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quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16917: Inquérito 'on line' (97): Nas primeiras 50 respostas, metade dos respondentes considera que "sim, poderá vir a ser amigo do inimigo de ontem"... O prazo termina na 2ª feira, dia 9, às 18h36...


Guiné-Bissau >Região do Oio > Mansoa > O nosso coeditor, o "ranger" Eduardo Magalhães Ribeiro com um comandante do bigrupo na região de Mansoa, de nome Antero Sá (a viver em Portugal desde 1975, segundo informação do nosso amigo Nelson Herbert; era filho de uma conhecida família de comerciantes mestiços, a família Sá, de Mansoa).

Trata-se de um indivíduo mestiço, natural de Mansoa, que pertenceu às NT, e que terá desertado para o PAIGC, na sequência de um alegado e grave conflito com um superior hierárquico. O Eduardo conviveu com ele "ainda umas semanas"... Tornaram-se amigos: ambos eram "rangers", um do lado, outro do outro...(*)

O Eduardo, quando substituiu temporariamente o furriel vaguemestre da CCS do BCAÇ 4612/7, chegou a arranjar alguma comida e cigarros para os homens do bigrupo do comandante Sá.

Foto do próprio, reproduzida no Correio da Manha, revista "Domingo", série "A minha guerra", edição de  25 de Janeiro de 2009... Eduardo José Magalhães Ribeiro, nessa edição do CM, teve direito a título de caixa alta... Fur Mil Op Esp, CCS, BCAÇ 4612/74, teve o seu "momento de glória" no dia 9 de Setembro de 1974, em Mansoa, onde arriou, com emoção e dignidade, a bandeira verde rubra, perante as autoridades portuguesas e os novos senhores do território, o PAIGC, culminando assim o processo de transferência dos nossos aquartelamentos para o inimigo de ontem... A recolha do depoimento foi da autoria do jornalista Carlos Ferreira.

O Eduardo tem mais umas dezenas de fotos deste período de convívio com o inimigo de ontem, em Mansoa.


I. INQUÉRITO DE OPINIÃO:


"O MEU INIMIGO DE ONTEM

NUNCA PODERÁ VIR A SER MEU AMIGO" (**)


Resultados provisórios (50 respostas) até às 14h de hoje:


1. Não, nunca poderá vir a ser meu amigo  > 7 (14%)




2. Sim, poderá vir a ser meu amigo  > 25 (50%)





3. Talvez, depende das circunstâncias  > 15 (30%)


4. Não sei responder > 3 (6%)


Total de respondentes > 50 (100%)

Prazo de resposta termina dia 9, 2ª feira, às 18h36


II. Comentários (***):


(i) Torcato Mendonça

Vi o "inquérito" e respondi : - Talvez...  Hoje certamente penso de outro modo. Se estivesse em 74 lá cumprimentava os militares, exclusivamente com o cumprimento militar. Estaria sempre armado e, como fazia quando havia guerra, com a bala na câmara. Tal qual como o fazia, eu e os militares do meu Grupo.


(ii) Belarmino Sardinha

(...) Tal como alguns comentários que vi, desejo as melhores e maiores felicidades a toda a gente, onde incluo os antigos guerrilheiros do PAIGC, não beneficio nada com o mal dos outros, mas daí a chamar-lhes amigos existe uma grande diferença. Desejo a todo o povo da Guiné o melhor para o seu futuro, mas não confundo povo com os guerrilheiros que depois da independência assassinaram barbaramente muitos dos guineenses que lutaram ao nosso lado.
Este é um dos temas que merece, em meu entender, muita reflexão antes de uma tomada de decisão por uma ou outra opção. É o meu ponto de vista. Não participarei com nenhuma resposta ao inquérito. (...)


(iii)  António Rosinha

(...) Luís Cabral apertou-me a mão e popularmente em Bissau dizia-se que aquela mão era de um criminoso do próprio povo e de companheiros do PAIGC.

Nino Vieira apertou-me a mão  (mais que uma vez) e em Bissau sabia-se comprovadamente, que aquela mão era de um criminoso.

Manuel Saturnino apertou-me a mão e dizia-se que era um abusador de bajudas e que fazia desaparecer os namorados destas.

Muitos portugueses, com o 25 de Abril, e já neste blog, idolatramos esta gente horrível que o próprio povo apenas suporta porque não tem alternativa, e menosprezámos aqueles africanos, régulos e tropas que estiveram ao nosso lado, em Angola, Guiné e Moçambique, porque tinham consciência absoluta do que os esperava. (...)


(iv) Cândido Cunha (**)

(...) Como o Casimiro escreve "abraçá-los, sim, porque eles lutaram para defenderem o que por direito lhes pertencia, um chão deles, bravos soldados como nós." (...).

Eu por mim, sou e continuo a ser amigo de quem nos combateu, e não daqueles que em nome do "Império" nunca ouviram as suas justas pretensões. Nem sequer tinham quem os representasse na velha e bolorenta Assembleia Nacional. A esses bafientos salazaristas é que eu atribuo a perca de quase três mil nossos queridos camaradas na Guiné. (...).

(v) Carlos Vinhal (**)

(...) Houve apenas uma pequena minoria (o reforço é propositado) que teve oportunidade de contactar e abraçar o inimigo depois de terminada a guerra. O que cada um fez, se abraçou, ignorou ou evitou o ex-IN é com cada qual. Nós os mais velhos, que entramos e saímos em estado de guerra, só podemos falar de nós próprios e da nossa eventual reacção.

Como refere o Torcato Mendonça noutro local, provavelmente eu cumprimentava cordialmente o meu antagonista, se possível, ambos desarmados, e até com continência se essa pessoa tivesse no seu exército um posto superior ao meu. A isto chama-se respeito e não amizade. Abraçar o ex-IN, acho que: "nunca, jamais, em tempo algum". (...)

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P16000: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (14): Fotos de Juvenal Amado - Parte II: Entre a grande euforia do (re)encontro e a pequena depressão pré (ou pós ?) - prandial...


