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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Guiné 63/74 - P5715: Histórias de José Marques Ferreira (15): As indecências necessárias



1. O nosso Camarada José Marques Ferreira, ex-Sold. Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 462, Ingoré - 1963/65 -, enviou-nos com data de 22 de Janeiro de 2010, a seguinte mensagem:


Camaradas,

Quero contar-vos esta estória pouco engraçada. Todos os que estão na fotografia são do Norte do país, 2 condutores, 2 mecânicos e 1 escriturário (era do Porto e estava de enxada na mão a tentar construir uma piscina ali, em Bula).


As indecências necessárias

Hoje estou para estas coisas. Não porque me apeteça, mas apenas para manifestar alguma revolta e indignação, passados tantos anos, por aquilo que vivemos, sofremos, sacrificamos, para dar naquilo que todos adivinhavam e alguns sempre souberam: EM NADA!

Melhor, iria dar naquilo que era lógico e que pouco tempo antes, nos anos anteriores a 1960, as outras nações já tinham iniciado. Os processos de autodeterminação das suas colónias, com o império inglês a marcar o passo na vanguarda.

E tudo isto apenas por causa desta fotografia.

Fui eu que a tirei. È um dos testemunhos evidentes do que se passava, com o pessoal militar na generalidade dos aquartelamentos, fora da zona da cidade de Bissau. Quero que fique aqui à disposição e visibilidade de todos os internautas, para confirmar, inequivocamente, que as condições de vida eram estas na Guiné, a que podem juntar muitas outras imagens, de muitas outras privações, que aqui estão colocadas ao longo deste blogue.

E isto não foi uma das piores situações que enfrentamos, para nos queixarmos em demasia, pois muitos outros Camaradas nossos, sobreviveram como autênticos animais, encafuados em abrigos e covis escavados no chão.

É isso mesmo. Na foto vê-se um grupo de camaradas meus conhecidos, que nunca mais encontrei até ao dia de hoje, e que se os avistar agora dificilmente reconhecerei, pois devem estar todos um pouco mais gordinhos de certeza.

O grupo está a tomar o seu banhinho em conjunto (pois fazia parte da sua própria segurança), numa espécie de ribeira ou nascente, ali mesmo próximo de Bula, local este para onde nos deslocávamos a pé, portanto não era longe.

Nesta altura já tínhamos saído de Ingoré.

E era assim... como todos nós neste blogue sabemos, dentro do aquartelamento até poderia existir algumas condições de higiene, mas não me lembro.

Lembro-me que ali sim, era mais cómodo, limpo e a água era melhor... para a pele também (?).

Pronto, aqui fica mais uma amostra (em foto), de uma das facetas pouco divulgadas, da nossa vida da Guiné!

Um abraço,
J.M. Ferreira
Sold Ap Armas Pes
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Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:

24 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5699: Estórias avulsas (70): As minhas memórias da guerra (Arménio Estorninho)


domingo, 24 de janeiro de 2010

Guiné 63/74 - P5703: O cruzeiro das nossas vidas (15): O dia do embarque (José Marques Ferreira)


1. O nosso Camarada José Marques Ferreira, ex-Sold. Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 462, Ingoré - 1963/65 -, enviou-nos com data de 22 de Janeiro de 2010, a seguinte mensagem:


Camaradas,

Peço desculpa, mas hoje «engatei» a linha de produção, e aqui envio nova estória.

Esta estava prometida há tempos, pois já contei o regresso. Faltava contar alguma coisa sobre o embarque.
A foto pode ser complementada com uma legenda do género: «Maçarico para a Guiné, a bordo de um monte de sucata».

Aliás, é visível!

O DIA DO EMBARQUE


Já o disse aqui e repito-o sem entusiasmo…

Embarquei naquele local conhecido de todos, em Lisboa, no dia 14 de Julho de 1963.

Já pouco tenho gravado na memória desse dia. Não tinha ninguém a despedir-se de mim na Rocha do Conde de Óbidos, ou por ali perto.

Quase que não lembro como foi, talvez psicologicamente “anestesiado”, quase não dei pela minha entrada no barco. Dessa anestesia, ficou-me o desejo, lembro-o hoje, que a poderia ter evitado… não sei. Quase perdi a total percepção dessas coisas.

Há pelo menos uma que fiz e lembro bem, é que nunca apresentei um documento comprovativo das minhas habilitações literárias, ao tempo do ano de 1963, porque tinha receio de ir para a tropa muito tarde e de ir cair a sítios que, naquele tempo, seriam considerados de maior risco, como por exemplo uma das linhas da frente dos combates, em Angola.

Na Guiné, em 1963, as coisas não estariam tão más quanto isso, pois nessa terra vermelha de sangue, suor e lágrimas (Armor Pires Mota), a guerrilha estava em «preparação» e «organização». Não me enganei, embora já existissem zonas de constante actividade guerrilheira.

