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sábado, 2 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20932: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (9): “Operação Confinamento II"

1. Em mensagem do dia 27 de Abril de 2020, o nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos esta Boa memória da sua paz, dedicada ainda ao confinamento.


BOAS MEMÓRIAS DA MINHA PAZ - 8

Op Confinamento II

Aparentemente, pouca gente terá lido a minha reportagem anterior (Op. Confinamento). No entanto, logo fui alertado de que os Bandalhos mais afastados, também vivem momentos difíceis (e estranhos) no combate à pandemia. Vou tentar informar o que se passa com eles, mas sem indicar os nomes, claro. Além disso, vou informar o que alguns continuam a fazer.

O caso mais grave parece ser o do Diniz Goa da Costa que, sabendo das dificuldades dos seus amigos do norte, devido à falta do prometido material sanitário, apanhou algumas máscaras (de vários tipos), arrancou os ventiladores das suas WC e fez-se à estrada.


Porém, como exibia a bandeira da Restauração, foi detido perto de Alcoentre, onde está preso numa das celas dos 2000 criminosos que, entretanto, foram libertados. Por mais que diga que aquela bandeira não é a do FCP, ninguém acredita. Será, porventura, por obsessão de alguém fanático, avesso ao azul e branco do F. C. Porto?


Quando soube deste incidente, o vizinho Duque da Amadora avançou em seu auxílio. Depois de manifestar a sua revolta, ele que é um Homem da Paz, foi submetido a um infame e rigoroso interrogatório, até o incriminarem. Imaginem a causa da sua prisão: trazer vestida, como camisola interior, uma T-shirt dos Super Dragões, que um seu familiar lhe havia dado como prenda.


Curioso é o confinamento em Gestosa de Boticas, nas encostas da Serra do Barroso. O José Bandalho Pires, que é o Morgado e dono de quase toda a aldeia, impôs-lhe o seu total isolamento (mais rigoroso que em tempos de grande nevão). Todavia, obriga ao convívio diário de todos os seus 9 habitantes. Desde então, as lareiras têm funcionado continuamente, com as respectivas panelas de ferro ao lume, consumindo os artigos de fumeiro com que ornamentam as cozinhas.


Quando o convívio é bom,
Merece o fabrico do pão!

Desenterraram o “vinho dos mortos” para as tainadas, que têm sido contínuas, pois já ninguém trabalha (fora da cozinha…) e reina por lá uma certa desorientação em atinar com o sítio onde dormir.

Preocupante, continua a ser o comportamento dos Maiatos.

O Alberto, cavou um abrigo junto do anexo, onde se isolou. Tem um buraco tapado com o fundo de um bidão. Deixam-lhe a comida por perto, mas não aceita quaisquer contactos. Nem “telelé”, nem “net”, nem televisão. Isolamento total!
Outro, o Galã, está detido, em casa. E ainda bem, porque quando ele anda fora, é uma grande confusão com as suas admiradoras. Anda preocupado com os alarmes de guerra que um seu cunhado anda a espalhar no meio familiar.

Os primos de Crestuma foram afastados pelas mulheres que os levaram; um foi para Gaia e outro para Lever. Este vive sacrificado, pagando bem caro os custos pela conquista da sua jovem mulher. Está incumbido de tratar cuidadosa e amorosamente a sua gentil sogra.
O outro, anda sempre desenfiado. Não alinha nas “redes sociais”, nem aparece com facilidade. Por um acaso, recentemente descobrimos onde passa grande parte do seu imenso tempo livre. Se não estiver no Dragão ou no Centro de Estágio de Crestuma/Olival, deve estar a preparar uns “cachorrinhos” especiais na cozinha do café da vizinha.

Quem está mal é o Augusto de Lamego. O tal amigalhaço que vive muito dos abraços. Ganhou aquele vício quando conviveu de perto, com alguns colegas artistas, no filme da Ferreirinha, sob a orientação do Manoel de Oliveira. Com as ruas desertas de gente (e a falta de abraços), ele sente mais a nossa falta. Ainda bem, porque quando ele vem cá abaixo (poucas vezes), leva abraços para meio ano. Vá lá que o Moreno tem passado por sua casa, a dar-lhe as mesinhas necessárias, para se manter em forma.

Do Brasil, também temos notícias “abandalhadas”.
A Luci está muito feliz com a família, lá para os lados da Baía. Sempre na farra, até parece muito crédula com as orientações governamentais.

A Elci, de Goiás, mais ligada ao mundo da saúde, por profissão, não perde a oportunidade de vincar teimosamente a sua opinião. Ainda bem, porque o Brasil pode vir a sofrer um bom bocado.


Do casal Carmenzita, nem uma palavra. Pela Junta de Freguesia de Touguinhó, soubemos que se refugiaram nas margens do Rio Leste, perto dum acampamento de imigrantes subsídio-dependentes que aguardam a justa e digna habitação. Vivem à base de caracóis dos grandes, perninhas de rã, agriões, escalos fritos e grilos salteados. Moram na tenda assinalada com uma bandeira encarnada com o n.º 37.

Homem aos grilos - Foto captado por “zoom”, pelos serviços exteriores do Gabinete de Crise Covid-19, da autarquia Touguinhense.

