Mostrar mensagens com a etiqueta Canjambari. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Canjambari. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16600: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXXVI: último poste: relação nominal de todo o pessoal









Guiné > Região do Oio > Canjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > Algumas das fotos que vêm em anexo ao livro "Histórias da CCAÇ 2533".


1. Publicamos hoje o último poste, o 36º,  da série "Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) ", a partir do documento editado pelo ex-1º cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, com fotografias). (*)

Trata-se de uma brochura, com cerca de 6 dezenas de curtas histórias, de uma a duas páginas, e profusamente ilustrada (cerca de 90 fotos, intercaladas e em anexo). Chegou às mãos dos nossos editores, em suporte digital, através do ex-1º cabo cripto Luís Nascimento, que vive em Viseu, e que também nos facultou um exemplar em papel, para consulta. (É membro da nossa Tabanca Grande desde 20 de dezembro de 2008;  já aqui publicámos também o seu álbum fotográfico.)

Temos a devida autorização de um dos editores,  o Joaquim Lessa  (com quem falámos ao telefone) e autores para dar a conhecer, a um público mais vasto de amigos e camaradas da Guiné, as peripécias por que passou o pessoal da CCAÇ 2533, companhia independente que esteve sediada em Canjambari e Farim, região do Oio, ao serviço do BCAÇ 2879, o batalhão dos Cobras (Farim, 1969/71).

A comissão editorial inclui, além do ex-1º cabo Joaquim Lessa, o ex-capitão inf Sidónio Martins Ribeiro da Silva, os ex-alf mil inf Armando Mota e Timóteo Rosa, e os ex-fur mil Carlos Simões, Fernando Pires, Armando Tavares,  Guilherme Pascoal, Nuno Conceição e Jaime Canas.

O primeiro poste desta série é de 16/4/2014. As primeras 26 páginas são do comandante da companhia, o cap inf Sidónio Ribeiro da Silva, hoje cor ref. Os restantes autores são, por ordem alfabética (entre parêntes, o nº de histórias ou episódios da sua autoria) (pp. 27-111):

Agostinho Evangelista (6)
Armando Mota (10)
Armando Tavares (2)
Avelino Pereira (5)
Carlos Simões (3)
Fernando Pires (9)
Joaquim Fonseca (4)
Joaquim Silva (1)
José Luís Sousa ( 3)
José Tomás Costa (2)
Nuno Conceição (1)
Timóteo Rosa (5)
Victor Borges (1)


De referir. como mera curiosidade, que tanto esta companhia como a CCAÇ 2590 (mais tarde CCAÇ 12) viajaram, juntas no mesmo T/T, o Niassa, em 24 de maio de 1969, e regressaram juntas, a 17 de março de 1971, no T/T Uíge!... Temos, pois, aí uma fantástica coincidência!..

Hoje reproduz-se  a relação nominal do pessoal da CCAÇ 2533 (. Esta companhia teve 3 mortos e 12 feridos em combate).












In Histórias da CCAÇ 2533. Edição de Joaquim Lessa e outros, tipografia Lessa, Maia, c. 2006, pp. 112-115.
______________


 18 de abril de 2014> Guiné 63/74 - P13005: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte II: Embarque e as primeiras impressões do aquartelamento e tabanca (Sidónio Ribeiro da Silva, hoje cor inf ref)

21 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13018: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte III: A vida em campanha (Sidónio Ribeiro da Silva, hoje cor inf ref)

6 de maio 2014 > Guiné 63/74 - P13106: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte IV : A vida em campanha (cont.), e a alegria do regresso e dos convívios (Sidónio Ribeiro da Silva, hoje cor inf ref)

10 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13124: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte V: (i) A praxe (a história de uma partida a um alferes pira e que envolve também o cap inf Vasco Lourenço); e (ii) a cabra do mato que chorava (Fernando Pires, ex-fur mil at inf)

14 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13137: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte VI: Canjambari, aquartelamento e tabanca (Fernando Pires, ex-fur mil at inf)

18 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13160: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte VII: (i) Os primeiros dias, a viagem de LDG até Farim, e depois em coluna até ao nosso destino... (ii) O meu primeiro aniversário...(Fernando Pires, ex-fur mil at inf)

30 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13213: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte VIII: (i) os primeiros dias em Canjambari: em mês de santos populares, o batismo de fogo, os primeiros contactos com o IN; e (ii) a santa ingenuidade: um episódio com um cobra venenosa

3 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13231: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte IX: (i) um dia diferente: quando o cantor Horácio Reinaldo veio atuar a Canjambari, no âmbito do Programa das Forças Armadas (PFA); e (ii) um dia inesquecível: aquela mina A/P que estava montada para o fur Fernando Pires...