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Inconfundível, o "herói de Gadamael"... J. Casimiro Carvalho, da Maia. "Ranger", parece estar a gritar: "A Pátria deve-me uma medalha!"... Ou não será: "Tirem-me daqui!"... Ou ainda: "Estou vivo e salvo! O blogue tirou-me dos traumas da guerra!"....


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Da esquerda para a direita: Ernestino Caniço, Manuel Joaquim, Armando Pires e Paulo Santiago...


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 >  Zé Rodrigues, o da direita


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Manuel Resende, o fotógrafo, à direita


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Da direita para a esquerda: Victor Tavares, António Faneco, Mário Gaspar e C. Martins


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Rogé Guerreiro (Cascais) e Rui Pedro Silva (Lisboa)


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Hélder Sousa e Belarmino Sardinha (BS)


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Miguel Pessoa e BS


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 >  As esposas, do Joaquim Peixoto (ao centro) e do José Cancela (à direita)...


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Pois que viva a Tabanca Pequena e gente que lá "vive"!


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Manuel Gonçalves (, que andou por Aldei Formosa), Francisco Baptista e Luís Graça


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Carlos Vinhal, Luís Graça, Joaquim Mexia Alves e Miguel Pessoa: a comissão organizador.


Fotos: © Juvenal Amado (2016). Todos os direitos reservados

1. Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras...  O que é bom, ou conveniente para  o editor quando lhe dá a preguiça: não tem que legendar... E depois já na tropa se dizia, "quem não sabe ler, que veja os bonecos"...

No meio do tabancal, salva-se o Belarmino Sardinha (que veio com a família, a esposa Antonieta, a filha Ana, o genro Pedro  e o neto!)... E, claro, as nossas caras metades, queridas bajudas, e as restantes famílias e os nossos amigos...  O resto (nós, os ex-combatentes), é uma "cambada de apanhados"... "Apanhados do clima" era a curiosa expressão que usávamos  na Guiné... Nunca ninguém conseguiu trocar isso  por miúdos... Afinal, o que era um "apanhado"? ... Enfim, "entre a grande euforia do (re)encontro e a pequena depressão pós-pandrial", não fica mal... Pós ou pré ? Não vejo comida, os pratos estão vazios... Mas as barriguinhas já estão atestadas cm os aperitivos...

Para o ano há mais, se a Tabanca Grande quiser.
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Nota do editor:

Último poste da série > 21 de abril de  2016 > Guiné 63/74 - P15997: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (13): Fotos de Juvenal Amado - Parte I: Gente com estilo...

terça-feira, 19 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15989: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (9): Fotos de Manuel Resende - Parte II


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Duas famílias com direito a mesa reservada: o António Santos (à esquerda, 6 pessoas) (Caneças / Odivelas) e o António Osório (à direita, 3 pessoas) (Vila Nova de Gaia)...


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Outra família, a do Belarmino Sardinha, com a Antonieta, a Ana e o Pedro (que não aparece na foto) (Odivelas)


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Um grupo de peso, todos "mouros" e ligados à Tabanca da Linha (com exceção do Paulo): da direita para a esquerda. o José Rodrigues (Belas / Sintra), o Zé Manuel Matos Dinis (Cascais), Paulo Santiago  (Aguada de Cima / Águeda), o Armando Pires (Algés  / Oeiras) e o Manuel Joaquim (Lisboa).


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Damas (Luisa e Alice) e cavalheiro (Zé Manuel Matos Dinis)


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > De que é que se estará aqui a falar ? Do Xime e da CART 3494... Tó Zé Pereira da Costa e Jorge Araújo...


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > O Francisco Batista e o Hélder Sousa (de luto, pela morte de um cunhado)


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Dois antigos membros da CCAÇ 12, mas as respetivas "bajudas": o Sucena Rodrigues e o António Duarte...


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 >  O António Faneco (Montijo) e o Victor Tavares (Recardães / Águeda)...


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Malta de Leiria, pertencentes à Tabanca do Centro: ao meio o Agostinho Gaspar


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > O Rui Pedro Silva (Lisboa) e Manuel Augusto Reis (


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > O C. Martins (Penamacor) e o Mário Gaspar (Lisboa), falando inevitavelmente de Gadamael...


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > O José Barros Rocha (Penafiel) e o Rogé Guerreiro (Cascais).

Fotos: © Manuel Resende  (2016). Todos os direitos reservados
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Nota do editor:

Vd.postes anteriores:

18 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15986: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (10): Foto de Jorge Canhão (ex-fur mil at inf, 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74).

18 de abril de  2016 > Guiné 63/74 - P15984: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (9): Fotos de Manuel Resende - Parte I

domingo, 13 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15851: Agenda cultural (468): Juvenal Amado apresenta o seu livro "A Tropa Vai Fazer de Ti um Homem! (Guiné 1971-1974)", na sua terra, Alcobaça, na Biblioteca Municipal, sábado dia 19 deste mês, às 16h00. Além do alcobacense José Alberto Vasco, o livro será apresentado também por Belarmino Sardinha, nosso grã-tabanqueiro

1. O alcobacense Juvenal Amado vai apresentar o seu livro “A Tropa Vai Fazer de Ti Um Homem! (Guiné 1971 – 1974)”, em Alcobaça, na Biblioteca Municipal, no sábado, dia 19 de março, às 16h00.

O livro será apresentado pelo alcobacense José Alberto Vasco e pelo antigo companheiro de armas do autor na Guiné Bissau, Belarmino Sardinha, também antigo responsável pela área de autores literários na Sociedade Portuguesa de Autores [, e membro da Tabanca Grande, desde 17 de junho de 2008]. 

Neste seu livro Juvenal Amado conta-nos histórias da sua vivência na Guerra Colonial, partindo das mais de 200 intervenções que desde 2007 fez no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, dando forte contribuição para a memória de uma época nem sempre fácil de recordar.



