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quinta-feira, 9 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4662: Tabanca Grande (159): António João Sampaio, ex-Alf Mil da CCAÇ 15 e Cap Mil da CCAÇ 4942/72 (Guiné, 1973/74)

1. Mensagem de António João Sampaio, ex-Alf Mil na CCAÇ 15 e Cap Mil na CCAÇ 4942/72, Barro, 1973/74, com data de 8 de Julho de 2009:

Caro amigo
Desde o passado dia 20

Como vizinho aqui em Leça, abuso ao mandar-lhe algum material. Já mandei ao Graça ainda antes de Monte Real sobre um comentário que está inserto no blog sobre a 4942/72 em Barro, que ainda não vi publicado. Mais tarde em 24 de Junho mandei mais uma página (só aos poucos é que vou conseguindo alguma coisa) que ainda não vi também publicada.

Admito que da minha parte houve duas falhas de extrema importância. Não mandei nenhuma das fotografias pedidas e também não me identifiquei suficientemente.

Para si mando um documento com 3 fotos (actual, CCAC 15 e 4942) e outro que é a tal 1.ª página de algumas recordações do que por lá se passou.

Peço também ajuda para tentarmos encontrar o camarada Alf. Lima, que foi um companheiro inestimável.

Obrigado.


Agora... quem sou eu

António João Sampaio
Parambos – Carrazeda de Ansiães

05983269
Alferes na CCAC 15
Capitão na 4942/72

Hoje:
Médico Veterinário (reformado por invalidez)
Consultor na área empresarial na AEP (Parque Invest)
Residente em Leça da Palmeira

Sou novo nestas andanças deste Blogue.

Obrigado ao Luis Graça por ter aberto a porta do sótão a muitos que, provavelmente como eu, teimavam em não deixar sair a poeira.

Graças ao amigo Mexia Alves, meu padrinho na CCAÇ 15, já estive presente no Encontro do Paúl, este ano e prometo que vou mandando notícias à medida das possibilidades e dos acasos.

Da minha estadia naqueles azimutes, faço questão, a não ser que o impeçam, de dar conhecimento do que de relevante foi ocorrendo.

Por questão de a propósito não vou respeitar a ordem cronológica das histórias mas terei sempre o cuidado de as enquadrar no tempo.

Como súmula de todo o tempo, este amigo foi para a Guiné em Outubro 1973, fazer o CCC. Saiu-lhe na rifa a CCAÇ 15. Passou Abril e os primeiros dias de Maio no continente e seguiu novamente para o CTIG, até ao fim da nossa presença.

E agora o folhetim, que o meu amigo fará o favor de filtrar como bem entender, por forma a não se tornar chato.

Um abraço
António Sampaio



Contributo sobre a CCAÇ 4942/72
O encontro


Tudo o que aparece na Blogue corresponde à verdade.

Eram uns valentes que conseguiram resistir à Guiné, ao IN e também às outras adversidades, que provavelmente não foram as menos importantes e de quem guardo grandes e boas recordações.

Era um grupo heterogéneo, soldados Madeirenses com um número significativo de refractários e alguns desertores (O Mosca era um deles salvo erro), com graduados e também alguns especialistas do continente. Guardo deles uma imensa saudade e para isso nada melhor que recordar.

O nosso encontro foi completamente casual.

Tinha acabado de chegar a Bissau, onde como é sabido, por norma se passavam alguns dias a gozar a messe e a piscina.

Para um recém graduado capitão era esperada uma estadia de dez a quinze dias até haver colocação.

Mas eis que de repente (que me desculpe o Júlio Dantas), ainda não tinha aquecido a cadeira, surge o impedido do Cmdt da 1.ª Rep (Ten Cor Delgado, salvo erro) que me informa que sou chamado de urgência ao QG.

- Ó Sampaio, também sou ex-aluno do Colégio Militar (situação incontornável para qualquer ex-aluno), temos um problema com a Companhia de Barro que tem de ser resolvido por gente com o nosso perfil (??????????), blá, blá, blá, blá, blá, blá. Embarcas no TAIGP com o Pombo amanhã da manhã para Ingoré. Vai contigo o Alf Comando Africano ??? que vai tomar conta da CCaç de Bigene e vai ficar directamente ligado ao comando de Barro até se fazer a ligação com o Batalhão de Ingoré de quem os dois vão depender operacionalmente.

Assim, setenta horas depois de ter aterrado em Bissalanca no célebre Boing 707 dos TAM, pilotado pelo Major Quintanilha e sua tripulação. Como gostava de conhecer o homem que me levou das duas vezes para a Guiné para lhe agradecer o valente cagaço que nos pregou quando na primeira vez se apresentou.

- Fala-vos o Major Quintanilha. Sobrevoamos neste momento Dakar, capital do Senegal, país com quem Portugal não mantém relações diplomáticas. À nossa asa poderão ver dois Fiat que tentarão evitar que sejamos atingidos por um míssil inimigo. (Foi a maneira encontrada para dar as boas-vindas e o povo agradeceu)

O que transcrevo foi a informação exacta que me deram da situação em que me iam meter.

A realidade só mais tarde a descobri. Primeiro em Ingoré onde me foi feito o ponto da situação conhecida e nessa noite já em Barro, onde a CCS do Batalhão de Ingoré me foi levar, já que de Barro ninguém respondia às mensagens rádio que foram sendo enviadas desde as 10 horas da manhã até cerca das 4 da tarde.

Com a escolta da CCS de Ingoré, com um saco mochila e uma mala ainda não desmanchada desde Lisboa, cheguei por volta das 5 da tarde ao que era suposto ser o quartel de Barro, mas onde não se via ninguém fardado, não havia porta de armas e o que havia mais dentro das instalações era africanos da aldeia.

Passados uns minutos, já no chão da parada e só, porque tinha mandado a escolta embora, apareceu o primeiro branco, à civil que me disse ser o Alferes Lima.



3. Comentário de CV:

Caro camarada António Sampaio, de acordo com as normas vigentes na Tabanca Grande, entre os Tertulianos não há qualquer distinção entre os antigos postos militares, estes servem apenas como referência à nossa actividade como ex-combatentes; idades, somos todos velhos companheiros de luta; habilitações literárias; profissão, assim como a posição que cada um ocupa presentemente na sociedade. Isto, porque só uma coisa nos une, a Guiné. Une-nos aquele chão, aquele povo, aquelas matas, as horas difíceis que vivemos, a fome, a sede e tudo o mais que descrevemos nas nossas memórias.

Posto isto, em nome da Tertúlia, deixo-te um abraço de boas-vindas, com votos de que venhas, com as tuas histórias, aumentar as nossas páginas recheadas de testemunhos, contados por aqueles que sentiram na própria pele os efeitos daquela guerra.

Antes de terminar chamo a atenção para o pedido do nosso novo camarada António Sampaio que quer localizar o Alf Mil Lima que foi encontrar em Barro.
CV
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 4 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4640: Tabanca Grande (158): José Albino P. Sousa, ex-Fur Mil Inf do Pel Mort 2117 e BAC 1 (Bula e Tite, 1969/71)

terça-feira, 26 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4417: Tabanca Grande (148): Jorge Teixeira, ex-Fur Mil da CART 2412, Bigene, Guidage e Barro (1968/70)

1. Mensagem de Jorge Teixeira, um outro Jorge Teixeira e novo tertuliano que quer atabancar na nossa Caserna Virtual, com data de 24 de Maio de 2009:

Caro Carlos Vinhal,
Camarada

Sou Jorge Teixeira, (jteix- veterano de guerra), ex-Furriel Milº Art da CART 2412 -1968/70, em Bigene - Guidage - Barro, no CTIG.

Para não me confundirem com o outro Jorge Teixeira, membro das duas Tabancas, me intitulo sómente por J.TEIXEIRA. Esse outro Teixeira é do meu curso e fizemos praticamente o mesmo trajecto até à Guiné, ou seja RI5 - EPA - GACA3 - CTIG.

Já que falo em Teixeira's, ainda há um outro, o Zé fermero como ele diz, que fomos e espero continuar a ser, amigos, (e camaradas), mas do tempo em que éramos adolescentes, jovens e bons rapazes, na mesma freguesia, aqui na Invicta cidade do Porto, de que me orgulho pertencer.

Vem esta conversa toda a propósito, de que aqui há tempos ao ver o vosso/nosso blogue, me apareceram escarrapachadas as fotos destes dois meliantes, que já não via há 40 anos. Vai daí pus-me a pesquisar, e até ir almoçar ao Milho Rei, foi um passo.

Nesse almoço, ostentava como habitualmente, na lapela do casaco (vidé foto), uma barreta que representa a medalha atribuída aos ex-combatentes no fim da comissão, nas campanhas, neste caso no Ultramar.

Quando me perguntaram o porquê, expliquei-lhes que era a melhor forma que tinha encontrado para me identificar perante desconhecidos e a quem interessar, como um ex-combatente, veterano de guerra e dar-me a conhecer como tal.

Alguns, acharam a ideia interessante e o Portojo (Teixeira) até sugeriu que elaborasse um texto para ser publicado no blogue da Tabanca de Matosinhos, o que de facto veio a acontecer no P134 (*). O dito Teixeira, o outro, que o publicou, achou que poderia ter mais impacto e divulgação, se fosse publicado na Tabanca Grande.

Que o levasse à vossa apreciação e consideração, disse.

É o que agora estou a fazer, se acharem que tem algum interesse publicar para divulgar.

Então o texto dizia assim:

Quantas vezes nos cruzamos na rua com alguém que julgamos conhecer,
ou nos faz lembrar algum camarada dos tempos da guerra já longínqua, mas sempre presente?

Passados 30/40 anos, é natural a dúvida, já temos uma barriguinha a mais, uns cabelos brancos, quando os há, etc,etc... estamos diferentes, mas... quase, quase parecidos.