10 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13267: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte X: (i) o galoque teve o nosso primeiro Pinheiro; e (ii) o pobre do porco que, morto por doença e enterrado, não se livrou da faca e do fogo... (Avelino Pereira)

17 de junho de  2014 > Guiné 63/74 - P13300: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XI: (i) a história de um acidente com uma viatura por causa do "enterro do bacalhau"; (ii) sonâmbulos e "apanhados do clima"; e, por fim, (iii) com minas e armadilhas não se brinca(va) (Avelino Pereira, madeirense)

 23 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13321: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XII: (i) O elogio de Spínola pela elevado aprumo e disciplina da companhia, à chegada ; (ii) a vaca de Cuntima que fugiu de noite; e (iii) a matança dos javalis... (Armando Mota, ex-alf mil, cmdt do 1º pelotão)

30 de junho de 2014 > Guiné 63774 - P13348: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XIII: (i) Está tudo bem com vocês ?, pergunta o gen Spínola; (ii) Indo de viatura a corta-mato, sem GPS, em socorro de camaradas que tinham tido contacto com o IN: e (iii) Uma saída com o pelotão de milícias (Armando Mota, alf mil at inf, 1º pelotão)

7 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13371: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XIV: (i) a queda granada da bazuca; (ii) samba em Lisboa; e (iii) a caçada dos passarinhos (Armando Mota, ex-alf mil at inf, 1º pelotão)

11 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13390: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XV: Encontro do sold cond auto João Bento Guilherme com a morte em Lamel, em 14/12/1970... Era natural de Almeirim e pertencia à CCS//BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71) (Armando Mota, ex-alf mil, 1º pelotão)

16 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13404: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XVI: A "sorte de um soldado", transmontano, que não sabia ler nem escrever quando foi incorporado (José Tomás Costa, sold at inf, 1º pelotão)

28 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13442: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XVII: 4 episódios recordados pelo José Joaquim da Costa Fonseca, ex-sold at inf,1º pelotão entre elas uma dramática saída para o mato em 29 de abril de 1970, ou aquela outra em que o Vieito "perdeu" a G3 na confusão de um ataque ao aquartelamento

31 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13451: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XVIII: Uma farra a bordo da última LDG, de Farim para Bissau...Uma despedida em grande que ia dando um problema disciplinar prontamente resolvido com bom senso e sabedoria pelo capitão (Carlos Simões, ex-fur mil op esp, 1º pelotão)

5 de agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13463: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XIX: A guerra dos colchões em que também esteve envolvido o Carlos Simôes, ex-fur mil op esp





6 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13854: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXV: (i) o final da comissão em Farim, com os últimos mortos e feridos na zona de Lamel;: (ii) humilhados e ofendidos: regressados á Pátria, somos obrigados a ir a Chaves, num comboio ronceiro, entregar meia dúzia de trapos desfeitos, os restos das nossas fardas ! (Agostinho Evangelista, 1º pelotão)

14 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13893: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXVI: O finório e o 1º sargento (José Luís Sousa, ex-fur mil, 1º pelotão)

1 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13962: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXVII: Boas vindas à equipa da RTP que foi gravar as mensagens do Natal de 1969: Benvindos!... Jamgarte!... Welcome!... (José Luís Sousa, ex-fur mil, 1º Pelotão)

2 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14108: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXVIII: (i) Um natal do mato (Timóteo Rosa, ex-alf mil, 4º pel); (ii) a prenda do MNF (José Luís Sousa, ex-fur mill,1º pel)

13 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14355: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXIX: Quando falhava o abastecimento, ainda havia o recurso à "bianda com marmelada"...

18 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14631: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXX: (i) 'fogo amigo' em dia de sexta-feira treze; e (ii) perdido na selva...por uma hora! (Timóteo Rosa, alf mil, 4º Gr Comb)

9 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14717: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXXI: um data para recordar, o dia 1 de abril de 1970, dia das mentiras... (Armando Costa Tavares, fur mil at inf, 3º pelotão)

10 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15229: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXXII: o bravo soldado Faria (Armando Costa Tavares, fur mil at inf, 3º pelotão)

6 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16279: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXXIII - Memórias do Victor Manuel Pereira Borges, 1º cabo, cantineiro e apontador do morteiro 81

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16595: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXXV - Valeu a pena, por Nuno Conceição (ex-fur mil mec auto)









Guiné > Região do Oio > Canjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) >  Algumas das fotos que vêm em anexio ao livro "Histórias da CCAÇ 2533".

1. Continuação da publicação das "histórias da CCAÇ 2533", a partir do documento editado pelo ex-1º cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, com fotografias). (*)

Trata-se de uma brochura, com cerca de 6 dezenas de curtas histórias, de uma a duas páginas, e profusamente ilustrada (cerca de meia centena de fotos). Chegou às mãos dos nossos editores, em suporte digital, através do Luís Nascimento, que vive em Viseu, e que também nos facultou um exemplar em papel, para consulta.

Temos a devida autorização do editor (com quem falámos ao telefone) e autores para dar a conhecer, a um público mais vasto de amigos e camaradas da Guiné, as peripécias por que passou o pessoal da CCAÇ 2533, companhia independente que esteve sediada em Canjambari e Farim, região do Oio, ao serviço do BCAÇ 2879, o batalhão dos Cobras (Farim, 1969/71).

O primeiro poste desta série é de 16/4/2014. As primeras 25 páginas são do comandante da companhia, o cap inf Sidónio Ribeiro da Silva, hoje cor ref. Tanto esta companhia como a minha CCAÇ 2590 (mais tarde CCAÇ 12) viajaram, juntas no mesmo T/T, o Niassa, em 24 de maio de 1969, e regressaram juntas, a 17 de março de 1971, no T/T Uíge!... Temos, pois, aí uma fantástica coincidência!..

Hoje reproduz-se último texto, da autoria do ex-fur mec auto Nuno Conceição o  (pp. 109-111), fechando comn chave de ouro esta aventura coletiva que foi a edição deste livro e que é também uma homenagem ao Joaquim Lessa em cuja tipografia foi impresso o livro das "Histórias da CCÇ 2533", e que tem sido tamb+em, ao longo dos anos, a "alma dos convívios do pessoal.

