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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8897: Filhos do vento (11): A filha da minha lavadeira (António Bastos)

1. Mensagem do nosso camarada António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66, com data de 8 de Outubro de 2011:

Companheiros da Tabanca, boa noite
Eu António Paulo S. Bastos do Pelotão Caçadores 953 que esteve no Cacheu, vou contar a história dessa menina que eu tenho ao colo, também filha do vento.

No dia 21 de Julho de1964, já o sol tinha desaparecido no horizonte quando cheguei ao Cacheu, à nossa chegada, já a porta de armas estava cheia de população para ver os periquitos.

No outro dia lá continuaram a oferecerem-se para nossas lavadeiras, a certa altura vi uma menina com um bebé ao colo e junto a ela estava um cipaio (policia lá de Cacheu) então o nosso guia de nome Alêu disse-me para dar a roupa a ela e assim ficou.

O nome da lavadeira já não me recordo, sei que era filha do cipaio (também já não recordo o nome do cipaio nem da menina) mas a história que me contaram é que a menina era filha de um Soldado que esteve em Binar em 1962 e que quando o cipaio estava no posto Administrativo de Binar nessa altura foi quando a filha engravidou, ele pediu a transferência para o Cacheu.

Também me disseram que o pai da menina tinha morrido numa emboscada já a menina era nascida.

Companheiros não posso confirmar isto pois foi tudo contado pelos nossos guias, Alêu e Claudino também já falecidos, um em 1974 e outro em 1993.
Mas que a menina era branquinha e muito linda era .

A mãe foi minha lavadeira até Março de 1965, foi sempre impecável nunca me faltou nada e até me cosia alguma coisa mesmo sem eu pedir.

Esta foto foi tirada no dia 9-8-1964

É tudo, um grande abraço a toda a Tabanca Grande

António Paulo
Ex-1º Cabo
Pel Caç 953
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 11 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8890: Filhos do vento (10): Guiné, Índia, China: da prática das núpcias interraciais (António Graça de Abreu)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Guiné 63/74 - P8637: Efemérides (74): O malfadado mês de Agosto de 1964 (António Bastos)

1. Mensagem do nosso camarada António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66, com data de 1 de Agosto de 2011:

Camaradas da Tabanca Grande,
Um grande abraço para todos, sou o António Paulo S. Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç 953.

Na minha comissão de serviço na Guiné nos anos de 1964 e 1965, o mês de Agosto não me traz boas recordações como vou contar-lhes. Tenho tudo publicado no meu diário na página do Carlos Silva.

No dia 8 de Agosto 1964, saímos às 6.00 horas, de barco, para patrulhar a tabanca de Coboiana e falar com o seu régulo que na altura era o João.
Já nós íamos no meio do Rio Cacheu, quando fomos apanhados por um tornado que por sorte nos empurrou para a margem. Foi a primeira escapadela à morte.

Depois de esperar cerca de duas horas pois o barco ficara em seco, lá seguimos viagem. Mas a coisa não ficou por aqui!.. O Furriel, autoritário que era, tirou os comandos do motor e leme do barco das mãos do militar da Engenharia, que era o responsável, e levou-o ele, até entrarmos no rio Coboy. Asneira do Furriel, já era a segunda, pois a primeira foi quando o avisaram que vinha aí um tornado, e ele deu como resposta: - "Sois uns maricas".
Como em vez de entrar no rio de Coboiana entrou num antes que era o Rio Coboy, que ia ter à Tabanca de Ponta da Costa, nós avisamos que íamos enganados, mas ele não aceitou. Só quando viu o erro deu novamente o comando do barco ao militar da Engenharia.

Terceira asneira: Mandou-o acelerar o barco contra a margem para subir a lama e ficar em seco, como faziam os Fuzileiros. No entanto, logo que o hélice ficou em seco, o barco não conseguiu subir a margem e deslizou novamente para a água. Foi tudo para o malagueiro. Dos 15 homens que iam a bordo quem sabia nadar era eu e, salvo erro, mais dois camaradas. Foi tudo ao fundo...