Quantas vezes temos vontade de o abordar para esclarecer, mas faltou-nos a coragem?
A dúvida persiste e... subsiste e perde-se a oportunidade.
Mas, e se o contactamos e é engano? Pode haver má interpretação e até desconfiança.
Nunca vos aconteceu? A mim já.

É frequente ver na roupa dos homens (e das mulheres também), emblemas, (agora diz-se pin's) do clube a ou b, até do partido y ou z, emblemas quadrados, redondos, assim, assim, laços, fitas e até a marca da camisa ou da camisola e que pagamos para fazer propaganda... de borla.

E vem esta lenga-lenga toda, a propósito de quê, perguntam vocês? Vá lá, perguntem?

O que é que isto tem a ver com VETERANOS DE GUERRA, ex-Combatentes?
Este gajo já está apanhado do clima, é o stress pós... qualquer coisa, querem ver.

Vá lá, então, perguntem?

Pronto, pronto eu digo:

Porque não haver algo, que nos identifique como VETERANOS de GUERRA, para que quando nos cruzamos com alguém e nos faça lembrar algum dos nossos, não haver dúvidas?

-Olha ali vai mais um camarada (já há poucos), ex-combatente... e já é veterano.

-Olá estás bom? Então, a que BANDO pertencias? Em que Bu...rako... o que fazias...?

Lembram-se da estória publicada no P4368 Raízes (**), que mete tatuagens? Nem de propósito.

-É pá, estiveste no mesmo sitio que eu, só que...
Ou simplesmente... bom dia camarada, ou boa tarde muito prazer. Bô note, dá-me lume se faz chavor?

Eureka!!!

Mas nós temos uma identificação, e práticamente só nós, que estivemos no Ultramar, a conhecemos.
Lembram-se das "barretas" (parece que é assim que se chamam, vidé foto) que recebemos no fim da comissão e que são representativas das medalhas(que não recebemos) atribuídas aos militares que estiveram em campanha, neste caso em África?

Pois bem, e porque não usá-las? Assim era fácil sabermos quem somos e quantos ainda somos.

Assim até facilitava aos políticos saberem de nós, para nos darem caneladas mais certeiras.

Quanto mais não seja para que saibam que ainda cá vamos andando,... só para chatear.

Olha e já agora me lembrei doutra:

O senhor general assim, já podia desabafar:

- Cambada, mais um que pertencia ao BANDO do arame

Eu, já a uso há algum tempo (vidé foto) e curiosamente já fui abordado por vários camaradas desconhecidos e até por alguns amigos, que já não se lembravam que além de amigos também temos em comum ser ex-Combatentes, embora nalguns casos, em sítios, províncias e alturas diferentes.
Por isso "CAMARAADASS" é só ir à caixinha das lembranças (todos temos uma, ou não, se calhar sou o único, querem ver?) e USÁ-LA. Se porventura já não sabem onde está, no Costa Braga, no Porto (passe a publicidade), custa 1,95€. Só para quem tiver orgulho em a exibir.

USA-A - IDENTIFICA-TE


... e é só, (só???), fica à vossa consideração o que acharem por bem.


2. Já agora aproveito para pedir a minha inscrição na Tabanca Grande, se acharem que mereço.

Já tenho participado com alguns comentários no blogue, só falta a história, (ou mais uma estória?).

Para o caso de ser aceite, aí vão os meus dados e respectivas fotos:

J.TEIXEIRA (só) para não me confundirem com o outro o dito cujo, meu/nosso camarada e amigo

ex-Fur Mil Art - veterano de guerra
Nascido a 26 Novembro 1945
Natural de CERVA - Ribeira de Pena - Vila Real (com dupla naturalidade, sou do PORTO)

A morar no PORTO (querido, como diz o Portojo) há mais de 63 anos, ou seja quase nasci aqui, por isso sou portuense de alma e coração, não confundir com portista (mas gosto), na Rua da Alegria

Casado (Gina), pai de dois filhos (Filipe e Daniela)
Técnico de Vendas (há 38 anos)
Reformado
...e que mais?...

Serviço Militar Obrigatório
Obrigatório e comprido, 37 mesitos (só?)

- Recruta: CSM, RI5, Caldas Rainha, 2.º Turno de 1967, dia 11 de Abril de 1967
- Especialidade, EPA, Vendas Novas, dia 25 de Junho de 1967

- 1.º Cabo Mil.º no GACA3, Espinho, dia 25 de Setembro de 1967
- Curso CIOE Lamego, dia 02 de Janeiro de 1968

- Formar CART 2412 no RAP2 Vila Nona de Gaia (Março de 1968)
- Embarque para Guiné no Uige, no dia 11 de Agosto de 1968
- Desembarque em Bissau, no dia 16 de Agosto de 1968

No CTIG a CART 2412 (e eu) esteve colocada em:

- Brá, de 16 a 29 de Agosto de 1968
- Bigene (TO/COP3), de 31 de Agosto a 14 de Outubro de 1968
- Guidage, com destacamento em Binta, de 15 de Outubro de 1968 a 08 de Março de 1969
- Barro, de 09 de Março de 1969 a Maio de 1970

- Embarque para regresso no Carvalho Araújo (ia de lado) em 05 de Maio de 1970
- Desembarque em Lisboa no dia 14 de Maio de 1970

- Passagem à peluda em 06 de Junho de 1970

...e esta é a história da minha ida à guerra, 1968/70.

Um abraço... e desculpa qualquer coisinha.
Cumprimentos
jteix-veterano de guerra
ex-Fur Mil Art
CART 2412-68/70
Bigene-Guidage-Barro


3. Comentário de CV:

Caro Jorge Teixeira, outro, o novo, o não Portojo.
Bem-vindo à Tabanca

Ficamos radiantes quando contribuímos para o reencontro de camaradas e mais ainda quando se trata de amigos de longa data, separados neste caminhar pela vida.

Quando foste ao Encontro das quartas-feiras da Tabanca de Matosinhos, foste, como dizer... à catedral. Esta tertúlia é impar, contagiando tudo e todos. Ninguém fica indiferente àquele ambiente genuíno e informal, onde quem chega, se sente em minutos, como fazendo parte da família há muito tempo.

Vamos ao que importa, porque a Tabanca de Matosinhos não precisa de elogios.
Quanto à tua ideia, sim senhor, é de apresentar à tertúlia e, por que não, de seguir. Eu, zeloso dos meus farrapitos, só ponho um senão que é o alfinete estragar o casaco do fatinho de marujo, ou como também se diz, da comunhão ou ainda de ir ver a Joana. A barreta que tenho exibe cá um alfinete que até assusta. Há algum meio menos destrutivo para fixar a dita, à roupa. E se pedíssemos conselho ao AB que é um expert na matéria?

Quanto à tua integração na nossa Tabanca Grande, está oficializada, a partir de hoje. Podes e deves é começar a trabalhar já, enviando as tuas histórias e as tuas fotografias legendadas. Andaste lá por cima pelo Norte da Guiné, relativamente perto dos locais por onde eu também andei. Bons ares, boas instalações, que mais queríamos nós? Paz e sossego que até aborrecia. Era mesmo intediosa aquela vida dentro do arame farpado, tirando algumas escaramuças, quando eles, os outros, se lembravam de nos ir despejar em cima, munições que tinham além do stock estabelecido.

Não pode faltar o abraço de boas-vindas em nome dos editores e tertúlia em geral. Não esqueças poderás conhecer alguns dos camaradas do Blogue no dia 20 de Junho no nosso próximo Encontro. Vamos ter muita gente nova presente.

Já agora vamos combinar que o Jorge Teixeira mais velhote fica a ser conhecido por Jorge Teixeira (Portojo) e tu só por Jorge Teixeira. Assim evitam-se as confusões.

Recebe um abraço do camarada
Carlos Vinhal
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste da Tabanca de Matosinhos com data de 2 de Abril de 2009 > P134-Uma ideia...com pernas para andar

(**) Vd. poste de 18 de Maio de 2009 >
Guiné 63/74 - P4368: Estórias de Mansambo (Torcato Mendonça, CART 2339) (17): Raízes...

Vd. último poste da série de 24 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4406: Tabanca Grande (147): António Rodrigues, ex-Soldado Condutor Auto Rodas do BCAV 8323, Copá, 1973/74

terça-feira, 31 de março de 2009

Guiné 63/74 - P4115: Os Bu...rakos em que vivemos (1): Banjara, CART 1690 (Parte I) (António Moreira/Alfredo Reis/A. Marques Lopes)