 











In Histórias da CCAÇ 2533. Edição de Joaquim Lessa, tipografia Lessa, Maia, s/d, pp. 109-111.
_____________

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Guiné 63/74 - P16427: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXXIV - Memórias de um pobre cabo quarteleiro que teve de pagar, do seu magro bolso, o valor de 15 cantis que faltavam no inventário...


1. Continuação da publicação das "histórias da CCAÇ 2533", a partir do documento editado pelo ex-1º cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, com fotografias). (*)

Trata-se de uma brochura, com cerca de 6 dezenas de curtas histórias, de uma a duas páginas, e profusamente ilustrada (cerca de meia centena de fotos). Chegou às mãos dos nossos editores, em suporte digital, através do Luís Nascimento, que vive em Viseu, e que também nos facultou um exemplar em papel, para consulta.

Temos a devida autorização do editor e autores para dar a conhecer, a um público mais vasto de amigos e camaradas da Guiné, as peripécias por que passou o pessoal da CCAÇ 2533, companhia independente que esteve sediada em Canjambari e Farim, região do Oio, ao serviço do BCAÇ 2879, o batalhão dos Cobras (Farim, 1969/71).

O primeirop poste desta série é de 16/4/2014. As primeras 25 páginas são do comandante da companhia, o cap inf Sidónio Ribeiro da Silva, hoje cor ref. Tanto esta companhia como a minha CCAÇ 2590 (mais tarde CCAÇ 12) viajaram, juntas no mesmo T/T, o Niassa, em 24 de maio de 1969, e regressaram juntas, a 17 de março de 1971, no T/T Uíge!... Temos, pois, aí uma fantástica coincidência!..

Hoje reproduz-se o texto da autoria do ex-1º cabo Silva, o "arrecadação", o 1º cabo quarteleiro Silva, que, para poder embarcar para a metrópole, e regressar a casa,  teve de pagar do seu magro bolso o valor de 15 cantis que faltavam no inventário (pp. 107-108). 

Como ele esclarece, com fina ironia, ele era o responsável máximo da arrecadação, estando abaixo dele o 1º e o 2º sargentos...

Há "histórias do arco da velha", esta é seguramente uma delas... Como diz o nosso povo, "quando o mar bate na rocha, quem se lixa é o mexilhão"...  Enfim, uma história pouco ou nada edificante sobre os supremos valores que norteavam o nosso glorioso exército... Moral da história: na tropa havia os xicos, os xicos espertos e os filhos do Zé Povinho... que só de 50 em 50 anos é que fazem o célebre manguito,  imortalizado, em 1875,  pelo genial Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905)...  Enfim, somos um povo com reflexos de dinossauro que, dizem, levava  meia hora a reagir quando lhe pisavam o rabo...






~





In Histórias da CCAÇ 2533. Edição de Joaquim Lessa, tipografia Lessa, Maia, s/d, pp. 107-108.
_____________

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Guiné 63/74 - P16393: Facebook...ando (40): Sou açoriano, nasci em janeiro de 1955, fui à inspeção em dezembro de 1970, com 15 anos... Em abril de 1971 fui para a tropa, e em setembro, com apenas 16 anos, parti para o CTIG... (ex-1º cabo Alcides, da CCÇ 3476, "Bebés de Canjambari", Canjambari e Dugal, 1971/73; emigrante no Canadá, desde junho de 1974)


Guiné > Região do Oio > Farim >  Canjambari > CCAÇ 3476 (Canjambari e Dugal, 1971/73) >  Os "Bebés de Canjambari" era uma companhia açoriana...

Foto: © Manuel Lima Santos (2013). Todos os direitos reservados.


1. O nosso editor de serviço, Carlos Vinhal, mandou-nos, em 14 do corrente a seguinte mensagem, com conhecimento a alguns colaboradores permanentes do blogue:


Camaradas

Grande novidade para mim.

Conheciam este caso ou semelhante?

Esta mensagem caiu no facebook da Tabanca Grande Luís Graça (**):


Caro amigo e ex-combatente, eu escrevo pouco em português, porque só tirei a 4ª classe.

O meu comentário é a respeito do Fernando Andrade Sousa (*), que não sabia que se podia para ir para o exército com menos de 18 anos. Pois eu fui à inspeção para a tropa em dezembro de 1970, e só tinha 15 anos. Fiquei apurado para todo o serviço Militar, e em abril de 1971 fui para a tropa, em setembro de 1971 fui para a Guiné, com a  CCac 3476, "Bebés de Canjambari" [Canjambari e Dugal, 1971/73]. 

Hoje estou no Canadá, razão de ir voluntário e tão novo. Meus Pais imigraram para aqui e o governo português disse que eu não podia vir sem cumprir o serviço militar, foi a razão de ir mais cedo. Em dezembro 1973 regressei da Guiné com 18 anos, livre do serviço militar, que como vês aqui eu sou de janeiro de 1955. 

Em junho de 1974 vim para o Canadá. e aqui me encontro, continuo a trabalhar porque sou tenho 61 anos e me sinto com saúde.

Eu fui Primeiro Cabo, talvez o mais novo do exército! 

Um bem haja para ti e toda a equipa da Tabanca Grande!
O [Manuel] Lima Santos [, membro da Tabanca Grande,] foi meu Furriel do meu Pelotão [, foto atual à direita], só para se quiseres confirmar, e podes ver o meu álbum da tropa!

Bem Haja,
Alcides.


