTE, JOSÉ MARTINS RODRIGUES, AS MAIORES FELICIDADES E UMA LONGA VIDA COM SAÚDE JUNTO DE SUA ESPOSA, FILHA, DEMAIS FAMILIARES E AMIGOS.

UM ABRAÇO ESPECIAL DO COLEGA DE ESCOLA, CAMARADA DE GUINÉ E VELHO AMIGO CARLOS VINHAL
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Notas de CV:

José Martins Rodrigues foi 1.º Cabo Enfermeiro na CART 2716/BART 2917, Xitole, 1970/72
Vd. último poste da série de 3 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8205: Parabéns a você (254): Delfim Roderigues, ex-1.º Cabo Aux Enf.º da CCAV 3366/BCAV 3846 (Tertúlia / Editores)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8213: Convívios (325): Coimbra, 21 de Maio: 38º Encontro do Pessoal da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1971/72) com a presença do José Carlos Suleimane Baldé (Victor Alves)



Óbidos > Restaurante A Lareira > 22/5/2010 > 16º Convívio do Pessoal de Bambadinca 1968/71 > Luís Graça (ex-Fur Mil, CCAÇ 12, 1969/71), Victor Alves (ex-fur mil SAM, CCAÇ 12, 1971/72), Celestino Ferreira da Costa (Major inf ref,  o 2º Capitão da CCAÇ 12, 1971/72, residente na Trofa, trazido pela mão do Fernando Sousa), Jorge Cabral (ex-alf mil Pel Caç Nat 63, 1969/71).   


Foto: ©  Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados




1. Através do António Murta (ex-1º Cabo Op Cripto, da CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71), organizador do 17º Convívio do Pesssoal que esteve em Bambadinca, 1968/71, recebemos cópia de uma mensagem do ex-Fur Mil SAM Victor Alves, que é um dos organizadores do 38º Encontro da CCAÇ 12 (1971/72)... No mesmo dia, e na mesma cidade...

De: Victor Alves
Enviada: sábado, 30 de Abril de 2011 19:37
Assunto: Almoço - Coimbra - 21 Maio

Boa tarde, Amigo de Guerra António Murta,

Eu sou aquela pessoa que estive o ano passado no vosso convívio já a meio da tarde, e fui lá recolher alguns  donativos, destinados ao pagamento da vinda a Portugal do José Carlos Suleimane Baldé, militar da nossa CCaç 12, que começou convosco em Contuboel e depois em Bambadinca. Fui  incorporado em rendição individual, sendo portanto elemento da 2ª. CCaç 12 (Quadros vindos da metrópole) para vos render [em Março de 1971].


Por outro lado,  nós desde que chegámos em Dezembro  de 72, temos vindo sempre a fazer o nosso encontro. Vamos este ano fazer o 38º encontro,  comemorando os  40 anos da nossa chegada à Guiné.

O ano passado,  em Óbidos,  sugeriu-se que fizéssemos um encontro [conjunto] na  Herdade da Lobeira,  do Vacas de Carvalho. Alguns de vocês,  porque já tinham tudo acertado para aí,  Coimbra, e também porque já tinham ido à Lobeira duas vezes (e para além disso da última vez não tinha sido bem aquilo que vocês desejavam),  recusaram a ideia,  de um novo encontro, na Lobeira. Isto  foi o que ouvi em Óbidos.

Assim sendo,  nós resolvemos fazer também o nosso 40º  encontro no mesmo dia, 21 de Maio, em Coimbra .

Está pensado durante a tarde alguns de nós levarmos o José Carlos Suleimane Baldé ao vosso convívio, de modo a que alguns de vós, pricipalmente quem pertenceu ao 4º Pelotão,  o possa rever. Para além disso poderemoss ficar a saber melhor o que foi feito ao pessoal da CCaç 12 após a independência [da Guiné-Bissau]. (*)

Resta-me desejar-lhes um bom encontro, que corra tudo efectivamente como vocês desejam. (**)

Cumprimentos

Guiné 63/74 - P8212: Os nossos camaradas guineenses (29): Uma carta pungente de um ex-militar, de etnia fula, da CCAÇ 12 (Contuboel, Bambadinca, Xime, 1969/74)





Cópia de carta manuscrita (redigida a esferográfica azul) que nos chegou em mão, em Dezembro de 2010, da autoria de um ex-militar guineense da CCAÇ 12, que serviu Portugal entre Maio de 1969 e Agosto de 1974, altura em que foi extinta esta subunidade, composta por soldados do recrutamento local e graduados e especialistas metropolitanos, de rendição individual. O autor, de etnia fula,  pertencia ao 4º Gr Comb (comandado pelo Alf Mil Cav José António G. Rodrigues, natural de Lisboa, e  infelizmente já falecido).


