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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8901: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (29): O sold cond auto Dias ou Manuel Alberto Dias dos Santos, da CCAÇ 3549 (Fajonquito, 1972/74) (Cherno Baldé / José Cortes)

1. Comentário de Cherno Baldé [, foto à esquerda, com os seus quatros filhos,] ao poste P8863

Boa tarde Luís,

Como já tive oportunidade de dizer, gostaria de estar online em permanência para comunicar e acompanhar a vida do Blogue mas, infelizmente,  ainda não é possível pelo que lamento o facto de ter que responder sempre com alguns dias de atraso.

Claro que quero ter notícias dos meus amigos portugueses que passaram por Fajonquito entre 1970/74. A CCAÇ 3549 se destaca em especial por ter sido das últimas e das quais nos lembramos melhor.


Não creio que o soldado condutor Dias esteja [já]  entre nós por se tratar de uma pessoa que tinha um perfil psicológico muito agitado, temperamental. Não obstante, sei que muitos dos seus colegas ainda estão vivos e têm-se reunido com alguma regularidade. Antes, o José Cortes dava notícias sobre os encontros.

Assusta-me um pouco a ideia de um possível reencontro com os meus velhos amigos de infância, preferia guardá-los, na minha memória, com a imagem de há 40 anos atrás, razão por que não estou muito entusiasmado. Quando vejo as imagens dos vossos encontros, custa-me muito acreditar que são as mesmas pessoas que conheci nos anos 60/70. Da mesma forma que fiquei dececionado quando voltei da URSS em 1990 e encontrei o meu pai, outrora forte e imponente, agora vergado sob o peso da idade e da miséria humana.  

Como já tinha deixado transparecer, eu não estou à procura de ninguém em especial. Nós vivemos no mesmo planeta terra, mas temos realidades históricas e contextos sociais diferentes. Não quero expor ninguém a situações que não sejam da sua própria vontade, e salvo algumas exceções, não me parece que haja muito entusiasmo da parte dos ex-soldados metropolitanos em revisitar o seu passado da Guiné e doutras partes. Pode ser uma percepção errada da minha parte e, se for, peço desculpas.

A minha viagem para a ex-URSS aconteceu em agosto de 1985 e o regresso à Guiné em setembro de 1990.

Um grande abraço para ti,  extensivo à familia  (a Alice, ao João e à Joana) e a todos que te são queridos.

Os meus votos de boa saúde e muita coragem a todos os nossos coeditores.

Do teu amigo e irmão,

2. Comentário de L.G. [, foto  à direita, CCAÇ 12, Finete, 1969, acompanhado do José Carlos Suleimane Baldé e do Umaru Baldé, do 4º Gr Comb]: 

Tinha perguntado, no mesmo poste,  o seguinte:


Cherno Baldé: (...) Andamos à procura do Dias... Será que queres ter noticias dele ?... Outra coisa: quando partiste para a Moldávia ? Finais de 1985, princípios de 1986 ?... Regressaste, de Kiev, em 1989, é isso ?... Um abraço fraterno. Prometo visitar-te quando aí for... Luís


PS - A família, a saúde, o emprego ? Como vão as coisas por aí ?


3. Resposta do nosso camarada José Cortes  (ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884, Fajonquito, 1972/74), ao um pedido meu de notícias sobre o Sold Conduto Auto Dias:

De: José Cortes [ cortjose@gmail.com]
Data: 12 de Outubro de 2011 21:26
Assunto: Soldado Condutor Dias


Caro Luís Graça, é verdade tenho andado um pouco afastado das lides da Tabanca, já me encontro reformado desde Abril e estou ainda a ajustar o meu novo estilo de vida, com tempo para tudo e sem tempo para nada, se é que me entendes.

Pois o Cherno Baldé pergunta pelo Soldado condutor Manuel Alberto Dias dos Santos, que era conhecido só por Dias, e que na verdade como ele diz era um pouco rude na maneira de falar, mas correto na maneira de agir.

O companheiro Dias, infelizmente, já faleceu,  salvo erro em  2005. Foi funcionário do Boavista, e vivia naquela zona da Boavista,  na cidade do Porto.

Nós também não o voltámos a ver porque ele não comparecia aos nossos convívios. Fizemos um,  onde o Capitão São Pedro quis prestar homenagem a todos os que já tinham falecido, e convidou as viúvas dos camaradas já desaparecidos, e foi quando soubemos da sua morte, através da viúva do soldado Dias, que esteve presente nesse convívio assim como quase todas.

Ainda hoje há viúvas dos camaradas que iam aos nossos encontros,  fazem questão de estar presentes, mesmo já não tendo os maridos, porque era aquilo que eles gostavam e elas
continuam a estar presentes e a responder pelos maridos à chamada.

Quero ainda dizer que mantenho contacto com a Filomena, que andou à procura do Furriel Andrade, trocamos emails, e falamos no Facebook, ela trabalha numa ONG (Organização não Governamental), em Bissau, que protege as mulheres que trabalham na agricultura, enquanto os homens passam o dia debaixo do mangueiro à sombra.

Bem fico por aqui, um abraço, a toda a Tabanca.

José Cortes

[ Título / revisão / fixação de texto, em conformidade com o NAO - Novo Acordo Ortográfico]
____________

Nota do editor:

domingo, 28 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7355: In Memoriam (63): Partiu para a sua última morada o Aníbal Manuel de Oliveira Farraia (ex-Fur Mil Trms CCAÇ 3549) (José Cortes)


1. O nosso Camarada José Cortes, ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884, Fajonquito, 1972/74, em 28 de Novembro de 2101, a seguinte mensagem:

Companheiros:
Hoje foi um dia triste. Acompanhei um companheiro à sua última morada.
Neste triste cortejo fui acompanhado pelos camaradas, São Pedro, Eduardo Deus, Daniel Cunha, Alfredo Oliveira (Elsa), Teixeira, Machado, Magalhães, Celestino, Andrade, Barbosa, Lavoura e Mandinga. Que não quiseram deixar de estar presentes.
Foram os que consegui contactar, de certeza que se mais soubessem mais compareciam para se despedirem do Farraia (Aníbal Manuel de Oliveira Farraia), que foi Furriel de Transmissões da CCAÇ 3549.
A família dos “DEIXÓS POISAR”, ficou muito mais pobre sem a alegria que o Farraia punha sempre nos nossos encontros. O Eduardo Deus já não tem quem toque viola para ele cantar o fado. Vão fazer falta as graçolas que o Farraia dizia e que nos deixavam todos alegres.

Já partiu para a sua última morada.
Paz à sua Alma, e que descanse em PAZ.
Obrigado amigo pela alegria com que viveste a tua vida.

José Cortes
Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884
__________
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:

26 de Novembro de 2010 >
Guiné 63/74 - P7339: In Memoriam (62): Por quem os sinos dobram hoje, 40 anos depois: Fernando Soares, Joaquim de Araújo Cunha, Manuel da Silva Monteiro, P. Almeida, Rufino Correia de Oliveira e Seco Camará, os bravos do Xime, mortos na Ponta do Inglês (Op Abencerragem Candente) (Luís Graça)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6146: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (13): Fajonquito, o blogue, o meu silêncio... e as fotos do José Cortes

1. Mensagem, de 10 do corrente, enviada pelo Cherno Baldé (*), formado em gestão, quadro superior da administração pública da República da Guiné-Bissau, membro da nossa Tabanca Grande, que nos tem honrado com textos de grande pertinência e qualidade:

 Assunto: Fajonquito III (**)

Caro amigo Luis Graça,

Antes de mais quero pedir desculpas por ter desaparecido durante os últimos meses. Na verdade, depois da minha última carta respondendo algumas perguntas colocadas por si, pareceu-me ter criado algum mal estar no meio da malta, o que estava longe das minhas intenções. E também não recebi a reacção habitual e esperada da sua parte que sempre conseguiu fazer a melhor interpretação das minhas narrativas. Tendo em conta as varias reacções suscitadas, tenho, naturalmente, muita coisa a dizer, mas como tenho pouco tempo disponivel no meio do trabalho, prefiro deixar para mais tarde as possiveis réplicas.