Por intermédio da filha Andreia que, aflita, nos procurou, soubemos que o luso-brasileiro de Fornelos, enfiou o camuflado, equipou-se com armas brancas e fugiu de Gaia, atravessando ilegalmente, os concelhos de Espinho, Feira, Arouca, Castelo de Paiva e Cinfães. A Andreia quer saber, através dos “Bandalhos”, se estamos ao corrente da ingrata situação. É que as armas que transporta, além de infectadas pela matança recente de ratazanas doentes, elas estão bastante enferrujadas e podem ser perigosas, no caso de alguém se espetar nelas.


Julgo que este assunto deveria ter a maior atenção do nosso “Presidente dos Bandalhos” que, independentemente da azáfama reinante nas nossas Forças Armadas, muito preocupadas com as festividades do 25 de Abril, teria uma boa oportunidade de lhes dar alguma ocupação.

Mandaram-nos uma foto, obtida há dias, numa espreitadela ao anexo da vizinha, ali perto de Rio de Moinhos. Tudo normal e corriqueiro. Só que a senhora vincou repetidamente:
- Olhe que, quem cabritos come e cabras não tem, nem quero pensar donde aquilo vem!


A insinuação é forte e é por isso que eu nem os nomes sei dizer.

Da Quinta Srª da Graça, propriedade do famoso casal Bandalho Luísa e Zé Manel, fomos informados de que as coisas não correm lá muito bem. Ele, sempre preocupado com a linha do “corpinho Danone” (engordou 226gr), já não come os mal-empregados petiscos que a mulher lhe faz, e não trabalha, alegando… fraqueza física.



Com tais petiscos da Quinta da Senhora da Graça, quem é que ficava fraco para trabalhar?

Temos fotos chocantes da sacrificada senhora a sulfatar a vinha, enquanto ele faz “selfies” tendo como fundo a paisagem duriense. Com a mania de que é mais esquerdista que os outros 93% dos portugueses que dizem que também são, queria ir à Assembleia da República, festejar o 46.º aniversário do 25 de Abril, mas foi rejeitado porque aquilo é mais para a elite que, “heroicamente”, não foi à guerra.


Recebemos uma mensagem, com foto, dando-nos a conhecer que o Tarzan Travesso, de Medas, ocupa agora, também, os galhos do 2.º Piso da Árvore n.º 3 da Rua do Loureiro, 4515-370 Medas - Gondomar

Reina uma tristeza enorme na Rua da Alegria. O bondoso Bandalho Jotex, que era conhecido por levar restinhos de pão-de-ló, para os cãezinhos da D. Vergília, não sai da cama. Inactivo, engordou de tal forma que, só sairá de casa pela janela grande, pendurado de um forte guindaste. A família, envergonhada, já fez constar que ele sofre dos joelhos, dos joanetes e... tal… e tal… No entanto, sabemos também, que está sob forte regime de dieta, a fim de recuperar a indispensável mobilidade, aliás exigível ao detentor do mais alto cargo da nossa hierarquia “bandalhada”.

Existem vários outros “Bandalhos” (uns com as quotas em dia e outros não), cuja inactividade recente, não dá para perder tempo atrás deles. O seu isolamento envergonhado (ou não), leva-nos a pensar que devem ser eles a dar sinais de vida.
Entre eles, devemos enaltecer o caso de um dos primeiros “Bandalhos”, o Grandalhão, que foi atleta do FCP e que, mesmo reformado da PJ, se mudou para a capital, oferecendo os seus serviços, em “pro bono”, no intuito de arranjar maneira de salvar o Rui Pinto, o tal jovem denunciante da corrupção em Portugal.
De resto, confirmamos que os “Bandalhos” se estão a safar bem nesta luta inglória, o que nos dá grande satisfação.

José Ferreira
(Silva da Cart 1689)
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20903: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (8): “Covidando” com os meus botões ou “Covidando” com o confinamento

sábado, 25 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20903: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (8): “Covidando” com os meus botões ou “Covidando” com o confinamento

1. Em mensagem do dia 17 de Abril de 2020, o nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos esta Boa memória da sua paz, dedicada ainda ao confinamento.


BOAS MEMÓRIAS DA MINHA PAZ - 7

“Covidando” com os meus botões
ou
“Covidando” com o confinamento

Nunca estive preso, excluindo aquela vez (“verão quente” de 1975) em que me detiveram durante mais de cinco horas no posto fronteiriço de Vila Verde de Ficalho/Rosal de la Frontera, por me terem confundido como um PIDE em fuga, quando apenas pretendia gozar uns dias em viagem por Marrocos.
Também não vamos considerar como “prisão”, quando caídos naquela emboscada no Oio, em que, durante 3h40, não podíamos levantar cabeça. Essa sim, bem mais perigosa.


E, já agora, por que não lembrar os meus camaradas da CART 1689 que “viveram presos e soterrados” naqueles 38 dias de Gandembel, dos quais eu me safei por estar de férias?

Pois é por isso que, neste confinamento de voluntário à força, me vejo a cogitar/”covidar” com os meus botões. E passo a divagar.

Desde o dia 19 de Março que não saio à rua. Tinha abusado no último convívio do “Bando” de Combatentes (Op Sarrabulho, em Ponte de Lima) no dia 11, mas ainda saí duas vezes: uma ao ribeiro, para apanhar os agriões (que a mulher, depois, se recusou a colocar na mesa) e a outra quando jantámos, no dia 19, num restaurante dos camionistas, vindos de Coimbra a caminho de casa. Neste caso, em que comemos sós, com mais outra pessoa na sala, naquelas enormes instalações. Ficámos de tal maneira assustados, que fomos quase directos para a casa de banho exterior e mergulhámos até hoje no ninho renovado. Nos telefonemas recebidos dos familiares, recusámos dizer onde andávamos.
Desde então, estamos realmente em prisão. E por aquilo que se consta, há criminosos a viver melhor que nós, os inocentes. Isto, para não falar nos outros (os maiores) que nos gozam e que vão gozando à grande e à francesa.

