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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12127: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (23): A placa toponímica "Parada Alf Tavares Machado" estava afixada na parede da messe de sargentos (Luís Guerreiro, Montreal, Canadá, ex-fur mil, CART 2410, 1968/70)




Guiné > Região de Tombali > Guileje > s/d [ c. 1968] > Foto de Luís Guerreiro.

O Luís Guerreiro  foi fur mil da CART 2410, Os Dráculas (Guileje, Gadamael e Ganturé), e do Pel Caç Nat 65 (Piche, Buruntuma e Bajocunda), nos anos de  1968/70. Vive  em Monterreal, Canadá.  Outro camarada nosso que pertenceu à CART 2410 é o José Barros Rocha, de Penafiel. 

Foto: © Luís Guerreiro (2013).. Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


1. Com data de ontem, e em resposta ao poste P12124, recebemos a seguinte mensagem do nosso camarada Luís Guerreira:


Assunto: Memória de Guileje

Amigo Luis

Em resposta ao P12124 (*) sobre Memória de Guileje, do amigo Pepito,  sobre a placa da Parada Alf. Tavares Machado:

Envio uma foto aonde se vê a dita placa que estava instalada no edifício da messe de sargentos.

Espero que esta informação seja útil.

Um abraço, Luis Guerreiro

2. Comentário de L. G.:

Obrigado, Luís Guerreiro, camarada da diáspora, pela tua rápida e valiosíssima resposta. O Domingos Fonseca,  que dirige os trabalhos de reconstrução de Guileje, e que é um colaborador direto do Pepito, diretor executivo da ONGD AD - Acção para o Desenvolvimento,  vai ficar felicíssimo pela preciosa informação que nos acaba de dar. 

Eu sei que nada disto é relevante para a Grande História... Ou talvez não: a História com H grande é como um rio, que é alimentado por milhares de pequenos rios e ribeiras. 

Neste caso, a pequena história (a "petite histoire", como dizem os franceses) ajudou-nos a recuperar a memória de mais um bravo de Guileje, esquecido há muito, o alf mil Tavares Machado. Honremos a sua memória, para que o seu sacrifício não tenha sido inútil. 

E aos meus amigos (sim, meu amigos da AD - Bissau!!!) Pepito e Domingos Fonseca [, foto à esquerda,]  eu mando um grande abraço com o meu apreço e a minha admiração pelo trabalho que estão a fazer, em Guileje e em Gadamael,  ajudando a reconstituir o "puzzle" da(s) nossa(s) memória(s) comum(uns)... 


terça-feira, 23 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11451: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (23): Respostas (nº 43/44/45): José Crisóstomo Lucas (CCAÇ 2617, Pirada, Paunca, Guileje, 1969/71); José Barros Rocha (CART 2410, Guileje e Gadamael, 1968/70); Eduardo Campos (CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74)

1. Resposta nº 42 >  José  Crisóstomo Lucas [ ex alferes miliciano, de operações especiais, CCAÇ 2617,  Magriços de Guileje, Pirada, Paunca, Guileje, 1969/71] [ Foto a seguir:  o JCLucas, ao centro, entre o fur mil Abílio Pimentel e o piloto do Cessna]



(1) Quando é que descobriste o blogue ? 

 Através de um dos ex-combatentes que me falou que discutiam Guileje Relembro de quem sou amigo.

(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada) 

Claro que pesquisei no Google

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ? 

Desde algum tempo ( anos )

(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) 

De tempos em tempos.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?

 Já enviei alguns comentários mas poucos e a maior parte não foram publicados.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?

 Já conheço.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ? 
Blogue

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ? 

Blogue.

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ? 

Tentar enviar textos e não virem publicados,

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
 Não.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ? 

É estranho vermos muitos a dizerem o que não fizeram,

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?

 Não.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ? 

Não.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ? 

Claro que sim

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer. 

Tudo de bom para o blogue continuem
PS1 - A foto publicada com o furriel Assunção não é minha mas de um dos meus Furriéis. A minha foto está junto da DO,  sou o Alferes que está nessa foto .

PS2 - Não sabes,  mas tenho um diário da Guine, logicamente com todos os ataques a Guileje . Um dia envio algumas páginas.. Só para que alguns se divirtam, já que têm sido os heróis privilegiados das terras de Guileje. Quando quiseres telefona estou à disposição  (...).


Resposta nº 43 >  José Barros Rocha [ex-Alf Mil, CART 2410, Os Dráculos (Guileje e Gadamael, 1968/70)]


1/2 - Descobri o Blogue, através de um camarada, em 2007.

3 - Sou membro da Tabanca Grande desde esse ano de 2007

4 - Actualmente visito-o talvez duas vezes por semana, devido a encontrar-me ainda em actividade

5 - Não tenho enviado material pois vai escasseando. No entanto, quando acho que devo intervir, lá o vou fazendo.

6/7 - Nunca utilizei o Facebook para ver a página da Tabanca Grande. E não gosto dele.

8 - No Blogue o que mais aprecio são os relatos das peripécias por que passámos no período da nossa passagem pela Guiné, além das fotos relacionadas com esse tempo e lugares.

9 - Algumas ligeiras picardias, mas que no fundo até são saudáveis. Agitam as águas !

10 - Não tenho tido dificuldade, somente alguma lentidão de vez em quando.

11 - Como já uma vez referi foi com o Blogue que vivi outras vidas...