O nosso amigo José [Cortes]  demorou a reagir mas gostei das imagens da nossa Fajonquito (**). É mais que óbvio que conheci e convivi com ele no quartel e ainda mais sendo responsável do parque automóvel, a minha zona predilecta de actuação. O José, certamente, se lembrara do Sérgio,  o responsavel pelo abastecimento do combustível, de resto, como ele diz, faziam parte da mesma companhia, para além dos meus controversos patrões, o Dias e o Magalhães, também me lembro do Mandinga. Gente porreira.

Nas imagens creio ter reconhecido a menina Cesina, filha da Cristina, actualmente a viver nos EUA. O Aladje é meu primo e actualmente trabalha na Embaixada de Angola em Bissau.

Abraços do menino Chico,

Cherno AB.

2. Comentário de L.G.:

Caríssimo Cherno, irmãozinho de Fajionquito:

Que sejas bem aparecido! A tua última mensagem era de 31 de Julho de 2009, e termianava assim:

"O balanco é mais negativo ou mais positivo? O PAIGC devia e podia fazer melhor?... Sem dúvida que sim. E os portugueses dentro de tudo isso?... A história se encarregará de responder, um dia. Eu não quero incriminar ninguém mas darei o meu testemunho, sem partidos. As palmas que ja bati no passado para os soldados portugueses nas suas paradas de ronco e para o PAIGC durante os seus infindáveis discursos e meetings já chegam, agora quero pensar com a minha cabeçaa. Tenho mais ou menos 50 anos e nessa idade devo ter medo de quem?...

"Juntamente envio mais uma parte das minhas habituais crénicas. Um forte abraço deste irmãozinho de Fajonquito" (...)

E a última crónica era sobre "ambientes e ambiguidades", que eu decidi desdobrar em quatro partes, autónomas, publicadas sucessivamente em 5, 8 , 10 e 12 de Agosto de 2009, respectivamente. O facto de não ter feito nenhum comentário final não quer dizer absolutamente nada... Aliás, o editor não deve fazerm por sistema, comentários aos textos que são publicados. Essa tarefa compete aos nossos leitores. Acontece, pro outro lado, que em Agosto todo o mundo está de férias. Eu, que sou professor, já estava de férias, nessa altura,  e portanto com menos disponibilidade, de tempo, para editar o blogue... Infelizmente, tu interpretaste isso como um sinal de menos apreço da minha parte... Nada disso, meu irmãozinho. E também não é verdade que os nossos camaradas que te leram, não gostaram dos teus últimos escritos... Revê, por favor, os comentários aos teus últimos postes.

Vamos a números: por exemplo, tiveste cinco comentários ao poste P4816, de 12 de Agosto e num deles, o do Hélder Sousa, podes ler o seguinte:

"Ah, ganda Chico! Chega a ser comovente ler-te e ficar a saber como nos viam e entendiam.

"Será que éramos mesmo assim? Pois também acredito que sim, mas acho que algumas dessas características se perderam ou perderam algum fulgor.

"Mas, olha, não foi só na tua e 'nossa Guiné' que os incompetentes, pelo menos para as funções desejadas, tomaram conta dos destinos. Por cá também aconteceu disso, razão fundamental para que as pessoas se afastassem progressivamente das obrigações que têm de vigiar os governantes eleitos e trabalhar empenhadamente para o desenvolvimento da sociedade. No fundo, voltarem a ser aquilo que os caracterizava, como tu tão bem relatas.

"No entanto fico feliz por ti, pelo teu povo, por nós, pela tua persistência em te empenhares na 'luta pela afirmação do homem africano, do terceiro mundo, de um mundo mais justo, de progresso, paz e fraternidade', que voltaste 'alegremente aos estudos' e que ainda estás 'na esperança de ver se aparece a luz ao fundo do túnel'.

"Continua, dá-nos esse belo exemplo de que é assim que se pode avançar, que não se pode desistir, não se pode perder a confiança num futuro melhor. E continua a brindar-nos com as tuas memórias.

"Sobre o 'cansaço'. há um poema, salvo erro de Berthold Brecht, que começa assim: 'Ouvimos dizer que estás cansado...0, conheces? é bom para 'recarregar baterias', como por exemplo também uma canção de Paul Simon & Art Garfunkel intitulada, 'The Boxer'. De vez em quando devemos ir aos 'clássicos'. Um abraço. Hélder S."


Chico, isto é uma grande homenagem à tua estatura moral e intelectual.  És um grande ser humano, um patriota guinense e um amigo verdadeiro de Portugal e dos portugueses. Por outro lado, podes estar ciente de que já tens, no nosso blogue, uma lista grande, não só de amigos como de admiradores.


Respeito, naturalmente, o(s) teu(s) silêncio(s). Mas a verdade é que estávamos com saudades tuas. Aparece sempre que puderes e quiseres. Um grande AB, Alfa Bravo (abraço, em linguagem de caserna).

__________________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 12 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4816: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (12): E se o Algássimo tivesse razão ?


(...) Na sua opinião, a Guiné-Bissau tinha poucas probabilidades de sucesso porque em vez do bom pastor o gado tinha sido entreque aos lobos, vestidos com pele de ovelhas. Em vez de pessoas instruídas e com experiência na administração do Estado eram pessoas iletradas, quase analfabetas, que dirigiam e controlavam a vida económica e política do pais.
- Assim não vamos a sítio nenhum - arrematava.

Verdade ou mentira a opinião é dele e no que me concerne, sem capacidade de visionar o futuro, e tendo acreditado e abraçado firmemente a visão e os ideais de Amilcar Cabral sobre a necessidade da luta pela afirmação do homem africano, do terceiro mundo, de um mundo mais justo, de progresso, paz e fraternidade, voltei alegremente dos estudos e estou ainda aqui na esperança de ver se aparece a luz ao fundo do túnel.

Mas a questão é, de algum tempo para cá, recorrente e.... inevitável:
- E se o Algássimo tinha razão?... (...)


 Vd. postes anteriores:


10 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4806: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (11): Filho da p... de barrote queimado...... Ou as sobras do rancho

8 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4802: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (10): Futebol: ser do Benfica ou do Sporting, eis a questão

5 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4782: Memórias do Chico,menino e moço (Cherno Baldé) (9): Futebol, rivalidades, bajudas... e nacionalismos(s)

 27 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4746: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (8): Misérias e grandezas de Fajonquito, 1970/75

21 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4714: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (7): As profecias do velho Marabu de Sumbundo

13 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4679: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (6): Uma gesta familiar, de Canhámina a Sinchã Samagaia, aliás, Luanda

6 de Julho de 2009 >Guiné 63/74 - P4646: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (5): A família extensa, reunida em Fajonquito, em 1968

30 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4611: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (4): O ataque dos meus primos a Cambajú e o meu pai que foi um herói

25 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4580: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (3): A chegada dos primeiros homens brancos a Cambajú em 1965: terror e fascínio

24 de Junho de 2009 > Guine 63/74 - P4567: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (2): Cambajú, uma janela para o mundo

19 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4553: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (1): A primeira visão, aterradora, de um helicanhã

Vd. também:

18 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4550: Tabanca Grande (153): Cherno Baldé (n. 1960), rafeiro de Fajonquito, hoje engenheiro em Bissau...

7 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4650: (Ex)citações (32): A Tabanca Grande ou... Global: de Contuboel, Fajonquito e Bissau com amizade (Cherno Baldé)

20 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4710: Blogoterapia (119): As Fantas, as Marias, as Natachas, ou o amor em tempo de guerra e de diáspora (Cherno Baldé)


2 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4767: Blogoterapia (118): Os Fulas, o PAIGC e... os tugas (Cherno Baldé / Luís Graça)

domingo, 28 de março de 2010

Guiné 63/74 - P6061: Fajonquito do meu tempo (José Cortes, CCAÇ 3549, 1972/74) (5): A mina A/P que estropiou o Vasconcelos na estrada para Cambajú

1. Mais um texto, singelo mas comovente,  do José Cortes, que vive em Coimbra (*):


Data: 7 de Março de 2010

Assunto: Narrativas de Fajonquito

Como prometi na minha entrada para a tertúlia, aqui vai a narrativa de um acontecimento, durante a comissão na Guiné.