2. Juvenal Amado nasceu em 1950 na Fervença, concelho de Alcobaça. Finda a Escola Primária, começou logo a trabalhar, percorrendo vários empregos, até que aos 14 anos se fixou na Crisal- Cristais de Alcobaça [, fundada em Alcobaça, em 1944, hoje Crisal - Cristalaria Automática, SA, com nova fábrica inaugurada em 1970 na Marinha Grande],  onde aprendeu pintura e desenho. Aí esteve até aos 32 anos, apenas interrompidos pelo cumprimento do serviço militar, entre 1971 e 1974.

Quando saiu da Crisal, onde era desenhador, fundou uma empresa de cerâmica com vários colegas, tendo-se seguidamente estabelecido por conta própria, com uma pequena oficina, que encerraria em 1998.

Trabalhou depois como revendedor de remanescentes de exportação no mercado nacional e como chefe de produção em empresas de Ansião e Fátima, tendo encerrado a sua carreira profissional como chefe de produção numa empresa do Juncal. Acabaria entretanto por continuar a estudar, até concluir o 12º ano, estando agora reformado.

Fonte: O Alcoa (com a devida vénia...)  

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Nota do editor:

sábado, 12 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15845: Inquérito 'on line' (42): Eu, como 1º cabo radiotelegrafista STM e chefe de turno, não me podia dar ao luxo de apanhar um pifo de caixão à cova.... Alegre, sim, confesso que muitas vezes estive... (Belarmino Sardinha)

1. Mensagem do Belarmino Sardinha [ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia FormosaBissau, 1972/74; trabalhou na Sociedade Portuguesa de Autores; alentejano, vive hoje no Cadaval]:


Data: 10 de março de 2016 às 16:01

Assunto: Inquérito

Olá, Luis e Carlos,

Tenho respondido a quase todos,  se não mesmo a todos, os inquéritos que têm aparecido no blogue, mas confesso que a este, embora ainda não o tenha visto na página, a não ser o seu enunciado, porque nada me aparece para poder votar, gostava de sugerir uma pequena alteração: é que nunca apanhei nenhuma de caixão à cova pelo simples facto de não poder, caso isso acontecesse via-me a braços com uma porrada que podia levar-me a ainda lá estar a cumprir serviço.

Nós funcionávamos por turnos e individualmente e em caso de não comparecermos era complicado fazer uma substituição imediata, não havia reforços que previssem essas situações e também nem sempre tínhamos hierarquia de vigilância. No meu caso, enquanto estive em Bissau, ainda pior por, sempre que estive de serviço, ser o chefe do turno, sem qualquer autoridade e sem nada poder fazer a não ser informar depois superiormente se isso acontecesse.

Não me recordo de alguma vez ter acontecido. Qualquer bebida a mais tinha que ser curada antes ou marcada a presença mesmo que agoniado, com vómitos e mal disposto, isso sim, acontecia, a qualidade do serviço não sei, não posso avaliá-la.

Sugeria por isso que houvesse diferentes graus na pergunta, pois alegre confesso que muitas vezes estive, mesmo muitas, de caixão à cova só depois de estar cá, já descansado e com outras responsabilidades.

Não vejam aqui qualquer coisa que não esteja escrita, não havia meninos de coro nem éramos diferentes nem melhor que ninguém, acontece é que num grupo ou num pelotão pode faltar um elemento, mas onde um é a totalidade não pode faltar ninguém.

Penso que já em tempos escrevi onde referia que,  durante um período de convalescença de um camarada e amigo, bebíamos diariamente uma garrafa de gin, cada dia pagava um, daí resultar um dos estados de alegre em que me encontrei diversas vezes, mas não bêbado. Ou será que estava e não sabia e por isso não me lembro de muitas coisas hoje em dia?

Espero ter contribuído para poder melhorar o inquérito.

Um abraço,

BS

2. Comentário do editor:

A sugestão é bem vinda e faz todo o sentido. Simplesmente o inquérito já está no ar e o prazo de resposta acaba na 3ª feira, dia 15, às 18h00. Desde o momento que a malta começa a votar, já não é possível corrigir a pergunta ou as hipóteses de resposta, a não ser "remover" o questionário e fazer um de novo, sem possibilidade de recuperação das respostas já dadas...

E depois o inquérito só pode ter uma pergunta... E a pergunta tem que ser fechada (sim, não, talvez, não sei...). Não é nada flexível, mas o objetivo não é "científico": queremos apenas a pôr a malta a refrescar a memória e a escrever sobre  o "in illo tempore",  aquele tempo em que tínhamos idade para ter todos os sonhos e fomos mandados para a guerra...

Felizmente que não vivemos num país puritano (, pelo menos, por enquanto), e não é política, ética e socialmente incorreto recordar em público os "pecadilhos" da juventude passada, incluindo "pifos de caixão à cova" que apanhámos lá na "Guiné, longe do Vietname" (, como eu gostava de dizer, nas minhas cartas, que nunca pus no correio)... Um abraço valente... LG
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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15350: Ser solidário (188): Parabéns, Bambadinca!... Serviço Comunitário de Energia de Bambadinca (SCEB) que conta com a minirrede híbrida mais ampla do mundo: notícia e vídeo (Belarmino Sardinha)





Sinopse: 

A inauguração do Serviço Comunitário de Energia de Bambadinca (SCEB), que conta com a minirrede híbrida mais ampla do mundo, decorreu no dia 4 de Março de 2015 com a participação do Primeiro-Ministro e de outros membros do Governo da Guiné-Bissau, bem como do Embaixador da União Europeia em Bissau e do Comissário da CEDEAO para Energia e Minas.

O SCEB permite aos 8 mil habitantes de Bambadinca ultrapassar os constrangimentos no acesso à electricidade, beneficiando de um abastecimento permanente de energia renovável, garantido por uma inovadora central fotovoltaica híbrida de 312 kW de potência.


Sobre a promotora do vídeo:

TESE - Associação para o Desenvolvimento: é uma ONGD criada em 2002, que foca a sua intervenção numa abordagem positiva e inovadora, encontrando nas necessidades sociais oportunidades para atuar.