Consegui agarrar o barco evitando que ele fosse levado pela corrente, mas os remos, o depósito de gasolina e outras coisas foram-se por água abaixo. Comecei a mergulhar com outro camarada e tiramos algumas armas que ficaram dentro do barco.

Entretanto, como nós não aparecíamos, o Tenente mandou um rádio para o Batalhão a informar que estávamos desaparecidos. Entretanto já andava o "Pecixe", no rio à nossa procura, tendo encontrado o depósito do barco e os remos. Já eram 20.00 horas quando o Tenente nos descobriu.

No dia 16 de Agosto de 1964 morreu, dentro da caserna, o nosso colega Jesuino Bilro Simões, soldado N.º 342/64. Está sepultado em Bissau na campa N.º 1132 .

Soldado Jesuino Bilro Simões, morto de forma particularmente trágica dentro da caserna no dia 16 de Agosto de 1964.

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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 1 de Novembro de 2010 Guiné 63/74 - P7205: Efemérides (54): O fatídico dia 1 de Novembro de 1965 (António Bastos)

Vd. último poste da série de 27 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8610: Efemérides (52): 27 de Julho de 1970: Amélia teve um menino (José Marcelino Martins)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7205: Efemérides (54): O fatídico dia 1 de Novembro de 1965 (António Bastos)

1. Mensagem do nosso camarada António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66, com data de 1 de Novembro de 2010:

Companheiro Carlos e toda a Tabanca Grande, bom dia.

Companheiro, vou escrever aqui umas linhas, pois este dia ficou-me gravado para sempre. Se entenderes que deves publicar, podes avançar, mas também agradecia que alteres alguns erros e o que entenderes pois sou um analfabeto nestas tecnologias e tenho a 4.ª classe feita a martelo.

Sou o António Paulo S. Bastos,  do Pel Caç Ind 953.

Neste fatídico Dia 1 de Novembro de 1965, pelas 21:30, horas estava eu de passagem por Farim esperando transporte para Canjambari, quando se dá um rebentamento no Bairro da Morocunda em Farim que causou a morte a 27 pessoas, 70 feridos graves e vários ligeiros, todos civis.
As NT sofreram 1 ferido grave e um ligeiro.

O engenho, duas granadas reforçadas com explosivos, pregos e lâminas, foi lançado para o meio do batuque onde era suposto estar muita tropa, o que não aconteceu, porque se tinha feito uma operação e o pessoal estava ainda a descansar.

Pela primeira vez na Guiné um Dakota levantou de noite para proceder à evacuação dos feridos.

No dia seguinte já se encontravam presos na 1.ª Companhia de Caçadores em Nema (Farim), 60 indivíduos entre eles: Pedro Mendes Fernandes, Bernardo da Cunha, Raul Teixeira Barbosa, José Maria Jonet, Dionísio Dias Monteiro, Pedro Tertuliano, Dionísio da Silva Pires (este empregado dos C.T.T.) e muitos mais, todos empregados das repartições públicas e casas comerciais.

As prisões foram feitas pelo agente da Pide de nome Prodízio e militares da CCS do BArt 733.

Passados 43 anos, na minha terceira viagem a Farim, vou encontrar uma sobrevivente do massacre que na altura tinha 7 anos, a Cadi ou Kati, que como vêem ainda carrega as cicatrizes.

Ainda me recordo de ver o saudoso Capitão Silva Marques, comandante da 1.ª CC,  a fazer, nos dias seguintes, o interrogatório aos presos em conjunto, com o Prodízio, diga-se que não era nada meigo.

Companheiros, tinha muito mais a publicar sobre este ataque mas fica para outra ocasião.

Um abraço para todos os camaradas da Tabanca Grande e um bom Feriado.

António Paulo,
Ex-1.º Cabo
Pel Caç Ind 953
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 12 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7115: Efemérides (53): Recordando os camaradas mortos na emboscada do Infandre no dia 12 de Outubro de 1970 (Jorge Picado)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5211: Efemérides (32): 1 de Novembro de 1965 – Relatório Oficial da Carnificina em Farim (António Paulo Bastos)


1. O nosso Camarada António Paulo Bastos, que foi 1º Cabo do PEL CAÇ 953 (Teixeira Pinto e Farim, 1964/66), recebemos a seguinte mensagem, em 29 de Outubro de 2009:

Camaradas,

Como prometi e respondendo às solicitações, que me foram enviadas, envio então o relatório referente à “Carnificina de Farim”, de que resumidamente vos havia falado, no poste P5203.

