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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17855: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (8): 6.º Dia: Bissau, Safim, Nhacra, Jugudul, Bambadinca, Bafatá e Gabu (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)


1. Continuação da publicação das "Memórias Revividas" com a recente visita do nosso camarada António Acílio Azevedo (ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72, Bula e da CCAÇ 17, Binar, 1973/74) à Guiné-Bissau, trabalho que relata os momentos mais importantes dessa jornada de saudade àquele país irmão.

AS MINHAS MEMÓRIAS, REVIVIDAS COM A VISITA QUE EFECTUEI À GUINÉ-BISSAU ENTRE OS DIAS 30 DE MARÇO E 7 DE ABRIL DE 2017

AS DESLOCAÇÕES PELO INTERIOR DA GUINÉ-BISSAU (8)

6.º DIA – DIA 04 DE ABRIL 2017: BISSAU, SAFIM, NHACRA, JUGUDUL, BAMBADINCA, BAFATÁ E GABU:

Depois de mais uma noite bem dormida, apesar do calor, e de um bom pequeno-almoço, que todas as manhãs já encontrávamos preparado na nossa habitual mesa, eis-nos preparados para mais uma etapa, entrando no jeep e deste vez com destino a terras do leste da Guiné.

Sempre bem conduzidos pelo motorista Armando, eis-nos sentados na nossa habitual viatura saindo, mais uma vez, em direcção a Safim, localidade onde, num posto de abastecimento da Galp, enchíamos o depósito de gasóleo, cujo preço que penso já atrás ter referido, era de 635 francos guineenses por litro, a que correspondem 98 cêntimos de euro.

Abastecimento concluído, divergimos em Safim, em direcção a Nhacra, pequena vila situada no sector da região administrativa de Oio e local onde, na época da nossa “estadia” por terras da Guiné se sediavam os antigos emissores da rádio da antiga Emissora Nacional, de Portugal, e onde também se sediava o quartel defensor não só daquele posto emissor, bem como da própria Vila, mas sobretudo funcionando como guarda avançada de defesa da Cidade de Bissau.

Foto 78 - Nhacra (Guiné-Bissau): Curiosa foto com o pequeno hospital em fundo (cor rosa), com os doentes na “sala de espera” exterior ao edifício e a placa informativa dessa Unidade de Saúde, colocada ao lado da estrada que segue para Mansoa. Em segundo plano, distinguem-se as duas antenas dos emissores/receptores das comunicações 
Foto: Com a devida vénia a http://www.flickriver.com

Daqui continuámos a nossa marcha, passando primeiro por Jugudul, localidade onde, num posto também da Galp Energia, parámos para encher de água o respectivo depósito da viatura e em cuja loja entrámos para tomarmos uma bebida fresca, já que o calor se começava a sentir e ainda tínhamos algumas dezenas de quilómetros para percorrer até chegarmos à cidade de Bafatá, que também tinha conhecido no ano de 1974.

Encaminhámo-nos para Bambadinca, até atingirmos Bafatá, passando pelo caminho por várias bolanhas onde se cultiva o arroz, uma das principais fontes de alimentação do povo guineense, ao que parece insuficiente, pois vimos em várias feiras/mercados locais, vendas em sacos desse produto, importado da América do Norte e de outros Países.

Ainda em Jugudul, aproveitei também para tirar uma foto ao antigo quartel militar, por sinal, ainda em razoáveis condições de conservação, mas que, soubemos depois, se justificavam pelo facto de parte do espaço ter sido ocupado por uma pequena empresa ligada à área das bebidas, que aí instalou uma destilaria, mas da qual fiquei sem saber o nome. De qualquer forma, uma louvável iniciativa de aproveitar um espaço que, sem isso, cairia no abandono e na ruína como muitos outros edifícios, não só militares, que vimos por toda a Guiné que visitámos.
Não posso deixar de salientar a boa estrada em que circulávamos, toda ela bastante bem asfaltada, em terreno plano e com extensas retas.

Seguindo a nossa viagem, chegámos, cerca de 50 quilómetros depois à vila de Bambadinca, centro estratégico durante o tempo da guerra colonial, também localizada junto às margens do Rio Geba, povoação que depois se foi gradualmente desenvolvendo e onde, nos dias de hoje, também deparamos nas ruas com diversos estabelecimentos comerciais onde, além de produtos agrícolas da região, se vêm à venda sacos com artigos tão diferentes como o arroz e o adubo, mas também se comercializam em pequenas bancadas, outros produtos como a gasolina e óleo destinados às motos e motorizadas, conforme se mostra numa das fotos seguintes, situação idêntica à que já havíamos deparado noutras localidades, como em Susana, no norte da Guiné, junto à fronteira com o Senegal e a que já havia feito referência atrás.

Foto 79 - Jugudul (Guiné-Bissau): As instalações do antigo quartel, actualmente transformadas numa pequena destilaria, explorada, ao que parece, por pequenos empresários locais.
Foto: © A. Marques Lopes. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

Ultrapassada a localidade de Jugudul, continuámos a nossa viagem em direcção a Bambadinca, sediada a caminho do nosso primeiro destino, que era Bafatá. Que dizer sobre Bambadinca, onde estava instalada uma nossa companhia militar durante a guerra colonial?!
Que é actualmente uma povoação onde ainda se vê algum pequeno comércio tradicional, mas onde a maior parte do piso dos seus arruamentos são em terra e com muitas covas e muito degradadas, mais parecendo estar em sintonia com o que tivemos oportunidade de ver em muitas outras localidades que visitámos.

Era uma zona em que as nossas tropas colocadas nesta povoação bem como em Xime e em Galomaro, ao ocuparem essas posições estratégicas, tinham por principal missão o controlo dos movimentos das tropas do PAIGC de norte para o sul do território e vice-versa.

Foto 80 - Bambadinca (Guiné-Bissau): Aspecto actual de uma das suas ruas, com o antigo edifício dos CTT, a meio da foto
Foto: © Jaime Machado (2015). Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

Foto 81 - Bambadinca (Guiné-Bissau): Espaços comerciais numa rua da localidade, onde, em bancada avançada, lá se vê a venda de óleos e gasolinas, para as motoretas e dentro das lojas, arroz em sacos
Foto: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados

Passadas estas localidades, continuámos a nossa viagem, utilizando uma estrada, sempre em terreno plano e bem asfaltada, marginada por bolanhas onde os naturais cultivam o arroz e aproximando-nos de Bafatá, cidade que tinha conhecido em Julho/Agosto de 1974, período em que acompanhei, por indicação do Comandante de Batalhão de Bula, o Major Dick Daring e outros quadros do PAIGC em acções de cariz psicológico, que tinham por intenção a aproximação e o contacto com as populações das localidades sediadas em três dos sectores da Guiné (creio que os sectores 2, 3 e 5) e de que o Comandante Dick Daring, era o responsável.