1. As imagens, sem legenda, que se seguem são de Alfredo Reis(*), ex-Alf Mil da CART 1690. Mostram um pouco do quotidiano em Banjara, famosa estância de férias, localizada algures na estrada Bissau/Bafatá. Podem consultar qualquer prospeto turístico. O texto é de António Moreira(*), também ex-Alf Mil da CART 1690. Este trabalho foi enviado há já algum tempo pelo nosso camarada A. Marques Lopes, ex- Alf Mil At Inf, CART 1690 (Geba) / CCAÇ 3 (Barro) (1968/69, actualmente Cor DFA Reformado. Achamos por bem recuperá-lo nesta altura. CV Localização de Banjara no Google Fotos: © Alfredo Reis (2009). Direitos reservados. 2. A vida em Banjara (I) Este texto é do meu camarada António Moreira, ex-alferes miliciano da CART1690. Entre parênteses rectos alguns comentários meus. O Moreira esteve dois meses seguidos em Banjara depois de eu ter sido ferido. O que sucedia é que era eu que, na altura, fazia os abastecimentos aos destacamentos da companhia. Nessses dois meses ninguém lá foi. Comeram o que conseguiam caçar, até cobras e macacos... O nosso camarada Fernando Chapouto sabe também como era Banjara. «Banjara fica situada a cerca de 40 Km de Geba e a cerca de 20 Km de Mansabá, na estrada Bissau/Bafatá. Fica no coração da mata do Oio, e teve, antes da guerra colonial, uma unidade industrial de serração de madeiras. Pertencia, durante a guerra, à área de actuação da Companhia de Geba, do Batalhão de Bafatá. [Cabe aqui um parêntesis para dizer que aquela serração em Banjara pertenceu ao português Fausto Teixeira: "Antifascista desde a sua juventude, via-se no comportamento de Fausto Teixeira toda a história de um velho democrata que amou profundamente a liberdade, lutou por ela e acbou por ser vencido pelas forças da repressão e do mal. No entusiasmo e dedicação que pôs no cumprimento desta arriscada missão, sentia-se todo o seu orgulho em poder participar na luta que então travávamos, também pela liberdade, contra os mesmos inimigos". Isto diz Luís Cabral no seu livro Crónica da Libertação, aí referindo também que a missão do Fausto Teixeira foi ajudá-lo na sua fuga para o Senegal, em 1960, levando-o no seu "Peugeot 203 pintado de cor azul forte" desde as Oficinas Navais do porto de Bissau até perto da sua serração, de onde Luís Cabral seguiu a pé até a uma aldeia senegalesa, passando por Fajonquito.] Banjara gozava da fama, e do proveito, de ser o segundo pior destacamento da Guiné, a seguir a Beli, na zona de Madina do Boé. Não apenas pelos ataques mas, sobretudo, pelo perigo que representava, por estar muito isolado da Companhia, e por estar cercado por uma cintura de destacamentos IN, que vigiavam de fora do arame farpado e do alto das gigantescas árvores que o envolviam todos os movimentos da nossa tropa [tinha Sinchã Jobel do lado sul e Samba Culo do lado norte]. O destacamento era constituído por uma caserna, quatro abrigos subterrâneos e um posto de comando, que era uma casa abarracada, sem portas nem janelas, por onde os sardões e as cobras vagueavam livremente, sem nenhum obstáculo que lhes barrasse a passagem, a não ser a presença humana. Tinha ainda outros abrigos à superfície. A envolver este destacamento, que no essencial era uma clareira circular com cerca de mil metros de diâmetro, duas fiadas de arame farpado paralelas e em círculo. O capim era necessário cortá-lo de dois em dois meses, para evitar a aproximação camuflada do IN. As casas de banho, como é de calcular, eram a céu aberto. A guarnição deste destacamento, comandado por um Alferes, variava entre 60 a 80 homens, normalmente (houve alturas em que tinha só um pelotão), bem armados e disciplinados, capazes de aguentar debaixo de fogo uma boas dezenas de horas. O seu comando era rotativo e por lá passámos os mais longos meses da nossa juventude, então com 23 anos, e responsabilidades tremendas em cima dos galões de Alferes. A paisagem envolvente era de uma beleza indescritível, com dezenas de cajueiros, mangueiras, árvores gigantes, capim e as célebres lianas. O barulho ensurdecedor dos milhares de pássaros e a vozearia nocturna da mais variada bicharada, desde macacos a hienas, tornavam aquele ambiente um mistério todos os dias renovado. O dia, em Banjara, iniciava-se naqueles anos (1967/1968), por volta das 18 horas. A essa hora o Comandante mandava distribuir a 3ª refeição, e as sentinelas avançadas ocupavam os seus postos. Toda a gente vestia então o seu camuflado, calçava as botas e recarregava as armas. Não é que de dia estivessem todos a dormir, mas durante a noite entrava-se em alerta máximo. Durante a noite era rigorosamente proibido acender luzes, fazer fogo e fumar à vista desarmada para não denunciar a presença e a localização de ninguém. Tomada a 3ª refeição e colocadas as sentinelas, que eram sempre dobradas, iniciava-se toda uma série de rondas de posto a posto, podendo os soldados que estavam de folga, e só nos abrigos subterrâneos, jogar cartas, conviver e confraternizar, pôr a correspondência em dia, etc. De vez em quando dormia-se uma hora ou duas mas sempre em sobressalto, e sem a mínima tranquilidade. Posso dizer que durante o tempo que passei neste destacamento não dormi uma única noite descansado. Durante a noite, de vez em quando, uma sentinela nossa dava um tiro, à aproximação do arame farpado de um macaco ou qualquer outro bicho (podia não ser...). Logo todos corriam para as armas pesadas e, normalmente, o IN respondia com dois tiros ao longe. Então a nossa sentinela, aquela ou outra, respondia passado algum tempo com três tiros. A seguir a resposta de novo do IN, então com 4 tiros. Era um jogo macabro, que nos mantinha constantementevivos e despertos. O dia amanhecia, então, e, pelas 7 da manhã, iniciava-se a distribuição da 1ª refeição. As horas mortas do pessoal eram gastas, durante o dia, à caça, quando isso era possível e o capim estava seco e caído no chão, a jogar cartas, pôr a correspondência em dia e jogar futebol. O jogo de futebol era normalmente diário, mas sempre a horas diferentes, para não se cair na rotina, e sempre com os abrigos guarnecidos de atiradores. Terminada a 1ª refeição iniciavam-se os trabalhos de rotina, para o que o efectivo estava dividido em 4 grupos, cada um deles composto por 15 ou 20 homens, comandados por um sargento.Um grupo estava de serviço à água e à lenha para as refeições. Os banhos eram tomados na bolanha a um quilómetro do arame farpado, e sempre com 10 ou 12 homens armados em vigia. Outro dos grupos era o piquete que realizava, normalmente, uma patrulha de reconhecimento nas imediações do aquartelamento. O terceiro grupo estava de prevenção rigorosa e o quarto estava de folga. Este destacamento tinha apenas uma coluna de reabastecimento por mês, no máximo, mas chegava a estar mais de 2 meses sem alimentos frescos e sem correio. Não havia população civil, apenas militares. [Em Outubro de 1969, quando a CART1690 saíu de Geba, a CCAÇ2406, que estava em Mansabá, colocou um pelotão em Banjara. No entanto, saíu de lá em Janeiro de 1970, sendo o destacamento desactivado] 3. Nota dos Editores: Nem sequer tínhamos bunkers, a sério, de luxo, de cinco estrelas. Construídos pela Engenharia Militar à prova de canhão sem recuo, morteiro 120, foguetões 122, etc. Fala-se da ‘bunkerização’ da guerra da Guiné… Mas isso é um eufemismo, se não mesmo um insulto. Bunkers ? Buracos, valas, bidões cheios de areia, placas de zinco… Guileje era um pequeno luxo (que nos perdoem os camaradas que lá penaram, sofreram e morreram) comparado com Banjara e outros Bu…rakos onde vivemos, dormimos, lutámos, gritámos, respirámos, sangrámos, suámos, chorámos… Camaradas e amigos: Estas foram as ‘estâncias turísticas’ onde passámos as melhores ‘férias’ do mundo, pagas com o dinheiro dos contribuintes portugueses… A sério, queremos aqui falar dos piores Bu…rakos da Guiné do nosso tempo. Das estações do nosso calvário. Da geografia da fome, da dor, da guerra, da alienação. Para que a memória, volátil, chegue até à geração dos nossos filhos e netos. Não queremos estátuas nas nossas vilas e cidades, de estética kitsch, queremos apenas não sermos ofendidos e humilhados pelos nossos contemporâneos e pelos nossos descendentes, do Governo à comunicação social. A pior ofensa e humilhação, para um ex-combatente que deu o melhor à sua Pátria, é a indiferença, o cinismo, o esquecimento, a desvalorização do seu sacrifício. Ironia à parte, queremos mostrar e documentar aqui alguns dos sítios por onde passámos e que as nossas mãezinhas nunca sonharam. Rapazes, toca a trabalhar. Os editores, LG/CV/VB __________ Nota de CV: (*) Vd. poste de 10 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2424: Álbum das Glórias (37): Os alferes da CART 1690 ou uma estória de amizade e camaradagem a toda a prova (A. Marques Lopes)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Guiné 63/74 - P2987: Os nossos regressos (1): Lisboa, dois anos depois (Virgínio Briote)

O Uíge zarpou à hora prevista, mais minuto menos minuto. Tripulação civil e transporte de tropas, quase todos com as comissões terminadas. Como era costume naqueles tempos os oficiais e sargentos tinham direito a camarotes, as praças iam lá em baixo, nos porões. Repartia o compartimento com o capitão Viegas. Um homem calado, as falas que bastavam, mais simpático ainda. Não era tempo para grandes conversas.

Último jantar no Uíge. Serventes fardados, mesa com Vista Alegre e Cristofle, uma alegria entristecida.

Texto e fotos: © Virgínio Briote (2008). Direitos reservados

Ao jantar, o comandante do navio com o comandante de bandeira ao lado, deu-lhes as boas-vindas, desejou-lhes boa viagem. Que iriam directos a Lisboa, sem escalas. Que bom, ao menos isso. Depois jantaram com aquelas cerimónias todas que a marinha, seja mercante ou de guerra, gosta de se tratar bem e gosta também que se veja. Quando terminaram, Bissau era uma mancha iluminada, já muito longe.

Encostado à amurada, ficou sozinho, a olhar para trás. Uma brisa fresca, continuava febril, os olhos com água. O que fiz aqui, que levas na memória? Voltarias a esta Guiné, outra vez de arma na mão? Farias o mesmo, da mesma maneira?