Voltemos ao assunto, embarque.

E lá entrei no barco, qual carga de gado vivo, que se chamava «Sofala».

Como era preciso cumprir as ordens de Salazar (porra, sempre este nome a vir à baila, quando falamos da nossa juventude toda ela passada sob o síndrome da guerra colonial), que dizia «rápido e em força». Nem que fosse preciso tratar as pessoas como meros animais, que entravam num cargueiro sem condições para transportar o que quer que fosse, quanto mais pessoas!!!

Ele eram porões e mais porões, num cargueiro enorme, “carregado” de milhares de homens uniformizados militarmente, qual quantidade enorme de carne para canhão, ali metidos, tendo ainda, por baixo desses porões, uma quantidade enorme de outros soldados com viaturas, armamento, máquinas e munições… muitas munições.

Quer isto dizer que aquele barco, o «Sofala», que nos levava, com pouca preparação, para um distante, desconhecido e estranho sítio, carregado até mais não poder.

E lá partimos. Iniciava-se, naquela altura, a construção da ponte, que nem o nome que lhe foi atribuído após ser terminada me atrevo a pronunciar (não é que o actual “baptismo” da mesma me seja acomodatício, mas gostaria que um crânio, mais iluminado, lhe tivesse atribuído outra “nomenclatura”).

E lá fomos. Penso que saímos de tarde, ou terá sido de manhã? Não, não estou a brincar, já não me lembro daquele que deveria ter sido o dia que me ficassem gravados, na memória, todos os momentos e acontecimentos.

Sei, é que no mesmo dia, ou no dia seguinte, todo aquele monte enorme de ferro em que eu ia deitado (uma enorme fonte de perigo sujeita a ir pelos ares e a ficar feito em frangalhos a qualquer momento), avariou. Estivemos então à deriva, em pleno alto mar sob balanços constantes, até ao meio da tarde.

Raro foi aquele que não «deitou a carga ao mar». Eu fui um deles.

Logo que a avaria foi consertada, continuamos a agoniante viagem até à foz do Geba.

Já se cheiravam às águas do Geba e das bolanhas, quando fomos sobrevoados por alguns aviões, que certamente vieram ao nosso encontro. Como estávamos perto da costa, asseguravam-se que a «valiosíssima» carga que o navio transportava chegava em boas condições, não fosse o diabo tecê-las.

Como muitos outros já haviam chegado um dia, também aquela abantesma, chegou a Bissau, tendo de ficar aproado no meio do Geba. E de imediato a «descarga» começou…

Fomos transportados para a Escola Primária “Teixeira Pinto”, próxima do depósito de água, no Pilão, e ali permanecemos uma semana. Já aqui contei este pormenor…

Depois, entregaram-nos a «ferramenta» nova (G3) e lá partimos rumo a Ingoré.

Era o momento ideal para terminar aqui esta estória, mas não o quero fazer sem evidenciar, mais uma vez, as miseráveis condições em fomos transportados naquele flutuante e famoso ferro velho, quase apodrecido… no qual cheguei a ir ver a casa das máquinas. Eram indescritíveis as condições de trabalho daquela gente.

Também tive a rara oportunidade de ver no mar, peixes voadores e o «mar chão» que nunca tinha experimentado! Que grandes e belos espectáculos!

O barco em viagem, rasgando as águas marítimas parecia deslizar, qual automóvel em tapete de alcatrão!

Um abraço aos tertulianos e colaboradores que muito prezo,
J.M. Ferreira
Sold Ap Armas Pes
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Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:

10 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5248: O cruzeiro das nossas vidas (14):Queremos o Uíge (António Dias)

sábado, 23 de janeiro de 2010

Guiné 63/74 - P5694: Histórias de José Marques Ferreira (14): O macho desejado


1. O nosso Camarada José Marques Ferreira, ex-Sold. Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 462, Ingoré - 1963/65 -, enviou-nos com data de 22 de Janeiro de 2010, a seguinte mensagem:

Camaradas,

Não me ausentei, nem abandonei a Tabanca Grande... Apenas andei "distraído" com outras coisas, não me deu oportunidade de aqui poder "estar" mais frequentemente com a colaboração a que me comprometi, enquanto posso e houver motivos.

Pressinto que estarei desculpabilizado e, com votos de boa saúde para toda a gente deste «local», aqui envio uma pequena estória, de Ramiro Fernandes Figueiredo, que foi médico da CCaç 462, em 1963-1965, em Ingoré e outras localidades por onde passamos. Pequena e singela, apenas produzindo uma amostra da sombria vida daquele povo Guineense. É isto o que o seu conteúdo pretende "mostrar".