2. Comentário do António José Pereira da Costa no mesmo dia:

Olá,  Camaradas

Desconhecia esta ou outra situação similar. Estava convencido que só se poderia ser voluntário aos 18 anos.  Recebi na minha companhia um miúdo com essa idade que ficou com essa alcunha por isso mesmo. Mas só a lei do tempo o poderá confirmar.

Um Ab.
Tó Zé


3. Comentário do editor

Em contacto telefónico com o camarada Lima Santos, este disse que se lembra perfeitamente do Alcides, com quem ainda hoje mantém contacto. Disse ainda que julga ter havido mais duas situações semelhantes na Companhia, combatentes com 18 anos ou menos, assim com provavelmente o mesmo se terá passado com a Companhia irmã, a CCAÇ 3477 (Gringos do Guileje).
Os mancebos açorianos, para poderem mais rapidamente juntar-se aos pais, emigrados por terras do continente americano, ofereciam-se como voluntários para servirem o exército antes da idade normal.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16279: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXXIII - Memórias do Victor Manuel Pereira Borges, 1º cabo, cantineiro e apontador do morteiro 81




In Histórias da CCAÇ 2533. Edição de Joaquim Lessa, tipografia Lessa, Maia, s/d, pp. 106.





1. Continuação da publicação das "histórias da CCAÇ 2533", a partir do documento editado pelo ex-1º cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas,  com fotografias). (*)

Trata-se de uma brochura, com cerca de 6 dezenas de curtas histórias, de uma a duas páginas, e profusamente ilustrada (cerca de meia centena de fotos). Chegou às mãos dos nossos editores, em suporte digital, através do Luís Nascimento, que vive em Viseu, e que também nos facultou um exemplar em papel, para consulta.

Temos a devida autorização do editor e autores para dar a  conhecer, a um público mais vasto de amigos e camaradas da Guiné, as peripécias por que passou o pessoal da CCAÇ 2533, companhia independente que esteve sediada em Canjambari e Farim, região do Oio, ao serviço do BCAÇ 2879, o batalhão dos Cobras (Farim, 1969/71).

O primeirop poste desta série é de 16/4/2014. As primeras 25 páginas são do comandante da companhia, o cap inf Sidónio Ribeiro da Silva, hoje cor ref. Tanto esta companhia como a minha CCAÇ 2590  (mais tarde CCAÇ 12) viajaram, juntas no mesmo T/T, o Niassa, em 24 de maio de 1969, e regressaram juntas, a 17 de março de 1971, no T/T Uíge!... Temos, pois, aí uma fantástica coincidência!..

Hoje reproduz-se o texto da autoria do ex-1ºcabo ap mort Victor Manuel Pereira Borges, cantineiro e apontador do morteiro 81 (pp. 103-106). Julgamos que as fotos também sejam dele. Recorde-se que a CCAÇ 2533 teve 3 baixas mortais, uma delas a do alf mil António da Fonseca Ambrósio, morto em combate, no corredor de Lamel, em 21/12/1970, e que é aqui evocado no texto a seguir.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16076: Convívios (744): Encontro do pessoal da CART 2340 (Canjambari, Jumbembem e Nhacra, 1968/69), dia 12 de Junho de 2016, Covão do Lobo, Vagos



EM BUSCA DE CAMARADAS PARA O ALMOÇO/CONVÍVIO DA CART 2340

DIA 12 DE JUNHO DE 2016

COVÃO DO LOBO - VAGOS

Boa noite. 
Sou filha de um ex-combatente da CART 2340 (Canjambari, Jumbembem e Nhacra, 1968/69), Rogério Barreira que pertencia às Transmissões.
O meu pai é de Coimbra e é conhecido pelo Relojoeiro.
Procurei na internete informações e deparei-me com o vosso blogue. Será que pode ajudar-nos a juntar os camaradas e a divulgar o convívio?

Os contactos que ele tem estão desactualizados pelo que procuro os seus camaradas com vista ao Almoço/Convívio deste ano que terá lugar no dia 12 de Junho de 2016, com concentração pelas 12 horas no Restaurante "O Parque", sito na Rua Principal (EN 334), Covão do Lobo, Vagos.

Seria muito interessante que as pessoas partilhassem fotos e histórias sobre aquela passagem. Não é época feliz para muitos, mas é a realidade. Por muito que se partilhe histórias, nunca se esgotam as fontes. 

O contacto do meu pai é: 966 162 108

Atenciosamente
Maria Cristiana Barreira
____________

Nota do editor

Último poste da série de 9 de maio de 2016 Guiné 63/74 - P16071: Convívios (743): XXXVII Encontro do pessoal da CCAV 2639, dia 18 de Junho de 2016 em Fernão Ferro (Mário Lourenço)

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14827: Guiné, Ir e Voltar (Virgínio Briote, ex-Alf Mil Comando) (III Parte): Morreu-me um gajo ontem

1. III Parte de "Guiné, Ir e Voltar", enviado no dia 27 de Junho de 2015, pelo nosso camarada Virgínio Briote, ex-Alf Mil da CCAV 489 (Cuntima), e Comando do 2.º curso de Comandos do CTIG (Brá), CMDT do Grupo Diabólicos (1965/67).


GUINÉ, IR E VOLTAR - III

Morreu-me um gajo ontem

Dói-te um dente, aonde, ora deixa ver.
Nada que eu possa fazer aqui, vocês pensam que vêm para aqui tratar os dentes, mal vai a guerra quando já mandam pessoal com defeito, rosnou o doutor. Só em Farim! Quando for dia de dentista, sei lá quando!
Dias depois, sentado debaixo de um enorme poilão1, em Farim, à espera da vez, o cabo enfermeiro percorria a fila dos sofredores, picando este e aquele enquanto o médico dentista, mais atrás, ia arrancando os dentes. Quando chegou a vez dele, o dentista de alicate na mão mandou-o abrir mais a boca. Dói-lhe aqui, é? Grande abcesso! Não posso fazer isto aqui, só em Bissau. E tem que tomar um antibiótico, primeiro.