12 - Desde a Ortigosa creio não ter falhado nenhum

13 - Lá estarei, assim tudo corra favoravelmente

14 - Tem mais que fôlego! Está aí para dar e vender! Há Camarigos que nunca o deixarão cair!

15 - A sugestão que me ocorre seria colocar para discussão "fraterna", de vez em quando, um tema relativo àquelas vivências, sem receios de ferir susceptibilidades quanto a terceiros ...


Resposta nº 44 > Eduardo Campos [, ex-1º Cabo Trms, CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74]


1) Não me recordo.

2) Através do José Carvalho (meu cunhado).

3) Sim, sou membro da nossa Tabanca Grande.

4) Visito o blogue diariamente.

5) Já enviei bastante material e continuarei a enviar.

6) Sim, sou amigo no Facebook.

7)   Vou mais vezes ao Facebook.

8) No Blogue gosto mais de ler as narrativas dos camaradas passadas durante a sua "estadia" na Guiné.No Facebook, de nada de especial.

9)  No blogue, não encontro nada que não goste.No Facebook nada a comentar.

10) Dificuldade ultimamente em aceder ao Blogue? Agora não, mas num passado recente, sim

11)  Ajudou muito, tendo conseguido que eu falasse e muito da minha passagem pela Guiné e ter tido o privilégio de ter conhecido camaradas que hoje considero meus amigos. À nossa página no Facebook não presto muita atenção.

12)   Sim, a partir do 3º encontro estive sempre presente.

13) Sim, este ano, também vou estar no  VIII Encontro Nacional, no dia 8 de Junho, em Monte Real.

14)  Se essa força não te faltar a ti e a quem contigo colabora, direi naturalmente que sim.

15) O Facebook, não é nem nunca será um concorrente do nosso blogue....CONTINUA.
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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11443: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (22): Respostas (nºs 39/40/41): António J. Pereira da Costa (Cacine, 1968/69; Xime, Mansambo e Mansabá, 1972/74); António Melo (Catió e Bissau, 1972/74); e José Teixeira (Buba, Quebo, Mampata e Empada, 1968/70)

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10465: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (5): Guileje: a messe de oficiais...



Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 (1969/70) > Entrada da messe de oficiais.




Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 (1969/70) > Edifício do comando > Entre portas, de óculos. está o alf mil Armindo Batata. "De costas, t-shirt branca, calças do camuflado e quico, [ao centro], creio ser o cap Barbosa Henriques [, da CART 2410]", segundo a explicação dada pelo Armindo Batata.

1. O nosso camarada Armindo Batata que, depois da peluda, se formou, pelo ISEL - Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, sendo hoje engenheiro técnico mecânico e formador, especialista em automação industrial, tem tido a gentileza de me mandar algumas notas para melhor enquadramento e compreensão das suas fotos de Guileje (mas também, e vamos publicar, de Cacine, Cufar e Catió)... Ontem mandou-me duas fotos, novas, que não constavam dos nossos arquivos... Aqui vai a legenda:


"A messe de oficiais era o alpendre do edifício comando/quarto do capitão/quarto dos alferes. Na fotografia [, a primeira de cima,] pode-se ver esse alpendre, com a mesa para refeições no primeiro plano e as cadeiras do bar de oficiais (aqui apetece-me sorrir) ao fundo em segundo plano. 

"A passagem em primeiro plano era habitualmente muito concorrida durante o jantar, já que estava no caminho de um dos espaldões de morteiro 81, dos espaldões da artilharia e dos abrigos de 3 ou 4 grupos de combate. 

"Nos lados perpendiculares a este corredor/messe ficavam o chuveiro e lavatório abastecidos por bidão (o lado onde está o militar a fumar) e no lado paralelo oposto, o sanitário, que constituía um excelente abrigo para quem fosse lá apanhado sentado. Em último plano o depósito de géneros.
"O militar nesta fotografia era o alferes comandante do pelotão de artilharia que substituiu o alferes (Gonçalves?) morto em combate em Fevereiro de 1969. [José Manuel de Araújo Gonçalves, natural de Lisboa, morto em 14/2/1969, ao tempo da CART 2410; era alf mil art, do BAC1, os seus restos repousam no cemitério do Alto de São João, em Lisboa]

"Na outra fotografia é visível a protecção do alpendre/messe de oficiais. Entre portas estou eu. De costas, t-shirt branca, calças do camuflado e quico, [ao centro], creio ser o cap Barbosa Henriques [, da CART 2410].

"Não me recordo de que festividade se tratava, mas era a apresentação de uma cerimónia fula à tropa".

Fotos (e legendas): © Armindo Batata (2012). Todos os direitos reservados [Fotos editadas por L.G.]





Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto nº 40, sem legenda > O comandante da companhia, Jorge Parracho,  sentado à entrada  do edifício que era simultaneamente messe de oficiais, comando, quarto do capitão e quarto dos alferes, segundo a explicação que agora nos é dada pelo Armindo Batata.

Foto: © Jorge Parracho / AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

 [As fotos de Jorge Parracho foram disponibilizadas à ONG AD- Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau, em 2007, no âmbito do projecto de criação do Núcleo Museológico Memória de Guiledje. Não têm legendas, vêm apenas numeradas. Legendagem da responsabilidade de L.G.].

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Nota do editor:

Último poste da série > Guiné 63/74 - P10456: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (4): Guileje: abastecimento de água...