O MACHO DESEJADO


Velho nas giras balantas, de coxas musculosas – mas já flácidas -, mascando o tabaco em pó, guardado em pequena extremidade do chifre de uma vaca, barba crescida e já entremeada de laivos prateados, com o chapéu de esteira quadrangular na cabeça, lá estava o velho SAMUD olhando o capim que crescia em alvoroço em bolanha fértil.

Com aquela idade já pouco podia fazer.

Ano após ano esperava em vão o filho que sonhara, sentado no ourique empapado e negro, imaginando-o troncudo e enorme que rasgava a lama fecunda com a precisão de um veterano e o entusiasmo de rapariga em noite de batuque.

A cada sulco, a cada golpe, o velho abanava a cabeça numa aprovação muda e amarga. Acariciava a barba requeimada por anos de cachimbadas apreensivas e sôfregas.

Como lhe tardava a nascer um filho, como ele o desejava! Chuvas e chuvas de canseiras, lavrando e suando; beijando a terra que lhe daria o arroz, na mira de pecúlio para aumentar as cabeças de gado. Trabalhador e honesto jamais aparecera no Posto por furtar uma vaca.

Luas e luas, na época do seco, enganando a fome, fugindo da loja onde a aguardente de cheiro activo e adocicado tentava um santo, para que não se endividasse, para não ter de entregar, na hora da colheita, toda a produção a título de pagamento.

Quantas dores não recalcara, silencioso e grave no dia que lhe roubaram três vacas amarelas e possantes que o seu suor, a sua fome, o seu isolamento haviam pago com moedas de sangue!

Por fim casara. Não tivera de mendigar mulher, de porta em porta requerendo prazos, firmando contratos. Aparecera, um belo dia, com um bom partido. Pudera escolher, fazer-se exigente, impor condições. De nada lhe servira.

Ano após ano esperava em vão o filho que sonhara. Nem o jambacosse, nem as viagens que a mulher, só, de povoação em povoação fizera, nem os mèzinhos, nem as sovas, nem as pragas.

NADA!

Vezes sem conta arrumara as alfaias e as esteiras, pronto para a mudança de terra, mas aquelas bolanhas férteis e negras, incansáveis, agarraram-no sempre, e sempre o acorrentaram à grilheta eterna.

Arranjara outra mulher. Desta vez, porém, pagara-a bem paga – que a notícia da esterilidade correra toda a Administração de Posto e lhe assacaram a culpa. Trouxera-a mimada, enchera-a de panos e lenços, de aguardente e tabaco. Fechara os olhos, complacente, à sua malandrice. E não ouvira – nunca as pragas e as queixas, as revoltas espectaculosas que a primeira fazia, em gritos furiosos que toda a povoação escutava.

Um filho. Ele mais não queria que um filho, um macho valente que juntasse aos seus braços novos músculos, aos arados novas mãos. E o filho tardara. Sofreu a injúria das piadas mordazes, a afronta dos desrespeitos, a dor de novos roubos – que homem sozinho é arado sem cabo.

Pedira apoio, gritara, ameaçara. Naté, aquele porco que deixou a mulher morrer no mato, depois de partir, empunhara o terçado quando lhe pediu ajuda e fizera-o calar. Estava bêbado o cão!
Tudo passava pelo seu espírito, sentia-se só, muito só e tristonho. DAVATAMBE, ainda a resfolgar, sem fôlego, borracho como um porco dissera a contorcer-se num riso rouco ao passar junto do velho SAMUD: - “Então a tua Cumba não fica prenhada?!...”

Samud emudecera. Como aquele cretino adivinhara o que pensava! E, aumentava a sua dor que mastigava e engolia silencioso. Rolou-lhe uma lágrima pelo rosto e olhou distante até aos confins do capim selvagem que lhe invadia as terras da bolanha outrora férteis.

E ali ficou parado e mudo, olhando estupidamente para a água muito clara, para a canoa encalhada, para a sua Cumba que se aproximava indiferente e sorna.

“OKEY”
Pseudónimo de Ramiro Fernandes Figueiredo
Ex. Alf Mil Médico da CCaç 462
Guiné – Ingoré, 11 de Abril de 1964
Um conto integrado no «Jornal da Caserna» (nº 5)
Periódico daquela Companhia

Cumprimentos a todos sem excepção,
J.M. Ferreira
Sold Ap Armas Pes
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Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:


quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5526: Histórias de José Marques Ferreira (13): O Regedor do território



1. O nosso Camarada José Marques Ferreira, que foi Sold. Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 462, Ingoré - 1963/65 -, enviou-nos com data de 23 de Dezembro de 2009, a seguinte mensagem:

A todos os camaradas desta tertúlia;

Junto um ficheiro com uma das minhas habituais estórias guineenses.

