Mostrar mensagens com a etiqueta 1966. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta 1966. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6848: Memórias de um Combatente da Liberdade da Pátria, Carlos Domingos Gomes, Cadogo Pai (6): 1966, o ano das prov(oc)ações


Continuação da publicação das memórias de Cadogo Pai (*)... O documento, de 26 páginas, que me chegou às mãos, tem por título: Memória de Carlos Domingos Gomes, Combatente da Liberdade da Pátria: Registos da História da Mobilização e Luta da Libertação Nacional. Recordar Guiledje, Simposium Internacional, Bissau, 1 a 7 de Março de 2008.

II Parte > Excertos (pp. 8-11)

14. Numa sessão da Câmara Municipal, o Major Matos Guerra que era o Presidente anunciou-nos que ia destruir, com uma bulldozer nova encomendada, e por ordem do Sr. Governador Arnaldo Schultz, o bairro do Cupelom, suspeito de ser um ninho de terroristas.

Repliquei, pedindo-lhe para nos informar onde é que a população iria ser alojada. Respondeu que não sabia. Dei-lhe como exemplo o bairro de Alvalade, em Lisboa, onde se cosntruiu o bairro, primeiro, para depois se desalojar as pessoas.

Foi uma discussão que durou, foi suspensa para o jantar e depois retomada até de madrugada. Nós, a vereação, coesa, recusámos a proposta de decisão, que ficou suspensa. Isto pode ler-se na acta da Câmara Municipal.


A seguir, houve uma nova provocação, sempre para estudo das minhas reacções. O secretário da Câmara Municipal, António Barbosa, natural de Cabo Verde, telefonou-me a dizer que havia uma proposta para mandar uma delegação da Câmara Municipal de Bissau a Lisboa, para representar a Guiné, a exemplo das outras províncias, numa manifestação de apoio ao Professor Salazar por ter decidido desencadear a guerra contra as províncias colonizadas.

Pediram-me para ir assinar a proposta. Perguntei de quem era a decisão. Respondeu-me que fora decidido pelo Governador e o Sr. Presidente da Câmara. Respondi que, por mim, eram eles que deviam assinar. Insistiu e eu respondi para dizer ao Sr. Governador e ao Sr. Presidente da Câmara que eu recusava-me a assinar a proposta. Passou o telefone ao Presidente da Câmara que me confirmou o pedido. Dei-lhe a mesma resposta, negativa, com pedido de para a transmitir ao Sr. Governador.

16. Aconteceu esta cena de manhã. Desligaram o telefone de imediato. Telefonei ao Sr. Benjamim Correia, a dar-lhe conhecimento do ocorrido. Combinámos recusar assinar. O Dr. Armandino Pereira não tinha telefone em casa. Desloquei-me de carro para o avisar. Combinámos recusar assinar a proposta.

17. À tarde, recebemos uma convocatória para uma reunuião na Câmara após o jantar. Eu e o sr. Benjamaim Correia comparecemos, mas o Dr. Armando Pereira desculpou-se, dizendo que estava incomodado, pelo que não poderia deslocar-se à Câmara, de noite.

18. No dia seguinte, quinta-feira, era o dia normal das sessões de Câmara, o Presidente da Câmara veio ao nosso encontro, à porta, com uma amabilidade fora do habitual. Cumprimentou cada um e, ao dirigirmo-nos para os nossos lugares, convidou-nos para um encontro no seu Gabinete, com o Dr. Manuel Marques Palmeirim, que fora mandado pelo Sr. Governador Arnaldo Schulz para ter uma reunião com os vereadores.

19. Fui o primeiro a entrar. Convidou-me a ficar na cadeira mesma à sua frente e, depois de cada um ocupar o lugar que lhe fora oferecido, disparou:
- Senhores Vereadores, parece que se estabeleceu na Câmara uma confusão, para se atender o pedido do Sr. Governador, de se mandar uma delegação da Câmara a Lisboa para tomar parte numa manifestação em apoio ao Professor Salazar.

Respondi, pedindo desculpas, para dizer que não havia confusão nenhuma. Apontei para o livro que tinha aberto à minha frente, a Reforma Administrativa Ultramarina (RAU), que diz que é a Câmara que decide e delibera, não é o Sr. Governador que desencadeia a iniciativa. Respondeu-me:
- Tem razão o Sr. Carlos Gomes.


20. Fez-me três perguntas. A primeira foi a seguinte:  Sendo a Câmara que iria reunir para tomar a decisão, qual seria a minha opinião.

Respondi-lhe que, por mim, se fosse a Câmara a decidir teria que indicar o Presidennte, a quem compete a representação da Câmara.

Fez-me a segunda pergunta:
- E se o Presidente não puder ir ?

Respondi que, por mim, nesse caso seria o Sr. Vice Presidente, Dr. Armando Pereira, no caso de aceitar a missão.

Fez-me a terceira pergunta:
- E se o Dr. Armando Pereira não puder ir ?

Respondi-lhe que teríamos que decidir por escrutínio secreto… Mas se a escolha recaísse na minha pessoa, recusaria aceitar a missão.

21. O Sr. Governador teve que ser ele a decidir, mandando o Sr. Presidente da Câmara representar a Guiné.

22. A partir dessas provocações, nunca mais tive vida sossegads, sucederam-se prisões e mortes (Durante Vieira e outros)… A minha construção continuou a evoluir, mas com desassossego.

 [ Revisão / fixação de texto/ excertos / digitalizações / título: L.G.] 

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6773: Tabanca Grande (232): António Marques Barbosa, gondomarense, benfiquista, bom gigante, membro da Tabanca de Matosinhos, ex-Fur Mil Cav, Pel Rec Panhard 1106 (Bula, 1966/68)















Guiné > Região de Cacheu >  Bula > Pel Rec Panhard 1106, Os Cavaleiros Blindados  (1966/68) > O Fur Mil Cav António Barbosa, natural de Gondomar, hoje reformado da Polícia Judiciária,  benfiquista assumido e destemido num mar de dragões, membro da Tabanca Pequena de Matosinhos, e a partir de agora membro da Tabanca Grande. É uma presença permanente, notada e notória, das famosas 4ªs feiras no Restaurante Milho Rei, por muitas razões e mais uma: com ele ninguém vai aos figos, nem lhe faz o ninho atrás da  orelha... 

Mobilizado pelo Regimento de Cavalaria nº 7, fez parte do primeiro pelotão de Panhards que foi para a Guiné... Bateu toda a região do Cacheu... Só não me explicou como é que um calmeirão, como ele, cabia naquelas latas de sardinha... Estive ontem, com ele, mais uma vez, na Tabanca dita Pequena de Matosinhos... Já era altura de o integrar, de pleno direito, na Tabanca Grande. Sê bem vindo, camarada! De outros camaradas como, por exemplo, o Manuel Carmelita, estou à espera que me mandem as fotos da praxe...


(i) Partiu de Lisboa em 31 de Maio de 1966;

(ii) Desembarcou  em Bissau em 6 de Junho de 1966;

(iii)  Em Bissau, esteve instalado provisoriamente no Forte de S. José da Amura durante o 1º mês;

(iv) Seguiu, em Julho, seguiram,  para o sector de Bula, tendo ali ficado primeiramente integrado no dispositivo e manobra do BCAV 790 e depois no BCAV 1915, com Secções estacionadas em Teixeira Pinto e noutros destacamentos do Sector;

(v) A sua actividade operacional foi esencialmente desenvolvida no apoio às colunas auto de reabastecimentos e operações militares;

(vi) Sofreu 16 emboscadas;

(vii) Locais onde esteve:  Bula, Có, Pelundo, Teixeira, Pinto, Bachile, Cacheum, Binar, Biissorâ, Biambe, Mata Jomete, Mansoa, Naga;

(viii) Regresso: Embarque em Bissau em 26 de Janeiro de 1968 e desembarque em Lisboa a 3 de Fevereiro de 1968;

(ix) Comandante: Alf Cav Bayan.






Guiné- Bissau > Região de Cacheu > Bula > Abril de 2010 > O regresso a Bula, 42 anos depois... O António Barbosa é o primeiro da esquerda... e na ponta direita está o nosso conhecido Xico Alen. A foto foi tirada pelo Manuel Carmelita, se não erro. Em Bula, António Barbosa e os seus amigos da visitaram a Clínica Pediátrica de S. José de Bor, instituição que está receber apoio da Tabanca de Matosinhos.

Fotos: © António Barbosa (2010). Direitos reservados

_____________

Nota de L.G.:

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P4968: In Memoriam (32): Cap Mil Art Fausto Manteigas da Fonseca Ferraz, CART 1613, morto pelo Sold Cavaco, na véspera do Natal de 1966

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Iemberem > Simpósio Internacional de Guileje > Visita ao sul > Em primeiro palno, ao meio, o Dr. Francisco Silva, madeirense, ortopedista no Hospital Fernando da Fonseca, Amadora-Sintra, médico do nosso camarada Hugo Guerra. À sua esquerda, a Maria Alice e à direita Salifo Camará, 87 anos, régulo de Cadique Nalu e Lautchandé, antigo Combatente da Liberdade da Pátria. Foto tirada por ocasião da visita ao centro de saúde materno-infantil de Iemberem.