E aqui no cativeiro, vamos experimentando uma nova vida. A minha Mulher, que sempre reinou no lar, mostra agora ainda mais o que vale (que remédio!), à beira daquele que, nas coisas da casa, nunca deixou brilhar. Valha-me o gozo desse proveito, que não devo desprezar.
Nesta situação, também gozo muito ao ver os filhos e netos a procurar-nos via Skype ou Whats App. Momentos inesquecíveis, cheios de amor, carinho e ternura. Relíquias de uma época insólita, para eles mais tarde recordarem.

Quase sempre na cama, tenho a TV ligada. Procuro ver mais as graças do que as desgraças. Mostro algum interesse pela evolução deste coronavírus e lamento em murmúrios o que vejo informar/divulgar. Não fora a curiosidade de saber o porquê daquelas aflições de autarcas do norte e o sucesso das poucas mortes na zona de Lisboa, eu consideraria que tudo marcha razoavelmente. E já com dois AVC, vou afligir-me, porquê?

Gostaria de ler. Ler aquilo que devia e o que gostaria de saber. Porém, a visibilidade não ajuda e o cansaço também. E é por isso que me limito a dormir o máximo, como se na guerra estivesse, ansioso que o tempo passasse. Vejo a TV, mas já não aguento a violência, mesmo que sejam heróis americanos a salvar o Mundo. Coisa que acontece umas 20 vezes por dia. Gosto de coisas mais leves, tipo “coboiadas” americanas, espanholas ou italianas. O enredo já pouco importa. Ligo mais à paisagem, à música e ao insólito. E vejo repetidamente aqueles “Artistas” que em miúdo tanto me entusiasmaram. Todos galãs ou vilões de se lhes tirar o chapéu. E elas, tão giras, tão pudicas e tão belas!



Apesar disso, uma grande diferença eu noto. Agora, vejo mais que a justiça era a lei da bala. Não aceito que os índios eram maus e que os pistoleiros eram heróis. Os índios, americanos genuínos porque originários daquela terra, ganharam o meu maior respeito e fico com pena deles. E deliro nos poucos filmes em que o índio se vinga (ah, grande Apache Charles Bronson!).


E tinha que aparecer aquela dupla Terence Hill mais o Bud Spencer, cujas histórias hilariantes nos levam ao Oeste Americano, às Caraíbas ou ao Brasil.

Foram dias e dias de relaxe e boa disposição. Até que me falharam as pilhas do comando da televisão. E o canal Fox Movies ficou-se para sempre. Não imaginam quantas vezes vi os filmes do Trinitá, dos Super Polícias e do Banana Joe. Foram dias e dias a gramar até… enjoar.



Foi então que influenciei a minha Mulher para furar o confinamento e ir ao supermercado buscar alguma coisa em falta e… se pudesse… trazer-me pilhas das mais pequenas, para o comando da televisão do quarto.
Ela veio de lá toda entusiasmada com aquilo que viu. Tantos eram os cuidados com a desinfecção, a disciplina e a limpeza, que lhe deram confiança para sair de casa mais duas vezes no mesmo dia.
Perdi eu a confiança no confinamento, fiquei fulo e desconfiado. Já não deixo minha Mulher aproximar-se e obrigo-a a usar luvas e máscara. Já lá vão três dias a viver desta maneira. Possivelmente, terei que quebrar esta medrosa teimosia.

Para terminar:
Nota 1: - Hoje, dia 16 de Abril de 2020, pelas 14h55, acabei de saber que o novo teste à Covid-19 feito a minha Mãe, acusou “negativo”. Ela foi internada no Hospital S. Sebastião, com a doença, no dia 30 de Março. Apesar dos seus 100 anos e, portanto, pertencer ao grupo de maior risco desta pandemia, melhorou, está bem, está a vencer o malvado!
Nota 2: - Perante tal graça divina, já chamei minha Mulher, pedi-lhe desculpa, mandei-a vir para a cama e já lhe dei o comando da televisão: - Olha, escolhe o programa que quiseres, mesmo que seja uma telenovela.

José Ferreira
(Silva da Cart 1689)
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20868: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (7): Op. Confinamento, retrato do estado psicológico dos Bandalhos

sábado, 18 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20868: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (7): Op. Confinamento, retrato do estado psicológico dos Bandalhos

1. Em mensagem do dia 9 de Abril de 2020, o nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos esta Boa memória da sua paz, dedicada à senhora sua Mãe, uma centenária que parece ter vencido o terrível Coronavírus.


BOAS MEMÓRIAS DA MINHA PAZ

6 - Op. Confinamento

Todos nós, incluindo, talvez, as nossas autoridades sanitárias, estávamos convencidos de que este novo “coronavírus” não chegaria a Portugal. Quem acreditava que esta “peste chinesa” se viesse a deslocar até cá?
Com muito respeito pelos “chinocas”, os tais que estão, pacificamente, a tomar o Mundo, só quando “il nostri fratelli italiani” foram invadidos, é que acreditámos que aquilo se poderia alargar até aqui.
Todavia, essa fatalidade era atribuída mais ao descuido dos italianos do que à sua imparável evolução. E fomos acreditando que ela não nos apoquentaria. Porém, a sua implantação foi-se alargando pela Europa e pelo Mundo.