Quero aproveitar para desejar Boas Festas e um melhor Ano Novo de 2010, a todos os tertulianos desta Grande Tabanca.

E que o Natal se prolongue durante todo o ano e não só nestas alturas...

Sobre esta história, não tenho qualquer fotografia. Mas conheci o homem que nela se refere. Nada sei dele, após a independência. A foto que junto, foi obtida na placa do alpendre do aquartelamento, onde o homem aponta na direcção em que se situava a fronteira com o Senegal.

Estávamos em Ingoré.

Para terminar, falta desejar mais uma coisa: Muita Saúde para todos...porque, pelo que eu tenho "visto" por cá, nem todos andam no seu melhor nesta área...



O Regedor do território

No dia 5 do mês passado [Abril de 1964], toda a nossa Companhia se sentia satisfeita, pois tratava-se da data de imposição de JOAQUIM JANDI como Regedor do território de CAN JANDIM.

Por demais estimado por toda a tropa, seja a nossa com base em Ingoré, ou dos nossos camaradas do sector vizinho – Felupe, com base em S. Domingos. Joaquim Jandi, régulo de Can Jandim, alferes de 2ª linha; fidelíssimo, simpático e colaborador incansável e imprescindível – teve uma herança de fidelidade, honra e brio patriótico, pois já seu pai se contava como um dos mais dedicados cidadãos Guineenses.

À morte do pai, Joaquim, um dos vários filhos do velho chefe – fora escolhido pelo espírito arguto e a lucidez que se respira na morte; impregnada de uma quase iluminação divina!... Os outros irmãos aceitaram a escolha! São assim os Cassangas – aceitam o que se lhes pede e obedecem a quem têm por mais dotador – que o diga a frase corrente: «Primeiro Deus e depois branco – mais só Deus».

Joaquim tem no seu curriculum de fidelidade e fibra que não torce pormenores vários que o guindaram sem sombra de dúvida a Alferes de 2ª linha – que o diga o ataque a Can Jandim, quando o chefe dos bandidos que pretendia atacar a sua tabanca, dizia: “Vem Joaquim, vem, nós queremos falar contigo…”

Mas Joaquim com a sua fiel caçadeira ao lado, entrincheirado por trás dos adobes da sua varanda com peças de abrigo, respondeu:

- Não, vem tu. Eu estou em minha casa. Estou pronto a receber-te…

A esta argumentação inteligente ripostou o grupo assaltante com uma saraivada de zagalotes – de que ainda hoje há sinais na parede.

Joaquim e dois irmãos defenderam-se com brio, galhardia até aos limites dos seus escassos cartuchos de caçadeira. Joaquim fogueava o clarão que partia incessantemente por debaixo do frondoso cajueiro nas traseiras da casa ou outro que aparecesse mais ousadamente. Viu-os gemer, arrastar os feridos e mortos e destes alguns lá ficaram para banquete dos jagudis.

Assim, deslocámo-nos a Can Jandim satisfeitos do novo cargo que ele era empossado; até porque, quero ainda referir – que tem mais – Comandante do corpo de milícias de Can Jandim – cujo efectivo treinado, disciplinado ao chefe, não só são óptimos batedores de mato, como entre S. Domingos e Sedengal foram outros dos baluartes de defensiva fronteiriça – e quero frisar que com tanta eficiência – como nós nos nossos destacamentos o faríamos…

Que o diga a defensiva, abrigos, etc. Tudo obra do espírito espevitado de Joaquim – reforçada pela compreensão e boa vontade do Comandante de Ingoré na defensiva exterior.

Parece que neste dia 5 de Abril tudo se escoava para Can Jandim. A administração deu passaporte de Ingoré, a Companhia de Ingoré contribuiu com outro tanto esforço e ainda mais em novas idas a Can Jandim – Sedengal e vice-versa – já que todos pediam “passajo, passajo – Can Jandim”. De S. Domingos veio o Administrador e o Comandante da Companhia lá estacionada; e daqui muito mais gente veio…

Tantânos, calandis, marimbas, apitos, cantares, tudo se confundia numa azáfama barulhenta, festiva, com todo o ritmo e feitiço negro. O momento mais palpitante chegou. Joaquim – todo aprumado, vestido no seu fato branco de gala, cinturão reluzente – escrevia em bom português o seu nome, depois de o Administrador ter dito o significado do acto e despacho de Sua Ex.ª – O Governador – do novo cargo a que Joaquim era elevado.

Todos os chefes de tabanca, e eles eram tantos, assinalaram com uma impressão digital à sua pessoa – que o escrivão da Administração depois cifrava no nome.