Por razões de segurança, omitimos todos os elementos que possam levar à  identificação e localização do autor da missiva.  Achamos oportuna e pertinente a sua divulgação, a menos de 3 semanas de dois encontros, em Coimbra, em locais separados, mas no mesmo dia ( 21 do corrente), de antigos militares da CCAÇ 12, de origem metropolitana, de rendição individual (os do período inicial de 1969/71, e os do período seguinte, de 1970/72). 


De resto, nem sequer interessa saber quem é especificamente o autor da carta (que está devidamente  identificado perante os editores). A carta é pungente, e recorda-nos, mais uma vez, o drama dos nossos camaradas guineenses que combateram o PAIGC sob a bandeira portuguesa (e muitos verteram por nós o seu sangue...). Abandonados por nós, ostracizados pelo seu Governo, vão desaparecendo rapidamente, vítimas da perseguição, da doença, da miséria, da discriminação, do abandono, do esquecimento... Recordá-los, recordar os seus nomes, publicar as poucas fotos que temos deles, é o mínimo dos mínimos que podemos fazer no nosso blogue!...


De um total de 100 homens que eu conheci, em Contuboel e em Bambadinca, restará apenas um punhado de sobreviventes...  O camarada que escreve esta missiva (e que eu conheci de muito perto) contabiliza, com ele, onze nomes, de camaradas sobrevivos !... É possível que haja mais uns tantos espalhados pela zona leste... 


O nosso camarada diz que já não se lembra dos seus números mecanográficos!!!... Eu preencho, por ele, esse desculpável lapso de memória... Vou tentar completar a sua lista, acrescentando mais alguns detalhes: nº mecanográfico, grupo de combate, secção, posto, função, e etnia, de acordo com os elementos de que disponho (e que se reportam à data de Fevereiro de 1970, em que escrevi a história da CCAÇ 12, companhia independente que será extinta em Agosto de 1974).


Sori Modjo Baldé (hoje residente em Taibatá, Sector de Bambadinca, Região de Bafatá): muito provavelmente Sori Baldé, 4º Gr Comb (Comandante: Alf Mil CAv José António G. Rodrigues), 3ª Secção (Sem comandante atribuído, lugar muitas vezes preenchido pelo Fur Mil At Armas Pesadas Inf Luis Manuel da Graça Henriques),  Sold At Inf,    Fula, nº mecanográfico 82110069.

Suleimane Baldé (hoje residente em Taibatá...): 4º Gr Comb, 3ª Secção,  Sold pont LGFog 8,9,  Fula, nº mecanográfico 82110269.

Djambaló Baldé (hoje residente em AmedalaiSector de Bambadinca, Região de Bafatá): Desconhecido, deve ter entrado para a CCAÇ 12 em data posterior a Fevereiro de 1970);

Tcherno Baldé (hoje residente em Taibatá...): 4º Gr Comb, 1ª Secção (Comandada pelo Fur Mil At Inf Joaquim A. M Fernandes), Sold, Ap Metr Lig HK 21, nº mecanográfico 82115269, fula; há um outro, com o mesmo nome, Sold At Inf, nº 82109669, fula, que pertencia ao 3º Gr Comb (Comandante: Alf Mil At Inmf Abel Maria Rodrigues), 3ª Secção (Comandante: Fur Mil At Inf José Luís Vieria de Sousa);

Mamadú Sori Baldé (residente em Demba-Taco,  Sector de Bambadinca, Região de Bafatá): havia dois Mamadú Baldé na CCAÇ 12... Não sei se este não será o Sold Arvorado Mamadu Baldé, nº 821165569, futa-fula,do 2ºGr Vomb (comandante: Alf Mil At Inf ntónio Manuel Carlão), 2ª Secção (Comandante: Fur Mil At Inf Op Esp, Humberto Simões Reis); outro era o Sold nº 821190069, fula, do 4º Gr Comb, 2ª secção (Comandante: Fur Mil At Inf António Fernando R. Marques);