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10435 Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (1): População de Guileje














Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 / CART 2410 (1969/70) >  População. Fotos de do álbum do Armindo Batata (que esteve em Guileje como Alf Mil do Pel Caç Nat 51, entre janeiro de 1969 e janeiro de 1970, coincidindo parcialmente com o tempo da CART 2410, jun 1969/mar 1970).

De cima para baixo: fotos nº 38a (e 38), 39, 40, 41, 42 e 43a (e 43). São fotos reveladoras da grande sensibilidade que este nosso camarada revelava em relação à vida quotidiana e à cultura da população (neste caso, de etnia fula) que vivia no perímetro de Guileje.

Dezenas de fotos, a preto e branco, foram cedidas pelo Armindo Batata ao nosso amigo Pepito, integrando hoje o Núcleo Museológico Memória de Guiledje. Temos cópia desse arquivo há mais  de cinco anos.  Fomos revisitá-lo e ficámos surpreendidos com a qualidade da fotografia e com o seu interesse documental.

O Armindo Batata é também um dos nossos grã-tabanqueiros mais antigos, do tempo da I Série do nosso blogue (*). Infelizmente não temos tido notícias dele,  mais recentes. Esperando que ele nos esteja a seguir e a ler, daqui vai um abraço longo para ele.

A título de curiosidade, refira-se que  a origem do Pel Caç Nat 51  remonta a setembro de 1966, tendo-se mantido ao serviço até abril de 1974, pelo menos. Da mesma época, e portanto, também os mais antigos são os Pel Caç Nat 52, 53, 54, 55 e 56.  Eram pelotões  de recrutamento local. Desconhecemos a composição étnica do Pel Caç Nat 51. Já agora, acrescente-se que o mais novo dos Pel Caç Nat era o 70, formado já em Novembro de 1973. 

Fotos: © Armindo Batata / AD - Acção para o Desenvolvimento (2007). Todos os direitos reservados.  

[ As fotos aqui publicadas foram objeto de edição,  como é prática de resto habitual no nosso blogue: melhoria da resolução, do brilho, do contraste, do enquadranento,  etc.].
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Nota do editor:

(*) Vd. poste da I Série > 28 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCX: Ex- Alferes Miliciano Batata (Guileje e Cufar, 1969/70): Pel Caç Nat 51, presente!

(...) Texto do Armindo Batata (ex- Alf Mil, Pel Caç Nat 51, Guileje e Cufar, 1969/70)

De início foi um grande esforço para esquecer o mais rapidamente possível. Agora é a sensação das memórias que se vão esbatendo.

Fui Alferes Miliciano Atirador de Artilharia. Estive em Guileje (de Janeiro de 1969 a Janeiro de 1970) e em Cufar (de Janeiro de 1970 a Dezembro de 1970), comandando o Pel Caç Nat 51.

Pretendo integrar a Tertúlia de ex-combatentes da Guiné (1963/74) mas não encontrei local para inscrever os dados. Estou também vivamente interessado em participar no Projecto Guileje. Umas dicas sobre como o fazer seriam benvindas.

Abraço. Armindo Batata. (...)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10413: CCAÇ 3325, Cobras de Guileje (1971/73): Parte IX: Mais fotos do álbum do cor inf ref Jorge Parracho, que integram hoje o Núcleo Museológico Memória de Guiledje



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 40, sem legenda  >  O comandante da companhia sentado à entrada da sua morança (?), ou então mais provavelmente da secretaria, ou ainda do bar/messe de oficiais. Neste tempo já havia abrigos, construídos pela engenharia militar, presumindo-se que todo o pessoal militar dormisse, pelo menos, nos abrigos...



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 9, sem legenda  > A porta de armas... Ao fundo, uma série impressionate de barris com frases saudando os visitantes de Guileje.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 45, sem legenda  > Aspeto parcial do aquartelamento e tabanca... Ao todo viviam em Guileje cerca de 800 pessoas, entre civis e militares.



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 46, sem legenda  >  Mais um aspeto parcial do aquartelamento e tabanca. Do lado esquerdo, um dos espaldões da artilharia (um das 3 peças 11,4, que defendiam Guleje, orientadas para a fronteira, a sul).


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 42, sem legenda  >  Vista aérea, geral, do aquartelamento e tabanca. Ao fundo, os três espaldões de artilharia, antes a orla da floresta... Ao lado direito, o heliporto


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 45, sem legenda  >  Porta de armas, passadeira VIP feita com garrafas de cerveja dando acesso à pista de aviação e ao fundo um dos impressioantes "bunkers" construídos pelo BENG.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 6, sem legenda  > Guiné > Região de Tombali > Guileje >  Porta de armas e por detrás um dos "bunkers" construídos pela engenharia militar no tempo da CART 2410 (1969/70). Jorge Parracho e um dos seus alferes (presume-se que seja o Rodrigues).


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 39, sem legenda  > O cap Parracho com a malta do Pel Art n.º 5, que era comandado pelo alf mil art Cristina... O quarto militar, na primeira fila, a contar da direita para a esquerda, parece ser o alf mil médico Mário Bravo, nosso grã-tabanqueiro.

Fotos: © Jorge Parracho / AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. [As fotos de Jorge Parracho foram disponibilizadas à ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau, em 2007, no âmbito do projecto de criação do Núcleo Museológico Memória de Guiledje. Não têm legendas, vêm apenas numeradas.
Legendagem da responsabilidade de L.G, que recorreu às informações já aqui publicadas pelo Orlando Silva sobre a CCAÇ 3325].