Foto: © Luís Graça (2007). Direitos reservados


O Francisco Silva, que viajou de jipe, com mais camaradas, na viagem à Guiné, de ida e volta, por ocasião do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de Março de 2008), foi Alferes Miliciano, tendo pertencido à CART 3492, que esteve no Xitole (com o Joaquim Mexia Alves).

O Francisco Silva revelou-me na altura ter saído da CART 3492 para substituir um alferes morto na parada, pelos seus homens, africanos, do seu Pel Caç Nat 51. Segundo o Francisco Silva, o alferes terá sido morto por que era um tipo bom de mais, com problemas para impor a sua autoridade ao pelotão (que era etnicamente heterogéneo, e tinha um historial de problemas de disciplina).

Desconheço a data e o local onde ocorreu esta tragédia. Não sei inclusive o nome do infeliz alferes. Também não sei quantos casos destes, de oficiais portugueses, milicianos ou do quadro (mas também de sargentos, furriéis e cabos), poderão ter ocorrido durante a guerra colonial na Guiné (1963/74). Mas presumo que tenham sido poucos.

Outro caso de homicídio ocorreu com a CART 1613 (1966/68), a companhia que esteve em Guileje (de Junho de 1967 a Maio de 1968). Nos registos oficiais diz-se que Cap Mil Art com o nº mecanográfico 1036/C, pertencente à CART 1613/BART 1896, mobilizada no RAP2, Vila Nova de Gaia, de seu nome FAUSTO MANTEIGAS DA FONSECA FERRAZ, foi vítima mortal de acidente com arma de fogo (sic), ocorrido no aquartelamento de S. João, vindo a morrer a 24 de Dezembro de 1966 no Hospital Militar 241, em Bissau.

O malogrado Cap Ferraz foi inumado no Cemitério da Conchada, em Coimbra. Era casado com Maria Fernanda Ferreira da Costa, filho de Manuel Fonseca Ferraz e Ana Rosa Manteigas, sendo natural da freguesia de Pousafoles do Bispo, concelho de Sabugal.

O Cap José Neto (1929-2007) contou-me, antes de morrer (e eu creio que isso está publicado algures no blogue), que o autor dos disparos foi o Soldado Condutor Auto Rodas José Manuel Vieira Cavaco. Era madeirense (creio eu), tendo recebido na véspera de Natal provisões remetidas pela família, entre elas uma garrafa de aguardente de cana ou de poncha (se não me engano). A companhia tinha chegado à Guiné há cerca de um mês, e estava em S. João, frente a Bolama, em treino operacional.

As saudades da terra, as recordações do Natal e a poncha fizeram uma mistura explosiva. Sob o efeito do álcool, e sem motivo aparente, o Cavaco abateu a tiro o comandante da companhia, Alferes de Artilharia, graduado em Capitão, Fausto Manteigas da Fonseca Ferraz, na noite de 24 para 25 de Dezembro de 1966. Creio que feriu mais militares. O Zé Neto teve que o esconder para ele não ser linchado. Eis um excerto do seu relato sobre o julgamento do Cavaco, um ano depois em Bissau. (O Cap Corvacho ficará depois a substituir o Cap Ferraz).


O Cavaco (*)


(...) No final do ano [1967], eu, o Furriel Martins e o 1º Cabo Santos fomos chamados a Bissau para depor no julgamento do Soldado Cavaco .

O Tribunal Militar funcionou nas salas do tribunal civil e, em duas sessões, ficou tudo resolvido.

O Cavaco deu-se como culpado e o seu defensor, um tenente miliciano de Administração Militar que era advogado, apenas se deu ao trabalho de procurar provar atenuantes para reduzir a pena.

Tanto eu como o Furriel e o Cabo respondemos apenas às perguntas que nos foram formuladas. O Tenente, a certa altura, perguntou-me qual era a minha opinião sobre o comportamento do réu, anterior aos factos.

Gerou-se uma pequena quezília processual entre o promotor e o advogado que acabou com o Juiz Auditor (civil) a intrometer-se e declarar que aquele Tribunal tinha a obrigação de conhecer o carácter do réu e, naquele momento, ninguém mais conhecedor do que o depoente (eu) podia responder a perguntas que levassem a fazer um juízo acertado.

Fiquei sob o fogo cerrado, ora de um, ora de outro, com respostas curtas, quase sim e não. O coronel Presidente acabou por me interpelar dizendo-me que, por palavras minhas, classificasse a qualidade de soldado do réu. Respondi com convicção:
-Um excelente e infeliz soldado.

A pena foi de vinte e três anos de prisão maior, a cumprir em estabelecimento penal adequado na Metrópole.

Nunca mais o vi, mas tive notícias de que o rapaz não cumpriu nem metade da pena. (...)

___________


Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 11 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXXI: Memórias de Guileje (Zé Neto, 1967/68) (7): Francesinho e Cavaco, o belo e o monstro


Vd. também poste de 31 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2493: Estórias de Guileje (6): Eurico de Deus Corvacho, meu capitão (Zé Neto † , CART 1613, 1966/68)

segunda-feira, 2 de março de 2009

Guiné 63/74 - P3957: Sr. jornalista da Visão, nós todos fomos combatentes, não assassinos (10): José Brás, autor de "Vindimas no Capim" (1986)

1. Mensagem, de 25 de Fevereiro último, de José Brás, ex-Fur Mil da CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68, autor do romance "Vindimas no Capim", que lhe valeu o Prémio de Revelação de Ficção de 1986, da Associação Portuguesa de Escritores e do Instituto Português do Livro e da Leitura.


1.1. Luís: Completa e profundamente contigo, com Vasco da Gama que não conheço senão do (muito bem) que escreve e dos lugares por onde andámos os dois, eu em 67/68, ele mais tarde (Aldeia, Mampatá, Colibuía, Cumbijã, 72/74).

Acabo de enviar isto à Visão sabendo, embora, que irá para o caixote do lixo, não apenas porque tem mais de 60 palavras (poucas palavras para a indignação). Queimei as mãos nos canos das G3 que disparava, sabendo que as balas matam mas não me sentia nem sinto um assassino nem sequer má pessoa.

Também não admito que nos ofenda, embora possa ter atenuantes o que nem sabe do que fala.

Um abraço, José Brás.

1.2. Senhor Luís Almeida Martins (*)
Revista VISÃO
visao@edimpresa.pt

Deixe citar-lhe uma velha canção do excelente brasileiro Raul Seixas:

“quem sabe sabe/quem não sabe sobra/cobra caminha sem ter direcção/que sabe a cabra das barbas do bode/a ave avoa sem ser avião”

E quem é que sobra aqui, senhor Almeida Martins? Quem é que sabe do combate que havia e não havia; dos acidentes que também vitimavam; das minas que matavam e salvavam (não acredita que também salvavam?).

Que “não se tratava de uma guerra de frentes”, diz você e com isso descobriu a pólvora, quarenta anos depois de milhares de jovens portugueses e guineenses (neste caso) lhe terem descoberto o calor da reacção química e o cheiro que ficava no ar, nas entranhas e nos membros decepados.

Na verdade o que a mim parece que o que você quer dizer é que era uma “guerrazeca” onde mais se morria de acidentes de viação do que do combate, e, às vezes numa mina ou outra, numa azelhice de comandante ou de soldado, que (de novo neste caso), que o IN (meus irmãos do PAIGC) eram uns pobres subdesenvolvidos sem arte nem engenho para “guerras a sério” e escassos de material.

Ora, amigo!

Voltaria eu à questão da cabra e do bode, se não soubesse que a vida está também muito difícil para jornalistas, enredados na falta de emprego, nos contratos a prazo e recibos verdes, nos interesses dos proprietários dos órgãos de Comunicação, na “política do chefe de redacção”, etc.

No entanto, não posso aceitar que se escreva à toa para milhares de pessoas e sobre um assunto complexo e pesado da sociedade portuguesa, beliscando (e não sei se foi isso que quis ou apenas lhe saiu como podia sair o contrário) a gente que sofridamente cumpriu aquilo que aceitou ser seu dever, uns apenas porque lhe diziam que a Pátria estava a ser atacada e, se estava, por ela dava a vida, outros já num estágio cultural e de consciência mais avançados mas amando a sua terra e os seus compatriotas e não se esquivavam ao combate.

Foi de guerrilha, sim senhor, como no Vietname e no Afeganistão, salvaguardando evidentes diferenças e protagonistas.

Sabe o que é uma guerra destas, sabe? Não sabe porque nem lá esteve nem a estudou como devia. Apenas descobriu a pólvora.

Eu estive e conheci verdadeiros heróis. Uns a quem não aprovava a bravura (mas que o eram), outros que apenas cumpriam um dever que era o de combater, sabendo que num combate destes sempre se mata e morre um pouco.

Uma guerra de frentes?

Sabe ou imagina a você o que foi a ocupação de Gadamael?

Sabe você o que é ter de aguentar dias e dias, semanas, meses, dentro de valas, aguentar a investida de centenas de guerrilheiros determinados e bem armados?

Sabe o que era ter de fazer a estrada Gadamae-Guileje-Gadamael, cerca de quinze quilómetros de emboscadas e minas (as tais minas), numa mata onde os pilotos da FA nos diziam “tá bem, vou despejar ali, mas não vejo ninguém”?

Conheceu o Banharia, homem do Porto que disparava a MG em corrida e gritando “sanguinho e molho” a proteger o Alf Ávila que, desarmado carregava companheiros, um em cada braço, retirando os seus corpos da zona de morte?