Em Bissau outra vez, com menos um dente, à porta da 1.ª Rep, no QG, esperava pela guia de marcha de regresso a Farim.
Nisto, vê um jeep estacionar com estardalhaço, pó no ar, dois tipos a saltarem, um alferes e um tenente com um saco de serapilheira na mão, escadas acima. Farda de terylene amarela, lenços no pescoço, “comandos” nos ombros, no jeep também.
Então estes é que são os “comandos”!
Minutos depois vê-os descer, sorridentes.
Eu sou do BCav 490, da CCav 489, apresenta-se. Uma informação. Comandos, que tropa é a vossa, que tipo de trabalho fazem?
O que quer saber, camarada? Pormenores? Quer mesmo saber? Quer subir?
E subiu, para o banco de trás, curvado para a frente, a ouvir as respostas. Golpes de mão, guia, turra de preferência, é só o que precisamos. Operações curtas, surpresa, bater e fugir, castigá-los nas costas, fazer a guerra deles, mas melhor que eles, claro. Regressar a Bissau, dormir, banho, um frango assado no Fonseca, uma gaja boa e um banho a seguir. Que a guerra tem que ser limpa, não é?
Quer concorrer? Convém que se decida depressa, ainda ontem morreu-nos um gajo, o curso começa para o mês que vem, temos 4 vagas para comandantes de grupo e ainda só temos 9 inscritos já aprovados.
Na formação vai sempre alguém abaixo, temos que ter mais pessoal no curso. Decida-se, tem as provas de selecção para fazer, físicas e psíquicas. Psíquicas é conversa com o psiquiatra do Hospital, blá-blá, claro.
Material sempre às costas, mil metros, 20 flexões de braços, 20 suspensões da barra, 100 metros velocidade, abdominais, cangurus, provas de tiro, tudo seguido sem intervalos, que mais pá, coisas assim, vamos a isso?
Vai pensar? Interessa-nos. Porquê? Porque pensa! Pensar é também uma forma de selecção, desde que não pense demais, claro. Encontramo-nos então amanhã em Brá, 9 horas é uma hora boa.

Flexões, abdominais, 100 metros em ziguezague, elevações na barra, 4 metros de corda a pulso, salto a pés juntos em altura e em comprimento, tiro instintivo contra latas e garrafas de cerveja, vazias é claro, está quase tudo, falta pouco.
Uns minutos para respirar, já só faltam os 1000 metros, mais um pequeno esforço, meu alferes, disse o Moita, o furriel instrutor.
Como contamos a distância? Fácil, o meu alferes corre, nós vamos atrás no jeep a dar-lhe gás, quando passar 1 quilómetro no conta-quilómetros, corta a meta. Menos de 4 minutos, ganha uma cerveja, menos de 3 minutos e meio uma grade, menos de 1 minuto a fábrica, que tal? Nos comandos é assim, o Moita e o Miranda, bem dispostos, à gargalhada.
Não, não me recordo, estou aqui desde a abertura do Centro de Instrução, nunca ninguém ganhou a grade, que me lembre, pois não ó Miranda?
Pois então preparem-se. A correr por ali fora, para os lados do aeroporto, a força do calor na estrada, botas a colarem-se ao alcatrão, 1, 2, 3 quilómetros, sabia lá!
Então quantos metros ainda faltam para o quilómetro? Quantos faltam não sei, o conta-quilómetros não funciona!
Sentado na berma da estrada, esforçava-se por manter os pulmões dentro da caixa. Ainda não foi desta vez que alguém conseguiu ganhar a grade.
De regresso a Brá, apresentado ao Major Correia Dinis2, respondeu a algumas perguntas e assinou os papéis que lhe puseram à frente dos olhos. Almoçou lá, passou o resto do dia com eles e à noite, largaram-no na Amura, mais morto que vivo.

Na outra manhã quando tomava o café na messe da Amura, o subalterno de dia da PM sentou-se na mesa dele.
Eh, pá, grande guerreiro, coisa e tal. O alferes já sabia, os tambores tinham sido mais rápidos que ele. Porquê os comandos, o PM curioso. Dentro de 3 ou 4 meses o 490 vem para Bissau, o Cavaleiro vai colocar o pessoal no ar condicionado, a aguardar, tranquilo, os meses que faltam. Porquê os comandos, pá?
Difícil explicar. Nem ele sabia bem porquê. Também não tinha muito tempo para conversas, o jipe para o aeroporto estava à espera.
Ao princípio da tarde estava em Cuntima.

Casa que servia de messe e de bar

Encontraram-se todos na pista e foram até ao bar, para a sombra, beber uma cerveja, gozar a calmaria do resto da tarde. Meia hora depois, talvez, uma explosão forte, para os lados da estrada para Jumbembem, interrompeu as conversas, parou tudo, ficou o silêncio.
Foi para os lados de Jumbembem, não foi?
Um macaco que pisou uma anti-pessoal, se calhar, diz o Didi.
Ou uma mina numa viatura, arrisca outro. É melhor alguém sair e ir ver o que se passou.
Lá estás tu, pá, para quê, a esta hora, não tarda é noite!