A mina que estropiou o Vasconcelos.

Estamos em Outubro de 1972, mais ou menos 6 meses de comissão, dia 12 ou 13.

Ao fim da tarde daquele dia, três viaturas civis estão estacionadas na parada do aquartelamento, junto ao parque auto, a carregar pessoal. Como sabes,  a lotação das viaturas era mais que lotada.

Partiram logo de seguida com destino ao Senegal,  via nosso destacamento de Cambajú, que ficava junto á fronteira.

Passado pouco tempo de terem partido, talvez uma hora, ouvimos rebentamentos. Contactados os destacamentos, Cambajú dizia que era na estrada de acesso ao destacamento, mas que não havia NT no local.

Informamos que iam a caminho três viaturas civis com destino ao Senegal.

Saiu o grupo do furriel Deus, e ao chegar à picada,  o que demorou algum tempo pois tiveram que cumprir as normas de segurança entre as quais picar a estrada, depararam com as três viaturas incendiadas dentro do mato e com os civis alguns mortos e outros feridos,  principalmente queimados. Foram atacados a roquetada.

Foram levados para o destacamento e foi pedida a evacuação dos feridos.

A evacuação só podia ser feita no dia seguinte pois entretanto escureceu e os helis não voavam de noite.

No dia seguinte logo cedo é formada uma coluna de apoio ao destacamento, tanto para reabastecimento como para ajudar a cuidar dos feridos civis.

A coluna partiu, e a partir da Bolanha de Nhacra, começa-se a pôr em prática os processos de segurança entre os quais a picagem da estrada. A velocidade da coluna é reduzida e avançamos a passo de caracol, como era necessário.

Eu seguia na Mercedes,  uma viatura pesada de carga,  que transportava colchões para os civis que não precisavam de evacuação mas ficavam no destacamento para serem tratados. E outros artigos de reabastecimento. A meu lado seguia o condutor,  salvo erro era o Celestino, apoiado no guarda lamas e em cima do pára-choques ia o Vasconcelos,  soldado mecânico,  que era a primeira vez que saía do aquartelamento.

Como a velocidade das viaturas era reduzida devido à picagem, e a segurança até ao local do acidente no sentido Cambajú - Fajonquito estava feita pelo pessoal do destacamento, quando nos aproximamos do local onde as viaturas tinham sido atacadas, a coluna parou, para que a segurança que estava na estrada seguisse nas viaturas para o destacamento e deixávmos os nossos na estrada.

O Vasconcelos,  pela sua inexperiência, mal viu as viaturas queimadas,  saltou do pára choques da Mercedes, para ir ver as viaturas que estavam dentro da mata aí uns 20-30 metros. Ao dar os primeiros passos,.  ouviu-se um rebentamento... Tudo no chão... Quando o pó começou a assentar,  os gritos do Vasconcelos quebram o silêncio que entretanto se estabeleceu pelo susto. O Vasconcelos tinha pisado uma mina A/P que estava colocada no trilho de acesso às viaturas civis.

A experiência do comandante do pelotão de milícia de Cambajú,  e talvez não só, não se safou de ser apontado como sabedor da localização das minas, tal foi a rapidez com que detectou a segunda mina e procedeu ao seu levantamento.

Depois de levantada a mina,  fomos buscar o Vasconcelos que não parava de gritar. A sua perna direita tinha desaparecido até á coxa, o fémur estava sem carne até ao joelho e a sua perna esquerda tinha fractura exposta do perónio e no joelho.

Colocado o Vasconcelos num colchão dos que vinham na viatura, a mesma partiu em direcção ao destacamento, onde tinha acabado de chegar heli que ia fazer a evacuação dos civis feridos no ataque do dia anterior.

No destacamento foi outra guerra,  porque os civis não queriam deixar que o nosso homem fosse evacuado e eles não. Os ferido mais graves acompanharam o Vasconcelos e os mais ligeiros ficaram, mas foi preciso o furriel Deus impor a sua autoridade de arma em punho.

Isto passou-se salvo erro (pelo dia) no dia 14 de  Outubro de 1972. Nunca mais soubemos nada do Vasconcelos.

Em Novembro de 1998, 26 anos depois, ouvi na Rádio Renascença uma mensagem onde só apanhei a palavra Deixóspoisar, liguei para a RR onde me foi dado o contacto de quem tinha deixado a mensagem. Quando liguei e do outro lado me responderam que quem falava era o Vasconcelos,  as lágrimas caíram pela cara abaixo,  a minha mulher de volta de mim a perguntar o que era, eu sem poder falar, tal era a emoção de estar a falar com a pessoa que eu nunca mais pensava encontrar. No fim de semana seguinte o Vasconcelos almoçou em minha casa comigo,  começamos a trocar alguns contactos que tínhamos e a partir daí os encontros da companhia fizeram-se anualmente, coisa que nunca tinha acontecido nos 27 anos antes.

Pronto,  esta foi uma das ocorrências em que estive envolvido, depois hão-de seguir outras.

Um abraço, José Cortes

2. No mesmo dia o José mandou a seguinte mensagem do seu camarada José Bebiano, com conhecimento ao nosso blogue:



Caro amigo José Bebiano: Espero não te maçar com os meus emails,  nem sei se queres recordar os tempos da Guiné.

 Queria-te perguntar se te lembras de um furriel da companhia 2742, que era de Coimbra.  Só o conheco lá e mesmo assim falámos pucas vezes, porque eu andava a ser enganado pelo sargento que a companhia tinha,.  do material de guerra. Entregou-me listas com armas que já não existiam e depois vi-me enrascado para me safar no fim da comissão. Valeu-me um sargento ajudante do Batalhão do Serviço de Material, que era pai do nosso alferes Filipe.

 Caso te lembres do nome do Furriel, que salvo erro se chamava Borges mas não tenho a certeza, agradecia pode ser que o encontre por cá. 

Já agora ainda não te disse mas eu sou de Coimbra,  nascido e criado. Sou funcionáriodo SUCH (Serviço de Utilização Comum dos Hospitais), faço serviço já vinte e seis anos, como técnico de manutenção nos Hospitais da Universidade de Coimbra, ainda estou no activo pelo menos mais dois anos não quero ir já para casa. Tenho dois filhos, uma com 34 anos e um com 32 anos e um neto de cada um, que são a alegria dos avós. 

sexta-feira, 19 de março de 2010

Guiné 63/74 - P6022: Fajonquito do meu tempo (José Cortes, CCAÇ 3549, 1972/74) (4): Ainda o caso do Cap Patrício que foi, por castigo, para a CCAÇ 15, Mansoa, e do comandante do Esq Rec Fox de Bafatá que invadiu o Senegal com as chaimites

1. Pergunta o José Bebiano, em 6 docorrente, ao José Cortes:


Responde-me lá. Quem é o furriel que está ao meu lado? (*)

Não sabia que o meu substituto tinha falecido. Recordei-me que era de Fátima, mas o nome nem pó?! Morreu de paludismo? Enquanto por lá estive não tive conhecimento  de qualquer morte desse tipo. Grande azar.

O Capitão José Eduardo [Patrício]  faleceu em 2008! Morreu novo. Por que foi transferido para Mansoa? Castigo? Dava-me muito bem com ele. Não tinha nada a haver com o falecido cmdt da CART 2742,  Carlos Borges de Figueiredo (**).

Estou com o meu neto mais novo ao colo, Iánis, não me deixa escrever.

Vou procurar mais alguma foto que te diga algo. Depois logo envio. Cumprimentos. E o FCPorto com o empate de hoje já foi... e o meu Belenenses tb.

Cumprimentos. José Bebiano.