O último dia de convívio do “Bando” (11.Março.2020)

Enquanto isto acontecia, nós, os do “Bando”, mantínhamos os nossos contactos, as rotinas e as nossas brincadeiras.
De repente, a coisa agravou-se aqui mesmo ao lado, em Espanha, e começou a invadir-nos sorrateiramente.

Foi já em plena pandemia da Covid -19 que, no final de mais um excelente convívio – Op. Sarrabulho - que o nosso Presidente assumiu, com mais rigor, a devida orientação comportamental do nosso “Bando”.


E foi na taverna do S. Tomé que, quando se apercebeu que o presunto havia sido devorado sofregamente, como causa evidente do acumulado stress e ansiedade, deu um murro na mesa e decretou:
- Vamos entrar todos de quarentena!

Desde então, são casos e casos de inadaptação caseira; de trabalhos, abusos e conflitos; de manifesta falta de calma e evidente ausência de jeito. Se, fora de portas, não valíamos grande coisa, agora, internados, mostramos que não valemos um chouriço (para não dizer: um caralho).
Mas, por outro lado, temos de louvar o esforço de alguns e, acima de tudo, enaltecer as nossas mulheres (as legítimas, claro!) que, decepcionadas com a possibilidade de segunda lua-de-mel, vêm heroicamente resistindo a tudo de mau e do pior que um velho lhes possa dar.

Para fazermos uma ideia da situação actual dos nossos “Bandalhos”, aprisionados nos seus lares, vamos referir os abandalhados casos, cujos verdadeiros nomes, como é óbvio, não vamos poder apontar (porque apontar é… feio).

- Mal chegou o primeiro fim-de-semana, uma série de “Bandalhos” procurou saber se o Zé dos Fados continuava nessa vida de pataniscas e binho berde. É que ele deixou a malta muito apreensiva devido ao seu contacto durante a Op. Sarrabulho. Só aliviámos a ansiedade depois de decorridos os tais 14 dias.

- Ao fim de 5 dias de confinamento, já havia chamadas telefónicas entre mulheres amigas que desesperavam com o comportamento de seus maridos, mais agarrados ao álcool e isolamento do que aos seus deveres do amor e do acasalamento. Um deles foi recuperado pelo INEM, de garrafão na mão, já sobre a Ponte da Régua e outro a dormir, quase em coma, num tasco perto das Termas de S. Vicente. Este justifica-se porque, como de costume, andava aos cabritos; o outro já não diz coisa com coisa (Será excesso de inspiração poética?).

- Outro, querendo mostrar as suas capacidades de eterna juventude, encheu um saco de produtos de fumeiro e uma “bag-in-box” de 20 litros de vinho barato, agarrou no gato e fugiu para a parte alta do concelho de Gondomar.


Subiu a uma árvore e lá se instalou. De tempos a tempos, dá gritos a imitar o Tarzan. É fácil localizá-lo, porque ele assumiu que agora vive nos 1.ºs Galhos da 3.ª Árvore da Rua dos Loureiros, em Medas.

- Outro Bandalho, dali dos lados do S. Domingos da Serra (já perto da China), agarrado ao instrumento, não faz outra coisa. A mulher é que já não o aguenta. Ele, muito criativo, inventa posições, mexe com as mãos, trabalha com os dedos e murmura alguns sons, mas… pouco consegue.

- O Rapaz da Foz, está tão obcecado por ver o mar a bater no farol, que não sai do muro da Foz, nem por nada. Já não usa telemóvel, não ouve ninguém, nem a mulher a chamá-lo para ir comer. Vive perto de outro “Bandalho”, o “Sorridente”, que não larga a neta, nem para a mãe lhe dar de mamar. Nos intervalos, vai ter com o primo, para emborcar digestivos, num dos bares clandestinos.


- O Senhor de Rio Tinto, também se isolou. Não comenta no facebook e não vem à janela, porque tem vergonha do bigode, já mal-amanhado. É que anda desesperado porque o barbeiro fechou e ele, que andava sempre aparadinho, tornou-se num “Bandalho” de aspecto reles.

- O Mesquita também está sem contactos. É pena, porque ouvi-lo defender a pureza das cores Azul e Branco é uma maravilha. Esperemos que não se tenha zangado com as insinuações infames lançadas pelo tresmalhado duriense, na Op Lampreia.

- O Frade, tão reservado nos seus comentários, desapareceu da malta. Há quem diga que saiu de casa e anda focado na procura de um gajo, seu conhecido, a quem demos um chapéu do Bando em troca de um porco (que ainda não entregou).

Entre Bandalhos as promessas são para cumprir

- Chocante é o caso do Bandalho que já não pode ir para Cinfães tratar das coisas do campo, e que ficou preso nas encostas de Coimbrões. Não se cansa de mandar fotos para o facebook, dizendo para onde está a olhar e o que está a fazer. Passa a vida a contar os comboios que passam. Dizem que, da janela, armado em Chefe de Estação, faz sinais com uma bandeira, sempre que um comboio passa. A mulher, coitada, de manhã cedo, leva-o, com o cão, ao relvado da rotunda do Morango, para fazerem exercício e aliviarem… as tripas.

Ainda mais simples que a açorda alentejana

Também já mostrou que está a pão e água. E que, mesmo assim, faz petiscos.