Farim, o Ten Coronel Cavaleiro, o Mealha, o infeliz do capitão de Cuntima, o Didi, o Fininho do bar. O enxerto de porrada que vira um deles dar a um negro que caíra na emboscada em Sitató. As mãos, os nós dos dedos, e o infeliz não dizia nada, não sabia nada. A cena do batuque. O pedido que lhe tinham feito para fazerem uma festa entre eles. Que sim, mas só até às 11 da noite. O batuque, muito para lá da meia-noite, não parava nem com o piquete ali, à espera que tudo acabasse. A ordem que dera para darem por finda a festa. Vai já, vai já e nunca mais acabava. A tropa a querer descansar, iam sair lá para as cinco. Pega no gajo e manda-o parar a merda do batuque. Porrada no gajo, o tipo no chão aos gritos, os batucantes em alvoroço. Parou tudo. Começou foi uns dias depois, um auto de averiguações e, se houvesse matéria, um auto de corpo delito, que só não teve seguimento porque o Ten Coronel de Farim lhe pôs ponto final. O administrador de Posto, civil, vira tudo de longe, fizera uma participação ao Governo-Geral, a relatar o que vira, soldados a espancar nativos. A psico, que chatice, a dar passos para trás. Tempos depois, o Ten Coronel pegou-lhe num braço, levou-o para um canto, quis ouvir a história da boca dele. Mandou vir à sua presença, o oficial responsável pelo processo de averiguações, pô-lo ao corrente do que ouvira do alferes. Antes de terminar, ouvira-o dizer, não se bate nestes gajos, nunca permita uma coisa dessas, ouviu? O que lhe custara mais nesta história foi a reacção do Didi, o camarada de Cuntima. Se eu for chamado a depor, ficas avisado que vou testemunhar contra ti. Não se bate em ninguém, muito menos num desgraçado que não se pode defender contra uns gajos de G-3 na mão! Custara-lhe ouvir, é certo, mas acabara por aceitar. Voltaram a falar-se e voltaram a ficar amigos, mais tarde.

Meses depois, lançados num final do dia na zona de Canjambari, nem queria acreditar, viu o saco, o que o capelão das calças do cocó lançara do Dornier! Não pode ser. Mas era o mesmo saco do pão, a olhar para ele, formigas brancas, enormes por todo o lado, o saco todo roto. Os gajos de Canjambari, do alferes ao corneteiro, todos com os cabelos oxigenados, a gargalhada interrompida com as duas morteiradas da praxe.

A bela mulata escura de Cuntima, que reencontrara quando lá voltara, sentados no alpendre da casa dela, com a noite a abrigá-los. A estadia em Barro e Bigene a dar-lhe a volta, a marcá-lo. Achas que a tua presença foi benéfica para a população, como te disseram tantas vezes? O Rasas que conheceste, os outros Rasas todos com quem tiveste de conviver, em quartos espalhados por Buba, em Tite, no Xitole, em Mansoa, no Hospital, pela Guiné toda. Até o Rasas tu encontraste em ti, não uma vez, mas muitas, vezes demais. O Joaquim com as costas todas furadas, eram balas 7,62, nossas, de quem havia de ser, o médico "legista" para ele, uns dias depois. O Kássimo, voz de menina, um bailarino no mato, o Roberto e a carta da mulher endereçada ao capitão Leandro. A nossa filhinha morreu, cuidado com o meu marido, peço-lhes por tudo, senhores alferes e capitães, por tudo! Desenrasque-se, alferes, o capitão a assinar no envelope.

O Matos, o miúdo do AN-PRC10 com a coronha partida da G3 no meio do fogaréu, e agora, que porra? O Álvaro com um estilhaço alojado no ombro. O Caeiro, um bigodinho fino que lhe raparam no hospital, para lhe tirarem areia e pedacinhos de ferro da cara, o Angola, um grande soldado. A saída prematura do Furriel Azevedo e a falta que fez.

E o Silva à procura da sua morte, mais de quinze dias depois de terminar a comissão, uma azelhice sem retorno. E logo ali, um minuto antes ou depois, um guerrilheiro desesperado, arma branca na mão para os dois metros curvados do Albino. A MG-42 naqueles dedos de artista, a desenhar a cara de um gajo com um cigarro na boca, até o fumo subia. A carta do padre da terra do Silva a querer saber pormenores. Que é que este gajo quer que eu diga? Desenrasque-se, escreva qualquer coisa que fique bem, o capitão sempre a chutar. O Guimarães das Taipas, um falador e o Mamadú Djaló que só falava quando alguém se dirigia a ele. O Moura, um beirão com pouco mais de metro e meio de alegria, o Bacar Djassi do caso de Barro, "intelectual" e com vontade própria, um assunto bem arrumado. O Black, o Pascoal, o valente Carvalho, um alentejano de força, a quem dera o fato novo que comprara em Lisboa, numa alfaiataria junto ao elevador de Santa Justa, um dia antes de embarcar. Para que queres o fato, pá? É um azul invulgar, lindo, o Leite, o tal apanhado à mão em Sare Bacar, a opinar. Mudara de cor em Bissau, parecia um espelho, um azul eléctrico, faíscas para todo o lado. O Caleiro, calças numa poça escura, sem um ai, encarrapitado nas costas de um deles a caminho do heli, amor de Mãe e de fetura noiva no braço. O Furriel Valente de Sousa e o Sargento Valente, sempre a moderar-lhe os ímpetos. E outros que ficaram pelo caminho. E o caso de Jolmete, a arrastar-se quase até ao fim. Uns dias antes de ir para Mansoa, um alferes dos serviços de justiça do QG dissera-lhe que afinal o Ministro lhe tinha agravado a pena para 10 dias de prisão disciplinar agravada. Como, isso ainda mexe? Ora, vamos lá ver. Era verdade, pois claro, estava lá na ordem de serviço, prontinha a sair. Onde pára o nosso Brigadeiro, na vivenda dele? Onde fica? O nosso Comandante está lá dentro, preciso avisar, a sentinela negra à frente, é urgente? Pode entrar, o Brigadeiro e coronéis num salão, portas envidraçadas, à volta de uma mesa de bridge, então há problemas? 10 dias de prisão disciplinar agravada, do Ministro do Exército, sobre aquele assunto que o meu Brigadeiro tinha dito estar sob o seu controle. Para saber da minha boca, com os meus respeitos, meu brigadeiro, boa-noite. E o capitão Leandro, dias depois a dizer-lhe da conversa com o Comandante Militar que não apreciara nada a entrada intempestiva.

Crescera tão depressa, com tanta merda que tinha feito, se pudesse voltar atrás estes dois anos! Sinto-me velho, faço 23 dentro de dias, lembrei-me agora. Deitava-se tarde, levantava-se tarde, ainda não arrumara as horas do sono. Tomava o pequeno-almoço e o almoço ao mesmo tempo.



... E agora só paramos em Lisboa!

As tardes passava-as nos conveses, junto à balaustrada, sentado naquelas cadeiras que os navios têm. Sempre com bom tempo, mar também, olhava para longe, vinham-lhe lembranças, adormecia, voltava a olhar, memórias futuras, como seriam, como seria o reencontro com os seus, com a namorada. Arrepios de febre, de medo e contentamento. Só deveria ter à sua espera o conhecimento de Angra. Numa correspondência cada vez mais esporádica, meses sem lhe dar notícias, ela na mesma. Recebera para aí há um mês um postal dela, de Lisboa, tinha vindo para o continente, fixara-se na Parede. Deves estar a sair daí, não? Não voltes a escrever, não vale a pena, arranco no mês que vem, parece que é o Uíge que vai levar este esqueleto. No dia em que chegara com a mala nova ao quarto, já em Sta Luzia, tinha uma carta dela. Iria procurar saber a data da chegada do navio, esperava poder estar lá e, quem sabe, reeditar a correspondência ao vivo. Não, agora é outro tempo. Foi bom, passou. Uma noite daquelas, já se deviam ver as ilhas de Cabo Verde, o comandante do Uíge informou-os que teriam que escalar S. Vicente. Atracariam no Mindelo, só o tempo para meter águas. Como é possível, para meter águas? Não as meteram antes, só agora é que se lembraram que lhes está a faltar água? Nunca mais chego a Lisboa.

O N/M Uíge, que tantos milhares de tropas transportou, de Lisboa para Bissau e de Bissau para Lisboa, ao longo da guerra do Ultramar, aqui visto do Mindelo, Cabo Verde, com o Monte Cara ao afundo...

Meio-dia no Mindelo. Tanta vontade de partir dali, que nem saiu do navio. Ficou-se aquele tempo todo no barco, a olhar para a cidade, para os montes, Clicks na Ricoh até acabar o rolo. Muitas mais horas do que lhes tinham dito, finalmente tiraram as amarras, outra vez no bom caminho.
Nem acreditava, devia estar a sonhar, um ponto ao longe primeiro, uma recta de pontos uns minutos depois, uma curva cada vez maior no meio do rio, o Tejo a levá-lo até Lisboa, desde a manhã cedo desse dia, 27 de Janeiro.
 
Finalmente Lisboa e a sua belíssima nova ponte, que levou menos de 4 anos a construir (de 5 de Novembro de 1962 a 6 de Agosto de 1966), uma obra emblemática do Estado Novo

Tinha embarcado em Lisboa em 10 de Janeiro de 1965, pôs os pés pela primeira vez em Bissau, em 19 do mesmo mês e ano. Embarcou em Bissau em 19 de Janeiro de 1967, exactamente dois anos depois. Uma cena já filmada muitas vezes, uma multidão no cais, na Rocha Conde de Óbidos, gente de idade, muitas roupas escuras, de inverno, algumas jovens também. Tinha tudo preparado, mala e saco em cima da cama. Vai assim, só com a camisa vestida? É Janeiro em Lisboa, sabe? Não tinha nada mais para vestir, também não tinha frio, o calor da Guiné, mais o calor que sentia de deixar para trás aquele tempo todo. Foi lá para cima, para o ponto mais alto que pôde, ver a multidão, lenços no ar, os militares aos gritos, ó Nuno olha-me para aquela brasa, um esqueleto qualquer lá de baixo com um lenço na mão a acenar cá para cima, um contentamento que não há palavras que contem. Saíam aos trambolhões, malas com eles a caírem pelas escadas. Não vem? Fico para o fim, não tenho ninguém à minha espera, pelo menos quem eu queria.