Todos os oficiais, civis brancos, etc. serviram também de testemunhas do acto. Malan – régulo de Ingorézinho – não deixou de comparecer com a sua inseparável «Mauser» - e naquela hora – abraçou efusivamente o seu colega. Qual deles o mais dedicado, o mais fiel!... Falaremos oportunamente do Malan…. e do seu braço direito – o filho e herdeiro do regulado – Sambazinho. Tudo terminou e Joaquim era efusivamente felicitado.

Nesta altura os tamboreiros e todo o exótico da barafunda instrumental negra entravam mais entusiasticamente na barulheira. Debaixo dos cajueiros um caldeirão astronómico cozinhava o arroz que seria distribuído a todos os visitantes.

A tropa dançou, todos se divertiram e tudo acabou com a distribuição de lembranças, guloseimas, etc., que o nosso Comandante de Companhia teve a feliz ideia de encaixar na mesma festa; e para coroar o termo da mesma, para dar uma ponta de alegria e, vamos lá, até de bom gosto – saiu a eleição da «BAJUDA DE RONCO».

Ao concurso apresentaram-se várias candidatas, as duas primeiras – SALÔ E MOSQUEVA – foram a 1ª e 2ª misses, e receberam lenços e mais roncos das mãos do nosso Comandante, e as restantes, lembranças do mesmo teor dos Alferes, com a retribuição final duma beijocada. E para terminar fica-nos que a “mama firmada” e pujança de SALÔ venceram a feminilidade e o rosto cândido da esguia e delicada MOSQUEVA.

“ÓKEY” = Pseudónimo de Ramiro Fernandes de Figueiredo (Ex-Alf. Mil. Médico da CCaç 462 – Ingoré)
In «Jornal da Caserna» da CCaç. 462, de 9 de Maio de 1964

BAJUDA DE RONCO

Várias são as concorrentes.
Não senhor – não havia pentes…
Só bajudas, virgens e sem tangas
Sim, todas eram giras e honradas
Não usavam cabelos cortados rentes,
Apesar de haverem algumas fanadas.
Vestiam panos e corpetes longos
Todas carregavam roncos
Não fossem elas Cassangas!...
Nalgumas são artífices as tranças e risquinhos
No cabelo há o pauzinho p’ra espevitar os dentes
É o uso destas gentes…
Rodeiam-no bolsinhos de coiro
Talvez um costume moiro,
Para nele meter os mézinhos.
Tudo correu com agrado geral;
Lenços, fios e roncos são as ofertas
É tudo ao abrigo da psico-social.
Fazem-se fotografias mestras
Das bajudas, dos beijos…
Da miss de eleição certa
E também de bofetadas lestas.
SALÔ – “mama firmada”
De aspecto mais ousada
É a primeira indigitada.
Mosqueva, por não ser tão avantajada
Fica para segunda
Apesar de mais franzina e delicada.

Para todos um abraço,
J.M. Ferreira
Sold Ap Armas Pes
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Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:

domingo, 13 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5457: Histórias de José Marques Ferreira (12): O regresso



1. O nosso Camarada José Marques Ferreira, que foi Sold. Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 462, Ingoré - 1963/65 -, enviou-nos com data de 11 de Dezembro de 2009, a seguinte mensagem:


A todos os camaradas desta tertúlia;

Aqui vai mais um dos meus modestos contributos para o blogue, que a inspiração e a boa forma encefálica ainda me permite.Nesta época, como digo abaixo, quero desejar a todos (mas a todos mesmo), que passem mais um dos bons momentos que possamos ter na vida: um Santo e Feliz Natal. Até um dia destes…

O regresso

Por acaso tenho presente todas as datas da minha prestação do serviço militar obrigatório. Mesmo quem as não as lembre, tem nas suas cadernetas militares de que são titulares, referidos esses tempos e os relatos de todo o seu percurso na tropa, como é do conhecimento geral.

Eu fui incorporado em 28 de Janeiro de 1963. Embarquei em Lisboa em 14 de Julho de 1963, no navio Sofala com destino ao C.T.I.G. (Comando Territorial Independente da Guiné), fazendo parte da CCaç 462, tendo desembarcado em Bissau em 21 de Julho. Em 7 de Agosto de 1965, embarquei em Bissau no navio Niassa de regresso a Lisboa, em 14 de Agosto.
.....
Depois desta, tenho outras pequenas histórias destas viagens, que não faz mal nenhum partilhar e convosco o farei. Começo pela última (o regresso), embora tenha na forja a da partida para a Guiné, sobre a qual, a 40 e tal nos de distância, apetece-me (agora) comentar. Digo entre parêntesis «agora», porque antes não podia, e se o fizesse cruel destino me esperararia.