Não os conhece porque nunca os viu chorar os amigos mortos e, penso eu, a própria violência da trama em que tinham de agir.

Portanto, amigo (outra vez), estude um pouco a coisa, pergunte sem complexos e…escreva uma coisa séria.

Porque eu sei que daqui a cinquenta anos alguém ainda escreverá sobre o tema, uns como você, a esmo e apenas porque tem de manter o emprego, outros estudando, lendo…trabalhando e, nisto, talvez sofrendo as tristezas e as alegrias dos que o viveram no tempo e no lugar.

Confesso que não me agrada o que lhe digo aqui, imaginando que o estou a dizer a um dessas centenas de jovens que saem das Universidades com necessidade de trabalho e pouco conhecimento da vida, quer dizer, mal preparados culturalmente.
As minhas desculpas, então.

José Brás

Nota - Sei que nem lerão esta prosa, quanto mais considerá-la para publicação. Ainda assim aqui fica, provavelmente para outras serventias, porque a indignação é um direito que quero guardar.
_____________

Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 1 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P3956: Sr. jornalista da Visão, nós todos fomos combatentes, não assasinos (9): João Melo e Carlos Machado, Tigres do Cumbijã

domingo, 21 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3660: O meu Natal no mato (18): Olossato, 1966 (Rui Silva)

1. Mensagem do Rui Silva;

Uma história (verdadeira) de Natal

O Natal da 816 no Olossato (Dezembro de 1966)
Das minhas memórias: “Páginas Negras com salpicos cor-de-rosa”-


... Entretanto chega o Natal. O Capitão reúne o pessoal mais graduado, lembra e propõe um programa festivo assinalando tão interessante data e, claro está, a que o pessoal, por doutrina própria, é sensível. Sabíamos que estávamos longe, muito longe dos outros santos do nosso presépio (família) e que também estávamos num sítio errado.

No programa salientava-se um espectáculo de teatro com peças mais ou menos rápidas: cenas de humor, canções, fados, poesia, coro, etc. Só esperávamos era que não houvesse foguetes, presentes do inimigo.

Apareceram habilidosos para tudo. Tudo isto culminava com um jantar de rancho melhorado no dia seguinte, dia de Natal, aonde se reuniu, no refeitório dos soldados, toda a família 816.

Quanto ao espectáculo teatral este começou antes de o ser, pois o bom amigo do Moreira que entretanto tinha improvisado um pequeno palco, de formato quadrado, com tábuas apoiadas em pequenos troços de troncos de palmeiras, ao qual aplicou, nos dois vértices posteriores, dois potentes faróis de viatura militar originando um foco luminoso dirigido aos actores… de ocasião, dando assim mais vida ao espectáculo e até a dar um ar de teatro profissional.

Lembra-se, e aqui é que começa o circo, da sua louvável ideia de arranjar um sistema de cordas e roldanas que permitiam um movimento de puxar esta ou aquela corda, consoante o interesse em abrir ou fechar as cortinas (cortinas mesmo, de alto a baixo) que escondiam o palco aquando da mudança de número e tarecos e à boa maneira dos verdadeiros teatros. O engenho foi testado várias vezes e não havia dúvida, para garbo do Moreira, e a boa surpresa dos outros, a coisa estava funcional. Puxava-se uma ponta da corda e o cortinado abria. Puxava-se a outra ponta e o cortinado fechava. O Moreira sorria com o evento. Estava um primor!, e até parecia um teatro a sério! Por ali já havia sucesso.

Mas o melhor ia sair: logo ao começar do espectáculo o sistema… AVARIOU!

As cordas emaranharam-se de tal maneira que o pano, uma vez fechado, não mais abriu, para nossa desolação e maior frustração do Moreira. No entanto, acabou por o melhor remédio ser uma grande risota. Houve também quem as não poupasse ao diligente e agora desolado Moreira, mas o teatro prosseguiu na mesma, ... de cortina aberta. Tudo afinal contava para uma alegre e boa disposição.

Os cenários e outros adereços, que faziam parte dos diversos números, eram então mudados e montados mas agora mesmo à vista dos espectadores, isto é, ao vivo, o que tirava um certo valor ao programa, mas tudo se compôs com a compreensão e a boa disposição da plateia.

Entre os diversos números destacava-se “A barbearia dos surdos-mudos”, no qual fazia de barbeiro o corpulento Barrumas. O próprio barbeiro era também, claro, surdo-mudo.

Então o barbeiro esperava que se juntassem três fregueses. Logo que chegasse o terceiro freguês sentava-os em outras tantas cadeiras que estavam alinhadas. E então ia trabalhar em série.

Pegava então numa corda que tinha também 3 rolhas fixas a espaços regulares, espaços esses iguais aos de cadeira a cadeira e então com os 3 clientes já sentados, ele punha uma rolha na boca de cada um deles e de forma que a corda ficasse bem esticada.

Depois de afiar a sua grande navalha, que mais parecia uma faca de cortar bacalhau na mercearia, ele puxa a ponta da corda que fazia com que as 3 caras virassem todas ao mesmo tempo e para o mesmo lado. Puxava em seguida por a outra ponta e agora as 3 caras viravam para o lado oposto. Assim o barbeiro barbeava ora as faces esquerdas ora as faces direitas dos clientes no mesmo movimento. Era um trabalho em série e bem sincronizado.

O que acontece é que o dia não estava para as cordas, pois quando ele pega na corda que tem as três rolhas (tantas como os clientes a barbear) para pôr as rolhas nas bocas dos clientes, já sentados, a corda das rolhas enriça-se de tal maneira que faz com que duas das rolhas ficassem muito chegadas. Com isto 2 dos clientes ficaram com as caras quase encostadas, na circunstância o Cowboy e o Vizela. O Cowboy então, por pouco não aguentava a situação, pois ia rebentando com o riso.

Os clientes da barbearia, ou sejam os fregueses, foram escolhidos a dedo, para tornar o número mais aliciante e assim, aos dois fregueses atrás referidos juntou-se o Fonsequinha. Que trio!!

O Fonsequinha, como era pequeno, mal disse, pelos gestos –não nos esqueçamos que os clientes eles eram todos surdos-mudos- ao que vinha, o Barrumas pega nele por a gola do casaco e assim suspenso, senta-o numa das cadeiras. O Fonsequinha com o seu bigode à Hitler, estava mesmo a calhar para a cena.

O número acabou por se fazer, mas o problema da corda embaraçou barbeiro e barbeados, que à mistura com os risos dificilmente suportados perderam assim alguma serenidade para desempenharem bem o seu papel. Ao fim e ao cabo a malta acabou na mesma por se rir, mais até com o inesperado episódio da corda, e como estávamos ali para nos rirmos…

O barbeamento foi no entanto feito com qualidade, ainda que com algum sacrifício e alguma ginástica de Barbeiro e barbeados. Se o número era já de rir a história das cordas aumentou aquele.

Eu que estava na parte de trás do palco -nos bastidores- quando aconteceu ver o Cowboy quase em cima do Vizela e o embaraço do Barrumas, não mais me interessei ver a peça e foi dar largas à minha enorme vontade de rir, pois a peça era agora outra.

Entre outros números, o Piedade cantou, o Correia apresentou os seus fados de Coimbra, entre eles o seu “Mar eterno”. O Ludgero foi figura principal num número em que o Belchior, então espectador, saiu bem molhado com água.

Por sua vez o Belchior saiu-se com poesia, e bem, ou ele não tivesse pinta para isto. Eu e o Carneiro fomos os apresentadores e houve também um coro –que abriu o espectáculo - muito bem ensaiado pelo Alferes Esteves. A coisa não foi má e aquele alegre convívio fez-nos esquecer a mágoa que porventura sentíamos de nos vermos naquele dia distante da família e num clima de guerra.

O Natal passou. Entretanto toda a malta recebeu do MNF (Movimento Nacional Feminino) um isqueiro e alguns maços de tabaco como lembranças de Natal.

Pela passagem de ano também se fez festa. Dançou-se e cantou-se na cantina dos soldados. O Pele-e-osso foi figura preponderante a dançar, pois ficou-se ali a saber que ele era elemento de um grupo de folclore. Que bem ele dançava! O Capitão apareceu depois e também cantou “O meu menino é d’oiro” e, pronto, o passar do ano também não passou sem festa. Uns copitos e danças (daquelas ao Deus dará –ninguém rachou a tola-) e eis-nos no dia 1 do ano de 1967.

A página da quadra do Natal foi virada e tudo voltou à rotina do dia-a-dia.

A operação seguinte…..

Rui Silva
Ex-Fur Mil
CCAÇ 816
(Guiné 1965/67)
____________

Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste > 20 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3654: O meu Natal no mato (17): Cufar, 1973, o Cantanhez a ferro e fogo (António Graça de Abreu)

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3418: Álbum fotográfico de Manuel Bastos Soares (1): Bambadinca, a festa da comunhão solene, Dona Violete e a malta da CCAV 678 (1965/66)


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Bambadinca > Foto nº 5 > Abril de 1965 (?) > Festa da primeira comunhão > A menina branca, filha do chefe do posto de Xitole, ladeada pela Professora Primária Dona Violete (à esquerda, de óculos escuros) e a esposa de um dos comerciantes locais (à direita).




Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bambadinca > Foto nº 3 > Abril de 1965 (?) > Capela local > Um grupo de meninos e meninas (só uma das quais é branca, filha do chefe de posto do Xitole, a frequentar a escola primária em Bambadinca), no dia da comunhão solene, devidamente enquadrados por uma freira, católica, muito possivelmente missionária e estrangeira.
 

Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bambadinca > Foto nº 6 > 1965 > Festa de 1º. aniversário da CCAV 678, em Bambadinca. Na mesa dos oficiais e sargentos, o 1º de frente e da esquerda é o Fur Mil At Manuel Bastos Soares, autor destas fotografias, natural de Vila Nova de Gaia e residente na Maia.


Guiné > Zona Leste > Bambadinca > Foto nº 10 > Fevereiro de 1966 > Vista aérea de Bambadinca, tirada do lado do Rio Geba e da estrada Bafatá-Bambadinca, vendo-se em primeiro plano a tabanca, atravessada a meio pela estrada; e em segundo plano, a íngreme (e poeirenta, no tempo seco) rampa de acesso ao aquartelamento e aos edifícios administrativos da localidade (posto administrativo, correios, escola, capela...); em terceiro plano, a tabanca de Bambadincazinho (à esquerda da estrada) e do outro lado, a pista de aviação e o cemitério local; em quarto plano a bifurcação da estrada: para a esquerda, Xitole (não havia ainda Mansambo, só construído em 1968); para a direita, Xime. Ao fundo, do lado direito, talvez o Rio Udunduma, afluente do Rio Geba...


Guiné > Zona leste > Bambadinca > Foto n º 11 > Fevereiro de 1966 > Vista aérea da tabanca de Bambadinca, à esquerda, e do Geba Estreito, à direita; em segundo plano, o morro, onde se situava o quartel e outras instalações civis e administrativas. Estas duas fotos foram tiradas de um Cessna, dos TAG - Transportes Aéreos da Guiné, fretado pelo Cap da CCAV 678 para trazer víveres, de Bissau, para o pessoal.

Fotos (e legtendas): © Manuel Bastos Soares (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.Mensagem de Beja Santos, de 4 de Novembro último:


Queridos amigos:

Aqui vão fotos históricas do nosso camarada Manuel Bastos [Soares]. Oxalá ele entre na nossa tabanca grande e nos preste relevantes serviços, como estas imagens abonam. Esta é mesmo a D. Violete, que eu conheci, mais amadurecida. Comoveu-me muito esta lembrança, transfiro-a já para o nosso blogue. 

Até breve, um abraço do Mário.


2. Mensagem de 31 de Outubro de 2008, enviada por Manuel Bastos [Soares] ao Beja Santos:


Assunto: FOTOS DE BAMBADINCA - D. VIOLETE

Caro Beja Santos :

Antes de mais as minhas cordiais saudações. Como é meu dever e obrigação, passo a apresentar-me: de nome, chamo-me Manuel Bastos Soares, sou natural de Santa Marinha, Vila Nova de Gaia (aqui nasceu o nome Portugal), fui militar na Guiné-Bissau de Julho de 1964 a Abril de 1966, e resido na cidade da Maia.

O motivo que me leva a escrever-lhe está relacionado com a sua prosa (dou-lhe os meus parabéns pela mesma), que fui lendo, desde que sou cliente, e assíduo, do
blogue do Luís Graça. 

Tal como eu, o Beja Santos também esteve em Bambadinca e nos seus escritos fala muito de determinada senhora, a D. Violete, com a qual tinha óptimo relacionamento, mas da qual nunca vimos nenhuma foto dela.

Na minha posse, tenho várias fotos, tiradas em Bambadinca no dia da comunhão solene em Abril de 1965 (?), e numa das quais está uma senhora, cujo nome se me varreu por completo da memória, e que na época era a professora da escola primária de Bambadinca.

Será esta senhora a D. Violete? Na hipótese de querer confirmar, se é ou não a dita senhora, terei imenso gosto em enviar-lhe, via e-mail, a foto digitalizada, assim como outras de Bambadinca.

Com os melhores cumprimentos:

Manuel Bastos


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > O nosso fotógrafo-mor, o ex-Fur Mil Op Esp Humberto Reis, da CCAÇ 12 (1969/71), tirou um slide com os memoriais das unidades que passaram por Bambadinca. Havia no nosso tempo vários memoriais, no meio da parada, junto ao pau da bandeira, frente à escola local (onde ensinava e vivia a misteriosa Dona Violete). 

Como a imagem original que possuímos em arquivo, tem uma boa resolução (2,5 Mb), procedemos à sua edição. Neste excerto, o Humberto tem à sua direita o memorial do Pel Mort 1192 (Bambadinca, Maio de 1967/ Março de 1969) e, se não me engano, o da CCAV 678 (que não vem na lista do Benjamim Durães). O Manuel Bastos  Soares também reconheceu, nesta foto, o brazão da sua companhia. Logo me confirmará se o meu raciocínio está certo. Sabemos, pela lista do Durães (**), que nessa altura também esteve em (ou passou por) Bambadinca a CCAV 1482 (Nov-65 Bambadinca Abr-66 Xime Jul-67 / Jan-67 Ingoré).



Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Parada do aquartelamento, frente à escola primária > Memoriais de unidades que passaram por Bambadinca > Pormenor: um primeiro plano, ao centro, o momento evocativo da passagem do BCAÇ 1888, o primeiro batalhão com sede em Bambadinca (Mai-66 Fá Mandinga Nov-66 Bambadinca Jan-68), de acordo com a lista do nosso camarada Benjamim Durães (**). A CCAV 678 deve ter sido rendida pela CCAÇ 1551 / BCAC 1888 (Mai-66 Bambadinca Nov-66 Fá Mandinga Jan-68 Fev-67 Xitole).


Por detrás vê-se o monumento do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, Maio de 1968/ Março de 1970). E do lado esquerdo, o BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), cuja CCS teve um morto, o Sold Cond Auto Manuel Guerreiro Jorge.

Fotos (e legendas): © Humberto Reis (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legemdagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


3. Mensagem de 3 de Novembro de 2008, enviada ao Beja Santos pelo Manuel Bastos

Caro Amigo Beja Santos:

As minhas cordiais saudações.

Na posse do seu e-mail, cá estou a responder ao mesmo, e naturalmente também
à sua curiosidade e ansiedade. Entretanto vou contar-lhe rapidamente a história destas fotografias.

Corria o Ano da Graça de 1965, e calculo eu, por volta do mês de Abril, realizou-se em Bambadinca a comunhão solene dos meninos e meninas da comunidade católica local.
De entre as meninas do grupo, fazia parte a única menina branca que está em duas das
fotos que lhe envio.

E quem era essa menina? De nome varreu-se-me da memória, mas sei que era filha do chefe de posto do Xitole, e como não havia escola na localidade, o pai colocou-a em Bambadinca. Hospedou-a em casa de uns comerciantes brancos (creio eu, empregados da casa Gouveia), estando a esposa numa das fotos, com uma criança ao lado.

Como eu tinha bom relacionamento com o dito comerciante, pediu-me para tirar as respectivas fotografias da comunhão da menina. Num gesto de retribuição e simpatia convidou-me para o almoço da festa da comunhão. Naturalmente que aceitei e agradeci. Nesse mesmo almoço esteve presente a Professora da escola primária de Bambadinca, que é a senhora que está de óculos escuros na foto nº. 5, e que creio eu será a D.Violete.

Dada a explicação quanto ao motivo que me levou a ser repórter fotográfico, passemos ás fotos.

Já se apercebeu que além das fotografias da comunhão, em anexo tenho o prazer de lhe enviar algumas mais, de locais que lhe farão lembrar os seus tempos passados pelas terras quentes e vermelhas de Bambadinca. Como as fotos não têm legenda passo a descrever:

Foto 3: Meninos e meninas da Comunhão Solene, em Bambadinca com a Irmã freirinha.

Foto 5: A menina filha do chefe de posto do Xitole, com a Professora e esposa do comerciante.

Foto 6: Festa de 1º. aniversário da CCAV 678, em Bambadinca. Na mesa dos oficiais e sargentos sou o 1º de frente e da esquerda.

Fotos 10 e 11: Vistas aéreas de Bambadinca, quando regressava de férias [de Bissau] em Fevereiro de 1966.

Julgo que por agora ser tudo, não deixando contudo de lhe formular um convite: se por acaso viajar cá por estes lados, terei imenso prazer em recebê-lo em minha casa. Em anexo envio-lhe o meu cartão para melhor cá chegar.

Sem mais, um abraço do amigo ao dispor:

Manuel Bastos

P.S. Caro Beja Santos, vai-me desculpar, mas não consigo enviar-lhe as fotos todas juntas, pois os ficheiros são demasiado pesados, por esse motivo vão seguir em vários e-mails.

4. Comentário de L.G.:

Falei, há umas duas ou três horas, ao telefone, com o Manuel Bastos. A cumplicidade da Guiné e o conhecimento de Bambadinca vieram logo ao de cima. Passado 30 segundos, já estávamos a falar como velhos camaradas, e a tratarmo-nos como deve ser, entre camaradas da Guiné, ou seja, por tu...

Fiquei a saber que o novo membro da nossa Tabanca Grande (vai entregar as fotos da praxe e as notas biográficas), andou primeiro por Cacine e Cabedú, no Cantanhez, noutra unidade (cujo não nº não consegui fixar, mas penso que foi a CCAÇ 555, do Norberto Costa) (*), antes de vir para Bambadinca, para a CCAV 678.