Sede: Av. do Brasil 155 A | 1700-067 Lisboa
Contactos: (+351) 213 868 404 | info@tese.org.pt | http://tese.org.pt


1. Mensagem, com data de ontem, do nosso amigo e camarada Belarmino Sardinha [ (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74; trabalhou na Sociedade Portuguesa de Autores; vive hoje no Cadaval]:


Luís e Carlos,

Através de um antigo companheiro de trabalho e amigo, chegou-me a informação de uma central fotovoltaica em Bambadinca. Julgo interessante, e não tendo visto no blogue nenhuma referência à mesma, admito que poderá ter sido por desatenção minha, parece-me tratar-se de matéria com interesse e envio o endereço do vídeo [, reproduzido acima].


Posso acrescentar que a esposa deste meu amigo viveu na Guiné durante os anos de guerra, o seu pai era militar, andou na escola primária em Gabú.

Vem tudo isto a propósito porque um dos elementos da equipa que integrou o projecto é filho deste casal, não sei se não será o responsável, é engeheiro e a sua especialidade é a energia fotovoltaica, mas não tive ainda tempo nem vi interesse em aprofundar.

Tenho feito tentativas no sentido de colaborarem com o blogue, parece-me haver agora essa disposição, esperemos, pois regressaram recentemente da Guiné-Bissau, onde estiveram em gozo de férias e têm imensas fotos de vários locais.

Um abraço,
BS

2. Resposta do editor LG:

Ótimo, Belarmino, mantemos sempre uma especial relação de carinho pelos sítios da Guiné onde vivemos durante a comissão ou parte da comissão. É o caso de Bambadinca, onde alguns de nós, membros da Tabanca Grandem  estiveram e dela guardam boas recordações.

Por acaso essa central híbrida fotovoltaica, de base comunitária, já aqui foi referida no nosso blogue em março passado, no poste P14322 [, clicar aqui].

Mas saúdo a tua louvável iniciativa, vamos publicar o teu texto. Diz aos teus amigos que serão bem vindos à nossa Tabanca Grande e esperamos,  com interesse e apreço, as notícias que eles trouxeram dessa terra verde e vermelha que nos une a todos, portugueses e guineenses, de ontem e de hoje.

Um abraço fraterno do Luís

PS - No passado dia 4 de março de 2015, ouvi a notícia da inauguração, através da Antena 1 e deixei este apontamento no blogue:

(...) "Com um clique e faz-se luz por Bambadinca!", relata Sara Dourado, uma "portuguesa no mundo", em entrevista à Antena 1, a 'minha rádio'. Por ela fico a saber do trabalho da ONGD TESE e do projeto-piloto, na Guiné-Bissau, de uma central híbrida fotovoltaica em vias de ser inaugurada, e e pssar a fornecer eletricidade a 6 ou 8 mil pessoas, em Bambadinca...

Hoje, de manhã, na 2ª circular, a caminho do trabalho, ouvi deliciado esta entrevista com esta portuguesa que se deixou encontar pela gente boa de Bambadinca (de maioria mandinga e fula, com núcleos balantas)... Oito mil habitantes, quatro ou cinco vezes mais do que há 45 anos, no meu tempo!

É trabalho de seis anos, se bem percebi, trabalho de gente solidária, muito jovem e qualificada, para quem vão as nossas palmas!... Hoje gostava de estar em Bambadinca para ser testemunha da felicidade dos seus habitantes!... Mesmo não falando, a maior parte, em português (, o que é pena!), é uma delícia ouvi-los em crioulo e ler a felicidade estampada no seu rosto!... Não é preciso muito para os seres humanos serem felizes, na Guiné-Bissau... Basta que sejam donos do seu destino e possam participar na resolução de problemas e na tomada de decisão, relevantes para a melhoria das suas vidas !... Vou querer saber mais sobre o trabalho desta ONGD TESE - Sem Fronteiras" (...)


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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15068: Ser solidário (188): Conseguimos! Campanha de "crowdfunding" completada com sucesso!.. Dinheiro (c. 2 mil euros) para investir em material para a escola e o hospital de Cumura (João Martel e Ana Maria Gala)

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14735: Agradecimento: De Belarmino Sardinha à tertúlia, a propósito do seu aniversário ocorrido no passado dia 6 de Junho

1. Mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74), com data de 9 de Junho de 2015:


Caros Luis e Carlos, 
Agradeço o favor de publicarem o texto que segue. 

Embora nem sempre nos conheçamos pessoalmente, quero agradecer a todos quantos se deram ao trabalho de escreverem umas linhas a felicitarem-me por ter cumprido mais um aniversário. 
Sou e quero continuar a ser um homem de palavra, espero não os desiludir e poder continuar a receber, por muitos e longos anos os vossos parabéns e poder retribuir com o meu agradecimento. 
Espero igualmente que cumpram a vossa parte mantendo-se de boa saúde para o fazerem. 

Caros companheiros, o meu muito obrigado. 
Um abraço, 
 BS

sábado, 2 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14554: Tabanca Grande (460): Nuno Nazareth Fernandes, que foi alf mil do BENG 447 e radialista em Bissau, 1972/74... Senta-se à sombra do nosso poilão, cabendo-lhe o lugar nº 684


Capa do livro "A engenharia militar na Guiné - O Batalhão de Engenharia" - Coord. Gabinete de Estudos Arqueológicos da Engenharia Militar. - Lisboa : Direcção de InfraEstruturas do Exército, 2014. - 166 p. : il. ; 23 cm. PT 378364/14  ISBN 978-972-99877-8-6. Cortesia de Nuno Nazareth Fernandes. Ìndice da obra: ver aqui.


 1. Mensagem do compositor (e nosso camarada da Guiné) Nuno Nazareth Fernandes, com data de ontem:


Meu Caro Luis Graça

Obrigado pela publicação (*). Agradeço me mantenha ao corrente desses encontros [da malta do blogue] pois farei circular a informação pelo pessoal do Beng 447. Aliás também nós nos reunimos uma vez por ano e os ex-oficiais em Lisboa ou no Porto ou a meio caminho e com mais frequência.