2. Resposta do José Cortes [ foto acima, em Fajonquito], na volta do correio:

Assunto: Mais recordações de Fajonquito

 Caro amigo:

O furriel que está ao teu lado, chama-se Tendeiro, ele saíu da companhia para outra zona que não me lembro qual. Nunca mais o vimos, mas na pesquisa que fizemos para encontrar camaradas, quando começamos a organizar o nosso encontro anual, soubemos que mora na Reboleira Sul - Amadora e que trabalha na companhia de seguros AXA.

Com respeito ao Cap Patrocínio, foi para Mansoa por castigo. Certa noite saíu do aquartelamento com 10 militares e o grupo do Mamadú Senegal Baldé, que era o Comandante do Pelotão de Milicia, sem passar cavaco a ninguém,  como era habitual,   e entrou pelo Senegal, matando dois guerrilheiros, e exibindo depois em Bafatá o espólio que trouxe da emboscada, duas Kalas, duas bicicletas e livros.

Isto para o comandante de batalhão era manga de ronco, ele gramava o Patrocínio à brava e depois causou inveja nos outro oficiais.

O comandante do Esquadão de Cavalaria de Bafatá (***), depois disso, e num almoço em Pirada, concerteza com a cabeça quente, arrancou com as Chaimites Senegal dentro. Na primeira aldeia que encontrou estava estacionado um grupo de militares Senegaleses e ele toca a disparar, matou uma série de gente e aquilo deu buraco em Bissau e não só.

Isto, salvo erro,  foi em Janeiro de 1973, altura em que mataram o Amílcar Cabral. No inquérito que foi levantado ao Capitão de  de Cavalaria, foi referido o acto do Patrocínio e o castigo foi este ir para Mansoa, para a CCAÇ 15, companhia de africanos,  onde só os graduado é que eram brancos.

Ainda o vi uma vez na 5ª Rep. Já separado da mulher, pois ele tinha-a levado para Mansoa, mas ela só lá esteve 15 dias com o filho,  aquilo era embrulhar todos os dias e ela foi-se embora.

Quando ele saíu da companhia mandaram um Capitão velho que só lá esteve dois dias.

Depois o Spínola foi lá graduar o alferes São Pedro.  Depois falo-te sobre isso.

Um Abraço.

José Cortes
______________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 11 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5972: Fajonquito do meu tempo (José Cortes, CCAÇ 3549, 1972/74) (3): O Cap Patrício, a CCAÇ 15, dois casos de insubordinação e ainda o Cherno Baldé

(**) 7 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5946: Fajonquito do meu tempo (José Cortes, CCAÇ 3549, 1972/74) (2): Evocando o Sold Almeida e o Fur Alcino, da CART 2742, que morreram, mais o Cap Figueiredo e o Alf Félix, na tragédia do domingo de Páscoa de 1972

(***) Não temos elementos para identificar este Esq Rec Fox, estacionado em Bafatá no início de 1973. Pode ser o Esq Rec Fox 8840 (Bafatá, 1973/74), ou até o anterior (1971/73), que de momento não sei qual é... Há dois camaradas que, embora ainda não sendo membros da nossa Tabanca Grande, têm histórias para contar e vontade de o fazer...


(...) Sou ex-militar do Esquadrão de Reconhecimento Fox 8840. Estive lá no início de 1973 até perto do fim do ano de 1974.

Tenho histórias a contar como vocês contam as vossas. Tivemos lá dos maiores atentados registados até essa data. Lamento principalmente o meu ex-capitão e comandante Carvalhais do Esquadrão de Cavalaria 8840 (hoje coronel) nada registar na Internet.

Não vos conheço mas gostaria de ter contacto convosco para vocês conhecerem o meu Esquadrão e recordarmos por onde e como passamos. (...)

(...) Carmindo Pereira Bento
Restaurante Ângulo-Real
2425-022 Monte-Real- Leiria. (...)

Vd. também poste de 19 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5843: O Nosso Livro de Visitas (83): António Carlos Ferreira, ex-Fur Mil Mortágua, Esq Rec Fox 8840 (Bafatá, 1973/74)

(...) António Carlos Ferreira (ex-furriel Mortágua)
Proprietário da Adega Típica 
A Pharmácia,
Rua Brasil 81/85
Coimbra
E-mail:
adegapharmacia@gmail.com
telm: 917213076 / telef  239 404 609 (...)

Do período de 1969/71, temos o nosso camarada António da Costa Maria, que esteve em no Esq Rec Fox entre Nov 1969 e Out 1971... Receberam Chaimites  no final de 1970 ou princípios de 1971





quinta-feira, 11 de março de 2010

Guiné 63/74 - P5972: Fajonquito do meu tempo (José Cortes, CCAÇ 3549, 1972/74) (3): O Cap Patrocínio, a CCAÇ 15, dois casos de insubordinação e ainda o Cherno Baldé


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Fajonquito [, mapa de Colina do Norte]> CCAÇ 3549 (192/74) >  Casa Gouveia (onde trabalhava o pai do Cherno Baldé), com a casa dos oficiais de que ele  fala na sua narrativa.



Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Fajonquito > CCAÇ 3549 (192/74) > Povoação de Fajonquito.



Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Fajonquito > CCAÇ 3549 (192/74) > Rua principal de Fajonquito.




Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Fajonquito >  CCAÇ 3549 (192/74) > Eu com o filho mais novo da Cristina, lavadeira, a mais popular dentro do aquartelamento.


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Fajonquito > CCAÇ 3549 (192/74) > Eu e o Alaje, espero que o Cherno  Baldé consiga dizer do paradeiro dele.




Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Fajonquito > CCAÇ 3549 (192/74) > Bajuda junto ao depósito de géneros do aquartelamento.

Foto: © José Cortes (2010). Direitos reservados



1. Mensagem de José Cortes, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 3549, Fajonquito, 1972/74 (*):

(i) Vou tentar responder ao companheiro Mexia Alves (**), sobre o Cap José Eduardo Marques Patrocínio.

O companheiro deve estar confundido com o ano em que foi para Mansoa, não deve ter sido em 1972 mas sim em 1973. Os meses de Julho e Agosto devem estar certos.

Porque os Cap São Pedro foram graduados pelo General Spínola mais ou menos em Maio de 1973, e o Cap Patrocínio já não se encontrava na companhia pelo menos há dois meses.

Portanto o Cap Patrocínio devia ter estado em Mansoa mais ou menos  5 ou 6 meses.

Segundo o que diz o coronel Vargas Cardoso, que era o 2º Comandante do Batalhão, o Cap Patrocínio foi para a CCAÇ 15,  [composta por ] tropas africanas.

O Cap Patrocínio tinha a formação de comandos, com uma comissão em Moçambique, como alferes,  onde foi ferido em combate.

Formou a nossa companhia em Chaves no BC 10 de 22 de Dezembro de 1971 a 25 de Março de 1972, dia em que saímos de Chaves para a Guiné. Ele era do Quadro Especial de Oficiais (QEO).

(ii) Agora gostava de fazer um pequeno comentário as Amêndoas Vermelhas de Fajonquito (**).

O que aconteceu naquele dia, não foi concerteza caso isolado durante 13 anos de guerra.

Temos que ver que grande parte dos soldados das NT tinham pouca formação escolar, eu na minha companhia,  e já foi em 1972, tinha muitos soldados que não sabiam ler nem escrever.

Portanto,  qualquer situação menos vulgar que acontecesse, o respeito pelos superiores desvanecia-se e a disciplina era esquecida . Eu próprio passei por uma situação, em que esteve envolvido o soldado Silva, do primeiro pelotão da minha companhia.

Certo fim da tarde,  já noite,  envolveu-se numa discussão com um camarada, e agarra na G3 e toca a descarregar o carregador no tecto da caserna onde dormiam.

Quando o abordei para saber o que se passava, quando cheguei junto dele ainda se encontrava com a arma na mão, virou-me a arma e disse:
- Ó furriel,  não me diga nada porque a seguir vai para si.

Tive que participar ao comandante de companhia, Cap Patrocínio, que lhe deu 10 dias de prisão, que passou em Bafatá.

Quando os camaradas o visitaram na prisão,  dizia-lhes que eu não chegava ao fim da comissão.