Vencidos esses cerca de 120 quilómetros, numa viagem calma e segura, chegámos a Bafatá, terra natal de Amílcar Cabral, fundador do PAIGC, cerca das 11 horas da manhã, cidade que nos recebeu também com tempo quente, mas que, em minha opinião, me decepcionou de imediato, já que aquilo que eu estava a ver, se apresentava muito pior e nada parecido com a que eu tive a oportunidade de conhecer em 1974.

Uma breve passagem de jeep pelas duas principais ruas de Bafatá, deu-me logo para perceber que esta cidade, outrora tão bonita e acolhedora e até com certo ar cosmopolita, está agora muito mais suja e pior conservada, realidades que me entristeceram bastante, principalmente ao olhar a antiga bela avenida que, do centro da cidade, conduz ao Rio Geba e que agora se encontra muito mal cuidada, o mesmo acontecendo com o bonito jardim que existia junto àquele rio que corria no final dessa avenida.

De louvar o aspecto cuidado em que ainda se encontra a elegante Igreja da cidade, localizada sensivelmente a meio e à direita dessa avenida que desemboca no Rio Geba, bem como o bem conservado edifício do hospital, construído um pouco mais acima e do lado esquerdo, para quem desce em direcção ao rio.

Dos antigos e bons restaurantes que ali existiam, resta o “Ponto de Encontro”, situado na Rua Porto e propriedade do casal D. Célia e José Dinis, portugueses das Caldas da Rainha e local onde depois saboreamos um bom almoço de carne de gazela, que com gosto nos prepararam, tendo-nos ainda afirmado que, embora gostem muito de Bafatá, têm muitas saudades de Portugal, onde têm as duas filhas a residir.
Como curiosidade, e porque o vimos chegar conduzindo um carro pesado de instrução, ficamos a saber que o Senhor José Dinis, é também proprietário de uma Escola de Condução, única que existe no interior da Guiné.
Foi muito agradável este “ponto de encontro” com o casal Dinis, porque se para nós foi muito bom termos este convívio em terras do interior guineense, com pessoas nossas conterrâneas, que ali labutam e vivem, para eles, ficámos convictos da enorme alegria que sentiram em contactar e falar connosco, porque segundo nos afirmaram só ali restam três Portugueses Continentais.

Como ainda faltavam cerca de duas horas para o almoço, decidimos dar primeiro uma saltada a Gabu, que dali dista 52 quilómetros, a fim de visitarmos esta cidade do interior leste.

Foto 82 - Bafatá (Guiné-Bissau) – Bela imagem da avenida, creio que dos anos 70 e que ligava a zona central da cidade ao Rio Geba e actualmente bem mais degradada do que a foto mostra. A meio, e à esquerda da avenida, vê-se a bonita Igreja da cidade.
Foto: © Humberto Reis (2006). Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

Foto 83 - Bafatá (Guiné-Bissau): A mesma avenida, com uma foto actual e que foi tirada ao lado da Igreja e em sentido inverso, vendo-se, em comparação com a imagem anterior, a total falta de asfalto naquela avenida
Foto: Com a devida vénia a TV Televisão de Moçambique

Foto 84 - Bafatá (Guiné-Bissau): Busto de Amílcar Cabral, erigido na sua terra natal, num largo junto ao Rio Geba

Foto 85 - Bafatá (Guiné-Bissau): Mercado da cidade, no largo onde existe o busto de Amílcar Cabral e junto ao Rio Geba
Foto: Com a devida vénia a Wikipédia

Foto 86 - Bafatá (Guiné-Bissau): Memorial a Amílcar Cabral, militante do PAIGC e fundador da nacionalidade e erguido numa praça do centro da cidade, situada no topo norte da avenida que desce até ao Rio Geba

Foto 87 - Bafatá (Guiné-Bissau): Hospital da cidade, localizado na avenida de acesso ao Rio Geba

Foto 88 - Bafatá (Guiné-Bissau): Os colegas Monteiro e Cancela, com o casal Célia e José Dinis, portugueses das Caldas da Rainha e proprietários do Restaurante “Ponte de Encontro”, onde almoçámos

A rápida deslocação de ida e volta à cidade de Gabú (ex-Nova Lamego), situada 52 quilómetros para o leste de Bafatá e a cerca de 30 quilómetros da fronteira com a Guiné-Conakry, foi percorrida em estrada asfaltada e de óptimo piso com longas rectas, a última das quais, antes de Gabu, com 20 quilómetros de extensão, conforme pudemos confirmar no regresso através do conta-quilómetros do jeep, deu bem para apreciar toda a paisagem envolvente, recheada de grandes manchas de vegetação verde.

Gabú, é um importante centro económico desta região leste do País, que se aproveita do facto de se encontrar muito próximo da fronteira de Guiné-Conakry, para trazer até ela muitos comerciantes desse País vizinho.
A sua população constituída, maioritariamente por elementos da etnia fula, com fortes raízes ligadas ao islamismo, possui uma população que deve actualmente rondar os 16.000 habitantes.
Embora no tempo da guerra colonial lhe tivesse sido imposta a designação de Nova Lamego, logo após a independência, voltou a designar-se Gabú, tendo nos dias de hoje, retomado o primado na importância das cidades do leste da Guiné-Bissau, em detrimento de outras localidades, como Bafatá, que durante a guerra colonial exerceu essa primazia, sendo no momento actual o centro nevrálgico de toda a movimentação comercial da Guiné-Bissau, logo a seguir à capital, Bissau.
Foi para nós extraordinário ver o enorme mercado de rua que é exercido nas principais artérias de Gabú, onde se expõe e vende de tudo (só não vi automóveis à venda), que atinge alguns quilómetros de extensão, e onde, em por vezes, em improvisadas tendas, são comercializados todos os tipos de produtos e mercadorias, que vão desde pequenos adereços locais, até a motorizadas, passando pela comercialização de arroz, fruta e produtos hortícolas.

Que mais dizer, apenas que é simplesmente espectacular, ver o número elevado de pessoas, que marca presença neste tipo de actividade comercial, quer sejam eles vendedores ou simples compradores.
Gostei de ver e sentir todo o pulsar desta cidade, principalmente na vertente comercial que vimos estar em marcha nesta simpática e acolhedora urbe, sendo difícil admitir que outra qualquer cidade da Guiné-Bissau, possua a pujança que vimos existir em Gabú.

Regressámos pouco depois a Bafatá, onde conforme combinado com o Casal Célia e José Dinis, proprietários do Restaurante “Ponto de Encontro”, nos esperava o almoço.