- O Isolino está cada vez mais isolado. Quer entregar a pasta de Presidente da Casa dos Lampiões, e ninguém aceita. Dizem que foi apanhado pela Polícia, na zona de Campanhã, a bater de porta em porta nas casas de Super Dragões a fim de lhes entregar a referida casa abandonada.

O Súcio em Mato Grosso

- Do Súcio ninguém sabe nada. Faz tudo em segredo. Tanto pode estar na Terra Santa a ver o que fazem ao Cristo, como na Praia Copacabana a apreciar o bamboleio das bundas gostozonas. Para mim, ele deve estar retirado em Amazonas, para onde se tem direccionado muito ultimamente. Esperemos que se cuide das perigosas coronas e das covids traiçoeiras.

- De referir também, que o nosso Presidente tem passado um mau bocado. A mulher, que sempre teve por casa alguns cães em trânsito para o abrigo da sua Associação Protectora da Póvoa de Varzim, está inactiva e acusa stress pela ausência do barulho dos habituais inquilinos. Pediu-me para eu arranjar umas cassetes de cães a ladrar, para a ajudar a acalmar e a adormecer.
Por outro lado, ele não suporta a fome (está a engordar que é uma coisa abismal). Foge de casa, procura tascos e confeitarias que ainda estejam abertos. Há dias, caiu de cama, cansado, porque tinha ido lá para junto do Quartel do Carmo, pensando que as “pastelinhas de Chaves” estavam disponíveis (abertas). Não as encontrou abertas e, desfalecido, levaram-no para casa numa carrinha de apoio aos “sem-abrigo” da zona dos Clérigos.

- O Valdemar de Paredes, que andava sempre fora, foi enjaulado num Lar. Saturado com aquele ambiente de velhotas, fugiu para casa, prometendo que passaria a acatar todas as ordens familiares.

- Quem está, também, a atravessar um mau bocado é o Mano Velho. Passados os primeiros 15 dias, já com a arca em baixo e os talhos fechados, virou-se para as “nhecas”, coelhos e gatos, que anda a tentar apanhar. Dizem que está a emagrecer mais de quilo e meio por dia. Se a DGS não mandar abrir os talhos, vai ter problemas sérios com os vizinhos, caso tenha sucesso na “apanha”.

- O João Caladinho, agora que está fechado, tornou-se numa rela insuportável. Dizem os de Massarelos que vêem, lá no alto de Gaia, uma senhora loira a fazer sinais de fumos escuros, perigosamente perceptíveis por Índios da Ribeira, Vagabundos da Foz e Pistoleiros da Afurada.

- No Zoológico da Maia, já foram vistos “Bandalhos” em fuga. Não sabemos se estarão a fugir dos humanos. O certo é que um deles foi apanhado no terraço do Isqueiro, de malas aviadas, à espera de algum Ovni. Há quem diga que isso se deve mais a uma questão de desafecto com um afim familiar.

Foi lá em cima, no terraço do “Isqueiro”, que surpreenderam o Maiato preparado para fugir.

- Lamentável foi saber que o Arturinho do Bonjardim, famoso pela sua perspicácia no “negócio das carnes”, apanhou um enxerto de porrada ao tentar levar donzelas ao domicílio.


- Ao “Bandalho” de Crestuma, muito habituado a sair ao encontro dos primos, foi-lhe escondida a chave do carro e, quando queria fugir de bicicleta, tiraram-lhe as rodas. Agora, só lhe resta comer e dormir, olhar o desleixado quintal ou sentar-se a escrever umas merdas. Sem barbeiro, mais parece um animal.

- Salve-se o caso do Zé Ricardo, que se instalou na sua mansão de férias. Anda ocupado a recriar o seu passado ligado a Cabuca. Ele reactivou a Rádio “Nô Tera”, de onde tem transmitido poesia, palestras culturais e, até, a tal missa em crioulo.
Todavia, nem tudo lhe tem corrido pelo melhor. Tem sido incansável a mostrar à enclausurada namorada as suas habilidades gastronómicas. Algumas foram transmitidas em directo nas redes sociais e hoje, já constam na “Play List” dos vídeos sobre essa matéria.

A satisfação depois da limpeza na zona das suites dos cães.

Claro que ninguém come o que ele cozinha. Nem os cães. Um deles, o famoso Orelhas, comeu, tentando agradar ao patrão, mas a diarreia que apanhou foi tal que o obrigou a uma desinfestação monumental da suite dos cães.

Este é o tal Orelhas que goza de privilégios irritantes. Desta vez, gritou comigo, escaqueirou-me o chapéu e peidou-se descaradamente à nossa frente.

- O Chico do Mogadouro, apanhado pelo Estado de Emergência, teve que ficar em Brunhoso. Está hospedado em rigoroso isolamento sanitário, na casa do Zeca Diabo. Só lá entram os habitantes de Brunhoso e os emigrantes que vão chegando. Pensa-se que esta aldeia ficou vacinada com o desmesurado consumo de vinho caseiro de alta graduação (16/17 Graus) e com a bosta do gado acumulada nas ruas ao longo dos séculos, como pavimentação. Confiamos que com essa tal imunidade local, mais as mesinhas e dietas dessa unidade hoteleira, ele venha de lá carregadinho de energia para nos motivar, que a gente bem precisa.