No fim dos dez dias, eu é que o fui buscar, e perguntei-lhe se era verdade o que os camaradas tinham dito, e ele disse para esquecer porque foram dez dias que passou sem fazer nada e comia e bebia.

Passados vinte e tal anos,  apareceu num dos nossos convívios e  voltámos a falar no assunto. E ainda nos rimos da situação. Mas podia ter acontecido uma tragédia se por acaso na altura eu tivesse respondido à agressão verbal dele.

Outra situação foi passada com o companheiro furriel Campos, e um soldado também do 1º pelotão, no destacamento de Sare-Uale.

Durante um jogo de futebol,  disputado ao fim de tarde no destacamento,  numa disputa de bola mais acesa entre o furriel e o soldado Maleiro, o soldado amuou e ficou zangado com o Campos, ao ponto de se recusar a cumprir o serviço de sentinela para que estava escalado naquela noite.

Quando foi abordado pelo furriel, para cumprir com a sua obrigação,  respondeu-lhe que não fazia o serviço e que saísse da sua frente se não queria levar um tiro, com a arma em riste apontada ao furriel.

É claro que o furriel só tinha que comunicar ao Comandante de companhia o que se passava, pois para sua segurança e dos outros soldados ele não queria mais aquele elemento consigo.

O Maleiro foi mandado embora para outra unidade, não ouvimos falar mais dele, na Guiné. Sei que está bem porque é daqui da zona de Coimbra.

Isto são dois casos, que não tiveram consequências mais graves, mas concerteza que aconteceram mais naquela guerra, com desfechos bem mais complicados, como o de Fajonquito no dia 2 de Abril de 1972, Domingo de Páscoa.

Temos que andar para trás nos anos, e ver que éramos uns puto de vinte e poucos anos, a quem foram dadas responsabilidades muito importantes, como a vida de ser humanos.

Não foi o meu caso pois tive sempre em sede de companhia, mas camaradas meus,  furriéis,  a quem foi dado o comando dos grupos de combate, por falta de oficiais, ou por outras razões, que agora não interessa falar .Com responsabilidade além do comando do grupo, tinham as populações dos destacamento que dependiam da tropa para quase tudo. Tiveram que ser enfermeiros sem conhecimento da especialidade, tiveram que administrar a alimentação sem serem vagomestres, e outras situações, sem preparação, só foram preparados para defender as populações da guerra, e nos destacamentos tinham que fazer de tudo.

O Cap São Pedro foi graduado salvo erro com vinte e seis anos de idade, era um puto, foi-lhe entregue uma companhia com 160 homens mais ou menos da mesma idade, a população de Fajonquito, Canhámina, Cambajú, Sare Uale, Sare Jambarã e outras que existiam no nosso sector. Teve que assumir uma postura com certa autoridade, que o próprio posto hierárquico lhe exigia.

Ainda hoje,  passados 36 anos,  há companheiros que lhe guardam ressentimentos daquele tempo. (...)

3.  Mensagem de 6 do corrente:

Caro Luis Graça.


Ao ler as narrativas do Cherno Baldé [, foto à direita, quando estudante universitário em Kiev, na Ucrânia, nos finais de 1980], dei com um comentário do companheiro José Bebiano, do qual me lembro bem pois era o Furriel de Operações e Imformãções da companhia e, como era de rendição indivudual, só esteve connosco meia dúzia de meses, mas lembrava-me bem dele. Já comuniquei com ele como te dei conhecimento., fiquei muito contente com a resposta dele.

Com respeito ao Cherno, como é natural não tenho ideia dele naquela altura, embora a cara dele não esteja apagada da minha memória.

Como ele conta o convívio com os militares,  era capaz de ser assim, sei que alguns se excediam no tratamento com os miúdos. Ele fala em dois condutores, o Dias e o Magalhães, na verdade tivemos dois condutores com esse nome, mas não tivemos nenhum alferes chamado Maia, por isso não sei se ele se refere à minha companhia. (***)

Vou enviar algumas fotos, espero que as faças chegar ao Cherno para que ele as identifique;

1 - Eu com a filha mais nova da Cristina, lavadeira,  a mais popular dentro do aquartelamento.

2ª - Eu e o Alaje, espero que ele consiga dizer do paradeiro dele.

3ª - Povoação de Fajonquito.

4ª - Casa Gouveia, com a casa dos oficiais que ele fala na sua narrativa.

5ª - Rua principal de Fajonquto.

6ª - Bajuda junto ao depósito de géneros do aquartelamento.

Um Abraço

José Cortes
________________

Notas de L.G.:

(*) Vd.poste de 7 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5946: Fajonquito do meu tempo (José Cortes, CCAÇ 3549, 1972/74) (2): Evocando o Sold Almeida e o Fur Alcino, da CART 2742, que morreram, mais o Cap Figueiredo e o Alf Félix, na tragédia do domingo de Páscoa de 1972

(**) Vd. poste de 6 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5938: A tragédia de Fajonquito ou as amêndoas, vermelhas de sangue, do domingo de Páscoa de 2 de Abril de 1972 (José Cortes / Luís Graça)

Comentário de Joaquim Mexia Alves:

(...) Não tendo a ver directamente com esta tragédia gostava de perguntar o seguinte:


- Quando é que o Cap Patrocínio saiu da Companhia? O Cap Patrocínio não tinha especialidade de Comando?


Pergunto isto porque a minha memória por vezes me atraiçoa, (não só a mim,  com certeza), e eu tenho quase a certeza de que fui "substituir" o Cap Patrocínio na CCaç 15, (porque quando cheguei à 15 não havia Capitão e eu era o Alferes mais antigo).


Tenho a ideia que quando fiz a viagem do Xime para Bissau, para depois ir para Mansoa, o Cap Patrocínio, apenas por coincidência, ir nessa viagem e termos conversado, pelo que soube desde logo que ele já não era comandante da 15 e eu teria de o ser até à chegada de um novo Capitão.


Mas o tempo é "curto", pois eu julgo que cheguei à CCaç 15 lá para Julho ou Agosto de 72, o que faria com que a passagem do Cap Patrocínio por Fajonquito e pela 15 fosse muito rápida.


Alguém me pode relembrar para eu poder organizar a minha memória?


Abraço camarigo para todos (...).

(***)  Dados sobre as companhias de Fajonquito,  aqui citadas e que são do tempo do Cherno Baldé, "menino e moço":

CCAÇ 3549:

Mobilizada pelo  BCaç 10. Partida para a Guiné em  26/3/1972; regresso em 29/6/1974. Esteve em Fajonquito. Comandantes: Cap QEO José Eduardo Marques Patrocínio; Cap Mil Grad Inf Manuel Mendes São Pedro. Pertencia ao BCAÇ 3884 (Bafatá), que teve 6 (seis!)  comandantes, 4 tenentes coronéis e 2 majortes, o último dos quais o supracitado  Maj Inf Mário José Vargas Cardoso. A este batalhão pertenciam a inda a CCAÇ  3547 (Contuboel), comandada pelo Cap Mil Inf  Carlos Rabaçal Martins; e  a CCAÇ 3548 (Geba) (teve três comandantes, todos eles capitães milicianos de infantaria).

CART 2742:

Mobilizada pelo RAL 5. Partida para a Guiné: 18/7/1970; regresso: 21/9/1972. Esteve sempre em Fajonquito.  Comandantes:  Cap Art  Carlos Borges de Figueiredo (confirma-se que não era miliciano, mas sim do quadro) e  Alf Mil  Art  Baltasar Gomes da Silva (que o substitutui o capitão, por morte deste, em 2/4/1972). Esta unidade pertencia ao BART 2910 (Bafatá), comandado pelo Ten Cor  Art  Fernando de melo  Macedo Cabral. A este batalhão pertencia ainda CART 2741 (Contuboel;  Cap Art  João Maria Clímaco  de Sousa Brito) e CART 2743 (Geba;  Cap Mil Art Iídio do Rosário dos Santos Moreira).

domingo, 7 de março de 2010

Guiné 63/74 - P5946: Fajonquito do meu tempo (José Cortes, CCAÇ 3549, 1972/74) (2): Evocando o Sold Almeida e o Fur Alcino, da CART 2742, que morreram, mais o Cap Figueiredo e o Alf Félix, na tragédia do domingo de Páscoa de 1972


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Fajonquito [, mapa de Colina do Norte] > Dois furriéis, o Alcino (da CART 2742, morto em 2/4/1972) e o Bebiano, de Informações & Operações, que esteve com o José Cortes ainda uns meses em Fajonquito. A CART 2742 pertencia ao BART 2920 (Bafatá, 1970/72).