Como já disse aqui várias vezes, chegamos à Guiné e ficamos (todos) "alojados" numa escola primária em Bissau (Escola Teixeira Pinto), próximo do Pilão, junto do depósito de água. Ali permanecemos uma semana. Após esse período, organizou-se uma coluna auto e lá fomos em direcção ao mato. Armados de G3 novas em folha, creio que as primeiras armas automáticas a serem utilizadas na Guiné, com destino a Ingoré.

Foi um tormento para lá chegar, menos de 100 Kms de distância! Hoje já não acontece isso, pela existência das pontes de João Landim e de S. Vicente.

O resto da Companhia foi distribuída por Sedengal, S. Domingos, Susana e Varela. Uma área enorme. Não vou agora falar de cada uma destas localidades. Uma região sempre junto da fronteira com o Senegal.

Nesta região, com algumas alterações pelo meio, aqui permanecemos durante dezasseis meses, «Na pousada do sossego!»

Na altura em que se começava, com aquele tempo, a pensar na contagem decrescente para o regresso, enfiaram-nos na zona de Bula, onde a Companhia que substituímos ficou reduzida a quase metade entre mortos, feridos, hospitalizados, evacuados, etc.
Imaginem o quanto sofreu aquela gente, cuja companhia já não lembro qual era, mas da qual tenho aqui próximo (no concelho) um camarada. Era condutor e chegou a andar pelo ar com uma mina na sua GMC, na estrada Bula-Binar-Bissorã.

Todos se interrogavam o porquê, com aquela «idade» de Guiné, terem-nos metido num local daqueles, quando até aí nunca tivemos de dar tiros contra o que quer que fosse.

Pouco tempo lá estivemos. De Bula, fomos ocupar a área compreendida entre Có, Ponate, Jolmete e Pelundo, onde não havia nada que permitisse um mínimo de condições de habitabilidade humana. Tivemos de construir tudo a partir do zero.

Passados uns meses, lá fomos novamente de tralha às costas para Mansoa. Para aqui já eu não me desloquei, porque era um período de permanência, para a espera de regresso a casa.

Como tinha sido 'aproveitado' para «administrador» da Companhia e como já referi em anteriores postes, essa administração era feita a partir de Bissau e então aqui permaneci até ao dia da chegada do Niassa. Inclusivamente estive com o alferes da área administrativa a fechar as contas do BCAÇ 507, que entretanto tinha terminado a comissão de serviço.

Fiz a lista identificativa do pessoal a embarcar (que ainda guardo), assinada pelo capitão Luís Manuel das Neves e Silva, que substituiu o Cap. Mil. Jorge Saraiva Parracho entretanto regressado à Metrópole. Entregue nos vizinhos da Amura (QG) e como estava na secretaria, mantinha-me sempre de ouvido alerta para saber quando chegava o barco e quando poderíamos embarcar.

Um dia chega chegou uma circular a anunciar o tão ansiado facto. Fui o primeiro a lê-la e fiquei assustado, porque não via na lista a identificação da minha Unidade Militar. Tive um assomo de lucidez e virei a página. Porra, no verso lá estava a CCAÇ 462... Era a última da lista... que alívio!

Recebida a ordem de embarque, fui o primeiro da Companhia a entrar no navio, após o almoço. Durante a tarde começaram a chegar os meus camaradas de Mansoa. E quando todos foram para a farra, em Bissau, comemorar a felicidade de regressar e gastar os últimos "pesos" que tinham no bolso, desafiaram-me a ir com eles também. Respondi negativamente, porque dali, de dentro do Niassa, já ninguém me tirava.

Efectivamente foi assim. Já dormi no navio nessa noite e até à saída no dia 7 de Agosto de 1965, ali permaneci. Quer dizer que terei entrado no navio Niassa, que me transportou até Lisboa, no dia 6 de Agosto de 1965.


Navio Niassa


Para todos um abraço,
J.M. Ferreira
Sold Ap Armas Pes
__________
Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5381: Histórias de José Marques Ferreira (11): 111 – O Têmpera de aço



1. O nosso Camarada José Marques Ferreira, que foi Sold. Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 462, Ingoré - 1963/65 -, enviou-nos com data de 30 de Novembro de 2009, a seguinte mensagem:


A todos os camaradas desta tertúlia;

Votos de boa saúde.

Como estava "quase" a falhar, envio a minha modesta colaboração para o blogue. Recordo que socorri-me de um «periódico» que naquele tempo servia para distrair e «gastar» umas horas, ou dias, na sua elaboração. Como sabemos os computadores daquele tempo, era a máquina de escrever. Havia necessidade de utilizar um material, que já não sei como era conhecido, mas a que chamávamos "stencyl" (é assim que se escreve?). Depois era dar a manivela no “chapilógrafo”, borrar as mãos em tinta. E lá saía qualquer coisa.

Estou numa fase em que aproveito para dar a conhecer, conforme sabemos, o estilo de escrita, a maneira de expressar ideias, frases... enfim, palavras.