De Colina do Norte (Cuntima) a Farim com Jumbembem a meio do percurso

Uma coluna que vinha de Farim, uma mina numa Daimler3 ou numa Fox, aqui perto, na estrada de Jumbembem para aqui, perto da curva da morte, parece que há feridos, o capitão a correr para eles, aos berros, não sei se devemos ir ao encontro, ou se será melhor esperar por mais informações.
Depressa, uma coluna para lá, ao encontro deles, antes que seja noite, meu capitão, um logo.
Melhor esperar, arrancar já, porquê? Sabemos lá o que se está a passar, insiste outro.
É pá, não podemos ficar aqui a ver passar os comboios, o rebentamento foi aqui perto, temos que ir ver o que se passa, prestar auxílio.
Depois de alguma hesitação, o capitão decide-se, arranque com o seu pelotão.
Cuidado, tenha atenção, nada de loucuras por aí fora, sempre a abrir, ouviu?
Pique a estrada. Tome-me conta desta rapaziada, falta-lhes pouco tempo! Conte com uma emboscada no caminho, talvez até uma mina, está a ouvir?
Bem pensado, a mina na auto-metralhadora, a viatura destruída, a maralha embrulhada com os feridos à espera de socorros, estes a irem em socorro, de Cuntima no caso, outra mina à espera destes na picada e uma emboscada, é, se for assim é bem pensado.

Pessoal da CCav 489, apeado na tal curva da picada para Jumbembem

Cuidados redobrados, picadores à frente, todo o pessoal a pé, as viaturas cheias de sacos de areia só com os motoristas, demoraram quase duas horas a encontrarem a coluna. Lixados com tamanho atraso, receberam-nos como se estivessem a vê-los regressar da praia.
Até que enfim, porra! Se não fosse a malta de Jumbembem, os feridos já tinham morrido, que caraças!
Realmente, Jumbembem também estava próximo, mas compreende-se o desespero do comandante da coluna.
Esta estava em marcha para Cuntima, sem conhecimento do comandante da companhia e, veio-se a saber depois, escoltava um grupo de comandos4 chefiado pelo sargento Mário Dias que naquela noite iria executar um golpe de mão a um acampamento da guerrilha na área da companhia lá aquartelada.

O Tenente-Coronel Cavaleiro é que não tinha achado graça nenhuma, mandou um rádio ao capitão, a exigir explicações. A coluna ficara imobilizada, pedira apoio a Cuntima e Jumbembem, porque é que a sua companhia só chegou quase duas horas depois da ocorrência? Explique-se, estou no posto de rádio à espera da sua resposta.
Que fora só o tempo de preparar um pelotão, mais o tempo da deslocação, as precauções que exigira do comandante do pelotão, até nem fora demasiado.
Com o copo a deitar por fora há muito, o Comandante do Batalhão deve ter dito borda fora com o tipo, é agora que o vou mandar pregar para outra freguesia.
Foi o que fez, um auto de averiguações, corpo de delito a seguir, uns dias de prisão. Que tomasse a Dornier para o QG, que este, certamente, lhe arranjaria um destino mais conveniente.
O capitão, desesperado, bem se defendeu por escrito, meteu como testemunha o alferes que foi socorrer a coluna, mas de nada valeu a solidariedade deste.
A demora podia ter sido menor, se pusesse as viaturas a esgalhar. No caso, não deu por qualquer perda de tempo, não se puseram a jogar as cartas, tinham percorrido a estrada com cuidado, mas nada de excessivo.

Na noite da mina, depois do jantar, a saída de mais um alferes foi assunto de conversa. Com uma garrafa de uísque em cima da mesa, cada um falou, do mais novo ao mais antigo. Esta companhia anda com galo até com os alferes, mas anda mesmo! Um ferido com mina, outro evacuado por doença grave, agora este gajo que chegou há meia dúzia de meses está de saída para os comandos!
Desaprovo totalmente, protesto contra esse pessoal! Vi-os no Como, uns tipos horríveis, sem maneiras de lidar com as pessoas, quanto mais com a população! Só querem saber da guerra, como dar tiro no coitado do negrão, mais nada! Vou-me retirar, chau, o Didi.
Até ao nosso regresso a Bissau, despediram-se oficialmente, digamos assim.
O Tenente-Coronel Cavaleiro não gostava, nem dos atrasos dos outros nem dos dele. Na primeira oportunidade, mandou preparar uma coluna e pôs-se à frente, rumo a Cuntima.
Mal viu o alferes por perto chamou-o. O alferes está cá há quanto tempo, pouco, não é? Não teve ainda tempo de reparar que não tinha um comandante, mas apenas um capitão? E assinou por baixo?

Passou uns dias à espera que o Coronel desse o ok à sua saída, o que aconteceu logo após a chegada do novo Comandante da CCav 489, um capitão miliciano, pele muito branca, suor a escorrer cara abaixo. 

Apresentação da CCav 489 ao novo Comandante

No dia seguinte foi a apresentação à companhia que, para o efeito, formou na picada que atravessava a povoação e, dois dias depois, o novo capitão quis tomar contacto com a mata aproveitando a saída de um pelotão em Cuntima num patrulhamento até às inevitáveis Faquinas.