Foto 89 - Gabu (Guiné-Bissau): Uma das ruas da principal cidade do leste do País, que se enche de vendedores ambulantes, nos dias de feira
Foto: © João Graça. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

Foto 90 - Gabu (Guiné-Bissau): Panorâmica de uma rua desta cidade, em dia de feira. Reparem no elevado número de tendas que marginam a rua
Foto: © João Graça. Luís Graça & Camaradas da Guiné

Foto 91 - Gabu (Guiné-Bissau): A confusão nas ruas da cidade, em dia de feira
Com a devida vénia a VOA

Foto 92 - Gabu (Guiné-Bissau): Rua da cidade, onde se vêm 2 prédios da era colonial, num dos quais existe uma agência do Banco da África Ocidental, já com multibanco.
Foto: © João Graça – Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

Foto 93 - Gabu (Guiné-Bissau): Venda ambulante de pão. Vimos isto em quase toda a Guiné
Com a devida vénia a mapio.net

Fotos: © A. Acílio Azevedo, excepto as cujos autores e proveniência foram devidamente indicados

(Continua)
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Nota do editor CV

Último poste da série de 10 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17844: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (7): 5.º Dia: Bissau, Safim, Bula, Binar e Bissorã (continuação) (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13856 Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (35): O Manuel Simões, de Judgudul, e os Africanistas à portuguesa... Ser africanista é um estado de espírito, e não precisa de andar com "os pretinhos ao colo".

1. Mensagem de Antº Rosinha (o único grã-tabanqueiro que tem direito a abreviatura do nome, Antº, é um traço de distinção por, à boa maneira africana, ele um dos nossos "mais velhos", quer dizer, com mais experiência, mundo e sabedoria; na nossa Tabanca Grande, respeitam-se os mais velhos, mesmo quando aqui e ali podemos discordar das suas opiniões e conselhos; pessoalmente, é um camarada por quem nutro afeto e respeito, embora só o tenha encontrado uma vez, no II Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Pombal, em 2007) [, foto à esquerda, tirada por LG]



Data: 5 de Novembro de 2014 às 14:24
Assunto: Manuel Simões de Judgudul e os Africanistas à portuguesa (*)


Amigo Luís Graça, sobre o poste em referência [P13821] (*)  penso que devo um pequeno  esclarecimento.

Em primeiro lugar, queria dizer que as dúvidas quanto à construção da estrada Jugudul- Bambadinca, actual, não é do tempo colonial, é de 1982/3, com uma empresa, lembro-me que seria  francesa, com financiamentos habituais daquele tempo, Banco Mundial, Árabes, CEE,  etc.

Sobre o que o Luís Graça comenta sobre a minha «boca» ao chamar " africanista à portuguesa" a Manuel Simões, que representa a imagem de muitos milhares que durante séculos embarcaram para África e esqueceram  a terra deles ou dos pais e avós, penso com toda a sinceridade que não há palavra mais apropriada para eles do que chamar-lhe «africanistas».

Há aquela ideia dos exploradores ingleses, portugueses como Serpa Pinto ou Cecil Rodes, (Brancos) enviados como estudiosos para o  interior de África, ou militares para expandir fronteiras, e regressavam às metrópoles com a imagem,  aquela imagem vestidos à safari, caqui e capacete de cortiça, atribuindo-se a eles  vagamente essa palavra «africanistas».

Também a missionários ou estudiosos (brancos) de línguas e costumes africanos também se lhes atribui o nome de africanistas.

Porque não se deveria ter chamado a estes geógrafos uns, geólogos outros, missionários que estudavam dialectos, simplesmente, chamarem-se «africanólogos»?

Também  serão africanistas aqueles funcionários que fazem comissões atraz de comissões em África, através de ONG e ONU, ajudando "aquele pobre povo", como dizem,  comovidos, que os colonialistas exploraram.

(E nessa ordem de ideias ainda teremos um dia  que chamar «europeistas» aos inúmeros africanos que "estudam" muitíssimo bem todos os europeus e estudam e praticam todos os seus hábitos e suas línguas.? E num momento em que os africanos avançam para a «Europa e em força» por Melila e Lampedusa, qualquer dia até lhe chamaremos  de colonialistas  e invasores? Quem sabe, um dia?)

Alguém  considerar-se africanista, ou colonialista, ou emigrante em África, penso que é mais um estado de espírito, do que aquilo que alguém o queira classificar.

Para um branco ser um grande africanista à portuguesa  não era obrigatório dormir numa esteira, (quirintim) e encher a casa de crianças mulatas,  mas também ajudava.

Os milhões de brancos que emigraram ou nasceram em África durante séculos, e optaram por qualquer circunstância  adoptar África como sua terra (forçados pela família em criança, deportação,  dificuldades económicas para regressar, boa  adaptabilidade climática ou vida social muito bonita e fácil) se esqueceram das terras de origem, jamais será correto dizer que se trata de um colonialista, ou mesmo emigrante.

Sejam portugueses, boers da África do Sul ou rodesianos (Zimbabué), esses brancos, não podem ser considerados simples colonialistas, antes pelo contrário, eram antes, grandes africanistas.

Casos como na Guiné, Manuel Simões, Luandino Vieira em Luanda, Mia Couto em Moçambique, para vincar bem a minha ideia,  mais do que guineense, ou angolano ou moçambicano, intimamente estes brancos sentem-se africanos.

Ora quem se sente africano e não tem carapinha,  não pode deixar de ser um perfeito  africanista, mesmo que os " Mugabes"  não os considerem  africanos.

E quem é europeísta? Será que pelo facto de os turcos e israelitas insulares como os gregos e cipriotas e peninsulares como  íberos e ítalos, pelo facto de entrarmos na taça dos campeões europeus, somos europeus? Ou europeístas apenas?

Ora quem se sente europeu tem que ser europeísta, mesmo que os Napoleões e os Hitleres não  considerem como europeus muito loiros, os insulares  peninsulares do sul e outros vizinhos.

No entanto há brancos que viveram a vida em África e nunca tiveram o mínimo sentimento de africanista, e outros brancos que em menos de um ano se tornam, ainda hoje, genuínos africanistas.

Ser africanista é um estado de espírito, e não precisa de andar com "os pretinhos ao colo".  Nem deve!

Quando no 25 de Abril vieram para Portugal os retornados,  poucos  tínhamos espírito  africanista, mesmo os que estávamos há muitos anos em África, porque a maioria era funcionário público, mais tarde "trabalhador da Função Pública", e estávamos só à espera da reforma para regressar para a terra dos brancos, «a minha terrinha»

Aqueles que na realidade se sentiam africanistas, não aceitavam um dia repor a gravata e as ceroulas  e tornar a "enclausurar-se" nestes pequenos e limitados espaços da idade média, as nossas aldeias,  e largar aqueles espaços abertos, embora  da idade do ferro.

Infelizmente a maioria destes africanistas perderam a vez na terra que tinham adoptado como sua.

No caso dos portugueses, os genuínos africanistas e seus descendentes foram muito incomodados em África e recebidos com muitas reservas em Portugal, quando vieram com os retornados.

A maioria dos africanistas,  em idade de reprodução, desapareceram para o Brasil, EUA, Canadá e França.