1. Já aqui chamámos, no devido tempo, a atenção para a a qualidade dos materiais usados pela Engenharia Militar na construção dos abrigos de Guileje que toda a gente diz (ou dizia) que eram os melhores da Guiné... As escavações arqueológicas, pela AD - Acção para o Desenvolvimento, vieram mostrar as placas de cimento armado ainda estavam como novas, ao fim de quase 4 dezenas de anos, capazes de aguentar bem o morteiro 120...

O José Barros Rocha, ex-alf mil, da CART 2410, os Dráculas, chegou a  Guileje em Junho de 1969, e por lá ficou até Março de 1970. Já aqui nos falou também sobre a construção dos abrigos:

"Recordo-me que houve um Pelotão de Engenharia que durante esse período aí esteve sediado para construir dois abrigos de betão armado, e que se afirmava serem à prova das granadas do Morteiro 120 ou 122. Dois Pelotões aí tinham a sua residência!!! Tais abrigos localizavam-se por detrás do refeitório e à direita da saída para estrada que seguia para Mejo"...

Recorde.se aqui as companhais que passaram por Guileje, desde o tempo do José Barros Rocha, de junho de 1960 a maio de 1973:

CART 2410 (Jun 1969/Mar 1970) (contacto: Armindo Batata,. comandante do Pel Caç Nat 51)
CCAÇ 2617 ( Mar 1970/Fev 1971) > Os Magriços (contacto: Abílio)
CCAÇ 3325 (Jan 1971/Dez 1971)  > Os Cobras de Guileje (contacto: Jorge Parracho)
CCAÇ 3477 (Nov 1971 / Dez 1972) > Os Gringos de Guileje (contacto: Amaro Munhoz Samúdio)
CCAV 8350 (Dez 1972/Mai 1973) > Os Piratas de Guileje (contacto: José Casimiro Carvalho )


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973 > Foto n.º 12 > Um curioso artefacto produzido por um militar da CCAÇ 3325 (À direita, a sua efígie; de quem seria ?)...

Fotos: © Pepito / AD -Acção para o Desenvolvimento (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados



2. A origem destas fotos do cor inf ref Jorge Parracho já foi aqui explicada pelo nosso amigo  Pepito, em poste de 15 de janeiro de 2007:

(...) Queria pedir-te dois apoios, embora saiba que tempo é o que tens menos:

(i) Quando aí estive no verão 2006, conheci o Coronel Jorge Parracho que me forneceu excelentes fotos, algumas das quais te enviei. Nessa altura, e por seu intermédio conheci o ex-enfermeiro de Guiledje, Vitor Manuel Rodrigues Fernandes (CCaç  3325) que estava na altura a digitalizar o Livro da Unidade, tendo-mo prometido logo que acabasse (em finais de Setembro). O favor que te pedia era o de, se possível, dares-lhe uma chamada (933323135) para saber se ele já concluiu o trabalho e se te poderia dar esse documento, para tu mo dares.

(ii) Como vou aí na 3.ª semana de Fevereiro, gostaria de contactar com o [Coronel] Coutinho Lima, último Comandante do quartel de Guiledje [ou, melhor, do COP 5], elemento determinante do nosso 
projecto. (...)




Guiné > Região de Tombali > Guileje > 1972 ou 1973 > Croquis do aquartelamento e tabanca, desenhado à mão pelo Fur Mil Op Esp José Casimiro Carvalho (CCAV 8350, 1972/73), e enviado pelo correio a seu pai. Clicar na imagem para ampliar.

Legenda:

(i) Pelo que se consegue perceber nesta infografia, o aquartelamento e a tabanca de Guileje formavam um rectângulo, todo minado à volta, na parte desmatada, com minas, armadilhas e fornilhos;

(ii) A orientação parece ser norte/sul, tendo as peças de artilharia de 11.4, em número de três, apontadas para a fronteira com a República da Guiné-Conacri (a sul);

(iii) Podem ver-se ainda as posições dos morteiros, a verde: dois 81 (incluindo o 'meu', o que era operado pela secção do Furriel Carvalho, do lado oeste, junto a um dos abrigos) e dois 10,7 (ou 120?);

(iv) A oeste, há um campo de futebol, uma pista de aterragem de aeronaves e um heliporto;

(v) Ao longo do perímetro do aquartelamento, há arame farpado, postos de iluminação, postos de sentinela (cinco), abrigos e valas, todos devidamente assinalados;

(vi)  As palhotas da tabanca situam-se dentro do perímetro do aquartelamento;

(vii) O trilho que corre a norte da pista de aviação era o trilho da água, o que significava que as NT e a população precisavam de sair do perímetro defensivo para se abastecer do precioso líquido;

(viii)  A esttrada que atravessava o aquartelamento e a tabanca, no sentido norte/sul era a que seguia para Mejo e Bedanda (a noroeste) e ligava a sul à estrada de Mampatá - Gadamael - Cacine, ao longo da fronteira.

Infografia: © José Casimiro Carvalho (2005)/ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. 
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Nota do editor:
 

Último poste da série >16 de setembro de 2012 >  Guiné 63/74 - P10390: CCAÇ 3325, Cobras de Guileje (1971/73): Parte VIII: Mais fotos do álbum do cor inf ref Jorge Parracho, que integram hoje o Núcleo Museológico Memória de Guiledje

sábado, 9 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10015: Memórias da minha comissão (João Martins, ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69): Parte VIII: De passagem por Gadamael a caminho de Guileje





Guiné > Região de Tombali > Gadamael > 1969 > Foto do álbum do João Martins, nº 170/199 > "Fazendo turismo no Rio Cacine, no sul da Guiné, largo, muito belo e muito agradável".