Saíram todos, uns mais lentos, agora mais espaçados e lá em baixo, os abraços intermináveis, os choros de alegria, e uns óculos escuros no meio de um cabelo farto até aos ombros, um casaco preto comprido, uma figura que lhe fez lembrar a Juliette Grecco, era ela, o conhecimento de Angra. É pá, os teus pais estão aqui em baixo! Saiu mais depressa do que contava, num rápido passava-se com ele o que se estava a passar com os outros, abraços e lágrimas nos olhos do pai, a mãe aos gritos, o meu menino, o choro pela cara abaixo, Angra a meia dúzia de metros, sem saber o que fazer, depois discreta a acenar-lhe, a dizer-lhe adeus para sempre. Depois, a Mercedes a andar por aquela Lisboa, a 24 de Julho, o Terreiro do Paço, a rua da Prata, até ao Rossio. Os olhos a passarem por tudo. Mataste muitos turras? Juntaste muito dinheiro? Mal respondia ao que lhe perguntavam. Eram horas de tirar a farda. Passou por uma loja (Lourenço e Santos?), na esquina do Rossio com os Restauradores, um casaco azul-escuro, calças cinzentas, camisa branca e uma gravata a condizer, nem reparou que era tudo dois números abaixo para aí. Almoçaram no Solmar. A olhar para o salão do restaurante, dois anos, tudo na mesma, como se tivesse estado lá ontem.

No Depósito de Adidos, pediram-lhe que aguardasse, só o tempo para lhe passarem um papel para as mãos. Passa à disponibilidade desde amanhã o Sr. Alferes Mil. ...., indo domiciliar-se em Fonte Seca, freguesia de Fonte Seca, concelho de Braga. O portador deste documento deverá apresentá-lo quando lhe for exigido pela autoridade militar ou civil, em substituição da sua caderneta militar. Quartel em Lisboa, 24 de Fevereiro de 1967. O Comandante, Fulano Ferreira de tal, coronel.

Na estrada para o Porto, mal deu pela viagem, fartou-se de dormir. Nem se lembra onde ficou, talvez em casa dos pais em Fonte Seca, ou em casa dos tios em Gaia. Recorda-se, isso sim, do dia seguinte, a seguir ao almoço. O eléctrico para o Monte dos Burgos, o 6 por ali acima até ao Carvalhido, o passo acelerado até à rua dela, o toque na campainha, a corrida pelas escadas acima e ela a vir por ali abaixo.

vb

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2728: Convívios (48): CCAÇ 3, 10 de Maio de 2008 em Macedo de Cavaleiros (A. Marques Lopes)

1. No dia 3 de Abril de 2008, recebemos uma mensagem do nosso camarada Marques Lopes, dando notícia do Convívio da sua CCAÇ 3 e dando-nos nas orelhas pelo silêncio que fizemos a uma sua mensagem, de 4 de Março passado, sobre o mesmo assunto.

Pela minha parte vou tendo a coragem de ir pedindo desculpa.
CV

2. Caros camaradas

Já no princípio de Março (parece-me...) vos enviei notícia sobre o próximo encontro da CCAÇ3. Depois disso, outros convívios já foram publicados no blogue, mas este não. Penso que também merece...


CCAÇ3 (Companhia de Caçadores N.º 3), da Guiné. Esteve em Barro, Binta e Guidage.

Almoço-convívio da CCAÇ3

Convívio no próximo dia 10 de Maio no Convento de Balsamão, em Chacim, próximo de Macedo de Cavaleiros.



Inscrições até ao próximo dia 10 de Abril para o Artur Fernandes: telef. 278536324, telem. 968792106, ou ajsfernandes@sapo.pt

A. Marques Lopes

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2424: Álbum das Glórias (37): Os alferes da CART 1690 ou uma estória de amizade e camaradagem a toda a prova (A. Marques Lopes)

Lisboa > Jantar de Natal 2007 > Os quatro gloriosos alferes da CART 1690 > Ao fundo, estão o Domingos Maçarico, à esquerda, e o Alfredo Reis, à direita. Em primeiro plano, está o António Moreira, à esquerda, e o A.(ntónio) Marques Lopes, à direita.

Foto: © A. Marques Lopes (2007). Direitos reservados.

1. Texto do A. Marques Lopes, ex- Alf Mil At Inf, CART 1690 (Geba) / CCAÇ 3 (Barro) (1968/69):

Caros camaradas:

Tenho-vos falado muitas vezes da CART 1690, sobre a qual há alguns postes no blogue da Tabanca Grande. Já fiz também referência aos alferes que por ela passaram. Mas quero, agora, falar-vos mais em pormenor destes gloriosos alferes, que é como nós próprios nos designamos, porque a nossa glória é continuarmos juntos. É bom que os conheçam pessoalmente. Aqui estão eles, num jantar do Natal de 2007, em Lisboa:

(i) O Domingos Maçarico (ainda um parente afastado do Luís Graça...), nascido na Praia de Mira, é engenheiro agrónomo e membro da Administração do Grupo Espírito Santo (1);

(ii) o Alfredo Reis, de Santarém, é veterinário e está reformado (embora pratique ainda);

(iii) o António Moreira, de Idanha-a-Nova, é advogado em Torres Vedras e é, recentemente eleito, do Conselho Geral da Ordem dos Advogados;

(iv) o A. Marques Lopes é, como sabem, coronel reformado.

Como todos, também temos a nossa história.

Jovens e estudantes - o Domingos Maçarico no, então, Instituto de Agronomia de Lisboa (conheceu lá o Pepito), o Alfredo Reis no Instituto de Veterinária de Lisboa, também assim chamado então, o António Moreira na Faculdade de Direito de Lisboa e o A. Marques Lopes na Faculdade de Letras de Lisboa - fomos apanhados para frequentar, em Janeiro de 1966, o Curso de Oficiais Milicianos em Mafra.

De lá saímos, em Julho desse ano, como Atiradores de Infantaria. Andanças por vários lados, a seguir (Lamego, Amadora...), e tornámos a encontrar-nos no RALIS (Regimento de Artilharia de Lisboa), que nos mobilizou para a Guiné, a 4 de Dezembro de 1966.

De 6 de Dezembro deste ano a 23 de Fevereiro de 1967 estivemos no GAGA2 (Grupo de Artilharia Contra Aeronaves N.º 2) a dar a especialidade aos soldados da que foi designada CART 1690, e que foram connosco para a Guiné.

Passámos, depois, pelo RAC (Regimento de Artilharia de Costa) de Oeiras, Carregueira, IAO... e embarcámos em 8 de Abril. Mas, antes, grandes patuscadas e farras tivemos juntos nos bares e baiúcas de Lisboa, acompanhados pelo capitão da companhia, o Guimarães (já vos falei dele, mas penso que um dia hei-de dizer mais alguma coisa...) (2). Nessa fase cimentou-se a nossa amizade.

Desembarcados do Ana Mafalda (3) para LDG, começou a Guiné, rio Geba acima. E ficámos em Geba. Eu fiquei na sede da companhia, às ordens do capitão e do Comando do Agrupamento. Eles foram distribuídos pelos destacamentos, por onde também passei, mas por pouco tempo. Já há coisas no blogue sobre Geba.

Em 21 de Agosto de 1967, fui ferido na estrada de Geba para Banjara e fui, uma semana depois, evacuado para o HMP, em Lisboa (2) . O Domingos Maçarico foi ferido em 21 de Setembro de 1967, sendo igualmente evacuado para o HMP. O Alfredo Reis foi ferido na mesma altura, mas esteve apenas vários dias no hospital em Bissau. O António Moreira nunca foi ferido. Ele e o Reis estiveram sempre na companhia, em Geba e destacamentos, até Outubro de 1968.

O Maçarico não voltou à Guiné. Eu voltei em Maio de 1968, mas fui colocado na CCAÇ 3, em Barro.

Depois da minha evacuação para o HMP, fui substituído na companhia pelo alferes Fernando da Costa Fernandes, que foi dado como desaparecido em campanha em 19 de Dezembro de 1967, durante a operação Invisível em Sinchã Jobel (4): O alferes Fernandes foi, depois, substituído pelo alferes Carlos Alberto Trindade Peixoto, que foi morto em 8 de Setembro de 1968, durante um ataque ao destacamento de Sare Banda.

O Domingos Maçarico, depois de evacuado, foi substituído pelo alferes Orlando Joé Ribeiro Lourenço. Este voltou à metrópole são e salvo, mas nunca alinhou, nem nos encontros da companhia.

Somos nós os quatro, os sobreviventes, como também dizemos, que nos mantemos unidos entre nós e com os elementos da companhia. Com alguns intervalos, e eu explico a seguir.

Entre 1969 e 1974, os meus amigos e camaradas que estão comigo na fotografia, dedicaram-se a acabar os seus cursos e, depois, à vida pofissional, mantendo, embora, contactos entre si. Mas eu estive afastado deles durante esses anos, pois decidi afastar-me de qualquer actividade normal e pública, não os podendo contactar (é outra história que não cabe aqui).

A seguir ao 25 de Abril, foi o Maçarico que esteve afastado, pois acompanhou a família Espírito Santo quando eles foram para o Brasil. E, nesses primeiros anos após a revolução, também eu andei afastado, devido ao meu empenhamento nessa fase.

Mas, passado tudo isso, há cerca de trinta anos que estes quatro ex-alferes, camaradas e amigos na Guiné, e antes dela, se encontram pelo menos quatro vezes por ano, além dos encontros da companhia. Temos ideias muito diferentes sobre certas coisas, cada um disparando, agora, para seu lado, mas a amizade cimentada na juventude e na guerra mantém-se e está acima de tudo.

Queria dizer-vos isto, porque penso que, no novesforanada, deve-nos unir o que vivemos e passámos, e vão a amizade e a compreensão.

Abraço

A. Marques Lopes

PS - Estou farto de falar a estes malandros no blogue e a convidá-los para entrarem. Mas não há meio (5).