Esteve na construção do destacamento da Ponta do Inglês, passou por Fá, pelo Xime e pelo Enxalé. "No meu tempo ainda não havia o cais do Xime, nem a estrada Bambadinca-Bafatá era alcatroada"... Teve mortos no Buruntoni e em Ponta Varela... Fez colunas logísticas ao Xitole, sempre com porrada... Nunca foi ao Saltinho.

As melhores memórias que guarda, são as de Bambadinca... "Ainda gostaria de lá voltar um dia", confessou-me ele ao telefone. Da próxima vez que eu for ao norte, estou convidado a procurá-lo. Mora na Maia, Gueifões, próximo de camaradas nossos como o Zé Teixeira, de São Mamede de Infesta. Incentivei-o a passar a frequentar a Tabanca de Matosinhos, às 4ªs feiras. Está reformado, há 3 anos, depois de 40 e muitos anos de trabalho. Era formador numa escola profissional (CENFIM).

Fiquei com uma bela impressão do camarada Manuel Bastos... Estivemos à conversa mais de meia hora. Disse-lhe que foi comovente para mim e para o Beja Santos revisitarmos Bambadinca, através das suas fotos, a nossa Bambadinca comum... Numa próxima oportunidade ele irá assinalar-nos as diferenças existentes em 1965/66 por comparação com as fotos de 1969/70, do Humberto Reis.

Desejei-lhe as boas vindas ao nosso blogue que ele, de resto, conhece e acompanha há mais de um ano, silenciosamente... (Sentindo-se mais disponível depois da reforma, há um ano escreveu a palavra Guiné no Google e foi dar com o nosso blogue, cuja leitura, frequente, já não dispensa).

Sobre a CCAV 678, tínhamos até agora poucas referências no nosso blogue. Por exemplo, encontrei informação, na lista do A. Marques Lopes, sobre dois mortos desta unidade, que ficaram sepultados na Guiné:

(i) José Augusto Silva Pereira, Soldado / CCav 678 /30.08.65 / HM241, Bissau / Ferimentos em combate / Xime / Vilar da Maçada, Alijó / Cemitério de Bissau, Campa 1953, Guiné.

(ii) Nuno da Costa Moreira, 1.º Cabo / CCav 678 / 10.11.65 / Galomaro / Acidente de viação / Pedorido, Castelo de Paiva / Cemitério de Bissau, Campa 2038, Guiné.

Mas fiquei com a ideia de o Manuel Bastos me ter dito que, no cemitério de Bambadinca, no seu tempo (1965/66), havia pelo menos um morto, branco, da sua unidade ou de outra unidade que passou por Bambadinca (CCAV 1482 ?), e cujo nome não constava da lista dos mortos sepultados na Guiné, organizada pelo A. Marques Lopes.

Pelas fotos que o Manuel Bastos nos manda percebe-se que houve posteriormente uma escalada da guerra que terá levado à saída das famílias portuguesas e ao aumento dos efectivos militares. No seu tempo ainda não havia nenhum batalhão sediado em Bambadinca. O primeiro terá sido o BCAÇ 1888 (1966/68).

_________

Notas de L.G.:

(*) Vd.postes de:






quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3407: Em busca de... (51): Os Bravos da CCAÇ 726, Guileje, 1964/66 (Aurélia Duarte / Henrique Almeida Duarte)





Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (1864/66) > Fotos do Henrique Almeida Duarte, enviadas com muita ternura pela sua sua filha Aurélia Duarte, na esperança de que "algum companheiro o reconheça"...

Fotos: © Aurélia Duarte (2008). Direitos reservados


1. Mensagem de Aurélia Duarte, com data de ontem:


Assunto - Ex combatente Henrique Almeida Duarte


Olá, Luís:

Há cerca de mais ou menos 3 meses, enviei-lhe um email a pedir ajuda para encontrar amigos do meu pai, Henrique Almeida Duarte, residente em Casebres, concelho de Alcácer do Sal, ex-combatente da Guiné. Eles embarcaram a Dezembro de 64 e regressaram em Janeiro de 66.

Mas não tive sucesso [nas minhas diligências] (*).

Apareceu em minha casa um colega do meu pai, mas eu estava de férias, esse colega era o fotógrafo e lembrou-se perfeitamente do meu pai, mora em Almada, mas infelizmente não deixou contacto.

Aqui estou eu de novo mais uma vez a pedir ajuda. Junto a este email envio-lhe umas fotografias do meu pai, talvez assim algum companheiro o reconheça.

Desde já lhe agradeço pela vossa atenção. Vou deixar aqui os meus contactos:

Aurélia de Fátima Repolho Duarte;
Email: aureliaduarte3@live.com.pt ;
Telemóvel:934762969.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 > 1964/65 > Aspecto dos trabalhos de fortificação do aquartelamento e tabanca. Foto Alberto Pires (o Teco), que chegou às mãos do Nuno Rubim, por intermédio do Carlos Guedes, três bravos da CCAÇ 726... que o Henrique Almeida Duarte e a sua filha, Aurélia, gostariam de (re)encontrar e abraçar.

Foto: ©
Nuno Rubim (2006). Direitos reservados


2. Comentário de L.G.:

Cara amiga Aurélia:

Filha de um camarada, nossa filha é. Começo por saudá-la e dizer quanto aprecio as diligências que está a fazer, através do nosso blogue, para encontrar camaradas do seu pai, que tenham pertencido à mesma unidade. Seguramente que os vai encontrar e seguramente que fará bem ao seu pai poder um dia destes abraçá-los e recordar os bons e os maus momentos que passaram juntos, no sul da Guiné. Obirgado pelas fotos que nos mandou com tanta ternura mas também ansiedade.

O seu pedido anterior foi publicado em má altura, no mês de Agosto, mês de férias e de menor actividade do nosso blogue. Voltamos a publicar um segundo pedido, na esperança (e na certeza) de que desta vez será mais bem sucedida.

Temos, entre nós, na nossa Tabanca Grande - que você (ou o seu pai) poderá passar a integrar a partir de hoje, se assim o desejar - um dos comandantes da CCAÇ 726, na altura o Cap Art Nuno Rubim, hoje coronel na reforma. Poderá contactá-lo por email.

Outros dois camaradas do seu pai, nossos conhecidos, são o Alberto Pires (mais conhecido por o Teco) e o Carlos Guedes. O fotógrafo de que fala e que procurou o seu pai quando você estava de férias, pode muito bem ser ele, o Teco. (Não tenho a certeza se ele mora em Almada; pelo que voê me disse ao telefone ele terá mostrado ao seu pai fotografias desse tempo passado em Guileje).

A malta da companhia reune-se todos os anos: este ano, em 24 de Maio passado, realizou-se o 18º Almoço-convívio da CCAÇ 726, em Arados, Benavente, tendo o evento sido organizado pelo Estêvão Lopes e esposa, que vivem em Arados, freguesia de Samora Correia, concelho de Benavente (Contactos: Telef. 263 656 742 / tm: 919 458 799). Sugiro que volte a entrar contacto com este camarada, que de resto já lhe sido indicado pelo nosso diligente co-editor Carlos Vinhal. Pelo que me diz ao telefone, o Estêvão Lopes não terá reconhecido o seu pai só pelo nome. O que é natural: já vão mais de 40 anos. Além disso, na tropa só eramos conhecidos pelo último apelido ou por alcunha. As fotos que nos mandou vão ajudar-nos.

De acordo com a informação que já publicámos no nosso blogue, a CCaç 726, durante a comissão na Guiné (Guileje, 1964/66), sofreu 10 mortos, dos quais 9 em combate. Eis aqui a lista (pode ser que o seu pai se recorde de alguns nomes) (**):

Furr Mil António Gonçalves da Silva, em 29 Nov de 1964, por ferimentos em combate;
1º Sarg Joaquim Balsinhas, em 28 Fev 1965, por explosão de armadilha IN;
1º Cabo Amadeu Jaló, em 28 Maio de 1965, por doença, no HMP, em Lisboa;
1º Cabo Enf Manuel Moreira Marques, em 28 Jun de 1965, por ferimentos em combate;
Sold Cond Armando Gonçalves da Fonseca, em 28 Ago de 1965, por ferimentos em combate;
1º Cabo Elísio Santos Filipe, em 28 Ago 1965, por ferimentos em combate;
Sold Mil Mussa Bela Camará, em 28 Ago 1965, por ferimentos em combate;
Sold Cond José Luís L. Pereira, em 29 Ago 1965, por ferimentos em combate;
Sold Luciano Florêncio, em 7 Set 1965, por AP, em Cutia, ao serviço do Gr Cmds "Vampiros".
1º Cabo João Seborro, em 7 Nov 1965, por ferimentos em combate.


Aurélia (e Henrique):

Conte connosco e com os bravos da CCAÇ 726. Os amigos e camaradas da Guiné desejam as melhoras do seu pai que, pelo que você me acaba de dizer ao telefone, está num programa de tratamento do stresse pós-traumático de guerra. Dê-nos conta do sucesso dos seus contactos. Até breve. Boa saúde, bom trabalho.

Luís Graça.

_________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 17 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3137: Em busca de... (34): Camaradas da CAÇ 726 (Aurélia de Fátima)

(...)"Eu sou Aurélia de Fátima Repolho Duarte, filha de Henrique Almeida Duarte que partiu para a Guiné em 29 de Dezembro de 1964 e regressou a Portugal em 1966.