Guiné > Região de Tombali > Gadamael > 1969 > Foto do álbum do João Martins, nº 169/199 > "Boas e diárias banhocas em Gadamael antes de partir para Guileje". 



Guiné > Região de Tombali > Gadamael > 1969 > Foto do álbum do João Martins, nº 173/199 > "Quartel de Gadamael com um militar de vigia".
[ Quem devia lá estar nesta época era CART 2410, Od Dráculos 1968/69, a que pertenceu o nosso camarada Luís Guerreiro, a viver no Canadá].





Guiné > Região de Tombali > Gadamael > 1969 > Foto do álbum do João Martins nº 175/199 > Aspeto parcial do quartel e tabanca.








Guiné > Região de Tombali > Gadamael > 1969 > Foto do álbum do João Martins, nº 176/199 &gt Mais um posto de vigia.





Guiné > Região de Tombali > Gadamael > 1969 > Foto do álbum do João Martins, nº 178/199 >






Guiné > Região de Tombali > Gadamael > 1969 > Foto do álbum do João Martins, nº 179/199 > Dois obuses (ou peças 11.4 ?), prontos para a viagem até Guileje.








Guiné > Região de Tombali > Gadamael > 1969 > Foto do álbum do João Martins, nº 181/199 > Progressão da coluna até Guileje [, aquartelamento onde o João Martins esteve algum tempo; em  agosto de 1969, foi de férias à metrópole].


Fotos (e legendas): © João José Alves Martins (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. [Fotos editadas e parcialmente legendadas por L.G.].


ÍNDICE

1. Curso de Oficiais Milicianos
1.1. Mafra – Escola Prática de Infantaria
1.2. Vendas Novas – Escola Prática de Artilharia – Especialidade: PCT (Posto de Controlo de Tiro)
2. Figueira da Foz – RAP 3 - Instrução a recrutas do CICA 2
3. Viagem para a Guiné (10 de Dezembro de 1967)
4. Chegada à Bateria de Artilharia de Campanha nº 1 (BAC 1) e partida para Bissum
5. Bissum-Naga
6. Regresso a Bissau para gozar férias na Metrópole (Julho de 1968)
7. Piche
8. Bissau, BAC 1
9. Bedanda
10. Gadamael-Porto (Parte I e Parte II)
11. Guilege
12. Bigene e Ingoré.



A. Memórias da minha comissão na Província Ultramarina da Guiné - Parte VIII (*)





por João Martins (ex-Alf Mil Art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, 1967/69)

10 – Gadamael (Parte II)




Em Gadamael Porto passei a melhor semana em que estive na Guiné. 

Eu que gosto de nadar,  todas as manhãs, aproveitando a praia-mar, tomava uma rica banhoca. Lembro-me de um senão, é que a água não sendo transparente transporta muita terra o que me deixou os ouvidos a doer. O que me valeu foi o médico da unidade que já devia estar habituado a este tipo de coisas e tratou eficazmente do assunto.

Tendo chegado um helicóptero escrevi rapidamente um aerograma aos meus pais informando-os que ía a caminho de Guilege, mas, para não os afligir, informava-os que a minha partida ainda ia demorar, e, na pressa, pedi a um estafeta que o fosse entregar ao pessoal do helicóptero. Presumo que terá ido parar à República da Guiné [Conacri] porque os meus Pais nunca chegaram a receber tal aerograma.

Estava eu a admirar o heli quando vejo uma grávida a pedir por tudo para entrar. Perguntei o que se estava a passar e explicaram-me que só falava francês e que o bébé estava morto e a sua única salvação era ir para o hospital de Bissau. Não hesitei, sem saber se tinha autoridade para isso, dei ordem para transportarem a mulher para o hospital.



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Nota do editor:

Último poste da série > 4 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9994: Memórias da minha comissão (João Martins, ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69): Parte VII: Despedida de Bedanda, a caminho de Gadamael e Guileje, aos 18 meses

terça-feira, 22 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9936: Memórias da CCAÇ 798 (Manuel Vaz) (9): Uma perspectiva a partir de Gadamael Porto - 65/67 - VII Parte - Evolução da situação militar - Anexo IV



1. Em mensagem do dia 19 de Maio de 2012, o nosso camarada Manuel Vaz (ex-Alf Mil da CCAÇ 798, Gadamael Porto, 1965/67), enviou-nos o anexo IV referente à VII Parte das Memórias da sua Companhia.







MEMÓRIAS DA CCAÇ 798 (9)
De 63 a 73, uma década de Guerra na Fronteira Sul da Guiné
Uma Perspectiva a Partir de Gadamael Porto - 65/67 (VII Parte) > Anexo IV

Gadamael Porto fica situado na Fronteira Sul da Guiné-Bissau, num território que, na era colonial, pertenceu à França e que, através da Convenção Franco-Portuguesa de 1886 a “França cedia a Portugal a Zona de Cacine por troca com Casamança . . . “ (P3070),  dividindo o Reino Nalu sediado em Boké [, no território da Guiné-Conacri) . Assim, o território entre o Rio Cacine e a fronteira passou (na altura) a ser português, enquanto Casamança encravado entre a Gâmbia e Guiné-Bissau, continua a reclamar a independência.