Já agora envio a foto da capa do que a Arma de Engenharia publicou o ano passado sobre a Obra que o Beng deixou para trás, por iniciativa do seu último Comandante, o então Ten Cor Alberto Maia e Costa.

Pode ser solicitado á Direcção da Arma de Engenharia no Campo de Santa Clara em Lisboa.
Também agradeço, caso insistam em pôr a minha foto (...) que a substituam pela que mando e que é mais actual.

Parabéns pelo blogue que me parece de muita importância. 

Lembro que talvez a malta se lembre de um programa que fazia na rádio, no Emissor Regional da Guiné, quando eventualmente não estava fora de Bissau e que se chamava "Integral". Era do agrado especialmente do pessoal que estava no mato, quer pela música quer pelas mensagens "subversivas" que deixava...

Um dia destes, com tempo vou ver se localizo algumas gravações e mando. Lembro-me uma vez em que fui chamado à DGS e me "pediram  muito delicadamente" (...) para ter mais cuidado pois eram obrigados a enviar as gravações para a António Maria Cardoso!

Nessa mesma tarde estava eu a fazer fogo com umas
armas apreendidas ao IN com o Chefe deles, o
Fragoso Allas, o que era normal sempre que havia armamento "novo" no "mercado" e ele disse-me : - Ó engenheiro,   então hoje foi lá ao "escritório"?! Não ligue, eles fazem só o que lhes mandam...

É claro que dizer aos microfones "Em Santiago reina a paz dos cemitérios" .. (estávamos em 1973 e Pinochet tinha iniciado a repressão no Chile).

Coisas que hoje são interessantes de recordar  e que nos fazem reflectir sobre o "conhecimento" e relações DGS/Exército no Ultramar mas isso são horas de conversa.

Um abraço amigo para todos
NNF

2. Comentário do editor:

Escreveu ontem, em comentário, o Belarmimo Sardinha, que é membro da nossa Tabanca Grande e amigo pessoal do Nuno Nazareth Fernandes:

Olá Luis,

(...) Várias vezes abordei já com o Nuno a sua entrada na Tabanca Grande, depende apenas dele, mas experimenta tu a convidá-lo, é sempre diferente. Ele é uma pessoa com muito espírito e piada na forma de contar as suas histórias e certamente terá algumas sobre a Guiné e até sobre a rádio da Guiné, onde esteve também. (...)

 Um abraço, BS.

Pois, meu caro Nuno, e meu caro BS: não precisamos de mais convites. O Nuno percebeu logo que estava entre camaradas da Guiné, de gente de boa fé, deu os patabéns pelo blogue, mandou-nos uma foto atual, mostrou-se interessado em saber dos nossos encontros e até nos contou uma história da sua passagem pelo  PFA, o programa de rádio das Forças Armadas, e da sua ida, um dia, ao "escritório" da DGS... Para mim, é a aceitação do convite que lhe fiz para integrar a nossa comunidade virtual de amigos e camaradas da Guiné.  

O Nuno já está, pois,  sentado, e bem sentado á sombra do poilão da Tabanca Grande, cabendo-lhe o lugar nº 684. (depois da entrada do José Sousa e das nossas amigas Graciela Santos e Lígia Guimarães, esposas de camaradas nossoas, totalistas dos dez encontros nacionais que já realizámos desde 2006). (**)

De resto, a malta do BENG 447 [de que temos vários camaradas formalmente registados na nossa Tabanca Grande, com destaque para o ex-cap mil Fernando Valente (Magro), de 1970/72] só pode ser recebida aqui de braços abertos. Já também aqui demos notícia do próximo 32º Encontro Nacional da malta do BENG 447, nas Caldas da  Raínha, no dia 9 do corrente.

Obrigado, Nuno, pela foto da capa da obra "A engenharia militar na Guiné", da qual vamos querer saber mais coisas... E o Nuno já sabe que na Tabanca Grande todos os camaradas se tratam por tu, do engenheiro ao corneteiro, do médico ao auxiliar de enfermagem, do comandanet operacional ao simples soldado atirador...

Como vai adiantada a hora, e estou fora de Lisboa, quero tão só dar as boas vindas ao Nuno e agradecer também ao Belarmino por ter levado a "carta a Garcia", neste caso ter dado a conhecer ao Nuno o nosso blogue. Ficaremos à espera de poder partilhar, uns com os outros, de mais histórias do BENG 447 e dos programas de rádio que se faziam em 1973 e qiue chegavam tanto aos ouvidos da malta no mato como aos agentes da DGS... Temos também vários camaradas que foram locutores do programa de rádio das forças armadas, a começar pelo Silvério Dias!... O Nuno, por certo, que se deve lembrar do Silvério Dias e vice-versa

___________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 30 de abril de  2015 >  Guiné 63/74 - P14549: (Ex)citações (273): A propósito de "O Vento Mudou".... No Festival RTP da Canção de 1967, o Eduardo Nascimento ganhou com o todo o mérito, porque era a melhor canção, e rompia com o chamado "nacional cançonetismo"... É falso que o Salazar tenha imposto o seu nome para ir ao festival da Eurovisão (Nuno Nazareth Fernandes, autor da música, e ex-alf mil, BENG 447, Bissau, 1972/74)

domingo, 28 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14090: Blogpoesia (398): O Natal Segundo Jesus Cristo (Edgar Mata / Belarmino Sardinha)

1. Mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74), com data de 26 de Dezembro de 2014:

Caros editores,
Envio este texto que, como sempre, deixo à vossa consideração a sua publicação.

Meus amigos, após todas as mensagens de Natal que vi, li e ouvi, decidi-me enviar-vos este poema, de um nosso camarada que esteve na Guiné e não se decide a entrar pela porta das nossas Tabancas, seja a Grande, a do Centro ou qualquer outra, mas que me concede o prazer da sua amizade e dos seus poemas e me autoriza a enviá-los aos amigos ou a divulgá-los.