Recordo que tudo aconteceu no dia 1 de Novembro de 1965, no decorrer de uma festa na tabanca do Bairro da Morocunda, tendo provocado 27 mortos e 70 feridos graves.

Creio que deve ter sido um dos graves incidentes do género, que se registaram em tempo de guerra, entre 1961 e 1974.

Este envio é a rogo, à minha sobrinha, pois eu sou um analfabeto em coisas de computadores e, por isso, completamente dependente nesta matéria.

No relatório falam de um agente da PIDE. O seu nome era Prodízio (nunca mais me esqueci) e, em conversa com a Cáti (ou Cádi não me lembro exactamente), ela confirmou-me que, depois de recuperada dos graves ferimentos que sofreu, regressou a Farim, tendo sido empregada na casa dele.

No mês de Março de 2008, ao passear com a Cáti em Farim, ela disse-me onde tinha morado o tal PIDE e onde trabalhava.

Sobre relatórios, tenho em meu poder, ainda, os do BART 733 e do BCAV 490, pois foram os batalhões onde estive adido.



Clicar nos documentos para permitir a sua leitura

Sempre ao dispor, com um abraço,
António P. Bastos,
1º. Cabo Pel Caç 953

Documentos: António Paulo Bastos (2009). Direitos reservados.

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Notas de M.R.:

Vd. último poste desta série em:


Vd. também poste, que contém extractos sobre esta matéria do livro “Memórias do Colonialismo e da Guerra da autoria de Dalila C. Mateus, em:


(...) Que assistira ao fabrico de uma bomba. Quando eles (PIDE) é que tinham deitado uma bomba em Farim, onde mataram muita gente (**).

(...) (quem lançou a bomba?) Foi a PIDE que mandou, tenho a ceteza disso. Lançou a bomba para depois dizer que nós até matávamos africanos. Ali não havia quartéis, só havia casas comerciais, onde era fácil lançar bombas e fugir. Porque é que não lançavam as bombas nos quiosques, frequentados pelos militares portugueses? E iam deitar onde só estava a população?Queriam arranjar pretexto para fazer prisões. Havia, então, uma festa numa tabanca e morreram mais de cem pessoas. Isto passou-se no dia 1 de Novembro de 1965.

(**) Confirmado o incidente, a PIDE, em mensagem por rádio existente nos arquivos de Salazar, afirma que, no dia 1 de Novembro de 1965, cerca das 20 horas, fora lançado um engenho explosivo para o meio dos africanos que se encontravam num batuque em Farim. A explosão teria provocado 63 mortos e feridos, na sua maioria mulheres e crianças.

Foi detida meia centena de pessoas. Confissões obtidas levaram à detenção de um tal Issufo Mané, que declarou pretender atingir militares (?). Para o fazer, teria recebido 14 contos de Júlio Lopes Pereira, o qual, por seu lado, actuara por indicação do chefe da Alfândega de Farim, Nelson Lima Miranda. E este teria vindo a declarar que a bomba fora lançada a mando da direcção do PAIGC.

(AOS/CO/UL- 50-A, Informações da PIDE, 1965-1966, 86 subdivisões, pasta 2, fls. 636, 637, 638, 641 e 642).

O interessante é que Pedro Pinto Pereira, um adepto do regime e admirador de Salazar, atribua o incidente à própria PIDE. Aliás, fazendo-se eco da versão que, na altura, circulou entre a população africana, como o reconhece a própria Polícia (DCM).

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5203: Efemérides (30): 1 de Novembro de 1965 - Carnificina em Farim (António Paulo Bastos)


1. O nosso Camarada António Paulo Bastos, que foi 1º Cabo do PEL CAÇ 953 (Teixeira Pinto e Farim, 1964/66), recebemos a seguinte mensagem, em 29 de Outubro de 2009:



CARNIFICINA EM FARIM

1 de Novembro de 1965

Camaradas,

No passado dia 1 completaram-se 44 anos, sobre um ataque que me marcou profundamente. Tenho duas fotos de uma das sobreviventes e lembrei-me de enviar para serem publicadas no blogue.