Falam muito mal dos portugueses, e têm, tal como os actuais dirigentes africanos das nossas ex-colónias,  que tomaram conta "dos seus destinos", pouca consideração por nós.

Claro que têm motivos diferentes para criticarem o tuga, mas de qualquer maneira, sempre que tenham que fugir de onde estão,  recebemo-los  de braços abertos.

Uma curiosidade sobre os africanistas à portuguesa, não foi só nas ex-colónias portuguesas que se instalaram inúmeros portugueses.

No ex-Congo Belga foram tantos os portugueses que permaneceram após a fuga total dos Belgas em 1960, que protegidos pelas populações e que se foram entendendo com aqueles que tomaram "conta dos seus destinos", que foi possível o comércio de distribuição não desaparecer completamente, e evitar alguma fome.

Os africanistas à portuguesa levaram séculos a ajudar a construir os PALOP que sobraram.

Acontece que alguns dirigentes desses países não escondem grande desgosto por esses africanistas não tenham sido outros um pouco mais "loiros".

Os dirigentes africanos,  em geral,  não gostam de africanistas, detestam.

Isto é uma regra, e com todas as regras têm uma excepção, apareceu Mandela.

Como português, tenho a maior admiração pelos africanistas como Manuel Simões.(**)

Cumprimentos,

Antº Rosinha

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(...) Luís Graça disse...

Confesso que tenho um certo fascínio por homens como este, "africanistas", como diz o Rosinha... Não sei se o termo não será pejorativo e sobretudo inapropriado...

Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, o/a africanista (substantivo com 2 géneros) é “a pessoa que se dedica à exploração ou estudo da África”.

Presume-se que venha de outras paragens, de outros continentes, a Europa, por exemplo, que foi a grande potência “colonizadora” desde os finais do séc. XIX até à emergência dos nossos estados africanos.

Nesse sentido, o “africanismo” antecederia o “colonialismo”: como se costuma dizer, primeiro vem o explorador, depois o antropólogo, depois o missionário, e depois a tropa, o administrador, o cobrador do imposto de palhota e, por fim, o o comerciante (porque sem dinheiro não há economia monetarizada)...

Mas talvez o Rosinha queira dizer, com o termo africanista (não confundir com panafricanista. que tem um outro sentido, mais filosófico e político…) aquele (em geral branco…) que se considera nascido e crescido em África, ou que tenha vivido e trabalhado em África, ou que muito simplesmente ama a África, as suas paisagens, as suas gentes, as suas culturas… sem ter que ser um “colon”.

Nesta acepção, mais lata, somos todos, aqui, "africanistas"...

Manuel Simões, africanista ? Antes de mais, era português e guineense, nascido em Bolama, com costela beirã, do lado do pai, e provavelmente caboverdiana, do lado da mãe...  E, não menos importante, sobreviveu quer ao “colonialismo” quer ao “paigecismo” (, nas suas várias versões cabralismo, ninismo, etc.)…

Deixou muitos amigos e conhecidos, lá e cá, a começar pela nossa Tabanca Grande.  Tenho pena que não tenha deixado escrito um "manual de sobrevivência"... Ele atravessou dois séculos (1941-2014), "prenhes” de história e de histórias... LG

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13821: Memória dos lugares (278): Jugudul, abril de 2006: (i) as instalações do antigo aquartelamento das NT, então cedidas ao empresário Manuel Simões (1941-2014); (ii) a bomba de combustível Galp; e (iii) a destilaria de aguardente de cana de açúcar (Fotos de A. Marques Lopes)











Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 > Aspetos parciais do antigo aquartelamento de Jugudul, cujas instalações foram adquiridas por (ou cedidas a) o empresário  lusoguinense Manuel Simões (Bolama, 1941- Jugudul, 2014) a seguir à independência (*). Ali instalou a sua casa, uma bomba de combustível (da GALP) e uma destilaria de aguardente de cana de açúcar.

Nos últimos anos de vida (de acordo com o testemunho do Zé Teixeira que esteva na sua casa em 2013), o Manuel Simões acabou por  fechar a destilaria, por não poder concorrer com os preços praticados por uma outra  destilaria, com moderna tecnologia,  que abrira entretantio, nos arredores de Bissau.

Na altura, da viisita da malta do Porto, em abril de 2006,  o Manuel Simões também tinha uma ponta (herdade) onde cultivava caju.

Fotos: © A. Marques Lopes (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]
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1. São imagens do fim de uma época... e  de uma vida de 70 e tal anos vividos na Guiné. Referimo-nos ao Manuel Simões. Sobre ele escreveu, em comentário ao poste P13783, o António Rosinha:

"Essa figura de 'branco africanista' à portuguesa, que Manuel Simões representa, é que foi a estirpe de gente que foi totalmente incompreendida neste rectângulo onde se dizia que Àfrica era para os africanos, para não dizer 'terra dos pretos', como se dizia na realidade. Aliás, Mugabe também pensa assim."



As fotos são do A. Marques Lopes, tiradas no âmbito da viagem "Do Porto a Bissau", realizada em abril de 2006. (**).

Recorde-se, por outro lado, que a um ano e picos do 25 de abril de 1974, a tabanca de Jugudul esteve a "ferro e fogo" (6 mortos, meia centena de moranças destruída), , como recorda aqui o nosso camarada Carlos Fraga (Poste P11417, de 18 de abril de 2013);

(...) "Caro Luís: A tabanca do Jugudul foi destruída no ataque de 23/1/73. Tirei as fotos que te mandei dos restos dessa tabanca. As moranças já estavam construídas, quando lá estive a substituir as que foram destruídas no ataque." (...)

Consultando a história do BCAÇ 4612/72, verifiquei  que o novo reordenamento de Jugudul tinha começado, logo a seguir, em  7 de março de 1973, e que a construção da estrada Jugudul-Bambadinca era um "espinho" cravado na garganta do PAIGC... (LG)
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domingo, 26 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13802: Memória dos lugares (276): Jugudul, abril de 2006, na casa do saudoso Manuel Simões (1941-2014) (fotos de A. Marques Lopes, Xico Allen, Inês Allen e Hugo Costa)


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >    A estrada Jugudul-Bambadinca que tanto "suor, sangue e lágrimas" custou, em 1973/74... 


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >  Ao centro,o dono da casa, Manuel Simões (1941-2014), tendo à sua direita o A. Marques Lopes.


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >  Da direita para a esquerda, o Manuel Simões (1941-2014), o Manuel Casimiro, o Manuel Costa, o Armindo Pereira e o A. Marques Lopes


 Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >  Da direita para a esquerda, o Manuel Simões (1941-2014), o Saagum, o  Manuel Casimiro e  o Manuel Costa.