******

Vamos acreditar que tudo correrá pelo melhor. Perante os primeiros resultados, confirma-se que os ex-Combatentes, acusados de “peste grisalha”, se estão a defender bem do coronavírus. Será das vacinas de cavalo que tomaram?

José Ferreira
(Silva da CART 1689)
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20839: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (6): Bó Coelha, uma força da natureza, com 100 anos, está a resisitir ao Coronavírus

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20839: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (6): Bó Coelha, uma força da natureza, com 100 anos, está a resisitir ao Coronavírus

A centenária Bó Coelha


1. Em mensagem do dia 9 de Abril de 2020, o nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos esta Boa memória da sua paz, dedicada à senhora sua Mãe, uma centenária que parece ter vencido o terrível Coronavírus.


BOAS MEMÓRIAS DA MINHA PAZ

5 - Com 100 anos está a resistir ao Coronavírus!

Bó Coelha, essa força da natureza.

Faz hoje 62 anos que ficou viúva!

Por ter acusado sintomas de COVID 19, no dia 30 de Março deu entrada no Hospital S. Sebastião de St.ª Maria da Feira, a centenária Emília Delfina da Conceição, também conhecida por Emília Coelha. Foi medicada e fez os testes. No dia seguinte acusou positivo. Ficou no Quarto 540, no 5.º piso.

Reagiu muito bem, normalizou a temperatura, baixou o oxigénio e fez novos testes. O resultado deu Negativo. Hoje, dia 10 de Abril, vai fazer novos testes.

Como seu descendente, sinto uma alegria incontida e um orgulho enorme pela nossa Bó Coelha.

A Emília Coelha, nasceu a 11 de Dezembro de 1919, num pequeno lugar de Fiães, junto à Estrada Real, também conhecida como Via Romana

Filha de José Ribeiro e de Rita de Jesus. Ele, conhecido como Zé Linardo, trabalhava de Serrador e ela de Mulher à Jorna. Deste casamento, nasceram também o Noé (1927) e a Josefina (1933). Ambos já falecidos. Ele fez-se Soldado da GNR e ela de Empregada de Pensão e Mulher-a-dias.

Nasceu um ano depois de ter terminado a I Grande Guerra.

Como criança, sofreu os efeitos dessa guerra, acumulados com a crise política e social reinante até o fim da I República, em 1926.
Os primeiros anos da Coelha coincidem com o pior período da governação republicana. Basta referir que entre 1920 e o golpe de 28 de Maio de 1926, chefiado pelo General Gomes da Costa, passaram 23 Governos!

Com o triunfo dessa Ditadura Militar, abriu-se a formalização da Ditadura Nacional em 1928 e a formalização do Estado Novo em 1933.
Naqueles tempos difíceis, havia fases em que os homens chegavam a trabalhar quase só pela comida e as mulheres esforçavam-se também em serviços, especialmente naqueles para onde arrastavam os filhos/crianças, na esperança de alguma ajuda alimentar.

É neste ambiente de crise nacional, em que os pobres desesperam pela sobrevivência, que a Coelhinha ajuda os pais e os irmãos, sempre na procura de compensar, em serviços, em especial os apoios dos Senhorios de sua mãe, a “Mãe Rita”. Tanto a Rita como os seus irmãos Rafael, Mário, José, Vicente e Arminda, eram pessoas saudáveis e robustas. Saíam ao pai José que era da raça dos “Rusgas”. O “Zé Rusga” foi vítima de um tiro, disparado durante uma discussão, junto à loja da Ti Quitas, entre pretendentes das suas filhas. Viúva, a avó Albina, era acarinhada como “Mãe Bina”. (Aproveitamos para referir que o avô do Zé Linardo chegou aos 105 anos!).

Como adolescente, sentiu as limitações impostas pelo rigor do Estado Novo.
Tal como seus pais, a Emília não teve a possibilidade de frequentar a escola. Todavia, tal como os seus vizinhos, que assim pareciam viver felizes, não perdia as oportunidades festivas ou de lazer. Com toda a naturalidade, a Emília teve os seus namoricos. Apaixonou-se por um jovem Fianense, com quem esperava casar. Com 18 anos engravidou, sem que o namorado assumisse o casamento, tendo, até, fugido para o Brasil, por imposição de seus pais.
Desse amor, nasceu a Deolinda da Conceição (Junho de 1939).

Desgostoso com a situação criada, o Zé Linardo aproveitou a oferta de trabalho na zona transmontana do Barroso, para onde se deslocou, vindo a fixar-se em Boticas.


Com o passar do tempo, a Emília apercebeu-se de que essa sua relação amorosa havia terminado. E foi numa dessas festas tradicionais de carnaval em que o jovem Zé da Bia, ou Zé Pum, fixou a sua atenção naquela rapariga jeitosa, parecida com a Amália Rodrigues, ali mais recatada.

Esse namoro progrediu rapidamente, tendo dado origem a um casamento tão discreto como apressado.
Casaram sem boda, sem pais e sem padrinhos. Valeu-lhes o apoio da família “Avelino Caldeirada” que os orientaram e testemunharam o acto. E foi pelas oito horas da manhã, depois da primeira missa, daquele dia 18 de Julho de 1942, que o acto se consumou na Capela da Sr.ª da Conceição, em Fiães. Era Sábado e dizem que, a seguir, ainda foram trabalhar.
O Zé Linardo veio buscar a família, levando a pequena Deolinda e deixando a Emília e o Zé a viver numa casa dos Pixelos.
Seguiram-se anos de felicidade, daquela felicidade própria dos pobres que iam tendo algo que comer e onde dormir, em tempos de crise agudizada com as restrições impostas por um governo condicionado pelos efeitos da II Grande Guerra Mundial.