Tudo aconteceu em Farim, resultante do rebentamento de um engenho explosivo, em pleno batuque na tabanca do Bairro da Morocunda.

Eram 21h30, quando um elemento da milícia lançou um fornilho (uma granada embebida em pregos, lâminas e bocados de ferros), para o meio do pessoal presente.

27 mortos e 70 feridos graves, uma deles era uma senhora que podem ver nas fotos e que, nessa altura, era ainda uma criança de 10 anos. Chama-se Cáti, mora actualmente em Farim e, em Março de 2008, fui encontrá-la numa festa na Missão Católica em homenagem a um grupo de turistas “tugas”, que por ali passaram 2 dias.

Como tudo aconteceu:

Eu pertencia ao Pelotão Caçadores 953 e estava nesse dia de passagem por Farim, a caminho de Canjambari. No momento da explosão eu estava junto à porta da caserna do pelotão de morteiros. Logo de seguida, começaram a passar viaturas com corpos em cima, a caminho das enfermarias civil e militar.

A maioria das vítimas eram crianças e entre elas estava a Cáti. Foi chamado um Dakota e recorreu-se à iluminação da pista de aterragem, com os faróis das viaturas, para se evacuar aquela gente toda.

Agora, passados estes anos, fui encontrar uma das sobreviventes e, como não podia deixar de ser, estivemos a falar do assunto, tendo ela permitido que eu obtivesse as 2 fotos do seu cicatrizado corpo.

P.S. - Tenho em meu poder o Relatório Confidencial de tudo o que se passou nessa noite e o nome dos prisioneiros, posso emprestar à Tabanca Grande se acharem que é relevante.

Um abraço,
António P. Bastos,
1º. Cabo Pel Caç 953

Fotos: © António Paulo Bastos (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:


sexta-feira, 26 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4590: Controvérsias (27): O helicóptero do PAIGC, visto na zona do Cacheu pela 1ª vez na madrugada de 13/10/64 (António Bastos)


1. O nosso Camarada António Paulo Bastos, que foi 1º Cabo do PEL CAÇ 953 (Teixeira Pinto e Farim, 1964/66), recebemos a seguinte mensagem, em 16JUN2009:


Companheiros da tabanca grande,

Li o que o companheiro Armandino Alves, escreveu sobre o helicóptero do P.A.I.G.C. no poste P4485 e eu venho junto de vós, por este meio, confirmar que o inimigo tinha esse dito transporte.

O meu nome é António Paulo S. Bastos e fui o 1º Cabo nº 371/64, do Pelotão de Caçadores Independente nº 953, que esteve na zona de Cacheu de 21JUL64 a 09MAR65, aquando da nossa permanência na zona também vimos por várias vezes o mencionado helicóptero.

A 1ª vez foi no dia 13-10-64, eram 02h30 da manhã, estava eu de ronda quando uma sentinela, que nós tínhamos no telhado de uma das nossas instalações, me chamou para ver uma luz que se deslocava do lado do Senegal, para os lados de Jolmete.

Logo de seguida fui chamar o Tenente Pombeiro e lá fomos todos para o telhado ver o caminho que a luz levava. De imediato o Tenente comunicou via rádio para o Comando da Companhia 527 e para o Comando do Batalhão 507. No dia seguinte recebemos uma resposta: “Nós temos conhecimento e Bissau está informado”.


No dia 18-10-64, pela 01h00 da manhã, tornou-se a ver novamente a tal luz seguindo o mesmo percurso. Vinha do lado do Senegal, passava por cima do pequeno rio de S. Domingos, depois seguia o curso do Rio Cacheu, encaminhava-se para Coboiana e tomava o rumo de Jolmete, até que, finalmente, o perdíamos de vista.

No dia 30-10-64, eram 23h00 horas, voltamos a ver a luz mais uma vez, seguindo o mesmo percurso para a zona de Jolmete. Como nessa noite estava uma lancha de fiscalização encostada ao cais (salvo erro a Orion), o Tenente correu para lá e ainda viram o tal “objecto” no radar.