Bobo Soncó [?] (hoje residente em Taibatá):  Desconhecido, deve ter entrado para a CCAÇ 12 em data posterior a Fevereiro de 1970; pelo apelido, parece-me ser de etnia mandinga;

Totala Baldé (hoje residente em Amedalai...): 3º Gr Comb, 1ª secção (Sem comandante atribuído, lugar algumas vezes preenchido pelo Fur Mil At Armas Pesadas Inf Luis Manuel da Graça Henriques), Sold Arv, nº 82108769, fula;

Califo Baldé (1º) (hoje residente em Cabofra (?) /Cossé, sector de Galomaro, Região de Bafatá) e  Califo Baldé (2º) (hoje residente em  Galomaro...): havia de facto dois, com esse nome,  ambos do 4º Gr Comd e da 3ª Secção, e ambos de etnia fula, um com o nº 82117769 e outro com o nº 82118469;

Demba Djau (hoje residente em Bambadinca...): havia três,  todos eles de etnia fula: o Sold At Inf nº 82105869, do 1º Gr Comb (Comandante: Alf Mil At Inf Op Esp Francisco Magalhães Moreira), 1ª Secção (Sem comandante atribuído); e o Sold Ap Dilagrama, nº 82117469, do 2º Gr Comb, 3ª Secção (Comandante: Fur Mil At Inf António Eugénio S. Levezinho); e ainda o Sold nº 821815169,  fula, 3º Gr Comb, 3ª Secção. (LG)










Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCS / BART 2917 (1970/72 >  O Umaru Baldé, soldado  da CCAÇ 12 (1969/71)... Depois da independência, veio para Portugal. Morreu há uns anos, de doença...  Vários antigos camaradas,  tugas,  ajudaram-no a sobreviver... Dizem-me que trabalhou na construção civil... 


Para mim, que o cheguei a comandar, várias vezes, em operações, era uma criança na guerra... Não teria mais do que 16 anos quando fez a recruta e a especialidade (em Contuboel, 1º semestre de 1969)... Um belo efebo, com o seu inseparável cachimbo... Dizia-se que era filho do régulo de Badora... Era um bravo combatente e  um temível apontador de  Mort 60. Fula, pertencia ao 4º Gr Comb, 2ª Secção (comandada pelo nosso querido camarigo António Fernando R. Marques).

Fotos: © Benjamim Durães (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas daa Guiné. Todos os direitos reservados


Carta



[Algures, Guiné-Bissau, omite-se o nome da tabanca, por razões de segurança] 28 de Novembro de 2010



Meus queridos companheiros de armas!


Nós, os africanos que combatíamos ao lado do Exército Português, [… ] certamente cinco anos que sofremos pela luta armada.


Terminada a guerra, fomos forçados [ por lapso, no original, forjados] a viver, até [a]os dias de hoje, 37 anos de angústia!


Não valemos no Governo Guineense, porque não há emprego para os traidores da Pátria, segundo o que os governantes dizem. Também não fomos reconhecidos pelo Governo Português!


Nos 35 anos desde o fim da guerra até [aos] dias de hoje, estamos entre [a] espada e a parede. Muitos morreram por causa destas condições desumanas! E a maioria morreu [, morreram, no original].


Eis: Os soldados africanos [da CCAÇ 12] que ainda [estão ] com vida, mas não me lembro dos seus números mecanográficos. Eu próprio, que escrevi esta carta, chamo-me [,Nome,nº mecanográfico, que se omite por razões de segurança]


2 - Sori Modjo Baldé – Taibatá
3 – Sulimane Baldé – Taibatá
4 – Djambaló Baldé – Amedalai
5 – Tcherno Baldé – Taibatá
6 – Mamadú Sori Baldé – Demba-Taco
7 – Bobo Soncó [?] - Taibatá
8 – Totala Baldé – Amedalai
9 – Califo Baldé (1º) – Cabofra – Cossé
10 - Califo Baldé (2º) – Galomaro
11 – Demba Djau – Bambadinca


Os que [vão] acima mencionados, são os que tenho [a] certeza das suas existências, estão ainda [com] vida. Como atrás mencionei [, mencionados, no original], muitos já morreram e a maioria já morreram etc., etc. etc.


[PS - ] Furriel Reis do armamento, não me esqueças. Saiba que aqui há bastante crise, e a crise aqui é permanente! Obrigado.