A de hoje, como outras, é da autoria de Ramiro Fernandes Figueiredo que, como tenho dito, era o Alferes Médico da Companhia, Utilizava, quando lhe dava na bolha, alguns pseudónimos. Não sei porquê, não me lembro e, quase tenho a certeza, nunca lhe perguntei. Estas últimas estórias um tanto ficcionadas, mas, mesmo assim, mais próximo possível de realidades, muitas realidades.Deixo-vos mais esta, com renovados desejos de felicidades, que, muitos, bem precisam.

Um abraço a estes editores que trabalham até mais não e com o meu muito obrigado pelas simpatias demonstradas e por me aturarem.

111 – O «TÊMPERA DE AÇO»

A coluna auto seguia pelo caminho previsto pelo oficial de operações. Eram oito viaturas.

Precisamente antes do pontão como marco acutilante nas recordações de hoje, o 111 sente-se impulsionado pelos ares por abalo seguido de um estampido infernal. Neste salto de acrobacia imprevisto não tem tempo para pensar um vislumbrar o que se passara.

Sente-se aparado pela terra amolecida e lamacenta da bolanha ao lado. Olhando a custo, um tanto contundido e abalado, tem um movimento instintivo de apalpar os ossos das pernas e braço e passar as mãos borradas de lema pela cara.

À massa plúmbea daquela argamassa mole e pegajosa não adere sangue. Não está ferido, pode mesmo movimentar os membros a custo. Procura pôr-se de pé, mas não consegue. Vê somente no caminho uma nuvem poeirenta e gritos de desespero, de lamentações e palavras raivosas do comandante que impávido e não muito sereno, ditava ordens.

Sente-se sem forças e desanimar. Mas não podia ser; o 111 é de fibra de aço e tem sete fôlegos. Cerra os dentes e põe-se com dificuldade a rastejar em direcção ao mato limítrofe da bolanha.

A arma desaparecera-lhe das mãos no meio da confusão e explosão que estalara, mas coladas ao seu peito estão duas granadas de mão e no cinto uma sua faca de mato para o que desse e viesse. Respira fundo, arranja novas forças, finca os cotovelos na lama e vai-se arrastando.

A sua atenção é sacudida pela troca inesperada de tiroteio que se travava entre os colegas das viaturas e o inimigo emboscado na berma do mato – e soberbamente instalado. Sentia o metralhar de uma arma que pelo som não era dos seus camaradas. Espevita o ouvido e vê que é do monte de baga-baga a uns cinquenta metros.

Apalpa as granadas e contorcendo-se em dores, com as bátegas de suor a pingarem-lhe da cara, arrasta-se penosamente naquela direcção. Pára um instante – é impossível continuar… - mas a metralhadora inimiga flagela impiedosamente os seus camaradas. Sente as balas que choviam das viaturas sibilarem-lhe sobre a cabeça empada em lama. Quase que não podia abrir os olhos – a lama começava a secar.

Arrasta-se mais, as lágrimas correm-lhe pela cara, talvez de dor e de emoção… nunca se sabe. Está a vinte metros do inimigo e distingue quatro vultos atrás da baga-baga. São negros e rebeldes. Cerra os dentes e com os mesmos arranca a cavilha de segurança duma granada.

Aperta a paleta, mas sente que não tem forças para a lançar a vinte metros. Rasteja… e está a 10 metros. Ninguém no meio da barafunda mortífera o notara. Abriga-se atrás de uma árvore, arranja novas forças e aí vai a granada pelo ar. Caiu a uns cinco metros do objectivo e a arma cala-se. Na fuga, dois do grupo dos quatro emboscados vêm o nosso camarada e dirigem-se para ele, mas antes que o atinja com a pistola que lhe vai ser apontada já a segunda granada voara pelo ar.


O 111 nada mais sentiu a não ser a explosão, cuja onda de sopro o envolvera. Desfalecera…


A seguir o comandante ordenou o envolvimento e vão encontrar o 111. O seu coração batia ainda, o sangue gotejava-lhe dos ouvidos e uns leves estilhaços estavam cravados na lama do rosto. A arma da baga-baga lá estava meia desmantelada. Junto dela dois corpos dos rebeldes. Perto do 111, a uns cinco metros, se tanto, o corpo dum terceiro rebelde mutilado pela segunda explosão.

Ao visitar o 111 há dias no hospital, vi-o satisfeito e já refeito dos ferimentos. Estava radiante, feliz e nos seus lábios dançava um sorriso maroto de superioridade.

Ao entregar-lhe uma pequena lembrança qualquer e já quando me retirava fiquei emocionado, surpreendido e quedei-me uns instantes a meditar nas palavras dele que se repercutiam em mim: «O maior heroísmo ou coisa que o valha, não são as medalhas ou citações, mas o sentido de amizade e o espírito de corpo para com os nossos camaradas, e acredita meu amigo, quando os vi, não tive medo, só pensei nos nossos».