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >   Foto de grupo, vendo-se de pé o Hugo Costa, filho do Albano Costa, e sentada a comer, no sofá, a Inês Allen, filha do Xico Allen (aqui de costas, à direita, tendo à sua esquerda o Saagum, também de costas)


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >  O Manuel Simões (1941-2014) fazendo as honras ao leitão à moda de Jugudul... Em primeiro plano, o Hugo Costa (à direita), e o Armindo Pereira (à esquerda), ladeado pelo António Almeida

Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudual > Abril de 2006 >  O "senhor leitão"...


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >  Na hora do café e digestivos, da direita para a esquerda,, o Manuel Casimiro, o Manuel Costa, o Armindo Pereira e o A. Marques Lopes.


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >  Da direita para a esquerda, o  António Almeida, o Armindo Pereira,  o Manuel Costa, o Manuel Simões e o Manuel Casimiro 


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >  Da direita para a esquerda, o António Almeida, o Manuel Casimiro e  o Manuel Costa


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >   A única mulher do grupo, com o seu recente penteado africano, feito em Bissau: a Inês Allen


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 > A Inês Allen


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >  A Inês Allen e o António Almeida .

Fotos: © A. Marques Lopes (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]

1. Jugudul, abril de 2006, uma paragem na casa do Manuel Simões (1941-2014). Fotos, recentemente chegados ao nosso blogyue, enviadas pelo A. Marqies Lopes, grã-tabanqueiro da primeira hora. e tiradas a a várias mãos:  A. Marques Lopes, Inês Allen, Hugo Costa e Xico Allen... 

Esta foi a primeira vez viagem que o A. Marques Lopes fez à Guiné-Bissau, por terra, de jipe, Já lá tinha estado em 1998. 

É uma viagem memorável,  que está bem documentada na nossa I Série:  "Do Porto a Bissau"  foram publicados 26 postes, o último dos quais é relativo a este  almoço de leitão oferecido pelo saudoso Manuel Simões, nascido em Bolama, em 1941 e recentemente falecido, na sua casa, em Jugudul.  O Hugo Costa fez também, por sua conta, uma notável reportagem fotográfica, já publicada no blogue.

Verificamos agora que estes sete magníficos do Porto não estão todos na lista de A a Z dos membros da Tabanca Grande ou nem sequer têm uma simples marcador no nosso blogue (caso do Armindo Pereira e do Manuel Casimiro). . É uma injustiça que temos de reparar...

O Manuel Simões (1941-2014) era amigo do Xico Allen, que integra o grupo de sete companheiros que saíram do Porto e onde se incluíam, além dos já mencionados, o Armindo Pereira, esteve em Jumbembem (a norte de Farim, região do Oio, e já era repetente nestas idas à Guiné, acompanhando  o Xico Allen), o Manuel Casimiro (o mais gordinho e bem disposto) e o Manuel Costa (o mais novo e calvo, primo do Albano Costa, que  esteve em Canjambari, a oeste de Farim, na região do Oio, e em Chugué, a norte de Bedanda, na região de Quínara)

Ao grupo iria juntar-se, vindos de avião, o António de Almeida e o José Clímaco Saagum, ambos pertencentes à CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69).


2. Recordo que o organizador desta viagem, em abril de 2006,  foi o Xico Allen [ex-1.º cabo at inf,  CCAÇ 3566, Os Metralhas, Empada, 1972/74]. Levou o jipe, que lá ficaria para futuras viagens. O grupo regressaria depois de avião.

O Xico Allen, nosso grã-tabanqueiro desde 2006, foi um dos primeiros de nós, ex-combatentes,  a voltar à Guiné, depois da independência. E nos últimos anos chegou mesmo a lá viver. De acordo com as memórias da Zélia Allen, também nossa tabanqueira, o casal Allen visitou a Guiné do pós-guerra, em abril de 1992 (eles os dois, mais um outro casal, o Artur Ribeiro e a esposa). Voltaram em 1994 lá voltaram, desta vez foram 3 casais e conseguiram ir a Empada, onde o Xico tinha feito a sua comissão.

Uma terceira viagem foi em 1996 e uma quarta em 1998. Temos vários fotos dessa viagem, em que o Xico (e a Zélia) foram inclusive a Madina do Boé. Depois disso, o Xico passou a lá ir regularmente.

Por sua vez,o Albano Costa, pai do Hugo, tinha lá estado em novembro de 2000 (, incluindo o Armindo Pereira,  o Manuel Casimiro, o Manuel Costa e mais uma vez o Xico Allen). Foi a sua primeira e única vez. Fotógrafo profissional, fez uma excelente cobertura fotográfica da viagem, ele e o filho, Hugo Costa, percorrendo a Guiné de lés a lés, incluindo uma ida a Guidaje, onde ele fizera a sua comissão. (Foi 1º cabo at inf, CCAÇ 4150, Guidaje, Bigene, Binta, 1973/74).

O Xico Allen, injustamente, não aparece, aqui, de frente nestas fotos de Jugudul... (LG)
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Nota do editor:

Último poste da série >  14 de outubro de  2014 > Guiné 63/74 - P13735: Memória dos lugares (275): Jumbembem, ao tempo da CCAÇ 2548, 1969/71 (Carlos Silva)

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13783: In Memoriam (201): Manuel Simões (Bolama, 1941-Jugudul, 2014): amava a sua terra como ninguém tinha especial carinho pelos balantas, era uma figura muito popular, e de grande generosidade (Manuel Amante, Praia, Cabo Verde)


Manuel Simões (Bolama, 17/5/1941- Jugudul, 21/10/2014). Cortesia de Manuel Amante



1. Mensagem do Manuel Amante da Rosa [, foto à esquerda]:

Data: 22 de Outubro de 2014 às 07:46

Assunto: Manuel Simões (1941-2014)

Meu Caro Luís:

Só agora posso responder-te.

O Manuel Simões, meu primo, nasceu em Bolama, em 17 de Maio de 1941 (*). O Pai, o velho Manuel Simoes, empresário conhecido de Bolama e do sul da Guiné, era originário de Moimenta da Serra, Portugal onde faleceu nos finais dos anos sessenta.

O filho Manuel estudou alguns anos no Colégio Moderno, ao tempo do pai do Dr. Mário Soares, como interno, mais o irmão Januário, após o que retornaram à Guiné para ajudar o pai nas casas comerciais que tinha no sul da Guiné e Bijags (Darsalame, Empada, Bolama e Embana na ilha das Galinhas).

Ambos os irmãos distinguiram-se no desporto, no futebol, tanto como jogadores como dirigentes desportivos.

Com o início da guerra o Manuel Simoes, mais conhecido por Manelito, recolheu, como muitos, a Bissau e dedicou-se ao transporte fluvial. Cumpriu parte do serviço militar obrigatório. Fez parte do primeiro curso de Sargentos Milicianos, dado na Guiné, nos inícios de sessenta. Foi desmobilizado após o assassinato do irmão [, Januário Simões, em Empada, c. 1962].

Foi dirigente do Ténis Clube de Bissau durante muitos anos. Seu clube de eleição. Enveredou pela indústria da destilaria da cana de açúcar, em Jugudul, após o fim da guerra.