2. Comentário de L.G.:

É uma história exemplar, bonita e serena de amiazade e camaradagem entre homens que a guerra e a Guiné uniu e que as profundas mudanças operadas a seguir ao 25 de Abril de 1974 não separaram... O vosso caso não é inédito, mas eu acho, camaradas, que vocês davam um belo case study...

________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post 3 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - XXXIX: Sinchã Jobel II e III (A. Marques Lopes).

Já falei duas ou três vezes ao telefone com o Domingos Maçarico... Por uma razão ou outra (mas sobretudo de natureza profissional), ainda não nos encontrámos nem nos conhecemos pessoalmente... Mas tudo indica que, na nossa árvore genealógica, temos ascendentes comuns, já que a família Maçariço, que remonta ao Séc. XV, à época dos Descobrimentos, está basicamemte concentrada em Ribamar, concelho da Lourinhã, tendo um ramo emigrado, talvez no Séc. XIX - para a Praia de Mira... Todos os Maçaricos precisam de viver à beira-mar... Hoje há Maçaricos na diáspora, e nomeadamente nos EUA e no Canadá... Mas, segundo o Domingos Maçarico, a sua família também andou pelo Brasil...

Na página da família (que não é da minha responsabilidade...) pode ler-se:



(...) Ribamar na época dos Descobrimentos era já um importante centro de construção naval, tendo ainda existido até cerca de 1930 um estaleiro que situava no local onde está hoje a escola primária.

E já nesses tempos idos os Maçaricos eram reconhecidos como especialistas nessa área tendo acompanhado diversas expedições navais. E provavelmente estabeleceram-se também noutras localidades onde existiam estaleiros, possível explicação para haver outras famílias Maçarico espalhadas pelo Pais, como por exemplo em Mira. (...)

Daqui vai um grande abraço para o meu parente e camarada Domingos Maçarico, com a promessa de num belo verão destes eu o levar até às minhas bandas... Mas ante disso temo-nos de encontrar em Lisboa... Há dias passei pela Praia Mira, tomei um café no Mac Bar (que é de um Maçarico) e lembrei-me deste ramo (mais esquecido ou mal conhecido) da família...

(2) Nesta azarada companhia, até o capitão foi morto em combate... vd. postes de:

29 de Maio de 2005 > Guiné 69/71 - XXXIII: A morte no caminho para Banjara (A. Marques Lopes)

10 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1745: Eu e o meu capitão e amigo Guimarães, morto aos 29 anos, na estrada de Geba para Banjara (A. Marques Lopes, CART 1690)

(3) Vd. postes de:

8 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXXXII: Caminhos entrecruzados: Ana Mafalda, Cantacunda... (A. Marques Lopes)

28 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - LXXXVII: A caminho da Guiné, no 'Ana Mafalda' (1967) (A. Marques Lopes)

(4) Vd. post de 5 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - XLV: Sinchã Jobel VII (A. Marques Lopes)

(5) O Domingos Maçariço é está registado na nossa Tabanca Grande, por decisão unilateral, oficiosa, arbitrária, do Luís Graça... Por sua vez, há uma referência ao Reis, no poste de 25 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - LXXXI: Cartazes de propaganda dirigidos aos 'homens do mato' (A. Marques Lopes / Alfredo Reis)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2416: Unidades que passaram por Barro, na região do Cacheu (A. Marques Lopes)

Guiné > Região de Cacheu > Barro > CCAÇ 3 (1) > 1968 > O nosso camarada A. Marques Lopes, na altura Alf Mil da CCAÇ 3. O seu grupo de combate eram os Jagudis.

Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Espaldão do morteiro 81, guarnecido por dois jagudis, de etnia balanta.

Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Os jagudis emboscados

Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Uma equipa de futebol. O A. Marques Lopes é o terceiro, de pé, a contar do lado esquerdo.

Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Jagudis reparando a cerca de arame farpado.

Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Uma bulldozer da engenharia militar...



Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Uma aspecto da povoação de Barro, ao tempo em que lá esteve o Alf Mil A. Marques Lopes, nosso camarada, hoje coronel, DFA, na reforma.

Fotos: © A. Marques Lopes (2007). Direitos reservados.


1. Texto do A. Marques Lopes, ex- Alf Mil At Inf, CART 1690 (Geba) / CCAÇ 3 (Barro) (1968/69).


1ª Companhia de Caçadores

Início: anterior a 1 de Janeiro de 1961. Extinção: 1 de Abril de 1967 (passou a designar-se CCAÇ 3)

Síntese da Actividade Operacional

Era uma unidade da guarnição normal, com existência anterior a 1 de Janeiro de 1961 e foi constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local, estando enquadrada nas forças do CTIG então existentes.

Em 1 de Janeiro de 1961, estava colocada em Bissau, com um pelotão destacado em Nova Lamego, onde foi transitoriamente instalada, na totalidade, em 3 de Abril de 1961, com pelotões destacados em Sedengal e Cacheu e depois em S. Domingos. Após a reorganização do dispositivo de 23 de Agosto de 1961, foi substituída em Nova Lamego, por troca, pela 3ª CCAÇ, regressando a Bissau, tendo destacado efectivos para várias localidades da zona Oeste, nomeadamente em Ingoré, Enxalé, Susana, Mansabá e Bigene e também, na zona Sul, em Cabedú.

A partir de 1 de Julho de 1963, foi colocada em Farim, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 239, com pelotões destacados em S. Domingos e Ingoré e secções em Susana, Mansoa, Mansabá, Bigene e Barro, tendo depois ainda deslocado efectivos para Bissorã, Cuntima, Olossato, Binta, Guidage, Canjambari, Porto Gole e Enxalé, sucessivamente integrada no dispositivo e manobra dos batalhões que assumiram a responsabilidade do sector de Farim.

Em 27 de 0utubro de 1966, foi colocada em Barro, onde assumiu a responsabilidade do respectivo subsector, então criado na área do BCAÇ 1887 e transferido, em 3 de Novembro de 1966, para a zona de acção do BCAÇ 1894, mantendo, no entanto, dois pelotões destacados no anterior sector, em Binta e Canjambari, este último deslocado para Jumbembém, a partir de meados de Janeiro de 1967.

Em 1 de Abril de 1967, passou a designar-se CCAÇ 3.
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Companhia de Caçadores n.° 3

Divisa: "Amando e Defendendo Portugal"

Início: 1 de Abril de 1967 (por alteração da anterior designação de 1ª CCAÇ) (2)Extinção: 31 de Agosto de 1974

Síntese da Actividade Operacional

Em 1 de Abril de 1967, foi criada por alteração da anterior designação de 1ª CCAÇ. Era uma companhia da guarnição normal do CTIG, constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local.

Continuou instalada em Barro, mantendo-se então integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1894, com dois pelotões destacados em reforço do BCAÇ 1887 e estacionados em Binta e Jumbebém, este depois em Canjambari a partir de finais de Setembro de 1967. Ficou sucessivamente integrada no dispositivo manobra dos batalhões e comandos que assumiram a responsabilidade da zona de acção do subsector de Barro.

Após recolha dos pelotões instalados em Binta e Canjambari em 20 de Julho de 1968, destacou, em meados de Outubro de 1968, um pelotão para Guidage, tendo assumido, em 9 de Março de 1969, a responsabilidade do subsector de Guidaje por troca com a CART 2412 e destacando então dois pelotões para Binta, sendo especialmente orientada para a contrapenetração no corredor de Sambuiá, onde em 21 e 22 de Janeiro de 1969 tomou parte na Operação Grande Colheita, realizada pelo COP 3.

Em 22 de Fevereiro de 1972, rendida em Guidaje pela CCAÇ 19, assumiu a responsabilidade do subsector de Saliquinhedim, onde substituiu a CCAÇ 2753 e ficou integrada no dispositivo e manobra do COP 6 e depois do BART 3844.

Em 8 de Dezembro de 1972, foi substituída, transitoriamente, por forças da CART 3358 no subsector de Saliquinhedim e foi colocada em Bigene para onde se deslocou, por escalões, em 26 de Novembro de 1972 e 8 de Dezembro de 1972 e onde assumiu a responsabilidade do respectivo subsector em substituição da CCAÇ 4540/72, ficando então novamente integrada no dispositivo de contrapenetração no corredor de Sambuiá.

Em 31 de Agosto de 1974, as praças africanas tiveram passagem à disponibilidade e, após desactivação e entrega do aquartelamento de Bigene ao PAIGC, o restante pessoal recolheu a Bissau, tendo a subunidade sido extinta.
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Companhia de Caçadores n.° 91

Partida: Embarque em 27 de Abril de 1961; desembarque em 3 de Maio de 1961. Regresso: Embarque em 12 de Abril de 1963

Síntese da Actividade Operacional

Inicialmente, ficou colocada em Bissau, tendo destacado dois pelotões para Mansoa e Piche em 13 de Maio de 1961. Em 8 de Junho de 1961, foi transferida para Mansoa, sendo integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 239, a partir de 6 de Julho de 1961, tendo dois pelotões destacados em Piche e Bissorã.

De 23 de Agosto a 1 de Novembro de 1961, também na dependência do BCAÇ 239, foi deslocada para Farim, com os seus efectivos disseminados pelas localidades de Bissorã, Barro, Bigene e, por um curto período, em Cuntima, Jubembém e Mansabá. Em seguida, a sede da subunidade voltou a Mansoa, mantendo-se, entretanto, os destacamentos atrás referidos e orientando a sua actividade para a segurança e controlo das populações, com a missão de impedir a instalação do inimigo na área.

Em 10 de Abril de 1963, foi substituída em Mansoa pela CCAÇ 413, a fim de recolher a Bissau para efectuar o embarque de regresso.
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Batalhão de Caçadores n.° 239

Partida: Embarque em 28 de Junho de 1961; desembarque em 6 de Julho de 1961 Regresso: Embarque em 24 de Julho de 1963

Síntese da Actividade Operacional

Inicialmente constituiu apenas um comando reduzido, sendo-lhe atribuída a responsabilidade da zona Oeste, desde Varela ao meridiano de Cuntima e ate aos rios Mansoa e Geba. Em 8 de Maio de 1963, passou a comando completo, com a chegada dos respectivos elementos de recompletamento: 2.° comandante, CCS, Pelotão de Reconhecimento e Pelotão de Sapadores.