Considero este nosso camarada um verdadeiro poeta.
Sempre que abordamos a sua publicação em livro vai dizendo não, embora com superior qualidade, o que se traduz neste poema e reflecte o sentimento de muitos que se manifestam pelo silêncio nesta quadra, sem contudo deixarem de aceitar ou respeitar os que pensam de forma diferente.

BS



O Natal segundo Jesus Cristo

Ao mundo vim entre bosta e urina
E um fedor ao excremento do gado
Ali o meu futuro foi traçado
P’lo capricho da vontade divina.

Depois, Judas, e para meu tormento
Pelas trinta moedas é tentado
Por remorsos acaba enforcado
Numa corda de arrependimento.

Desprezado eu fui p’los fariseus
Suportei toda a casta de maus-tratos
Mãos lavadas, condenou-me Pilatos
Mas, pior, foi o silêncio de Deus!

Sofri açoites, vaias, fui cuspido
Esvaí-me em sangue, exaurido
Condenado de forma amoral

Pelo ouro traíu-me um amigo
P’rá cruz meu Pai mandou-me por castigo
Por isso é que eu não gosto do Natal!

2014 – Edgar Mata

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Nota do editor

Último poste da série de 24 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14076: Blogpoesia (397): O meu Menino Jesus Chinês... com votos de Feliz Natal e um Bom Ano 2015 para todos os camaradas (António Graça de Abreu, ex-alf mil, CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74)

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12679: Direito à indignação (11): Por favor, respeitem a verdade dos factos... E, sobretudo, respeitem, os mortos e os vivos… de um lado e do outro da guerra! (Belarmino Sardinha / Cândido Morais)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Iemberém > 6 de Dezembro de 2009 > O menino de Iemberém 

Foto: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74):

Meus Caros Editores,
Desculpem se tenho andado ausente e de repente apareço sem mais nem porquê, mas há coisas que, mesmo não sendo engraçadas têm a sua piada, mesmo falando de guerra…

Leitor diário do blogue, nem sempre lhe dou a devida atenção e reconheço que isso leva-me a deixar para trás algumas coisas sobre as quais podia comentar ou até falar, mas está tudo dito e bem, para quê chover no molhado, mas sobre o P12669 achei que me apetecia dizer alguma coisa, por isso, se acharem bem podem publicar, garanto que é verdade e nada mais que a verdade tudo o que aqui escrevo.
Também quero que os meus filhos e os filhos dos outros se regozijem deste pai de família. Sempre achei que este espaço deveria servir para deixarmos um testemunho sério e verdadeiro, relatos dos acontecimentos marcantes de várias gerações de sacrificados pela luta com armas, mas o P12669 explica muita coisa, nunca pensei ter feito parte de um Western Hollywoodesco de Cowboys (o estrangeirismo fica sempre mais bonito na escrita) se escrevesse cinema do oeste português e rapaz das vacas poderiam pensar que estava a falar de alguma casa de alterne.

Tudo parece ter ocorrido em Outubro do ano da graça de 1968, tinha eu então dezoito anitos, mas se não foi em Outubro, foi nesse ano. Não sei se conseguirei escrever tudo que gostava ou quero, só agora me debrucei mais atentamente sobre as intervenções neste blogue e confesso-me de cara-à-banda. Estou feliz finalmente, descobri a razão da minha mobilização para a Guiné em 1972, sei agora, sem margem para dúvidas que foi para limpar a porcaria que lá ficou pelos milhares de mortos inimigos feitos num só dia, por pouco quando lá cheguei já não havia para mim.

Caíam como todos, abanávam as árvores e caíam pelo efeito do shelltox (mata que se farta, passe a publicidade). Lembrei-me até que um deles, meu amigo, ficou cego de uma vista, estava a espreitar num buraco de uma árvore, veio de lá o chefe da família do Pica-pau Amarelo e deu-lhe uma bicada num olho, chamava-se Luiz Vaz de Camões, mais tarde escreveu um livro muito apreciado chamado Lusíadas. 
Desculpem mas estou tão “emulsionado” que vou parar aqui este escrito. Acreditem em mim, ainda ando a bater mal pois conhecia-os a todos, de um e outro lado e até tinha os seus contactos de telemóvel.
Aos que ainda restam e por cá andam, são e vão continuar a serem penalizados, pois além das pensões, se chegaram a este ponto da leitura já levaram comigo, para todos, aqueles que vão escrevendo a história dos acontecimentos e aos que não são maus rapazes, os progenitores é que não deviam ter nascido, o meu abraço.

BS

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1. Mensagem do nosso camarada Cândido Morais (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71):

Caro amigo
Considero também que estas iniciativas locais ("recolher história" sobre a guerra colonial), não deveriam ser levadas a cabo de qualquer maneira.
Como militar, estive também na Guiné, na zona leste (Piche, Buruntuma, Canquelifá, Bajocunda, Copá, Tabassai, Amedalai...) e revoltam-me comentários como aquele que tive oportunidade de ler: "despachamos milhares de inimigos"...

Hoje, dada a convivência que recordo ter mantido com a gente das tabancas que o arame farpado e os postos avançados dos quartéis protegiam das incursões do IN, sinto até uma certa repugnância pelos termos em foi descrita uma pseudo-acção militar, algures no território do Senegal. Aliás, mesmo quando refiro algumas das minhas memórias do tempo da guerra colonial, eu confesso que me custa escrever a palavra "inimigo", e quase sempre encontro forma de contornar esse obstáculo, às vezes utilizando o termo "IN".
Eu acho que nós, ex-combatentes, temos um enorme manancial de histórias para contar, mas nem precisamos sair do âmbito das lições de humanidade, de entreajuda, de amizade... que vivemos no teatro da guerra. O soldado português, penso eu, tinha uma inigualável capacidade para se fundir com as populações locais, com quem se confundiria se conseguisse mudar a cor da pele... Violência? Morte? Infelizmente existem em todas as guerras, mas não fomos nós que as inventámos. No entanto, existe na guerra uma quantidade tal de exemplos de grandeza e de elevação, que facilmente fazem esquecer as maiores vicissitudes e os maiores erros.