Era pessoa muito conhecida, de trato fácil e popular por toda a Guiné. Sempre generoso durante toda a sua vida. Ajudou muita gente sem nunca fazer disso nenhum alarde. A porta sempre aberta para amigos e carenciados.

Amava a Guiné como ninguém e identificava-se plenamente com tudo o que dissesse respeito a os hábitos e costumes da sua terra amada.

Conhecia bem toda a Guiné, especialmente a região e etnia Balanta. Região onde passou os últimos anos da sua vida e que sempre o acolheu com muito carinho.

Recebe um forte Abraço.

Manuel

Enviado do meu iPad
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Nota do editor:

Último poste da série >  21 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13779: In Memoriam (200): Manuel Simões (c. 1939 - 2014), um português de Bolama, que foi a Conacri ao funeral de Amílcar Cabral, e que andou na escola com 'Nino' Vieira, e que recebia, em Jugudul, de braços abertos, os seus amigos, fossem de Cabo Verde, fossem de Portugal (Manuel Amante / A. Marques Lopes / Xico Allen / António Camilo / José Teixeira)é 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13779: In Memoriam (200): Manuel Simões (1941 - 2014), um português de Bolama, que foi a Conacri ao funeral de Amílcar Cabral, e que andou na escola com 'Nino' Vieira, e que recebia, em Jugudul, de braços abertos, os seus amigos, fossem de Cabo Verde, fossem de Portugal (Manuel Amante / A. Marques Lopes / Xico Allen / António Camilo / José Teixeira)


Guiné-Bissau > Região do Oio (Mansoa) > Jugudul > Abril de 2006 > Recebendo os amigos portugueses, Xico Allen, A. Marques Lopes & companhia. O Manuel Simões, aqui à direita, fazendo as honras da casa. O almoço foi leitão,,, à moda de Jugudul. (À esquerda, de perfil, o A. Marques Lopes).

Foto: © Inês Allen (2006). Todos os direitos reservados


Guiné-Bissau > Região do Oio (Mansoa) > Jugudul > Abril de 2006 > O leitão da região do Oio, feito à moda de Jugudul, em casa do Mauel  Simões (aqui de pé, a presidir à mesa), não ficava atrás, bem pelo contrário, do letão à moda da Bairrada. Foi comer e chorar por mais, garantiu o A. Marques Lopes. À direita, em primeiro plano, o jovem Hugo Costa, filho do Albano Costa, de Guifões, Matosinhos. Na comitiva do Porto (um jipe!) também ia a Inês Allen, filha do Xico Allen (que não aparece nestas fotos).

Foto: © Inês Allen (2006). Todos os direitos reservados


Guiné-Bissau > Região do Oio (Mansoa) > Jugudul > Abril de 2006 > O A. Marques Lopes, de pé, mais elementos do grupo do Porto, sentados (onde reconheço o Armindo Pereira e o Manuel Costa), em casa do Manuel Simões.

Foto: © Inês Allen (2006). Todos os direitos reservbados



 Guiné-Bissau > Região do Oio (Mansoa) > Jugudul > Abril de 2006 > O antigo aquartalemento das NT, em Jugudul, cujas instalações foram cedidas, a seguir à independência, ao Manuel Simões, guineense branco de Bolama, para a sua fábrica de aguardente de cana. O Manuel conhecia o 'Nino' Vieira do tempo da escola, presumindo-se que fossem mais ou menos da mesma  idade.


Foto: © A. Marques Lopes (2006). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Telefonou-me, esta manhã, da Praia, Cabo Vrede, o nosso camarada Manuel Amante da Rosa, dando a triste notícia de que o seu primo Manuel Simões, de Jugudul, tinha acabado de morrer. 

As notícias tristes espalham-se depressa.  Mas, assim, de chofre, eu não estava a ver quem era o Manuel Simões. Nem reconheci de imediato a voz do Manuel Amante da Rosa que conhecera pessoalmente em Lisboa, uns anos antes, e com, quem já não falava há muito tempo aoa telefone.

O Manuel Amante disse-me que o Manuel Simões era irmão do Januário (se bem percebi. ao telemóvel) e que era conhecido da malta do blogue. Também tinha barcos, tal como pai do Manuel Amante e trabalhou para a tropa durante a guerra. Pedi-lhe para fazer uma pequena notícia, e com uma resenha biográfica. Mas depois, de repente, lembrei-me dele: o Xico Allen, o A. Marques Lopes, a Inês Allen, o Hugo Costa e outros camaradas e amigos tinham estado em abril de 2006 a comer leitão na casa dele... Temos um poste publicado pelo A. Marques Lopes sobre esse memorável visita da malta do Porto a Jugudul (*).

Sei muito pouco sobre o Manuel Simões, para além, daquilo que foi publicado no blogue... Mas é mais um amigo, lusoguineense,  que desaparece. Um resistente. Um português, ou um descendente de portugueses das sete partidas. Entrei em contacto com alguns camaradas que eram visita da sua casa, pedindo-lhes que escrevessem qualquer cois mais para completar as minhas notas, e fazer um In Memoriam...  Sabemso que nasceu em Bolama em 1941.

De qualquer modo e qualquer que fosse a sua crença, e a crença dos seus amigo, só espero que Deus, Alá e os Bons Irãs o guardem em paz. LG

PS - Num outro poste, mais recente (2013), do José Teixeira, eu já tinha encontrado outra referência ao Manuel Simões:


(...) "A pista de Amedalae, ou a estrada transformada em pista de aviação para descarga da malfadada droga, o Matu Cão, do Alfero Cabral, a Ponte dos Fulas, ou o Sr. Manuel Simões. do Jugudul, o senhor que geria a empresa, à qual o exército português fretava os barcos para levar os mantimentos às suas tropas no interior. Amigo do Amílcar Cabral, a cujo funeral foi, transportando a bandeira do clube onde ambos eram associados e não foi preso quando regressou a Bissau. No fim da guerra comprou ao 'Nino' Vieira o quartel do Jugudul e montou um alambique de aguardente de cana". (...) (**)



2. Mensagem, de resposta ao meu apelo, enviada pelo José Teixeira [, foto à direita], às 13h41


Paz à sua alma.

A história que escrevi, sobre a sua ida ao funeral do Amílcar Cabral, foi-me contada pelo próprio Manuel em 2011, quando estive em casa dele, com os meus filhos. Voltei lá o ano passado e notei-o muito acabado e com problemas de saúde, mas como enquanto há vida há esperança...

Conheci-o em 2005, quando voltei à Guiné e, a partir desse primeiro encontro, sempre que fui à Guiné, passava pela casa dele para conversar um pouco

Era um homem extremamente simpático e sabia acolher muito bem. Sempre alegre e bem disposto. Tinha sempre uma história para contar, sobre a vida dele e da família. Antes da guerra, ele, o pai e um irmão comerciavam arroz das bolanhas do sul. O pai e o irmão foram mortos logo nos primeiros tempos de guerra, segundo consta, pelo PAIGC, ficando ele com o negócio.