"O meu pai era Atirador e pertencia à Companhia 726, de Infantaria. Saiu para a Guiné do Quartel de Évora.

"Fugiu ao embarque uma vez e teve 16 dias preso na prisão de Caxias e foi libertado, depois de ter sido detectada a doença. Então partiu para a Guiné, como eu já referi.

"É residente em Casebres, concelho de Alcácer do Sal, distrito de Setúbal. Sofre da doença de stress pós-traumático.

"Está um pouco esquecido, mas lembra-se do Furriel Padilha que era de Vila Real, e de quatro colegas, mas não se lembra os nomes deles, apenas se lembra onde viviam. Eram dois colegas de Vendas Novas, um de Pias e um de Castro Verde.

"Aguardo resposta se possível, e desde já muito obrigada pela atenção.

"Sem mais assunto de momento, me despeço com ansiedade, aguardando uma resposta. Muito obrigada" (...).



(**) Sobre a CCAÇ 726 ver postes de:

10 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P862: O nosso novo tertuliano, o Coronel Nuno Rubim

14 de Outubro de 2006 >Guiné 63/74 - P1173: A fortificação de Guileje (Nuno Rubim, Teco e Guedes, CCAÇ 726)

17 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2360: A CCAÇ 726, a primeira Companhia a ocupar Guileje (2): 10 mortos e mais de metade do pessoal ferido em combate (Virgínio Briote)

14 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3060: Convívios (74): CCAÇ 726 (Guileje, 1964/66), em 24 de Maio de 2008, Arados, Benavente (Nuno Rubim)

22 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3082: Convívios (76): Ainda o 18º encontro dos bravos da CCAÇ 726 (Nuno Rubim)

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Guiné 63/74 - P3090: Simpósio Internacional de Guileje: Comunicação do cubano Ulises Estrada



Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guileje > 3 de Março de 2008 > Os participantes cubanos Oscar Oramas, antigo embaixador de Cuba na Guiné-Conacri, e Ulises Estrada, antigo combatente internacionalista que integrou, como voluntário, as fileiras do PAIGC. Ambos manifestaram o seu regojizo por voltar a encontrar antigos camaradas de armas (guineenses e caboverdianos) mas também portugueses que estavam do outro lado da barricada...

No final do Simpósio, Ulises Estrada fez um belíssimo improviso sobre o "momento histórico" que se estava a viver, ao juntar-se antigos inimigos, hoje reconciliados, num seminário científico mas também político que honra e premeia "a qualidade do ser humano" (sic)... Haveremos de apresentar, oportunamento, um excerto do seus discurso, desta vez mais caloroso e amistosa que a comunicação que hoje se divulga, uma pequena parte, em vídeo...


Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guileje > 3 de Março de 2008 > O cubano Ulises Estrada, antigo combatente internacionalista que esteve ao lado dos guerrilherios do PAIGC, evocando o papel dos cubanos na guerra, nove dos quais lá morreram, incluindo o 1º tenente médico Angel Sequera Palácios (?).

Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guileje > 3 de Março de 2008 > O cubano Oscar Oramas fazendo uma intervenção, a partir da plateia. É doutorado em Filosofia e actualmente interessa-se por música. É autor de diversos livros, incluindo uma biografia de Amílcar Cabral. É um homem afável e que estabeleceu, com os portugueses, participantes no Simpósio, uma realação franca e aberta. Viajou, tal como o seu camarada Ulises, a partir de Lisboa.

Fotos: © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]




Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guileje (1 a 7 de Março de 2008) > Terça-Feira, 4 de Março de 2008 > Painel 1 > Guiledje e a Guerra Colonial/Guerra de Libertação (Moderador: João José Monteiro, Universidade Colinas de Boé) > Comunicação: 11h30 – 12h00: Ulisses Estrada (Ex-Militar, diplomata, jornalista e escritor cubano) – Internacionalismo cubano e a participação de Cuba no esforço da guerra de libertação da Guiné-Bissau.

Vídeo (5' 49''): © Luís Graça (2008). Direitos reservados. Vídeo alojados em: You Tube >Nhabijoes. (Em caso de deficiente visionamento ou carregamento do vídeo, clicar, no You Tube > Nhabijões, em watch in high quality ).



Sinopse: Neste excerto, Ulises Estrada que chega à Guiné em meados de 1966 - não fazendo parte, por isso, do primeiro contingente cubano, que era composto por 3 médicos e 3 artilheiros, chegados a 29 de Abril de 1966 - relata o esforço dos voluntários cubanos na luta de libertação, ao lado dos guerrilheiros do PAIGC (1).

Faz referência a ataques em que ele próprio participou, desde o Olossato a Farim, desde Buba ao Morés, incluindo uma emboscada na estrada de Enxalé-Portugole, e um ataque ao destacamento de Missirá, no Cuor, a norte do Rio Geba (em Dezembro de 1966), a nossa conhecida Missirá onde estiveram, em épocas diferentes, os nossos camaradas Beja Santos (Pel Caç Nat 52, 1968/69) e Jorge Cabral (Pel Caç Nat 63, 1970/71).

Evoca também a figura de Domingos Ramos, chefe da Frente Leste e comissário político do PAIGC, que morre a seu lado a 10 de Novembro de 1966, num ataque de artilharia (1 canhão s/r) e infantaria ao quartel de Madina do Boé. 

O Ulises disse-me pessoalmente, em Bissau, que o Domingos Ramos foi morto por um estilhaço de morteiro, quando o tentava proteger (a ele, Ulises). O seu corpo foi resgatado pelo cubano, "para que não caísse nas mãos dos portugueses" (sic), e levado a seguir para a base de Boké, na Guiné-Conacri, onde foi entregue a Aristides Pereira. Ulises diz do seu camarada guineense que era um grande homem, um grande combatente, e um grande líder político (2).

Ulises Estrada fala ainda de outros combatentes cubanos que se destacaram na luta de libertação na Guiné, incluindo o comandante Raul Diaz Arguelles que esteve ao lado de Nino Vieira no cerco de Guileje, em Maio de 1973 (e que viria a morrer em Angola, em Dezembro de 1975, na Batalha da Ponte 14, em que o MPLA e os seus aliados cubanos foram massacrados pelas tropas da África do Sul). 

Referiu ainda o nome (mal perceptível) de um tal coronel Fernandez Caturno (?), que comandava o pelotão de bazucas (RPG 7). Foi referido ainda o nome do Capitão Pedro Rodriguez Peralta, ferido e capturado pela CCP 122/BCP 12, em 18 de Novembro de 1969, no corredor de Guileje (Operação Jove).

No final, é lida a lista dos nomes dos 9 cubanos que morreram em combate na Guiné, incluindo um médico, o 1º tenente médico Angel Sequera Palácios (?). Há tempos li, noutra fonte (cubana), que teriam morrido 17 cubanos na guerra da Guiné (3).

Ulises Estrada e Oscar Oramas foram os únicos cubanos que participaram no Simpósio Internacional de Guileje, como oradores. Tal como os restantes convidados estrangeiros, incluindo os portugueses, estiveram hospedados no Hotel Azalai (antigo 24 de Setembro).

À hora das refeições, nas idas e vindas de autocarro, e nos programas sociais, tivemos oportunidade de conviver um pouco mais com estes cidadãos cubanos que, durante a guerra colonial/luta de libertação, desempenharam papéis diferentes. Objectivamente eram nossos inimigos. Em Bisssau (e na visita ao sul da Guné) comportámo-nos como velhos combatentes que o passado de guerra aproximou, em vez de separar.

Ulises Estrada, hoje com 73 anos I(nasceu em 1934), combateu nas matas na Guiné, desde Farim ao Morés, do Cuor a Madina do Boé, viu morrer a seu lado, em Madina do Boé, o comandante Domingos Ramos, atacou quartéis e destacamentos portugueses (como Buba e Missirá), montou emboscadas (como, por exemplo, na estrada Enxalé-Porto Gole)...

Oscar Oramas, pelo seu lado, era embaixador de Cuba na Guiné-Conacri, na altura em que foi assassinado Amílcar Cabral.

São personalidades bem distintas: Oramas é um homem afável, cavalheiro, amistoso, que nunca se furtou ao relacionamento com o grupo, mais numeroso, de portugueses... Ulises, um negrão, como diriam os nossos amigos brasileiros, pareceu-me um homem física e psicologicamente abatido. Inclusive terá sofrido um ataque de paludismo durante a sua estadia em Bissau. No regresso a Lisboa, vinha visivelmente combalido. Era também um homem, por essa ou outras razões, mais reservado. Parecia haver algum desconforto por, combatente do outro lado, estar agora ali, ao lado dos seus inimigos de ontem...

Infelizmente não falámos o suficiente para eu poder perceber o que lhe ia na alma... A sua comunicação (de que vos dou um registo, em vídeo, de cerca de 6 minutos) fala por si: não difere da linguagem seca, aparentemente assertiva, objectiva, dos nossos militares profissionais... Não há emoção, não há subjectividade... Diferente será o seu discurso, de improviso, na sessão de encerramento, onde vem ao de cima o homem e não tanto o ex-revolucionário profissional.