A corta mato, rumo a Faquina Fula e Faquina Mandinga

Foi a primeira saída do capitão e a última do alferes na companhia que, dois dias depois arrancava para Bissau para frequentar o curso de Comandos.
____________

Notas:
1 - Árvore de grande porte
2 - Comandante do Centro de Instrução de Comandos em Brá, Guiné.
3 - A auto-metralhadora Daimler equipava os pelotões de reconhecimento e frequentemente abriam as colunas. Foram fabricadas no Reino Unido durante a segunda guerra mundial e, tal como as auto-metralhadoras Fox, estavam frequentemente inoperacionais devido a problemas mecânicos. A guarnição era composta por dois homens e estava armada com uma metralhadora ligeira.
4 - Grupo de Comandos “Camaleões”

************

Dornier ferido


Campo de aviação de Cuntima. O Do 27 aterrara há pouco mais de meia hora numa nuvem de pó. Negros e brancos, soldados, cabos, furriéis e alferes, num grande alvoroço à volta da avioneta, apalpam-lhe as asas, festas na fuselagem, um tira fotos a um grupo e o homem do bar, o ‘Fininho’ a passar para as mãos do piloto uma cerveja gelada.
Saco do correio, grades de cerveja, caixa de uísque, medicamentos, o que trazia a Dornier, tudo cá para fora.

Minutos depois, abraços e mais abraços, pista desimpedida, motor a trabalhar, portas fechadas. A Dornier a dar a volta devagar para o topo do campo, a roncar com mais força, na cabeça do alferes a imagem, não sabe a que propósito lhe apareceu, do touro a raspar as patas, para os forcados.
De repente aí vai o aviãosinho, a tremer todo, aos saltinhos, a ganhar velocidade, gás no máximo, campo de futebol fora, manobra apertada a evitar as balizas e as árvores.

Adeus Cuntima, até um dia, se calhar

Não ouvira a salva de palmas mas vira da janela, não foi golo mas quase. E, pronto, adeus Cuntima, levo-te no coração, até um dia, quem sabe?

Acabados de pousar em Farim, a mesma cerimónia mas com militares mais graduados. Um alvoroço na pista, o Tenente-Cor. Cavaleiro, o Major Paixão Ribeiro, 2.º comandante, e o estado-maior do Batalhão, a trocarem impressões sobre a guerra em Canjambari5.
Então o alferes já vai para Bissau? Safa-se de boa, a boca do Tenente-Coronel, enquanto falava sobre as contínuas flagelações a que as NT continuavam a sofrer em Canjambari.
A guerrilha, nem à lei da bala, se conformava com a perda daquele santuário.

As NT imobilizadas por emboscada entre Jumbembem e Canjambari. 
Com a devida vénia ao pessoal do BCav 490.

No caminho para o interior do Oio, uma autêntica auto-estrada, para todo o tipo de reabastecimentos da guerrilha. Canjambari Morocunda, um quilómetro ou nem isso para o interior e Canjambari porto, junto ao rio.
As NT foram muito bem até Canjambari Morocunda, para entrarem em Canjambari porto foi o caraças. Levantam a cabeça para lá, lá vem prémio de morteiro. Às 6 da matina, nem precisam de corneteiro, duas morteiradas em cima para lhes abrirem os olhos, ponham-se a pé, tugas preguiçosos. E no final do dia não se esquecem, também mandam tocar a recolher com mais umas morteiradas.
Isto nunca mais chega ao fim. A comissão, que é que havia de ser? Oio, K3, Como, o Como, pá, e agora o Cavaleiro com esta merda de Canjambari, a cinco meses do fim?
Em finais de Março, quando progredíamos para Canjambari, o capitão de uma das Companhias, pela rádio, disse ao Cavaleiro que não conseguia passar a ponte. Não é que no dia logo a seguir pela manhã, o comandante se apresentou em Jumbembem, integrado no Pelotão de auto-metralhadoras do Corte-Real, virou-se para o capitão, vamos ver a ponte.
Claro, na picada de Jumbembem para Canjambari, quando chegaram à ponte, aí vai aço, morteirada para cima da maralha. O pessoal todo deitado, fogachal danado, o capitão agachado também e o Coronel de pé, encostado ao tronco de uma árvore. Capitão, vê de onde vem o fogo dos tipos aí deitado? Estou a falar consigo, ponha-se a pé, está a falar com o seu comandante! Dezanove meses de comissão! Tás a ver, pá, o Mealha todo suado de suor e cerveja.

O avião estava com a carga no limite, o capelão, com um saco de pão fresco em cima das pernas, sentara-se à frente, ao lado do piloto. Atrás, encostado à janela, um cabo enfermeiro segurava um frasco de vidro com um líquido a escorrer às gotas para o braço de um guineense, com uma perna toda entrapada. Do outro lado, o alferes proveniente de Cuntima, com o saco do correio na mão.
Tudo ok, o piloto, tenente Lemos de auscultadores. Que no trajecto para Bissau faria um desvio para a área de Canjambari, a pedido do Coronel Cavaleiro, largar os dois sacos às nossas tropas e que, quando baixasse o polegar, e repetira, só quando voltasse o polegar para baixo, deveriam lançá-los pelas janelas.

Descolagem de Farim

Dornier no ar, fumos aqui e ali a subir das matas, charcos de água a espelharem. O ferido, medo estampado nos olhos muito abertos, a farda nova ainda, verde azeitona, seria do PAIGC? O cabo maqueiro, a fazer ginástica com o frasco e com a cabeça a dizer que sim.
O capelão à frente, suor a escorrer, cara muito branca, mãos amarradas ao saco com o pão quente. Sol ainda alto, o piloto a falar com a base, olho num lado e noutro.