Mais precisamente, Gadamael Porto, como se pode ver no recorte da carta anterior, situa-se na margem direita de um dos braços do Rio Cacine, onde desagua o Rio Queruene. Ao contrário do que se poderia pensar, Gadamael não era inicialmente um aglomerado populacional. A Carta Militar de 1954 [, de Cacoca,] dá ideia quanto à concentração da população. O maior aglomerado populacional, da etnia Biafada, situava-se na Tabanca de Ganturé, sede do Regulado, a cerca de 3 Km de Gadamael Porto. A tabanca mais próxima, digna desse nome, era a de Viana. Em toda a faixa compreendida entre os diversos braços do Rio Cacine e a fronteira, a zona mais povoada era para Sul, na estrada para Sangonhá.

Foi a sua localização, junto do braço do rio, associado à existência de um desembarcadouro que lhe deu a importância que tinha. Numa região com poucas e fracas estradas que na época das chuvas se tornam intransitáveis, a navegabilidade dos rios e a possibilidade do transporte fluvial para pessoas e mercadorias ganha uma importância vital. 

Foram estas condições naturais que determinaram o interesse das grandes Companhias que controlavam o Comércio, para instalarem ali um entreposto comercial. É disso prova a existência de duas casas de construção europeia, uma delas bem próxima do rio, exibindo a sigla ASCO que já fez correr muita tinta a propósito do seu significado, mas que, qual “ovo de colombo”, pode significar apenas, Associação Comercial [AsCo].

Foram estas casas abandonadas que a CART 494 encontrou, quando em 17DEZ63 ocupou Gadamael Porto, incorporando-as no Aquartelamento. Mas as NT já tinham estado anteriormente em Gadamael Porto. 

O Cap Blasco Gonçalves que foi o OInfOp do BCAÇ 1861, sediado em Buba (1965/67) dizia que já tinha comandado uma Companhia dispersa pelas localidades de Aldeia Formosa, Cacine e entre outras também Gadamael, onde teria estado uma Secção. Ora esta Secção deve ter estado instalada em Gadamael Porto, por volta dos anos 1961/62, tendo-se posteriormente deslocado para Buba, onde se fez o reagrupamento da Companhia.

Quando a CART 494 chegou a Gadamael, teve desde início de resistir às flagelações e emboscadas do PAIGC, ao mesmo tempo que construía as primeiras defesas do Aquartelamento e instalava um Destacamento em Ganturé (02FEV64) com apoio do Pel Rec Fox 42 que aí permaneceu até 20MAI64 (P7877). 

Seguiu-se o início das primeiras construções de apoio que se continuaram com a Companhia seguinte. Nesta fase, a margem direita do braço do Rio Queruane, a montante do desembarcadouro, com um piso plano constituído de uma pedra “esponjosa” de aparência vulcânica, serviu de pista de emergência, até ser construída a pista representada de amarelo, no recorte da Carta Militar, isto ainda no tempo da CART 494.

Aquartelamento de Gadamael Porto em Meados de 1969, no tempo da CART 2410.
O croquis faz a síntese do acolhimento das Populações: do lado direito, ao longo da Paliçada, as casas da Tabanca de Gadamael; do lado esquerdo as casas de colmo construídas para albergar a população vinda de Sangonhá/Cacoca (1ª fase do reordenamento da população); as casas com cobertura de zinco construídas pela CART 2410 para albergar a população de Ganturé. (2ª fase do reordenamento)

Foi com estes meios que a CCAÇ 798 encontrou o Aquartelamento de Gadamael Porto a 08MAI65. Durante a sua permanência continuaram as construções de apoio, incluindo a oficina auto, acolheram-se as primeiras populações no interior do perímetro defensivo, o que determinou o seu alargamento e a reorganização defensiva com a construção de novos abrigos e paliçadas. (P9329). 

A pista de aviação,  que na época das chuvas fora interdita, sofreu obras de ampliação e manutenção. A Engenharia Militar procedeu à eletrificação do Aquartelamento, o que permitiu a substituição do “velho petromax” e iniciou o projeto do Cais que viria a ser construído durante a Companhia seguinte, a CART 1659

Foi durante esta Companhia que se iniciaram as primeiras construções (reordenamento da população - P3013) ainda com cobertura de colmo, ao lado do Aquartelamento, para albergar as populações vindas de Sangonhá/Cacoca, entretanto extintos (29JUL68).



Fotografia aérea de finais de 1971 (CCAÇ 2796) gentilmente cedida pelo ©  Cor Morais da Silva
Desapareceram todas as casas de colmo, bem como os últimos troços de Paliçada. O perímetro do Aquartelamento alargou-se, incluindo mais construções militares sobretudo do lado oposto à Tabanca. 


Mas o Aquartelamento de Gadamael, com o perímetro deixado pela CCAÇ 798, deve-se ter mantido, sem grandes alterações, até à instalação dos primeiros Obuses, no tempo da CART 2410 (1968/69).



Fotografia aérea de 1972/73 (CCAÇ 3518), gentilmente cedida pelo ©  ex-Alf Mil L. Monteiro
Há mais construções militares do lado esquerdo. O Reordenamento da População está concluído e pode ver-se o braço do Rio Cacine, onde desagua o Rio Queruane, com o Cais de Acostagem.
 