Como tinham vários barcos, começou a negociar com as Forças Armadas Portuguesas no transporte de mantimentos paras tropas do interior. Era uma pessoa importante no eixo militar pelos serviços que prestava e dava-se bem com todos, tendo naturalmente muitos amigos ligados ao PAIGC, o que não escondia.

Sobre a compra do quartel de Jugudul, eis o que ele mesmo me disse: quando acabou a guerra, telefonou ao 'Nino' Vieira, seu conhecido desde os tempos de escola, e mostrou interesse em comprar o quartel de Jugudul, o que o Nino aceitou, transformando-o numa destilaria.

Em 2013, quando estive com ele, disse-me que tinha encerrado o fabrico de aguardente, devido à abertura de uma destilaria em molde modernos nos arredores de Bissau com produção a custos mais baixos, o que estava a arruinar os fabricantes antigos.

Um bom amigo, cuja morte lamento

Paz à sua alma.

José Teixeira


3. Comentário de LG:

Falei ao telefone com o A. Marques Lopes e o Xico Allen. O Xico era amigo do Manuel Simões, já  de longa data. Ele e o António Camilo,  que ainda há tempos tinha falado com ele ao telefone. O Camilo tinha um jipe, em Jugudul, à guarda do Simões. Ele ter-lhe-á dito, ainda recentemente,  que era preciso as mudar velas do jipe. O Simões tinha ido a Dakar fazer uma intervenção cirúrgica, regressou a casa e parecia estar a recuperar bem. A criada encontrou-o morto esta manhã. O Xico já sabia da notícia através do Camilo.

Obrigado a todos os seus amigos que quiseram compartilhar connosco, através do nosso blogue, estes elementso que ajudam a conhecer melhor um homem e um patrício que viveu toda a sua vida na Guiné, segundo creio. Dele pode dizer-se que foi (é) mais um dos fabulosos portugueses, ou descendente dos portugueses das sete partidas... Parte agora definitivamente para a última viagem,
aquela que já não tem retorno. Espero que o barqueiro de Caronte seja gentil com ele.

Obrigado, Xico Allen, A. Marques Lopes e Zé Teixeira (mas também Manuel Amante, seu prima e António Camilo, visita frequente da sua casa), pela vossa partilha de memórias e de afetos, O Manuel Simões, que andou na escola com o 'Nino' Vieira, era dlois anos mais novo. Morreu hoje aos 73 anos. (***)

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Notas do editor:


(...) vou acabar com uma coisa alegre: uma grande almoçarada (um leitãozinho!!) que o nosso amigo Manuel Simões nos ofereceu nas instalações da sua destilaria de aguardente de cana. Ele é o homem grande branco que eu indico nas fotografias tiradas pela Inês. É um guineense branco, nascido em Bolama, companheiro do Pepito e do Lúcio Soares, também nascidos em Bolama. Foi, mais novo, jogador de futebol e chegou a dirigir o clube Balantas.

Dedica-se à aguardente de cana, mas tem também uma ponta [herdade] onde explora caju. Após a independência conseguiu que lhe cedessem o aquartelamento de Jugudul para a sua fábrica de aguardente, deixando apenas uma parte destas instalações para ser montado um posto da polícia de viação lá do sítio... que ainda não existe.

É um amigo sempre de braços abertos, acolhedor, como vêem. Vale a pena visitá-lo. (...)



(**) Vd. poste de 1 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11661: Crónicas de uma viagem à Guiné-Bissau: de 30 de abril a 12 de maio de 2013: reencontros com o passado (José Teixeira) (3): No antigo corrredor da morte: Gandembel, Balana, Mejo, Guileje ... E as novas tabancas do Cantanhez: Amindara, Faro Sadjuma, Iemberém... E as crianças a correr atrás de nós: Poooorto! Poooorto! (Leia-se: Portugueses, Portugal)


(***) Último poste da série > 6 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13697: In Memoriam (199): Lisboa, Cemitério dos Olivais: a última homenagem ao comandante Alpoim Calvão (1937-2014) (Vídeo de José Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)... Missa do7º dia, hoje, às 19h15, na igreja paroquial de Cascais

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11989: Resumo dos Factos e Feitos Mais Importantes da CCAÇ 3476 - "Bebés de Canjambari" (4): Capítulo II - DEZ72/JUN73 (Manuel Lima Santos)




Conclusão da publicação do Resumo dos Factos e Feitos Mais Importantes da CCAÇ 3476 - "Bebés de Cajambari", enviado pelo nosso camarada Manuel Lima Santos (ex-Fur Mil Inf.ª nesta Companhia açoriana que esteve em Canjambari e Dugal, nos anos de 1971 a 1973.





CCAÇ 3476
BEBÉS DE CANJAMBARI

RESUMO DOS FACTOS E FEITOS MAIS IMPORTANTES

CAPÍTULO II

ACTIVIDADES MAIS SIGNIFICATIVAS NO TO DA GUINÉ

DEZEMBRO DE 1972

De 06 a 08 – A CART 3332, na presença do CMT e do Oficial de Minas da CCAÇ 3476, procedeu ao levantamento das minas implantadas ao longo do Rio Mansoa, entre Jugudul Com e Fanho.

Em 16 – Concluída a instrução de actualização do Pel Mil 228 (Chugué), que ficou adido a esta CCAÇ

Em 20 – Início do funcionamento do Centro Cripto do Dugal construído por esta CCAÇ. Foram também rapidamente introduzidos muitos melhoramentos nas instalações extremamente deficientes do Aquartelamento do Dugal, por exemplo a criação dum Gabinete de Comando e construção dum quarto para Oficiais, então inexistente, a ampliação de balneários das praças e casernas sem o que não seria possível instalar o pessoal.

De 23 a 26 – Período de prevenção, tendo a actividade das NF sido intensificada com prolongamento das emboscadas até de madrugada e patrulhamentos constantes.

Em 30 – Visita de S.Exa o General Comandante-Chefe ao destacamento do Chugué, desta CCAÇ.


JANEIRO DE 1973

Dias 01 e 02 – Intensificou-se toda a actividade operacional das NF, reforçadas de outras Unidades.

Em 03 – Visita ao Dugal de S. Exa o General Comandante-Chefe, tendo-se deslocado para o efeito em automóvel, falando às tropas e seguindo depois para Mansoa.

Em 04 – Visita ao destacamento de Fatim de S.Exa o General Comandante-Chefe, que se deslocou em helicóptero, tendo também falado às tropas.

Em 20 – Começou a funcionar o Posto Sanitário do reordenamento de Changue Bedeta, com enfermeiro desta CCAÇ. 

Em 21 – Concluídos os trabalhos de melhoria geral do sistema defensivo.