Nasceram sete filhos de enfiada e foi por isso que a Emília passou a ser conhecida por Coelha.

Em 1943 nasceu o Zeca e seguiram-se o Benjamim, o Fernando, a Guida, o Daniel, o Mário (que faleceu com 8 meses) e a Fernanda.
Foram anos difíceis, compensados por muito trabalho e alguma sorte na procura do volfrâmio. Foram os melhores.

Naquele mundo de analfabetos, até o pai Zé frequentou a escola nocturna. Porém, concluída a escola de cada um, lá estava o trabalho fabril à espera. Era preciso ajudar a criar o rebanho de irmãos que ia crescendo.

Aos 33 anos de idade o Zé foi acometido de grave doença. Foi-lhe diagnosticado uma cirrose no fígado que o fez sofrer imenso cerca de um ano. Não foi por causa de álcool nem de outro vício. Foi causada pela fome e das privações que sofreu em criança. Foi muito chocante assistir às visitas dos seus amigos, que não se continham com tanto sofrimento. Faleceu a 10 de Abril de 1958.

Com 6 filhos em casa, tendo o mais velho acabado de fazer 15 anos, a Emília viu-se ainda mais desesperada com o corte do abono de família.

Seguiram-se anos terríveis para a sustentação da família. O Zeca completara os 15 anos, o Benjamim 13 e os outros 4 eram crianças. Perdido o abono família, a Emília quase não dorme. Ela trabalha intensamente e inventa serviços que a possam ajudar. Além da fábrica do papel e das rendas de bilros, ela aproveita a prestação de serviços na funerária, na jorna e na apanha da lenha. Também vendia fruta, ovos e regueifa.

Nesta fase dolorosa, a Emília mantém a sua fé religiosa inabalável. Ela acredita que Deus nunca a abandonou. Foram anos de muita adoração. Devotada a N.ª Sr.ª de Fátima, passa a fazer-lhe promessas, para que os filhos se salvem da Guerra do Ultramar.

Regressaram sãos e salvos após a espinhosa missão patriótica. Foram para a guerra 3 filhos e 4 genros! Merecia bem uma condecoração:

- o Benjamim esteve em Angola
- o Zeca na Guiné,
- o Arnaldo, marido da Linda, na Guiné
- o Fernando da Nanda, Guiné
- o Armindo, marido da Margarida, na Guiné
- o Daniel em Angola
- o Fonseca, marido da Fernanda, em Angola

Os filhos

Os filhos foram casando, os netos foram aparecendo e a Bó Coelha recuperou a alegria de viver.

Os netos

Os bisnetos

Sempre ligada à Igreja, comungava das actividades religiosas, solidárias e recreativas. São muito lembradas as excursões que organizou, especialmente a partir da sua impossibilidade do cumprimento das promessas de “ir a Fátima a pé”.


Essas excursões eram muito populares e serviam de pretexto para bons passeios e para grandes convívios.

Teve alguns problemas de saúde, mas todos venceu com muita fé e gratidão religiosa.

Os filhos nunca se esqueceram dela, mas seguiram seus caminhos e criaram os seus descendentes. E quando tudo parecia agradavelmente harmonioso, a Coelha sentia-se cada vez mais só. Nem com a companhia de amigas a dormirem lá em casa se sentia bem. Também não se sentia à vontade na casa das filhas, que tanto a acarinhavam.

Começou a manifestar o desejo de ir para Cucujães, para o Lar Santa Teresinha nas Missões da Boa Nova, para onde muito corria levando coisas que angariava. Falava dos padres de lá e de outras pessoas, com muita amizade e admiração.

O Lar Santa Teresinha

Então, decidimos ir lá pedir a sua admissão no Lar. Não levou muitos dias a sua aceitação, com carinho e muita atenção.

O carinho no Lar

Já são sete anos de vivência no Lar. A Coelha confessa que está a passar os melhores tempos da sua vida. Cansada, mas feliz e sempre activa. Ainda recentemente, cantava e dançava. Como no casamento da Liana e Miguel, em que me obrigou a dançar com ela. E logo eu… que nunca aprendi tal coisa.

Ultimamente mexe-se menos


No dia 11 de Dezembro de 2019, festejámos o seu Centenário.

Foi um dia inesquecível! O Lar organizou uma linda festa que ficará na memória de todos seus descendentes.
A família, sempre dispersa, apareceu em cheio. E era uma quarta-feira. Foi feriado para todos. O amigo Emídio Sousa, Presidente da Câmara, também lá esteve.


Até dois grupos de ex-Combatentes vieram à festa: “O Conjunto Musical dos Periquitos da Tabanca de Matosinhos” e “O Bando do Café Progresso”.


A festa começou com uma missa na capela do refeitório, celebrada pelos padres ligados àquela grande obra social. Foi um óptimo ambiente, onde reinou a alegria, boas e lindas palavras e muito orgulho.
A Coelha sentia-se no Céu.
Abaixo transcrevo as palavras que lhe dediquei num breve discurso:

...Mãe, mais que guerreira, és uma vencedora!
Subiste ao mais alto da montanha da vida
Arrumaste as pedras do seu caminho
E plantaste nele as mais lindas flores!
Olha aqui os teus descendentes
São sangue do teu sangue
São todos coelhinhos!
Eles vêm mostrando a tua raça

No desporto, chegaram ao topo da Europa e ao topo do Mundo!
Herdaram a tua resistência impar!
Na escola chegaram a Professores, Doutores e Engenheiros.
Herdaram a tua sabedoria!
Na vida social, têm merecido o apreço da sociedade.
Herdaram a tua humilde simpatia!
Na vida familiar, têm sido bons pais e bons filhos.
Herdaram o teu exemplo!
Todos orgulhosos por descenderem de uma pessoa especial.