A partir de agora, o Aquartelamento passa a ser uma base de Apoio de Fogos e de Reabastecimentos, através de um Pel Art e de um Pel AM para o qual houve necessidade de construir instalações. Esta Companhia continuou a construção da Tabanca (36 casas com telhado de zinco,  destinadas aos nativos de Ganturé=, alterou o Aquartelamento do lado da população pela eliminação da paliçada e procedeu à revisão do sistema defensivo daquele. O croquis anterior dá uma ideia do Aquartelamento nesses tempos, onde se pode ver ainda, a Tabanca inicial e os dois tipos de casas correspondendo às duas fases do ordenamento da população. 

A CART 2410 foi rendida a 21JUN69, por troca com a CCAÇ 2316, vinda de Guileje,  que apenas permaneceu em Gadamael, cerca de 4 meses. 

Seguiu-se a CART 2478 que começou por se instalar em Ganturé a 11OUT69, onde manteve dois Pelotões até à sua extinção, a 13MAI70. Foi no tempo desta Companhia que se iniciou a construção de Valas, como sistema defensivo.



Aquartelamento de Gadamael Porto nos primeiros meses de 1973, no tempo da CCAÇ 3518.
O Aquartelamento, tal como se representa no croquis, deve ter-se mantido sem grandes alterações, até ao ataque do PAIGC de MAI/JUN/73, apenas reforçado com um Pel CAN S/R com 5 armas, chegado a Gadamael na primeira quinzena de Maio, no tempo da CCAÇ 4743.


A 29DEZ70 a Companhia anterior era rendida pela CCAÇ 2796 que, nos primeiros tempos em Gadamael, foi severamente atacada pelo PAIGC, tendo sofrido várias baixas, entre os quais, o próprio Comandante da Companhia. O esforço operacional não a impediu de se dedicar à população, construindo 80 casas no Setor Norte do Aldeamento, uma Escola e um Posto Sanitário, na zona de ligação entre os dois setores do Ordenamento, para além de um Heliporto, Casernas e uma nova Reorganização do Terreno. A 1ª foto aérea dá uma ideia do Aquartelamento e das zonas limítrofes, no tempo desta Companhia.

A 24JAN72 a CCAÇ 3518 rende a Companhia anterior. Apesar dos constantes patrulhamentos numa extensa ZA, com uma fronteira de muitos quilómetros, nunca teve qualquer contacto com o IN. O PAIGC utilizava as frequentes flagelações sobre o Aquartelamento como forma de manifestar a sua presença e pressionar as NT, normalmente à noite, retirando durante esta todo o Armamento Pesado. 

Durante a presença desta Companhia foram feitas novas construções, entre elas um novo Paiol, e recuperadas as Casas de construção europeia. Foi anda concluído definitivamente o Aldeamento. É ainda de salientar a atividade do Posto Escolar nº 23, frequentado por 40 crianças e uma dúzia de adultos nativos. Desta ação beneficiaram ainda 30 praças que obtiveram o exame de 4ª classe em Bissau. (P6283)

A 04MAR73 abandonam Gadamael os últimos efetivos da CCAÇ 3518, dando lugar à CCAÇ 4743 que estava em sobreposição desde 08FEV73. Foi efémera a presença desta Companhia, interrompida pelo ataque a Gadamael de consequências dramáticas para toda a guarnição e população, ocorrido a partir da retirada de Guileje a 22MAI73. O que se passou a seguir, não é objeto deste anexo.

E agora um simples “clique” sobre a fotografia seguinte, permite-nos uma visita, em ecrã inteiro, a Gadamael Porto, nos finais do ano de 1971. Podemos ver a Escola e o Posto Médico ligando os dois Setores do Reordenamento da População, a Pista, o Heliporto, o Aquartelamento, bem como o envolvimento da floresta e do braço do rio Cacine.

Gadamael Porto nos finais do ano de 1971.  Fotografia gentilmente cedida pelo © Cor Morais da Silva.


Finalmente, aproveito para agradecer a possibilidade de divulgação das fotografias, ao Cor Morais da Silva (foto 1 e 3) e ao ex-Alf Mil L Monteiro (foto 2), bem como a intensa colaboração na elaboração dos Croquis, ao ex-Fur Mil L Guerreiro da CART 2410 e ao ex-Alf Mil L Monteiro da CCAÇ 3518, sem a qual não seria possível a sua apresentação.






Fontes:
Principal – Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, através das Apresentações, correções e Comentários.

Fontes Adicionais:
A necessidade de elementos concretos, obrigou ao contacto direto de vários camaradas que fazem parte da Tertúlia - Cor. Morais da Silva; ex-Alf Mil Vasco Pires; ex-Fur Mil Luís Guerreiro - e ainda do ex-Alf Mil Lopes Monteiro que não faz parte de mesma.

Manuel Vaz
Ex-Alf Mil
CCAÇ 798
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Nota de CV:  

Vd. último poste da série de 13 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9740: Memórias da CCAÇ 798 (Manuel Vaz) (8): Uma perspectiva a partir de Gadamael Porto - 65/67 - VII Parte - Evolução da situação militar - Anexos I, II e III

quinta-feira, 1 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9551: Álbum fotográfico do Luís Guerreiro (Montreal, Canadá): O valoroso Pel Caç Nat 65, em Piche, Buruntuma, Bajocunda e Tabassai, em 1970


1.   O nosso camarada Luís Guerreiro (ex-Fur Mil da CART 2410 , Gadamael e Ganturé, e Pel Caç Nat 65, Piche, Buruntuma e Bajocunda, 1968/70), enviou-nos a seguinte mensagem.