Sugiro que se recomende ao Sr. Presidente da Câmara um maior cuidado na recolha de relatos da guerra colonial. Primeiro, porque já passou muito tempo e as coisas podem ser deturpadas, depois, porque existem espíritos inquietos que não se preocupam com a exigível fiabilidade dos seus relatos, depois ainda, há quem pense que "matar gente" é a grande missão de um soldado.
Que diabo, por que é que nós, últimos soldados de um Império grandioso que a nossa História descreve e se ufana, mormente quando fala nos Descobrimentos, continuamos a ser massacrados de mil e uma formas?

Penso que, para quem não sabe, há sempre instituições credíveis que podem ler e avaliar textos que farão parte de uma qualquer memória futura. É preciso muito cuidado, e é preciso que prevaleça a verdade.

Um grande abraço
Cândido Morais

PS: - Estive na Guiné em 70/71, e passei o meu último mês de comissão em Bafatá (em merecidas férias com o meu pelotão) e a população ainda ouvia com espanto alguns rebentamentos a quilómetros de distância (a Guiné é plana e ajuda nisso), e por isso eu concluo que por ali não havia memórias perceptíveis de guerra. Quanto a Bissau, ouvi falar de um qualquer acontecimento, uma flagelação à distância...
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Nota do editor:

Último poste da série de 4 DE FEVEREIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12677: Direito à indignação (10): Por favor, respeitem a verdade dos factos... E, sobretudo, respeitem, os mortos e os vivos… de um lado e do outro da guerra! (Luís Graça / Carlos Pinheiro / Sousa de Castro / José A. Câmara)

domingo, 29 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12102: Convívios (534): O 1º encontro dos bedandenses em Peniche: 28 de setembro de 2013, sob a batuta do Belmiro da Silva Pereira (Parte I) (Luís Graça)


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > Na tasca secreta do Belmiro, o bolo do encontr0  > Depois da Mealhada, Peniche, que como é sabido é ponto mais ocidental de Portugal continental a norte do Cabo da Roca.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013  > No Cabo Carvoeiro, junto ao restaurante "Nau dos Corvos",  o Rui Santos (, um  dos veteranos, da 4ª Companhia de Caçadores Indígenas) e o João Martins, artilheiro: ambos passaram pela CCAÇ 6.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 
28/9/2013 >  
Cabo Carvoeiro, com as Berlengas ao fundo: Lassana Jaló, fula, da CCAÇ 6, ferido em combate, a viver em Portugal; o Gualdino José da Silva (fur mil, de 1967/69); e o Rui Santos.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Algures no promontório do Carvoeiro, onde atacámos a sardinhada... Da esquerda para a direita, o Hugo Moura Ferreira,  e o Belmiro da Silva Pereira ( ex-alf mil, 1969/71, hoje médico, e a alma deste encontro na sua adorada terra, Peniche).  Com o Belmiro, está o seu filho.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Em primeiro plano, à esquerda: o ex-cap inf, hoje cor  ref,  com 78 anos (que comandou a CCAÇ 6 em 1967/68), bem como o ex-alf mil médico João António Carapau... 

Em conversa com estes dois camaradas, descobri que o Mundo é Pequeno (e a nossa Tabanca... é Grande): o nosso "mais velho" nasceu na Lourinhã, em Reguengo Pequeno, tendo ido para Lisboa com um ano; aí fez a sua vida, seguiu a carreira militar, com comissões em Moçambique, Angola, Guiné, Timor e Açores... 

O João António Carapau, conceituado pediatra, está reformado do Hospital da Estefânia, vive na Portela, tendo sido amigo e vizinho do Prof Mário Faria, meu amigo e colega na Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa, e também ele alf mil médico em Moçambique (entretanto já falecido). 

Por nada deste mundo consegui convencer o "nosso capitão" a ir fazer uma visita ao nosso blogue: ele não usa o computador, não tem endereço de correio eletrónico e... "tem raiva a quem tem" (, que é uma maneira airosa de nos mandar à fava...).  De resto, é um homem de espírito e camaradão.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Aspeto parcial  da mesa dos bedandenses e seus amigos... Do lado esquerdo, o Fernando Sousa, o José Guerra (1º cabo,  1971/73) e o João Martins (pelotão de artilharia, 1968/69, o único que esteve ainda com o alf mil Belmiro Pereira da Silva).


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O "patrão" da casa, Belmiro da Silva Pereira, dando as boas vindas.



Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Um artista português, do tempo dos Beatles... Ao fundo, ao canto esquerdo, um dos bedandendes de 1972/73, o Joaquim Pinto Carvalho, ex-alf mil, hoje advogado.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O Fernando Sousa  (, que é de 1971/73), mais a esposa, atentos à atuação do "one man show" que é o Belmiro  (que já foi diretor do Centro de Saúde de Peniche, e era meu conhecido das lides da saúde). Tem página no Facebook.



Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Uma  tarde bem passada, garantiram-me o Renato Vieira de Sousa (ex-cap inf) e o João António Carapau (ex-alf mil médico)


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O "alfero" Joaquim Pinto Carvalho (Cadaval), à direita; mais o 1º cabo do SPM, Luís Nicolau, vizinho da Benedita, Alcobaça... São compadres - o Joaquim é padrinho de casamento de um filho do Nicolau. "Cumplicidades" bedandenses...



Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O Hugo Moura Ferreira, que tomou a peito o desafio de "substituir", à última hora, o Tony Teixeira, que ficou de baixa, em Espinho. Tem página no Facebook.



Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Da esquerda para a direita - Victor da Luz Calado, ex-fur mil do Pel Caç Nat 53 (maio de 1968 a maio de 1970, tendo estado em Bambadinca de novembro de 1968 a novembro de 1969!), o João Martins e o Lassana Jaló, o mais bedandense dos bedandenses... 