Escusado será dizer que mais uma vez, no outro dia, lá foram duas secções com os guias (o Aléu e o Claudino) comandadas pelo nosso tenente, falar com o régulo de Coboiana - o João -, e ele voltou a repetir que na zona dele não haviam “bandidos”.


Os companheiros que estão a ler isto agora pensam: “Então estes gajos iam a Coboiana com duas secções? É verdade, “mais valia prevenir que remediar” e sempre que íamos para a zona, também passávamos pelas tabancas de Jópa e Caguépe, sempre a nível de duas secções (uma de negros e outra de brancos).

Continuamos a ver o helicóptero e deixamos de nos preocupar, pois parece que também não havia ordem para o abater.

Texto e fotos: © António P. S. Bastos (2009). Direitos reservados


Um abraço,
António Paulo
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Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

terça-feira, 14 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4187: Convívios (110): Pessoal dos Pelotões 953; 954; 955; 956 e 1.ª CCAÇ, em Azeitão, dia 2 de Maio de 2009 (António Bastos)


1. Mensagem de António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç 953 (Cacheu, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66), com data de 12 de Abril de 2009:


Amigos editores,

Grande chefe da Tabanca Grande da Guiné.




O pessoal dos Pelotões 953, 954, 955, 956 e da 1.ª CCaç, comunica que no próximo dia 2 de Maio se realiza mais um Almoço Anual, (o 20.º) de Confraternização de todas estas Unidades, em Azeitão, na Quinta do Vitor Guedes.


Ementa

Bacalhau com broa de milho
Lombo de porco assado

Sobremesas

Salada de frutas e doces,
Café e digestivos.

Vinhos branco e tintos, águas e sumos.

À tarde

Camarão cozido
Cerveja, vinhos e águas.

Depois o corte do bolo da aniversário.

A dolorosa fica em 35.00€.

A porta fica aberta a mais alguns amigos, e ao pessoal da Tabanca Grande, que queiram comparecer.

O organizador (apanhado do clima) é

António Paulo S. Bastos
R. Maria Natividade de Sousa, 2
Vila Nogueira
2925-375 Azeitão

telef 212 191 291
telem 917 921 080

Obrigado
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 12 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4176: Convívios (107): Convívio do pessoal da CCAÇ 3 em Quarteira e Vilamoura, nos dias 1 e 2 da Maio de 2009 (J. M. Félix Dias)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3837: Memória dos lugares (16): Cacheu, 1964 (António Paulo Bastos, Pel Caç 953, 1964/66)



Guiné > Região do Cacheu > Cacheu >Pel Caç Nat 953 (1964/66) > 1964 > O nosso camarada da Tabanca Grande e da Tabanca de Matosinhos passou por aqui... Ou melhor, esteve aqui oito meses, com o seu Pel Caç 953 (*)... Considera-se um apanhado do clima. Já voltou à Guiné 3 vezes, a última das quais em Fevereiro de 2008...

Guiné-Bissau > Regão de Cacheu >Cacheu > 3 de Março de 2008 > Antiga fortaleza portuguesa...

Lisboa > Avião da TAP > Viagem Lisboa-Bissau > 29 de Fevereiro de 2008 > O nosso editor Luís Graça e a esposa... O António Bastos foi no mesmo avião...

Fotos: © António Paulo Bastos (2009). Direitos reservados

1. Mensagem, de 18 de Janeiro últmo, enviada pelo António Paulo Bastos (**), ex-1º Cabo do Pel Caç 953 (Cacheu, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66)


Amigos da Tabanca Grande.

Aqui vai umas fotos de Cacheu do Ano de 1964.

Uma era o forte com o respectivo farol dentro do mesmo,mas nesta altura não tinha as estátuas que estavam em Bissau.

A outra era o meu aquartelamento, aí estive oito meses, até que já estavamos fartos de estar bem, fizemos um levantamento de rancho para entalar o Alferes, e fomos todos entalados para Canjambari, para aprendermos a embrulhar e não foram poucas.

A outra do forte, mais recente, com as estátuas (3 de Março de 2008).