Em 30 – Início do funcionamento do P.S. do reordenamento de Jugudul com um enfermeiro desta CCAÇ. Os postos sanitários do Subsector, que se encontravam encerrados, começaram assim a justificar a sua construção. Verificou-se desde logo larga afluência da população para receber tratamento em ambos os postos.


FEVEREIRO DE 1973

Em 10 – Fim da instrução de actualização do Pel Mil 229 (Fanho), adido a esta CCAÇ.

Em 12 e 13 – Prolongamento de toda a actividade Operacional das NF, com carácter de continuidade.

Em 19 – Início do lançamento do futuro Campo de Minas que irá, do rio Mansoa ao Geba, passando ao lado do Dugal, de Fanhe e do Chugué, tendo apenas passagens nessas três localicades.
Em 20 – Concluídas outras obras necessárias nos Aquartelamentos desta CCAÇ – um paiol (inexistente), postos de vigilância, balneários nos destacamentos, cantinas e salas do Soldado nos destacamentos.


MARÇO DE 1973

Em 05 – Seguiram para Pelundo a fim de receberem instrução militar 05 naturais do Chugué, que pela primeira vez deu voluntários, abrindo boas perspectivas para a futura constituição de 01 Pel Mil de naturais da região e dando seguro indicio da aproximação das populações às NT.

Em 14 – Visita do Coronel Adido Militar à Embaixada Britânica em Lisboa, aos reordenamentos e à acção psico-social do nosso subsector, acompanhado do Coronel Chefe do Estado Maior do Com-Chefe, do CMDT Geral das Milicias, do Chefe da Rep. Acap. e do CMDT desta CCAÇ, tendo visitado também os Aquartelamentos do Dugal e Fatim.

Em 20 – Visitaram a Companhia o Chefe da Sec. Pop. do Com-Chefe acompanhado de oito Oficiais do Com. Chefe e do BENG 447 para fazerem a marcação do terreno para a construção do Posto Sanitário de Fatim e da Casa Comercial de Changue Bedete, destinada à Soc. Com. Ultramarina, conforme despacho de S. Exa o General Comandante-Chefe. Contratado pessoal balanta, foram iniciados em força os trabalhos.


ABRIL DE 1973

Em 19 - Continuação dos trabalhos de abertura do furo artesiano em Changue Bedeta com mais de 100 metros de profundidade. Depois de instalada uma bomba e um reservatório, a população terá água no reordenamento. Logo a seguir foram iniciados os trabalhos no reordenamento de Jugudul Com/Cadé.

Em 20 – Recebida MSG do Com-Chefe do seguinte teor: “Regista-se bom ritmo trabalhos reoordenamentos Changue – Subal, Fatim e Changue – Bedeta”.

Em 25 – O Posto Sanitário de Fatim, construído por nossa iniciativa, em pouco mais de quinze dias, foi concluído nesta data, tornando muito boa a cobertura Sanitária do Subsector, sendo mais uma forma de aproximar as populações, cuja adesão tem sido crescente.

Em 27 – Foi recebida nova MSG do Com-Chefe em que se salienta o bom ritmo dos trabalhos dos reordenamentos.


MAIO DE 1973

Em 05 – A apreciação da actividade Oper. N.º 17/73 refere: “Regista-se bom ritmo trabalhos reordenamentos Changue – Subal/Fatim e Changue – Bedeta”.

Em 07 – Inicio do IAO do Pel Mort 4581/72, que veio render neste sector o Pel Mort 3032. Para Director da Instrução foi nomeado o CMDT desta CCAÇ. 

Em 11 – Recebida nova MSG do Com-Chefe a salientar o bom ritmo dos reordenamentos.

Em 20 – Conclusão da Casa Comercial de Changue – Bedeta. Foi entretanto recebida mais uma MSG do Com-Chefe a salientar o nosso trabalho nos reordenamentos, em fase de conclusão. A Casa Comercial é obra de certa envergadura (8 divisões) e concluiu-se dentro dos prazos estipulados.

Em 26 – O CMDT desta CCAÇ foi nomeado pelo Exmo CMDT do COP 8, por conveniência de serviço, para comandar uma escolta a Farim, com 02 Grupos de Combate da CCAÇ 3414, seguindo também uma secção da COMP, constituída por voluntários.


JUNHO DE 1973

Em 01 – Apresentaram-se na COMP para substituição de elementos do Pel Mort 3032, 01 Furriel e 10 Praças do Pel Mort 4581, concluída a IAO que tiveram em Nhacra e no Dugal.

Em 03 – Marcharam para Nhacra os componentes do Pel Mil 3032, para seguirem no dia seguinte para Bissau, para aguardarem embarque, por fim de Comissão. O Pel Mort 3032 esteve adido a esta CCAÇ embora tivesse a maior parte do seu efectivo em Nhacra, junto da CCAÇ 3477.

Em 06 – Visitou este Subsector o jornalista Leonel Borralho, redactor-Chefe da “Gazeta Macaense” e correspondente da United Press do Extremo Oriente, fez uma extensa reportagem dos reordenamentos, para posterior publicação em jornais portugueses e estrangeiros.

Em 10 – Visitou o Subsector e em especial os reordenamentos um grupo de alunos do Liceu e Escola Técnica de Bissau, membros do Círculo de Estudos Ultramarinos.

Em 27 – Por despacho de S.Exa o Brigadeiro Comandante Militar, foram agraciados com a Medalha Comemorativa das Campanhas das Forças Armadas Portuguesas os Oficiais, sargentos e Praças desta COMP que estão dentro das condições da sua atribuição.

Em 30 – O Com-Chefe transmitiu às Unidades que tomaram parte nos reordenamentos na época seca 72/73, que agora termina, o seu alto apreço pelo trabalho realizado. No que respeita a esta CCAÇ foi feita a seguinte apreciação: ”há a assinalar o trabalho realizado pela CCAÇ 3476, não pelo seu volume em si, mas pela sua especialização (Posto Sanitário de Fatim, portas e janelas de Changue Bedeta e Casa Comercial), sendo de salientar a acção do Sr. Comandante de Companhia, Cap. Rangel e do Alf. Domingos.

(FIM)
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Nota do editor:

Postes da série de:

16 DE AGOSTO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11946: Resumo dos Factos e Feitos Mais Importantes da CCAÇ 3476 - "Bebés de Canjambari" (1): Capítulo I (Manuel Lima Santos)

20 DE AGOSTO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11959: Resumo dos Factos e Feitos Mais Importantes da CCAÇ 3476 - "Bebés de Canjambari" (2): Capítulo II - OUT71/ABR72 (Manuel Lima Santos)
e
24 DE AGOSTO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11973: Resumo dos Factos e Feitos Mais Importantes da CCAÇ 3476 - "Bebés de Canjambari" (3): Capítulo II - MAI72/NOV72 (Manuel Lima Santos)