O Victor, alentejano de Almodovar, vive em Setúbal, e tem um belíssimo queijo de Azeitão, que eu provei!... O mais incrível é que estivemos juntos em Bambadinca, pelo menos 3 a 4 meses!... E não temos nenhuma ideia um do outro...



Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > As esposas: do Joaquim Pinto Carvalho (à ponta esquerda), do Gualdino José da Silva (ao centro), e do Hugo Moura Ferreira (à ponta direita; a Lorena viveu 4 meses na Guiné, no tempo da comissão do Hugo).


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O nosso querido grã-tabanqueiro Belarmino Sardinha e a esposa, do lado direito... Brincámos com os apelidos: à sardinhada não faltou o Sardinho nem o Carapau... Foto das despedidas... à esquerda, de costas, o Belmiro...

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados. [Edição:   Blogue Lu
ís Graça & Camaradas da Guiné.]


1. O 3º e último encontro do pessoal que passou por Bedanda, com destaque para a CCAÇ 6, tinha sido na Mealhada, no passado dia 29 de junho último (se não me engano).  

Embora sempre gentilmente convidado pelo Tony Teixeira, de Espinho, nunca me foi possível alinhar, a mim e à Alice,  por razões de calendário. Mas desta vez não podia dizer mesmo que não ou arranjar qualquer desculpa: afinal, era aqui em Peniche, ao pé de casa, ou melhor, da casa da Lourinhã (, donde sou natural)... E nesse sábado eu estava lá.

Bom, o 4º encontro foi ontem, em Peniche, sob organização do Belimiro da Silva Pereira que foi alf mil da CCAÇ 6, em 1969/71. tendo juntado três dezenas e meia de bedandenses, familiares e amigos. 

O Belmiro já estava no 2º ano de medicina quando foi chamado para a tropa. Na altura não deu as habilitações académicas corretas, pelo que foi parar ao contingente geral. Mas alguém (creio que o capitão) descobriu  a marosca e o nosso Belmiro lá foi, contrariado, para a EPI, para o COM, em Mafra. Quis o azar que, depois, fosse parar com os quatro  costados ao então tão temido TO da Guiné. De rendição individual, como os demais, lá foi fazer a guerra em Bedanda, na CCAÇ 6.

Quem foi do seu tempo, ou que ainda o apanhou em Bedanda foi o nosso  grã-tabanqueiro João Martins. Dos bedandenses do blogue, ou meus conhecidos, estiveram presentes, além dos já mencionados (Hugo Moura Ferreira, Rui Santos e João Martins), eu, a Alice, o Joaquim Pinto Carvalho (que falta apresentar formalmente à Tabanca Grande), mais a esposa, Maria do Céu.  e ainda o Belarmino Sardinha e a esposa (têm casa no Cavadaval, e vieram com o Pinto de Carvalho). 

O grande ausente, por razões de saúde, foi o nosso querido Tony Teixeira, de Espinho. Para ele vai um especial abraço, com desejos de rápidas melhoras.

2. Entretanto, e em jeito de homenagem aos nossos amigos e camaradas bedandenses, aqui ficam alguns dos versos que improvisei, ontem, em cima do joelho. São quadras populares, de sete sílabas métricas, e onde refiram sobretudo os bedandenses que já conhecia:


Homenagem aos camaradas bedandenses

Se ele há crise, … que se lixe!,
Gritam alto os bedandenses,
Aqui presentes em Peniche,
Quer tugas quer guineenses.

P’ró Belmiro não estar só,
Veio o Sousa, veio o Guerra,
Veio o Lassana Jaló,
E até eu, da minha terra.

Não fui da CCAÇ 6,
Logo não sou bedandense,
Fui da 12, como sabeis,
E por isso bambandinquense.

Tenho-vos a todos no coração,
Mas faltei à Mealhada,
Amigo, camarada, irmão,
Aqui estou p’ra sardinhada.

Ao Tony estou obrigado
P’lo seu gesto de carinho,
Aqui estou eu, convidado,
E ele, retido em Espinho.

Quem faltou à sardinhada,
Foi o nosso amigoTeixeira,
Faltou-lhe a pedalada,
‘Tá desculpado, diz o Pereira.

Saúdo o Pinto Carvalho.
E os demais bravos alferos.
Gente de rimbimba o malho,
Sempre fortes, leais e feros.

O Rui Santos é o mais velhinho,
Da quarta, de caçadores,
De bajuda, foi paizinho.
Na Guiné teve dois amores.

[Ele e a esposa tiveram a primeira filha,
na Guiné, hoje com 50 anos]

Na guerra do anda e desanda,
Foi Martins o artilheiro,
Do grande obus de Bendanda,
E de tiro muy certeiro.

Hugo Moura Ferreira,
Outro grande tabanqueiro.
Tuga com eira e beira,
Foi de Bedanda o primeiro.

[A entrar para o nosso blogue, ainda na I Série, em 2006, portanto um histórico da Tabanca Grande]

Luís Graça

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Vivam todos em geral,
Vivam todos os que aqui estão,
Viva o dr. Belmiro,
Mais o nosso capitão.


[Um espontâneo, o Gualdino José da Silva, ex-fur mil 1967/69]


De Bedanda para Peniche.
Numa bela sardinhada,
Que tremenda gulodice,
Com uma guitarra a vibrar.
Ó que bela rapaxiada,
Para seu passado lembrar!


Fernando Sousa

[É leitor do nosso blogue, fiz-lhe o convite para integrar a nossa Tabanca Grande, tem histórias para contar]

Vd. mais fotos (e vídeos) no Facebook > Grupo Bedanda / CCAÇ 6
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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12062: Convívios (533): Confraternização anual do pessoal da CCAÇ 2797 e Pel Canh SR 2199, dia 5 de Outubro de 2013, na Mealhada (Luís de Sousa)