Senti-me emocionado e a custo retorqui:

«Sem dúvida, 111, a nossa Companhia é uma verdadeira família. Sentimos a morte de um camarada como a de um irmão».

“ÓKEY”
(Pseudónimo de Ramiro Fernandes Figueiredo, ex-Alf Mil Médico)
In «Jornal da Caserna», CCaç. 462, Guiné 1963/1965
Guiné - Ingoré, 29 de Fevereiro de 1964.

Para todos um abraço,
J.M. Ferreira
Sold Ap Armas Pes


Foto: José M. Ferreira (2009). Direitos reservados.

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Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5252: Histórias de José Marques Ferreira (10): Funeral de 'homem grande', refeição melhorada... da tropa


1. O nosso Camarada José Marques Ferreira, que foi Sold. Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 462, Ingoré - 1963/65 -, enviou-nos com data de 7 de Novembro de 2009, a seguinte mensagem:

Funeral na Guiné – Refeição melhorada

É um bocado tétrico, arrepiante até, fazer disto um poste e logo com tal título. Mas a verdade é que vivi os momentos de um funeral na Guiné, de cuja participação tivemos «direito» a… bifes.

Não estou a brincar com coisas sérias. Eu explico melhor, embora com deficiências memoriais provocadas pelos quarenta e tal anos que passaram.

Então vamos aos pormenores.

Já estava há bastante tempo na Guiné, na localidade de Ingoré. Como se sabe, lá como noutros territórios limítrofes, são abundantes as etnias. Cada uma tem os seus princípios, os seus costumes, as suas lendas e crenças, a sua vida…

Na única estrada que atravessava a localidade, na direcção nascente - poente, para os lados de Sedengal, onde estava um pelotão da minha companhia, logo a seguir ao pontão da bolanha que ficava à saída de Ingoré, havia uma tabanca. Já não recordo como se chama, ou chamava.

O que eu sei é que tivemos conhecimento que havia falecido, ali, um «homem grande» daquela tabanca. Penso que foi a um domingo.

Como naquela guerra o domingo era respeitado, como dizia o saudoso Raul Solnado paravam-se as hostilidades, um grupo de camaradas nos quais eu me incluía, resolvemos ir ao funeral… do morto (que raio de redacção esta!).

Não fomos munidos de G3, porque era muito perto e, como eu já disse, a guerra estava fechada, levávamos apenas algumas facas de mato. Mais tarde concluímos que foi o que fizemos de melhor.

Chegados à tabanca, havia muita algazarra, como era próprio nestas alturas e nestes acontecimentos (e não só), quando fomos confrontados com a oferta de enormes e bem apetecíveis peças de carne.

Não houve meias hesitações. Facas metidas na tenra carne, já não me lembro bem, se de bovino, se de vitela (que raio de confusão) e toca de carregar com elas até ao aquartelamento. Um surpreendente pitéu que iria fazer as delícias de um bom almoço, ou jantar, de bifinhos.

Recordo-me que uma das peças era a pá, parte das pernas (de vitela ou de vaca, bolas, seria de boi? Isto hoje está muito mau… era carne e pronto!)




Estava a brincar, para vos explicar que realmente fomos ao funeral e que não viemos de mãos a abanar, fazendo-me recordar alguns hábitos ainda correntes nalgumas regiões do nosso país, onde as famílias dos falecidos oferecem comida e bebida aos acompanhantes dos actos fúnebres.


Naquela etnia, que já não sei qual é, mas se houver alguém que saiba, pedia-lhe o favor de intervir, todos os bens do falecido devem ser distribuídos, sejam galinhas, porcos (algumas etnias não comiam carne de porco, por exemplo, os Mandingas), gado bovino e tudo o resto, segundo creio.


Porque a riqueza daquela gente é medida, não pela quantidade de dinheiro que detém, mas pelo número de cabeças de gado que possui!


Penso que será de frisar, por que nem sequer o sabíamos, que não fomos visitar a família do falecido por causa de obtermos a carne. Mas que ela veio mesmo a calhar, porque a abundância não reinava para aquelas bandas, disso jamais me esqueci.


Pena foi que ninguém tenha tirado uma fotografia da oferenda, para agora confirmar, por imagem, o que acabo de vos contar. Bolas…


Para todos um abraço,
J.M. Ferreira
Sold Ap Armas Pes


Foto: José M. Ferreira (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:

10 de Novembro de 2009 >
Guiné 63/74 - P5249: Estórias avulsas (56): Um tiro que tapou o sol na Ponte Marechal Carmona (Joaquim Mexia Alves)