Rio Canjambari

Estavam na zona, em cima de Canjambari, iriam baixar. A planar, quase parado, como um milhafre, a descer lentamente, os olhos deles arregalados para a mata.
Onde é que está a nossa malta? Mais uma volta. Estão ali, debaixo daquela árvore, não? O tenente Lemos não estava certo.
Desceram mais, até alguns metros acima das copas das árvores, são eles, não são? Os outros não responderam, não paravam de olhar. São eles ou não?
Vou dar mais uma volta, força, abrir janelas, mãos nos sacos, como se já não se sentisse uma corrente de ar danada lá dentro. Nova passagem, agora é mesmo, olhem para a minha mão, atenção, polegar para baixo, agora, sacos fora já, o piloto.
O alferes num segundo viu a árvore, viu-os lá em baixo a correr, àquela altura as fardas deles pareceram-lhe iguais à do ferido que ia com eles. Quando o piloto levantou o polegar, hesitou, ficou com o saco do correio na mão.

Mesmo mais tarde, tentando rever a sucessão dos acontecimentos, não era capaz de dizer o que sentiu primeiro. Pareceu-lhe tudo ao mesmo tempo, uma rajada longa, gritos dentro da avioneta, um ciclone lá dentro, um barulho como uma câmara de ar imensa a esvaziar-se, a Dornier a balançar para cima e para baixo, para a esquerda, para a direita.
No voo para Bissau, o guerrilheiro ferido gritou o tempo todo, atingido na mesma perna, mais um tiro, soube-se dias depois, o Dornier dançou sempre, a turbulência aumentou e um cheiro a cocó borrou-os a todos.
Na pista, finalmente, deitado de costas, o alferes viu os buracos das balas que entraram pela barriga da Dornier. Dos de saída não tinha tirado os olhos, a viagem toda.
E reparou também numa grande roda escura nas calças de um dos felizes companheiros e viagem.
____________

Nota:

5 - A ocupação de Canjambari, operação "Ebro" foi iniciada em 22 de Março de 1965.
“Os relatórios referem terem sido feitas várias acções no itinerário Jumbembem-Canjambari e na própria região de Canjambari. Apesar de levantadas numerosas abatizes, o referido itinerário ainda se encontra com algumas árvores de pequeno porte nas imediações da bolanha que dá acesso ao pontão danificado sobre o rio Tufili (dados obtidos através do reconhecimento aéreo de 17Mar65). Parece, este pontão, de fácil transposição desde que se utilizem pranchas adequadas.
Dos contactos com o IN a reacção deste tem-se limitado a flagelações de longe, não sendo de desprezar a possibilidade de o mesmo dispor, na região, de forças importantes e, eventualmente, colocar minas nos itinerários de acesso.
O objectivo das NT é proceder à ocupação permanente de Canjambari. Elaborado o plano para a acção, foram constituídas as forças executantes, comandadas pelo próprio Cmdt do BCav 490, Ten. Cor. Cavaleiro. Às 03H00 de 22Mar65 iniciou-se o movimento, a partir de Farim. Atingido Jumbembem às 04H20, a força executante prosseguiu, rumo a Canjambari.
À passagem por Sare Tenen, um GrComb da CCav 488 apeou-se, emboscando-se de seguida junto ao caminho que cruza o itinerário. A partir daqui a equipa de sapadores encarregada da detecção de minas passou a picar a estrada nos locais mais suspeitos. Apesar das precauções, às 06H15 e a cerca de 9 kms de Jumbembem, a GMC da frente da coluna calcou um engenho explosivo, ficando a parte posterior da viatura enfiada na cratera aberta pelo engenho. Os dois homens que nela se deslocavam foram projectados, não tendo sofrido ferimentos de maior.
Passados cerca de 500 metros encontrou-se a 1.ª de uma série de cerca de 30 abatizes, algumas de grande porte, que se espalhavam numa extensão de quase 4 kms, até 1km e meio de Canjambari Morocunda, que só foi atingida já passava das 12H00. O esgotante trabalho de levantamento de abatizes durou cerca de 5 horas e meia, sob constantes flagelações do IN, que utilizou metralhadoras pesadas e morteiros. As medidas de segurança adoptadas, apesar da extensão da coluna de 30 viaturas pesadas, revelaram-se eficazes, porquanto o IN nunca conseguiu aproximar-se de modo a causar baixas às NT”. (…). Ultrapassada a zona das abatizes, a coluna prosseguiu deixando um GrCombate emboscado a dois quilómetros do cruzamento de Canjambari Morocunda. Atingiu-se a povoação de Canjambari, com o IN a assinalar a entrada das NT com tiros à distância, disparados da margem sul do rio Canjambari. Tabanca revistada, os indícios apontavam para uma retirada apressada. As casas comerciais deixaram indícios de movimento recente, praticamente até momentos antes da entrada das NT. Pelas 15H00, a coluna regressou ao cruzamento de Canjambari Morocunda. Deu-se então início aos trabalhos de instalação e organização do terreno em volta do edifício do Posto de Socorros aí existente.
Informações posteriores revelaram que o IN tivera conhecimento antecipado da acção e que tivera mesmo tempo para receber reforços de Morés e de Mansodé, que se mantiveram na zona dois dias à espera das NT, regressando mais tarde às suas bases, por coincidência no mesmo dia do início da operação das NT.”

(Continua)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 30 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14817: Guiné, Ir e Voltar (Virgínio Briote, ex-Alf Mil Comando) (IIb Parte) Em Cuntima, na fronteira Norte com o Senegal (2)