Foto: © José Bebiano (2010). Direitos reservados

1. Mensagem, com data de hoje,  do José Cortes, ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884, Fajonquito, 1972/74:

 Luís,  esta foi a resposta do José Bebiano (*). Na foto que ele me envia,  o camarada de bigode  era o furriel Alcino que morreu na tragédia (**).

2. Texto do José Bebiano, com data de 5 do corrente

 Assunto: Fajonquito

Boa noite.

José Cortes: O tempo passa e a tua imagem passou? Pouco tempo estive convosco [ CCAÇ 3549]. Lembro-me bem do Cap Patrocínio.

A história do soldado Almeida, ex-comando,  e que com uma granada na mão matou-se e matou 1 cap + 1 alferes + 1 furriel... Eu, na altura do acidente estava em Lisboa.

Qual a razão para tal atitude? Pelo que me disseram, queria permanecer na Guiné e com uma granada na mão foi pedir para que não o enviassem para a Metrópole (?!)... Passou-se completamente.
Vou enviar uma foto com o falecido Alcino e com o Bebiano. A foto foi tirada em 26 Out 1971. Ainda por lá fiquei mais um  ano.

Cumprimentos
P.S. - Estou reformado/aposentado desde 30 de Novembro. Ex-professor de Educação  Física em Moura.

José Bebiano
3. Comentário de L.G.:
Aproveito o ensejo para agradecer a colaboração do José Bebiano e convidá-lo a integrar a nossa Tabanca Grande. Já agora, gostava de saber se ele vive em Mourta, onde trabalhou como professor. No dia 10 de Abril de 2010, vai realizar-se em Moura uma pequena homenagem aos camaradas do concelho que morreram, no total de 29, durante a guerra colonial.

____________

Notas de L.G.:

(...) Mortos, em 2/4/1972, [da CART 2742, Fajonquito, 1970/72], por acidente (sic), constam os seguintes nomes, na lista dos Mortos do Ultramar da Liga dos Combatentes:

- Alcino Franco Jorge da Silva, Fur


- Carlos Borges de Figueiredo, Cap


- José Fernando Rodrigues Félix, Alf


- Pedro José Aleixo de Almeida, Sold (...)

Guiné 63/74 - P5942: Fajonquito do meu tempo (José Cortes, CCAÇ 3549, 1972/74) (1): Ao José Bebiano, ex-Fur Mil Pel Rec Inf

Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Fajonquito > CCAÇ 3549 (1972/74) > O Fur Mil José Cortes no bar...


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Fajonquito > CCAÇ 3549 (1972/74) >  Furriéis milicianos confraternizando no bar...

Fotos: © José Cortes (2010). Direitos reservados



1. Mensagem do nosso camarada José Cortes [, foto actual, à esquerda,] ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884, Fajonquito, 1972/74 (*), com data de ontem, enviado ao seu camarada José Bebiano, com conhecimento ao editor do blogue, Luís Graça


Caro José Bebiano: Fico muito contente por responderes ao meu mail.

É natural que não te lembres de mim, pois os anos já são muitos que nos separam desse tempo, eu não me esqueci, até porque o camarada que te rendeu, o Reis, quando viemos embora no fim da comissão, em 15 de Junho de 1974, ele ainda ficou com a companhia que nos rendeu. Viemos a saber depois que morreu lá com o paludismo, soubemos através da familia dele. Ele era de Fátima (até o tratávamos por Fatinha) e na busca de camaradas para organizarmos o encontro da companhia em 1999, soubemos que ele tinh falecido lá.

O cap Patrocínio,[comandante da nossa CCÇ 3549,] faleceu em Dezembro de 2008, em Mafra de onde era natural.

Saíu da companhia,  salvo erro no início de 1973, foi transferido para Mansoa, para a C CAÇ 15, juntamente com o primreiro sargento Canavarro, que ainda é vivo, vive em Chaves.


O vague-mestre da companhia é vereador da Câmara de Campomaior, Georgino Pina.

Se estiveres interessado,  contar-te-ei mais coisa sobre o que se passou depois.

Envio-te duas fotos daquele tempo. São as duas do nosso bar: a primeira sou eu bem mais magro;  a segunda é a malta que deixaste num daqueles momentos de copos, em primeiro plano está o falecido Reis (Fatinha)

Um abraço.

_____________

Nota de L.G.:

(*) Vd.poste de 6 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5938: A tragédia de Fajonquito ou as amêndoas, vermelhas de sangue, do domingo de Páscoa de 2 de Abril de 1972 (José Cortes / Luís Graça)

sábado, 6 de março de 2010

Guiné 63/74 - P5938: A tragédia de Fajonquito ou as amêndoas, vermelhas de sangue, do domingo de Páscoa de 2 de Abril de 1972 (José Cortes / Luís Graça)


1. Mensagem do nosso camarada José Cortes [, foto actual, à esquerda,] ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884, Fajonquito, 1972/74 (*), com data de ontem, enviado ao seu camarada José Bebiano (**), com conhecimento ao editor do blogue, Luís Graça

Caro amigo

Ao ler, na Tabanca Grande, o teu comentário à história do Cherno Baldé, tive a alegria de ver o teu nome no fim do mesmo.

Pois por teres um nome um pouco fora do vulgar, é mais dificil de esquecer, mas a tua fisionomia de careca, ou com pouco cabelo, nunca mais esqueci.

Bem, eu sou José Cortes, ex-Furriel da CCAÇ 3549, e tinha na companhia a função de sargento de material.. Estava no gabinete junto com o Furriel Vague Mestre Pina e o Furriel de Transmissões Farraia.

Ainda hoje falei com o Luis Graça sobre o que aconteceu ao Cap Carlos Figueiredo da companhia de Artilharia que nós fomos render, mas como é obvio não sei as razões que levaram o soldado a fazer o que fez. Talvez hoje consigas tu contar o que se passou.

Não sei se te lembras de mim. Mas, caso estejas interessado, gostaria de te contar o que foi a vida da Companhia depois de saires e de te dizer o que aconteceu ao teu substituto.

Para já fico por aqui, conto mais tarde podermos falar sobre tudo.

Um abraço, Jose Cortes.

2. Comentário de L.G.:

Foi-me contada ontem, de viva voz, ao telefone, uma das versões sobre a tragédia de Fajonquito. Liguei ao José Cortes, que vive em Coimbra, e falámos durante mais de meia hora. O pretexto foi o convívio do pessoal da sua companhia, a realizar no próximo dia 27. Mas também Fajonquito e a história do Cherno Baldé.