Estrada é um velho combatente internacionalista que andou por muitas guerras (da Sierra Maestra ao Chile, do Congo à Guiné, sem esquecer a Palestina)... É autor de três livros incluindo um sobre a controversa Tânia, a Mata-Hari da América Latina, de origem alemã e judia, que fez trabalho de espionagem para os cubanos (mas possivelmente também para os alemães de leste e para os soviéticos)... Diz-se que foi amante do Che e do próprio Ulises...

De qualquer modo, o depoimento de um (Oramas) e outro (Estrada) são importantes. É outro ponto de vista, necessariamente diferente do nosso, sobre a guerra da Guiné... Sabemos ainda pouco sobre o papel dos cubanos cujos fantasmas eram vistos um pouco por todo o lado, na Guiné, no meu tempo (1969/71)... Só se fala do Capitão Peralta, ferido e capturado em 1969 pelos paraquedistas e libertado, já depois do 25 de Abril de 1974... Sabemos pouco sobre as misérias e grandezas da guerrilha... Quarenta anos depois, é já altura de abrirmos dossiês e corações...


Ulises Estrada Lescaille - Curriculum Vitae 

Nació el 11 de diciembre de 1934 en Santiago de Cuba, antigua provincia de Oriente. Origen social: clase media. Bachiller y Licenciado en Ciencias Sociales. Habla el idioma ingles.

Participó en la lucha clandestina en Santiago de Cuba y La Habana contra la dictadura de Fulgencio Batista en las filas del Movimiento 26 de Julio. Fue Oficial del Ejército Rebelde y del Ministerio del Interior, donde ocupó importantes responsabilidades en el Viceministerio Técnico como Director General de la Dirección V encargada del apoyo solidario de la Revolución Cubana a los Movimientos de Liberación Nacional africanos.

Participó en la lucha guerrillera del Consejo Supremo de la Revolución Congolesa en Congo Leopoldville junto con el Comandante Ernesto Che Guevara y en la guerra de liberación del PAIGCV [Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde].

Estuvo en zonas de guerra de los comandos Al Assifa contra Israel en las márgenes del río Jordán. También participó en la ejecución de la ayuda solidaria de Cuba con los movimientos revolucionarios y fuerzas progresistas en América Latina y el Caribe.

Entre 1975 y 1979 fue primer vicejefe del Departamento América del Comité Central del Partido Comunista de Cuba y Embajador Extraordinario y entre 1979 y 1990 fue Embajador Extraordinario y Plenipotenciario en Jamaica, Yemen Democrático, Mauritania, la República Árabe Saharaui Democrática y Argelia asi como Director de Medio Oriente, No Alineados y vice Ministro del Ministerio de Relaciones Exteriores.

A partir de 1990 como periodista fue jefe de Información del periódico Granma Internacional, órgano oficial del Comité Central del Partido Comunista de Cuba, periodista del periódico El Habanero, órgano oficial del Comité Provincial del Partido en la provincia de La Habana, director de la revista Tricontinental de la Organización de Solidaridad con los Pueblos de África, Asia y América Latina y periodista de la revista Bohemia.

Ha escrito cientos de trabajos en diferentes géneros periodísticos en medios de prensa cubanos y extranjeros. Ha escrito tres libros.


Título da Comunicação > O internacionalismo cubano e participação de Cuba no esforço da guerra de libertação da Guiné-Bissau

Sínopse da Comunicação

La ponencia refiere las condiciones existentes en Guinea Bissau bajo el colonialismo portugués y la decisión de su pueblo de alzarse en armas en la lucha por su independencia nacional bajo la guía política y militar del compañero Amilcar Cabral y el PAIGCV impulsando la conciencia y unidad nacional hasta lograr la victoria.

En este contexto, como a partir de la reunión de Amilcar con el Che Guevara a finales de 1965 y posteriormente con el Comandante en Jefe Fidel Castro, se inicio la ayuda solidaria de la Revolución Cubana con instructores y combatientes militares, médicos y personal para médico, medicinas, alimentos, armas y municiones, aperos de labranza, uniformes y becas de estudio, hasta que alcanzó su independencia de Portugal. (...)


Fonte: Guiledje: Simpósio Internacional [Página oficial do Simpósio já não disponível, inserida na sítio da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau] [LG - 3/11/2014. Ulisses Estrada morreu, entretanto, em 26/1/2014, em Cuba]

Outros elementos curriculares:
Dias com el Che, por Ulises Estrada Lescaille. Revista Tricontinental, Cuba.
(...) "Al salir de Cuba, el Che había dejado a Fidel, a quien calificaba como su guía revolucionario y amigo, la carta de despedida ante el llamado de otras tierras del mundo. La campaña internacional, cargada de infamias y especulaciones, más la preocupación y dudas de algunos amigos fuera de nuestras fronteras sobre la supuesta "desaparición" del Che, fueron aplastadas cuando Fidel decidió dar a conocer esa carta, a la vez que envió al comandante José Ramón Machado Ventura, entonces ministro de Salud Pública, a explicarle al Che las razones de su publicación, así como la situación existente y la creación del Partido Comunista de Cuba y su comité central, del cual, por razones obvias, no formaba parte.

"En el recorrido que realizara por el continente africano, profundizó en sus conocimientos sobre la lucha de liberación nacional que desarrollaban los movimientos anticolonialistas, con muchos de los cuales se entrevistó, y les ofreció la ayuda solidaria de Cuba. Esa fue la razón por la que viajé en el barco Uvero entregando alimentos, ropa, medicamentos y armas a los movimientos revolucionarios, entre ellos el Partido Africano para la Independencia de Guinea Bissau y Cabo Verde, dirigido por el legendario Amílcar Cabral.

"El periplo concluyó en Dar es Salaam, República de Tanzania. Allí llevamos suministros destinados al Frente de Liberación de Mozambique (FRELIMO), al Consejo Supremo de la Revolución (CSR) y para el grupo de asesores militares cubanos en el Congo". (...)





Ulises Estrada é autor de Tania: Undercover with Che Guevara in Bolivia (Paperback, June 2005).

De seu nome, Haydée Tamara Bunke Bíder, nasceu em 1937, na Argentina, sendo de origem judaico-alemã. Os pais fixaram-se, depois da guerra, na Alemanha comunista. Tânia, uma mulher inteligente, apaixonada, sedutora e controversa, aderiu à Revolução Cubana. Torna-se espia dos cubanos e faz, na Bolívia, à guerrilha de Che Guevara. Morre aos 30 anos, em 1967, numa emboscada.





Oscar Oramas - Curriculum Vitae

Nació en San Fernando de Camarones, Provincia de Cienfuegos, Cuba, el 12 de noviembre de 1936.

Doctor en Filosofía. Actualmente hace una Maestria en Historia del Arte, con la tesis: La impronta de la música en la identidad y la psicología social del cubano.
Es autor de los libros:

Amílcar Cabral, más allá de su tiempo, publicado por la Editorial Côte Femmes de París y Amílcar Cabral, para além do seu tempo, Editorial Hugin, Lisboa;
Las personalidades políticas más descollantes en el proceso de descolonización de África, publicado por la Editora Política de La Habana;
Estados Unidos: su otra cara, publicado por la Editora Política de La Habana,
El alma del cubano: su música, publicado por la Editorial Prensa Latina,
Los desafíos del siglo XXI, publicado por la Editorial de Los Andes de Venezuela,
Miel de la vida: el bolero, publicado por la editorial Vinciguerra de Buenos Aires.

Pendientes de publicación están los siguientes títulos: "Sueños traficados”, “La música de los árboles” y “Countdown to Sunrise”, “Los Ángeles también cantan”, “La Gloria tiene un nombre: Chucho Valdés”.

Fue Embajador de Cuba en Republica de Guinea, Malí, Angola, Sao Tomé y Príncipe y Las Naciones Unidas, así como Director de África del Minrex y Vice-Ministro de dicho Ministerio.

Durante 10 años fue funcionario de la Secretaria de las Naciones Unidas de lucha contra la Desertificación y coordinador de la misma para América Latina y el Caribe.

Recibió en octubre de 2005 la Medalla Amílcar Cabral de Primer Grado, otorgada por el Gobierno de la República de Cabo Verde.


Título da comunicação >  Contribuição e participação cubana na luta de libertação nacional da Guiné-Bissau: dados, números e factos

Sinopse da comunicação

Un hito en las relaciones de Cuba con Guinea Bissau y Cabo Verde lo constituyo el encuentro entre, Amilcar Cabral y el Guerrillero Heroico, Ernesto Guevara, celebrado en Conakry en los albores de 1965. Ya ellos habían conversado en Accra y el Che expreso su deseo de visitar el territorio liberado. Producto de esas conversaciones, zarpa del puerto de Matanzas, el barco Uvero, con productos alimenticios, medicamentos, uniformes, productos agrícolas y armamentos para el PAIGC.

El comandante Jorge Serguera es el encargado de entregar esa primera ayuda de Cuba al PAIGC, en la capital de la República de Guinea, en Conakry. Con ese hecho se sello una amistad, entre nuestros pueblos, que la vida se ha encargado de mostrar cuan perecedera ha sido. Fue una muestra palpable de la solidaridad humana y por parte de Cuba, una muestra de gratitud para con los pueblos que un día fueron obligados a emigrar a América y allí nos crearon.