Por última, vai fazer um Ano que eu apanhei este casal de borrachos, talvez em viagem de núpcias? (não leves a mal, Luís Graça).

Para a próxima logo mando mais, e mais antigas.

Um abraço para todos os colegas da tabanca grande.

A. Paulo Bastos (***)
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Notas de L.G.

(*) Vd. poste de 12 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3610: Tabanca Grande (104): António Paulo Bastos, 1.º Cabo do Pel Caç 953 (Teixeira Pinto e Farim, 1964/66)

Vd. também poste de 16 de Dezembro de 2008> Guiné 63/74 - P3637: Em busca de... (58): 2.º Sargento Coelho da 1.ª CCAÇ Africanos (Farim) (António Paulo Bastos)

(**) Vd. poste de 26 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3524: O Nosso Livro de Visitas (46): A. Paulo, Pel Caç 953, Guiné, 1964/66

(...) Eu sou mais um dos milhares apanhados do clima, como tal passo horas junto do computador a ler a Net.

Tambem sou dos que já regressaram à Guiné (três vezes), na última ia no mesmo avião que o Luis Graça e esposa, no dia 29/2/2008. Não fui a Guileje pois a minha zona era o Norte: Cacheu, Farim, Canjambari e Jumbembem. Fui por duas semanas com o Carlos Silva.

Estive nos anos de 1964 a 1966. (...) O Carlos Silva está a publicar o meu diário no blog dele. Eu era do Pelotão de Caçadores 953 (...) .


Eu sou o que organiza os almoços anuais dos quatro pelotões (953, 954, 955, 956) e, portanto, dos companheiros do Joaquim António de Sousa Dias, Soldado nº464/64. Mais uma vez no próximo mês de Maio de 2009, vamos-nos encontrar para o almoço em Azeitão.

E eu e os colegas gostavámos de convidar o filho do Joaquim Dias para fazer parte dos apanhados do clima, no nosso almoço onde vão estar muitos colegas do Pel Caç 955 (...)..


(***) Vd. poste de 5 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3702: Memória dos lugares (15): Funchal, uma ponte entre Lisboa e Bissau (Luís Graça)

sábado, 13 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3613: O Pel Caç 953 na tomada de Canjambari. (V. Briote)

Como uma saudação à entrada na nossa Tabanca do António Paulo, do Pel Caç 953, reavivo-lhe a Memória do que por lá passou, resumindo (muito...) o que os relatórios de então deixaram.

A ocupação de Canjambari
Março de 1965





Informação sobre a operação Ebro, iniciada em 22 de Março de 1965. 

Adaptada do relatório da acção.

Os relatórios anteriores referem terem sido feitas várias acções no itinerário Jumbembem-Canjambari e na própria região de Canjambari. Acções levadas a cabo por GrsCmds do CTIG, em 28Jan, 20Fev e 25Fev65, apoiadas por forças do BCav 490, apesar do sucesso pontual das mesmas, levam a concluir que a região, localizada numa área de acesso difícil em determinadas épocas do ano, se mantém até à data nas mãos do IN. Apesar de levantadas numerosas abatizes, o referido itinerário ainda se encontra com algumas árvores de pequeno porte nas imediações da bolanha que dá acesso ao pontão danificado sobre o rio Tufili (dados obtidos através do reconhecimento aéreo de 17Mar65). Parece, este pontão, de fácil transposição desde que se utilizem pranchas adequadas.
Dos contactos com o IN a reacção deste tem-se limitado a flagelações de longe, não sendo de desprezar a possibilidade de o mesmo dispor, na região, de forças importantes e, eventualmente, colocar minas nos itinerários de acesso.


Estabelece-se como objectivo às NT a ocupação permanente de Canjambari.

Elaborado o plano para a acção, foram constituídas as forças executantes, comandadas pelo próprio Cmdt do BCav 490, Ten Cor Cavaleiro.