[ Revisão / fixação de texto / digitalização / introdução: L.G.]
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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7468: Os nossos camaradas guineenses (28): Sete mil antigos combatentes a necessitar de assistência social, segundo Baciro Djá, citado pela Lusa (Nelson Herbert)

Guiné 63/74 - P8211: Convívios (324): Convívio da Magnífica Tabanca da Linha (José Manuel M. Dinis)

1. Mensagem de José Manuel Matos Dinis com data de bintóito de Abril de 2011:

Ói Carlos, viva!
Anexo o relato do encontro de hoje da Magnífica Tabanca da Linha para que o possas divulgar. Em tempos de FMI, penso eu de que... é sempre bom termos notícias de quem se compraz com a vida.
Os fotógrafos de serviço devem enviar-me os seus trabalhos ainda hoje, e reencaminhá-los-ei imediatamente.

Um grande abraço
JD


CONVÍVIO DA MAGNÍFICA TABANCA DA LINHA

Minhas Senhoras, Meus Senhores,

Hoje, bintóito, realizou-se novo almoço-convívio da Magnifica Tabanca da Linha. Foi numa localidade da freguesia de Alcabideche designada de Cabreiro, mas o que veio para a mesa foram filetes de cherne e carne de porco à portuguesa, pelo que houve folga para os caprinos. Antes, as mesas apresentavam uma decoração com fatias de queijo, com boa textura e paladar, rissóis de pouca carne no recheio, mas saborosos, paté de marisco ligado por maionaise, com sabores de ambas as coisas, azeitonas, pão de Mafra e um óptimo creme de grão com tiras de couve portuguesa.

Pelas 12H30, já o parque de estacionamento da Adega Camponesa apresentava um aspecto concorrido a garantir a presença dos confraternizantes. Quando ali cheguei já os casais Mário e Helena e Miguel e Giselda, eram apaparicados pelas conversas do António Santos, Zé Carioca, Zeca Caetano e Luis Moreira, e todos prestavam vassalagem ao Exmo. Comandante Rosales que, inchado, sorria com a presença dos magníficos.

Cheguei logo a seguir ao americano Luís Moreira, que ainda não fez qualquer relato da sua deambulação Nova Yorkina em tempo de FMI, mas concedo-lhe algum tempo para preparar um texto sobre o orgulho lusitano na descoberta da big city. Logo a seguir, chegadinho ontem da China oriental, tocou o telefone, e o Graça de Abreu, de olhos rasgados perguntava-me onde estava, mesmo de frente para o camuflado local restaurativo. Ora, homens do mato previnem-se, não se expõem (V.Exas. compreenderão, tinha que brindar o meu amigo com uma bicada).

Mas depois do AGA ainda chegaram o Armando Pires, sem equipamento de reportagem, mas que fez relatos interessantes dos conflitos angolanos de 1992, testemunhados e confirmados pelo nosso comandante que, por essa altura, vendia petróleo aos angolanos. Ainda vieram alguns Pichenses, o Palma e o Encarnação, o veterano Tirano do tempo do Rogério Cardoso, o segundo comandante ainda em exercício, o Fernando Marques e a Gina, e os periquitos Carlos Fanado e Armindo Roque, o fundador da APOIAR, uma associação que apoia as vítimas de stress pós-traumático. Voltando ao Carlos Fanado, que foi meu colega de trabalho, e fez hoje a primeira aparição em eventos, manifestou alguma compreensível reserva em envolver-se em mais organizações guineias, e trazia como guarda-costas outro colega de trabalho, o Antero, constituindo um duo de sorridentes. Este último, hoje, comprovou-me que o mundo é redondo, quando me declarou que estivemos ambos em Angola, no mesmo local e em simultâneo, no Dundo, onde por acaso, em certos fins-de-semana, o quarto do capitão passava a ser o meu quarto, onde eu curava os excessos até à hora do almoço de domingo. Por fim arribaram o Humberto e a Teresa, bem como o Pinela.

O nosso Comandante provindenciou uma estratégia em U, portanto um bocado mais revolucionária que a do D. Nuno em Aljubarrota, para atacarmos a provocante ementa, o que veio a concretizar-se com galhardia e bom apetite. À esquerda formou a ala das meninas, que acompanhadas dos consortes e reforçadas pelo Luís Moreira, bateram-se como homens valentes, e são de peso o Humberto, o Miguel, o Mário e o Marques, este a precisar de mais alguns treinos para adquirir corpinho impressionante, mas sem vacilar na luta.