Uma mulher de excepção.
A nossa “Bó Coelha”!
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Nota do editor

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quarta-feira, 8 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20831: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (5): Op. Sarrabulho (com o covidis por perto) - II Parte

1. Em mensagem do dia 1 de Abril de 2020, o nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos mais uma Boa memória da sua paz, desta feita a Op. Sarrabulho. 
Esta a segunda parte.


BOAS MEMÓRIAS DA MINHA PAZ

4 - Op. Sarrabulho (com o covidis por perto) - II Parte







Passámos pelo largo Camões, subimos à Capela de N.ª S.ª das Misericórdias das Pereiras, vimos a Igreja Matriz e parámos junto da Câmara Municipal. Dali, olhámos o Instituto do Vinho e o Centro de Interpretação Militar.
Entretanto, alguns Bandalhos ficaram para trás, entretidos, na Tasca das Fodinhas, a escolher o prato mais adequado ao seu gosto ou às suas “capacidades”.


Ainda fomos às traseiras da torre prisão, onde vimos a Maria da Fonte substituir, no pelourinho, o cruzeiro destinado a amarrar os condenados.

E foi ali que nos despedimos do Dr. Nuno Abreu que não nos pôde acompanhar no almoço. Manifestamos-lhe o nosso agradecimento pessoal e à autarquia Limiana.

Não houve tempo nem oportunidade para visitar o Clube Náutico de Ponte de Lima. Actualmente é o melhor clube nacional de Canoagem.
Hoje é muito acarinhado pela Câmara Municipal de quem tem recebido apoios exemplares. Está instalado na margem direita do Rio Lima, em óptimas instalações, construidas exclusivamente para este clube.
No meu tempo de Presidente da Federação de Canoagem, dediquei uma atenção especial à criação deste clube. Recordo o esforço e dedicação de um jovem ainda menor, Hélio Lucas, que assumiu toda a responsabilidade.

O Clube Náutico de Ponte de Lima foi fundado no dia 21 de Agosto de 1991, tendo por base a extinta secção de canoagem da Escola Desportiva Limiana, a primeira entidade a promover a canoagem no concelho de Ponte de Lima nas suas precárias instalações situadas na antiga Escola Preparatória.

Ao longo dos seus vinte e nove anos de história, o Náutico formou campeões que elevaram o nome do Portugal aos quatro cantos do mundo, com a conquista de títulos mundiais, europeus e medalhas olímpicas.


O atleta Fernando Pimenta é, de longe, o melhor canoísta português e um dos melhores do Mundo.

Seguimos, então, para o Restaurante “O Sonho do Capitão”.


Após saborosas entradas, deliciamo-nos com o famoso Sarrabulho com Rojões à Moda do Minho.







Tudo correu bem; bom ambiente, boa comida e boa pinga. Tudo do melhor e tudo à vontade do freguês.
Por acaso, julgo que ainda poderia ter corrido melhor. A alegria não era tão exuberante como nos convívios anteriores. De vez em quando tocava um telelé. Ninguém dizia nada, talvez para não ensombrar o ambiente. No entanto, a avaliar pelos contactos que também recebi, estavam todos os nossos familiares carinhosamente apreensivos com a nossa “ousadia”.

Já vínhamos na A3 e recebemos a mensagem do Isolino, querendo levar-nos para S. Tomé. Um tanto no escuro, anuímos ao convite e seguimos as suas picadas. E, quando julgávamos estar perdidos no mato, fomos forçados a parar. E aí, dentro de um campo arável, havia vários carros. Estacionei entre um tractor e um Tesla moderno e o Isolino “encaixou” ao lado de um Maserati.

Como só via a Capela do S. Tomé, pensei que deveria haver algum evento religioso, aonde iríamos encostados ao Sr. Eng.º Gomes, o “Rei do Granito”.
Entrámos por uma porta larga que, de repente, nos mostrou que ali a religião era outra. Era uma senhora tasca em ambiente rural. Efectivamente, verificámos que as mesas e bancos de madeira estavam dispersos, com os seus clientes a devorar os mais variados petiscos. Olhando ao que havíamos comido e bebido no prolongado almoço, limitámo-nos a provar um Espadal especial, religiosamente acompanhado de algumas iguarias, de onde destacamos a qualidade do presunto. Tudo estava bom e funcionou como mais um pretexto para prolongar a nossa habitual camaradagem.
Saí dali feliz por termos conseguido mais um dia de excepção. Todavia, à medida que me aproximava de casa, sentia um peso crescente, que se havia de prolongar por mais 14 dias.




Nota final:
Esta reportagem só se realizou após último telefonema do José António Sousa que, para me descansar, me ia informando diariamente do seu estado de saúde. E quando foi ultrapassado o 14.º dia da sua ida aos fados, fiquei tão contente que lhe prometi um almoço económico, numa tasca a designar.

José Ferreira (Silva da Cart 1689)
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Nota do editor

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