Às 03H00 de 22Mar65 iniciou-se o movimento, a partir de Farim. Atingido Jumbembem às 04H20, a força executante prosseguiu, rumo a Canjambari. À passagem por Sare Tenen, um Gr Comb da CCav 488 apeou-se, emboscando-se de seguida junto ao caminho que cruza o itinerário. A partir daqui a equipa de sapadores encarregada da detecção de minas passou a picar a estrada nos locais mais suspeitos.
Apesar das precauções, às 06H15 e a cerca de 9 kms de Jumbembem, a GMC da frente da coluna calcou um engenho explosivo, ficando a parte posterior da viatura enfiada na cratera aberta pelo engenho. Os dois homens que nela se deslocavam foram projectados, não tendo sofrido ferimentos de maior.
Passados cerca de 500 metros encontrou-se a 1.ª de uma série de cerca de 30 abatizes, algumas de grande porte, que se espalhavam numa extensão de quase 4 kms, até 1 km e meio de Canjambari Morocunda, que só foi atingida já passava das 12H00.

O relatório da acção refere:
"O esgotante trabalho de levantamento de abatizes durou cerca de 5 horas e meia, sob constantes flagelações do IN, que utilizou MPs e morteiros. As medidas de segurança adoptadas, apesar da extensão da coluna de 30 viaturas pesadas, revelaram-se eficazes, porquanto o IN nunca conseguiu aproximar-se de modo a causar baixas às NT". (…).

Ultrapassada a zona das abatizes, a coluna prosseguiu deixando um Gr Comb emboscado a 2 kms do cruzamento de Canjambari Morocunda. Atingiu-se a povoação de Canjambari, com o IN a assinalar a entrada das NT com tiros à distância, disparados da margem Sul do rio Canjambari. Tabanca revistada, os indícios apontavam para uma retirada apressada. As casas comerciais deixaram indícios de movimento recente, praticamente até momentos antes da entrada das NT.
Pelas 15H00, a coluna regressou ao cruzamento de Canjambari Morocunda. Iniciaram-se então os trabalhos de instalação e organização do terreno em volta do edifício do Posto de Socorros aí existente.
Informações posteriores revelaram que o IN tivera conhecimento antecipado da acção e que recebera reforços de Morés e de Mansodé, que se mantiveram na zona dois dias à espera das NT, regressando mais tarde às suas bases, por coincidência no mesmo dia do início da operação das NT.
__________

Notas de vb:
1. Composição da força que participou na op "Ebro":
CCav 488 (-)
1GrComb/CCav 487
1 GrComb/1.ª CCaç
PelCaç 953
Pel AM Fox/ER 693
Pel AM Daimler 810
Pel Sap/CCS
1 Pel C.ª Mil

2. Artigo relacionado em:

3. Para uma informação mais detalhada, com testemunhos dos que por lá andaram, o blogue do Carlos Silva , BCaç 2879, 1969/1971, é obrigatório.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3610: Tabanca Grande (104): António Paulo Bastos, 1.º Cabo do Pel Caç 953 (Teixeira Pinto e Farim, 1964/66)


1. Mensagem do nosso camarada António Paulo Bastos, 1.º Cabo do Pel Caç 953, Teixeira Pinto e Farim, com data de 11 de Dezembro de 2008:

Amigos companheiros da Tabanca Grande, a todos um saudoso Natal e um próspero Ano Novo. Que o novo Ano lhes traga tudo de bom e que os companheiros que ainda não foram à Guiné, vão este Ano.

Amigo Carlos, perguntas-me se não quero fazer parte da Tabanca Grande? Pois meu amigo, eu agradeço o convite e vou aceitar, porque sou dos que não larga a Net, a procurar tudo que diga respeito à Guiné ou até à guerra.

Amigo, sobre mandar fotos da minha guerra e sobre as que fiz das vezes que lá voltei (3) poucas tenho, mas tenho alguns vídeos. Também te informo que sobre computador sou um autêntico analfabeto, sempre que preciso de alguma coisa tenho de pedir ajuda.
Mas vou tentar enviar algumas.

Vou falar sobre a minha vida militar.

No dia 12 de Janeiro 1964 assentei praça no RAAF de Queluz, depois fui transferido para uma Bateria que existia em Porto Btandão, aí fiz a recruta e jurei bandeira em Queluz. Depois foi para o RI1 na Amadora onde fiz a especialidade. Tinha como oficial comandante de pelotão, um Tenente que se chamava (já faleceu) Nuno Nest Arnout Pombeiro que era genro do Comandante da Unidade, Coronel Américo Mendonça Frazão (faleceu como General). Aí acabei a especialidade e fui mobilizado para a Guiné, incorporado num Pelotão Caçadores 953, independente.