Desde logo instalado em Bula, assumiu a responsabilidade da referida zona de acção, comandando e coordenando a actividade das companhias estacionadas em Teixeira Pinto, Mansoa e Bula (esta a partir de 16 de Agosto de 1961, depois colocada em S Domingos em 12 de Janeiro de 1963) e dos pelotões atribuídos em reforço, cujos efectivos se encontravam disseminados por Ingoré, Bissora, Mansaba, S Domingos, Cuntima, Farim, Bigene, Barro, Cacheu, e sucessivamente, a partir de finais de Outubro de 1963 por Susana, Jumbembém, Varela, Caio. Em meados de Junho de 1963, foi, entretanto, instalada outra companhia, em Farim, com a consequente reformulação das respectivas zonas de acção.

Inicialmente, desenvolveu intensa actividade de patrulhamento, de reconhecimento e de contactos com as populações com vista à sua segurança e protecção, tendo coordenado ainda a acção das suas forças na reacção a primeira acção armada na Guiné, efectuada na noite 20/21 de Julho de 1961 em S. Domingos. A partir de Janeiro de 1963, a sua actividade incidiu na contrapenetraçao contra actos de terrorismo.

Em 20 de Julho de 1963, foi rendido pelo BCAÇ 507, para o qual transitaram os elementos recebidos no recompletamento para comando completo.
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Companhia de Caçadores n.° 413

Partida: Embarque em 3 de Abril de 163; desembarque em 9 de Abril de 1963. Regresso: Embarque em 29 de Abril de 1965.

Síntese da Actividade Operacional

Após o desembarque, substituiu a CCAÇ 91 em Mansoa, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 239 e depois do BCAÇ 507, e após remodelação do dispositivo, em 01Set63, na dependência do BCAÇ 512. Destacou efectivos para guarnecer, por períodos variáveis, diversas localidades da zona de acção até à chegada ou substituição por outras forças, nomeadamente em Mansabá, até 28 de Julho de 1963, em Barro e Bigene, até 1 de Agosto de 1963, em Enxalé e Porto Gole, de Agosto de 1963 a 8 de Dezembro de 1963 e em Farim, até 5 de Dezembro de 1963.

Em 19 de Janeiro de 1964, após a reunião dos seus efectivos em Mansoa, destacou um pelotão para reforço da guarnição de Olossato, onde se manteve até 20 de Abril de 1964. Actuou ainda em diversas operações realizadas nas regiões de Binar, Mores e Cutia, entre outras.

Em 1 de Julho de 1964, por rotação com a CART 564, foi transferida para o subsector de Nhacra, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 600, com vista a colaborar na segurança e protecção das instalações e das populações da área; desde essa altura, um pelotão passou a estar destacado em Encheia, até 13 de Abril de 1965, na dependência do BCAÇ 512 e depois do BART 645.

Em 28 de Abril de 1965, foi substituída no subsector de Nhacra pela CCAÇ 799, a fim de efectuar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 461

Partida: Embarque em 14 de Julho de 1963; desembarque em 20 de Julho de 1963

Regresso: Embarque em 7 de Agosto de 1965

Síntese da Actividade Operacional

Em 28 de Julho de 1963, seguiu para Mansabá e assumiu a responsabilidade do respectivo subsector, então criado, com pelotões destacados em Olossato, até 26Dez63 e Cuntima, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 507 e após reformulação dos sectores, do BCAÇ 512.

Em 23 de Dezembro de 1963, substituída no subsector de Mansabá pela CCAÇ 594 e foi transferida para Bigene onde assumiu a responsabilidade do subsector, com um pelotão destacado em Barro, desde 21 de Dezembro de 1963 e mantendo o outro pelotão destacado em Cuntima, onde permaneceu até 23 de Julho de 1964, depois deslocado para Guidage, de 8 de Agosto de 1964 a 13 de Maio de 1965. A subunidade manteve-se na zona de acção do BCAÇ 512 e depois do BCAV 490.

Inicialmente, desenvolveu intensa actividade de reconhecimento, de patrulhamento e de contacto com as populações da área e executou algumas acções ofensivas contra elementos inimigos infiltrados na região de Mores. A partir de 2 de Março de 1964, mantendo a anterior actividade de patrulhamento e de contacto com as populações, passou também a realizar acções ofensivas e emboscadas na região de Bigene e Barro, com especial incidência na região de Sambuiá.

Em 28 de Maio de 1965, foi rendida no subsector de Bigene pela CCAÇ 762 e foi transferida para Bissau, onde foi integrada no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, em substituição da CCAÇ 787, tendo ficado integrado nos efectivos do BCAÇ 600 e depois do BCAÇ 513, até ao seu embarque de regresso. Entretanto, ainda, dois pelotões estiveram temporariamente deslocados em Bula, a partir de 13 de Junho de 1965, em períodos de 10 a 15 dias, em reforço do BCAV 790, com vista à realização de patrulhamentos e contactos com a população, na região de S. Vicente.
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Companhia de Caçadores n.° 508

Partida: Embarque em 14 de Julho de 1963; desembarque em 20 de Julho de 1963

Regresso: Embarque em 7 de Agosto de 1965

Síntese da Actividade Operacional

Em 1 de Agosto de 1963, assumiu a responsabilidade do subsector de Bissorã, então criado, com pelotões destacados em Barro, até 23 de Dezembro de 1963 e Bigene, até 26 de Dezembro de 1963, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 507 e, após remodelação dos sectores, no do BCAÇ 512. Em 26 de Dezembro de 1963, passou a ter um pelotão destacado em Olossato.

Em 4 de Setembro de 1964, já então na dependência do BART 645, e depois da chegada da CART 566, foi substituída no subsector de Bissorã pela CART 643, do antecedente ali colocada em reforço, tendo seguido para o sector de Bissau, a fim de se integrar no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, com um pelotão destacado em Quinhamel, ficando na dependência do BCAÇ 600.

Em 7 e 23 de Março de 1965, por troca com a CCAÇ 526, deslocou-se, por fracções, para Bambadinca, assumindo a responsabilidade do respectivo subsector, com pelotões destacados em Xime e Galomoro e ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 697. Em 16 de Abril de 1965 foi substituída pela CCAÇ 678 e foi deslocada para Xime, tendo assumido a responsabilidade do respectivo subsector, então criado, com pelotões destacados em Ponta do Inglês e Galomaro.

Em 6 de Agosto de 1965, após a chegada da CCAÇ 1439 para treino operacional, foi rendida no subsector de Xime por forças da CCAV 678 e recolheu imediatamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

A CCAÇ 1547 seguiu em 13 de Maio de 1966 para Fá Mandinga, a fim de efectuar instrução de adaptação operacional sob orientação do BCAÇ 1888, substituindo a CCAV 702 na função de intervenção e reserva daquele sector, tendo tomado parte em operações na região de Xitole e no baixo Corubal. De 27 de Maio de 1967 a 7 de Junho de 1966, foi entretanto deslocada, temporariamente, para Nova Lamego, em reforço do BCAÇ 1856, em virtude de um previsível agravamento da pressão inimiga neste sector, tendo efectuado acções na região de Pataque e outras.

Em 13 de Setembro de 1966, recolheu a Bissau , a fim de seguir para Bula, para realização de uma operação na região de Joi, sob dependência do BCAV 790.

Em 27 de Setembro de 1967, foi colocada em Bigene, tendo assumido a responsabilidade do respectivo subsector, com um pelotão destacado em Barro, em substituição a CCAÇ 762 e ficando então integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão.

Em 29 de Outubro de 1967 foi rendida no subsector de Bigene pela CART 1745 e seguiu para Bissau, a fim de substituir a CCAÇ 1497 a partir de 2 de Novembro de 1967 no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações daquela área, sob dependência do BART 1904 e depois do BCAÇ 2834. Manteve-se em Bissau até ao embarque de regresso, tendo, entretanto, destacado um pelotão para Nhacra, em reforço da guarnição local.

A CCAÇ 1590 ficou colocada inicialmente em Bissau, como subunidade de intervenção e reserva do Comando-Chefe e foi prioritariamente atribuída em reforço do BCAÇ 1857, tendo-se deslocado para Mansoa a fim de actuar em diversas operações realizadas nas regiões de Date, Bará, Bissorã e Olossato, entre outras, de 23 de Agosto de 1966 a 1 de Setembro de 1966, de 19 de Setembro de 1966 a 10 de Outubro de 1966 e de 21 a 24 de Outubro de 1966.

Em 3 de Dezembro de 1966, foi integrada no dispositivo do seu batalhão instalando-se em Ingoré, com vista à realização de operações nos corredores de Canja e Sano e mantendo um pelotão destacado, ora em Barro, ora em S.Domingos, ora em Susana.

Após deslocamento para S. Domingos, desde 4 de Maio de 1967, para realização de acções de contrapenetração naquela área, com destaque para a operação Drambuie I, regressou a Ingoré, a fim de, em 13 de Julho de 1967, em substituição da CCAV 1482, assumir a responsabilidade do respectivo subsector, com um pelotão destacado em Sedengal.

Em 23 de Abril de 1968, foi rendida no subsector de Ingoré pela CCAÇ 1801 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
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Companhia de Artilharia n.° 2412

Divisa: "Sempre Diferentes"

Partida: Embarque em 11 de Agosto de 1968; desembarque em 16 de Agosto de 1968

Regresso: Embarque em de 4 de Maio de 1970

Síntese da Actividade Operacional

Em 28 de Agosto de 1968, seguiu para Bigene, a fim de efectuar o treino operacional com a CART 1745, sob orientação do COP 3 e seguidamente actuar nesta zona de acção em operações realizadas nas regiões de Talicó e Farajanto, entre outras.