Pel Caç Na 65
Camarada Luís,

Ultimamente tem-se falado sobre Buruntuma e Tabassi/Tabassai. 

O Pel Caç Nat 65 encontrou-se nesses dois locais em 1970. 


Estacionados em Piche na sede do BArt 2857, fomos para Buruntuma em 27 de Fevereiro de 1970, para tomar parte na operação do ataque a Kandica. Constou que o 65 seria armado com armamento igual ao do PAIGC e iria fazer o assalto a essa base, mas finalmente fizemos a protecção ao Pel Art 12 e às peças 11.4,  em Camajabá. 

Depois do ataque fomos para Buruntuma, para reforçar a guarnição, chegamos ao anoitecer, e tudo já se encontrava muito calmo. 

Permanecemos até ao dia 23 de Abril de 1970.  Buruntuma era uma povoação algo distante, mas as condições e as instalações eram razoáveis. 

Durante o tempo que ali permanecemos não houve nenhum problema, a actividade operacional foi somente de patrulhamentos e emboscadas nocturnas.  A camaradagem era excelente por parte de sargentos e oficiais da companhia, e dos dois funcionários da DGS [, Direcção Geral de Segurança], e também um comerciante continental,  de nome Mota, que nos convidou diversas vezes para almoçar em sua casa.

Buruntuma, 1970 > Rua principal

Buruntuma, 1970 > Aspecto geral da tabanca

Buruntuma > Tabanca queimada no ataque do PAIGC de 24 de Fevereiro de 1970, que deu origem ao ataque à base de Kandica



Nota, de mil e cinco mil francos, da Guiné-Conacri, que foram apanhadas depois do ataque a Kandica, talvez por indivíduo da população e que me foram oferecidas por um soldado nativo do meu pelotão.

Em seguida fomos destacados para Bajocunda, dizia-se que íamos para descansar pois a zona na altura estava calma e circulava-se relativamente à vontade, e assim aconteceu nos dois primeiros meses. 

A actividade operacional, resumia-se a colunas a Nova Lamego e a Copá, e fazer protecção à noite na tabanca de Tabassai.

Bajocunda, 1970


Bajocunda, 1970 

  Bajocunda, 1970 > Comandos africanos da companhia do capitão João Bacar Jaló

Bajocunda, 1970 > Obus de 10.5 cm fazendo fogo

Bajocunda, 1970 > Visita do general Spínola



A partir do mês de Julho a situação começou a deteriorar-se, como já foi referido por mim no poste P4919 de 8/9/2009, a emboscada à coluna de civis e comandos africanos na estrada de Pirada para Bajocunda, no dia 4 de Julho de 1970. 

E a partir daí a actividade do PAIGC começou a ser mais constante, especialmente mais para os lados de Pirada, aonde durante a noite algumas tabancas foram atacadas e incendiadas. 

E foi neste contexto, que fomos uma semana fazer a segurança a Tabassai. Ficamos instalados com uma tenda de campanha, a povoação constava de uma fiada de arame farpado e como defesa tinha várias escavações de cerca de 3x2 metros áà volta do perímetro.

Tabassai, 1970 > Estrada para Bajocunda

Tabassai, 1970 > Bolanha

Tabassai, 1970 > Uma bajuda

Quanto à população, eu não tinha muita confiança_ um dia tendo eu ido a Bajocunda tomar um bom duche, andou um nativo a olhar para as nossas posições e a perguntar qual era o pessoal que lá ficava instalado.  Quando cheguei e fiquei ao corrente do sucedido fui à sua procura mas o indivíduo já tinha desaparecido, o que me levou a crer que era um informador espia. 


A decisão foi que nessa noite podíamos dormir descansados.  No dia seguinte,  23 de Julho,  mudamos algumas das posições e também o pessoal, e por volta das 21 horas, como se tinha previsto,  fomos atacados. 


Este foi o primeiro ataque efectuado pelo PAIGC à tabanca de Tabassai, o inimigo com um grande efectivo e grande potencial de fogo, fizeram o ataque do lado errado pois pensavam que era o certo, tudo durou cerca de 30 minutos sem problemas da nossa parte, retiraram com baixas e feridos e deixando algum material. Segundo em informações,  tiveram 9 mortos. Da parte da população houve uma mulher e uma criança que faleceram devido a uma granada de RPG. 



Pessoal do Pel Caç Nat 65

No dia seguinte foi o meu dia de sorte e também do condutor, tendo ido a Bajocunda para trazer mais munições, passamos duas vezes a um palmo de uma mina A/C, que de certeza tinha sido instalada antes do ataque, e foi localizada a uns 500 metros da tabanca por um soldado do 65. Tdo isto aconteceu, duas semanas antes de terminar a minha comissão, pois o meu substituto já se encontrava em Bissau. 

No dia 8 de Agosto  de 1970, dia do meu aniversário, recebi como prenda uma viagem de avioneta até Bissau, para esperar transporte para Lisboa, mas como não havia barco nos tempos próximos, no dia 25 de Agosto apanhei o avião e regressei a casa. 

Ainda hoje tenho estes soldados nativos no coração. Apesar de serem grandes combatentes, foram grandes amigos, pois quando me despedi  vi alguns com a lágrima no canto do olho, e outros a pedirem para ficar mais um tempo.

Por hoje é tudo um forte abraço para toda a equipa. 

Luís Guerreiro   
Fur Mil da CART 2410 e Pel Caç Nat 65



Fotos e legendas: © Luís Guerreiro (2012). Todos os direitos reservados.