En 1965, Amilcar Cabral al frente de una delegación viaja a la Habana, para participar en la primera Conferencia Tricontinental de solidaridad con los pueblos de Asia-África-América Latina. En esa oportunidad, el Comandante en Jefe, Fidel Castro invita a Amilcar Cabral a visitar las montañas del Escambray y en una fría mañana, discuten, en presencia del comandante Manuel Pineriro Losada, el envío de consejeros militares, armamentos y personal medico para apoyarlos en la lucha contra el ocupante colonialista portugués.

En mayo de 1966 llegan los primeros consejeros militares cubanos y los médicos, así como material militar. Desde ese entonces hasta el día de la independencia Cuba trabajó codo con codo, junto a vuestros valerosos combatientes por alcanzar ese don tan preciado para el hombre, como lo es, la independencia.

Algunas semanas después del aquel memorable encuentro, el Jefe de la revolución cubana envía una pequeña delegación a Guinea, con el propósito de estudiar las condiciones del terreno, de analizar la situación de la lucha armada y determinar la ayuda que Cuba pudiera brindar y que fuera más eficaz para la lucha.

La presencia cubana debía mantenerse en secreto, para evitar incidentes internacionales. Y había que proteger la vida de los cubanos, según dispuso el PAIGC. Los cubanos fueron enviados al comando central del frente sur, a la región de Bochisance, otro grupo es situado en Madina Boe y un tercer grupo es destinado a permanecer en la retaguardia, en la villa de Boke, donde están los principales servicios médicos de PAIGC.

La experiencia de los militares cubanos se trasmite inmediatamente a los responsables militares del PAIGC, es decir: explorar el teatro de operaciones, los objetivos que deben ser blancos de la artillería, la organización de los repliegues de los combatientes. Hasta ese entonces el ejercito portugués o tugas, como los llamaban ustedes, se lanzaban sobre los combatientes en los momentos de la retirada, pero las nuevas tácticas de combate, lo obligan a ser más cauteloso, pues se les castiga. Aumenta el uso de la aviación por parte del colonialista, ventaja de cierta significación en esa contienda y contra la cual hubo que protegerse.

El 10 de noviembre de 1966, un cuartel de Madina Boé es atacado por las fuerzas del PAIGC, con la participación de instructores militares cubanos. Es una operación dirigida por el comandante Domingo Ramos, heroico guerrillero. El responsable de la ayuda para África, Ulises Estrada, es uno de los participantes en esos hechos y Domingo Ramos tratando de protegerlo es herido mortalmente por la esquirla de un obús de mortero. No pudo llegar a tiempo al hospital el combatiente, pero el gesto y la sangre unieron como los dedos de una mano a los hijos de ambos pueblos.

Combatientes militares fueron entrenados en las escuelas especiales cubanas, allá en Cuba. Decenas y decenas de jóvenes surcaron los mares hacia el Caribe, pero esta vez, para prepararse en muchas disciplinas y ser los que en el futuro asegurarían el porvenir del país. El PAIGC pensó en el futuro, al mismo tiempo que luchaban por el hoy, y Cuba, consciente de la necesidad de forjar a los profesionales del mañana, no vaciló en apoyarlos. Era la lucha de todos por la justicia, por liquidar la noche colonial y por garantizar que la libertad solo prevalece si los hijos de un pueblo se preparan adecuadamente para encarar la dura tarea del desarrollo socio económico.

Las armas enviadas no se cuantifican, las toneladas de azúcar, los medicamentos, todos los productos donados, aunque, y en la medida de las posibilidades de la pequeña Cuba, nunca dejaron de fluir hacia ustedes, pero lo trascendente aquí, es que ningún obstáculo amilano, o hizo retroceder la decisión de los combatientes internacionalistas cubanos, o de la dirección de la Revolución cubana, por luchar junto a ustedes. Ustedes, en la lucha se hicieron acreedores del sacrifico de seres humanos que se separaron de sus familiares más queridos, para correr la misma suerte, para ser victimas de las balas o del paludismo u otras enfermedades, del hambre o de las heridas en combate.

El significado del ataque al cuartel de Guiledje y las diferentes acciones combativas de las Fuerzas Armadas de Liberación del PAIGC, constituyeron una estrategia militar y politico de gran significación en la lucha por expulsar de todas sus colonias al regimen fascista de Portugal.

El desgaste politico y militar de las Fuerzas Armadas coloniales fue el elemento catalizador de la rebelión y la llamada revolución de los claveles en Portugal. Digámoslo con absoluta convicción que el sacrificio de los pueblos de Guinea Bissau, Cabo Verde, Angola, Mozambique fructificó en las calles de Lisboa y otras ciudades de la metrópoli, aquel día, 25 de abril, cuando el ejercito cansado de cruentos conflictos, que solo servían a determinados intereses económicos y políticos, decidió dar un vuelco a la situación y tomar el poder, para democratizar la sociedad portuguesa y regresar a sus hijos de las posesiones coloniales.

Si, cuando los patriotas del PAIGC liquidaban a un colonialista estaban mostrando que eran capaces de vencer al enemigo, de obtener la victoria y al mismo tiempo, liberar al Portugal fascista de uno de los regimenes más crueles que ha conocido un país europeo. Fue esa, una gran contribución de vuestros pueblos al proceso de formación de la conciencia del hombre africano, de sus capacidades y de lo innoble y acientífico de muchas de las concepciones de supuestos pensadores de los países coloniales acerca de la inferioridad de los seres humanos del mundo colonizado.

El ataque al cuartel significo un hito en el terreno militar, pues hasta ese instante la guerrilla no había desafiado al ejército colonial en sus instalaciones. Existía la concepción de que los combates contra los cuarteles podían provocar muchas muertes dentro de los luchadores por la liberación nacional y que eso afectaría la moral de los combatientes, pero el hecho le mostró a la guerrilla su capacidad en poder inflingirle fuertes golpes al enemigo. Ustedes lucharon victoriosamente y de acuerdo a las características propias del entorno histórico, social y económico del escenario de las batallas.

Dura brega, cuando se exigía el esfuerzo cotidiano, propio de ese tipo de lucha. No es necesario recordar las vicisitudes pasadas, ellas son consustanciales con el empeño de liberar a un pueblo, pero si es preciso decir una y mil veces que la contienda fue épica y que se requirió de mucha sabiduría, coraje, determinación, disciplina, para vencer siglos de oscurantismo, los propios de la noche colonial, de duro batallar para asimilar la técnica moderna, el arte de la guerra frente a un poderoso enemigo, para hacerlo morder el polvo de la derrota.

La doctrina militar desarrollada por el PAIGC, adecuada para el contexto de la lucha de esos pueblos por la liberación nacional, concebía que el proceso fuera largo y que el desgaste de Portugal diera lugar a la independencia. La práctica demostró la pertinencia de la concepción elaborada, pues el nivel de conocimientos, de medios y fuerzas de la guerrilla, en comparación con los del enemigo era enorme, solo era favorables a la guerrilla: el conocimiento del terreno, el apoyo de las poblaciones, la justeza del hecho, la solidaridad internacional. Todos debiéramos compartir aquel aserto del máximo dirigente del Partido, Amilcar Cabral, cuando dijera: “La Lucha de Liberación Nacional es un acto de cultura”.

Todo cubano que participó en vuestra contienda se siente feliz de haberlo hecho. Martianos al fin, sentimos que cumplimos con un deber, porque para nosotros, “Patria es Humanidad”. Pudiéramos hacer muchas historias o contar incidentes, como los acaecidos en Casamance, o las vicisitudes de los médicos que de manera abnegada laboraron junto a ustedes y salvaron muchas vidas, o la de la captura y prisión del entonces capitán Pedro Rodríguez Peralta o la presencia entre ustedes de los comandantes Víctor Dreke, Raúl Díaz Arguelles y tantos otros oficiales de las Fuerzas Armadas Revolucionarias, pero no, baste decir aquí, que nos enriquecimos espiritualmente, que se escribieron páginas de glorias de principios de alta significación humana, como lo es, la solidaridad militante en la lucha por la liberación nacional de los pueblos. La independencia alcanzada por ustedes, es nuestra mayor y única recompensa.


Fonte: Guiledje: Simpósio Internacional 
[Página oficial do Simpósio já não disponível, inserida na sítio da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau] [LG - 3/11/2014]
______________

Notas de L.G.:

(1) Vd. postes de:

11 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P951: Antologia (47): Um médico cubano no Morés e no Cantanhez (Domingos Diaz, 1966/67)

12 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P956: Antologia (48): Félix Laporta, o primeiro cubano a morrer, num ataque a Beli, em Julho de 1967

18 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P967: Antologia (51): Os combatentes cubanos ou a mística da guerrilha (Victor Dreke)

(2) Vd. as revelações do Mário Dias sobre o Domingos Ramos, seu amigo e camarada do Curso de Sargentos Milicianos de 1959:

2 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCI: Domingos Ramos, meu camarada e amigo (Mário Dias)

2 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCIII: Domingos Ramos e Mário Dias, a bandeira da amizade (Luís Graça / Mário Dias)

2 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCIV: O segredo do Mário Dias, ex-sargento comando

12 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2343: PAIGC - Quem foi quem (5): Domingos Ramos (Mário Dias / Luís Graça)

20 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2461: Blogoterapia (38): Dois heróis, dois homens com valores, Domingos Ramos e Mário Dias (Torcato Mendonça)

(3) Vd. post de 14 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P960: Antologia (49): Oficialmente morreram 17 cubanos durante a guerra