Do outro lado, o direito da formação, apresentavam-se alguns dos melhores lutadores, e a maioria do grupo, totalmente machona, que provocou uma devassa no vinho da casa e nos diferentes paladares da amesendação. Foi rotunda a sua actividade. Falaram muito, mas não estavam quietos, antes exercitaram o que levaram anos a treinar. Ainda são especiais.

No topo da formação, onde as extremidades do U se ligam entre si, o nosso Comandante fez-se rodear de dois falsos combatentes, do género enganativo, pois sendo magritos, comem e bebem que faz doer a vista. De um lado, o Sr. Rosales tinha a protecção e a locução dos acontecimentos, que o Armando (nome que homenageia o avançado-centro que foi campeão nacional pelo Belenenses do tempo do Di Pace) providenciava. Do outro, fora eu escolhido para lhe almofadar qualquer eventual queda para o meu lado, o que não chegou a acontecer, e prestar atenção ao decorrer dos acontecimentos. E desempenhei-me tão bem destas funções, que não resisto a divulgar o autêntico louvor, que foi o Sr. Comandante ter-me enchido o copo por duas vezes, e ter-me alcançado dois ou três pedacinhos de queijo, tendo em vista a falta de fastio que eu evidenciava.

Nota de registo: pela segunda vez não marcou presença o nosso segundo-comandante, o Rogério Cardoso, medalhado na guerra, mas a debater-se com uma sacana de uma doença que não lhe tem permitido comparecer nestas ocasiões de que ele foi estímulo inicial. Vou enviar-lhe um mail a dar conta dos acontecimentos, e a perguntar-lhe se tem cognac ou whisky bebíveis, para lhe fazer uma visita a apresentar cumprimentos do maralhal, assim como a desejar-lhe o regresso tão breve quanto possível. Também faltou o Domingos Cardoso e a esposa, que ontem me comunicou ter sido submetido a uma cirurgia à gorge, e ainda estar a gelados. Outro a quem formulamos votos de rápido regresso às auforias da gastronomia portuguesa.

Para a História fica o Graça de Abreu encarregado das diligências.










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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8204: Convívios (318): Almoço/Convívio da CCAÇ 763 (Mário Fitas)

Guiné 63/74 - P8210: Contraponto (Alberto Branquinho) (31): Teatro do Regresso - 6.º Acto - Que próximo-futuro?

1. Mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 25 de Abril de 2011:

Caro Carlos
O Teatro do Regresso parece que nunca mais acaba. É uma peça em vários Actos...
Aí vai o 6º. - CONTRAPONTO (31)

E vai, também, um abraço
Alberto Branquinho


CONTRAPONTO (31)

TEATRO DO REGRESSO
(Peça em vários actos)

6º. Acto – Que próximo-futuro?

Cenário

Quarto de furriéis. Três camas.
Dois estão deitados de costas, dormitando. A terceira cama está vazia.


Personagens
Os dois furriéis atrás referidos.


Acção

Um dos furriéis apoia-se no braço direito e diz:

- Daqui a mais ou menos um mês, se Deus quiser, já estaremos na Metrópole. Não sei se vou conseguir trabalhar, outra vez, com horários, relógio de ponto, preso à secretária, a aturar chefes… E tu, voltas para o trabalho?

- Quando fui chamado para a tropa não estava a trabalhar. Fingia que estudava…

- E agora, quando chegares?

- Acho… que vou estagiar.

- Onde?

- À tarde, nas esplanadas da Avenida da Liberdade, em Lisboa. A maralha toda, da Guiné, anda por lá. Aos caídos… À noite, no Cantinho dos Artistas, Maxime, etc.. Para variar, o pessoal vai até ao Cais do Sodré ou ao Conde de Redondo.

- Mas que raio de vida!

- Anda por lá muita gente que chegou da Guiné. Uns mais recentes, outros mais antigos, que eu não conhecia. Vão respondendo a anúncios, mas, quando têm resposta, a maior parte das vezes não aparecem às entrevistas. Outras vezes vão e “armam um escabeche” do caraças. Chamam-nos para ir vender enciclopédias, porta a porta. Ou coisas assim. O pessoal não consegue aclimatar-se…

- Está bem…está bem…

- Nas férias encontrei por lá o Simões de Bedanda. Sempre bêbado ou meio bêbado. Ele aqui (lembras-te?) já era um marado do caraças… Consta que tem umas gajas por conta no Intendente. Uma é daqui, da Guiné… ou de Cabo Verde.