Em 14 de Outubro de 1968, rendendo a CART 1648, assumiu a responsabilidade do subsector de Binta, com um pelotão destacado em Guidage, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3. Em 17 de Outubro de 1968, a sede do subsector passou para Guidaje, ficando então com dois pelotões destacados em Binta, sendo a subunidade especialmente orientada para a contrapenetração no corredor de Sambuiá; a partir de 8 de Fevereiro de 1969, após troca de sectores, passou à dependência do BCAÇ 1932.

Em 9 de Março de 1969, por troca com a CCaç 3, assumiu a responsabilidade do subsector de Barro, ainda com um pelotão em Binta em reforço da guarnição local até finais de Abril, mantendo-se integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1932, mas agora orientada para a contrapenetração nos corredores de Canja e Sano; em 1 de Agosto de 1969, após novo reajustamento das zonas de acção dos sectores, passou à dependência do BCAV 2876 até 7 de Fevereiro de 1970, data em que o subsector de Barro foi incluído na zona de acção do COP 3.

Após deslocamento de dois pelotões para Bissau, em 17 de Abril de 1970, a fim de substituírem, transitoriamente, a CART 2411 no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, foi rendida no subsector de Barro pela CCAÇ 2725 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 2527

Divisa: "Nunca tão poucos valeram tanto"

Partida: Embarque em 24 de Maio de 1969; desembarque em 30 de Maio de 1969

Regresso: Embarque em 17 de Março de 1971

Síntese da Actividade Operacional

Seguiu imediatamente para Bigene, a fim de assumir a responsabilidade do referido subsector de Bigene, rendendo a CART 1745 em 2 de Junho de 1969 e ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1932 e depois do COP 3, com vista à realização de emboscadas no corredor de Samoge e de patrulhamentos nas regiões de Nenecó e Capai.

De acordo com a manobra e necessidades operacionais, destacou pelotões para reforço das guarnições de Guidaje, de 10 de Outubro de 1969 a 2 de Dezembro de 1069, de Barro, de 6 de Abril de 1970 a 10 de Maio de 1970, de Binta, de 13 a 30 de Abril de 1970 e novamente de Guidaje, de 3 de Julho de 1970 até finais de Out de 1970.

Em 3 de Março de 1971, foi rendida no subsector de Bigene pela CART 3329 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 2725

Partida: Embarque em 4 de Abril de 1970; desembarque em 11 de Abril de 1970

Regresso: Embarque em 26 de Fevereiro de 1972

Síntese da Actividade Operacional

Em 16 de Abril de 1970, instalou-se em Barro, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CART 2412. Em 27 de Abril de 1970, assumiu a responsabilidade do subsector de Barro, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3, com vista ao esforço de contrapenetração nas linhas de infiltração inimigas e a garantir a segurança e protecção dos itinerários e das populações da área.

Em 8 de Fevereiro de 1972, foi rendida no subsector de Barro pela CCAÇ 3519 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 3519

Divisa: "Lutamos pela Paz"

Partida: Embarque em 20 de Dezembro de 1971; desembarque em 24 de Dezembro de 1971

Regresso: Embarque em 28 de Março de 1974

Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 27 de Dezembro de 1971 a 22 de Janeiro de 1971, no CMI, em Cumeré, seguiu em 23 de Janeiro de 1972 para Barro, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com CCAÇ 2725. Em 8 de Fevereiro de 1972, assumiu a responsabilidade do subsector de Barro, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3, com vista ao reforço de contrapenetração nas linhas de infiltração inimigas de Canja e Sano e a garantir a segurança e protecção dos itinerários e das populações.

Colaborou ainda em operações efectuadas fora da sua zona de acção, nomeadamente em acções de contrapenetração no corredor de Sambuiá e na região de Cossé. Em princípios de Fevereiro de 1974, destacou um pelotão para Bigene, em reforço da guarnição local.

Em 12 de Março de 1974, foi substituída no subsector de Barro pela CCAÇ 4942/72 e recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 4942/72

Partida: Embarque em 27 de Dezembro de 1972; desembarque em 2 de Janeiro de 1973

Regresso: Embarque em 4 de Setembro de 1974

Síntese da Actividade Operacional

Após a realização da IAO, de 5 de Janeiro de 1973 a 1 de Fevereiro de 1973, no CMI, em Cumeré, seguiu em 2 de Fevereiro de 1973 para Mansoa, a fim de efectuar o treino operacional e depois reforçar o BCAÇ 4612/72, a partir de 19 de Fevereiro de 1973, com vista à protecção e segurança dos trabalhos da estrada Jugudul-Bambadinca, e onde se manteve até 23 de Março de 1973, após o que recolheu, temporariamente, a Bissau.

Em princípios de Abril de 73, seguiu para Cadique, na zona de acção do COP 4, a fim de tomar parte na operação Caminho Aberto, com vista à instalação de uma subunidade em Jemberém. Em 20 de Abril de 73, após o desembarque e ocupação daquela área, assumiu a responsabilidade do subsector de Jemberém,então criado, iniciando a construção do respectivo aquartelamento e ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 4 e depois do BCAÇ 4514/72, e ainda, após reformulação dos limites dos sectores, do COP 5.

Depois de ser substituída no subsector de Jemberém pela CCAÇ 4946/73, instalou-se em Barro, a partir de 23 de Fevereiro de 1974, a fim de efectuar a sobreposição e render a CCAÇ 3519. Em 12 de Março de 1974, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector de Barro, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3 e depois do BART 6522/72 e ainda do BART 6521/74. Destacou ainda um pelotão para Bigene, em reforço da guarnição local.

Em finais de Agosto de 74, foi substituída por forças do BART 6521/74, tendo recolhido seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
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Notas dos editores:

(1) Vd. post de 22 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1776: Convívios (9): CCAÇ 3 (Barro, Binta, Guidaje, 1967/74) (A. Marques Lopes)

(2) Esclarecimento do AML: O José Pereira (3) não esteve na CCAÇ 3 mas, sim na 3.ª CCAÇ, que foi, depois, CCAÇ 5, a partir de 1 de Abril de 1967... Isto é, 3.ª CCAÇ não é a mesma coisa que CCAÇ 3...

(3) Vd. post de 4 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2405: Tabanca Grande (49): José Pereira, ex-1º Cabo da 3ª CCAÇ e da CCAÇ 5 (Nova Lamego, Cabuca, Cheche e Canjadude, 1966/68)

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Guiné 63/74 - P2049: Convívios (23): CART 1690 (Geba, 1967/68) (A. Marques Lopes)

A. Marques Lopes, ex- Alf Mil At Inf(Hoje Cor DFA, reformado), CART 1690 (Geba) / CCAÇ 3 (Barro) . Vive em Matosinhos.



Encontro da CART 1690 em 2 de Junho de 2007 no Lugar de Esteves, Sever do Vouga

O nosso camara A. Marques Lopes, mandou em tempo oportuno uma mensagem a dar conta deste encontro da CART 1690.

Embora, um pouco tarde, com as esfarrapadas desculpas do costume, aqui fica o registo do acontecimento.

Dizia então Marques Lopes:

No dia 2 de Junho reuniram-se em convívio, no Lugar de Esteves, Sever do Vouga, elementos da CART 1690.

Lembro que esta Companhia esteve em quadrícula na zona de Geba, onde tinha a sede, com quatro destacamentos, em Sare Banda, Camamudo, Cantacunda e Banjara. Neste último destacamento foi substituída por um pelotão da CCAÇ 2406, de Mansabá, o qual, no entanto, saíu a 19 de Janeiro de 1969, desactivando o destacamento, que ficou abandonado.




Foto 1> Identificação na sala do restaurante

Foto 2> Os ex-alferes que estiveram presentes (da esquerda para a direita): Alfredo Reis (ferido em combate, mas que lá continuou após passar pelo HM241), António Moreira (o único que esteve o tempo todo na companhia) e Marques Lopes (ferido em combate e evacuado para o HMP).
Faltou o Domingos Maçarico, por afazeres profissionais (também ferido em combate e evacuado para o HMP).
O Orlando Lourenço, que substituíu na companhia o Domingos Maçarico, faltou, por razões desconhecidas.
E faltaram, claro, mas foram lembrados, os que morreram lá: o Fernando da Costa Fernandes, que me substituira a mim, e o Carlos Peixoto, que substituira o Fernandes (foram, pois, os meus dois substitutos...).


Foto 3> Nesta foto estamos os três ex-alferes e o 2.º Sargento José Ferreira Fernandes (na ponta direita). Há outro, à esquerda, cujo nome não me lembro. Ao centro está o Malan Baldé, ex-elemento da Companhia de Milícias 3, em Sare Ganá, onde o pai dele, Samba Baldé, era régulo.
Após a entrega dos aquartelamentos da zona ao PAIGC, feita pela 3.ª Companhia do BCAÇ 4514/72, em 7 de Setembro de 1974, o Malan e o Pai, Samba, foram presos. A ele não lhe fizeram nada, mas o Malan Baldé, então com 23 anos, viu o seu pai Samba Baldé ser fuzilado, mesmo à sua frente.
O Luís Graça passou por Sare Ganá, talvez se lembre deles.

Foto 4> Esta rapaziada pertenceu ao meu grupo de combate em Geba. São, da esquerda para a direita: Paz, José Duarte, Guimarães, Santarém e... eu.
O José Manuel Moreira Duarte foi um dos que foi capturado em Cantacunda e esteve preso em Conakry. É o de cabelo comprido e braços cruzados que está no meio da fotografia, em baixo, publicada em 29 de Novembro de 1997 na Revista do Expresso:


Foto 5> Foto publicada na Revista Expresso de 29 de Novembro de 1997. Com a devida vénia


Foto 6> Fotografia do conjunto (sem as mulheres, que havia várias)

A. Marques Lopes