O José Cortes falou-me com emoção desses tempos. Ele próprio tem um filho que foi pára-quedista e esteve em missões de paz (por ex.,Timor, Bósnia). Mas, como muitos outros camaradas, queixa-se de que nem sempre a família tem pachorra para ouvir as suas recordações da Guiné. Uma das que está bem presente na sua memória é a da morte do capitão e mais três ou quatro militares da companhia (a CCAÇ 2742, Fajonquito, 1970/72) que eles  foram render. Ele tinha prometido contar essa história mas ainda não o fez porque acha que tem fraco talento para a escrita. Eis, pois, a sua versão oral:

(i) Havia um, soldado da CART 2742 que, uma vez terminada a comissão, queria ficar na Guiné como civil;

(ii) Ao que parece o Cap Mil Art Carlos Borges Figueiredo manifestou, desde logo, a sua oposição à ideia, c contrária a todo o bom senso e sobretudo ao RDM;

(iii) Ter-se-á aberto um contencioso entre o soldado e o seu comandante, e envolvendo também o primeiro sargento;

(iv) A mulher do capitão havia  mandado, da Metrópole, "dez quilos de amêndoas" para distribuir pelo pessoal da companhia; a distribuição foi feita pelo próprio comandante, no refeitório, no domingo de Páscoa, 2 de Abril de 1972;

(v) Quando chegou a vez do soldado em questão, o capitão terá passado à frente, num acto que aquele interpretou como de intolerável discriminação;

(vi) O soldado levantou-se, sem pedir a licença a ninguém, e saiu do refeitório. Foi ao abrigo (ou à sua caserna) e veio para a parada com "duas granadas já descavilhadas", em cada mão. Dirigiu-se à secretaria. O primeiro sargento ter-se-á apercebido, a tempo, das intenções do soldado, e não se aproximou da secretaria (ou fugiu, não sei);

(vii) Dentro da secretaria, estava o Capitão, um alferes e um furriel. Ninguém sabe o que se passou lá dentro. O soldado deixou cair as duas granadas. O tecto da secretaria foi pelos ares. Lá dentro ficaram 4 cadáveres

Mortos, em 2/4/1972, todos do Exército, por acidente (sic), constam os seguintes nomes, na lista dos Mortos do Ultramar da Liga dos Combatentes:

- Alcino Franco Jorge da Silva, Fur
- Carlos Borges de Figueiredo, Cap
- José Fernando Rodrigues Félix, Alf
- Pedro José Aleixo de Almeida, Sold

Sabemos que o Sold Básico Pedro José Aleixo de Almeida era natural de Portel, em cujo cemitério local repousam os seus restos mortais. Presumimos que se trate do protagonista desta trágica história.  O Alf Mil Art Op Esp José Fernando Rodrigues Félix era de Moimenta da Beira.  O Cap Mil Art Carlos Borges de Figueiredo era natural de Vila Pouca de Aguiar. A sua última morada é Meadela, Viana do Castelo, possivelmente a terra da sua esposa. Por sua vez, o Fur Mil Alcino Franco Jorge da Silva também era de Op Esp, mas desconhecemos a terra da sua naturalidade. Não sabemos o que faziam os dois rangers na secretaria, possivelmente terão vindo em auxílio do capitão com a intenção de desarmar o militar que trazia as duas granadas descavilhadas. O José Cortes fala em cinco mortos, mas tudo indica que sejam apenas os quatro que constam da lista da Liga dos Combatentes. 

Julgo que o caso foi também utilizado pelo serviço de propaganda do PAIGC (nomeadamente a Rádio Libertação) para desmoralizar as tropas portuguesas: Há um documento do PAIGC, no Arquivo Amílcar Cabral, na Fundação Mário Soares (FMS), que faz referência ao sucedido; de momento, não consigo ter acesso a ele, uma vez que a página da FMS foi reestruturada.  

O facto de o insólito caso ter ocorrido em Fajonquito, na fronteira com o Senegal, significa que foi de imediato conhecido da população local, das autoridades do Senegal e do PAIGC. O nosso Cherno Baldé, na altura com  12 ou 13 anos,  faz referência, num dos seus postes a este trágico "acidente", que ocorreu a 100 metros, quando ele estava a brincar com outros putos na parada  (***). 

Gostaríamos de ter outras versões deste acontecimento. Espero que o José Bebiano  aceite o repto do José Cortes. Infelizmente não temos ninguém, na nossa Tabanca Grande, da CART 2742. Temos apenas duas referências a esta subunidade do BART 2920.  Julgo que seja difícil, ainda hoje, aos camaradas da CART 2742 abordar esta história, tão trágica quanto absurda...  Infelizmente, este caso não foi único no TO da Guiné. O acesso fácil a armas de guerra e a usura física e mental da guerra ajudam também a explicar estes surtos de violência patológica que, de tempos a tempos, ocorriam nas nossas fileiras. Quantos suicídios terão havido ? Quantos homícídios terão ocorrido, dentro das NT ? Na lógica da hierarquia militar, eram tratados como "acidentes".... E assim ficarão - como acidentes, inexplicáveis - para a história, se não houver parte dos contemporâneas e das testemunhas presenciais destes casos a vontade de contribuir, com depoimentos em primeira mão, para o seu esclarecimento...

Intrigam-nos casos como este. O que podia levar um militar português a querer ficar na Guiné, na vida civil ? Podia não ter ninguém à sua espera, na sua terra, não ter família, não ter amigos... Podia, por qualquer razão, querer esquecer a sua origem ou condição. Podia estar perdido de amores por alguma bajuda... Podia estar pura e simplesmente deprimido... Um indivíduo deprimido pode facilmente perder a noção do perigo, ficar indiferente a uma situação de perigo imediato e iminente,  e até desejar a sua própria morte. Não nos parece ter sido uma acção premeditada, pensada e amadurecida a frio... Em princípio, foi uma acção precipitada, irreflectida, impulsiva. O tal "acto de loucura" da "vox populi"... A ser verdade que o capitão deliberadamente ou não discriminou o soldado, aquando da distribuição das amêndoas, isso poderá ser sido "a gota de água" que transformou um conflito disciplinar num massacre... No final da comissão de uma companhia, na festa do e,m que se celebravo o dever cumprido, no domingo de Páscoa de 2 de Abril de 1972...

______________

(..) Desembarcámos no aeroporto de Bissalanca no dia 26 de Março de 1972, fomos fazer o IAO, ao Cumeré, de onde seguimos em LDG, para o Xime e daí em viaturas cívis e militares, para Fajonquito.

Rendemos a CART 2742, que no dia de Páscoa desse ano, 2 de Abril de 1972, perdeu o Capitão Borges Figueiredo, e mais quatro militares (...) (**)

Foi uma comissão que correu com alguns sobressaltos, desde termos 3 Comandantes de Companhia, 3 Primeiros Sargentos, 2 camaradas mortos e dois feridos graves. (...)

(...) Na Guiné não exerci a minha especialidade (, Atirador de Infantaria, ] por contingência de serviço da Companhia, que não tinha Sargento que fosse reponsável, pelo Material de Guerra. Eu, como Furriel Atirador com melhor nota, fiquei responsável pelo mesmo.

Mesmo assim não deixei de estar ligado a dois acontecimentos graves da Companhia, um acidente com um lança-granadas de 6,5 no qual perdeu a vida o nosso soldado António Manuel, mais 4 soldados da Milícia, numa acção de Reordenamento no Sumbundo. Outro, uma mina que provocou a morte do soldado José Jubilado dos Santos. Estas histórias são para contar mais tarde.

(...) Sou José Augusto Cortes, ex-Furriel Miliciano da Companhia de Caçadores 3549, cumpri missão em Fajonquito, Leste da Guiné e pertencemos ao BCAÇ 3884, sediado em Bafatá. Sou nascido e criado em Coimbra, onde resido na Freguesia de Santa Clara, lugar de Bordalo. Ainda trabalho, sou funcionário do SUCH (Serviço de Utilização Comum dos HospitaIs), faço serviço no Hospital da Universidade de Coimbra como Técnico de Manutenção. (...)


 (...) Estive presente como Furriel Rec Info (Rendição Individual), entre Nov/70 a Out/72. Conheci bem de perto os 2 Capitães (Borges Figueiredo e J. Eduardo Patrocínio). (***)

Guardo bem presente o tempo que por lá passei. Hoje, professor de Educação Física, em Moura, estou à espera da aposentação, e por acaso passei por este blog. Bom trabalho para vós. Vou procurar fotos e depois de digitalizadas, vou inseri-las. Contar-vos-ei a história da morte trágica do Cap Figueiredo e 1 Alf, 1 Fur e do Soldado que fez deflagrar a granada. José Bebiano - email:  jbebiano@gmail.com  


(...) Conheci muita tropa que passou por Fajonquito entre 1968/74, em especial das companhias 3549 e 4514/72.  O rebentamento da(s) granada(s) que vitimara o saudoso Cap Figueiredo e seus companheiros de armas [da CART 2742] (*), apanhou-me a menos de 100 metros do local, quando estávamos a brincar perto da casa dos oficiais. (...) 