(CAI O PANO)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 28 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8177: Contraponto (Alberto Branquinho) (30): Teatro do Regresso - 5.º Acto - (Des)encontros imediatos

Guiné 63/74 - P8209: Notas de leitura (235): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (3) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Abril de 2011:

Queridos amigos,
Muito estranho é o livro em que o apêndice documental e as entrevistas pesam mais que o testemunho do autor. A Guiné-Bissau continua sem uma obra de referência publicada pelos seus principais responsáveis, ficamos com os textos políticos de Amílcar Cabral e documentação avulsa que se dispersa pela Fundação Mário Soares e as suas herdeiras; dispomos de testemunhos de jornalistas durante o período da luta armada, predominantemente encomiásticos; o depoimento de Luís Cabral e o testemunho de Aristides Pereira e muito pouco mais no que se refere aos grandes marcos históricos dos cerca de 50 anos da vida do PAIGC que em tanto se confunde com a história da Guiné-Bissau.
Para quem quer estudar este período, recomenda-se sem qualquer hesitação o testemunho de Aristides Pereira exactamente pelas entrevistas, algumas delas são textos de eleição e o apenso documental.

Um abraço do
Mário


O testemunho de Aristides Pereira (3)

Beja Santos

À distância destas décadas, importa reconhecer que a estratégia de Amílcar Cabral que conduziu ao reconhecimento de direito do Estado da Guiné-Bissau, proclamado unilateralmente, em 24 de Setembro de 1973, na região do Boé, se revelou um êxito no sentido de ultrapassar o impasse militar.

A diplomacia portuguesa ficou impotente para resolver o imbróglio, em escassos meses mais de 80 países reconheceram o novo Estado. Em termos de direito internacional, Lisboa perdeu manobra, aos poucos, com o avolumar dos problemas militares e a necessidade de reduzir o dispositivo militar, procurou saída com conversações directas com o PAIGC, quando tudo era irremediavelmente tarde.

Entretanto, Cabral é assassinado em Conacri, em condições que ainda hoje não estão esclarecidas. Aristides Pereira sente-se no dever de alinhavar dados e factos que, escreve, poderão fornecer pistas e sugestões para uma futura clarificação do acontecimento. Quanto aos autores materiais, logo ficaram conhecidos, eram militantes guineenses do PAIGC. Quanto à autoria moral, Aristides Pereira insinua que o projecto de proclamação do Estado da Guiné-Bissau precipitou o objectivo das autoridades coloniais em concretizar o que falhara na invasão de 22 de Novembro de 1970, os assassínios de Amílcar Cabral e Sékou Touré. E escreve: “Cabral sabia que os colonialistas portugueses estavam a tentar a todo custo conseguir a desmobilização dos combatentes em geral, procurando, pelas fraquezas inerentes à própria luta, infiltrar-se no seu seio, a fim de conseguir os intentos de desagregação do PAIGC”. Curiosamente, em nenhuma circunstância o autor refere outras tentativas de assassinato, ao contrário de Luís Cabral que alude a tais situações, se bem que também não especifique o móbil nem quem eram os possíveis autores.

Segundo Aristides Pereira, Cabral tinha a consciência perfeita de que a máquina-colonial na Guiné tudo faria para liquidá-lo e desmembrar o PAIGC. Num memorando datado de Setembro de 1962, Cabral propôs a Sékou Touré um conjunto de medidas de segurança que passavam pelo envio para a linha fronteiriça de elementos das forças armadas da Guiné, patrulhas continuadas ao longo da linha de fronteira com o objectivo de dissuadir tentativas de agressão e o recenseamento de todos os refugiados oriundos da Guiné-Bissau e instalados na República da Guiné. Aristides mostra-se peremptório acerca da segurança do PAIGC e refere o aviso de 20 de Janeiro de 1973 quando Sékou Touré enviou ao secretariado do PAIGC em Conacri um alto funcionário para dizer que tomasse cuidado pois estava em marcha uma tentativa para o matar. Logo Cabral convocou Mamadu Indjai e alertou-o para este aviso, só que Mamadu era um dos conjurados e terá transmitido aos seus companheiros o alerta de Sékou Touré. Aristides Pereira não descarta a hipótese da operação de assassinato ter sido preparada pelas autoridades portuguesas e cita Alpoim Calvão bem como Fragoso Allas. Procurando ir mais atrás, o autor menciona que desde 1966 era já perceptíveis os esforços da PIDE para infiltrar as estruturas do PAIGC. E, por último, cita longamente uma carta que lhe foi dirigida por Óscar Oramas, o embaixador cubano em Conacri e foi o primeiro estrangeiro que chegou ao local do crime, poucos minutos após o acto consumado. Oramas era vizinho de Cabral, ouviu os tiros, prontamente se dirigiu para a residência do líder do PAIGC, encontrou Cabral já morto, censurou Otto Schacht, um outro responsável pela segurança e verificou que havia um grupo de pessoas escondidos atrás de uns arbustos.