Embarquei para a Guiné no dia 15 de Julho de 1964, onde cheguei a 21. Desembarquei e fui para Amura, aí permaneci duas horas, sendo depois escoltado pela Polícia Militar até João Landim, onde rendemos o Pelotão Caçadores independente 857.

Dali fomos para Bula, Comando de Batalhão 507, cujo Comandante era o Tenente Coronel Hélio Felgas (já falecido). Depois das apresentações fomos para Teixeira Pinto, onde ficámos adidos à Companhia de Artilharia 527, comandada pelo capitão António Amorim Varela Pinto.

Eram já 16 horas quando almoçámos, dali seguimos para Cacheu onde permanecemos até ao dia 9 de Março de 1965, regressando novamente a Bissau para seguirmos para Farim, via Mansoa e Mansabá. Jantámos e às quatro horas da manhã seguimos então para Farim.

Aí já nos esperava o BCav 490, comandada pelo Tenente Coronel Cavaleiro. Permanecemos lá uns dias.

No dia 23 de Março de 1965 deu-se a grande invasão de Canjambari onde a guarnição era composta pelas Companhias 487 e 488, Pelotão Morteiros 980, um Pelotão da 1.ª Companhia de Caçadores Africanos, um Pelotão Auto-metrelhadoras e o meu, o 953.

Eram 6,30 horas quando rebentou uma mina debaixo de uma GMC e começámos a embrulhar até às 16,00 horas. Quando os T6 largaram as bombas, o IN logo nos deixou, mas por poucos dias, porque depois começaram a atacar-nos no acampamento. Este era para ficar em Canjambari praça, mas o Comandante mandou-nos recuar para Canjambari Morcunda.

Começámos logo a fazer o aquartelamento com palmeiras. De dia trabalhava-se, de noite era um desassossego, porque vinham visitar-nos e fazer alguns tiritos. Também tínhamos as operações a nível de duas secções de brancos e uma de africanos. Infelizmente numa dessas operações tivemos duas baixas na 488. Os trabalhos e até a pista para a avioneta foram todos feitos à força de braço.

Com a saída do BCav 490, veio o 733, comandado por Tenente Coronel Glória Alves, que infelizmente nos deixou no dia 30 de Novembro. Passámos a descansar e viemos para Jumbembem onde permanecemos três meses, regressando um mês a Canjambari.

Em Maio de 1966 regressámos a casa.

Um pouco abreviado é esta a minha vida militar.

Amigos e companheiros desculpem-me alguns erros, mas foi uma 4.ª classe tirada a martelo.

Vou-me despedir e desejando a todos os amigos um Natal muito feliz.
Até breve
A.Paulo Bastos

Cacheu > 1964 > António Paulo Bastos


2. Comentário de Carlos Vinhal

Caro António Paulo Bastos, ainda bem que deste resposta positiva ao meu convite para aderires à nossa Tabanca Grande.

Não te preocupes com a tua 4.ª classe tirada a martelo, como dizes. Escreve que nós estamos aqui para dar um jeito e nem se vai notar. Estou a brincar, claro, estamos aqui para nos ajudarmos uns aos outros e, como diz o nosso camarada Vitor Junqueira, o que interesa é que nas histórias se reconheça o seu autor. Não é necessária uma literatura muito eleborada, mas antes o ponto de vista sincero de quem as viveu.

Hoje deste o primeiro passo, com a tua apresentação e a resenha que fizeste da tua vida militar. Não referiste o teu Posto e a tua Especialidade, mas farás oportunamente.

Terás outras histórias, que contarás aos poucos e uma de cada vez.

Em nome de toda a Tertúlia, deixo-te um abraço, votos de um Natal com saúde e um novo Ano cheio de coisas boas.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 9 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3588: Tabanca Grande (103): Pedro Neves, ex-Fur Mil Op Esp da CCAÇ 4745, Águias de Binta (Binta, 1972/74)