(...) Companhia de Artilharia n.º 2742, comandada pelo Capitão de Artilharia Carlos Borges de Figueiredo e, posteriormente, pelo Alferes Miliciano de Artilharia Baltazar Gomes da Silva, unidade orgânica do Batalhão de Artilharia n.º 2920, mobilizada em Penafiel no Regimento de Artilharia Ligeira n.º 5, assumiu a responsabilidade do subsector, rendendo a CCaç 2436, em 13 de Agosto de 1970, vindo a ser substituída pela CCaç 3549 em 21 de Maio de 1972.

Companhia de Caçadores n.º 3549, comandada pelo Capitão Quadro especial de Oficiais José Eduardo Marques Patrocínio e, posteriormente, pelo Capitão Miliciano Graduado de Infantaria Manuel Mendes São Pedro, unidade orgânica do Batalhão de Caçadores n.º 3884, mobilizada em Chaves no Batalhão de Caçadores n.º 10, assumiu a responsabilidade do subsector, rendendo a CArt 2742, em 27 de Maio de 1972, vindo a ser substituída pela 2.ª Companhia do BCaç 4514/72 em 15 de Junho de 1974. (...)

Guiné 63/74 - P5937: Convívios (198): Convívio Anual da CCAÇ 3549 “DEIXÓS POISAR”, no próximo dia 27 de Março de 2010 em VISEU (José Cortes)




1. O nosso Camarada José Cortes (ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884), Fajonquito - 1972/74 -, enviou-nos uma mensagem com um pedido de publicação do programa da próxima festa da sua unidade:


CCAÇ 3549 “DEIXÓS POISAR” - 1972/74
FAJONQUITO - CAMBAJÚ - SARE-UALE

Camaradas,

O João Vasconcelos, vai organizar no próximo dia 27 de Março de 2010, o nosso Convívio Anual, com o seguinte programa:

Concentração:
10h00 - Na Avenida Europa, enfrente ao Tribunal,
11h30 - Missa.
13h00 - Almoço no Restaurante Sol da Muna, na Estrada Nacional 2, Muna em Lordosa - VISEU.

O Vasconcelos agradece que façam a vossa inscrição o mais depressa possível.

Contactos:

Vasconcelos - Telef. 232 459 656
Telem.966 261 000
E-mail. deixospoisar3549@gmail.com

José Cortes - Telef. 239442204
Telem. 914516384
E-mal. cortjose@gmail.com

Não se esqueçam que o Vasconcelos espera por nós na sua terra.

Um grande abraço,
José Cortes
Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884
____________
Nota de M.R.:

Há pelo menos 3 referências (marcadores) em relação a esta companhia, a CCAÇ 3549, um deles é:

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/CCAÇ%203549

Vd. último poste da série em:

4 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5934: Convívios (110): Pessoal do BCAÇ 2885, dia 6 de Março na Batalha (César Dias)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4145: Tabanca Grande (131): José Cortes, ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884, Fajonquito (1972/74)

1. No dia 2 de Abril de 2009, recebemos do nosso camarada Afonso Sousa esta mensagem:

Caro Carlos Vinhal

Tu como actual comandante da Tabanca Grande, na ausência temporária do Luis Graça, dá o devido encaminhamento a mais este tertuliano que localizei em Coimbra, no seguimento das pistas para encontrar o furriel Andrade.

2. Mensagem de José Cortes, com a mesma data, anexada à do Afonso:

Caro amigo Afonso Sousa

Recebi hoje o seu mail, que desde já agradeço, ontem mesmo entrei no site do companheiro Luis Graça, o qual achei espetacular, e para o qual vou começar a enviar também algumas histórias da minha comissão.

Eu fui Furriel Miliciano, Atirador de Infantaria, arma da qual me orgulho de ter pertencido.

Na Guiné não exerci a minha especialidade por contingência de serviço da Companhia, que não tinha Sargento que fosse reponsavél, pelo Material de Guerra, eu como Furriel Atirador com melhor nota, fiquei responsável pelo mesmo.

Mesmo assim não deixei de estar ligado a dois acontecimentos graves da Companhia, um acidente com um lança granadas de 6,5 no qual perdeu a vida o nosso soldado António Manuel, mais 4 soldados da Milícia, numa acção de Reordenamento no Sumbundo.

Outro, uma mina que provocou a morte do soldado José Jubilado dos Santos.

Estas histórias são para contar mais tarde.

Agora vou-me apresentar:

Sou José Augusto Cortes, ex-Furriel Miliciano da Companhia de Caçadores 3549, cumpri missão em Fajonquito, Leste da Guiné e pertencemos ao BCAÇ 3884, sediado em Bafatá.

Sou nascido e criado em Coimbra, onde resido na Freguesia de Santa Clara, lugar de Bordalo.

Ainda trabalho, sou funcionário do SUCH,(Serviço de Utilização Comum dos HospitaIs), faço serviço no Hospital da Universidade de Coimbra como Técnico de Manutenção.

Por isso se for preciso alguma coisa aqui de Coimbra estou as ordens.

Sem mais um abraço.
Cortes

José Cortes, ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884, Fajonquito, 1972/74

3. Há poucas horas de hoje, 5 de Abril de 2009, chegou esta mensagem do nosso novo camarada José Cortes:

Caros companheiros:

No seguimento das conversas com o companheiro Alfredo Sousa, venho candidatar-me à entrada na tertulia Tabanca Grande.

Não tenho grandes dotes de escritor, mas vou fazer os possiveis para agradar.

Sou José Augusto Cortes, tenho 58 anos, sou funcuinário do SUCH, (Serviço de Utilização Comum dos Hospitais), e trabalho no Hospital da Universidade de Coimbra, cidade de onde sou natural e resido.

Fui Furriel Miliciano na Guiné,zona leste em Fajonquito, na CCAÇ 3549, que pertencia ao Batalhão 3884, sediado em Bafatá.

Desembarcámos no aeroporto de Bissalanca no dia 26MAR72, fomos fazer o IAO, ao Cumeré, de onde seguimos em LDG, para o Xime e daí em viaturas cívis e militares, para Fajonquito.

Rendemos a CART 2742, que no dia de Páscoa desse ano 02ABR72, perdeu o Capitão Borges Figueiredo,e mais quatro militares, já connosco na Guiné no Cumeré.

Foi uma comissão que correu com alguns sobressaltos, desde termos 3 Comandantes de Companhia, 3 Primeiros Sargentos, 2 camaradas mortos e dois feridos graves.

São histórias para contar mais tarde.

Em anexo vão duas fotos para pagar a entrada.

Um Abraço
José Cortes
Ex-Fur Mil
NM 10977771
José Cortes em Fajonquito
José Cortes na actualidade

4. Comentário de CV:

Caro José Cortes, ainda bem que resolveste aderir à nossa Tertúlia, onde és bem-vindo.

Podes começar a escrever quando quiseres e não te preocupes por não teres grandes dotes de escritor. Eu também não tenho e até cheguei a editor deste Blogue. Costuma-se dizer: Quem não tem cão, caça com gato. Fora de brincadeira, não te preocupes que a gente sempre dá um jeito aos textos.

Queria pedir-te o favor de sempre que envies fotografias, as faças acompanhar sempre com legendas para todos ficarmos a saber a que se referem, tanto a local, como a acontecimento.

Dizes que fazes manutenção nos Hospitais de Coimbra. Eu tenho um amigo/camarada da Guiné chamado José Lourenço, que também é da Manutenção dos Hospitais aí em Coimbra. Mora na Mealhada e é electricista. Conhece-lo? Qual é a tua área profissional?

Termino, enviando-te, em nome da tertúlia, um abraço e que hoje seja o primeiro dia de muitos em que vais participar activamente no nosso Blogue.

CV
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 5 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4140: Tabanca Grande (130): Cátia Félix, jovem estudante de Ciências Farmacêuticas, solidária e interessada pela Guerra Colonial