Apurado que o grupo conspirador tinha raptado Aristides Pereira, Oramas pediu a intervenção de Sékou Touré e escreve: "Penso que aqueles assassinos o que evidenciaram foi que o inimigo terá explorado alguns ressentimentos pessoais e certas ambições e apetites pessoais de alguns homens para fomentar o descontentamento e a divisão no seio do partido... Tenho a mais profunda convicção de que aquilo não foi um acto isolado mas fruto de um trabalho bem dirigido pela potência colonial". Como tem sido referido continuadamente, ainda não se encontrou um só documento, seja em que arquivo for, que abone tais teses de um braço longo português, uma decisão de Bissau ou uma iniciativa da PIDE.

Levantou-se, com o assassinato de Cabral, a questão da escolha de um sucessor para secretário-geral, todas as opiniões recaíram sobre Aristides.

Referindo-se aos acontecimentos político-militares de 1972 a 1974, o autor parece convencido de que Spínola falhara rotundamente a sua política de acção psicológica, tendo-se lançado numa ocupação de território no Sul. Só que em finais de Março de 1973 chegaram os mísseis Strella que puseram fim à supremacia aérea portuguesa, isto numa altura em que os pilotos guineenses estavam a ser preparados na União Soviética. Proclama-se unilateralmente a independência que foi saudada pela ONU através de uma resolução que felicitava o acesso à independência. Em Novembro a nova República foi admitida na organização da unidade africana. Aludindo à recusa de Caetano, em princípios de 1974, para haver uma mediação do Senegal, Aristides Pereira nunca refere as conversações de Março de 1974, em Londres, o que é surpreendente, não é imaginável que a delegação do PAIGC presidida por Vitor Saúde Maria não tivesse recebido instruções da direcção do PAIGC.

Procede a uma descrição minuciosa dos acontecimentos posteriores ao 25 de Abril, releva as contradições de Spínola e aborda demoradamente as negociações para o reconhecimento da independência da Guiné-Bissau pelas autoridades portuguesas. Em vão Spínola tentou um referendo da população da Guiné-Bissau bem como não tiveram expressão os partidos políticos que surgiram repentinamente no território guineense. Alude também ao ambiente pesado e à suspeição de que os comandos africanos se recusavam a ser desarmados e dá conta de uma reunião que se realizou em Cacine, em 22 de Julho de 1974 e em que estiveram presentes, por parte dos comandos africanos os capitães Saiegh e Sisseco. Não deixa de mencionar um imprevisto quadro de detenções entre Sékou Touré e a direcção do PAIGC. Ganha realce o destaque que o autor dá ao relato da reunião entre o encarregado do Governo da Guiné, brigadeiro Carlos Fabião e a delegação do PAIGC, fica-se com uma ideia dos conflitos que se tinham entretanto instalado entre as autoridades portuguesas e as suas forças militares com as tropas do PAIGC.

A República da Guiné-Bissau foi admitida nas Nações Unidas em 17 de Setembro de 1974 e as últimas tropas portuguesas abandonaram o território em 15 de Outubro.

O livro termina com a descrição das diferentes peças referentes à independência de Cabo Verde.
Findo o testemunho e de acordo com a estrutura inicialmente apresentada pelo, incorporam-se neste volume monumental contributos de protagonistas guineenses e cabo-verdianos. Na impossibilidade de fazer referência a todas, referem-se concretamente Ana Maria Cabral, Gérard Challaind, Idrissa Sow, Manuel dos Santos (Manecas) e Rafael Barbosa.

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 28 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8176: Notas de leitura (234): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (2) (Mário Beja Santos)